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EQ U IL ÍB R IO S Q U ÍM IC O S 2020 - 2022 EQUILÍBRIOS QUÍMICOS 1. Equilíbrio Químico 2. Deslocamento de Equilíbrio 3. Produto Iônico da Água 4. Produto de Solubilidade e Hidrólise Salina Tenha uma vida mais equilibrada com o estudo dos equilíbrios de solubilidade, ácido- base, iônicos, com os fatores que interferem nesses fenômenos. Esta subárea é composta pelos módulos: 3www.biologiatotal.com.br EQUILÍBRIO QUÍMICO Até agora viemos estudando as reações químicas de forma simplificada. Estudamos as proporções dos reagentes e produtos (estequiometria), a energia envolvida nos processos (termoquímica), e a velocidade em que ocorrem (cinética química). No entanto, em todos esses estudos, tratamos as reações químicas como se elas fossem completas, passando por um início, meio e fim, onde os reagentes foram consumidos, e os produtos foram formados. No entanto, na prática, a maioria das reações químicas nunca acaba. As reações em meio aquoso e gasoso não realmente terminam, e sim, entram em um estado de equilíbrio com reagentes e produtos. Mas como assim? Do estudo da cinética, sabemos que as reações químicas acontecem com uma determinada velocidade. A teoria das colisões nos fala que as moléculas precisam colidir para que a reação aconteça. Primeiro, então, temos os reagentes colidindo entre si, dando origem aos produtos. H2(g) + I2(g) → 2 HI(g) No entanto, o que não estudamos ainda, é que os produtos também colidem entre si, voltando a originar os reagentes. Essa reação chamamos de reação inversa. 2 HI(g) → H2(g) + I2(g) Assim, no meio reacional, os reagentes estão formando os produtos, mas os produtos também estão formando os reagentes! Assim, dizemos que essa reação é reversível. As reações reversíveis são representadas com meias setas duplas, indicando que acontecem no sentido direto (reagente → produto) e inverso (produto → reagente). H2(g) + I2(g) ⇌ 2 HI(g) 4 Eq ui líb rio Q uí m ic o No início da reação, temos 100% de reagentes e nada de produtos. Com o passar do tempo, os reagentes são consumidos e os produtos são formados. Assim, os produtos podem colidir entre si e restituir os reagentes originais. Quando a velocidade de formação dos produtos é igual à velocidade de decomposição dos produtos, dizemos que a reação está em equilíbrio. Todos os sistemas e reações químicas sempre tendem ao equilíbrio; portanto, atingí-lo é um processo espontâneo e natural. Situação de equilíbrio: acontece quando a velocidade da reação direta é igual à velocidade da reação inversa. Vamos analisar graficamente o que acontece com as reações reversíveis. Abaixo, o gráfico nos traz a Concentração das espécies (eixo y) em função do tempo. Veja que iniciamos reação no instante t0, onde temos uma alta concentração de reagentes [R], e nada dos produtos [P]. Até o instante t2, a concentração dos produtos aumentou, e a concentração dos reagentes diminuiu (logicamente, pois a formação dos produtos vem justamente do consumo dos reagentes). Depois desse instante, a concentração dos produtos e dos reagentes não varia mais, e dizemos que a reação atingiu o estado de equilíbrio. O equilíbrio químico é chamado de equilíbrio dinâmico, porque a reação “nunca para” de acontecer. Os produtos estão sempre formando os reagentes, e os reagentes sempre formam os produtos. Só percebemos o final da reação porque as velocidades desses processos se igualam, mantendo a concentração constante. Algumas considerações sobre o estado de equilíbrio: 1. O equilíbrio químico só pode ser atingido para sistemas fechados (onde não se tenha a troca de matéria com o meio). 2. Para sistemas fechados, toda reação química é reversível, seja em maior ou menor grau. 3. As propriedades macroscópicas, como densidade, massa e cor, permanecem constantes. Agora, as propriedades microscópicas permanecem em constante evolução, já que a reação acontece nos dois sentidos. 5www.biologiatotal.com.br Eq ui líb rio Q uí m ic o4. Sem influência de fatores externos (sistema fechado) o sistema permanece no estado de equilíbrio, pois ele não troca nem matéria e nem energia com o meio. 5. A adição de um catalisador não alterara o equilíbrio químico, pois tanto a velocidade da reação direta e quanto da inversa são afetadas em igual proporção, sem favorecer nenhuma das reações químicas. RENDIMENDO DAS REAÇÕES O rendimento das reações está relacionado com as concentrações de reagentes e produtos no equilíbrio químico. Uma reação que tem alta concentração de produtos é uma reação com alto rendimento. Uma reação de baixo rendimento é aquela em que os reagentes quase não reagem entre si, permanecendo em altas concentrações no equilíbrio. Lembre-se que o que dita uma situação de equilíbrio é que a velocidade da reação direta (reagente → produto) seja a mesma da reação inversa (produto → reagente). Ou seja, os produtos são formados à mesma medida que são consumidos para formar os reagentes. Por isso, a concentração no equilíbrio é constante. 1. Baixo Rendimento: Nessa situação, perceba que a quantidade dos reagentes é muito alta no estado de equilíbrio. Ou seja, pouco foram consumidos, e pouco produto foi formado. 2. Médio Rendimento Nas reações com rendimento médio, as concentrações dos reagentes e dos produtos são muito próximas entre si. 6 Eq ui líb rio Q uí m ic o 3. Alto Rendimento Uma reação com alto rendimento é aquela em que quase todos os reagentes foram consumidos para formação dos produtos desejados. Assim, no equilíbrio, as reações de alto rendimento têm uma alta concentração dos produtos em relação aos reagentes. CONSTANTES DE EQUILÍBRIO Como já vimos, o equilíbrio é atingido quando a velocidade de formação dos produtos é igual à velocidade de formação dos reagentes. Assim, podemos igualar as velocidades de formação/consumo de cada um deles, a partir das leis de velocidade. Dada uma equação genérica, onde as letras minúsculas representam os coeficientes estequiométricos, podemos escrever as leis de velocidade de consumo dos produtos (produto formando reagente) e dos reagentes (reagente formando produto): a A + b B ⇌ c C + d D vdireta= k1 [A]a.[B]b vinversa = k2 [C]c.[D]d Como, no equilíbrio, ambas as velocidades são iguais, podemos igualar as expressões: vdireta= vinversa k1 [A]a.[B]b = k2 [C]c.[D]d Manipulando a equação anterior: k1 = [C]c.[D]d k2 [A]a.[B]b Como k1 e k2 são constantes, podemos simplesmente chamá-la de constante Kc, obtendo a expressão geral do equilíbrio de uma reação química. kc= [C]c.[D]d → kc= Expressão geral da constante de equilíbrio [A]a.[B]b [reagentes]y [produtos]x 7www.biologiatotal.com.br Eq ui líb rio Q uí m ic oEssa constante Kc é a constante de equilíbrio de uma reação química. Ela é obtida quando jogamos na expressão de equilíbrio as concentrações dos reagentes e produtos na situação de equilíbrio químico. Veja que ela é uma função da concentração molar dos reagentes e produtos, e não das quantidades absolutas em massa. Por exemplo, se tivermos 12g ou 24kg de reagentes a constante de equilíbrio será exatamente a mesma, porque a relação [concentração dos produtos]/[concentração dos reagentes] é uma constante específica para cada reação química; a quantidade formada dos produtos depende exatamente do quanto temos dos reagentes – e essa relação é SEMPRE constante! [C]c.[D]d = constante [A]a.[B]b Importante destacar f O solvente nunca entra na expressão de equilíbrio, pois tem concentração constante. f A água não entra na expressão de equilíbrio se ela for o solvente, mesmo que participe da reação química. A concentração de água é considerada constante, porque quando ela é o solvente ela tem concentração muito superior ao reagentes e produtos. Assim, a concentração dela praticamente não varia, e é considerada constante.f Sólidos também não entram na expressão de equilíbrio. Estudamos as constantes de solubilidade dos sólidos quando a solubilidade é muito baixa. Assim, a concentração do sólido na solução permanece constante, porque uma fração muito pequena dele é consumida. INTERPRETANDO A EXPRESSÃO DE EQUILÍBRIO Entender as expressões de equilíbrio é fundamental. Precisamos correlacionar a teoria, a prática, e a expressão matemática do equilíbrio químico. As expressões matemáticas das ciências naturais visam descrever o comportamento dos sistemas, e elas são derivadas de observações experimentais. Portanto, entendê-las também é entender o comportamento real dos nossos objetos de estudo. Assim, a constante de equilíbrio é uma consequência da ocorrência natural da reação, que relaciona a concentração dos produtos formados com a concentração dos reagentes presentes no equilíbrio. Por exemplo, a constante de equilíbrio da reação 2NO2(g) ⇌ N2 O4(g) KC = [N2 O4 ] tem o valor de 4,72 a 373 K. Esse valor é obtido sempre que a reação atinge o equilíbrio, independente das concentrações iniciais de reagentes e produtos. Veja uma tabela com uma série de experimentos, partindo de concentrações diferentes do reagente: [NO2]2 8 Eq ui líb rio Q uí m ic o 2NO2(g) ⇌ N2 O4(g) Experimento [NO2] inicial (mol/L) [N2O4] inicial (mol/L) [NO2] no equilíbrio (mol/L) [N2O4] no equilíbrio (mol/L) KC 1 0,02 0,0 0,0172 0,0014 4,73 2 0,03 0,0 0,0243 0,0028 4,73 3 0,04 0,0 0,0310 0,0045 4,71 Jogando os valores das concentrações no equilíbrio na expressão de Kc, sempre obteremos um valor muito próximo de 4,72, que é a constante de equilíbrio para esta reação. Partimos de concentrações diferentes do reagente em cada experimento, e chegamos a concentrações diferentes. Porém, a relação [produto]/[reagente] se manteve constante. Assim, podemos prever a quantidade de produto formado, se tivermos a constante de equilíbrio para uma reação e a concentração dos reagentes que pretendemos utilizar. CÁLCULOS DA CONSTANTE DE EQUILÍBRIO O cálculo da constante de equilíbrio, quando temos as concentrações no equilíbrio é bastante simples: basta usarmos a fórmula do Kc para calculá-la. (UEPG 2016) Amônia gasosa (NH3) foi obtida em um recipiente a 25 °C, onde se adicionou 1,0 mol de N2(g) e 3,0 mols de H2(g). Considerando a reação e a condição de equilíbrio do sistema, assinale o que for correto. 01) A reação é representada pela equação N2(g)+3 H2(g) ⇌ 2 NH3(g). 02) A constante de equilíbrio pode ser expressa como KC=[NH3 ]3/[N2 ]2 [H2 ]. 04) Se no equilíbrio [NH3 ]=[N2 ]=[H2 ]=2,0 mol/(L,) então KC=0,25. 08) A formação de 0,1 mol de NH3 indica que em condições de estequiometria reagiu 0,3 mol de N2. Resposta: 01 + 04 = 05. [01] Correta. A reação de formação da amônia é dada por: N2(g)+3 H2(g) ⇌ 2 NH3(g) [02] Incorreta. A constante de equilíbrio dessa reação é expressa por: EXERCÍCIO RESOLVIDO 9www.biologiatotal.com.br Eq ui líb rio Q uí m ic o [04] Correta. Utilizando as concentrações fornecidas pelo enunciado, o cálculo de Kc é simples: [08] Incorreta. A proporção estequiométrica dada pela reação é: N2(g) + 3 H2(g) ⇌ 2 NH3(g) 1 mol 3 mols 2 mols 0,05mol 0,15mol 0,1 mol Assim, na formação de 0,1 mol de amônia, foram gastos 0,05 mol de gás nitrogênio. Porém, nem sempre o vestibular dará de pronto as concentrações para calcularmos o Kc. Nesses casos, precisaremos descobrir a concentração de um dos reagentes ou produtos no equilíbrio para obtermos o valor da constante. E aí, precisamos entender bem o balanceamento da reação e o cálculo estequiométrico, entendendo as proporções entre produtos consumidos e reagentes formados. (UFRGS 2019) Quando se monitoram as concentrações na reação de dimerização do NO2, 2NO2 ⇌ N2O4, obtém-se a seguinte tabela (concentrações em mol L-1) NO2 N2O4 Inicial 2 0 Tempo muito longo x 0,8 Qual o valor de x em mol L-1 e qual o valor da constante de equilíbrio em termos das concentrações? Resposta: Primeiro, vamos interpreter as informações trazidas na tabela. No instante inicial, havia 2 mols de NO2 e nada de produto (0 do gráfico abaixo). Decorrido um tempo muito longo, as concentrações estabilizaram-se, e foram formados 0,8 mol de produto (linha azul). [reagentes]y [H2]3⋅[N2] [produtos]x [NH3]2 kc= → kc= [2,0]3 ⋅[2,0] [2,0]2 kc= = 0,25 EXERCÍCIO RESOLVIDO 10 Eq ui líb rio Q uí m ic o Já os reagentes são consumidos. Decorrido um certo tempo, uma parte dos 2,0 mols foi consumida. A quantidade de reagentes que sobrou (x) é a que usaremos para o cálculo da constante de equilíbrio. Precisamos, então, determinar o valor de x para utilizá-lo na expressão de equilíbrio. A concentração dos produtos e reagentes segue o balanceamento da equação: 2 NO2 ⇌ N2 O4 Para cada 2 mols de NO2, 1 mol de N2O4 é produzido. Assim, para sabermos quando de NO2 restou, basta descobrirmos a quantidade de reagente que foi consumida, e subtraí-la da concentração inicial. 2 mol de NO2 --------1 mol de N2O4 n mols consumidos -------- 0,8 mol de N2O4 n = 1,6 mol de NO2 consumidos. No entanto, havia inicialmente 2 mols de NO2, dos quais apenas 1,6 foram consumidos. x = N° de mol inicial – N° de mols consumido x = 2,0 – 1,6 x = 0,4 mol Agora que sabemos que a concentração final de NO2 é de 0,4 mol/L, Podemos finalmente calcular a constante de equilíbrio a partir dos dados fornecidos na tabela: [NO2 ]2 (0,4)2 [N2O4]1 (0,8)1 kc= kc= KC=5 11www.biologiatotal.com.br Eq ui líb rio Q uí m ic oCÁLCULOS DAS CONCENTRAÇÕES NO EQUILÍBRIO Tendo as concentrações iniciais e a constante de equilíbrio, é possível descobrir a concentração final dos reagentes e produtos no estado de equilíbrio químico. É assim que a maioria dos vestibulares costuma cobrar este conteúdo: a partir da reação balanceada e dos reagentes de partida, determinar as concentrações finais do sistema. Assim, precisamos construir as chamadas tabelas de reação. Nessas tabelas, tratamos a concentração dos produtos como uma incógnita, e fazemos a subtração dela da concentração inicial dos reagentes. É bom estar afiado na matemática básica! (CESGRANRIO-RJ – adaptado) Três mols de etanol (C2H5OH) e 3 mols de ácido etanoico (CH3COOH) são colocados, em condições de reagir, em um recipiente com um solvente não aquoso. No equilíbrio, a constante Kc é igual a 4,0 na temperatura T. A equação que representa o equilíbrio é: C2H5OH(g) + CH3COOH(g) ⇌ CH3COOC2H5(g) + H2O(l) Qual a quantidade em mols do éster será obtida no equilíbrio, na temperatura T? Resposta: Precisamos, nesse caso, montar a tabela de reação. Nela, relacionamos as concentrações iniciais com a concentração final dos produtos. A concentração final dos reagentes depende de quanto formamos dos produtos; por isso, é possível trabalhar com as incógnitas para resolver esse tipo de questão. Nesse tipo de tabela, partimos da concentração inicial que temos (linha 1); Ao decorrer da reação, formamos uma certa quantidade de produtos. Porém, não sabemos quais são essas quantidades: chamaremo-as de X (linha 2). As quantidades formadas e consumidas em mol são idênticas, pois toda a reação segue a ordem 1:1. No final da reação, no equilíbrio, teremos consumido uma certa quantidade de reagentes. Subtraímos a quantidade de consumida da concentração inicial para obter a concentração final dos reagentes (linha 3) C2H5OH(g) CH3COOH(g) ⇌ CH3COOC2H5(g) H2O(l) Concentração inicial 3 mol/L 3 mol/L ⇌ 0 0 Reagiu - X - X ⇌ + X + X Concentração no equilíbrio 3 - X 3 - X ⇌ X X EXERCÍCIO RESOLVIDO Obedece às proporções estequiométricas Diferença da concentração inicial com o que foi consumido/produzido 12 Eq ui líb rio Q uí m ic o Agora, finalmente temos as concentrações no equilíbrio para podermos calcular a constante: Resolvendo: 2(3-X)=X → 6-2X=X 3X = 6 →X = 2 CONSTANTE EM TERMOS DE PRESSÃO Além da constante Kc, é também possível expressar a constante de equilíbrio em termos das pressões parciais para as reações que acontecem em estado gasoso. Utilizando o exemplo anterior, poderíamos também expressar o Kp: 2NO2(g) ⇌ N2 O4(g) Kp= PN2O4 (PNO2) Kp= (PA)x (PB)Y Expressão geral de Kp Veja que a expressão do KC é idêntica à expressão do KP, com a diferença que usamos as pressões parciais de cada gás, e não mais sua concentração molar. Podemos calcular as pressões parciais de NO2 e N2O4 a partir de suas concentrações no equilíbrio utilizando a Equação de Clapeyron. A temperatura fornecida foi de 373 K. [NO2] no equilíbrio (mol/L) [N2O4] no equilíbrio (mol/L) 0,0172 0,0014 [C2H5 OH]×[CH3COOH] [CH3COOC2H5 ]×[H2O] kc= (3-X)⋅(3-X) (3-X)2 X⋅X X2 4,0= → 4,0= (3-X)2 (3-X) X2 X 22= → 2= pV = nRT ; [C] = n/v 13www.biologiatotal.com.br Eq ui líb rio Q uí m ic oCalculando a pressão parcial do N2O4: PN2O4 = 0,00140 mol . 0,082 atm.L . 373K PN2O4 = 0,0428 atm Agora, podemos calcular a constante de equilíbrio em termos das pressões parciais: Podemos, porém, mais facilmente relacionar Kc e KP. Da relação anterior, vimos que p = [concentração]RT. Podemos então, substituir a expressão da pressão em função da concentração na expressão do KP: Porém, [N2O4]/[NO2]2 é exatamente igual ao KC. Então, podemos substituir: Reescrevendo: KP = Kc.(RT)(1-2) Assim, o cálculo do KP fica simplificado, e chegamos exatamente no mesmo valor: Generalizando, a relação entre Kc e KP para uma equação genérica fica: KP = KC (RT)Δn Relação geral entre KC e KP Onde f Kc constante de equilíbrio em função da concentração f R: constante universal dos gases (0,082 atm.L.mol-1 K-1) f T: temperatura em Kelvin f Δn: variação do número de mols da reação (produtos gasosos – reagentes gasosos) Δn=mols de produtos(g)-mols de reagentes(g) PNO2 (0,526 atm)2 PN2O4 0,0428 atmKP= → KP= (RT)2 KC.(RT)1 KP= L mol.K 1www.biologiatotal.com.br DESLOCAMENTO DE EQUILÍBRIO Já sabemos que quando uma reação química reversível ocorre em recipiente fechado, o sistema entra em equilíbrio químico quando as velocidades das reações direta e inversa são iguais, para uma dada temperatura. Mas quais são os outros fatores que deslocam o sistema em equilíbrio? Mais importante, o que é deslocar o equilíbrio? Primeiro, vamos relembrar o que significa estar em equilíbrio: f A velocidade das reações direta e inversa é igual; f A concentração dos reagentes e produtos é constante. Mas o que acontece quando a velocidade da reação direta é diferente da reação inversa? Nesse caso, vamos estar formando os produtos mais rápido do que eles se decompõem de volta nos reagentes. Assim, aumentamos a concentração dos produtos, e a concentração dos reagentes, diminui. Deslocar o equilíbrio significa favorecer a formação de um dos componentes: ou seja, aumentar a velocidade de formação de determinada espécie, reagente ou produto. Quando aumentamos a velocidade de formação dos produtos (velocidade da reação direta) com a perturbação, evidentemente, aumentamos a concentração dos produtos. Quando a perturbação aumenta a velocidade da reação inversa, os reagentes são formados mais rapidamente. Aumentamos a velocidade de formação dos reagentes; consequentemente, a concentração dos reagentes aumenta. Aumentar a velocidade de formação dos produtos: Deslocar a reação no sentido direto Aumentar a concentração dos produtos Diminuir a concentração dos reagentes Aumentar a velocidade de formação dos reagentes: Deslocar a reação no sentido inverso Aumentar a concentração de reagentes Diminuir a concentração dos produtos 2 D es lo ca m en to d e Eq ui líb rio É importante salientar que essas perturbações são passageiras. Como a constante de equilíbrio é uma constante (a relação entre [produtos]/[reagentes] é sempre numericamente igual para uma dada temperatura), qualquer alteração na concentração de uma das espécies vai exigir que todo o sistema se rearranje para que o valor da constante de equilíbrio permaneça o mesmo e desfaça a pertubação. Esse “rearranjo” é sempre aumentar a velocidade de formação de uma das espécies, aumentando então, sua concentração. Esse é o deslocamento de equilíbrio. O cientista e engenheiro químico francês Le Châtelier, estudando o comportamento dos sistemas em equilíbrio químico, chegou à seguinte conclusão experimental: Princípio de Le Châtelier: Quando um sistema em equilíbrio sofre uma perturbação, este se desloca para minimizar e anular essa perturbação para criar um novo estado de equilíbrio, em que as concentrações das espécies são diferentes das iniciais. Note que, mesmo que as concentrações sejam diferentes das iniciais, a relação [produto]/ [reagente] será sempre a mesma! Basta analisarmos os fatores que conseguem alterar a velocidade de uma reação química que conseguiremos entender se há ou não o favorecimento de algum sentido da reação. Vejamos: 1. Alteração da concentração dos reagentes e dos produtos; 2. Variação da pressão, para reações gasosas; 3. Temperatura. 4. Catalisadores. Vamos analisar cada um dos fatores individualmente. ALTERAÇÕES NA CONCENTRAÇÃO O estado de equilíbrio é definido pelas velocidades das reações direta e inversa. Quando as velocidades se igualam, não percebemos mais alterações nas concentrações dos produtos e dos reagentes, porque os produtos são consumidos na mesma medida em que são formados. Porém, quando adicionamos mais reagentes, por exemplo, a velocidade da formação direta aumenta, porque a velocidade de formação dos produtos depende da concentração dos reagentes: 3www.biologiatotal.com.br D es lo ca m en to d e Eq ui líb rioAssim, com a adição de reagentes aumentamos momentaneamente a velocidade de formação de produtos. A concentração dos reagentes diminui gradualmente a partir do momento da adição, e a dos reagentes aumenta, até que o equilíbrio seja novamente atingido. Ao adicionarmos produtos a um sistema em equilíbrio, o mesmo acontece. A velocidade da reação inversa depende da concentração dos produtos. Então, aumentando a concentração dos produtos, aumentamos a velocidade de consumo desses produtos. Como eles são consumidos mais rapidamente, os reagentes são formados mais rapidamente. Nesse caso, os produtos adicionados vão ser gradualmente consumidos, formando gradualmente os reagentes, até que um estado de equilíbrio com novas concentrações seja atingido. No gráfico abaixo, está representada a reação N2O4 ⇌ 2 NO2. Veja que, inicialmente o equilíbrio é atingido no instante t1 com as concentrações [N2O4] = 1,6 mol/L e [NO2] = 0,8 mol/L. No instante t2, mais N2O4 é adicionado ao sistema, e imediamente começa a ser consumido; mais NO2 é formado, e o equilíbrio é atingido no instante t3 com as concentrações [NO2] = 0,9 mo/L e [N2O4]= 2,0 mol/L. N2O4 NO2 Concentração Estado de equilíbrio inicial Adição de reagente Novo estado de equilíbrio 2,0 mol 1,6 mol 0,9 mol 0,8 mol 0 t1 t2 t3 Tempo Calculando as consntantes de equilíbrio Kc para os momentos t1 e t3, note que ela não sofre alteração: 4 D es lo ca m en to d e Eq ui líb rio Por isso, dizemos que um novo estado de equilíbrio foi atingido, onde as velocidades das reações são iguais, mas as concentrações são diferentes do estado de equilíbrio inicial. Assim, concluímos que: A adição de reagentes favorece a formação dos produtos. Desloca o equilíbrio no sentido da reação direta. Desloca o equilíbrio para a direita. A adição de produtos favorece a formação dos reagentes. Desloca o equilíbrio no sentido da reação inversa. Desloca oequilíbrio para a esquerda. O oposto é verdadeiro quando retiramos um dos componentes do sistema. O sistema se rearranja de modo a repor o componente que foi retirado: A remoção de reagentes favorece a formação dos reagentes. Desloca o equilíbrio no sentido da reação inversa. Desloca o equilíbrio para a esquerda. A remoção de produtos favorece a formação dos produtos. Desloca o equilíbrio no sentido da reação direta. Desloca o equilíbrio para a direta. VARIAÇÃO DE PRESSÃO A variação de pressão só altera a velocidade das reações gasosas! Portanto, só esse tipo de equilíbrio será afetado pelas variações de pressão. 5www.biologiatotal.com.br D es lo ca m en to d e Eq ui líb rioPela teoria das colisões e a cinética dos gases, sabemos que a pressão é inversamente proporcional ao volume. Assim, o aumento de pressão (à temperatura constante) requer a diminuição do volume do sistema. Diminuindo o volume, aumentamos a concentração das espécies gasosas (mol/L). Não porque a quantidade de matéria aumentou, mas porque o volume diminuiu. Assim, as moléculas se chocam mais, e a velocidade da reação aumenta. Nesse caso, a reação mais favorecida vai ser a que tiver maior quantidade de matéria em mol. Na reação anterior, N2O4 ⇌ 2 NO2 Perceba que do lado dos reagentes só há 1 mol, e no lado dos produtos, há 2 mol. Assim, com a diminuição de pressão, a concentração dos produtos aumenta mais do que a concentração dos reagentes. Vamos supor que inicialmente, temos o volume de 1 L no estado de equilíbrio: 1 mol/L de N2O4, e 2 mol/L de NO2. O que acontece se aumentarmos a pressão, diminuindo o volume para meio litro? Para o N2O4: (aumentou em 1 mol) Para o NO2: (aumentou em 2 mol) Veja que a concentração dos produtos aumentou mais do que a concentração dos reagentes. Consequentemente, a reação de decomposição dos produtos é bem mais favorecida, devido ao seu coeficiente estequiométrico: 1 mol L 22 mol L 2 mol L 4 mol L 6 D es lo ca m en to d e Eq ui líb rio Quando aumentamos a velocidade de decomposição dos produtos, a concentração dos reagentes aumenta. Assim, dizemos que o aumento de pressão desloca o equilíbrio no sentido de menor volume. Alternativamente, podemos ver o que acontece com a diminuição da pressão (aumento de volume). Obviamente, a diminuição do volume afeta as concentrações de reagentes e produtos. Mas em termos de velocidade, aquele lado que tiver maior volume molar (maior coeficiente estequiométrico), terá seu consumo favorecido: a diminuição de pressão desloca o equilíbrio no sentido de maior volume. Podemos pensar em termos de Kp, chegando em uma expressão que nos permite observar diretamente a constante de equilíbrio em função das frações molares e da pressão total do sistema. Lembre que a pressão parcial de n é a sua fração molar multiplicada pela pressão total: Pn = xn.PT. Podemos substituir as pressões parciais na expressão do KP: Cortando os termos da pressão total, obtemos a expressão final para o Kp desta reação: Como a pressão total PT está no numerador, seu aumento obrigatoriamente exige que a fração molar de NO2 (xNO2) diminua e a fração molar de N2O4 (xN2O4) aumente, para que o valor de KP se mantenha constante. Assim, a fração molar do lado de menor volume aumenta. Se a pressão total estivesse no denominador, seria porque o lado dos reagentes tem maior número de mols. O aumento da pressão total, aí, exigiria que o lado de menor volume (produtos) tivesse sua fração molar aumentada para que o valor de KP se mantivesse, como é o caso da reação de formação da amônia: 7www.biologiatotal.com.br D es lo ca m en to d e Eq ui líb rio Nesse caso, o aumento de pressão exige uma diminuição nos valores do denominador (quantidades de H2 e N2), e aumento da quantidade dos produtos, que têm menor volume. O aumento de pressão desloca o equilíbrio no sentido de menor número de mols. A diminuição de pressão desloca o equilíbrio no sentido de maior número de mols. (UERJ 2020) Considere as quatro reações químicas em equilíbrio apresentadas abaixo. I. H2(g) + I2(g) ⇌ 2 HI(g) II. 2 SO2(g) + O2(g) ⇌ 2 SO3(g) III. CO(g) + NO2(g) ⇌ CO2(g) + NO(g) IV. 2 H2O(g) ⇌ 2 H2(g) + O2(g) Após submetê-las a um aumento de pressão, o deslocamento do equilíbrio gerou aumento também na concentração dos produtos na seguinte reação: a) I b) II c) III d) IV Gabarito: [B] 𝑃 ↑× 𝑉 ↓= 𝑘 Aumento de pressão implica em diminuição de volume. EXERCÍCIO RESOLVIDO 8 D es lo ca m en to d e Eq ui líb rio VARIAÇÃO NA TEMPERATURA Até agora trabalhamos com a variação de concentração e pressão com a temperatura constante. Nesses casos, a constante de equilíbrio também se mantinha constante. Com a variação de temperatura, porém, teremos uma nova constante de equilíbrio: a relação [produtos]/ [reagentes] não é mais a mesma. O valor de K é alterado pela temperatura. O aumento da temperatura aumenta as velocidades tanto da reação direta quanto da inversa. Mas a reação mais favorecida será aquela que necessita de energia para acontecer: ou seja, a endotérmica. O aumento da temperatura favorece a reação endotérmica. A diminuição da temperatura favorece a reação exotérmica. (UFRGS 2018) Considere os dados termodinâmicos da reação abaixo, na tabela a seguir. CO(g) + NO2(g) ⇌ CO2(g) + NO(g) Substância 𝐂𝐎 𝐍𝐎𝟐 𝐂𝐎𝟐 𝐍𝐎 𝚫𝐇𝐟 (𝐤𝐉 𝐦𝐨𝐥−𝟏) −𝟏𝟏𝟎, 𝟓 𝟑𝟑, 𝟐 −𝟑𝟗𝟑, 𝟓 𝟗𝟎, 𝟑 Com base nesses dados, considere as seguintes afirmações sobre o deslocamento do equilíbrio químico dessa reação. EXERCÍCIO RESOLVIDO 9www.biologiatotal.com.br D es lo ca m en to d e Eq ui líb rioI. O aumento da temperatura desloca no sentido dos produtos. II. O aumento da pressão desloca no sentido dos produtos. III. A adição de CO2 desloca no sentido dos reagentes. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. Resolução: [C] [I] Incorreta. O aumento da temperatura desloca no sentido dos reagentes (reação endotérmica). [II] Incorreta. A variação de pressão não desloca o equilíbrio. [III] Correta. A adição de CO2 desloca no sentido dos reagentes. 10 D es lo ca m en to d e Eq ui líb rio CATALISADOR Os catalisadores atuam diminuindo a energia necessária para que uma reação ocorra. Eles diminuem essa energia tanto no sentido direto quanto no sentido inverso, então ambas as reações têm um incremento de velocidade! Nesse caso, o incremento de velocidade é proporcional, e elas continuam constantes. Por isso, apesar de aumentar as velocidades das reações, o catalisador não desloca o equilíbrio químico! RESUMO Fatores que deslocam o equilíbrio de um sistema Fator Sentido do deslocamento Aumento na concentração de reagentes O aumento da concentração em mol/L de reagentes desloca o equilíbrio no sentido de formação dos produtos. A adição de PCl3(g) ou Cl2(g) desloca o equilíbrio no sentido de formação de PCl(g) 1PCl3(g) + 1Cl2(g) ⇌ 1PCl5(g) Diminuição na concentração de reagentes A diminuição da concentração em mol/L de reagentes desloca o equilíbrio no sentido de formação dos reagentes. A retirada de PCl3(g) ou Cl2(g) desloca o equilíbrio no sentido de formação de PCl3(g) e Cl2(g). 1PCl3 + 1Cl2(g) ⇌ 1PCl5(g) Aumento na concentração de produtos A diminuição da concentração em mol/L de produtos desloca o equilíbrio no sentido de formação dos reagentes. A adição de PCl3(g) + 1 Cl2(g). 1 PCl3(g) + 1 Cl2(g) ⇌ 1 PCl5(g) 11www.biologiatotal.com.br D es lo ca m en to d e Eq ui líb rio ANOTAÇÕES Diminuição na concentração de produtos A diminuição da concentração em mol/L de produção desloca o equilíbrio no sentido de formação dos produtos. A retirada de PCl5(g) desloca o equilíbrio no sentido de formação de PCl5(g). 1PCl(g) + 1Cl2(g) ⇌ 1PCl5(g) Aumento da pressão O aumento da pressão em um sistema em equilíbrio-evolvendo sub- stâncias no estado gasoso-desloca o equilíbrio no sentidode con- tração de volume. O aumento da pressão desloca o equilíbrio no sentido de formação de PCl5(g). 1 PCl3(g) + 1Cl2(g) ⇌ 1 PCl5(g) 2 volumes 1 volume Diminuição da pressão A diminuição da pressão em um sistema em equilíbrio-envolvendo sub- stâncias no estado gasoso-desloca o equilíbrio no sentido de expansão de volume. A diminuição da pressão desloca o equilíbrio no sentido de formação de PCl3(g) e Cl2(g). 1 PCl3(g) + 1Cl2(g) ⇌ 1 PCl5(g) 2 volumes 1 volume Aumento da temperatura O aumento da temperatura em um sistema em equilíbrio desloca o equilíbrio no sentido da reação endotérmica. O aumento da temperatura desloca o equilíbrio no sentido de for- mação de PCl3(g) e Cl2(g). 1 PCl3(g) + 1 Cl2(g) ⇌ 1 PCl5(g) + calor Diminuição da temperatura A diminuição da temperatura em um sistema em equilíbrio desloca o equilíbrio no sentido da reação exotérmica. A diminuição da temperatura em sistema em equilíbrio desloca o equilíbrio no sentido de formação de PCl5(g). 1 PCl3(g) + 1Cl2(g) ⇌ 1PCl5(g) + calor 1www.biologiatotal.com.br EQUILÍBRIO IÔNICO Os equilíbrios químicos podem ser analisados conforme a presença apenas de moléculas ou de íons. Anteriormente, toda a discussão inicial para o conceito de equilíbrio químico foi pautado em reações químicas que envolvem moléculas, agora iremos centrar a discussão para os equilíbrios que descrevem a participação de partículas carregadas positivamente (cátion) e carregadas negativamente (ânion) para reações reversíveis. Por esse motivo recebe o nome de equilíbrio iônico, o principal exemplo é a autoionização da água: Quando um composto covalente se ioniza em água, caracterizando um ácido ou uma base quando se dissocia, temos a formação de íons em solução aquosa. Temos os seguintes equilíbrios iônicos: Ionização HA + H2O(ℓ) H3O1+(aq) + A1-(aq) Dependendo da natureza do ácido, o equilíbrio iônico pode estar deslocado para produtos caso o ácido seja classificado como forte ou deslocado para reagentes quando o grau de acidez é baixo. Dissociação COH C1+(aq) + OH1-(aq) Para bases que são consideradas fortes, o equilíbrio químico é deslocado para direita e quando seu grau de dissociação é baixo está deslocado para reagentes. CONSTANTE DE IONIZAÇÃO E DISSOCIAÇÃO Como anteriormente, expressamos constantes de equilíbrio para as reações químicas moleculares, podemos adotar as mesmas definições para descrever a constante de Ionização e dissociação para reações químicas que envolvem a presença de íons: HA + H2O(ℓ) H3O1+(aq) + A1-(aq) reação direta reação inversa reação direta reação inversa reação direta reação inversa 2 Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin a A expressão de KC para essa reação é: Kc= [H3O1+] . [A1-] [HA] . [H2O] Aqui temos que lembrar que como as soluções são consideradas diluídas, a concentração de água é considerada como uma constante, por esse motivo podemos reescrever o equilíbrio como sendo: Ki = [H3O1+] . [A1-] [HA] Lembrando que Ki é a representação para constante de ionização. E para a constante de dissociação temos que: COH C1+(aq) + OH1-(aq) Ki = [C1+] . [OH1-] [COH] Vale destacar alguns pontos importantes � Quanto maior a constante de equilíbrio para o ácido, Ka, o equilíbrio da reação química está deslocada para produtos e sua força também será maior, ou seja, maior presença de íons. � Quanto maior a constante de equilíbrio para a base, Kb, o equilíbrio da reação química reação química está deslocada para produtos e sua força também será maior, ou seja, maior presença de íons. � Cabe ressaltar que tanto Ka e Kb, variam conforme a temperatura. Quanto maior o valor da constante de ionização Ki ou Ka ou Kb, maior a força ácida ou básica da subtância. POLIÁCIDOS E POLIBASES Como vimos nas funções inorgânicas, ácido e base, podem ser classificados conforme a quantidade de íons H+(aq) ou OH-(aq) em solução. Um poliácido ou polibase, são espécies químicas que em solução aquosa liberam 2 ou mais mol de íons hidrônio ou hidroxila. Por esse motivo algumas considerações são importantes para expressar a constante de equilíbrio, como: 1: H3A + H2O ⇄ H3O1+ + H2A1- (Ki1, α1) 2: H2A1- + H2O ⇄ H3O1+ + HA2- (Ki2, α1) reação direta reação inversa 3www.biologiatotal.com.br Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin a 3: HA2- + H2O ⇄ H3O1+ + A3- (Ki3, α1) H3A + 3 H2O ⇄ 3 H3O1+ + A3- (Kin, αn) Observe para o exemplo anterior que o ácido libera em água, 3 mol de íons hidrônio e expressando a constante de equilíbrio para cada etapa temos que: Ki1= [H2A1-] . [H3O1+] ; Ki2= [HA2-] . [H3O1+] [H3A] [H2A1-] Partindo da análise das constantes de equilíbrio, para as etapas de ionização 1, 2 e 3, verifica-se que a constante de ionização para a equação global nada mais significa que a multiplicação entre as constantes (K1 x K2 x K3), obtendo assim Kin (constante da equação global). Acompanhe: Ki1.Ki2.Ki3 = [H2A1-] . [H3O1+] . [HA2-] . [H3O1+] . [A3-] . [H3O1+] [H3A] [H2A1-] [HA2-] Ki1.Ki2.Ki3 = [A3-] . [H3O1+]3 = Kin [H3A] PAR CONJUGADO ÁCIDO-BASE De acordo com a teoria de Arrhenius, toda substância que reage com a água e libera íons H+(aq) é ácido e aquelas que liberam OH-(aq) são base. Contudo, existem substâncias que apresentam características ácidas ou básicas sem a necessidade de reagir com água, como é evidenciado nos trabalhos dos químicos Johannes Nicolaus Bronsted e Thomas Martin Lowry que amplia esses conceitos. Ácido é toda espécie química que doa um próton H+ e base é toda espécie química capaz de receber um próton H+. Acompanhe o exemplo a seguir: HCl(g) + H2O(ℓ) H3O1+(aq) + Cl1-(aq) reação direta reação inversa 4 Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin a Teremos: doa próton, H1+ recebe próton, H1+ HCl ácido Cl1- base H2O base H3O1+ ácido recebe próton, H1+ doa próton, H1+ Observe que a diferença entre as espécies químicas, reside na presença do próton (H+(aq)). Esse par de espécies é chamado de par conjugado. Para o exemplo anterior o par conjugado são as espécies HCl/Cl-. É importantíssimo lembrar que: Em um par conjugado, quanto mais ácido for uma espécie química a base conjugada será fraca, e ao contrário também é verdadeiro, quanto mais fraco for o ácido mais forte será sua base conjugada. A mesma generalização aplica-se para as espécies químicas que apresentam características básicas. Quanto mais forte a base, mais fraco será o seu ácido conjugado, e o contrário é verdadeiro, quanto mais fraco for a base, mais forte será o ácido conjugado. JubiDica de Vida: Doa próton com facilidade, é ser um ácido forte. Base conjugada fraca. Receber próton com facilidade, é ser uma base forte. Ácido conjugado fraco. LEI DA DILUIÇÃO DE OSTWALD Na imagem a seguir temos o prêmio Nobel de 1909, o letão (nascido na Letônia) químico Wilhelm Ostwald (1853 – 1932). Entre as diversas contribuições para a comunidade científica, uma delas foi para os equilíbrios químicos iônicos, recebendo o seu sobrenome. Diz que: Para uma temperatura determinada, à medida que a concentração em termos de quantidade de matéria (mol/L) de um eletrólito diminui, seu grau de ionização ou dissociação (α) aumenta. ATENÇÃO: Eletrólitos são espécies químicas que, em solução aquosa, conduzem corrente elétrica. 5www.biologiatotal.com.br Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin aJubiAluno e JubiAluna, é preciso recordar que o grau de ionização é definido por: α = quantidade de matéria ionizada ou dissociada (nd) quantidade de matéria inicial (ni) Considerando um eletrólito genérico como CA, dissolvido em um volume V de solução, temos que: Quantidades envolvidas 1CA(s) 1C 1+ (aq) + 1A1-(aq) I. Quantidade de matéria no início n mol zerozero II. Quantidade de matéria ionizada ou dissociada e a que se formou α.n mol α.n mol α.n mol III. Quantidade de matéria que permanece no equilíbrio n - α.n mol α.n mol α.n mol IV. Concentração em quantidade de matéria no equilíbrio n - α.n mol .L-1 V α.n mol .L-1 V α.n mol .L-1 V Para o equilíbrio acima: Ki= [C1+] . [A-1] ; então: [CA] Ki = → Ki = → Ki = . → Ki = Mas como: n = mol então: Ki= α2 . [ ] V L (1-α) De acordo com a definição anterior, observe que quando a [ ] tende a zero, o produto entre os termos α2 e [ ] também tende a zero. Como Ki é uma constante, a diferença presente no denominador (1 – α) também tenderá a zero, ou seja, para que isso seja verdadeiro o valor de α deverá tender a 1. Como a maioria dos eletrólitos em estudo são α2.n2 n.(1-α) V V2 α2.n V . (1-α) α.n α.n V n-α.n V V α2.n2 n.(1-α) V V2 6 Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin a fraco, o valor de α é também muito pequeno, o termo (1 – α) é praticamente 1. Assim, podemos considerar que: Ki= α2. [ ] (eletrólito fraco) DESLOCAMENTO DE EQUILÍBRIOS IÔNICOS Como a grande maioria dos equilíbrios iônicos ocorrem em solução (na maior parte das vezes o solvente é a água), eles praticamente não são afetados com o aumento ou diminuição da pressão, sendo esse fator mais sensível para equilíbrios químicos gasosos. Considerando a temperatura constante, o fator da concentração é o principal fator que altera o estado de equilíbrio iônico. As variações podem ocorrer de duas maneiras: 1. Adição de Substâncias ou de íons que estão em equilíbrio. De acordo com o princípio de Le Chatelier, o estado de equilíbrio será afetado e irá deslocar no sentido em que a substância ou íon acrescentado é consumido, de modo que anule ou minimize a perturbação. 2. Adição de substâncias ou de íons que reagem consumindo as espécies químicas que estão em equilíbrio. Para essas ocasiões, o deslocamento de equilíbrio será no sentido de formação da substância ou do íon consumido, de modo que o estado de equilíbrio químico seja reestabelecido. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (PH) E PONTENCIAL HIDROXILIÔNICO (POH) Vimos anteriormente, que a água descreve também um equilíbrio químico entre os seus íons hidrônios (H+) e hidroxilas (OH-). Como segue temos que: Expressando a constante de equilíbrio para a autoprotólise da água, temos: Kc = [H3O1+] . [OH1-] [H2O]2 Como vimos, a concentração mol/L para líquidos puros é 1, logo o Kc assume: Kc . [H2O]2 = [H3O1+].[OH1-] Kc . 12 = [H3O1+] . [OH1-] A multiplicação entre [H3O+] e [OH-], recebe o nome de produto iônico da água e é simbolizado por Kw (o termo W vem da palavra em inglês water). 7www.biologiatotal.com.br Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin a Kw = [H3O1+] . [OH1-] Vale relembrar que o equilíbrio químico é alterado pela temperatura. Outro ponto importante é que a concentração mol/L dos íons em solução é muito pequena, por esse motivo utiliza-se o cologaritmo decimal na base de dez para expressar a quantidade. Na matemática temos que: colog x = -log x Aplicando para os íons hidrônio e hidroxila, temos que: pH= -log[H3O1+], portanto, [H3O1+]= 10-pH pOH= -log[OH1-], portanto, [OH1-]= 10-pOH De acordo com a concentração dos íons presentes na solução, podemos classificar em soluções: Neutra: Para esse caso, temos as concentrações de [H3O+] e [OH-] iguais, ou seja, a quantidade de matéria para um determinado volume é igual para os cátions hidrônios e ânions hidroxila. Matematicamente temos que: Kw = [H3O1+].[OH1-] = 1,0 . 10-14 [H3O1+] = [OH1-] = 1,0.10-7 mol/L Calculando o pH e pOH, nessas condições: pH = -log [H3O1+] pOH = -log[OH1-] pH = -log 1,0 . 10-7 pOH = -log 1,0 . 10-7 pH = 7 pOH = 7 Solução neutra: pH = pOH Básico: Quando a concentração em solução de [OH-]é maior quando comparado com os íons hidrônios, dizemos que a solução é básica. Solução básica: [OH] > [H3O+] Ácida: Quando a concentração em solução de [H3O+] é maior quando comparado com os íons hidroxilas, dizemos que a solução é acida. Solução ácida: [H3O1+] > [OH1-] 8 Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin a A escala de pH é construída conforme as substâncias que atuam como indicadores, existem várias. As principais que são indicadores ácido-base: Extrato de repolho roxo: no extrato de repolho roxo, temos a presença de substâncias conhecidas como antocianinas. Aqui tudo se trata de uma questão de equilíbrio químico, pois a medida que o pH da solução é alterado a estrutura atômico-molecular da antocianina também é alterado, devido o deslocamento do estado de equilíbrio. Veja a seguir: As alterações na estrutura atômico- molecular, a medida que o pH é alterado gradativamente as estruturas estabelecem novos estados de equilíbrio químico, assim é possível construir uma escala de pH, com multicores. Escala de pH conforme o extrato de repolho roxo. Papel indicador universal - papel tornassol: Aqui temos uma fita que na presença de soluções com características ácido-base, são coloridas. As mesmas são comparadas com um padrão para identificar e estimar o pH da solução, acompanhe na imagem ao lado: Indicador Fenolftaleína: É uma substância que na presença de ácido, não apresenta coloração e quando em ambiente químico com características básicas adquire uma coloração rosácea. ANOTAÇÕES 1www.biologiatotal.com.br HIDRÓLISE SALINA HIDRÓLISE DE ÍONS Todos os sais quando na presença de água se dissociam em íons cátion e ânion, seja em maior proporção ou menor porcentagem. O detalhe está no fato que esses íons em solução podem reagir com água e alterar o equilíbrio químico existente entre os íons H+(aq) e os íons OH-(aq), estabelecidos pela água, sendo chamado de hidrólise salina. Em linhas gerais, temos que: Hidrólise de sal, é a reação de um dos íons dissociados do sal com a água. Existem duas únicas possibilidades, são elas: 1. Quando o cátion reage com a água para formar uma base fraca: Cy+(aq) + y HOH(ℓ) + y HOH(ℓ) → C (OH)y (aq)+ y H3O1+(aq) 2. Quando o ânion reage com a água para formar um ácido fraco: Ax-(aq) + x HOH(ℓ) → Hx A(aq) + x OH1-(aq) Outro ponto importante, é saber quando os íons irão reagir com a água ou não. Para isso, temos que relembrar que: � O grau de afinidade que o cátion do sal tem para com os íons hidroxila da autoprotólise da água. � O grau de afinidade que o ânion do sal tem para com os íons hidrônios da autoprotólise da água. ÍONS DE BASES E DE ÁCIDOS FORTES Quando um base forte se dissocia em água, ela se mantém predominantemente com os íons dissociados, logo o cátion apresenta um baixo grau de afinidade com os íons hidroxila provenientes da água, não apresentando uma reação. NaOH(s) Na1+(aq) + OH1-(aq) Aqui, o cátion sódio praticamente não tem afinidade com íons hidroxila provenientes da água, assim a reação inversa praticamente não ocorre. H2O(ℓ) 2 Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin a Na1+(aq) + HOH(ℓ) → não ocorre reação O mesmo ocorre, quando se analisa para substâncias que apresentam características ácidas, como é o caso do ácido clorídrico. Para esse exemplo, os íons ânions formados, cloretos, não apresentam um grau de afinidade para com os íons hidrônio da autoprotólise da água. HCl(g) + H2O(ℓ) H3O1+(aq) + Cl1-(aq) Para esse caso, temos que a reação inversa não ocorrendo. ÍONS DE BASES E ÁCIDOS FRACOS Uma base que é fraca em meio aquoso se encontra majoritariamente na sua forma agregada. Significa dizer que, o cátion de bases fracas, apresentam um alto grau de afinidade para com as hidroxilas provenientes da água, ocorrendo assim uma hidrólise de sal. NH4OH(aq) NH41+(aq)+ OH1-(aq) Logo o íon cátion amônio, NH4+(aq), tem grande afinidade pelos íons hidroxila da água: NH41+(aq) + HOH(ℓ) + HOH(ℓ) → NH4OH(aq) + H3O1+(aq) O mesmo pensamento é válido para uma substância caracterizada como um ácido fraco, ao entrar em contato com a água ele se mantém predominantemente na forma molecular. Os íons ânions do ácido, apresentam grande afinidade com os íons hidrônio da água. Exemplo: HCN(g) + H2O(ℓ) H3O1+(aq)+CN1-(aq) Para o exemplo anterior, o ânion cianeto quando na presença de água irá reagir conforme a reação a seguir: CN1-(aq) + HOH(ℓ) → HCN(aq) + OH1-(aq) EFEITO DO ÍON COMUM Após o estado de equilíbrio iônico ser alcançado, é possível alterá-lo com a temperatura ou também com adição de um íon já existente no equilíbrio, fazendo com que o sistema reestabeleça um novo estado de equilíbrio. A adição de um íon que seja comum a um sistema em equilíbrio sempre vai deslocar esse equilíbrio no sentido de minimizar a concentração mol/L do íon em questão. Esse efeito faz com que diminua o grau de ionização de um ácido ou dissociação de uma base. H2O(ℓ) 3www.biologiatotal.com.br Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin aÁcido fraco e sal solúvel do mesmo ânion: Considerando o equilíbrio iônico de um ácido fraco temos que: HA(aq) + H2O(ℓ) H3O1+(aq) + A1-(aq) Ka= [H3O1+] . [A1-] [HA] Caso um sal seja adicionado, o qual apresenta um ânion comum com o ácido, o sistema terá um deslocamento do equilíbrio no sentido de diminuir a ionização do ácido HA(aq). Adição de A1-(aq) ao equilíbrio: CA(s) C1+(aq) + A1-(aq) Aumenta [HA]: HA(aq) + H2O(ℓ) H3O1+(aq) + A1-(aq) Base fraca e sal solúvel do mesmo cátion: Considerando o equilíbrio iônico de uma base fraca temos que: COH(s) C1+(aq) + OH1-(aq) Kb= [C1+] . [OH1-] [COH] Caso um sal seja adicionado, o qual apresenta um cátion comum com a base, o sistema terá um deslocamento do equilíbrio no sentido de diminuir a dissociação da base COH(aq). Adição de C1+(aq) ao equilíbrio: CA(s) C1+(aq) + A1-(aq) Aumenta [COH]: COH(s) C1+(aq) + OH1-(aq) SOLUÇÃO-TAMPÃO Uma solução-tampão é aquela que praticamente não sofre variação considerável (efeito tampão) de pH ou de pOH pela adição de ácidos fortes ou de bases fortes. Os dois principais tipos de solução-tampão são: Solução constituída por um ácido fraco e um sal solúvel de mesmo ânion que esse ácido H2O(ℓ) H2O(ℓ) H2O(ℓ) H2O(ℓ) 4 Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin a Para analisar o contexto da solução-tampão constituída por um ácido fraco e um sal solúvel de mesmo ânion, vamos utilizar o seguinte exemplo: ácido acético e acetato de sódio ânion comum: acetato H3CCOOH(aq) H3CCOONa(s) H3CCOO1-(aq) Na solução-tampão formam-se dois equilíbrios 1o equilíbrio: ionização do ácido fraco, pouco intensa: H3CCOOH(ℓ) + H2O(ℓ) H3O1+(aq) + H3CCOO1-(aq) 2o equilíbrio: dissociação do sal, muito intensa: H3CCOONa(ℓ) Na1+(aq) + H3CCOO1-(aq) A ideia do efeito tampão é manter o pH e o pOH sem sofrer alteração. Caso um ácido forte seja adicionado, o íon acetato será consumido pelo ácido para aumentar a concentração de ácido acético em solução. Caso uma base forte seja adicionado, o ácido acético irá consumir os íons OH-, de modo que tanto o pH quanto o pOH não seja alterado. Solução constituída por uma base fraca e um sal solúvel de mesmo cátion que essa base. hidróxido de magnésio e cloreto de magnésio cátion comum: magnésio Mg(OH)2(aq) MgCl2(s) Mg2+ 1o equilíbrio: dissociação da base fraca (pouco intensa): Mg(OH)2(s) Mg2+(aq) + 2OH1-(aq) 2o equilíbrio: dissoaciação do sal (muito intensa): MgCl2(s) Mg2+(aq) + 2 Cl1-(aq) Muito semelhante com o efeito tampão descrito anteriormente, temos agora um segundo exemplo em que com a adição de uma base forte o íon cátion magnésio, irá consumir o excesso adicionado para que o pH e o pOH mantenha-se constante. Agora, com adição de um ácido forte, a hidroxila irá consumir o excesso de íons hidrônios em solução, para manter o pH e o pOH constante. H2O(ℓ) H2O(ℓ) H2O(ℓ) H2O(ℓ) 1www.biologiatotal.com.br PRODUTO DE SOLUBILIDADE Observe a imagem a seguir: A mesma ilustra uma solução aquosa saturada do eletrólito sulfato de bário, com corpo de fundo. Entre o sal dissociado em Ba2+(aq) e SO42-(aq) e sal na sua forma sólida BaSO4 (s), existe equilíbrio químico. O equilíbrio de dissolução: surge com o equilíbrio estabelecido entre o sal dissolvido em solução na forma BaSO4 (aq) e sal na forma sólido BaSO4 (s). Quando a taxa de desenvolvimento de precipitação do sal é igual a taxa de desenvolvimento de dissolução do sal no precipitado o equilíbrio de dissolução é atingido. Em termos de equação química temos que: BaSO4(s) ⇄ Ba2+(aq) + SO42-(aq) Para o equilíbrio, podemos expressar a constante sendo: Kc= [Ba2+] . [SO42-] [BaSO4(s)] Como a concentração em mol/L de BaSO4(s) é constante e depende apenas da temperatura, o mesmo é considerado igual 1. Assim reescrevemos a constante de equilíbrio como: Kc = [Ba2+] . [SO42-] Como Kc, é um símbolo já utilizado para outros equilíbrios químicos e estamos falando sobre solubilidade de sais, a constante é renomeado e passa a se chamar constante do produto de solubilidade, simbolizado por Kps. Kps = [Ba2+] . [SO42-] 2 Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin a Por se tratar de uma constante de equilíbrio, a mesma mantem um valor específico sendo alterada apenas pela temperatura. Algumas considerações em relação ao Kps: Se [Ba2+] . [SO42-] = Kps , a solução é saturada. Se [Ba2+] . [SO42-] < Kps , a solução é insaturada. Se [Ba2+] . [SO42-] > Kps, haverá precipitação do sal até o produto fique igual a constante. Constante do do produto de solubilidade 1. (UFJF 2003) A solubilidade de CaCO3 em água, a 20 °C, é igual a 13 mg/L. Qual o valor da constante de solubilidade (Kps) nessa temperatura, sabendo-se que a mesma é dada em mol/L? Dado: massa molar do CaCO3 = 100 g/mol. Resolução: 1. Escreva o equilíbrio para o sal carbonato de cálcio: CaCO3(s) ⇄ Ca2+(aq) + CO32-(aq) 2. Calcule a molaridade para o sal CaCO3: [CaCO3] → 13 mg ÷ (100 g/mol x 1L) = 0,00013 mol/L para o carbonato de sódio. Como relação estequiométrica entre o carbonato de sódio e os seus íons segue a proporção de 1:1, temos a concentração mol/L tanto para os Ca2+(aq) e CO32-(aq) igual a 0,00013 mol/L 3. Cálculo da constante do produto de solubilidade: Kps = [Ca2+] . [CO32-] → Expressão da constante do produto de solubilidade Kps = 0,00013 mol/L x 0,00013 mol/L Kps = 1,69 x 10-8 EXERCÍCIO RESOLVIDO 3www.biologiatotal.com.br Pr od ut o de S ol ub ili da de e H id ró lis e Sa lin aCálculo do coeficiente de solubilidade 2. (UECE 2016) O sulfeto de cádmio é um sólido amarelo e semicondutor, cuja condutividade aumenta quando se incide luz sobre o material. É utilizado como pigmento para a fabricação de tintas e a construção de foto resistores (em detectores de luz). Considerando o Kps do sulfeto de cádmio a igual a (conforme tabela), a solubilidade do sulfeto de cádmio àquela temperatura, com será: Resolução: 30 PS 2 2 2 2 PS 30 2 30 30 15 15 15 15 K 4 10 ; 100 % CdS(s) Cd (aq) S (aq) y y y K [Cd ] [S ] 4 10 y y y 4 10 y 4 10 2 10 [CdS] 2 10 mol / L Cd 112,4; S 32; CdS 144,4 g / mol Concentração (CdS) 2 10 144,4 288,8 10 g / L Concentraç − + − + − − − − − − − − = × α = + = × × = × = × = × = × = × = = = = × × = × � 13 13ão (CdS) 2,888 10 g / L 2,89 10 g / L− −= × ≈ × 30 PS 2 2 2 2 PS 30 2 30 30 15 15 15 15 K 4 10 ; 100 % CdS(s) Cd (aq) S (aq) y y y K [Cd ] [S ] 4 10 y y y 4 10 y 4 10 2 10 [CdS] 2 10 mol / L Cd 112,4;S 32; CdS 144,4 g / mol Concentração (CdS) 2 10 144,4 288,8 10 g / L Concentraç − + − + − − − − − − − − = × α = + = × × = × = × = × = × = × = = = = × × = × � 13 13ão (CdS) 2,888 10 g / L 2,89 10 g / L− −= × ≈ × ANOTAÇÕES ⥮ Através dos cursos EL ET R O Q U ÍM IC A 2020 - 2022 ELETROQUÍMICA 1. Pilhas e Potencial de Redução 2. Pilhas: Dispositivos cotidianos de obtenção de energia 3. Eletrólise e Lei de Faraday Você sabia que dentro de uma pilha existem vários produtos químicos? Venha estudar mais sobre esses constituintes e seus fenômenos elétricos. Esta subárea é composta pelos módulos: 3www.biologiatotal.com.br PILHAS E POTENCIAL DE REDUÇÃO As baterias e pilhas são dispositivos muito importantes em nosso cotidiano devido a sua capacidade de fornecer energia elétrica. É possível citar como exemplo a bateria do carro, do celular, as pilhas usadas em controles remotos, e entre outras aplicações. Para todos os exemplos, temos a conversão de energia química em energia elétrica, sendo o fenômeno explicado pela transferência de elétrons. A Eletroquímica é o ramo da química que estuda os fenômenos que envolvem as transferências de elétrons e a interconversão de energia química em energia elétrica. No caso das pilhas, esse processo é espontâneo, ou seja, é espontâneo o fluxo de elétrons de um ponto da pilha para o outro. Quando o processo não é espontâneo chamaremos de eletrólise. Na química, a transferência de elétrons é possível devido às reações de oxirredução. Faz sentido, não acha? Afinal, uma reação de oxirredução trata de uma espécie que irá doar elétrons (oxidar) e outra que irá receber esses elétrons (reduzir), ou seja, tudo não passa de transferências de elétrons! A reação de oxirredução que ocorre nas pilhas é um processo espontâneo. Para compreender os conceitos da Eletroquímica você precisa dominar os conceitos de NOX e Reações de Oxirredução. REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO Para relembrar sobre as reações de oxirredução, observe a equação abaixo entre zinco metálico e o íon Cu2+. Zn(s) + Cu2+(aq) Zn2+(aq) + Cu(s) Para entender melhor o que está ocorrendo por trás dessa equação, podemos fazer um esquema que mostre o NOX de cada espécie, conforme feito a seguir. Nas pilhas e baterias ocorre a conversão de energia química em energia elétrica 4 Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ão ganhou 2 e- : sofreu redução perdeu 2e- : sofreu oxidação Cu2+(aq) é um agente oxidante Zn(s) é um agente redutor 0 0 +2 +2 0 0 +2 +2 Zn(s) Cu 2+ (aq) Zn 2+ (aq) Cu(s)+ + Analisando os números de oxidação de cada espécie nos reagentes e produtos conseguimos ver que o zinco metálico teve que perder 2 elétrons para ir para sua forma iônica, e que o íon de cobre teve que ganhar 2 elétrons para se transformar em cobre metálico. Oxidação: Ocorre com as espécies que perdem (doam) elétrons, resultando em um aumento do seu NOX. Também levam o nome de agente redutor, pois são responsáveis por provocar o ganho de elétrons da outra espécie química participante da reação. Oxidação Espécie Zn(s) passou para Zn+2(aq) Perdeu Elétrons→ → Redução: Ocorre com as espécies que recebem elétrons, resultando em uma diminuição no NOX. Também levam o nome de agente oxidante, pois são responsáveis por provocar a perda dos elétrons da outra espécie química participante da reação. Redução Espécie Cu+2(aq) passou para Cu(s) Recebeu Elétrons→ → Atenção: Nas reações de oxirredução há a conservação de cargas, ou seja, a quantidade total de elétrons recebidos deve ser a mesma de elétrons doados. O QUE É NOX? NOX é o número de oxidação de uma espécie. A tabela a seguir traz algumas regras para calcular o nox de uma espécie. Espécie Química Situação NOX Exemplos Substância simples Qualquer caso Zero (0) H2 (g), O2 (g), N2 (g), Zn(s), Cu(s). Íon Qualquer caso Carga do íon Na+, NOX +1; Al3+, NOX +3 F-, NOX -1; S2-, NOX -2 Metais alcalinos e Ag Em todos os compostos +1 NaCl, KOH, AgCl, Ag2SO4 | | | | +1 +1 +1 +1 5www.biologiatotal.com.br Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ãoEspécie Química Situação NOX Exemplos Metais alcalinos terrosos e zinco Em todos os compostos +2 CaCl2, MgO, ZnCl2, ZnSO4 | | | | +2 +2 +2 +2 Alumínio Em todos os compostos +3 AlCl3, Al2O3, Al(OH)3 | | | +3 +3 +3 Flúor Em todos os compostos -1 HF, CF4, NF3, OF2 | | | | -1 -1 -1 -1 Cloro, Bromo, Iodo Ligado a elemento menos eletronegativo -1 CaF2, HCl, NaBr, AgI | | | | -1 -1 -1 -1 Ligado a elemento mais eletronegativo +1 HClO, ClF | | +1 +1 +3 HClO2, ClF3 | | +3 +3 +5 HClO3, BrF5, BrF6-, IF5 | | | | +5 +5 +5 +5 +7 HClO4, BrF6+, IF7 | | | +7 +7 +7 Hidrogênio Ligado a ametais +1 HCl, H2S, CH4, NH3, H2SO4 | | | | | +1 +1 +1 +1 +1 Ligado à família 1A e 2A -1 NaH, LiH, CaH2, BaH2 | | | | -1 -1 -1 -1 Oxigênio Na maioria de seus compostos -2 CO2, H2SO4, Al2O3, KOH, MgO | | | | | -2 -2 -2 -2 -2 Peróxidos -1 H2O2, Na2O2, CaO2 | | | -1 -1 -1 Superóxidos -½ K2O4, Na2O4 | | -½ -½ Com flúor +2 OF2 | +2 Composto neutro Qualquer A soma dos NOX de suas espécies deve ser zero Composto carregado Qualquer A soma dos NOX de suas espécies deve ser igual a sua carga total http://www.biologiatotal.com.br 6 Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ão Existe uma fila de eletronegatividade que contribui para encontrar o NOX, veja: Lembre-se, alguns metais podem ter NOX variados. Exemplos: Elemento Químico NOX variáveis Cu +1, +2 Au +1, +3 Fe, Co, Ni +2, +3 Pb, Sn +2, +4 ESTUDO DAS PILHAS A Pilha de Volta A história da eletroquímica começa com Alessandro Volta, que em 1800 desenvolve a primeira pilha, utilizando discos de cobre (ou prata) e zinco. Em seus estudos, Volta determinou que o par mais eficaz de metais para produzir eletricidade era o zinco e o cobre. Mas foi John Frederick Daniell que aprimorou a utilização desse par de metais. A Pilha de Daniell Em 1836, o químico John Frederick Daniell aperfeiçoou a pilha de Volta, tornando-a mais duradoura. A modificação que Daniell fez foi criar duas soluções separadas, mas que ainda estariam conectadas por uma espécie de “ponte”, sendo esta responsável por promover o equilíbrio de cargas na pilha. A pilha de Daniell (também nomeada como célula de Daniell) é constituída por duas extremidades, cada uma com um metal numa solução aquosa de um sal formado pelos seus cátions. De um lado temos uma placa de zinco mergulhada em uma solução de sulfato de zinco, enquanto do outro uma placa de cobre mergulhada em uma solução de sulfato de cobre. Essas duas placas eram interligadas por um fio de cobre condutor. Pilha de Volta Pilha de Daniell 7www.biologiatotal.com.br Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ãoPor que essa célula é capaz de gerar energia elétrica? Vamos relembrar que corrente elétrica é o fluxo de elétrons devido a uma diferença de potencial. A lâmpada presente na imagem da pilha de Daniell só acende devido a existência de um fluxo ordenado de elétrons, que resulta em corrente elétrica. Esse fluxo de elétrons só ocorre devido ao desprendimento de elétrons de uma das placas metálicas, resultando em uma migração de elétrons. Por que os elétrons migram de um metal para outro? Como foi dito, o fluxo de elétrons só ocorre na presençade uma diferença de potencial. No caso de reações de oxirredução, normalmente se trabalha com a diferença entre os potenciais de redução das espécies envolvidas. O fluxo de elétrons, no caso da pilha de Daniell, é do zinco para o cobre. Isso nos leva a concluir que o potencial de redução do cobre é maior que o do zinco. Portanto, há um desprendimento de elétrons da placa metálica de zinco, os quais irão em direção da solução que contém os íons cobres que desejam ser reduzidos. A partir de agora, chamaremos essas placas metálicas de eletrodos. Chegou a hora de entendermos a respeito das reações químicas que ocorrem na superfície de cada eletrodo: Na pilha de Daniell... Eletrodo de Zinco: Ânodo O eletrodo de zinco é uma placa de zinco metálico (Zn0(s)) imersa em uma solução aquosa de sulfato de zinco (ZnSO4(aq)). O eletrodo de zinco doa elétrons, ou seja, se oxida. O eletrodo que sofre oxidação é o polo negativo, e chamamos de ânodo. A semi reação que descreve esse processo é a seguinte: Zn0 → Zn2+(aq) + 2e- Eletrodo de Cobre: Cátodo O eletrodo de cobre é uma placa de cobre metálico (Cu0(s)) imersa em uma solução aquosa de sulfato de cobre (CuSO4(aq)). O eletrodo de cobre recebe elétrons, ou seja, reduz os íons Cu2+ presentes em solução. O eletrodo que sofre redução é o polo positivo, e chamamos de cátodo. A semi reação que descreve esse processo é a seguinte: Cu2+(aq) + 2e- → Cu0 http://www.biologiatotal.com.br 8 Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ão O zinco metálico perde elétrons, os quais seguem pelo fio condutor em direção ao eletrodo de cobre. A consequência disso é a perda de massa do eletrodo de zinco e aumento da concentração de íons Zn2+ em solução. A redução de íons Cu2+ resulta em uma deposição de Cu0 na superfície do eletrodo de cobre, e a consequência disso é o ganho de massa do eletrodo e diminuição da concentração de íons Cu2+ em solução. A imagem representa o fluxo de elétrons do ânodo para o cátodo, que resulta na perda de massa do eletrodo de zinco, e consequentemente aumento de íons Zn2+ em solução, e ganho de massa no eletrodo de cobre, que consequentemente diminui a quantidade de íons Cu2+ em solução. EQUAÇÃO GLOBAL A equação global dessa pilha é obtida pela soma das duas semi reações (oxidação e redução). Zn0 → Zn2+(aq) + 2e- (oxidação) Cu2+(aq) + 2e- → Cu0 (redução) Zn0 + Cu2+(aq)→ Zn2+(aq) + Cu0 Atenção: Nesse caso não foi necessário multiplicar nenhuma das semi reações por algum fator. Mas lembre-se que o balanço de cargas deve ser igual, ou seja, a quantidade de elétrons perdidos deve ser igual a quantidade de elétrons ganho. PONTE SALINA As soluções de cada extremidades são conectadas pela ponte salina, um tubo de vidro no formato de U que contém uma solução de um sal solúvel em água (cloreto de potássio (KCl) ou nitrato de amônio (NH4NO3). As extremidades do tubo são fechadas por um material poroso (algodão ou ágar-ágar), possibilitando assim a migração de íons da ponte salina para as soluções. Essa migração de íons serve para que haja o equilíbrio de íons positivos e negativos em solução. 9www.biologiatotal.com.br Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ãoPara a pilha de zinco e cobre temos que: Caso a solução na ponte salina seja de cloreto de potássio: f Os íons negativos (Cl-) migram no sentido do ânodo, pois a solução aquosa do ânodo tende a ter uma maior concentração de íons positivos (Zn+2). f Os íons positivos (K+) migram para o cátodo, pois a solução aquosa do cátodo tende a ter uma menor concentração de íons positivos (Cu2+). REPRESENTAÇÃO DA PILHA Podemos resumir as reações envolvidas em uma pilha de maneira resumida. A seguir está a representação da pilha de Daniell: Representa a PONTE SALINA Zn(s) Zn 2+ (aq) Cu 2+ (aq) Cu(s) Metal que sofre oxidação Lado esquerdo Ânodo Pólo Oxidação Lado direito Cátodo Pólo Redução Íon metálico formado Íon metálico que sofre redução Metal formado - + f No lado esquerdo temos as informações do que acontece no ânodo, ou seja, o lado do metal que sofre oxidação. Devemos escrever a espécie reduzida (metal) e seu respectiva espécie oxidada (cátion), e o que separa essas duas informações é apenas uma barra; f No lado direito temos as informações do que acontece no cátodo, ou seja, o lado do metal que sofre redução. Devemos escrever a espécie reduzida (metal) e seu respectiva espécie oxidada (cátion), e o que separa essas duas informações é apenas uma barra; f O que separa o lado esquerdo do direito são duas barras, as quais representam a ponte salina. POTENCIAL-PADRÃO DE REDUÇÃO O potencial-padrão de redução é a capacidade que o eletrodo apresenta de sofrer o fenômeno da redução. Quando comparamos as duas espécies passíveis de oxirredução de uma pilhas, sabemos que aquela que tem o maior potencial-padrão de redução irá reduzir, e a que tem o menor irá oxidar. O valor do potencial-padrão é medido em volts (V) e é tabelado. Da mesma maneira que existe potencial-padrão de redução, existe o de oxidação. O valor deles é o mesmo, mas com sinais opostos. Segue o exemplo abaixo: Potencial-padrão de redução do zinco: Zn2+(aq) + 2e- → Zn0 Eored = ―0,76V Potencial-padrão de oxidação do zinco: Zn0 → Zn2+(aq) + 2e- Eoox = +0,76V http://www.biologiatotal.com.br 10 Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ão O potencial-padrão de redução é a capacidade que o eletrodo apresenta de sofrer o fenômeno da redução, e esses valores são tabelados. Atenção: Ao você ler, por exemplo, “potencial-padrão de redução de zinco”, não confunda achando que é uma semi reação onde o zinco metálico ganha elétron, isso não existe! Devemos interpretar que é o cátion desse metal (nesse caso, Zn2+) que tem o potencial de reduzir. Se tenho os valores de potenciais-padrões, consigo premeditar qual eletrodo será o cátodo e qual será o ânodo? Sim! No final desta apostila tem uma tabela com vários valores de potencial-padrão de redução e oxidação. Tendo esses valores, somos capazes de verificar as semi reações que irão ocorrer na pilha e premeditar quem será o cátodo e o ânodo. Atenção! Sobre o potencial-padrão da espécie: Força Eletromotriz: A diferença de potencial de uma pilha Falamos de potencial de redução das espécies, mas como isso é colocado em prática quando existe um sistema com dois eletrodos, como numa pilha? A diferença de potencial (ddp) em uma pilha é a diferença existente entre os potenciais de cada eletrodo. O maior valor dessa ddp será no início do seu funcionamento, e podemos chamá-la de força eletromotriz (fem). Importante frisar que quanto maior for a diferença de potencial dos eletrodos de uma pilha, maior será a intensidade da corrente elétrica produzida, logo maior força eletromotriz. A força eletromotriz é proporcional a intensidade da corrente elétrica produzida pela pilha. 11www.biologiatotal.com.br Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ãoCálculo da força eletromotriz Podemos calcular esse valor através dos valores tabelados de potenciais. Vamos considerar o par zinco e cobre. Pela tabela, temos as seguintes semi reações de redução: Zn2+(aq) + 2e- → Zn0 Eored = ―0,76V Cu2+(aq) + 2e- → Cu0 Eored = +0,34V Em comparação com o zinco, o cobre tem um valor de potencial de redução maior. Logo, se o cobre que irá reduzir, o zinco precisará oxidar. Sabendo disso, a semi reação do zinco deve ser invertida. Ao inverter a semi reação, o seu potencial terá o sinal invertido, virando um potencial de oxidação. Somando esses dois valores teremos a força eletromotriz (ou ddp) dessa pilha: Zn0 → Zn2+(aq) + 2e- Eoox = +0,76 V Cu2+(aq) + 2e- → Cu0 Eored = +0,34 V Zn0 + Cu2+(aq)→ Zn2+(aq) + Cu0 fem = ΔEo = +1,10 V Uma força eletromotriz de valor positivo indica um processo espontâneo. O raciocínio desenvolvido pode servisto como a seguinte equação: ΔEo = Eoox + Eored. Existem outras, que trabalham somente com um tipo de potencial e requerem a subtração dos termos: Eo = Eored MAIOR ― Eored MENOR ou Eo = Eooxi MAIOR ― Eooxi MENOR No caso do par zinco e cobre, ficaria: Eo = Eored COBRE ― Eored ZINCO Eo = +0,34 ― (―0,76) Eo = +1,10 V Eo = Eooxi ZINCO ― Eooxi COBRE Eo = +0,76 + (―0,34) Eo = +1,10 V Mas lembre-se que se você entender o conceito por trás, não será necessário decorar equações! Medindo a força eletromotriz experimentalmente O valor da força eletromotriz pode ser medido experimentalmente, colocando um voltímetro entre os dois eletrodos da pilha. Podemos ver que a imagem a seguir trata- se da mesma célula apresentada anteriormente, a única diferença é que temos um voltímetro no lugar da lâmpada. O valor medido é de +1,10 V. http://www.biologiatotal.com.br 12 Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ão Como a pilha é formada por apenas reações espontâneas, a ddp da pilha deve ser sempre um número positivo, ou seja, maior que zero. Caso o valor encontrado seja negativo, a conclusão é que não se tem uma pilha entre os eletrodos escolhidos Por que o Potencial do Eletrodo é padrão? A força eletromotriz de uma pilha depende de vários fatores, tais como concentração e temperatura. Concentração da solução: Pense na pilha de zinco e cobre. Quanto maior for a concentração de sulfato de cobre no cátodo, e mais diluída a solução de sulfato de zinco no ânodo, maior será a ddp da pilha. Isso ocorre por uma questão de deslocamento de equilíbrio. Nas pilhas, os eletrodos e seus respectivos sais atuam de maneira a atingir um equilíbrio químico. É por esse motivo que passado certo tempo, a pilha para de funcionar. Isso significa que o equilíbrio químico foi atingido. Temperatura: A temperatura altera a velocidade das reações redox, logo, causa a variação na ddp da pilha. Assim, para ter um valor padrão de cada eletrodo (Eº), convencionou-se medir o potencial de cada eletrodo sempre comparando com um eletrodo padrão e em condições padrão. Essas condições são: f Eletrodo metálico mergulhado em uma solução de concentração 1 mol/L do sal de seu cátion; f Temperatura de 25°C ou 298 K; f Pressão de 1 atm. 13www.biologiatotal.com.br Pi lh as e P ot en ci al d e R ed uç ãoA diferença de potencial de uma pilha nessas condições é representada por ΔEº. O eletrodo padrão de referência é de hidrogênio adsorvido em platina, em meio a uma solução de ácido sulfúrico que forneça uma concentração exata de íons H3O+(aq) igual a 1 mol/L. Por convenção o potencial normal do hidrogênio, medido nas condições-padrão, tem valor zero. Interligando com um metal, é possível medir o seu potencial. TABELA DE POTENCIAIS-PADRÕES Potencial de redução (E0red) Estado reduzido Estado oxidado Potencial de oxidação (E0oxid) -3,04 Li ⇔ Li+ + e- +3,04 -2,92 K ⇔ K+ + e- +2,92 -2,90 Ba ⇔ Ba2+ + 2 e- +2,90 -2,89 Sr ⇔ Sr2+ + 2 e- +2,89 -2,87 Ca ⇔ Ca2+ + 2 e- +2,87 -2,71 Na ⇔ Na+ + e- +2,71 -2,37 Mg ⇔ Mg2+ + 2 e- +2,37 -1,66 Al ⇔ Al3+ + 3 e- +1,66 -1,18 Mn ⇔ Mn2+ + 2 e- +1,18 -0,83 H2 + 2(OH)- ⇔ 2H2O + 2 e- +0,83 -0,76 Zn ⇔ Zn2+ + 2 e- +0,76 -0,74 Cr ⇔ Cr3 + 3 e- +0,74 -0,48 S2- ⇔ S + 2 e- +0,48 -0,44 Fe ⇔ Fe2+ + 2 e- +0,44 -0,28 Co ⇔ Co2+ + 2 e- +0,28 -0,23 Ni ⇔ Ni2+ + 2 e- +0,23 -0,13 Pb ⇔ Pb2+ + 2 e- +0,13 0,00 H2 ⇔ 2H+ + 2 e- 0,00 +0,15 Cu+ ⇔ Cu2+ + e- -0,15 +0,34 Cu ⇔ Cu2+ + 2 e- -0,34 +0,40 2 (OH)- ⇔ H2O + 1/2 O2 + 2 e- -0,40 +0,52 Cu ⇔ Cu+ + e- -0,52 +0,54 2l- ⇔ I2 + 2 e- -0,54 +0,77 Fe2+ ⇔ Fe3+ + e- -0,77 +0,80 Ag ⇔ Ag+ + e- -0,80 +0,85 Hg ⇔ Hg2+ 2 e- -0,85 +1,09 2 Br- ⇔ Br2 + 2 e- -1,09 +1,23 H2O ⇔ 2H+ + 1/2 O2 + 2 e- -1,23 +1,36 2 Cl- ⇔ Cl2 + 2 e- -1,36 +2,87 2 F- ⇔ F2 + 2 e- -2,87 O RDEM CRESCEN TE DE AÇÃO REDU TO RA O RDEM CRESCEN TE DE AÇÃO OXIDAN TE http://www.biologiatotal.com.br 1www.biologiatotal.com.br ELETRÓLISE E LEI DE FARADAY Quando estamos recarregando o smartphone, pilhas ou até mesmo nos deparamos com imagens de carros elétricos ligados na tomada, todos são fenômenos químicos do campo da eletroquímica que envolvem a conversão de energia elétrica em energia química, por meio de reações químicas não espontâneas. Pode ser definido em linhas gerais como: Processo não espontâneo de descarga de íons, ou seja, a energia elétrica força o cátion a receber elétrons e o ânion a perder elétrons para que ambos acumulem energia química. Para que o processo ocorra, é necessário que no meio reacional tenha a presença de íons livres. O mesmo pode ocorrer de dois modos: 1. Pela fusão de substâncias iônicas. 2. Pela dissociação ou ionização de substâncias em meio aquoso. Os eletrodos que participam do sistema eletroquímico na eletrólise podem ser classificado em eletrodos inertes (que não participam das reações químicas envolvidas) ou eletrodos ativos (aqueles que participam efetivamente das reações químicas). Eletrólise ígnea Para sistemas eletroquímicos que envolvem a eletrólise ígnea, é importante destacar que o processo todo é na ausência de água. Do latim igneus, ‘ardente, inflamado’ é feita com substâncias iônicas fundidas (na fase sólida). O recipiente em que ocorre as reações químicas é chamado de cuba ou célula eletrolítica, sendo sua construção com o objetivo suportar temperaturas elevadas (pois, os sais apresenta temperatura de fusão elevadas). Na cuba são adaptados dos eletrodos inertes de material capaz de conduzir corrente elétrica (geralmente, é grafita ou platina). Veja a imagem ao lado: 2 El et ro qu ím ic a Para a imagem anterior observe que: 1. Ânodo – polo positivo – ocorre a oxidação: ligado diretamente no polo positivo da fonte de corrente contínua, no eletrodo temos a semirreação de oxidação ocorrendo. Como o exemplo citado, o sal no estado líquido é o cloreto de sódio, os íons Cl-(l) perdem elétrons que serão conduzidos pela placa condutora para a fonte de corrente: 2Cl1-(l) → 2 e- + 1 Cl2(g) Por esse motivo, no eletrodo do ânodo é possível coletar gás cloro (Cl2(g)) devido as bolhas serem formadas. 2. Cátodo – polo negativo – ocorre a redução: ligado diretamente no polo negativo da fonte de corrente contínua, no eletrodo temos a semirreação de redução ocorrendo. De acordo com o exemplo, os íons Na+(l) recebem os elétrons provenientes da fonte de corrente contínua e forma o metal sódio no fundo da cuba: 1 Na1+(l) + 1e- → 1Na(s) A reação global é escrita como sendo: Dissociação iônica: 2 NaCl(l) → 1 Na1+(l) + 2 Cl1-(l) Redução: 2 Na1+(l) + 2e- → 2 Na(s) Oxidação anódica: 2Cl1-(l) → 2e- + Cl2(g) Reação global: 2 NaCl(l) → 2 Na(s) + Cl2(g) Tomando os potenciais-padrão de redução das semirreações em um tabela, podemos calcular a força eletromotriz para o sistema eletroquímico: 2 Na1+(l) + 2e- ⇔ 2 Na(s) Eredução= -2,71V 2 Cl1-(l) ⇔ 2 e- + Cl2(g) Eredução= +1,36 V ΔE= Eredução do cátodo - Eredução do ânodo ΔE= -2,71 - (+1,36) ⇒ ΔE = -4,07 volts Quando se trata de eletrólise, a força eletromotriz para a célula eletrolítica apresenta um valor numérico negativo, pois é necessário fonte externa para aplicar uma corrente elétrica para que as reações químicas reversíveis possam transformar em energia química e recarregar o dispositivo eletrônico, por exemplo.Obtenção de sódio metálico, a partir da eletrólise ígnea do cloreto de sódio líquido. 3www.biologiatotal.com.br El et ro qu ím ic aEm linhas gerais temos que: A eletrólise ígnea é um método eletrolítico muito utilizado para obter substâncias simples, como no caso anterior obtemos sódio metálico (Na(s)) e também gás cloro (Cl2(g)). Outros metais, como aqueles pertencentes da família dos metais alcalinos, metais alcalinos terrosos e também da família dos halogênios são obtidos através da eletrólise. Eletrólise em ambiente químico aquoso Quando a eletrólise se processa em meio aquoso, é preciso considerar o equilíbrio químico descrito pela água, veja a seguir: