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Inflamação

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Inflamaçã�
A inflamação consiste numa complexa e eficiente ferramenta de eliminação de patógenos,
como agentes infecciosos, e de tecido lesado do organismo o protegendo. Essa resposta
envolve uma série de elementos em nosso corpo, como células do hospedeiro, vasos
sanguíneos, mediadores químicos, com objetivo de destruir a causa da lesão celular, além
de outras células e tecidos necróticos oriundos da lesão original.
Sem o seu auxílio, as infecções progrediriam sem controle em nosso sistema e nossas
feridas, originadas por conta de uma lesão prévia, não cicatrizariam. Embora seu valor seja
benéfico, a reação inflamatória e o processo seguinte de reparo podem causar danos.
Dessa forma, além de eliminar micróbios, toxinas e tecidos necróticos, a exacerbação de
seu processo pode também eliminar tecidos normais. Isso pode ocorrer em três casos:
quando a reação se torna muito forte (ex:infecção acentuada); quando ela se tornar
prolongada (ex.: resistência do patógeno à inflamação); ou inapropriada (ex.: em casos
autoimunes onde há reação cruzada).
A febre reumática consiste numa sequela autoimune pós-estreptocócica que pode ocorrer
tardiamente em indivíduos já expostos a Streptococcus pyogenes. Sua fisiopatologia consiste
na reação cruzada em que o próprio anticorpo ou células T autorreativas reagem destruindo
o tecido do próprio corpo, principalmente o endocárdio, por confundir uma proteína do tecido
cardíaco com a proteína M, patógeno específico desse tipo de bactéria beta hemolítica do
grupo A. Dessa forma, há a formação de um quadro inflamatório no tecido cardíaco
(endocardite infecciosa), que causa um dos principais sintomas: febre.
Em relação às características da inflamação, elas podem ser aguda ou crônica:
Etapa� d� reaçã� inflamatóri�
A inflamação é induzida por mediadores químicos liberados por nossas células como
resposta a identificação de um hospedeiro possivelmente hostil para nosso organismo. Tal
processo ocorre seguindo algumas etapas, de tal modo que juntos orquestrem uma cascata
de eventos a fim de promoverem a resposta. São elas:
Identificação de um antígeno possivelmente hostil (agentes infecciosos ou tecido
necrótico) por células do hospedeiro como macrófago, células dendríticas, mastócitos, etc.;
Após a identificação, ocorre a secreção de mediadores químicos (ex.:citocinas), por
essas células ou proteínas plasmáticas, regulando a reação inflamatória;
Com a secreção desses reguladores, há uma indução das alterações hemodinâmicas
(vasodilatação dos pequenos vasos sanguíneos) e, consequentemente, recrutamento dos
leucócitos circulantes (liberação de plasma por conta da dilatação);
Por fim, logo após seu recrutamento, temos a ativação dos leucócitos e tentativa de
remoção do patógeno.
Vale ressaltar que também há possibilidade de efeitos colaterais como a lesão dos tecidos
adjacentes ao local inflamado e/ou disseminação sistemática deste.
Inflamaçã� agud�:
A inflamação aguda consiste numa resposta rápida que leva os elementos inflamatórios,
como leucócitos e proteínas plasmáticas, para a lesão. Uma vez digeridos, se dá início ao
processo de limpeza dos tecidos necróticos.
Tal resposta pode ser estimulada por vários fatores, como: infecções (por bactérias, vírus,
fungos e parasitas); traumas (corte ou penetração) e agentes químicos/físicos (toxinas,
lesão térmica); necrose tecidual (isquemia, por exemplo); corpo estranho (farpas, suturas,
etc.); e reações imunológicas (conhecida também de reações de hipersensibilidade).
Dessa forma, a inflamação aguda, durante o decorrer de seu processo, possui dois
principais componentes:
● Alterações vasculares: Consistem no aumento do calibre dos capilares
(vasodilatação) e na alteração na conformação da parede dos vasos (aumento da
permeabilidade vascular);
● Eventos celulares: Consistem na saída de leucócitos da microcirculação para o foco
da lesão (recrutamento e ativação dos leucócitos), tornando-os aptos para a
eliminação do patógeno agressor. Na inflamação aguda, seus principais leucócitos
atuantes são os neutrófilos.
Alteraçõe� vasculare�
Dentre as alterações vasculares principais da reação inflamatória aguda, são destacados o
aumento do fluxo sanguíneo e aumento da permeabilidade vascular. Ambos os processos
objetivam trazer as células sanguíneas e proteínas séricas para o sítio onde a inflamação
está ocorrendo.
As alterações no fluxo do sangue ocorrem após o contato com o patógeno ou lesão do
tecido. Inicialmente, ocorre uma vasoconstrição transitória por segundos, sendo
rapidamente sucedido por uma vasodilatação das arteríolas. Tal resposta desencadeia no
aumento de fluxo sanguíneo no leito capilar. Macroscopicamente, isso gera no local
vermelhidão (eritema) e calor. A perda de fluido e o diâmetro do vaso aumentado levam à
lentificação do fluxo sanguíneo, concentração de hemácias nos pequenos vasos e
viscosidade aumentada do sangue (estase).
Já em relação ao aumento da permeabilidade vascular, esse evento ocorre diante de
alterações estruturais na microcirculação, permitindo que proteínas plasmáticas e
neutrófilos. Essas alterações são reflexas das se-
guintes atividades:
● Contração das células endoteliais, resultando em espaços interendoteliais
aumentados;
● Injúria endotelial, resultando em necrose da célula endotelial e desprendimento;
● Injúria vascular mediada por leucócito;
● Transcitose de proteínas aumentada pela formação de canais de membrana.
Esses dois processos favorecem a saída de líquido rico em proteínas e neutrófilos para o
tecido extravascular. Tal concentração de soluto provoca uma pressão osmótica do líquido
intersticial (terceiro espaço), que aumenta o fluxo de plasma para o tecido. Esse acúmulo de
líquido rico em proteínas séricas é chamado de exsudato. Diferente do transudato,
resultante do aumento de pressão hidrostática quando há redução do retorno venoso, que
consiste nesse acúmulo sem a presença de proteínas. Vale destacar que esse acúmulo no
tecido inflamado resulta no edema.
Os vasos linfáticos também respondem aos processos inflamatórios, contribuindo com o
aumento do fluxo linfático, auxiliando a drenagem do fluido do edema, dos leucócitos e restos
celulares intersticiais. Em infecções mais severas, também atuam como via de disseminação
do agente patógeno. Assim, a resposta inflamatória exacerbada no sistema linfático pode ser
caracterizada por linfangite (inflamação dos vasos linfáticos) e por linfadenite (inflamação dos
linfonodos). Na clínica, tais inflamações são percebidas, respectivamente, por presenças de
estriações vermelhas vizinhas ao sítio inflamatório e por aumento doloroso do linfonodo.
Event�� celulare�
Como foi dito, um dos objetivos principais da resposta inflamatória consiste em transportar
os leucócitos até o local da reação e ativá-los logo após sua chegada, destruindo agentes
infecciosos e eliminando tecido necrótico e antígenos estranhos. Embora eficaz,
caso seja exagerada, tal resposta pode levar a uma lesão tecidual, prejudicando os tecidos
normais do organismo.
Um exemplo que temos dessa resposta inflamatória patológica exacerbada é o choque
séptico. Ele consiste na redução crítica da perfusão tecidual, que pode ocorrer falência
aguda de múltiplos órgãos resultante de uma sepse (resposta desregulada a infecções). Na
emergência, podemos inferir seu diagnóstico clínico a partir dos seguintes sinais e
sintomas: febre, hipotensão, oligúria e confusão.
Junto desse quadro sintomatológico, deve-se atribuir a presença de uma inflamação local
prévia (ex.: osteomielite). No entanto, fechamos o diagnóstico de sepse a partir de um score
que teria sinais de choque. Tal triagem corresponde aos critérios qSOFA:
● Frequência respiratória ≥ 22/min
● Estado mental alterado
● PA sistólica ≤ 100 mm Hg.
Assim, o recrutamento de leucócitos segue as seguintes etapas, do lúmen vascular até o
espaço intersticial:
1. A partir da estase, ocorre a marginalização dos leucócitos;
2. Dessa forma, o endotélio é ativado e passa a expressar selectinas, que interagem
com as selectinas dos leucócitos,permitindo sua adesão ao endotélio;
3. Agora, já aderidos, isso permite o rolamento dos leucócitos sob o endotélio;
4. Após o rolamento, há uma ligação de integrinas do endotélio com integrinas dos
leucócitos, permite uma adesão mais firme. A partir desse momento, os leucócitos
param de rolar e seus citoesqueletos são reorganizados e eles se espalham para
fora da superfície endotelial;
5. Assim, ocorre a diapedese dos leucócitos;
6. Tal projeção facilita a migração nos tecidos em direção aos estímulos quimiotáticos a
partir da liberação de quimiocinas endógenas (ex.: moléculas do sistema
complemento, ácido araquidônico e citocinas) ou exógenas (ex.: metabólicos
bacterianos).
Uma vez recrutados no sítio da inflamação aguda, os leucócitos (ex.: neutrófilos) devem ser
ativados para realizar suas funções. Sendo assim, as respostas leucocitárias seguem os
seguintes padrões:
● Reconhecimento dos agentes agressores através de mediadores químicos:
Acoplam as moléculas-sinal que iniciam a ativação leucocitária.Temos os
seguintes tipos de receptores:
● Receptores tipo Toll-like: Associado a cinase, reconhecem os produtos de
diferentes classes de microrganismos e são responsáveis pela amplificação
da resposta inflamatória e pela morte de micróbios
● Receptores ligados à proteína G: Induzem como resposta celular mudanças
do citoesqueleto e transdução do sinal por quimiotaxia, sendo responsáveis
pela adesão leucocitária ao endotélio e sua migração para o tecido
inflamado;
● Receptores de citocina: Mesma funções do receptor Toll-like, mas seu
reconhecimento é por citocinas, como IFN-γ (interferon gama);
● Receptores fagocíticos: Responsável pela opsonização de organismos
cobertos por complementos ab e lectinas.
1. Ativação leucocitária através de vias de sinalização: Com os processos de
sinalização iniciados no citoplasma, há um aumento de cálcio intracelular, ativando
enzimas (proteína quinase C e fosfolipase A2) que tornam os neutrófilos atuantes.
2. Respostas funcionais: A partir disso, temos uma série de atividades metabólicas que
essas células realizam durante a inflamação, como: produção de metabólitos do
ácido araquidônico (leucotrienos, tromboxanos e prostaglandinas); degranulação e
secreção de enzimas lisossomais e ativação do surto oxidativo; secreção de
citocinas produzidas pelos macrófagos; modulação das moléculas de adesão
leucocitária; e fagocitose.
A fagocitose é o processo de ingestão e degradação de partículas sólidas englobadas por
uma célula. Ela é uma das formas principais na qual o neutrófilo e macrófago atuam para
combater os patógenos durante a inflamação. Ela consiste nas seguintes etapas:
● Primeiro, ocorre ligação e reconhecimento da partícula que ser ingerida, a partir da
ativação de receptores de manose, de receptores para opsoninas e de receptores
limpadores;
● Feito isso, há o englobamento a partir de pseudópodes que permitem a formação do
fagossomo;
● Esse fagossomo se funde com o lisossomo formando o fagolisossomo;
● Sendo assim, ocorre a destruição do microrganismo a partir da ação de espécies
reativas de oxigênio antes presentes no lisossomo.
As respostas celulares e teciduais durante uma inflamação aguda, a depender da etiologia
do patógeno e do sítio inflamatório, repercutem em sintomas e sinais distintos. Por exemplo,
caso o paciente apresenta tosse com catarro amarelado/esverdeado, dor torácica ao tossir,
febre alta, dispneia, podemos suspeitar de uma pneumonia bacteriana. Para confirmar o
diagnóstico desse processo inflamatório, podemos pedir uma radiografia de tórax em PA,
onde encontraremos uma área radiopaca nos lobos acometidos por essa inflamação.
Padrõe� morfológic��
Esses processos da inflamação aguda são refletidos macroscopicamente na aparência
morfológica do tecido afetado. Sendo que tal aparência depende de variáveis como
gravidade da inflamação, sua etiologia e o tipo do tecido lesionado. Assim, é importante
termos conhecimentos dos padrões morfológicos, para podermos correlaciona-los com o
raciocínio clínico.
A inflamação serosa apresenta um padrão de exsudado de aspecto aquoso, límpido e pobre
em elementos celulares e proteínas, se originando do plasma sanguíneo ou de secreções
de células mesoteliais que revestem cavidades peritoneal, pericárdica, pleural. Ocorre, por
exemplo, numa queimadura de segundo grau ou infecção viral, através de bolhas cutâneas.
Já a inflamação fibrinosa, apresenta um exsudato fibrinoso e com alta celularidade que
origina placas esbranquiçadas sobre as mucosas e serosas no espaço extracelular, sendo
característicos de locais de revestimentos corporais, como meninges, pericárdio e pleura.
Vale ressaltar que, caso não seja retirado toda a fibrina durante o reparo da inflamação,
pode levar a um processo de cicatrização com crescimento de fibroblastos e angiogêneses.
Diferente das demais, a inflamação supurativa ou purulenta é caracterizada pela formação
de grande quantidade de pus ou exsudato purulento consistindo em neutrófilos, necrose
liquefativa e fluido de edema. É causada por infecções de bactérias piogênicas.
Por fim, temos a úlcera, que consiste num defeito local, ou escavação, da superfície de um
órgão ou tecido, que é produzida por perda do tecido necrótico inflamado. É valido
sabermos que, no estágio agudo, existe um intenso infiltrado polimorfonuclear e dilatação
vascular. Mas com a cronicidade, as margens e as bases da úlcera desenvolvem
proliferação fibroblástica, cicatrização, e acúmulo de linfócitos, macrófagos e células do
plasma.
Mediadore� químic��
Já estudamos como funcionam as alterações vasculares e eventos celulares da inflamação
aguda, além do padrão morfológico que elas podem se manifestar em nosso organismo.
Por fim, resta entendermos quais são os principais mediadores químicos, moléculas
responsáveis por esses processos inflamatórios.
Então, os mediadores são produzidos tanto no local da inflamação quanto pelas células
defensoras ou por proteínas plasmáticas lançadas na corrente sanguínea. Uma vez
ativados, essas substâncias atuam por um curto espaço de tempo, diante a sua pequena
meia-vida, podendo ativar a estimulação de outro mediador. Além disso, essas moléculas
atuam a fim de induzir efeitos inflamatórios por meio de suas ligações a receptores
específicos, como já abordamos acima.
Dentre os tipos de mediadores químicos, temos como principais: aminas vasoativas;
metabólitos do ácido araquidônico (eicosanoides); fator ativador de plaquetas (PAF); óxido
nítrico (NO); citocinas; quimiocinas; complemento; cininas; e proteases.
As aminas vasoativas são armazenadas como moléculas pré-formadas nas células. São em
número de duas principais:
Histamina: É liberada a partir da degranulação de mastócitos em resposta a uma variedade
de estímulos. Ela causa vasodilatação e aumenta a permeabilidade vascular;
Serotonina: Está presente nas plaquetas e células neuroendócrinas. Ela é liberada a partir
da agregação plaquetária, que é o componente-chave da coagulação.
A histamina consiste num mediador produzido pelo nosso organismo em resposta à
presença de alérgeno, ou seja, patógeno responsável por induzir uma reação de
hipersensibilidade (reação alérgica). Dessa forma, nas pessoas expostas ao alérgeno, elas
começam a desenvolver sintomas de intolerância histamina, como: cólicas abdominais, dor
de estômago, diarreia, flatulência, cefaleia, urticária, asma, dispneia, coriza, prurido ocular,
taquicardia, tonturas. Todo esse quadro decorre através de produção exacerbada de
histaminas, através dos mastócitos estimulados pelo anticorpo IgE, causando respostas
autoimune em nosso organismo, como prurido, constrição das vias áreas, vasodilatação e
aumento da secreção gástrica.
Os eicosanóides são moleculares criadas a partir da metabolização do ácido aracdônico,
em que estímulos químicos ou físicos (lesão) fazem com que a enzima fosfolipase A2
transforme os fosfolipídios da membrana celular nesse ácido. Por sua vez, esse ácido ainda
é degradado por dois tipos enzimáticos: lipoxigenase e cicloxigenase (COX),formando,
respectivamente, leucotrienos (que podem se tornar ou não lipoxinas) e prostaglandinas
(divididas em prostaciclina e tromboxano).
● Leucotrienos: Consiste numa potente molécula quimiotática, que atua no aumento
da permeabilidade vascular, na produção de citocinas e estimulando agregação
plaquetária;
● Lipoxinas: Atua na inibição do recrutamento de neutrófilos no epitélio e da
quimiotática dos mesmos;
● Prostaciclinas: Produzida por mastócitos, macrófagos e células endoteliais, atua
tanto na inibição da agregação plaquetária e na vasodilatação, além de participar da
indução de dor e febre;
● Tromboxanos: Produzido por plaquetas, essas moléculas estimulam a agregação
plaquetária e na vasoconstrição.
O estudo dessa cascata inflamatório é de extrema importância para a descoberta dos
anti-inflamatórios, que agem de forma a inibirem, retardarem ou bloquearem o processo
inflamatório, a partir do bloqueio ou inativação da produção dos eicosanoides. Existe duas
vias de atuação desses fármacos:
● Esteroidal: inibe a transcrição gênica da fosfolipase A2;
● Não esteroidal (AINE): inibem a ação da COX:
- Seletivo – inibe COX2
- Não seletivo – inibe COX1 e COX2
Vale relembrar que: COX1 é constitutiva e tem como funções: homeostasia vascular
(produção plaquetária), manutenção do fluxo sanguíneo renal e gastrointestinal e produção
da mucosa gástrica; já a COX2 é induzível e tem como funções provocar: febre, aumento da
temperatura, dor, transdução de estímulos dolorosos e adaptação renal a estresses.
O PAF, liberado por plaquetas, basófilos, mastócitos, macrófagos e células endoteliais, atua
na vasoconstrição, broncoconstrição, aumento da ade-
são leucocitária, quimiotaxia e síntese de outros mediadores na inflamação.
Já o NO, produzido pelas células endoteliais e por macrófagos, consiste num mediador que
provoca vasodilatação, sendo um mecanismo endógeno no controle da resposta
inflamatória.
As citocinas, produzidas por macrófagos, endotélios e mastócitos, atua tanto de forma local,
ativando o tecido endotelial por aumentar a expressão gênica de moléculas de adesão,
como de forma sistêmica, induzindo febre, anormalidades metabólicas e hipo-
tensão. Suas formas principais na inflamação aguda são TNF, IL-1 e IL-6.
Por fim, as quimiocinas, produzidas por leucócitos e macrófagos ativados, atuam na
quimiotaxia e na ativação leucocitária já abordada.
Já como mediadores inflamatórios produzidos no fígado, estando presentes no plasma
sanguíneo, temos:
● Complemento: Atua na ativação e quimiotaxia leucocitária, opsonização através do
MAC (formando o complexo de ataque a membrana) e na vasodilatação por
estímulos de mastócitos
● Cininas: Aumentam a permeabilidade vascular, realizam a contração do músculo
liso, vasodilatação e provocam dor;
● Proteases: Ativadas durante a coagulação, esses mediadores atuam ativando o
endotélio e recrutando os leucócitos adjacentes.
Inflamaçã� crônic�
Pa�ticipaçã� d�� macrófag��
O macrófago atua como o jogador celular predominante nessa inflamação.
Eles surgem a partir de um precursor na medula óssea, que dá origem aos monócitos. No
sangue, os monócitos (que possuem meia vida = 1 dia) migram para vários tecidos e se
diferenciam em macrófagos (prolongando sua meia vida em meses ou anos). Esse
processo de maturação do monócito em macrófago ocorre de forma parecida com o
recrutamento de neutrófilos na inflamação aguda.
Chegando no local da inflamação, os macrófagos são ativados a partir de duas vias
principais com estímulos distintos: a clássica e a alternativa.
A via clássica ocorre a partir do receptor do tipo Toll e tem como molécula sinal para sua
ativação o IN-F-gama. Sua função é de formar macrófago pró-inflamatório, que atua
provocando inflamação patológica e ações microbicidas, como fagocitose e morte de fungos
e bactérias. Isso ocorre através da produção dos seguintes mediadores: proteases,
citocinas e quimiocinas, fatores de coagulação, espécies reativas de oxigênio e nitrogênio.
Já a via alternativa, ocorre a partir das moléculas IL-14 e IL-4, produ-
zindo efeitos anti-inflamatórios, como reparo tecidual e fibrose, através dos seguintes
mediadores: fatores de crescimento; colágeno; fatores angiogênicos; citocinas
fibrinogênicas, a fim de promover reorganização tecidual.
Sendo assim, quando ativo, o macrófago adquire as seguintes características: tamanho
maior; cromatina menos densa; aumento da síntese proteica; aumento dos níveis de
enzimas lisossomais; maior capacidade e fagocitar e destruir; ativação metabólica.
Após assumir essa conformação diferenciada, o macrófago começa a assumir as seguintes
funções: ingestão e eliminação de microrganismos e tecidos mortos; iniciam o processo de
reparo tecidual; secretam mediadores químicos da inflamação; apresentação de antígenos
aos linfócitos T; e resposta aos sinais linfocitários.
Após sua ativação (que permitiu a esse tipo celular a aquisição da conformação e
funcionalidade), os macrófagos iniciam seu processo de proliferação, aumentando a
produção de citocinas e lipídios oxidados que estimulam mais e mais essa atividade.
Embora o macrófago seja a estrela da inflamação crônica, seu infiltrado celular também é
composto de linfócitos T que, quando ativados, têm uma importante função na modulação
do macrófago por meio de um feedback entre esses tipos leucocitários. Ou seja:
O linfócito T ativado, ao secretar quimiocinas, TNF e interleucina 17 (IL-
17), recrutam leucócitos, dentre os quais, temos o macrófago;
Além disso, outra função do linfócitoT já abordada é ativação dos macró-
fagos pela liberação de INF-gama;
Por fim, esse macrófago ativado também atua estimulando as células T ao apresentarem o
antígeno por via citocinas, como a IL-12.
Ma� � qu� � � inflamaçã� crônic�?
A inflamação crônica é um processo inflamatório de longa duração (semanas a meses), em
que a inflamação, destruição tecidual, tentativa de reparo, angiogênese e fibrose coexistem
em variadas combinações. Ela pode ser precedida de uma inflamação aguda, ou pode se
iniciar insidiosamente.
Em relação a suas características, ela desencadeia resposta específica, por conta do uso
de infiltrados mononucleares como macrófagos e linfócitos (o primeiro apresenta o
patógeno específico de uma inflamação X para a outra célula).
Embora os neutrófilos sejam característicos da inflamação aguda, muitas inflamações
crônicas continuam a apresentar elevados índices de neutrófilos;
Nela, como foi dito, há destruição tecidual induzida pela persistência do agente nocivo ou
pelas células inflamatórias, repercutindo num reparo tecidual, fibrose e angiogênese, na
tentativa de habituar o tecido lesado a exposição do patógeno.
Da mesma forma que a aguda, também há produção de mediadores químicos, participando
da modulação/feedback entre seus elementos do infiltrado celular.
Esse processo inflamatório surge nas seguintes situações: infecções persistentes por
bactérias, fungos, vírus, parasitas, doenças autoimunes, exposição prolongada a agentes
potencialmente tóxicos, como sílica e lipídios tóxicos do plasma. Ocorre, por exemplo, na
tuberculose, asma, sífilis, hanseníase, aterosclerose, doença de chagas, artrite reumatoide,
lúpus eritematoso sistêmico.
As duas últimas patologias participam do grupo das síndromes reumatológicas, ou seja,
reúnem conjunto de sinais e sintomas que acometam articulações, principalmente, além de
músculos e ossos. As dores e restrições de movimento são de extrema importância para
fundamentação de tais quadro clínicos:
A�trit� reumatoid�
Consiste numa doença autoimune inflamatória crônica originada por uma sinovite
proliferativa não purulenta que progride a destrói a cartilagem articular e tecido ósseo
adjacente;
Seu quadro clínico possui manifestações locais, como dor, edema, eritema, deformidade,
movimentação limitada; e manifestações sistêmicas, como febre, fraqueza e mal-estar.
Na radiografia de mão em pacientes com tal patologia, encontramos como achados:
osteopenia difusa, perda acentuada dos espaços das articulações do carpo, metacarpo,falange e interfalange (anquilose), erosões de osso periarticular e deslocamento ulnar dos
dedos
Lúpu� eritemat�s� sistêmic� (LES)
Embora tenha uma fisiopatologia ainda misteriosa, ela está relacionada à anormalidade
imunológicas e à produção de autoanticorpos antinucleares que acabam se juntando aos
seus antígenos específicos, formando imunocomplexos que podem se depositar ao longo
de qualquer segmento do nosso organismo.
Os sintomas sinais principais do LES são: Febre, cansaço, mal-estar, perda de peso; artrite;
pleurisia, pericardite; vasculite; inflamação dos gânglios linfáticos; dores e inflamações
musculares; mancha avermelhada em forma de borboleta no rosto (eritema malar); e
úlceras na boca, faringe e nariz;
Portanto, esse doença possui caráter multissistêmico.
Inflamaçã� crônic� granulomat�s�
A inflamação granulomatosa é um padrão distinto de inflamação crônica, caracterizado pela
presença um granuloma.
Essa adaptação histológica se apresenta como esforço celular para conter um agente
agressor que é difícil de erradicar. Está presente na tuberculose, sífilis, lepra, sarcoidose,
doença de Crohn, doença da arranhadura do gato.
O granuloma pode ser classificado:
● Imunológico: A partir de reação imune mediada por células, dependa da ação do
linfócito T;
● Do tipo corpo estranho: A partir da presença de material estranho não digerível,
independente de linfócito T.
O constituinte principal e obrigatório dos granulomas é a célula epitelióide: é um macrófago
aumentado de volume, com núcleo alongado, de cromatina frouxa, lembrando o de um
fibroblasto. Porém, ao contrário dos fibroblastos, tem citoplasma abundante e róseo,
embora de limites imprecisos. Outro componente muito comum, embora não obrigatório,
dos granulomas é a célula gigante ou gigantócito. Trata-se de um macrófago volumoso com
dezenas de núcleos.

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