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Trilha Completa - Ética e Cidadania

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FUNDAMENTOS DE ÉTICA E CIDADANIA 
 
Conceitos, Objetivos e Princípios da Ética da Moral 
 
 
Iniciamos nossos estudos sobre ética e moral procurando entender a definição 
desses conceitos e a diferença entre eles. Para Cortella (2009) a ética é o 
princípio orientador de nossa conduta em sociedade, ela nos permite distinguir 
e definir nossas ações e pensamentos em relação a diferentes experiências no 
mundo social. A ética está em nosso dia a dia. Em qualquer situação ou 
acontecimento vemos várias inferências dos moralistas a solicitar necessidade 
de afirmação ética. Realmente há um desgaste em falar de ética em tempos 
atuais, mas ainda é muito necessário entender o conceito e valorizar sua 
aplicação. Pode-se ousar dizer que é impossível avançar no conceito de ética 
sem abordar o conceito de valores. O que são valores então? Desde quando 
nascemos somos ensinados sobre o que é certo e errado, a partir daí vamos 
direcionando nosso olhar e também disseminando valores impostos pela 
sociedade. Se considerarmos que o valor moral é uma necessidade para a 
sobrevivência em sociedade, estaremos começando a entender mais sobre 
ética, moral e vida social, no sentido relacional – ou seja, de interação de uns 
com os outros. 
 
Figura 1: Ética e vida coletiva 
 
Por isso, Cortella (2009) afirma que a ética é compreendida no bojo dos 
estudos da filosofia e tem relação com a construção da moralidade, pois a 
partir dessa relação nasce a ideia de um “exercício de condutas.” Isto 
significando, para o autor, que a partir da concepção ética espera-se de um 
indivíduo que ele aja de uma forma previsível em uma determinada situação, 
pois entende-se que incorporou as regras morais para compor seu 
comportamento social. Com esta definição podemos inferir que a ética é a vida 
pensada, isto é, uma proposta de ação a partir do que a moral estabelece. 
Nesse sentido, precisamos compreender que a ética está no centro da 
construção de relações sociais harmônicas e benéficas para a preservação do 
todo social, isso pois ela aponta a ideia de uma ação que leva em conta o outro 
e que se fundamenta na forte presença dos valores morais. 
 
 
ÉTICA: define-se como um modo de agir a partir de uma norma moral 
incorporada, refere-se à uma orientação de vida que deve, supostamente, levar 
em consideração a preservação positiva da vida em sociedade. 
 
 
Ainda explorando o conceito de ética como parte da Filosofia, a qual 
fundamentalmente implica em entendimento do comportamento moral, vejamos 
de forma ágil como os clássicos filósofos consideravam este conceito. Nos 
estudos de Chauí (2010) encontramos que, para os sofistas, a ética era 
relativista pois em suas concepções não haviam normas universais de 
definição para a vida social. Sócrates, tanto quanto Kant, buscava o 
entendimento da ética a partir da compreensão da alma humana, pois 
acreditava que nela residiria fundamentos da moral. Já nos ideais de Platão, 
vemos a separação entre corpo e alma, para ele o corpo sujeito a paixões 
poderia desviar-se do bem, por isso o homem só conseguiria desenvolver a 
ética para o bem comum na Pólis. Ainda em Chauí (2010) vemos que, para os 
estóicos, a ética constituía uma ideia de autocontrole que levava à uma 
aceitação da realidade, uma clara noção de destino traçado sob a égide de 
uma razão universal, o que levava à imperturbabilidade da alma. Por outro 
lado, os epicuristas ao falarem de ética e imperturbabilidade da alma 
mostravam que esta era uma finalidade da mesma. Entretanto, estes adotavam 
quatro princípios para entendimento da ética: o primeiro era que o homem não 
devia temer aos deuses; o segundo indicava que o homem não devia temer a 
morte; o terceiro apontava que a felicidade era possível de ser alcançada; e 
finalmente, o quarto princípio dizia que qualquer dor pode ser suportada. Com 
estas ideias estes filósofos pretendiam afirmar que a ética enquanto bem 
fundamental é a defesa do prazer, não o prazer sexual, sobretudo o prazer 
relacionado ao sentimento de amizade. Em Aristóteles veremos, mais adiante, 
que a ética está relacionada a busca pela felicidade, que deve ser encontrada 
no bem comum e na ação do homem na Pólis. 
 
Figura 2: Reflexão sobre Ética 
 
Falamos muito sobre o conceito de ética e não podemos deixar de nos 
aprofundar sobre o conceito de moral. Portanto, o que é a moral? Podemos 
inferir que a moral é um conjunto de regras, normas de uma sociedade ou 
localidade, tornandose relevante pela proporção do desrespeito das pessoas 
as leis. A moral funciona como um conjunto de condutas que devem direcionar 
as diferentes formas de agir dos indivíduos. 
 
MORAL - o conjunto de condutas e normas que os indivíduos costumam 
aceitar como válidas. Essas regras são adquiridas na educação, através da 
cultura e das tradições dos diferentes grupos sociais. Cada grupo tem suas 
regras e concepções morais. 
 
Para Chauí Kant (1921), que foi quem mais discutiu a ética formal, a moral do 
comportamento reside na vontade e nos motivos do agente considerado. 
 
É importante entender que aquilo que não é moral, pode ser: IMORAL: com 
conotação de tudo aquilo que se opõe a moral, por exemplo, o questionamento 
da atuação dos políticos no Brasil. AMORAL: um homem que se comporta de 
forma independente dos juízos sobre o bem e o mal, ele não considera 
qualquer parâmetro de moral para sua conduta. 
Figura 3: Regras morais para o erro ou acerto social 
 
A ética e a moral andam de mãos dadas, mas são essencialmente conceitos 
diferentes. É preciso saber que a ética é importante porque revela o respeito 
aos outros e a dignidade humana. Todos nós temos ética, só temos que 
desenvolver e acreditar no bem, a ética orienta-nos e ajuda-nos para que 
tenhamos uma vida boa. 
 
Observe o quadro abaixo sobre as diferenças entre esses conceitos: 
 
ÉTICA MORAL 
Princípio teórico-reflexivo Regras de conduta específica 
Ética é temporal Moral é temporária 
Ética é universal Moral é cultural 
 
Tabela 1: Ética e Moral: apontamentos diferenciais 
 
Assim, a ética pode ser entendida como um parâmetro, a lei do que seja ato 
moral, o controle de aplicação da moral. Ou seja, são os códigos de ética que 
devem ser exercidos para os diferentes conjuntos de grupos dentro do sistema 
social mais abrangente. Já a moral, por sua vez, de acordo com Kant em Chauí 
(2010) “é tudo aquilo que precisa ser feito, independentemente das vantagens 
ou prejuízos que possa trazer”. Se praticarmos um ato moral, podemos até 
sofrer consequências negativas, já que o que é moral para uns pode ser amoral 
ou imoral para outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: Diferenças entre Ética e Moral 
 
Você deve ter aprendido que ética e moral são conceitos complementares, porém, 
diferentes em sua essência. Procuramos marcar que ética é a reflexão e teoria da 
internalização dos valores morais, que são específicos para cada grupo ou sociedade. 
Cada grupo social possui suas normas e orientações de conduta. Ao escolhermos 
orientar nossa ação pensando na preservação positiva da interação social e no bem 
do outro, estamos atuando de forma ética. Nem sempre, durante a história, a ideia de 
ética foi pensada de forma ao conceito que hoje devemos adotar. A ética nos faz 
discernir entre certo e errado, mas com foco na organização e preservação do social, 
da manutenção do bem estar alheio. 
 
CONCEITO DE CIDADANIA 
 
Pensar em um conceito de cidadania nos remete a um sentimento de 
pertencimento a um Estado, uma nação ou um Estado-nação. Devemos 
entender que este conceito vem a ser um grande ponto de referência para 
extrairmos a compreensão de direitos, obrigações e deveres de cada indivíduo 
mediante o todo social que, a partir de uma representação política, pode 
direcionar ou não os interesses de um grupo de indivíduos em um sistema 
político. Estes indivíduos podem, ou não, constituíremse como cidadãos. O que 
é ser cidadão? O que podemos entender sobre cidadania? Para Carvalho 
(2002),o conceito de cidadania foi relacionado a um costume de desdobrar a 
cidadania em direitos civis, políticos e sociais. Nesse olhar, segundo o autor, o 
cidadão pleno seria aquele que possuísse dos três direitos. Mas ainda teríamos 
os cidadãos incompletos, cujos direitos se resumiriam em alguns poucos, já 
aqueles que não tivessem direitos seriam considerados não-cidadãos. Para 
ele, ao resumir o conceito de cidadania a posse e gozo de direitos civis, 
políticos e sociais, também é preciso compreender o que significa cada um 
desses direitos. Nesse sentido, de acordo com o autor, vemos que: Direito civil: 
aquele que garante o ir e vir e também o agrupamento em movimentos, como 
sindicatos, a realização de greve etc; possuir seus próprios bens (propriedade 
privada); livre organização religiosa ou mesmo ideológica. Direito político: 
realiza-se no ato de votar e ser votado, na participação da vida política do país. 
O indivíduo pode ser candidato à representação e também pode escolher quem 
quer que o represente. Direito social: refere-se à ações governamentais e da 
sociedade civil organizada em prover serviços ao cidadão, como: saúde, 
educação e políticas sociais. 
 
 
 
Figura 5: Cidadania e relação com os direitos 
 
Marshall (2002), ao desenvolver a discussão sobre o conceito de cidadania, 
mostra que essa foi construída na Inglaterra antes da Revolução Industrial, em 
contexto de necessidade de afirmação de direitos, uma vez que o 
reconhecimento de direitos aos nobres, posteriormente aos burgueses e até à 
classe trabalhadora, mostrou-se como uma tarefa primordial à organização das 
relações de produção, que se consolidariam mais tarde na sociedade Moderna. 
Para o autor, a evolução da cidadania só se concretiza com a conquista de 
direitos ao longo da história. A cidadania é pensada por ele considerando 
aspectos civis, políticos e sociais. Então, se buscarmos a origem histórica do 
conceito, compreenderemos que sua origem como palavra vem do latim 
“civitas”, que significa cidade. Esta palavra, cidadania, era comumente utilizada 
no contexto da Roma antiga para identificar a situação política de uma pessoa 
e os direitos que essa pessoa poderia usufruir. Com esse histórico de debates 
e conceitos, vemos que a ideia de cidadania não é algo estável, definido ou 
adquirido sem um entendimento de ação. Com isso, destaca-se que não é a 
conquista de um direito que significa que ele vá de fato ser efetivado. A 
cidadania é um exercício de saber e agir que é preciso ser incluído e desejar 
participar da construção de novas relações e consciências de efetivação de 
direitos. 
 
 
É muito comum acharmos que a ideia de cidadania pode ser resolvida apenas 
com a efetivação de direitos para cada indivíduo ou grupo social? Pois é, seria 
necessário destacar que a cidadania envolve uma compreensão dos deveres 
de cada um para com a sua cidade, estado ou localidade onde habita. Ter 
deveres é assumir que há uma relação de troca recíproca entre receber, obter 
ou conquistar direitos e praticar a realização de deveres. Exercitar o 
cumprimento de um papel social que possui tarefas para continuamente 
fortalecer e ressignificar a vida social. 
 
Tabela 2: Direitos e deveres do cidadão brasileiro 
 
 
 
 
 
Com toda a discussão apresentada, é possível lembrar de uma obra de Dimenstein 
(1994), “O Cidadão de Papel”, que aborda o fato de que no Brasil a cidadania está no 
papel, mas não existe de verdade. Isso é perceptível uma vez que o autor destaca a 
violência social e a juventude dos anos 90, a ausência de projetos de educação, 
informação e a pobreza. De lá pra cá muitas situações se atualizaram, mas de todo 
modo esta obra nos faz refletir o quanto ainda temos por conquistar com atitudes 
verdadeiramente de participação e reclamação de nossos direitos. Vale a pena 
conhecer mais esse debate. 
 
Figura 7: Obra O Cidadão de Papel 
 
CIDADANIA: refere-se a um conjunto de ações com caráter de reivindicação 
que se volta para o interesse coletivo. É em seu exercício que se aprimoram 
práticas de convivência melhores e tratam a qualidade de vida dos habitantes 
da cidade. É um conceito diretamente ligado a uma ideia de aprendizagem 
social, que busca a culminância do atendimento de direitos e a compreensão 
de compromisso e deveres a cumprir. 
 
 
Saber que a possibilidades de debate para a compreensão do conceito de 
cidadania e como podemos alcançá-lo é um privilégio, vamos ler mais um 
pouco? ACESSE 
 
É muito importante entender também a relação entre o conceito de cidadania e 
a educação. Pois com o processo educativo desenvolvem-se valores e 
consciência da preocupação com o outro, além da questão da responsabilidade 
para com a vida social. Nesse sentido, no Brasil e na América Latina, a partir 
das décadas de 80 e 90, a discussão sobre cidadania, direitos humanos e 
democracia ganha muito destaque, sobretudo nos exercícios da educação 
formal e informal. Dessa forma, foram criados documentos formais para 
orientar a educação para a formação da cidadania. Exemplos claros dessas 
iniciativas encontram-se nos documentos listados abaixo: 
 
 
 Constituição de 1988; 
 Lei de Diretrizes e Bases-LDB - 1996; 
 Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA 1990; 
 Programa Nacional de Direitos Humanos 1996; 
 Propostas de Políticas Educacionais. 
 
 
É notável que existem sentimentos e valores educacionais que podem ser 
desenvolvidos e aprendidos, na família ou na escola, na educação formal ou 
informal, e que podem colaborar para o despertar da cidadania. São eles: 
cooperação, perdão, respeito, sinceridade, diálogo, solidariedade, combate à 
violência, bondade. A princípio podem parecer valores presentes em nossa 
humanidade, mas de fato o são, e quando bem trabalhados podem otimizar 
responsabilidades e aptidões para o fortalecimento de relações sociais 
pautadas na garantia recíproca de efetivação de direitos e deveres. 
 
 
Veja como a LDB 9394/96 direciona suas diretrizes para uma educação voltada 
à formação de um sujeito cidadão no link: https://bit.ly/2sH4L3R. Em seguida, 
assista ao vídeo sobre educação e formação do cidadão no link 
 
Sacristan (2000) infere que a distância entre os direitos no papel e a efetiva cidadania 
só é possível quando os envolvidos tomam para si a atitude de fomentar ideias 
práticas. Almeida e Soares (2010) apontam que a ligação entre vida individual e 
comunitária só ocorre quando há um reconhecimento mútuo da relevância recíproca 
entre os dois. Este, para os autores, é o verdadeiro sentido da cidadania, sem 
exclusões sociais. Sobre a relação cidadania e educação, Freire (2011) orienta que o 
homem deve ser o sujeito da sua ação, criando e transformando o mundo. Em seu 
olhar, a escola deve funcionar como um espaço que tende a oferecer ao indivíduo 
exercício da cidadania e possibilidade de redefinição da realidade. 
Figura 8: Escola e Cidadania 
 
Saiba mais sobre Cidadania no contexto escolar no link a seguir 
 
https://bit.ly/2sH4L3R
 Você deve ter aprendido que é muito importante compreender que cidadania é 
um conceito que articula nossos direitos e deveres. Também, que o exercício 
da mesma torna a coletividade ativa e integrada para uma harmonia social. A 
cidadania destaca a liberdade e a convivência comunitária muito mais do que 
qualquer questão de relações de poder ou governo constituído. Ser cidadão é 
participar de forma ativa da realidade social em que se está inserido, 
protagonizando a busca de qualidade de vida para seus membros, pela via da 
efetivação de direitos. No entanto, não devemos esquecer que também 
possuímos deveres com a nossa comunidade. Por fim, vimos o importante 
papel que a educação ocupa na formação do cidadão. Através da educação 
formal e informal é possível transmitir os valores da formação à cidadania, 
oferecendo liberdade e autonomia para os indivíduos atuarem na sociedade de 
forma digna. 
 
A ÉTICA SOCIAL E A POLÍTICA 
 
Iniciamos nossos estudos sobre a ética ea política considerando o 
pensamento de Arendt (2003) que nos mostra que política é ação e, portanto, 
nenhuma questão política pode, segundo ela, estar submetida a subjetividade. 
Na visão desta autora, o entendimento da ideia de práxis é a mola mestra para 
a compreensão de seu conceito de ética, que muito está relacionado com o 
que já vimos aqui. Para ela, ética envolve-se com o cuidado com o mundo, com 
o espaço das relações humanas e também com o local que permite a vida e a 
singularidade humana. Arendt (2003) preocupa-se não com a subjetividade do 
homem, mas sim com os homens em pluralidade. Assim, percebemos que o 
conceito de ética social está direcionado para este olhar. Arendt (2003) nos 
aponta que as atividades humanas são o resultado da produção desenvolvida 
no mundo da vida ativa, é no mundo (na práxis) que o homem transita e 
desenvolve atividades que ele condiciona sua existência. O cuidado com o 
mundo é, por conseguinte, o cuidado com a singularidade humana, para a 
autora. Permanecendo neste raciocínio, colabora para que nosso 
conhecimento sobre a questão política, pois ela define que a política não deve 
se submeter as questões morais. Ela se contrapõe ao pensamento de 
Maquiavel ao afirmar que a política não deve ser guiada para atingir meios e 
fins. Como sabemos, Maquiavel, clássico da política, aponta que os fins 
justificam os meios. Já Arendt (2003) acredita que se a praticidade é o agir, 
então a forma instrumentalizada que o autor traz de calcular formas para atingir 
objetivos em política acabam por se configuram em pré-ação e teoria para 
controlar a ação. Segundo ela, a política não deve seguir qualquer natureza ou 
espírito, mas sim ter o compromisso com o “espírito correto”, algo que se define 
em si mesmo, sem qualquer teleologia ou previsibilidade. A ação política 
informa a distinção articular de cada homem. 
 
 
Ainda seguindo seu pensamento, a ética é a pluralidade humana constitutiva 
do mundo, o que faz a ideia de uma ética social ser mais forte e presente para 
que as relações humanas se processem de forma operativa. Visto dessa forma, 
Arendt (2003) mostra que a ética varia de acordo com o espaço político. O agir 
é livre de qualquer determinação. A discussão que trouxemos até aqui serve 
para evidenciar que a experiência coletiva das pessoas e sua respectiva 
construção cultural têm em si mesmas um valor significativo para a 
compreensão do conceito de ética social. Isso pois ao abordarmos tal conceito 
estamos na verdade, no campo de pensar o que pode ou não ser aceitável 
socialmente, isso se deve ao próprio princípio que o conceito traz consigo: a 
ideia de que os membros de uma comunidade precisam de cuidados de forma 
homogênea. 
 
 
ÉTICA SOCIAL: conjunto de regras e diretrizes que balizam escolhas e 
comportamentos de uma sociedade que resolveu adotar aqueles padrões de 
conduta. Ela funciona como um roteiro, um código de conduta. Não há 
necessidade de dizer o que se deve ou não seguir, apenas fundamentalmente 
seguir. 
 
 
A Ética Social apresenta princípios que precisamos conhecer: a dignidade da 
pessoa, o direito de propriedade, a primazia do trabalho, a primazia do bem 
comum, a solidariedade e subsidiariedade. Sá (2010) desenvolve a ideia de 
que existem hábitos dignos de louvor, isto é, existe uma conduta virtuosa 
padrão que serve de referência quando pensamos no respeito a todos os seres 
humanos. O autor busca em Aristóteles a lógica da virtude. Para ele, se um 
homem adota uma conduta virtuosa em um local onde não há a prática comum 
desta conduta, então este seria um homem virtuoso. 
 
 
Em Aristóteles (1997) vemos também uma iniciativa em considerar que o 
verdadeiro sentido da ética é voltar-se para a comunidade na amplitude da 
mesma e no exercício da cidadania, objetivando a formação e organização da 
consciência política humana. Para ele, “o homem é um animal político”. 
 
Figura 9: A Obra de Aristóteles 
 
Dessa forma, é possível traçar imediatamente uma relação entre a ética social 
e a política. A política é o campo da busca do bem comum, conforme 
Aristóteles demarca em seus estudos. Nesse sentido vale a ideia de que ética 
e política devem caminhar lado a lado, uma vez que ambos os conceitos 
apresentam um viés corporativo, aquele que conduz ao bem-estar da 
comunidade, do coletivo, do social. Dissecando sobre a palavra política, 
observamos que ela é originária do grego pólis (politikós) e seu significado diz 
respeito ao urbano, ao civil, ao que é da cidade (da pólis). Weffort (1987) 
mostra que os clássicos da política podem nos guiar muito mais sobre o 
conceito de política que consideramos fundamental para sustentar a relação 
ética e política, já iniciada acima. Segundo o autor, para Thomas Hobbes a 
humanidade vivia em estado de anarquia e ao criar a sociedade, através do 
pacto social, criou conjuntamente a chamada sociedade política. Segundo ele, 
os homens mediante seu estado de guerra abriram mão de suas decisões e 
escolhas mais individuais para constituírem o estado, soberano, que não 
permitiria a volta ao estado de natureza. Tal movimento fez com que a 
representação política desses homens fosse delegada ao soberano, que 
deveria garantir o grupo ao exercer seu poder em favor do bem comum. O 
autor também revela que em John Locke vemos que o estado de natureza não 
teria significado caos, mas ordem e razão. Segundo ele, o Estado surgiu para 
assegurar a lei natural, bem como para manter a harmonia entre os homens. 
Locke não destaca que houve uma cessão dos direitos naturais ao Estado, 
pelo contrário, acredita que a soberania é um valor e que deve ser exercido 
pela maioria, assim como o respeito aos direitos à vida, à liberdade, à 
propriedade. Weffort (1987) apresenta, ainda, a teoria de Jean Jacques 
Rousseau, que parte do princípio de que houve um estado de natureza que 
não se constituía no caos de Hobbes e nem no mundo ordeiro e racional, como 
assegurava John Locke. Os homens viviam em caráter de desigualdades, mas 
eram livres e felizes. A sociedade política surge, então, como um mal 
necessário para manter a ordem e evitar o retorno das desigualdades. Assim, 
na criação do Estado a partir do contrato social, o indivíduo cedeu parte de 
seus direitos naturais para a criação de uma entidade detentora de uma 
vontade geral, portanto, a soberania do Estado é a incorporação da vontade 
geral de todos. Os Clássicos da Política, John Locke, Thomas Hobbes e Jean 
Jacques Rousseau integram os teóricos que discutem a criação do Estado a 
partir de um pacto social, fomentado pelos homens. Para saber mais sobre tais 
teorias, leia: WEFFORT, Francisco. Os clássicos da política. SÃO PAULO: 
EDITORA ÁTICA, 1989. 
 
 
A questão é que todos esses pensadores falam de política como um lugar de 
representação de todos e essa possibilidade de ação está diretamente 
vinculada à concepção de ética social. Isso pois, quando se analisa a criação 
do contrato social, a organização da sociedade política e a soberania da 
vontade geral, deve-se considerar o princípio de comando político com 
referência da orientação ética, do governar para o outro. Semelhante a como 
pensamos, a questão da ética social nas Empresas na atualidade, vemos que 
na sociedade empresarial existem comportamentos de valorização e 
dimensionamento da preservação ambiental. Ideias e projetos ecológicos que, 
inclusive, fundem-se com perspectivas de responsabilidade social, muitos 
líderes corporativos precisam, por normas éticas, doar uma porcentagem dos 
lucros anuais para instituições de caridade. Essa pode ser uma ação que está 
diretamente vinculada com a real necessidade de ajuste para condutas que são 
aceitas, valorizadas e instituídas socialmente. Temos muitos padrões que 
fortalecem a ética social e que incluem-se nos valores familiares, nas crenças 
religiosas, na moralidade e na integridade. 
 
Figura 10: Problemas para a Ética Social 
 
ECONOMIA → IMIGRAÇÃO → POBREZA → FOME → CLONAGEM HUMANA 
 
Os desafios para a éticasocial, aliada a representação política, são desafios do 
mundo atual. Com base neles, é preciso rever práticas e condutas de gestão 
de comunidades, recursos e da própria concepção de coletividade e bem 
comum. 
 
 
Para saber mais assista os vídeos a seguir: Provocações sobre ética, com 
Leandro Karnal 
 
Entendeu um pouco da relação entre ética social e política? Neste capítulo 
procuramos demonstrar como os conceitos de ética social e política devem estar 
associados para a prática do bem comum. Pois reforçamos que a ética consiste em 
uma regra usada para focar na construção do relacionamento com os outros. O 
sentido e conceito de ética social foi desenvolvido como um verdadeiro código de 
conduta que é aceito e praticado pelos membros de um grupo social. Falamos dos 
clássicos da política, Hobbes, Locke, Rousseau com o intuito de mostrar que em meio 
ao caos social os homens criam a ordem, delegam sua concepção de representação 
ao estado, acreditando que este pode gerir suas vontades comuns. Cada uma com 
sua teoria, mas no bojo conceitual, o principal é entender que a política deveria 
conduzir a sociedade pela lente da ética, já que em sua originalidade conceitual, elas 
podem voltar-se para o bem comum. 
 
 
A ÉTICA E A MORAL NA COMTEMPORANEIDADE 
 
 
Chegamos até uma reflexão que será muito importante para o olhar sobre 
diferentes situações nos tempos atuais que vivemos. Devemos abordar a 
relação ética e moral na sociedade contemporânea para que possamos 
entender mais sobre diferentes posicionamentos em diferentes culturas e 
grupos sociais. Vimos no tópico anterior que existem desafios impostos a 
nossa análise da ética social, vinculada à política, mas a partir de agora 
precisamos pensar na generalidade da concepção de ética e moral já 
aprendidas para o entendimento de tais desafios. Vamos iniciar escolhendo um 
dos grandes desafios da humanidade, cuja a dimensão nos entristece: a fome 
mundial. A fome é uma questão social. Mas observe que podemos eleger a 
relação que os países de primeiro mundo tem em relação ao trato da questão. 
Você poderá entender melhor acionando os conceitos de ética e moral para 
pensar sobre as reportagens abaixo. Primeira reportagem Fome extrema atinge 
mais de 113 milhões no mundo África é o continente mais afetado Influenciado 
por conflitos armados DEUTSCHE WELLE 02.abr.2019 (terça-feira) - 18h32 
atualizado: 03.abr.2019 (quarta-feira) - 7h12 Mais de 113 milhões de pessoas 
em 53 países sofreram “insegurança alimentar aguda” em 2018, afirma um 
relatório global da ONU sobre a crise alimentar divulgado nesta terçafeira 
(02/04). O relatório apresentado pela União Europeia (UE), Organização das 
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Programa Alimentar 
Mundial (PAM), entre outras organizações, destaca que o problema afeta 
principalmente o continente africano. Os países que atravessaram as mais 
graves crises alimentares são: Iêmen, República Democrática do Congo, 
Afeganistão, Etiópia, Síria, Sudão, Sudão do Sul e o norte da Nigéria. 
Dominique Burgeon, chefe de emergências da FAO, afirmou que os países 
africanos são atingidos de forma “desproporcional” pela fome aguda, com 
quase 72 milhões de pessoas afetadas. Segundo o documento, nos últimos 
três anos, cerca de 50 países vivem dificuldades cada vez maiores para 
alimentar a suas populações. A principal causa da insegurança alimentar em 
todo o mundo foram as guerras. Cerca de 74 milhões de pessoas, ou seja, dois 
terços da população que enfrenta a fome aguda, estavam em 21 países ou 
territórios localizados em zonas de conflito, assim como já havia ocorrido em 
2017. “Nesses países, até 80% das populações afetadas dependem da 
agricultura”, afirmou Burgeon. “Estas pessoas precisam receber assistência 
humanitária de emergência para poder se alimentar e condições para 
impulsionar a agricultura.” Em 2018, o número total de pessoas que sofreram 
fome aguda apresentou leve redução em comparação a 2017 (124 milhões). 
Isso pode ter ocorrido em razão de alguns países estarem menos expostos a 
riscos climáticos violentos, como secas, inundações ou chuvas. “Este recuo no 
valor absoluto é um epifenômeno”, minimizou Burgeon. A redução ocorreu 
“devido à ausência do fenômeno climático ‘El Nino’, que afetou muito as 
culturas na África Austral e no Sudeste Asiático em 2017”. “Por causa dos 
violentos ciclones e tempestades em Moçambique e no Malawi este ano, já 
sabemos que esses países estarão no relatório do ano que vem”, observou. 
 
 
José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, avalia que, apesar da ligeira 
queda em 2018 no número de pessoas com insegurança alimentar aguda, a 
forma mais extrema de fome, “o número ainda é alto demais”. Ele diz que é 
preciso investimentos de grande porte no desenvolvimento, ajuda humanitária 
e na construção da paz “para construir a resiliência das populações afetadas e 
pessoas vulneráveis”, acrescentando que “para salvar vidas, também temos 
que salvar os meios de subsistência”. O diretor-executivo do PAM, David 
Beasley, observou que para erradicar a fome é necessário atacar suas causas 
fundamentais. “Conflitos, instabilidade, impacto dos choques climáticos. 
Rapazes e moças precisam ser bem nutridos e educados, as mulheres 
precisam ser verdadeiramente fortalecidas, a infraestrutura rural deve ser 
fortalecida para conseguirmos esse objetivo de fome zero”, destacou. O 
relatório pede o fortalecimento da cooperação entre a prevenção, preparação e 
reação no atendimento às necessidades humanitárias urgentes e às causas 
profundas, que incluem as mudanças climáticas, choques econômicos, 
conflitos e deslocamentos. RC/afp/lusa/dpa Fonte: . Acesso em 25 de abril de 
2019. Segunda reportagem Uma brasileira está entre os bilionários que doaram 
grandes somas para a reconstrução da Catedral de Notre-Dame, de Paris, 
atingida por um grande incêndio na segunda-feira (15). Lily Safra, 81 anos, 
viúva do banqueiro Edmond Safra, enviou para a campanha de reconstrução 
um cheque de 20 milhões de euros - cerca de R$ 88 milhões. Segundo o 
Glamurama, ela tem fortuna estimada em 1,3 bilhão de dólares (R$ 5,1 
bilhões). 
 
 
A bilionária atualmente se divide entre casas que tem na Europa - vive entre 
Mônaco, Londres, Nova York e a própria Paris. Ela já recebeu uma Légion 
d’Honneur, uma medalha de honra dada para pessoas que contribuíram com a 
França. Uma sala no Museu do Louvre, a Galeria Edmond et Lily Safre, é 
batizada em homenagem a ela e ao falecido marido. O ambiente é todo 
decorado com mobiliário do século 18 doado pelo casal. Um livro da jornalista 
canadense Isabel Vincent chama a bilionária de “Lily Dourada”, nome da 
biografia. A escritora, que era na ocasião repórter do New York Post, passou 
cerca de um ano no Brasil entrevistando pessoas sobre o casal. A publicação 
traz detalhes sobre o suicídio do segundo marido de Lily, o empresário Alfredo 
Monteverde. No almoço antes da morte, Lily e o marido discutiram detalhes do 
divórcio. Quando ela saiu, ele tirou a própria vida. O pai de Lily era um inglês 
do ramo de ferrovias que chegou ao Brasil no início do século XX. Ela nasceu 
em Canoas, no Rio Grande do Sul. Seu primeiro marido, o argentino Mario 
Cohen, era um milionário fabricante de meias de náilon. O casal viveu no 
Brasil, Argentina e Uruguai e teve três filhos - o mais novo, Claudio, morreu em 
1986 em um acidente de carro. A relação com Monteverde veio depois - ela se 
divorciou para ir morar no Rio com a nova paixão, que era empresário e foi 
fundador da rede Ponto Frio. Monteverde tirou a própria vida em 1969. Eles 
tiveram dois filhos. Depois, Lily se mudou para o Reino Unido, onde morou por 
10 anos. Ela chegou a casar em 1972 com um inglês, mas o casamento foi 
posteriormente anulado. Então conheceu Safra, na época o brasileiro mais rico 
do mundo. Os dois se aproximaram durante uma disputa em um leilão, 
segundo a revista Joyce Pascowitch. Edmond, já quarentão, ganhou e comprou 
a escultura, maspresenteou Lily com a obra. Libanês naturalizado brasileiro, 
era um homem muito discreto. Viveram muitos anos em Nova York, em uma 
cobertura repleta de pinturas e esculturas - arte era uma paixão de ambos. O 
casamento durou 23 anos, até que em 1999 Safra morreu. Em Mônaco, onde 
passavam temporadas, Edmond Safra foi vítima de um incêndio. Seu corpo foi 
achado na banheira de uma suíte, próximo ao de sua enfermeira. O julgamento 
sobre o caso considerou culpado pelo incêndio um de seus enfermeiros, Ted 
Mahrer, que teria ateado fogo a uma lixeira para salvar o patrão, como herói, 
depois. Trancado no banheiro por seis horas, o empresário morreu asfixiado 
pela fumaça. Safra lutou nos últimos anos de vida contra o Mal de Parkinson e 
tinha acompanhamento especializado em casa. Em 1998, ao revelar que sofria 
a doença, ele fez doação de 50 milhões de dólares a uma instituição de 
pesquisa sobre o tema. Desde a morte do marido, Lily passou a se desfazer de 
parte dos bens e se envolver mais com ações filantrópicas, com a Fundação 
Edmond J. Safra. Em 2004, ela doou 10 milhões de dólares à Universidade 
Harvard e o mesmo valor para uma entidade criada pelo ator Michael J. Fox 
para pesquisar a origem do Mal de Parkinson. Em 2005, colocou à venda 800 
peças de sua coleção particular de arte pela casa de leilão Sotheby’s. “Minha 
vida e meus interesses mudaram, e já não tenho tempo nem escala nas casas 
para apreciar a coleção como fazíamos antes. Tive então que tomar uma 
decisão difícil: é hora de transferir aos outros o prazer de possuir estes 
tesouros”. Arrecadação A campanha para reformar Notre-Dame arrecadou até 
agora quase 1 bilhão de euros. Entre os doadores famosos está François-Henri 
Pinault, marido da atriz Salma Hayek, do grupo Kering, que afirmou que vai 
contribuir com 100 milhões de euros. O grupo LVMH, da bilionária família 
Arnault, também doou € 200 milhões (R$860 milhões). A empresa francesa de 
cosméticos, L’Oréal, dará 200 milhões de euros, um valor agregado aos 200 
milhões doados pelo grupo LVMH e aos 100 milhões prometidos 
respectivamente pela família Pinault e pela petrolífera Total. O presidente 
francês Emmanuel Macron disse que a França iria contar com ajuda de 
“talentos” para reconstruir a torre mais alta da construção, que ficou destruída. 
Ela afirmou que em 5 anos o local estará totalmente renovado e “ainda mais 
bonito”.... Fonte. Acesso em 25 de abril de 2019. Vejamos possíveis análises 
para a questão da fome. Sob a ética do bem comum, quando comparamos as 
duas reportagens, logo nos vêm uma ideia de que a bilionária que doou 
milhões para a reconstrução da Catedral de Notre Dame, na França, não está 
apresentando uma preocupação ética em relação aos números da fome 
africana, apresentada na segunda reportagem. Esse tipo de reflexão, na 
verdade, é importantíssimo para nossa compreensão sobre ética e moral. Pois 
vemos que devido a bilionária ter tanto dinheiro e pensar na reconstrução de 
um patrimônio histórico da humanidade, a Catedral de Notre Dame, 
poderíamos compreender que para sua moral (a moral que a formou e a cultura 
que pertence) há um sentido de nobreza em tal atitude. No entanto, podemos 
conceber como imoral a atitude dela em relação a não se disponibilizar para 
doar qualquer dinheiro para o combate à fome na África. Esta é só uma forma 
de debatermos questões contemporâneas com o olhar da ética e da moral. 
Semelhante à esta reflexão, vemos também a situação da violência que invade 
as Escolas no mundo inteiro. Há diversos casos de jovens e adultos que 
cometeram atentados sem qualquer melindre, fazendo alunos e alunas 
inocentes vítimas fatais de suas ações. De forma que nos colocamos 
perplexos, sem palavras, transtornados e tristes diante destas notícias. 
 
Figura 11: Violência nas escolas 
 
Tal fenômeno suscita nossas reflexões sobre a moralidade do contexto em que 
ocorre, sobre nossas crenças éticas e sobre se é possível explicar tais atitudes 
por uma suposta situação de violência, que o assassino tenha sofrido na 
infância ou uma situação de bullying, por exemplo. Isto serviria para explicar 
que as Escolas precisam estar atentas na formação de seus alunos, 
fortalecendo valores morais de bem comum, de promoção pessoal de cada 
aluno. O importante em todas essas ideias e reflexões é compreender a 
relatividade das situações, além da profundidade e contextualização dos 
conceitos de ética e moral. Com isso, não estamos aqui a defender assassinos, 
indivíduos negligentes com a questão social, estamos mostrando que matar 
não é ético, mas a qual moral pertence aquele que o pratica. Dessa forma, 
consideramos que na atualidade, com as situações desafiadoras trazidas pela 
era da globalização, a crise das representações políticas, a recessão 
econômica, a individualização, a tendência ao xenofobismo, o avanço das 
tecnologias digitais e os estudos das possibilidades de mutações genéticas, 
vemos a grande importância da educação para a formação da moralidade nos 
indivíduos. Bencostta (2007) afirma que as instituições educacionais são 
fundamentais para o aprendizado de conhecimentos específicos na formação 
de indivíduos autônomos capazes de interagir com as diferentes situações que 
podem vivenciar no mundo contemporâneo. Vázquez (2003) nos lembra bem 
que a função social da moral deve ser a de regulamentação das relações entre 
os homens para contribuir na manutenção e garantia da sociedade. Também 
Leite (2014) relembra que a ética é uma prática diretamente relacionada à ação 
humana. Bencostta (2017) fala do trabalho de Svitras (2017) que reforça que a 
atividade em sala deve ser capaz de desenvolver habilidades e competências 
que colaborem, definam soluções para dilemas sociais. É na escola que se 
pode criar um ambiente ideal para prática e aprendizado da ética e a formação 
do caráter, é possível falar de respeito, justiça, solidariedade e moral. O autor 
relaciona propostas de trabalho para que isso aconteça na Escola: Trabalhar 
conceitualmente - definir o conceito de ética e promover o debate criativo. 
Aceitar e mediar as opiniões das turmas. Construir uma atividade relacional - 
fornecer desafio para que os alunos e alunas convivam com a diferença. -
Incentivar a tomada de decisões - Levar alunos e alunas a pensar nas 
situações concretas e como seria decidir pelo certo ou errado naquela situação. 
Como exemplo, desde contar uma mentira para sair mais cedo da escola até 
mesmo pensar a corrupção na política. Jogar com situações limítrofes – 
apresentar situações em que o aluno é levado a pensar como se um familiar ou 
amigo estivesse na situação de risco, por exemplo. Criação de regras com a 
turma - essa situação leva a debates quanto ao que os alunos querem para 
suas rotinas em termos de normas de conduta e o que realmente fazem, uma 
reflexão de pensamento e ação. 
 
 
Pensando sobre situações do contexto contemporâneo, vimos que a ética está 
sempre ligada a nossa formação moral. Ética e moral são conceitos que devem 
ser trabalhados na educação formal, na escola. Não se pode prescindir de 
considerar que na crise de valores os indivíduos deixem de agir 
desconsiderando a moral e a ética vigentes. 
 
 
 
 
 
 
A ÉTICA NO MUNDO DO TRABALHO 
 
 
A ética e a sociedade globalizada 
 
 
Bauman (1999) nos apresenta a ideia de que a globalização é um processo do qual não 
conseguimos fugir, ela está em toda parte, seja financeira ou culturalmente, invadindo 
nossas vidas e intensificando as trocas comerciais, culturais, sociais e políticas. Todo esse 
movimento, para o autor, gera mudanças nos costumes, tradições e valores. Ele aponta 
que a globalização tem o mérito de aproximar e distanciar culturas e mundos diferentes. 
Essa dinâmica, em seu olhar, pode gerar exclusões e/ou segregações de indivíduos e 
grupos. Segundo ele, não há fixidez para os centros de produção de significado e valor, 
pois estes são extraterritoriais e emancipados de restrições locais. É a condição humana 
que dá sentidoa esses valores. Complementando esta visão, vemos em Forrester (1997) 
que a evolução tecnológica e a globalização trazem além da crise de emprego, uma 
profunda redefinição da humanidade civilizada, revelando um mundo em que uma minoria 
de indivíduos passa a ter valor na vida social e produtiva. Os desempregados são os 
excluídos e o capitalista não se preocupa com mais nada além do lucro, o que agrava a 
questão dos problemas sociais. 
 
Essa introdução marca bem o cenário da globalização que vivenciamos nos dias atuais. A 
globalização como processo dinâmico não se manifesta igualmente em todos os lugares, 
observe as características deste fenômeno: 
 
Homogeneização de centros urbanos e hibridização cultural: tendência a considerar países 
e comunidades como uma aldeia global. Tendência a padronizar gostos e preferências 
culturais. 
Por isso, a globalização é também conhecida como mundialização. Diferentes movimentos 
de aculturação e transculturação, gerando hibridização, apontando novas culturas que 
surgem pelo profundo e intenso contato que os países iniciam e investem. Amplitude de 
corporações para regiões fora de seus núcleos geopolíticos: as trocas comerciais se 
intensificam e, por conta disso, as corporações passam a ter sedes, matrizes e pontos de 
negócios em várias localidades em nível mundial. 
“Boom” da tecnologia nas comunicações e na eletrônica: a chegada da internet torna mais 
fácil comunicar-se, além de facilitar a geração de informações e dados sobre diferentes 
campos da vida e da Ciência. O advento das redes sócias. 
Redefinição geopolítica do mundo em blocos comerciais: o mundo passa a ser considerado 
a partir das alianças comerciais e financeiras que os países conseguem formar. 
 
Figura 2: Hibridização cultural 
HIBRIDIZAÇÃO CULTURAL: processo de troca entre culturas em contato, que gera uma 
cultura “nova” em um grupo, diferente dos valores, hábitos e tradições que antes definiam 
as culturas que entraram em contato. Como se uma cultura em contato com a outra gerasse 
influência para mudanças. Forte presença de aculturação e transculturação. 
 
Podemos nos perguntar que tipos de problemas éticos surgem com todas essas 
transformações. Logo, identificaremos uma sucessão deles. Enfim, a ética no de 
globalização nunca esteve tão suscitada, isso pois com as redefinições socioculturais, 
misturas de valores e trocas de rotinas culturais, é comum que os indivíduos se confundam. 
Mas, é preciso atentar que a ética continua a informar sobre o bem comum, sobre a 
preservação do outro e da sociedade em que se situa. Na verdade, é muito mais que isso, 
trata-se de considerar a saúde mundial. 
 
Vídeo: Contraponto | Ética e Globalização 
 
Pensar sobre a globalização da ótica moral é pensar e situar-se no bojo da velocidade de 
informações e intensidade das trocas comunicacionais, pois nada escapa das inferências 
e postagens trazidas pela facilidade da internet em nosso dia a dia. 
O neoliberalismo e a liberdade de mercado, do ponto de vista econômico da globalização, 
nos leva a uma realidade em que poucos usufruem da riqueza geral do planeta e muitos 
vivem em condições de necessidades extremas. Destas primeiras situações, indagamos 
que seria ético pensar cada vez mais em amplitude de lucros para uma minoria e 
precarização e exclusão social para a grande maioria diante de um cenário neoliberal da 
economia global. Quanto as redes sociais, as criações e divulgações de notícias, tornam-
se verdades absolutas para quem as lê e que, muitas vezes, não tem acesso a educação 
crítica que permita escrutinar, investigar e debater aquela informação, em busca da verdade. 
 
Figura 3: Social media 
Santos (2003) afirma que a globalização mostra a face de um mundo mágico em que todos 
podem ter tudo na palma da mão. Existem diferenças locais profundas que não se encaixam 
em homogeneização geopolítica de forma alguma. 
Há um incentivo ao consumo exagerado, o que leva as pessoas a passarem umas por cima 
das outras para adquirir coisas e valores que, muitas vezes, não estão ao seu alcance 
financeiro, por exemplo. Essa reflexão do autor nos leva a entender que o conceito de ética 
balança e fragiliza-se diante de tantas solicitações fantasiosas. O autor avança em seus 
estudos e ainda procura demonstrar que há um desemprego estrutural, profissões 
extinguem-se e a questão da ocupação profissional é crônica e aguda, uma vez que os 
indivíduos batem cabeça para inserirem-se e reinserirem-se no mercado de trabalho em 
transformação. 
 
DESEMPREGO ESTRUTURAL: aquele que é dado pelas transformações na estrutura 
econômica mundial ou local. As novas tecnologias inovam na criação de empregos. No 
caso da globalização, vemos que muitas profissões acabam e outras são criadas, mas há 
um distanciamento entre a criação de novos postos de trabalho e a preparação de recursos 
humanos para ocupá-los. 
 
 
 
O vídeo acima, é uma boa referência de aprendizagem, sendo assim, conforme o vídeo, 
ficam muitas reflexões sobre a questão moral, a ética que deve prevalecer em nosso mundo 
globalizado. O que precisamos entender é que a ética a ser trabalhada hoje, é a ética do 
consenso, da boa vontade, da gentileza, e da solidariedade. O sentimento de individualismo, 
trazido por este cenário, colabora para um pensamento de que “cada um deve ser por si e 
Deus por todos”. Assim, os indivíduos isentam-se da responsabilidade de cuidar do outro. 
A solução para os problemas de ordem moral que emanam da globalização está no diálogo 
e reforço de que ainda podemos sustentar um mundo de respeito e cuidado uns com os 
outros. O próprio respeito ao ecossistema planetário é uma discussão ética muito longa, 
pois exige das Empresas e dos indivíduos, um olhar de sustentabilidade e responsabilidade 
social com o planeta. Isto é, não deveria ser possível avançar economicamente sem impor 
limites a degradação da natureza. Um caso recente, no Brasil, que nos evidencia esta 
realidade, foi o que ocorreu este ano, 2019, em Brumadinho, MG. 
 
Vídeo: Profissão Repórter- Brumadinho 
 
 
Concluindo, a globalização é o resultado das relações humanas e precisa então, haver uma 
tomada de consciência para a busca de soluções mais próprias, diferenciais, para os 
problemas recorrentes e emergentes que desenvolvem-se diante das mudanças e 
propostas da mundialização. Se não tomarmos consciência da necessidade do bem comum, 
a humanidade terá que pagar um preço pelas ações irracionais e fora do terreno ético que 
vem propagando. 
 
Texto- Um desafio (ético) na era da globalização: a Informação 
 
 
 
 
 
 
 
PROBLEMAS ÉTICOS NAS PROFISSÕES 
 
Um problema ético é um problema de desvio de conduta. 
Nesse sentido, iniciamos o debate ressaltando que a ética, presente na nossa vida e na 
sociedade, como um todo, é de vital importância também no mundo do trabalho. Por isso, 
os valores éticos devem ser ensinados, processados e praticados para a preservação da 
sociedade. 
Como campo de Filosofia, a ética interpõe-se na relação entre os indivíduos. O que 
pretendemos ensinar é que todo e qualquer profissional deve estar atento para manter sua 
integridade ética em qualquer ambiente de trabalho, porque certamente irá encontrar com 
indivíduos que não comungam da boa ética. Com isso, a chamada “boa ética” nos informa 
que, no mundo do trabalho, é preciso ser honestamente íntegro e um fiel seguidor das 
regras de conduta expressas nas leis, códigos e documentos normativos de sua profissão 
e de seu ambiente de trabalho. 
Faleiros (2006), teórico do Serviço Social,, ao refletir sobre inclusão social e cidadania, 
conceitos chaves para nosso olhar sobre ética profissional, orienta que ambos tratam-se de 
processos complexos, históricos, diversificados, de mobilidade, de redução da 
desigualdade, da polarização, da assimetria, de formas desiguais de implicação dos 
sujeitos e de afirmação da identidade, da segurança, do trabalho, da efetivaçãodos direitos, 
da criação de oportunidades, da formação de conhecimentos, competências e habilidades, 
do fortalecimento dos laços sociais, do respeito, da vida digna e da justiça. Isto é, conceitos 
que pesam a presença de uma ida coletiva respeitosa. 
Também, Silveira (2005) atribui as transformações sociais ao resultado da interação de 
pessoas, sujeitos da sua própria história que desejam essa transformação. Por isso elas 
mesmas devem desejar mudanças de atitudes e comportamentos para atingir esse fim. No 
ambiente de trabalho, em nossa consideração, é um princípio a tomada de consciência 
para práticas e atitudes éticas. 
Figura 4: Pensando ética nas profissões 
Se formos criar um tipo ideal de profissional virtuoso, para destacar a ideia de virtude 
aristotélica, esse profissional seria o exemplar, aquele que busca atingir suas metas com 
zelo em sua moral, conforme nos mostra Cortina (2005). O autor chama atenção para o 
fato de que, em contexto de trabalho, é mesmo necessário exigir que a competência se dê 
não só em relação as atividades materiais a serem desenvolvidas, mas também em relação 
as aptidões envolvidas nelas. Isso, segundo ele, pode levar à uma concorrência 
desenfreada, mas que precisamos ter em destaque o profissional virtuoso que alcança as 
finalidades internas projetadas. Para tanto, é necessário que apesar da concorrência 
desenfreada sejam preservados os valores morais presentes no pluralismo social, em 
detrimento de valores e códigos particulares. 
 
Texto: A concepção de felicidade na Ética aristotélica. 
 
 
A ética das profissões precisa guardar em si, enquanto manual e roteiro de orientação às 
diferentes profissões, os valores universais como: igualdade, justiça, solidariedade, 
colaboração, honestidade, respeito, entre outros. 
Práticas profissionais diversas precisam considerar todos os ângulos dos envolvidos na 
profissão dentro e fora de seu ambiente de trabalho, bem como as perspectivas e 
aprendizagens da moral social. 
 
ÉTICA NA PROFISSÃO: agir em seu ambiente de trabalho de acordo com os valores morais 
universais e, também, considerando o código de conduta específico do mesmo. A conduta 
profissional virtuosa é aquela em que se observa o cumprimento de projetos e metas 
profissionais com observância da moral social e da profissão em questão. 
 
Vídeo: Ética nas Organizações 
 
Vamos passar agora a examinar alguns problemas éticos no mundo do trabalho. 
Morgan (1996) sinaliza, em seus estudos, que empregados podem trazer para o ambiente 
de trabalho visões particulares de seus projetos de ascensão de carreira, mas que por 
buscar um alvo futuro de progresso na carreira, as aspirações individuais do empregado 
podem alinhar-se com as aspirações coletivas do ambiente em que trabalha. 
Sá (2001) afirma que a utilidade individual de quem exerce uma profissão é superada pelas 
características sociais e morais da mesma. Como ideias suas, ele lista os fatores que 
reforçam esta visão: a profissão provê destaque e realização aos indivíduos; o homem 
eleva seu nível moral a partir do exercício profissional; na profissão, o homem torna-se útil 
à sua comunidade. 
Finalizando este debate por hora, vemos em Lisboa et al (1997) os quatro elementos 
necessários à conduta ética nas profissões e que, portanto, devem constar nos manuais 
normativos das Empresas: competência, sigilo, integridade e objetividade. 
 
Podemos vislumbrar alguns problemas éticos nas profissões: 
1 - Se eu trabalho com transporte público devo considerar o semáforo e suas orientações. 
Entretanto, na prática vemos esses veículos avançarem o sinal. 
2 - Um funcionário vê uma situação prejudicial à Empresa, mas o colega envolvido o 
corrompe em troca do seu silêncio. 
3 - Profissional que fica olhando o relógio e enrolando para passar seu horário de trabalho, 
sem produzir. 
4 - Médico que fica falando no celular e deixa o paciente aguardando na sala de espera. 
5 - Professor que libera alunos antes do horário de término da aula e bate o ponto no horário 
correto. 
6 - Vendedor que vende “gato por lebre”, engana o cliente com produto de má qualidade. 
 
Esses são apenas alguns exemplos básicos de condutas antiéticas em diferentes meios de 
trabalho e profissões. 
 
 
Figura 5: Condutas profissionais 
 
CÓDIGO DE ÉTICA DAS PROFISSÕES: CONCEITOS E FINALIDADES 
 
Tendo amadurecido sobre o valor da conduta ética nas profissões, trataremos agora da 
normatividade que está presente no universo profissional, a discussão e apresentação 
sobre o Código de Ética. Um campo da Filosofia que aborda diretamente o conjunto de 
normas éticas na sociedade é a Deontologia. 
 
DEONTOLOGIA: surge das palavras gregas “déon, déontos” que significa dever e “lógos” 
que se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, a deontologia seria o tratado do dever 
ou o conjunto de deveres, princípios e normas adotadas por um determinado grupo 
profissional. 
 
A importância do código de ética para os profissionais e para as empresas localiza-se no 
fato de que há um princípio universal que devemos usar: bom senso para tomar decisões 
sem ignorar o bem-estar do outro. Nesse sentido, as empresas na atualidade organizam 
seus Códigos de Conduta a partir de seu pensamento de visão e missão a serem 
desenvolvidos em suas atividades. 
Piaget (1996) destaca que a importância das regras é algo vital, pois as regras funcionam 
como se fossem intangíveis, imutáveis, a moral que impõe a coerção. Levam a um respeito 
único. No entanto, se dependerem de costumes precisam da cooperação de todos para se 
efetivarem. 
Freire (1996) afirma que o respeito ao outro, a coerência, a convivência com a diferença, o 
evitar a antipatia e o mal-estar ao outro devem ocupar um lugar especial na ação dos 
indivíduos em qualquer espaço. Para o autor, quem promove intrigas, desavenças, atritos, 
não está no terreno da ética. 
Assim, vemos em Chauí (1999) que a existência da conduta ética pressupõe a agência 
consciente do indivíduo, pois só ele tem a capacidade de discernir entre o bem e o mal, 
entre o certo e o errado, o permitido e proibido, a virtude e o vício. 
 
Com estas primeiras reflexões, imaginamos o porquê das empresas adotarem Códigos de 
Ética. 
Vejamos alguns motivos: 
Dar um parâmetro de segurança para a condução das relações; Homogeneizar o 
tratamento de encaminhar as diferentes questões profissionais; Incentivar a integração de 
seus funcionários; Criar um ambiente de trabalho harmonioso que incremente mais a 
produção; Desenvolver nos funcionários a sensação de que convivem em bem-estar e 
precisam oferecer esse mesmo bem-estar aos clientes e fornecedores; Consolidar práticas 
de comprometimento profissional; Investir em lealdade e fidelidade do cliente; Agregar valor 
à empresa e garantir a existência sustentável da mesma. 
 
Vídeo: A importância de se ter e praticar um Código de Conduta Ética na empresa 
 
CÓDIGO DE ÉTICA: define-se como um instrumento de síntese normativa da filosofia da 
empresa, de como ela pensa e constrói sua visão e seus valores. 
Funciona como um verdadeiro roteiro normativo para orientar as ações dos funcionários e 
as ações corporativas em relação ao mundo exterior na representação da empresa. 
 
Chanlat (1999) apresenta a real necessidade de se pensar a questão ética no interior das 
empresas, ele cita o conceito de ética das responsabilidades de Weber para dizer que esta 
leva os indivíduos a refletirem sobre as consequências de sua ação em relação aos outros. 
Heemann (1993) valia que ao pensar nas atitudes envolvendo o que é certo e o que é 
errado, os padrões de discernimento dos indivíduos, sejam privados ou sociais, consideram 
três grupos: o teleológico, voltado para consequências; o deontológico, o padrão da decisão 
moral se volta para o bem produzido e sua dimensão coletiva; o relativista, envolvendo a 
recusa de princípios relativistas por conta de estar vivenciando um mundo instável. 
 
Figura 7: Código de Éticae as diretrizes profissionais 
Com isso, faz-se primordial dizer que os Códigos de Ética das diferentes profissões, bem 
como das organizações, direcionem profissionais para atuações morais e que elevem o 
padrão de existência de seus campos de atuação. 
Um Código de Ética profissional guarda em si normas éticas, que devem servir de baliza 
para profissionais no exercício de seu trabalho. Ele é elaborado pelos conselhos, os quais 
podem fiscalizar o exercício da profissão. No âmbito de suas obrigações profissionais, na 
realização dos interesses que lhe forem confiados, deve agir com a mesma diligência que 
qualquer comerciante ativo e probo costuma empregar na direção de seus próprios 
negócios; Zelar pela existência e finalidade do Conselho Federal e Conselho Regional a 
cuja jurisdição pertença, cumprindo e cooperando para fazer cumprir suas recomendações . 
Prestar suas contas na forma legal, com exatidão, clareza, dissipando as dúvidas que 
surgirem, sem obstáculos ou dilações. Informar e advertir o representado dos riscos, 
incertezas e demais circunstâncias desfavoráveis de negócios que lhe forem confiados, 
sobretudo em atenção às momentâneas variações de mercado local; Envidar esforços para 
que suas relações com o representado sejam contratadas por escrito, com todos os 
requisitos legais bem definidos; Conduzir-se sempre com lealdade nas suas relações com 
os colegas; 
 
É de fundamental importância que se esclareça que o não cumprimento de uma regra, seja 
ela do Código de ética de uma empresa na qual se trabalha, ou da profissão que se exerce, 
implica em punições e sanções que podem ir do desligamento do funcionário até à 
cassação de sua licença para atuar em determinada profissão. Em alguns casos, se 
estende à uma grande celeuma jurídica. 
 
 
Figura 3: Julgamento de infração ao Código 
Compreender que a garantia do cumprimento da lei é verdadeira em questões onde uma 
das partes se sente lesada, é uma necessidade. Quando o contratante percebe, ou 
percebeu, que o trabalhador não cumpriu sua função especificamente com o que está dito 
na regulamentação ou, ainda, quando o contratado, aquele que solicitou os serviços, rompe 
com o cumprimento de algum dos direitos do profissional previstos em lei. 
 
Reportagem sobre Emissão de Atestado médico falso. 
 
 
 
A ÉTICA EM PROFISSÕES NÃO REGULAMENTADAS 
 
Agora que aprendemos sobre Código de ética e seus desdobramentos, é preciso 
compreender que existem profissões que não possuem regulamentação por Conselhos e 
Órgãos oficiais do governo, mas elas existem e é importante saber como se dá a ética 
nesses casos. Sobre esta situação de regulamentação e não regulamentação, podemos 
entender que todas as profissões possuem direitos e obrigações tanto para patrões quanto 
para empregados. 
Quando uma profissão é regulamentada pode ser que exista uma legislação específica 
própria, que nomeamos abaixo: 
 
 Carteira Profissional; 
 Cédula Profissional e Piso Salarial; 
 Piso de Honorário; 
 Jornada de Trabalho; 
 Exames Médicos; 
 Órgãos Reguladores; 
 Licença. 
 
Figura 09: Ética nas Profissões 
É fundamental destacar que o fato de não ser regulamentada não significa que não existe 
preocupação com a qualidade da formação e com o reconhecimento da atividade 
profissional. O que de fato garante a inserção e continuidade de um profissional no mercado 
não é somente a sua regulamentação ou não, mas sobretudo sua competência para atuar 
na profissão que escolheu. 
 
Por quê algumas profissões são regulamentadas e outras não? 
Na verdade a explicação para essa situação volta-se para o fato de que o Estado sempre 
regulamenta uma profissão quando considera que seu exercício indiscriminado pode pôr 
em risco a sociedade. Por isso existem os Conselhos Profissionais, autarquias federais de 
direito público para fiscalizar o exercício profissional. Quando uma profissão ainda não é 
regulamentada não há uma observância normativa direta sob seu exercício, no entanto, em 
relação a questão ética os profissionais devem pautar-se na moral vigente como um todo. 
As Profissões em si constroem suas rotinas e atribuições enquanto se organizam de forma 
corporativa e acadêmica. No próprio aparato legal da sociedade podemos encontrar a 
capacidade de poder julgar e condenar pelo olhar de um mal exercício de um serviço ou 
profissão em relação ao mundo social. 
 
Reportagem sobre a regulamentação de profissões 
 
 
Pesquisando o artigo 5º, inciso XIII, da Constituição Brasileira de 1988, vemos que é livre 
o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, exceto às qualificações profissionais 
que a lei estabelecer. Observamos, ainda, que a legislação abre a possibilidade de, no 
interesse da sociedade, criar restrições em situações especiais por meio de uma 
regulamentação. Pois, anteriormente ao fato de se regulamentar qualquer profissão, deve 
ser considerado se o exercício profissional da área pode causar danos sociais ou expor 
vidas humanas, conforme já abordamos aqui. A questão da regulamentação das profissões 
é também muito complexa no Brasil. Afinal, existem muito mais que 300 profissões no 
mundo do trabalho. Sem falar nas novas que surgem de tempos em tempos. Podemos nos 
referir ao campo de tecnologia e também da internet. Hoje já se fala, por exemplo, em 
regulamentar a profissão de Youtuber. Ou seja, terão que estabelecer seu Código de ética 
também. Uma discussão grande sobre o risco que este profissional pode trazer a sociedade: 
a disseminação e produção de informações e verdades absolutas falsificadas da realidade. 
 
Vídeo: Regulamentação do Youtuber 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ÉTICA NAS RELAÇÕES HUMANAS 
 
 
Diversidade Cultural, Étnica, Religiosa e de Gênero 
Nada mais oportuno do que entender cultura e diversidade cultural após termos debatido 
muito as demandas do conceito de ética. Assim, vamos iniciar tecendo a definição de 
cultura. Lembrando logo de início que cada um tem a sua e a vida segue rica e bem 
fecunda porque somos diferentes, mas podemos comunicar nossas diferenças e construir 
novas possibilidades de viver. 
 
Geertz (1989) ao abordar os estudos sobre cultura refere que a atividade do antropólogo 
é interpretar, cada cultura pode ser entendida como um texto. Cada texto é uma 
interpretação. Para ele, a cultura constitui-se como formas de ações significativas, 
simbólicas. A cultura parece estar oculta na mente dos homens e se expressa em suas 
ações. Ele afirma que é possível enxergar a cultura de um povo porque ela está expressa 
em suas relações sociais. 
 
O autor mostra que a cultura se revela a partir de uma descrição densa, pois são as 
ações produzidas, percebidas e interpretadas que a definem. Geertz (1989) está, então, 
atrás da teia de significados de cada sociedade. Ele não defende a ideia de ter que “se 
tornar um nativo” para conhecer a fundo uma cultura, mas sim estar familiarizado com o 
grupo que se pretende compreender. 
 
Figura 1: Cultura como teia de significados 
 
É importante o destaque trazido pelo antropólogo sobre a cultura ser compreendida pela 
teia de significados, isso porque se as relações se traçam com interligações de valores e 
símbolos e tradições, tudo o que dá sentido dinâmico à cultura vemos com olhos de 
necessidade de compreensão do que vem a ser a diversidade cultural. 
 
O autor mostra que o ponto de vista do nativo é sempre uma construção cultural que se 
dá após a pesquisa. Cada cultura define o que é “ser humano”. O antropólogo só tem 
acesso a isso a partir desses símbolos. Para Geertz (1989), as situações universais são 
sempre descritas de forma singular, seu enfoque privilegia as situações particulares. 
 
Dessa forma, a cultura é única para cada grupo e singular em cada indivíduo. No mundo 
existem milhares de trações culturais, símbolos, pensamentos, manifestações e 
identidades culturais, tal diversidade enriquece nosso mundo social.Para Cuche (2012), o 
conceito de identidade ganha destaque com o nascimento do multiculturalismo, o qual 
nos mostra a face de que os imigrantes e as diversas minorias buscam o direito da 
diferença, o direito de ter uma identidade própria digna de respeito. Por outro lado, os 
grupos maioritários colocam em debate tal pretensão, temendo, entre a expansão de 
múltiplas identidades que competiriam para enfraquecer e fragmentar a identidade 
nacional, a própria sustentação do Estado. 
 
Cultura: conjunto de pensamentos, sentimentos, atitudes, trações, símbolos, hábitos e 
valores que pertencem a um grupo. Dão sentido a sua identidade cultural, sua marca 
como grupo. 
Diversidade Cultural: é o reconhecimento de diferentes culturas para diferentes grupos 
sociais. 
 
Figura 2: Diversidade Cultural 
Para Bergamaschi (2008), a diversidade cultural e a presença de inúmeros povos 
indígenas com suas tradições e línguas marcam nossa diversidade étnica e cultural. 
Alves e Barros (2009) definem que a diversidade cultural está relacionada aos aspectos 
distintivos de uma cultura para outra, uma riqueza dada pela capacidade dos humanos de 
criar e transformar o legado que receberam. As identidades culturais aparecem a partir 
das manifestações culturais. 
 
O debate sobre a questão da diversidade cultural, que abre para todo um feixe de outros 
debates importantíssimos, nos faz pensar que com a educação podemos formar 
indivíduos que entendam que ser diferente é poder trazer algo novo na troca cultural. A 
fundamentação do respeito da ética está no bojo dessa compreensão. 
 
Em meio aos pensamentos sobre a diversidade, podemos pensar também a diversidade 
étnica, religiosa e de gênero. 
 
Quanto a diversidade étnica, temos muito a comemorar desde que superamos a 
explicação da existência de diferentes culturas pelo conceito de raça, para o conceito de 
etnia. Uma vez que se concluiu que falar em raça é apontar diferenças puramente 
biológicas, físicas, sem considerar as questões de fundo cultural para a compreensão dos 
diferentes povos. Com o conceito de etnia, vemos um alargar dessa possibilidade de 
entendimento do outro. 
Gomes (2004) mostra que o uso de etnia se ampliou para referências a povos diferentes 
como judeus, índios, negros, entre outros, enfatizando seus processos históricos e 
culturais. 
 
No Brasil, o termo relações étnico-raciais é muito utilizado para debater as questões de 
relações raciais e étnicas, que estão muito além da cor da pele e das origens culturais. Há 
um misto desses olhares na alocação e interpretação dos lugares sociais que os 
indivíduos ocupam na sociedade. Portanto, falar de raça ou de etnia em nossa cultura vai 
trazer um apanhado de significações de quem fala, como fala e por que fala, o chamado 
“lugar de fala”. É também com estas construções que nascem conceitos e alocações 
culturais denominadas de racismo, preconceito e discriminação. Estes podem ser de raça 
ou etnia, mas tendem a ser explicados pela questão racial. 
 
Enquanto o preconceito é definido como uma percepção sobre as coisas, muitas vezes 
herdada por conta da socialização recebida, a discriminação é a própria prática do 
preconceito. Assim, o racismo trata-se de uma construção ideológica de que existem 
raças diferentes e que estão submetidas a uma hierarquia de classificação como 
inferiores e superiores. Nesse caso, essa teoria sempre acaba por delegar aos negros os 
mais baixos graus de status social na sociedade. O racismo é uma teoria perversa, que 
separa e agride os indivíduos que pertencem ao grupo discriminado. 
 
Figura 3: Racismo e preconceito 
A diversidade étnico-racial deve ser pensada por toda a comunidade escolar, pelos 
gestores educacionais que são importantes na formação dos indivíduos. 
 
Compreender que negros e brancos têm sua importância e valor cultural é colaborar para 
o entendimento da diversidade cultural e étnica. É importante saber que a cultura afro-
brasileira compõe nossa trajetória de formação de nação. Não é possível falar de 
diversidade étnica sem considerar que o Brasil, após a abolição, atravessou grandes lutas 
pelo reconhecimento desta cultura que inclui as lutas sociais, a miscigenação, a 
discriminação, o sincretismo. 
 
Vemos no Brasil, de forma muito clara, a existência de um preconceito racial contra 
negros e mulatos. A igualdade de oportunidades é divulgada e tolerada. Temos lei contra 
o Racismo. 
LEI 7.716/1989 (LEI ORDINÁRIA) 05/01/1989 - 
 
Entretanto, ainda assim as ligações íntimas com pessoas de cor não são vistas com bons 
olhos. Os mulatos passam por menor discriminação que os negros, mas também são 
discriminados e sofrem preconceito. Constantemente presenciamos discussões que 
envolvem o preconceito racial e a discriminação étnica dos indivíduos, com falas como: 
“você é negro”, “você é indígena”, “por isso não conseguiram obter êxito em nada…”. Por 
aí vai. 
 
 
A discriminação e o preconceito ocorrem também em relação as questões religiosas, 
normalmente há uma perseguição e preconceito com as religiões de matrizes africanas. 
Incrível que normalmente entendemos que a religião deve trazer coisas boas aos 
indivíduos, pois nelas os mesmos depositam sua fé espiritual e dedicam-se professando. 
No entanto, por ignorância, ou mesmo maldade, muitos indivíduos constroem guerras, 
matam e perseguem religiões diferentes das suas. O etnocentrismo predomina nesses 
casos e faz com que a religião de uma pessoa seja considerada a melhor ou a que tem 
mais pureza, etc. 
 
A superação deste fenômeno de pejoração negativa das diferentes religiões só acontece 
quando os indivíduos estão disponíveis para conhecer a diversidade religiosa. Conhecer 
é importante para melhor conviver. Isto não significa converter-se. 
 
Quando estudamos um pouco, vemos que o catolicismo tradicional também teve 
influência africana no culto de santos de origem africana como: São Benedito, Santo 
Elesbão, Santa Efigênia e Santo Antônio de Noto (Santo Antônio do Categeró ou Santo 
Antônio Etíope); no culto de santos também há aqueles que podem ser associados aos 
orixás africanos como São Cosme e Damião. O próprio São Jorge (Ogum no Rio de 
Janeiro), Santa Bárbara (Iansã), além daqueles oriundos da criação de santos populares 
como a Escrava Anastácia. 
 
Figura 4: Diversidade religiosa 
É comum ver que igrejas pentecostais do Brasil, que são contra as religiões de origem 
africana, na realidade têm várias influências destas, como se nota em práticas como o 
batismo do Espírito Santo e crenças como a de incorporação de entidades espirituais 
(vistas como maléficas). O Catolicismo nega a existência de orixás e guias, já as igrejas 
pentecostais os denominam como demônios. 
 
A ideia de sincretismo religioso, a transculturação das religiões, como ocorre na umbanda, 
por exemplo, tem origem nos fatores histórico-culturais da história do Brasil. Por isso, é 
preciso compreender que a diversidade religiosa existe e precisa ser respeitada. 
 
No cenário relativo a compreensão das relações de gênero e sua diversidade também 
não encontramos eco no respeito. Pois na atualidade vemos que a conceituação que 
acrescenta nessa polêmica é a de que orientação sexual e identidade de gênero são 
diferentes e precisam ser compreendidas. 
Orientação Sexual refere-se à atração sexual e à afetividade que um indivíduo sente por 
outro. 
Diversidade de gênero refere-se ao gênero com o qual o indivíduo se identifica que pode 
ter, ou não, relação com seu sexo biológico. 
 
Tabela 1: Sobre orientação sexual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gonçalves (1999) fala, em seus estudos, a respeito de como a sociedade Paresí, do 
grupo indígena denominado Aruak, localizado no Estado de Mato Grosso, constrói 
simbólica e culturalmente o dimorfismo sexual tendo como foco de análise sua mitologia 
e seu complexo ritual. Ele demonstra como a categoria diferença é algo construído,tal 
qual nos indica a ideia de gênero sobre os indivíduos na vida social. Em outros termos, 
analisa-se a diferença e a construção de gênero como fenômeno englobado por um 
pensamento geral sobre o que significa a diferença no mundo. 
 
Assim, segundo o autor, a diferença de gênero informa ao mesmo tempo que produz e é 
produzida por esta ideia da diferença que não é universal e sim construída culturalmente. 
Dessa forma, são as posições culturais construídas por homens e mulheres, a partir do 
olhar que eles têm do compromisso com suas escolhas pautadas na orientação sexual e 
na diversidade de gênero, que dão sentido às suas histórias e lugares nessa discussão. É 
importante entender como os indivíduos tem se referenciado, a partir desse olhar. 
 
Tabela 2: Sobre diversidade de gênero 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esses conhecimentos são importantes pois levam ao combate de práticas de preconceito 
e discriminação, fundamentados em ideologias homofóbicas e de violências de gênero. 
 
 
 
 
ÉTICA E CIDADANIA NA SOCIEDADE TECNOLÓGICA 
 
 
Iniciaremos agora toda uma reflexão e conceituação sobre a relação ética e a sociedade 
tecnológica que estamos vivendo. Morin (2000) nos apresenta às demandas da educação 
e da sociedade do conhecimento em tempos atuais, mostrando que esta impõe aos 
indivíduos uma escola que lhes faça sentido, que lhes seja capaz de resgatar a formação 
do ser completo. Em sua visão, a escola de hoje deve oferecer aos indivíduos além do 
ensino básico com cálculos, língua escrita e falada, precisa trazer também as interfaces 
com as ferramentas e inovações tecnológicas trazidas pela era da comunicação e 
informação. 
 
É importante marcar que o conhecimento e a informação estão no centro do mundo atual. 
O perfil de indivíduo que se exige, mediante estas demandas, é de quem consegue ser 
flexível, polivalente, empreendedor e altamente adaptável. Alguém que é criativo, inovador 
e está sempre sendo desafiado por questões profissionais e pessoais. Um mundo em que 
se fala o tempo todo a respeito de busca de soluções viáveis. Os próprios modelos 
educacionais voltam-se para esta perspectiva. Isto significa que o aluno a ser formado 
tem que ser preparado para enfrentar este aparato de necessidades impostas pela 
sociedade do conhecimento e da informação. 
 
Figura 5: Sociedade do Conhecimento 
 
Nesta sociedade digital, educar um indivíduo para desenvolver sua cidadania plena 
também envolve construir valores de respeito, responsabilidade e participação 
colaborativa com a comunidade. 
 
Assistimos a uma era em que a tecnologia está no bojo de todas as coisas que 
realizamos no mundo social. 
 
Levy (1999) traz à cena os conceitos de cibercultura e ciberespaço para mostrar a 
amplitude de nossas trocas de conhecimento e aprendizagem na era digital. Nesse 
sentido, o autor ainda produz associado ao pensamento de Kerckhove (1995), o conceito 
de inteligência coletiva, constituindo-se em inteligências conectadas, isto é, o uso 
colaborativo das várias inteligências mediante processos de comunicação e tecnologias 
em rede. Este novo desenho pedagógico de formação dos indivíduos propõe uma revisão 
da forma tradicional de ensinar e aprender, a construção de saberes e as trocas 
comunicacionais ganham uma dimensão mais personalizada. 
 
Cibercultura: cultura que emerge com o advento das trocas comunicacionais advindas 
do computador. Conhecimentos, valores, informações e saberes que se constroem a 
partir do mundo virtual. 
Ciberespaço é o virtual, as redes de conexão. 
 
O que precisamos entender é como funcionam, nesse caso, os princípios da ética e 
cidadania em um contexto de valorização da comunicação virtual. 
 
Com o exposto acima, focamos em mostrar que a ética passa a ser uma questão central 
no contexto das trocas e construções virtuais, tanto no âmbito da vida pública como na 
vida privada. Nesse sentido, ser ético é pensar no que fazemos, na medida de nossas 
ações, considerando quem somos e com quem nos relacionamos. Além da ênfase na 
reflexão sobre o outro e o planeta em que habitamos. 
 
Figura 6: Ética e Tecnologia 
 
Para Dewey (1979) é a partir da reflexão que emerge a dúvida, a perplexidade, o ato de 
pensar. Ela também envolve o ato de pesquisar, para resolver a dúvida e esclarecer a tal 
perplexidade. Dessa forma, o autor nos aponta o caminho para nossas questões éticas 
contemporâneas. 
 
Além dele, também Castoriadis (1979) diz que a reflexão deve sinalizar o conhecimento 
para investigar, explicitar e questionar os conteúdos sociais e culturais. 
 
Olivé (2000), em seus estudos, colabora com nossa reflexão sobre deveres morais do 
cientista e do tecnólogo em nossos tempos. Para ele, cientistas devem ter a consciência 
da responsabilidade e das consequências do trabalho que realizam. Esta 
responsabilidade inclui informar a sociedade com precisão sobre seus experimentos e 
resultados. Também, os tecnólogos devem avaliar com cautela e seriedade as tecnologias 
produzidas e suas amplitudes. Avaliar não só a eficiência, mas sobretudo, os impactos no 
meio social e natural. 
 
O autor ainda ressalta que os cidadãos, a grosso modo, também têm responsabilidade na 
avaliação das tecnologias e em sua aceitação e propagação. Assim, eles devem buscar 
informações adequadas sobre a natureza da ciência e da tecnologia, que estão 
propagando bem como de seu uso e consequências. 
 
Com tantas discussões no terreno da ética, é preciso focar que ser cidadão é estar 
situado na ordem social de forma participativa, mas considerando que apesar da evolução 
tecnológica é preciso pontuar nossas ações locais e globais, presenciais e virtuais, de 
forma eticamente responsável. 
 
 
A Intolerância, o Racismo e a Xenofobia 
 
 
É muito comum, diante do que vimos até aqui, presenciarmos na sociedade globalizada e 
tecnológica, sentimentos de exclusão social, violência e intolerância. 
 
No ano de 2001, realizou-se a Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação 
Racial, Xenofobia e Intolerância Conexa na cidade de Durban, África do Sul. Esta 
conferência foi um culminar das demandas mundiais para o enfrentamento de um cenário 
sociopolítico extremamente grave em nível mundial: o combate ao racismo e intolerância. 
 
Trata-se de compreender que indivíduos, povos e nações estavam cada vez mais 
praticando e incentivando realidades de exclusão e segregação social, que em muitos 
casos levam ao extermínio. Mesmo diante de outros instrumentos legais e históricos para 
esse fim, foi necessário organizar a Conferência de 2001. 
 
Listamos aqui alguns dos instrumentos que foram implementados sob a égide das 
Nações Unidas com intuito de promover a igualdade e combater a intolerância: 
 Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1948); 
 Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (1966); 
 Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966); 
 Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as 
Mulheres (1979); 
 Convenção sobre os Direitos da Criança (1989). 
 
Apesar do aparato legal acima referido, os dados mundiais seguiram apontando que 
seres humanos ainda são vítimas de ideologias e tratamento racista e segregacionista, 
principalmente com o surgimento de novas tecnologias e o advento da globalização, que 
trouxeram próprios de seus campos. Por isso a urgência de novas medidas e esforços 
focados em nível nacional e internacional. 
 
Figura 7: Intolerância racial 
 
Para avançarmos, consideramos que é preciso definir o que vem a ser racismo, xenofobia 
e intolerância, objetos de nossa discussão. 
 
Racismo: significa preconceito e discriminação de indivíduos e grupos fundamentados 
em percepções sociais baseadas em diferenças biológicas entre os povos. 
Xenofobia: sentimento de desconfiança, antipatia, receio de

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