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AV1 PENAL 01

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI - UNIVINCI 
GRADUAÇÃO DE DIREIRO
DÁFHANI MELISSA DE LIMA
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Professor José Luis Arbigaus
Direito Penal - Crimes Contra a Pessoa
Guaramirim/SC
2020
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 3
2. Suspensão Condicional da Pena.................................................................. 4 
2.1. Conceito..................................................................................................... 4
2.2. Espécies.................................................................................................... 6
3. Sursis Etário.................................................................................................... 6
4. Sursis Humanitário......................................................................................... 8
5. Revogação....................................................................................................... 8
6. Período de Provas........................................................................................ 10 
7. CONCLUSÃO................................................................................................. 11
8. REFERÊNCIAS............................................................................................. 11
1. INTRODUÇÃO
	O presente trabalho tem o objetivo de abordar a conceituação de Suspensão Condicional da Pena que também é chamada de Sursis, sua fundamentação legal e suas espécies, revogação, período probatório e etc.
	A Suspensão Condicional da Pena ou Sursis é aplicada à execução da pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, podendo ser suspensa, por dois a quatro anos, aplicáveis aos condenados não reincidentes em crimes dolosos, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício, e não seja indicada ou cabível a substituição por penas restritivas de direitos.
	Portanto a Sursis consiste na suspensão da execução da pena um determinado período, contando que o condenado se disponha a cumprir determinados requisitos. Caso o condenado cumpri-las a pena restará extinta.
	Apresentaremos também as espécies de Suspensão da Pena especificamente a diferença entre Sursis Etária e Sursis Humanitária, o primeiro se aplica se o condenado tiver idade superior a 70 anos e o outro por questões de saúde.
	Temos essas diferenciações e condições impostas nos art. 77, art.78, art. 79, art. 80 e art.81 do Código Penal Brasileiro.
2. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
2.1 CONCEITO
	A Suspensão Condicional da Pena conhecida popularmente por “Sursis” que é uma palavra originaria da França, que significa “dispensa do cumprimento de uma pena, no todo ou em parte”, ou seja, suspensão. 
	Sursis é um direito subjetivo que o réu/condenado tem de ter sua pena suspensa pelo prazo de dois a quatro anos, é uma alternativa positiva de certa forma para o condenado, que o legislador impôs para suspender a pena privativa de liberdade, evitando- o levar à prisão.
	De acordo com o doutrinário Umberto Luiz Borges D'urso as penas privativas de breve duração não servem como meio eficaz para a ressocialização do condenado, pois é inevitável aplicar a pena de prisão rápida esperando melhora moral do condenado.
	Dessa forma, a Suspensão Condicional da pena tem propósito de evitar que os condenados tenham a liberdade privada durante esse período, justamente para não ter contanto com o Sistema Penitenciário do Brasil, tecnicamente pode ser considerado precário e desprovido. 
	Está previsto no Código Penal Brasileiro que somente será possível que haja a suspensão da pena quando preenchidos certos requisitos que são previstos no artigo 77 da lei 2.848/40 que institui o Código Penal.
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: 
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. 
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. 
§ 2º - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de 70 (setenta) anos de idade. 
§ 2 o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. 
	Contudo, os requisitos mais importantes são que deverá ser uma pena privativa de liberdade e não superior a dois anos, e o condenado não pode ser reincidente em crime doloso e a culpabilidade os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, autorizem a concessão do benefício.
	Observa-se no artigo 44 do CP, que só ocorre a Suspensão Condicional da Pena desde que não seja cabível ao caso a substituição da pena restritiva de direito, conforme também prevê o artigo 77, inciso III, do CP.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo.
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1º (VETADO) 
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. 
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. 
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. 
§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
	Vale ressaltar um posicionamento do jurista e professor Rogério Greco em relação a Sursis quando disse que “assistimos estarrecidos, quase que diariamente, as rebeliões em penitenciárias, cadeias públicas, entidades de abrigo de menores, enfim, em todo o sistema que envolve privação da liberdade do indivíduo existe revolta e pânico. A função ressocializadora da pena vai sendo deixada de lado para dar lugar a uma ‘pós-graduação em criminalidade. Presos que foram condenados por infrações não tão graves saem da penitenciária filiados a grupos criminosos, a exemplo do Comando Vermelho, atualmente, o PCC” (2007. p.631). 
	O jurista nessa citação reitera a importância da Suspensão Condicional da Pena para um condenado a infrações ou crimes com menos gravidade, para afasta-lo das prisões. 
2.2 ESPÉCIES
No artigo 77 do CP, também identifica três espécies de sursis: o simples ou comum, o especial, o sursis etário e o humanitário. Nesse exposto iremos diferenciar o Sursis Etário do Sursis Humanitário.
3. SURSIS ETÁRIO
O Sursis Etário é encontrado no artigo 77do CP, §2º “a execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade...”.
	Para que haja a concessão da suspensão, o condenado deve preencher os requisitos de ordem objetiva e subjetiva, previstos no art. 77 do Código Penal que, em suma, já citados anteriormente, são os seguintes: I – ser a pena privativa de liberdade não superior a dois anos; II – que o condenado não seja reincidente em crime doloso; III – que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; IV – que não seja indicada ou cabível a substituição prevista no artigo. O condenado precisa ter idade superior a 70 anos à data da sentença e essa da pena pode ser de quatro a seis anos. 
	Conquanto, para que seja suspensa a pena durante um determinado prazo e mediante as determinadas condições acima mencionadas, que são os requisitos objetivos e subjetivos e as circunstâncias judiciais que se encontram no artigo 59 do CP.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
	Certamente o Sursis Etário não cabe para os crimes previstos expressamente no artigo 1º da lei Lei 8.072/90 (crimes hediondos), são aqueles que a legislação entende que geram maior reprovação na sociedade, com grau um pouco mais elevado de gravidade e merecem um julgamento mais rígido. 
4. SURSIS HUMANITÁRIO 
	O Sursis Humanitário se diferencia do Sursis Etário, pois exigi o requisito ao condenado a pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e com estado de saúde que justifique a suspensão de pena no caso de pacientes terminais ou com problemas de saúde grave. Essas condições estão no artigo 77, §2° do CP.
	Para a concessão da suspensão também terão que ser preenchidos os requisitos do artigo 77 do CP, não ser reincidente em crime doloso e a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício.
	Salienta Cezar Roberto Bitencourt em seu livro Tratado de Direito Penal: “trata-se de uma nova modalidade de sursis, acrescida pela Lei n. 9.714/98. A nova redação do §2º do art. 77 deixa claro que ‘razões de saúde’ podem justificar a concessão do sursis, também para pena não superior a quatro anos, independentemente da idade. Cuida-se, na verdade, de uma nova espécie de sursis e não simplesmente de um novo requisito do ‘sursis’ etário” (BITENCOURT. 2013. p. 809).
5. REVOGAÇÃO 
	
	A revogação dos Sursis poderá ser obrigatória (art. 81, I a III, do CP) ou facultativa (art. 81, § 1º, do CP).
Revogação obrigatória
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: 
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; 
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; 
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. 
Revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
	
	Dessa maneira o sursis poderá ser revogado, obrigatoriamente, se o beneficiado vier a ser condenado irrecorrivelmente por crime doloso, não reparar o dano causado, salvo motivo justificado ou ainda se descumprir as condições do sursis simples. Pode também ocorrer à revogação obrigatória caso o condenado não comparecer à audiência admonitória, sem nenhuma justificativa.
	Afinal, revoga-se obrigatoriamente o sursis, quando o condenado descumpre a condição imposta no art. 78, §1º do CP: "No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (Art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (Art. 48)".
	Assim como, será revogado de forma facultativa o sursis se o condenado descumpra qualquer outra condição imposta prevista no artigo 79 do CP e se beneficiário vier a ser condenado irrecorrivelmente por contravenção ou crime culposo, salvo se imposta pena de multa.
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. 
	Com tudo a pena de multa, não é possível ser revogada, pelo motivo do condenado ter praticado nova infração penal, pois somente poderá haver revogação caso essa nova infração oferecer uma sentença condenatória transitada em julgado.
	Como exposto no artigo 83 do CP:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: 
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; 
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
III - comprovado: 
a) bom comportamento durante a execução da pena
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; 
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e 
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; 
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; 
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. 
6. PERÍODO DE PROVAS
O Sursis possui um período para que seja apresentado às provas necessárias para aprovação da suspensão, esse período tem inicio a partir da audiência admonitória momento em que o juiz, após a análise do condenado da sentença, lhe informará as condições para a aplicação da suspensão condicional na pena e as consequências. 
	O artigo 81, §2º do CP, impõe a prorrogação de provas, se o condenado estiver sendo processado por mais algum crime prorroga-se o prazo da suspensão.
Prorrogação do período de prova
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. 
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
	No Sursis Etário o perídio de provas de prova se altera, passando de quatro a seis anos, realçando que devem estar também presentes, as condições do sursis simples. 	
	Portando o período de provas será de 2 (dois) a 4 (quatro) anos nos sursis simples e especial, e de 4 (quatro) a 6 (seis) anosnos sursis etário e humanitário.
7. CONCLUSÃO
	
	Enfim, o presente trabalho propõe a importância da Suspensão Condicional da Pena ao condenado, com viés de direitos e promover a justiça, levando em consideração a alternativa de afastar o condenado do Sistema Prisional Brasileiro, evitando tirá-lo do convívio familiar, de seu trabalho e priva-lo da liberdade. 
	Concluímos a extrema necessidade de formular esse trabalho avaliativo acadêmico para conseguirmos diferenciar as espécies de Sursis etário e Sursis Humanitário, extraindo dele os benefícios para o réu.
8. REFERÊNCIAS
Advogado Criminalista, Evinis Talon, Sursis: a suspensão condicional da pena, Gramado/RS, 2018, disponível em: https://evinistalon.jusbrasil.com.br/artigos/553153541/sursis-a-suspensao-condicional-da-pena
Advogado Criminalista, Jader Santos, Entenda como funciona a suspensão condicional da pena (sursis) 3 de julho de 2019, disponível em: 
https://canalcienciascriminais.com.br/suspensao-condicional-da-pena-sursis/
ANDRE GOMES RABESCHINI, Sursis - Suspensão Condicional da Pena, Direito Penal, 20 de março de 2015, conteúdo jurídico, disponível em: https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/43578/sursis-suspensao-condicional-da-pena
MASSON, Cleber. Código Penal comentado. 2. ed. Forense: Rio de Janeiro; Método: São Paulo, 2014.
UMBERTO LUIZ BORGES D'URSO, Sursis: uma Forma de Afastar o Homem do Cárcere, Doutrina, RDP Nº 4 ­ Out­Nov/2000 ­ DOUTRINA 69.
Código Penal Brasileiro, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm.
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