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Síntese Crítica

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GABRIELLE SOARES DEMUTTI
SÍNTESE CRÍTICA: Terapia sistêmica individual
Trabalho de Psicologia apresentado à faculdade IMED, como requisito para a disciplina de Psicoterapia Sistêmica II. 
Orientador: Prof. Jaciane Pinto Guimarães
 
Porto Alegre 2021
SÍNTESE CRÍTICA: Terapia sistêmica individual
Gabrielle Soares Demutti[footnoteRef:1] [1: Aluna Gabrielle Soares Demutti. Curso de Psicologia. E-mail: demuttisoares@gmail.com] 
O Capítulo II do livro “A terapia sistêmica individual – manual prático na clínica”1, dos autores Luigi Boscolo e Paolo Bertrando, visa apontar a necessidade real da terapia individual em detrimento da terapia familiar ou de casal comumente adotada pela clínica e identificar os principais motivos que levaram os terapeutas a adotar a abordagem. No primeiro momento os autores definem sobre o que a base da terapia individual se desenvolve, sendo a terapia familiar o pilar sustentador das práticas ali desenvolvidas.
Cabível portanto um breve histórico sobre a terapia sistêmica enquanto um todo para o desenvolvimento da análise. Criada no meio do último século dos Estados Unidos, a terapia familiar teve seu início para tentar sanar gaps identificados pelos psicanalistas nas práticas desenvolvidas até então, a fim de auxiliar na plena recuperação dos pacientes no momento do pós-guerra. É a partir deste momento que a família começa a ser aceita como organismo vivo dentro do indivíduo, sendo essencial para o construto da sua individualidade.2
Anos mais tarde a com a primeira onda feminista, foi dentro da terapia sistêmica familiar que questões de gênero e o papel da mulher na família passaram a ser discutidos dentro do contexto micro-familiar.3 Estudos realizados com base na teoria do duplo vínculo, como o caso das famílias de esquizofrênicos, deram o start definitivo para a implementação da teoria nos consultórios.
A partir deste breve histórico da terapia sistêmica familiar, iniciar-se-á a análise do capítulo voltado a sua vertente individual. Para Boscolo e Bertrando, assim como para Freud, a massa infere cicatrizes psíquicas em nosso comportamento, porém os autores apontam como “massa” a relação familiar e as problemáticas envolvidas. Nas primeiras páginas do texto, os autores afirmam o desencorajamento dos atendimentos individuais, muitas vezes apontados como necessários pelos terapeutas, pondo em xeque até mesmo a sua capacidade de diagnosticar corretamente o paciente, por ter a visão de que os problemas enfrentados pelos pacientes decorriam de seu histórico familiar, portanto deveriam ser tratados em conjunto.
Compreende, portanto, o indivíduo integrado ao contexto familiar, que detém influência social, cultural e financeira, sendo os indivíduos ligados em seu mais íntimo Eu. Com a maturidade fisiológica o indivíduo em si cria um afastamento do núcleo familiar e busca sua própria identidade, e segundo os autores neste momento que a terapia sistêmica individual tem seu grande limiar, auxiliando em seu desenvolvimento na busca do processo de autoconhecimento.
A partir deste momento as etapas do diagnóstico prévio para a definição da teoria terapêutica a ser aplicada é discorrido pelos autores, como em um passo-a-passo para que se siga recorrentemente, visando a segurança do diagnóstico em face ao bom atendimento ao paciente, lembrando sempre da importância da validação das informações médicas do paciente para que tenha o melhor tratamento, sendo os pontos elencados – avaliação e diagnóstico; diagnóstico e a medicina psiquiátrica; avaliação e tipologia de tratamento.
Outro ponto importante trazido nesta primeira parte do capítulo é a da dificuldade de um terapeuta inexperiente apontar a necessidade de terapia individual sem o suporte de diagnósticos acessórios, como de um supervisor, visto que pode se tratar de um caso de psicose, ou até mesmo doenças psiquiátricas que podem se agravar sem o devido diagnóstico.
Definido pelos autores como o objetivo do bom diagnóstico do paciente a possibilidade de que o tratamento adotado esteja de acordo com a necessidade premente do paciente ao ponto que os sintomas mais urgentes da sua patologia sejam aliviados e/ou compreendidos de forma a apaziguar a latente inquietação que toma conta da sua psiquê. Neste ponto, há que se concordar com os autores, uma vez que a busca por terapia deve partir do indivíduo que detém a necessidade, a fim de se tornar efetiva.
Quanto a duração da terapia, os autores relembram que pode variar de acordo com a intenção do paciente e a confiabilidade do diagnóstico e método empregado, nesta vertente sistemática a duração dos atendimentos não ultrapassa 20 sessões, podendo ser espalhadas em diversos meses, ou semi-consecutivas de acordo com a decisão do paciente. Não há como se definir um tempo específico para a terapia, pois o ser humano é volúvel assim como sua psique, cabendo ao profissional identificar as necessidades e definir a estratégia de tratamento, apesar de 20 sessões serem consideradas suficientes aos autores, haverá casos que a terapia individual deve ser estendida para a melhor cobertura do paciente.
Sobre a figura do terapeuta e sua importância no atendimento ao paciente, os autores referenciam as escolas anteriores centradas na importância da figura do terapeuta, evoluindo para a concentração no paciente enquanto família e posteriormente como indivíduo dentro da sociedade. Relatam ainda a importância do distanciamento do profissional de suas crenças ao entrar em consulta, visando uma postura ética em detrimento de suas impressões pessoais, sendo de visceral importância sua atuação dentro dos limites da empatia e julgamento, sendo ainda incentivada a discussão dos casos para que se obtenha diferentes pontos de vista para o tratamento do paciente. Há de se concordar que a discussão entre diversos profissionais e o distanciamento entre paciente e terapeuta gera estranhamento nos mais leigos sobre a necessidade da presença inteiriça do profissional no caso em que atua, porém é extremamente necessária para que se possa criar uma relação profissional e respeitosa, sem que haja portanto uma relação exposta e destrutiva de confiança nos métodos, estimulando ao indivíduo o pensar de forma autônoma, tendo seu pensamento guiado por pequenas intervenções de forma sutil e despretensiosa pelo terapeuta, apenas com a finalidade de afastá-lo do local de sofrimento fazendo-o perceber por si qual caminho tomar, sem que haja o direcionamento direto, através de ordens ou sugestões diretas de sobre como agir,  dentro dos limites éticos (no que tange a discussão de casos com os demais profissionais), sempre atentos para ações que comprometam o paciente e seu tratamento.
A visão positiva também é discutida dentro do capítulo, com a visão reducionista de que um terapeuta feliz realiza seu trabalho melhor que um terapeuta triste. Existem diversos motivos pelos quais uma pessoa com a saúde mental dentro dos parâmetros de felicidade espremidos em nossa sociedade se torna uma pessoa mais agradável. O grupo de Milão citado pelos autores, traz uma luz ao comportamento espelhado de positividade, pois se o indivíduo passa a agir de forma positiva dentro do núcleo familiar em face ao comportamento antes adotado como negativo, tende a contagiá-la e assim aderir ao seu comportamento. Tal experiência apenas mascara a necessidade de tratamento do sintoma, sem que se obtenha o tratamento adequado para a necessidade do paciente, restando apenas a aparência de resolução enquanto o sofrimento permanece travestido de positivo.
Tendo por base os estudos Freudianos, a identificação é a forma adequada para a conquista da consciência afetiva durante o desenvolvimento do sujeito e a principal impulsionadora do complexo de Édipo nos humanos. Construída ambivalentemente, da identificação pode surgir afeto ou agressividade, explica o autor que o processo de identificação pode resultar na alternância entre a escolha do objeto e a retomada do processo de identificação. Tal alternânciase daria devido ao sujeito adquirir as qualidades buscadas no objeto de desejo, tal qual um sintoma, obrigando-o a retomar o processo buscando assim novas características e por vezes alternando o próprio objeto.2
A concepção de diferentes universos terapêuticos adotados pela filosofia também se faz presente no capítulo, sendo um preâmbulo para as considerações adotadas em sua sequência, faz menção a visão cômica, romântica, trágica e irônica da terapia. Para os autores, todos os tipos são esperados pelo paciente que busca a terapia sistêmica, sem que seu desejo seja de fato atendido. Cabe destacar que os autores traçam um comparativo entre as formas de tratamento e dentro das necessidades terapêuticas do indivíduo na terapia sistêmica as adotam de forma correlata, porém o principal objetivo e métodos são os de constituir uma mente forte o suficiente para que o paciente alcance a uma vida sem sofrimento, de forma autônoma, podendo sim tratar sintomas pontuais e adotar a visão romântica e cômica em determinados momentos, mas preferindo dar-lhe autonomia sem que se estabeleça uma relação de submissão e anulação da individualidade.
De suma importância ao mundo acadêmico a obra para aqueles que estudam a teoria sistêmica para o correto entendimento e tratamento dos pacientes de forma a atender suas reais necessidades fornecendo de forma clara e concisa um panorama de como o fomento familiar e social direcionar a psique do indivíduo em formação, além de ser um guia excelente sobre a necessidade do terapeuta habilitado buscar sempre diversa gama de opiniões sobre o caso em que trabalha, sempre tendo por norteador o bom atendimento ao paciente.
REFERÊNCIAS:
1. Boscolo, L.; Bertrando, P. Terapia Sistêmica Individual – Manual prático na clínica. Belo Horizonte: Artesã; 2013. 348p.
2. FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do eu [1921, In: Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (1920-1923); tradução Paulo César de Souza – São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
3. Goodrich T.; Rampage C.; Ellman B.; Halstead K. Terapia Feminista da Família. Porto Alegre: Artes Médicas; 1990.

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