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Inflamaçã� A inflamação consiste numa complexa e eficiente ferramenta de eliminação de patógenos, como agentes infecciosos, e de tecido lesado do organismo o protegendo. Essa resposta envolve uma série de elementos em nosso corpo, como células do hospedeiro, vasos sanguíneos, mediadores químicos, com objetivo de destruir a causa da lesão celular, além de outras células e tecidos necróticos oriundos da lesão original. Sem o seu auxílio, as infecções progrediriam sem controle em nosso sistema e nossas feridas, originadas por conta de uma lesão prévia, não cicatrizariam. Embora seu valor seja benéfico, a reação inflamatória e o processo seguinte de reparo podem causar danos. Dessa forma, além de eliminar micróbios, toxinas e tecidos necróticos, a exacerbação de seu processo pode também eliminar tecidos normais. Isso pode ocorrer em três casos: quando a reação se torna muito forte (ex:infecção acentuada); quando ela se tornar prolongada (ex.: resistência do patógeno à inflamação); ou inapropriada (ex.: em casos autoimunes onde há reação cruzada). A febre reumática consiste numa sequela autoimune pós-estreptocócica que pode ocorrer tardiamente em indivíduos já expostos a Streptococcus pyogenes. Sua fisiopatologia consiste na reação cruzada em que o próprio anticorpo ou células T autorreativas reagem destruindo o tecido do próprio corpo, principalmente o endocárdio, por confundir uma proteína do tecido cardíaco com a proteína M, patógeno específico desse tipo de bactéria beta hemolítica do grupo A. Dessa forma, há a formação de um quadro inflamatório no tecido cardíaco (endocardite infecciosa), que causa um dos principais sintomas: febre. Em relação às características da inflamação, elas podem ser aguda ou crônica: Etapa� d� reaçã� inflamatóri� A inflamação é induzida por mediadores químicos liberados por nossas células como resposta a identificação de um hospedeiro possivelmente hostil para nosso organismo. Tal processo ocorre seguindo algumas etapas, de tal modo que juntos orquestrem uma cascata de eventos a fim de promoverem a resposta. São elas: Identificação de um antígeno possivelmente hostil (agentes infecciosos ou tecido necrótico) por células do hospedeiro como macrófago, células dendríticas, mastócitos, etc.; Após a identificação, ocorre a secreção de mediadores químicos (ex.:citocinas), por essas células ou proteínas plasmáticas, regulando a reação inflamatória; Com a secreção desses reguladores, há uma indução das alterações hemodinâmicas (vasodilatação dos pequenos vasos sanguíneos) e, consequentemente, recrutamento dos leucócitos circulantes (liberação de plasma por conta da dilatação); Por fim, logo após seu recrutamento, temos a ativação dos leucócitos e tentativa de remoção do patógeno. Vale ressaltar que também há possibilidade de efeitos colaterais como a lesão dos tecidos adjacentes ao local inflamado e/ou disseminação sistemática deste. Inflamaçã� agud�: A inflamação aguda consiste numa resposta rápida que leva os elementos inflamatórios, como leucócitos e proteínas plasmáticas, para a lesão. Uma vez digeridos, se dá início ao processo de limpeza dos tecidos necróticos. Tal resposta pode ser estimulada por vários fatores, como: infecções (por bactérias, vírus, fungos e parasitas); traumas (corte ou penetração) e agentes químicos/físicos (toxinas, lesão térmica); necrose tecidual (isquemia, por exemplo); corpo estranho (farpas, suturas, etc.); e reações imunológicas (conhecida também de reações de hipersensibilidade). Dessa forma, a inflamação aguda, durante o decorrer de seu processo, possui dois principais componentes: ● Alterações vasculares: Consistem no aumento do calibre dos capilares (vasodilatação) e na alteração na conformação da parede dos vasos (aumento da permeabilidade vascular); ● Eventos celulares: Consistem na saída de leucócitos da microcirculação para o foco da lesão (recrutamento e ativação dos leucócitos), tornando-os aptos para a eliminação do patógeno agressor. Na inflamação aguda, seus principais leucócitos atuantes são os neutrófilos. Alteraçõe� vasculare� Dentre as alterações vasculares principais da reação inflamatória aguda, são destacados o aumento do fluxo sanguíneo e aumento da permeabilidade vascular. Ambos os processos objetivam trazer as células sanguíneas e proteínas séricas para o sítio onde a inflamação está ocorrendo. As alterações no fluxo do sangue ocorrem após o contato com o patógeno ou lesão do tecido. Inicialmente, ocorre uma vasoconstrição transitória por segundos, sendo rapidamente sucedido por uma vasodilatação das arteríolas. Tal resposta desencadeia no aumento de fluxo sanguíneo no leito capilar. Macroscopicamente, isso gera no local vermelhidão (eritema) e calor. A perda de fluido e o diâmetro do vaso aumentado levam à lentificação do fluxo sanguíneo, concentração de hemácias nos pequenos vasos e viscosidade aumentada do sangue (estase). Já em relação ao aumento da permeabilidade vascular, esse evento ocorre diante de alterações estruturais na microcirculação, permitindo que proteínas plasmáticas e neutrófilos. Essas alterações são reflexas das se- guintes atividades: ● Contração das células endoteliais, resultando em espaços interendoteliais aumentados; ● Injúria endotelial, resultando em necrose da célula endotelial e desprendimento; ● Injúria vascular mediada por leucócito; ● Transcitose de proteínas aumentada pela formação de canais de membrana. Esses dois processos favorecem a saída de líquido rico em proteínas e neutrófilos para o tecido extravascular. Tal concentração de soluto provoca uma pressão osmótica do líquido intersticial (terceiro espaço), que aumenta o fluxo de plasma para o tecido. Esse acúmulo de líquido rico em proteínas séricas é chamado de exsudato. Diferente do transudato, resultante do aumento de pressão hidrostática quando há redução do retorno venoso, que consiste nesse acúmulo sem a presença de proteínas. Vale destacar que esse acúmulo no tecido inflamado resulta no edema. Os vasos linfáticos também respondem aos processos inflamatórios, contribuindo com o aumento do fluxo linfático, auxiliando a drenagem do fluido do edema, dos leucócitos e restos celulares intersticiais. Em infecções mais severas, também atuam como via de disseminação do agente patógeno. Assim, a resposta inflamatória exacerbada no sistema linfático pode ser caracterizada por linfangite (inflamação dos vasos linfáticos) e por linfadenite (inflamação dos linfonodos). Na clínica, tais inflamações são percebidas, respectivamente, por presenças de estriações vermelhas vizinhas ao sítio inflamatório e por aumento doloroso do linfonodo. Event�� celulare� Como foi dito, um dos objetivos principais da resposta inflamatória consiste em transportar os leucócitos até o local da reação e ativá-los logo após sua chegada, destruindo agentes infecciosos e eliminando tecido necrótico e antígenos estranhos. Embora eficaz, caso seja exagerada, tal resposta pode levar a uma lesão tecidual, prejudicando os tecidos normais do organismo. Um exemplo que temos dessa resposta inflamatória patológica exacerbada é o choque séptico. Ele consiste na redução crítica da perfusão tecidual, que pode ocorrer falência aguda de múltiplos órgãos resultante de uma sepse (resposta desregulada a infecções). Na emergência, podemos inferir seu diagnóstico clínico a partir dos seguintes sinais e sintomas: febre, hipotensão, oligúria e confusão. Junto desse quadro sintomatológico, deve-se atribuir a presença de uma inflamação local prévia (ex.: osteomielite). No entanto, fechamos o diagnóstico de sepse a partir de um score que teria sinais de choque. Tal triagem corresponde aos critérios qSOFA: ● Frequência respiratória ≥ 22/min ● Estado mental alterado ● PA sistólica ≤ 100 mm Hg. Assim, o recrutamento de leucócitos segue as seguintes etapas, do lúmen vascular até o espaço intersticial: 1. A partir da estase, ocorre a marginalização dos leucócitos; 2. Dessa forma, o endotélio é ativado e passa a expressar selectinas, que interagem com as selectinas dos leucócitos,permitindo sua adesão ao endotélio; 3. Agora, já aderidos, isso permite o rolamento dos leucócitos sob o endotélio; 4. Após o rolamento, há uma ligação de integrinas do endotélio com integrinas dos leucócitos, permite uma adesão mais firme. A partir desse momento, os leucócitos param de rolar e seus citoesqueletos são reorganizados e eles se espalham para fora da superfície endotelial; 5. Assim, ocorre a diapedese dos leucócitos; 6. Tal projeção facilita a migração nos tecidos em direção aos estímulos quimiotáticos a partir da liberação de quimiocinas endógenas (ex.: moléculas do sistema complemento, ácido araquidônico e citocinas) ou exógenas (ex.: metabólicos bacterianos). Uma vez recrutados no sítio da inflamação aguda, os leucócitos (ex.: neutrófilos) devem ser ativados para realizar suas funções. Sendo assim, as respostas leucocitárias seguem os seguintes padrões: ● Reconhecimento dos agentes agressores através de mediadores químicos: Acoplam as moléculas-sinal que iniciam a ativação leucocitária.Temos os seguintes tipos de receptores: ● Receptores tipo Toll-like: Associado a cinase, reconhecem os produtos de diferentes classes de microrganismos e são responsáveis pela amplificação da resposta inflamatória e pela morte de micróbios ● Receptores ligados à proteína G: Induzem como resposta celular mudanças do citoesqueleto e transdução do sinal por quimiotaxia, sendo responsáveis pela adesão leucocitária ao endotélio e sua migração para o tecido inflamado; ● Receptores de citocina: Mesma funções do receptor Toll-like, mas seu reconhecimento é por citocinas, como IFN-γ (interferon gama); ● Receptores fagocíticos: Responsável pela opsonização de organismos cobertos por complementos ab e lectinas. 1. Ativação leucocitária através de vias de sinalização: Com os processos de sinalização iniciados no citoplasma, há um aumento de cálcio intracelular, ativando enzimas (proteína quinase C e fosfolipase A2) que tornam os neutrófilos atuantes. 2. Respostas funcionais: A partir disso, temos uma série de atividades metabólicas que essas células realizam durante a inflamação, como: produção de metabólitos do ácido araquidônico (leucotrienos, tromboxanos e prostaglandinas); degranulação e secreção de enzimas lisossomais e ativação do surto oxidativo; secreção de citocinas produzidas pelos macrófagos; modulação das moléculas de adesão leucocitária; e fagocitose. A fagocitose é o processo de ingestão e degradação de partículas sólidas englobadas por uma célula. Ela é uma das formas principais na qual o neutrófilo e macrófago atuam para combater os patógenos durante a inflamação. Ela consiste nas seguintes etapas: ● Primeiro, ocorre ligação e reconhecimento da partícula que ser ingerida, a partir da ativação de receptores de manose, de receptores para opsoninas e de receptores limpadores; ● Feito isso, há o englobamento a partir de pseudópodes que permitem a formação do fagossomo; ● Esse fagossomo se funde com o lisossomo formando o fagolisossomo; ● Sendo assim, ocorre a destruição do microrganismo a partir da ação de espécies reativas de oxigênio antes presentes no lisossomo. As respostas celulares e teciduais durante uma inflamação aguda, a depender da etiologia do patógeno e do sítio inflamatório, repercutem em sintomas e sinais distintos. Por exemplo, caso o paciente apresenta tosse com catarro amarelado/esverdeado, dor torácica ao tossir, febre alta, dispneia, podemos suspeitar de uma pneumonia bacteriana. Para confirmar o diagnóstico desse processo inflamatório, podemos pedir uma radiografia de tórax em PA, onde encontraremos uma área radiopaca nos lobos acometidos por essa inflamação. Padrõe� morfológic�� Esses processos da inflamação aguda são refletidos macroscopicamente na aparência morfológica do tecido afetado. Sendo que tal aparência depende de variáveis como gravidade da inflamação, sua etiologia e o tipo do tecido lesionado. Assim, é importante termos conhecimentos dos padrões morfológicos, para podermos correlaciona-los com o raciocínio clínico. A inflamação serosa apresenta um padrão de exsudado de aspecto aquoso, límpido e pobre em elementos celulares e proteínas, se originando do plasma sanguíneo ou de secreções de células mesoteliais que revestem cavidades peritoneal, pericárdica, pleural. Ocorre, por exemplo, numa queimadura de segundo grau ou infecção viral, através de bolhas cutâneas. Já a inflamação fibrinosa, apresenta um exsudato fibrinoso e com alta celularidade que origina placas esbranquiçadas sobre as mucosas e serosas no espaço extracelular, sendo característicos de locais de revestimentos corporais, como meninges, pericárdio e pleura. Vale ressaltar que, caso não seja retirado toda a fibrina durante o reparo da inflamação, pode levar a um processo de cicatrização com crescimento de fibroblastos e angiogêneses. Diferente das demais, a inflamação supurativa ou purulenta é caracterizada pela formação de grande quantidade de pus ou exsudato purulento consistindo em neutrófilos, necrose liquefativa e fluido de edema. É causada por infecções de bactérias piogênicas. Por fim, temos a úlcera, que consiste num defeito local, ou escavação, da superfície de um órgão ou tecido, que é produzida por perda do tecido necrótico inflamado. É valido sabermos que, no estágio agudo, existe um intenso infiltrado polimorfonuclear e dilatação vascular. Mas com a cronicidade, as margens e as bases da úlcera desenvolvem proliferação fibroblástica, cicatrização, e acúmulo de linfócitos, macrófagos e células do plasma. Mediadore� químic�� Já estudamos como funcionam as alterações vasculares e eventos celulares da inflamação aguda, além do padrão morfológico que elas podem se manifestar em nosso organismo. Por fim, resta entendermos quais são os principais mediadores químicos, moléculas responsáveis por esses processos inflamatórios. Então, os mediadores são produzidos tanto no local da inflamação quanto pelas células defensoras ou por proteínas plasmáticas lançadas na corrente sanguínea. Uma vez ativados, essas substâncias atuam por um curto espaço de tempo, diante a sua pequena meia-vida, podendo ativar a estimulação de outro mediador. Além disso, essas moléculas atuam a fim de induzir efeitos inflamatórios por meio de suas ligações a receptores específicos, como já abordamos acima. Dentre os tipos de mediadores químicos, temos como principais: aminas vasoativas; metabólitos do ácido araquidônico (eicosanoides); fator ativador de plaquetas (PAF); óxido nítrico (NO); citocinas; quimiocinas; complemento; cininas; e proteases. As aminas vasoativas são armazenadas como moléculas pré-formadas nas células. São em número de duas principais: Histamina: É liberada a partir da degranulação de mastócitos em resposta a uma variedade de estímulos. Ela causa vasodilatação e aumenta a permeabilidade vascular; Serotonina: Está presente nas plaquetas e células neuroendócrinas. Ela é liberada a partir da agregação plaquetária, que é o componente-chave da coagulação. A histamina consiste num mediador produzido pelo nosso organismo em resposta à presença de alérgeno, ou seja, patógeno responsável por induzir uma reação de hipersensibilidade (reação alérgica). Dessa forma, nas pessoas expostas ao alérgeno, elas começam a desenvolver sintomas de intolerância histamina, como: cólicas abdominais, dor de estômago, diarreia, flatulência, cefaleia, urticária, asma, dispneia, coriza, prurido ocular, taquicardia, tonturas. Todo esse quadro decorre através de produção exacerbada de histaminas, através dos mastócitos estimulados pelo anticorpo IgE, causando respostas autoimune em nosso organismo, como prurido, constrição das vias áreas, vasodilatação e aumento da secreção gástrica. Os eicosanóides são moleculares criadas a partir da metabolização do ácido aracdônico, em que estímulos químicos ou físicos (lesão) fazem com que a enzima fosfolipase A2 transforme os fosfolipídios da membrana celular nesse ácido. Por sua vez, esse ácido ainda é degradado por dois tipos enzimáticos: lipoxigenase e cicloxigenase (COX),formando, respectivamente, leucotrienos (que podem se tornar ou não lipoxinas) e prostaglandinas (divididas em prostaciclina e tromboxano). ● Leucotrienos: Consiste numa potente molécula quimiotática, que atua no aumento da permeabilidade vascular, na produção de citocinas e estimulando agregação plaquetária; ● Lipoxinas: Atua na inibição do recrutamento de neutrófilos no epitélio e da quimiotática dos mesmos; ● Prostaciclinas: Produzida por mastócitos, macrófagos e células endoteliais, atua tanto na inibição da agregação plaquetária e na vasodilatação, além de participar da indução de dor e febre; ● Tromboxanos: Produzido por plaquetas, essas moléculas estimulam a agregação plaquetária e na vasoconstrição. O estudo dessa cascata inflamatório é de extrema importância para a descoberta dos anti-inflamatórios, que agem de forma a inibirem, retardarem ou bloquearem o processo inflamatório, a partir do bloqueio ou inativação da produção dos eicosanoides. Existe duas vias de atuação desses fármacos: ● Esteroidal: inibe a transcrição gênica da fosfolipase A2; ● Não esteroidal (AINE): inibem a ação da COX: - Seletivo – inibe COX2 - Não seletivo – inibe COX1 e COX2 Vale relembrar que: COX1 é constitutiva e tem como funções: homeostasia vascular (produção plaquetária), manutenção do fluxo sanguíneo renal e gastrointestinal e produção da mucosa gástrica; já a COX2 é induzível e tem como funções provocar: febre, aumento da temperatura, dor, transdução de estímulos dolorosos e adaptação renal a estresses. O PAF, liberado por plaquetas, basófilos, mastócitos, macrófagos e células endoteliais, atua na vasoconstrição, broncoconstrição, aumento da ade- são leucocitária, quimiotaxia e síntese de outros mediadores na inflamação. Já o NO, produzido pelas células endoteliais e por macrófagos, consiste num mediador que provoca vasodilatação, sendo um mecanismo endógeno no controle da resposta inflamatória. As citocinas, produzidas por macrófagos, endotélios e mastócitos, atua tanto de forma local, ativando o tecido endotelial por aumentar a expressão gênica de moléculas de adesão, como de forma sistêmica, induzindo febre, anormalidades metabólicas e hipo- tensão. Suas formas principais na inflamação aguda são TNF, IL-1 e IL-6. Por fim, as quimiocinas, produzidas por leucócitos e macrófagos ativados, atuam na quimiotaxia e na ativação leucocitária já abordada. Já como mediadores inflamatórios produzidos no fígado, estando presentes no plasma sanguíneo, temos: ● Complemento: Atua na ativação e quimiotaxia leucocitária, opsonização através do MAC (formando o complexo de ataque a membrana) e na vasodilatação por estímulos de mastócitos ● Cininas: Aumentam a permeabilidade vascular, realizam a contração do músculo liso, vasodilatação e provocam dor; ● Proteases: Ativadas durante a coagulação, esses mediadores atuam ativando o endotélio e recrutando os leucócitos adjacentes. Inflamaçã� crônic� Pa�ticipaçã� d�� macrófag�� O macrófago atua como o jogador celular predominante nessa inflamação. Eles surgem a partir de um precursor na medula óssea, que dá origem aos monócitos. No sangue, os monócitos (que possuem meia vida = 1 dia) migram para vários tecidos e se diferenciam em macrófagos (prolongando sua meia vida em meses ou anos). Esse processo de maturação do monócito em macrófago ocorre de forma parecida com o recrutamento de neutrófilos na inflamação aguda. Chegando no local da inflamação, os macrófagos são ativados a partir de duas vias principais com estímulos distintos: a clássica e a alternativa. A via clássica ocorre a partir do receptor do tipo Toll e tem como molécula sinal para sua ativação o IN-F-gama. Sua função é de formar macrófago pró-inflamatório, que atua provocando inflamação patológica e ações microbicidas, como fagocitose e morte de fungos e bactérias. Isso ocorre através da produção dos seguintes mediadores: proteases, citocinas e quimiocinas, fatores de coagulação, espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. Já a via alternativa, ocorre a partir das moléculas IL-14 e IL-4, produ- zindo efeitos anti-inflamatórios, como reparo tecidual e fibrose, através dos seguintes mediadores: fatores de crescimento; colágeno; fatores angiogênicos; citocinas fibrinogênicas, a fim de promover reorganização tecidual. Sendo assim, quando ativo, o macrófago adquire as seguintes características: tamanho maior; cromatina menos densa; aumento da síntese proteica; aumento dos níveis de enzimas lisossomais; maior capacidade e fagocitar e destruir; ativação metabólica. Após assumir essa conformação diferenciada, o macrófago começa a assumir as seguintes funções: ingestão e eliminação de microrganismos e tecidos mortos; iniciam o processo de reparo tecidual; secretam mediadores químicos da inflamação; apresentação de antígenos aos linfócitos T; e resposta aos sinais linfocitários. Após sua ativação (que permitiu a esse tipo celular a aquisição da conformação e funcionalidade), os macrófagos iniciam seu processo de proliferação, aumentando a produção de citocinas e lipídios oxidados que estimulam mais e mais essa atividade. Embora o macrófago seja a estrela da inflamação crônica, seu infiltrado celular também é composto de linfócitos T que, quando ativados, têm uma importante função na modulação do macrófago por meio de um feedback entre esses tipos leucocitários. Ou seja: O linfócito T ativado, ao secretar quimiocinas, TNF e interleucina 17 (IL- 17), recrutam leucócitos, dentre os quais, temos o macrófago; Além disso, outra função do linfócitoT já abordada é ativação dos macró- fagos pela liberação de INF-gama; Por fim, esse macrófago ativado também atua estimulando as células T ao apresentarem o antígeno por via citocinas, como a IL-12. Ma� � qu� � � inflamaçã� crônic�? A inflamação crônica é um processo inflamatório de longa duração (semanas a meses), em que a inflamação, destruição tecidual, tentativa de reparo, angiogênese e fibrose coexistem em variadas combinações. Ela pode ser precedida de uma inflamação aguda, ou pode se iniciar insidiosamente. Em relação a suas características, ela desencadeia resposta específica, por conta do uso de infiltrados mononucleares como macrófagos e linfócitos (o primeiro apresenta o patógeno específico de uma inflamação X para a outra célula). Embora os neutrófilos sejam característicos da inflamação aguda, muitas inflamações crônicas continuam a apresentar elevados índices de neutrófilos; Nela, como foi dito, há destruição tecidual induzida pela persistência do agente nocivo ou pelas células inflamatórias, repercutindo num reparo tecidual, fibrose e angiogênese, na tentativa de habituar o tecido lesado a exposição do patógeno. Da mesma forma que a aguda, também há produção de mediadores químicos, participando da modulação/feedback entre seus elementos do infiltrado celular. Esse processo inflamatório surge nas seguintes situações: infecções persistentes por bactérias, fungos, vírus, parasitas, doenças autoimunes, exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos, como sílica e lipídios tóxicos do plasma. Ocorre, por exemplo, na tuberculose, asma, sífilis, hanseníase, aterosclerose, doença de chagas, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico. As duas últimas patologias participam do grupo das síndromes reumatológicas, ou seja, reúnem conjunto de sinais e sintomas que acometam articulações, principalmente, além de músculos e ossos. As dores e restrições de movimento são de extrema importância para fundamentação de tais quadro clínicos: A�trit� reumatoid� Consiste numa doença autoimune inflamatória crônica originada por uma sinovite proliferativa não purulenta que progride a destrói a cartilagem articular e tecido ósseo adjacente; Seu quadro clínico possui manifestações locais, como dor, edema, eritema, deformidade, movimentação limitada; e manifestações sistêmicas, como febre, fraqueza e mal-estar. Na radiografia de mão em pacientes com tal patologia, encontramos como achados: osteopenia difusa, perda acentuada dos espaços das articulações do carpo, metacarpo,falange e interfalange (anquilose), erosões de osso periarticular e deslocamento ulnar dos dedos Lúpu� eritemat�s� sistêmic� (LES) Embora tenha uma fisiopatologia ainda misteriosa, ela está relacionada à anormalidade imunológicas e à produção de autoanticorpos antinucleares que acabam se juntando aos seus antígenos específicos, formando imunocomplexos que podem se depositar ao longo de qualquer segmento do nosso organismo. Os sintomas sinais principais do LES são: Febre, cansaço, mal-estar, perda de peso; artrite; pleurisia, pericardite; vasculite; inflamação dos gânglios linfáticos; dores e inflamações musculares; mancha avermelhada em forma de borboleta no rosto (eritema malar); e úlceras na boca, faringe e nariz; Portanto, esse doença possui caráter multissistêmico. Inflamaçã� crônic� granulomat�s� A inflamação granulomatosa é um padrão distinto de inflamação crônica, caracterizado pela presença um granuloma. Essa adaptação histológica se apresenta como esforço celular para conter um agente agressor que é difícil de erradicar. Está presente na tuberculose, sífilis, lepra, sarcoidose, doença de Crohn, doença da arranhadura do gato. O granuloma pode ser classificado: ● Imunológico: A partir de reação imune mediada por células, dependa da ação do linfócito T; ● Do tipo corpo estranho: A partir da presença de material estranho não digerível, independente de linfócito T. O constituinte principal e obrigatório dos granulomas é a célula epitelióide: é um macrófago aumentado de volume, com núcleo alongado, de cromatina frouxa, lembrando o de um fibroblasto. Porém, ao contrário dos fibroblastos, tem citoplasma abundante e róseo, embora de limites imprecisos. Outro componente muito comum, embora não obrigatório, dos granulomas é a célula gigante ou gigantócito. Trata-se de um macrófago volumoso com dezenas de núcleos.
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