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ACIDENTES EM PET SHOP

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ACIDENTES EM PET SHOP 
 
 Além de ameaçarem a saúde dos animais, os acidentes em pet shops podem 
prejudicar em muito o estabelecimento. Qualquer que seja a causa – negligência, 
desinformação, despreparo ou distração – o fato é que é preciso diminuir ao máximo, 
quando não eliminar, os riscos. 
 A maior incidência dos acidentes ocorre durante o banho ou a tosa, e conhecer 
os problemas, orientar os funcionários ou melhorar as instalações, são algumas das 
maneiras de evitar esses acidentes. 
 Veja os casos mais comuns: 
1. Úlcera de córnea – provocada pelo calor do secador, produtos químicos, trauma com 
escovas, pentes e rasqueadeiras. Após algumas horas ou no dia seguinte, o animal 
apresenta um quadro de blefarospasmo, e se constata pelo teste com fluoresceína a 
presença de úlcera de córnea. 
2. Intermação ("Heat Stroke") – distúrbio polissistêmico bastante comum, também 
causado pelo calor, é muito grave, pois coloca a vida do animal em risco. Pode acometer 
qualquer animal, mas os cães braquicefálicos, os filhotes, os idosos e os mais agitados 
são os mais predispostos. Geralmente a intermação está associada à água muito quente, 
ambiente úmido, quente e pouco ventilado, secador muito quente e/ou muito próximo 
do animal e ao hábito de secar o animal dentro de gaiolas. Ocorre porque o animal não 
faz a troca de calor com o ambiente na medida necessária, desenvolve-se a hipertermia, 
conseqüente necrose celular, podendo ocorrer o choque hipovolêmico, edema pulmonar, 
edema cerebral, falência renal, entre outros. O animal vai a óbito rapidamente, sem que 
se possa intervir a tempo. 
3. Quedas – da mesa, da banheira ou do colo do 
funcionário, as quedas são freqüentes. Filhotes e cães de raças pequenas (chihuahua, 
pinscher) são os mais frágeis. Diversas lesões podem ocorrer (fraturas, entorses, 
luxações) e, até, a morte do animal, especialmente se ele cair da mesa, preso pelo 
pescoço a uma guia de contenção ("enforcamento"). Este tipo de acidente geralmente 
ocorre por distração. 
4. Feridas – são causadas pela lâmina de tosa e também por tesouras, pentes e 
rasqueadeiras. Muitas vezes requerem sutura e existe o risco de infecção no local. 
5. Intoxicações – ocasionadas pelo uso inadequado de substâncias no tratamento de 
sarnas e infestações por ectoparasitas. Ocorrem por erro na diluição do produto, por 
contato com mucosas ou por ingestão acidental por lambedura. 
6. Choques elétricos – incomuns, mas podem ocorrer. Especialmente quando o animal 
molhado entre em contato com fios desencapados, fruto de instalações inadequadas. 
7. Queimaduras – em geral causadas pelo calor do secador, porém podem ocorrer por 
causa da alta temperatura da água ou por choques elétricos. 
8. Maus-tratos – embora inimagináveis, podem ocorrer. É comum culpar o animal – "ele 
me mordeu", "ele não pára quieto", mas o erro é humano. 
9. Ectoparasitas – não é um caso de urgência veterinária, mas é desagradável entregar 
um animal antes livre de ectoparasitas e agora infestado. Pulgas são transmissoras de 
parasitas e podem desencadear reações alérgicas; carrapatos são potenciais 
transmissores de doenças como ehrlichiose e babesiose, entre outras. A falta de higiene 
e/ou o uso comum de tesouras, gaiolas, pentes, escovas, pinças, podem transmitir 
ácaros, dermatófitos, bactérias e leveduras. 
10. Viroses – as gaiolas, comedouros, bebedouros, entre outros, são agentes de 
transmissão de viroses. Os filhotes sem imunização completa correm maior risco. 
Recomenda-se banhos e tosas somente em animais após o término do esquema vacinal. 
 O sedativo em banho e tosa deve ser utilizado em casos de extrema necessidade. 
Exemplo: um animal muito agressivo, que não permite o manuseio com contenção física 
(mordaças, focinheiras). Ainda assim, é necessário avaliar a necessidade da sedação, do 
procedimento (banho ou tosa) e da condição física do animal (idade, raça, doenças, etc.), 
para que seja escolhida a droga mais adequada e segura. Além disso, o proprietário do 
animal deve ter ciência dos riscos inerentes e assinar um termo de autorização. 
 Qualquer atividade a ser realizada, mesmo um banho aparentemente "inocente", 
deve ser tratada com profissionalismo e responsabilidade, visando sempre à saúde e 
integridade do animal, sem esquecer que estão envolvidos os sentimentos de uma pessoa 
idosa, uma criança ou simplesmente um adulto afeiçoado ao seu pet. 
 
Autora: Dra. Marilene Tavares de Oliveira, médica veterinária. 
Fonte ANCLIVEPA-SP

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