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Livro - Método da pesquisa cientifica em ciencias da religião

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MÉTODO DA 
PESQUISA 
CIENTÍFICA EM 
CIÊNCIAS DA 
RELIGIÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Identificar a estrutura básica de um projeto de pesquisa.
 > Definir as características de um texto científico.
 > Reconhecer os diferentes tipos de texto científico.
Introdução
O projeto de pesquisa é um documento tão importante que costuma levar um 
semestre para ser elaborado nos cursos de graduação, configurando uma parte 
do processo de pesquisa. A fase do projeto é o momento de se tomar as decisões 
mais relevantes sobre o rumo da pesquisa. No projeto, o tema da pesquisa é 
delimitado, assim como o seu alcance.
Neste capítulo, você identificará a estrutura básica de um projeto de pesquisa, 
conhecerá as características de um texto científico, além de reconhecer os textos 
científicos e suas aplicações.
Estrutura básica de um projeto de pesquisa
O projeto de pesquisa é um instrumento metodológico que fornece as prin-
cipais informações sobre a realização de uma pesquisa. Para o estudante, 
servirá de guia para a realização da investigação, enquanto para a instituição 
Reconhecimento 
das partes de um 
projeto de pesquisa
David Mesquiati de Oliveira
e para o orientador, permitirá avaliar o rumo da pesquisa proposta pelo 
estudante. Nele, devem ser explanados os principais elementos da pesquisa, 
deixando claro a abordagem e os procedimentos necessários para a realiza-
ção da investigação científica. A estrutura básica de um projeto é formada 
por introdução, objetivo, problema, hipótese, justificativa, metodologia, 
desenvolvimento e fontes.
Em uma pesquisa, nada se faz ao acaso. Desde a escolha do tema, fixação dos obje-
tivos, determinação da metodologia, coleta dos dados, sua análise e interpretação 
para a elaboração do relatório final, tudo é previsto no projeto de pesquisa. Este, 
portanto, deve responder às clássicas questões: o quê? Por quê? Para quê? Para 
quem? Onde? Como? Com quê? Quanto? Quando? Quem? Com quanto? (MARCONI; 
LAKATOS, 2017, p. 230).
A introdução do projeto cumpre o papel de situar o leitor em relação ao 
que será pesquisado. É um espaço relativamente curto em que o pesquisador 
apresenta o tema da pesquisa e indica sua abordagem. Em outras palavras, é 
na introdução que o pesquisador aclara seu objeto de estudo, algo que “[…] 
mereça ser investigado cientificamente e tenha condições de ser formulado 
e delimitado em função da pesquisa” (MARCONI; LAKATOS, 2017, p. 176). O 
pesquisador deve ter em mente, ao escrever a introdução de um projeto, a 
seguinte pergunta: o que será pesquisado especificamente? Em linguagem 
de projeto: qual é o objeto de estudo? A introdução trabalha com a pergunta 
geral: o quê?
A resposta para a pergunta “O que se pretende com essa pesquisa?” é 
chamada de objetivo da pesquisa. O objetivo é o propósito que orientará a 
conduta investigativa. Ele indica os resultados almejados com a pesquisa. Na 
linguagem de projetos, é comum distinguir entre objetivo geral e objetivos 
específicos. O objetivo geral está diretamente ligado ao título da pesquisa — é 
o propósito final da pesquisa. Deve ser formulado de forma clara e breve. 
Do objetivo geral, podem ser destacados alguns objetivos derivados que 
expressarão maior concretude do que se quer alcançar. Sugere-se que sejam 
expressos na forma de verbos no infinitivo e que apresentem coerência lógica 
em suas derivações. Os verbos mais utilizados na formulação dos objetivos, 
tanto geral como específicos, são: 
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa2
identificar descrever determinar
experimentar explicar observar
relacionar analisar selecionar
calcular classificar deduzir
indagar quantificar examinar
As perguntas de fundo que estão em questão na formulação dos objetivos 
são: Por quê? Para quê? Para quem?
Já o problema de pesquisa é uma questão central formulada cientifica-
mente que permitirá descobrir respostas (soluções) de caráter mais geral que 
sejam válidas para as demais situações-problema equivalentes. Perguntas 
como “Quais são as etapas pelas quais atravessa a crise da religião no Oci-
dente?” ou “Em que medida se pode dizer que, na América Latina, não houve 
um processo de desencantamento?” são questionamentos que apresentarão 
respostas gerais aplicáveis a diferentes contextos, podendo gerar novas 
discussões acadêmicas. 
Diferentemente do objeto e do objetivo da pesquisa, o problema deve 
ser formulado como interrogativa. Essa pergunta expressará o motivo da 
pesquisa. De acordo com Cerda Gutiérrez (1993), o problema de pesquisa 
pode ser: uma necessidade que deve ser satisfeita; uma causa que necessita 
explicação ou análise aprofundada; uma relação entre fenômenos; uma 
dificuldade que deve ser superada ou explicada, com o objetivo de neutralizá-
-la; um fenômeno que se considera importante e cujos efeitos se pode ver, 
relacionar e descrever. Para ser formulado de forma correta, um problema 
precisa estar fundamentado em um marco teórico definido. Leitura sistemati-
zada e conhecimento prévio sobre o assunto são requeridos do pesquisador.
Ao formular o problema, inicia-se a redação com as clássicas perguntas: 
Quem? Onde? O quê? Quando? Em que medida? Qual? Como? Por quê? Para 
quê? Essas perguntas podem se referir a pessoas; lugares onde se realiza a 
ação; natureza, quantidade ou qualidade de um fenômeno; determinação ou 
sinalização de algo; maneira de se fazer algo; causas ou motivos; finalidade 
ou objetivo da ação. Para formular problemas de pesquisa, usa-se linguagem 
clara, objetiva e contundente para expressar os limites da pesquisa, que 
podem ser cronológicos, geográficos, teóricos ou metodológicos, deixando 
clara a relação entre as variáveis da pesquisa.
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa 3
O problema de pesquisa não é uma mera curiosidade do pesquisador, 
devendo estar expressamente fundamentado na literatura, sobretudo no 
âmbito da graduação. Isso quer dizer que, na formulação do problema, devem 
ser apresentadas as escolas de pensamento que tratam a temática escolhida. 
O problema de pesquisa é um problema teórico. É preciso identificar, na lite-
ratura, como as teorias abordam o tema e formular a pergunta colocando as 
escolas em diálogo. O pesquisador não encontra a solução individualmente, 
e as respostas virão da literatura reconhecida pela área de estudos.
As autoras Marconi e Lakatos (2017, p. 137) ajudam a diferenciar o 
tema de pesquisa do problema:
[…] determinar com precisão significa enunciar um problema, isto é, determinar 
o objetivo central da indagação. Assim, enquanto o tema de uma pesquisa é uma 
proposição até certo ponto abrangente, a formulação do problema é mais específica: 
indica exatamente qual a dificuldade que se pretende resolver.
Se o problema expressa o embate entre posições teóricas, a hipótese é a 
inclinação do pesquisador por uma das abordagens teóricas, que deverá ser 
devidamente testada ao longo da pesquisa. A hipótese é a resposta possível 
ao problema formulado, o fio condutor da pesquisa. Cada escola teórica tem 
seus conceitos, instrumentos, hipóteses e orientações. Assim, ao formular as 
hipóteses no projeto, o pesquisador deve considerar as formulações internas 
da escola de pensamento escolhida. As hipóteses:
[…] têm por finalidade principal guiar ou motivar uma investigação, propor respostas 
possíveis para um problema, colocar o pesquisador em estado de perturbação 
criadora e em movimento, mobilizar procedimentos metodológicos e ajustá-los 
às assertivas teóricas, ao mesmo tempo em que pode contribuir para a própria 
reconstrução dessas mesmas assertivas (BARROS, 2017, p. 11).
A justificativa da pesquisa responde à pergunta geral: para que serve essa 
pesquisa? Isso deixa claro qual é a sua utilidade e se tal estudo se justifica 
frente à literatura existente. Alguns critérios devem ser atendidos, como os 
listados a seguir. 
 � Conveniência: convém estudar essa temática? Com o que esse estudo 
pode contribuir? 
 � Relevância: qual é a projeção social do tema? Quebenefícios trará 
para a sociedade? Que grupos serão atendidos? 
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa4
 � Questão prática: resolve problemas práticos? Apresenta algum modelo 
de respostas? 
 � Teórico: trabalha alguma lacuna teórica? 
 � Metodológico: contribui como metodologia, método ou ferramenta de 
pesquisa? Sugere alguma abordagem inovadora? 
 � Viabilidade: tem as permissões necessárias e o acesso à informação? 
Há recursos materiais e financeiros para sustentar a pesquisa? 
A justificativa ajuda a aclarar se aquela abordagem já foi realizada e se, 
em última instância, a pesquisa ainda deve ser realizada. Quanto à meto-
dologia, é possível diferenciar três expressões e usá-las de forma precisa: 
metodologia, método e ferramenta. De acordo com O'Leary (2019, p. 26), a 
metodologia diz respeito aos:
[…] arcabouços abrangentes de nível macro que oferecem princípios de raciocínio 
associados com determinados pressupostos paradigmáticos legitimadores de 
diversas escolas de pesquisa. As metodologias fornecem tanto estratégias quanto 
fundamento para a realização de um estudo. 
São exemplos de metodologias: o método científico, a etnografia e a 
pesquisa-ação. Já os métodos, são:
[…] as técnicas reais de nível micro usadas para colher e analisar dados. Entre os 
métodos de coleta de dados estão a entrevista, o levantamento, a observação e 
os métodos inconspícuos, enquanto os métodos de análise compreendem estra-
tégias quantitativas (estatística) e estratégias qualitativas (ou seja, exploração 
temática) (O"LEARY, 2019, p. 26). 
Além de metodologia e método, são necessárias as ferramentas de coleta 
de dados, que devem ser esclarecidas sempre que uma pesquisa é realizada. 
As ferramentas são “[…] os dispositivos usados na coleta de dados para pes-
quisa, tais como questionários, listas de controle de observação e protocolos 
de entrevista” (O'LEARY, 2019, p. 26). A metodologia da pesquisa deve ser 
explicitada com detalhes. 
David Gray descreve e explica as principais metodologias, abordagens 
e ferramentas que são importantes no processo de pesquisa em sua 
obra Pesquisa no Mundo Real (2012).
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa 5
O desenvolvimento deve contextualizar a pesquisa em seu marco teórico, 
cobrindo os antecedentes históricos e os conceitos a serem trabalhados. Não 
pode ser confundido com uma listagem de autores ou de obras científicas. Esse 
elemento tem a ver com um conjunto de conhecimentos, teorias, conceitos e 
categorias que será utilizado como instrumental para responder à pergunta-
-problema da pesquisa. No desenvolvimento, a discussão teórica sobre o 
tema deve ser analisada e ordenada do geral para o particular, articulando 
os diferentes conceitos e mapeando as escolas de pensamento. 
Em um primeiro momento, é importante discorrer sobre os antecedentes 
da pesquisa. Aqui, o processo de constituição do objeto de pesquisa é des-
crito desde a origem até o desenvolvimento, apresentando o mapeamento 
dos estudos anteriores (e dos seus resultados) que estejam relacionados 
com o problema da pesquisa. Devem ser considerados diferentes fontes e 
materiais como livros, artigos, monografias, dissertações, teses, revistas de 
divulgação científica, estatísticas, entre outros. Em um segundo momento, 
deve ser explicado o marco teórico conceitual, quando o pesquisador justifica 
suas escolhas entre as várias escolas de pensamento e apresenta, de forma 
logicamente ordenada, o conjunto de categorias, teorias e definições de que 
fará uso. Os conceitos que serão utilizados na pesquisa devem ser explicados, 
não na forma de um glossário de termos, mas utilizando diferentes autores 
de um mesmo conceito, enriquecendo a fundamentação da pesquisa.
Por último, deve ser apresentada uma lista exaustiva de fontes biblio-
gráficas que comprovam a factibilidade da pesquisa. Artigos acadêmicos, 
teses de doutorado, livros e coletâneas são os principais materiais para a 
pesquisa acadêmica. Contudo, é possível utilizar qualquer outro material, 
como audiovisual, pinturas, documentos e legislação. Deve-se primar por 
fontes fidedignas, ou seja, por publicações que tenham reconhecida qualidade 
acadêmica, como as provenientes de editoras universitárias e comerciais 
de catálogo nacional. Fontes não recomendadas são, por exemplo, blogs e 
sites, como Wikipédia e outras do gênero. Deve-se buscar os repositórios 
da produção qualificada da pós-graduação, como o Catálogo de Teses e 
Dissertações (CAPES), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações 
(BDTD) e Pesquisa de Teses e Dissertações (Domínio Público). As obras devem 
ser listadas em ordem alfabética de autoria seguindo as normas expressas 
na ABNT e no manual próprio da instituição.
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa6
Bancos de teses e dissertações são fontes importantes para proceder 
com a pesquisa bibliográfica. Os documentos ficam disponíveis 
gratuitamente para baixar em PDF. Alguns exemplos de bancos são CAPES, BDTD 
e Domínio Público.
Características do texto científico
Gil (2008, p. 3) apresenta as principais características do conhecimento cien-
tífico que possibilitam identificar o que é ciência: 
A ciência pode ser caracterizada como uma forma de conhecimento objetivo, ra-
cional, sistemático, geral, verificável e falível. O conhecimento científico é objetivo 
porque descreve a realidade independentemente dos caprichos do pesquisador. É 
racional porque se vale sobretudo da razão, e não de sensação ou impressões, para 
chegar a seus resultados. É sistemático porque se preocupa em construir sistemas 
de ideias organizadas racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em 
totalidades cada vez mais amplas. É geral porque seu interesse se dirige fundamen-
talmente à elaboração de leis ou normas gerais, que explicam todos os fenômenos 
de certo tipo. É verificável porque sempre possibilita demonstrar a veracidade 
das informações. Finalmente, é falível porque, ao contrário de outros sistemas de 
conhecimento elaborados pelo homem, reconhece sua própria capacidade de errar.
O conteúdo da ciência é o conhecimento científico. O ser humano, inquieto 
e perplexo perante os fenômenos e coisas que o cerca, em seu esforço por 
explicá-los, pratica a ciência. Para seguir avançando na produção do saber 
científico, é necessário redigir textos não só para a sua averiguação, mas tam-
bém como legado para as próximas gerações. Isso demonstra a importância 
do texto científico, que precisa refletir as mesmas características essenciais 
da ciência (objetivo, racional, sistemático, geral, verificável e falível). Pacheco 
Júnior, Pereira e Pereira Filho (2007) afirmam que praticar ciência é buscar 
conhecimento e descrevem os resultados do conhecimento científico:
� Factual: derivado de fenômenos reais, de toda a existência que se
manifesta de algum modo.
� Sistemático: apresenta uma ordenação lógica de conhecimentos
preexistentes, formando um sistema de pensamentos (teorias), pos-
sibilitando mostrar o encadeamento das ideias que levam ao novo
conhecimento do fenômeno estudado.
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa 7
� Verificável: explicitação da sequência lógica do desenvolvimento do
trabalho, de modo a possibilitar a sua repetição e, assim, verificar o
resultado da hipótese do estudo do fenômeno.
� Contingente: dependente da situação em que o fenômeno é estudado, 
assim, as hipóteses ou proposições têm sua veracidade ou falsidade
conhecida por meio da experimentação metódica. Desse modo, o
contexto em que os resultados são obtidos deve ser explicitado, para 
mostrá-lo e não originar dúvidas.
� Falível: não é considerado definitivo, absoluto ou final por haver con-
textos diferentes para um mesmo fenômeno, exceto nos casos em que a 
teoria é comprovada para todos os contextos, gerando uma lei científica.
� Aproximadamente exato: pode ser reformulado ou reavaliado em razão 
de possíveis outros caminhos para compreender um mesmo fenômeno,com o surgimento de proposições alternativas e o desenvolvimento
de novas técnicas, reduzindo os vieses de análise.
Além de ser uma narrativa escrita sobre algum conceito ou teoria, portanto, 
com base em conhecimento científico, o texto científico também necessita 
de linguagem igualmente científica, com precisão conceitual e objetividade, 
para não gerar ambiguidades. Deve-se manter a linguagem formal e mais clara 
possível. Os textos científicos são normatizados pela ABNT, que padroniza 
formatação, sistema de referências e apresentação da bibliografia. Azevedo 
(2012, p. 15-16) apresenta um decálogo para orientar a redação científica: 
1. Discute ideias e fatos relevantes relacionados a determinado assunto a partir
de um marco teórico bem fundamentado.
2. O assunto tratado é reconhecível e claro, tanto para o autor quanto para os leitores.
3. Tem alguma utilidade, seja para a ciência, seja para a comunidade.
4. Demonstra, por parte do autor, o domínio do assunto escolhido e capacidade
de sistematização, recriação e crítica do material coletado.
5. Diz algo que ainda não foi dito.
6. Indica com clareza os procedimentos utilizados, especialmente as hipóteses
(que devem ser específicas, plausíveis, relacionadas com uma teoria e conter
referências empíricas) com que se trabalhou na pesquisa.
7. Fornece elementos que permitam verificar, para aceitar ou contestar, as con-
clusões a que chegou.
8. Documenta com rigor os dados fornecidos, de modo a permitir a clara identifi-
cação das fontes utilizadas.
9. A comunicação dos dados é organizada de modo lógico, seja dedutiva, seja
indutivamente.
10. É redigido de modo gramaticalmente correto, estilisticamente agradável, fra-
seologicamente claro e terminologicamente preciso.
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa8
O gênero textual mais comum no texto científico é a dissertação. A estru-
tura é simples: introdução, desenvolvimento e conclusão. A dissertação pode 
ser de dois tipos: expositiva ou argumentativa. Na dissertação expositiva, 
o objetivo é mais descritivo e informativo, onde o estudante expõe ideias, 
argumentos e pontos de vista, sem a pretensão de defendê-los ou argumentar 
em seu favor. O propósito é que o leitor seja informado sobre algo, não con-
vencido. Na dissertação argumentativa, há uma busca pelo convencimento 
do leitor, visando persuadi-lo quanto à opinião expressa no texto. Para tanto, 
nele, estão contidos argumentos, provas, dados, afirmações relevantes, entre 
outros aspectos, configurando um texto opinativo. 
Sugere-se organizar a pesquisa em seções menores, com títulos próprios, 
que podem ser visualizadas no sumário do texto final (relatório de pesquisa). 
No projeto, aparecem na “proposta de sumário”, dentro do item metodolo-
gia. Cada título das seções secundárias e terciárias corresponderá a uma 
dissertação. Essas seções em conjunto formarão o texto final do relatório 
de pesquisa. Supondo que cada seção dessas será uma redação de cinco 
parágrafos com dez linhas cada, o primeiro parágrafo seria para apresentar 
a temática na forma de introdução específica; os três seguintes para informar 
o leitor (dissertação expositiva) ou argumentar (dissertação argumentativa); 
e um parágrafo para uma conclusão parcial. 
Considere como exemplo um trabalho acadêmico na forma de artigo, 
em que a seção textual deva ter entre 15 e 20 páginas. A estrutura 
textual, obrigatoriamente, estará dividida em introdução, desenvolvimento 
e conclusão, que pode ser distribuída da seguinte forma: introdução (geral), 
com cerca de duas páginas; desenvolvimento (geral), com cerca de 12 páginas; 
e conclusão (geral), com uma ou duas páginas. O desenvolvimento deve ser 
desmembrado em seções principais e secundárias (ou mesmo terciárias) para 
operacionalizar a construção do texto.
Atendendo ao princípio da simetria e buscando segmentar em seções meno-
res, o desenvolvimento geral foi dividido em três seções principais, e cada uma, 
em duas seções secundárias, de forma que é possível visualizar com clareza os 
seis títulos das seções secundárias. Cada seção secundária tem duas páginas 
e corresponde a uma redação. Cada dissertação tem introdução específica, 
desenvolvimento e conclusão parcial. Pensado dessa forma, o artigo seria a 
articulação de seis dissertações menores muito bem construídas e concatena-
das, de modo a informar o leitor sobre ideias e conceitos e, ao mesmo tempo, 
argumentar e opinar sobre uma temática específica. 
A introdução geral versaria sobre objetivo, problema, hipótese, referencial 
teórico, metodologia, além de apresentar a divisão interna do texto em suas dife-
rentes seções. O desenvolvimento seria o conjunto das dissertações específicas 
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa 9
bem fundamentadas na literatura. A conclusão seria a retomada das conclusões 
parciais de cada seção secundária com o arremate final, buscando responder à 
pergunta que deu origem à pesquisa, avaliando a hipótese levantada no início.
O texto científico é o principal produto da pesquisa científica na área de 
Ciências da Religião e Teologia. Eles podem variar em relação à forma e ao 
conteúdo, bem como em relação à função. Sobre essa diversidade textual, 
tratará o próximo tópico.
Tipos de texto científico
 Os tipos de texto científico que o estudante de graduação poderá 
elaborar são, em especial: fichamento, resumo, resenha, comunicação e 
artigo. Os dois primeiros são muito comuns como atividades específicas 
dentro de uma disciplina, enquanto a resenha pode ser demandada como 
atividade interna do curso ou como produto a ser publicado em periódicos 
acadêmicos. A comu-nicação científica faz parte da inserção do estudante nos 
eventos acadêmicos, e o artigo está, geralmente, relacionado aos trabalhos de 
conclusão de curso ou à publicação em revistas especializadas. Deve-se ter 
em mente que:
[…] os trabalhos científicos devem ser elaborados de acordo com normas prees-
tabelecidas e com os fins a que se destinam, bem como ser inéditos ou originais 
e contribuir não só para a ampliação de conhecimentos, ou a compreensão de 
certos problemas, mas também servir de modelo ou oferecer subsídios para outros 
trabalhos (MARCONI; LAKATOS, 2017, p. 230).
O fichamento é um tipo de texto focado em uma obra específica ou em 
parte dela, como um capítulo ou seção de páginas. Pode ser solicitado como 
trabalho acadêmico em um curso/disciplina ou pode ser elaborado como 
técnica de estudo. Consiste em registrar fiel e organizadamente o conteúdo 
da literatura especializada. Por meio dessa técnica, é possível identificar as 
questões mais relevantes que envolvem o objeto de estudo (OLIVEIRA, 2020). 
O cabeçalho do fichamento é a referência bibliográfica completa segundo 
as normas da ABNT, seguido pelo registro dos principais dados e afirmações 
contidos na obra. Se mais de sete palavras forem transcritas na ordem em que 
aparecem na obra original, elas devem ser registradas entre aspas duplas e 
servirão para o relatório de pesquisa como “citação direta”. Caso o estudante 
sintetize o argumento em suas próprias palavras, aquele pensamento poderá 
ser utilizado no futuro como “citação indireta”. A página correspondente ao 
dado coletado deve ser, obrigatoriamente, indicada, tanto para as transcri-
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa10
ções diretas quanto para as indiretas. O fichamento pode ser segmentado 
por alíneas ou hifens, por tratar-se de excertos de uma obra, configurando 
uma peça importante para a redação tanto do projeto de pesquisa quanto 
para o relatório final. 
O resumo, assim como o fichamento, pode ser solicitado como trabalho 
acadêmico em um curso/disciplina ou como técnica de estudo. Consiste em 
sintetizar o conteúdo da literatura especializada sobre o tema, adquirindo-se 
noção geral sobre o objeto de estudo. Difere do fichamento porque, nele, é 
exigido uma redação coesa, com introdução, desenvolvimento e conclusão. 
A resenha consiste em analisar a literatura especializadasobre o tema 
escolhido. A elaboração de resenhas exercita capacidade de síntese, articu-
lação de ideias, redação técnica, além de fomentar e desenvolver intuições 
a partir de fontes fidedignas. Pode-se dizer que a resenha pressupõe um 
fichamento e elaboração de um resumo, para então se posicionar criticamente 
sobre o assunto. Na resenha, é preciso situar o autor e a obra resenhada em 
relação à escola de pensamento e ao seu lugar na literatura. A partir dessa 
visão macro, é possível captar as propostas no nível micro, ou seja, no texto 
propriamente dito.
Caso pretenda elaborar resenhas para a publicação em periódicos, é 
preciso observar as normas próprias dessas revistas que, em geral, aceitam 
resenhas sobre obras com menos de dois anos de publicação. Ler resenhas 
publicadas em revistas científicas ajuda a compreender esse gênero textual. 
Em geral, não ultrapassa quatro páginas, independentemente da extensão 
da obra resenhada. O objetivo dessa resenha é tecer, de maneira sintética, 
uma crítica para orientar o público sobre determinada obra publicada recen-
temente (OLIVEIRA, 2020). Conforme aponta Marconi e Lakatos (2017, p. 282):
[…] no campo da comunicação técnica e científica, a resenha é de grande utilidade, 
porque facilita o trabalho de seleção de obras que poderão servir como embasa-
mento da pesquisa a ser realizada por um estudioso. Com base nas informações 
dela constantes, ele pode decidir sobre a leitura ou não da obra.
A comunicação científica – ou simplesmente comunicação – é uma moda-
lidade formal de divulgar as pesquisas acadêmicas. Acontece na forma oral, 
em eventos acadêmicos, depois de o resumo (e, em alguns casos, o texto 
completo) ter sido aprovado por um comitê científico. Costuma dispor de 
10 minutos de apresentação e de um tempo para debates. É imprescindível 
redigir o texto e recomendável a sua leitura na apresentação, contendo 
título, resumo, palavras-chave, introdução, desenvolvimento, conclusão 
e referências. Quanto ao tamanho, deve ter entre quatro e seis páginas. 
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa 11
Algumas instituições publicam esses textos na forma de anais de eventos, 
permitindo ampliar o texto após a apresentação, presumindo-se que, durante 
as discussões, houve melhorias na abordagem e aprofundamento. Quanto à 
forma, segue o mesmo padrão dos artigos. 
Uma comunicação pode ser aprofundada e transformar-se em um artigo 
para publicação em periódicos. É esperado que a comunicação seja reescrita 
e ampliada para compor um relatório de pesquisa. Não é permitido replicar 
literalmente no trabalho de conclusão de curso o texto de uma comunicação 
que foi publicada em anais ou de um artigo que tenha sido publicado em pe-
riódico, sob risco de plágio, especificamente, o autoplágio. Se houver apenas 
comunicação verbal, o texto produzido pode ser integralmente incorporado 
no relatório. Se a comunicação foi escrita em coautoria, ela não poderá ser 
integrada ao trabalho de conclusão de curso, devendo ser tratada como 
qualquer outra fonte de terceiros.
O artigo acadêmico é uma apresentação sintética dos resultados de uma 
pesquisa. Norteado por uma pergunta-problema de ordem teórica, o texto 
faz uma reflexão fundamentada em um quadro teórico específico e com 
um percurso metodológico claro. O gênero artigo exige que o pesquisador 
tenha um elevado conhecimento do objeto de estudo para sintetizá-lo de 
forma sistemática e objetiva. Nunca deve-se encaminhar o texto final para 
avaliação sem ter passado por uma revisão do texto. Marconi e Lakatos (2017, 
p. 276) afirmam: 
[…] concluído um trabalho de pesquisa – documental, bibliográfico ou de campo –, 
para que os resultados sejam conhecidos, faz-se necessária sua publicação. Esse 
tipo de trabalho [artigo] proporciona não só a ampliação de conhecimentos, como 
também a compreensão de certas questões.
Quanto à originalidade do texto, é importante ressaltar: 
Original não é o texto que dá cambalhotas (na cabeça do leitor), mas tão somente 
aquele redigido de modo autônomo, agradável e criativo. Autônomo é o texto que 
não depende em demasia das fontes utilizadas, mas procura reescrever de modo 
independente as ideias tomadas por empréstimo. Agradável é o texto escrito de 
modo a despertar o interesse do leitor, e criativo é o texto capaz de dizer as coisas, 
até as já sabidas, a partir de perspectiva nova. Ser original é evitar o recurso fácil das 
frases feitas, dos lugares comuns e dos jargões profissionais (AZEVEDO, 2012, p. 17). 
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa12
O artigo acadêmico para submissão em revistas científicas deve observar 
rigorosamente as exigências quanto à forma de cada revista, uma vez que 
existem distintos modelos e exigências. Em geral, os artigos para revistas 
acadêmicas exigem um título em português seguido do respectivo título em 
inglês, autoria, resumo (cerca de 200 palavras), palavras-chave (três a cinco 
expressões que indiquem os campos da pesquisa para indexação), abstract, 
keywords, introdução, desenvolvimento (com seções numeradas), conclusão 
e referências (lista em ordem alfabética segundo a autoria de todas as obras 
citadas no texto).
Referências
AZEVEDO, I. B. O prazer da produção científica: passos práticos para a produção de 
trabalhos acadêmicos. 13. ed. São Paulo: Hagnos, 2012.
BARROS, J. A. As hipóteses nas ciências humanas: aspectos metodológicos. Petrópolis: 
Vozes, 2017.
CERDA GUTIÉRREZ, H. Los elementos de la investigación: como conocerlos, diseñarlos 
y construirlos. Quito: Abya Yala, 1993.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. São 
Paulo: Atlas, 2017.
O’LEARY, Z. Como fazer seu projeto de pesquisa: guia prático. Petrópolis: Vozes, 2019.
OLIVEIRA, D. M. Manual de normas para trabalhos acadêmicos. Vitória: Unida, 2020.
PACHECO JÚNIOR, W.; PEREIRA, V. L. D. V.; PEREIRA FILHO, H. V. Pesquisa científica sem 
tropeços: abordagem sistêmica. São Paulo: Atlas, 2007.
Leitura recomendada
GRAY, D. E. Pesquisa no mundo real. 2. ed. Porto Alegre: Penso, 2012.
Reconhecimento das partes de um projeto de pesquisa 13

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