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SEMANA 3 - INTERVENÇÃO

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Intervenção 
Sistema Constitucional das Crises
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Introdução 
Após a análise das normas que regem o Estado Federal, percebe-se que a regra é a autonomia dos entes federativos (União / Estados / Distrito Federal e municípios), caracterizada pela tríplice capacidade de auto-organização e normatização, auto-governo e auto-administração.
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A intervenção consiste em medida excepcional de supressão temporária da autonomia de determinado ente federativo, fundada em hipóteses taxativamente previstas no texto constitucional, e que visa à unidade e preservação da soberania do Estado Federal e das autonomias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
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Impossibilidade de Intervenção da União nos Municípios
União não poderá intervir diretamente nos municípios, salvo se existentes dentro de Território Federal (CF, art. 35, caput). Como ressaltado pelo Supremo Tribunal Federal, "os Municípios situados no âmbito territorial dos Estados membros não se expõem à possibilidade constitucional de sofrerem intervenção decretada pela União Federal, eis que, relativamente aos entes municipais, a única pessoa política ativamente legitimada a neles intervir é o Estado-membro".
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CASO 2 – Tema: Intervenção federal
	Diante da total falência do sistema de saúde no Município do Rio de Janeiro, o Presidente da República editou Decreto declarando o estado de calamidade pública do setor hospitalar do Sistema Único de Saúde – SUS, e, dentre outras determinações, autoriza, nos termos do inciso XIII do art. 15 da Lei 8.080/90, a requisição, pelo Ministro da Saúde, dos bens, serviços e servidores afetos a hospitais do Município ou sob sua gestão. 
	Indignado com a medida adotada pelo Governo Federal, o Prefeito do Rio de Janeiro manifestou-se argüindo a inconstitucionalidade da medida, o que faz com escopo na vedação constitucional que inibe a possibilidade de a União intervir no Município. Por outro lado, o Governo Federal aponta possível equívoco na posição do Governo local, sustentando que apenas se aplicou o disposto na Lei 8.080/90: 
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	"Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:... XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade competente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização;“
	
	Diante do impasse, o Governo local impetrou Mandado de Segurança distribuído perante o Supremo Tribunal Federal.
	Com base na jurisprudência do STF, aponte as possíveis inconstitucionalidades encontradas no caso, que revestem de vício a intenção do governo federal. 
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A Intervenção é ato privativo do Chefe do Poder Executivo
Esse ato extremado e excepcional de intervenção na autonomia política dos Estados-membros / Distrito Federal, pela União, somente poderá ser consubstanciado por decreto do Presidente da República (CF, art. 84, X);
No caso da intervenção Municipal, pelos governadores de Estado. É, pois, ato privativo do Chefe do Poder Executivo.
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CASO 1 – Tema: Intervenção federal
	Diante do impasse quanto à criação de um Município em área disputada por Estados-membros, um deles decide incorporar a parte do território que cabia ao outro. Após tomar ciência do fato, o Presidente da República decide não lançar mão da extraordinária prerrogativa de decretar a intervenção federal (CRFB, art. 34, II), o que motiva o Governador do Estado prejudicado a impetrar mandado de Segurança no Supremo Tribunal Federal. Entende o chefe do Poder Executivo estadual que a abstenção presidencial quanto à concretização da intervenção aflige o vínculo federativo e a integridade do território nacional, o que autorizaria o Tribunal a ordenar a decretação da medida. A tese do Governador tem procedência?
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Requisitos da Intervenção
uma das hipóteses taxativamente descritas na Constituição Federal (CF, art. 34 - Intervenção Federal; CF, art. 35 - Intervenção Estadual), pois constitui uma excepcionalidade no Estado Federal;
intervenção do ente político mais amplo, no ente político, imediatamente menos amplo (União nos Estados e Distrito Federal; Estados nos municípios);
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ato político - decretação exclusiva - de forma discricionária ou vinculada dependendo da hipótese - do Chefe do Poder Executivo Federal (Presidente da República - intervenção federal; governador de Estado - intervenção municipal), a quem caberá, igualmente, a execução das medidas interventivas.
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Informe Jurisprudencial
Conforme salientado pelo Ministro Celso de Mello, "o mecanismo de intervenção constitui instrumento essencial à viabilização do próprio sistema federativo, e, não obstante o caráter excepcional de sua utilização - necessariamente limitada às hipóteses taxativamente definidas na Carta política -, mostra-se impregnado de múltiplas funções de ordem político-jurídica, destinadas (a) a tornar efetiva a intangibilidade do vínculo federativo; 
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	(b) a fazer respeitar a integridade territorial das unidades federadas; (c) a promover a unidade do Estado Federal e (d) a preservar a incolumidade dos princípios fundamentais proclamados pela Constituição da República" (STF – Intervenção Federal n.° 591-9/BA - Rel. Ministro-Presidente Celso de Mello, Diário da Justiça, Seção I, 16 set. 1998, p. 42).
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Intervenção Federal
Quadro Geral
Espontânea 
Defesa da unidade nacional, CF, art. 34, I e II,
Defesa da ordem pública, CF, art. 34, III
Defesa das finanças públicas, CF, art. 34, V
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Provocada 
Por solicitação – defesa dos Poderes Executivo ou Legislativo locais, CF, art. 34, IV
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Por requisição 
STF (CF, art. 34, IV – Poder Judiciário)
STF, STJ ou TSE (CF, art. 34, VI – ordem ou decisão judicial)
STJ (CF, art. 34, VI – execução de lei federal)
STF (CF, art. 34, VII)
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Hipóteses
A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
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V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; 
b) deixar de entregar aos municípios receitas tributárias fixadas nesta constituição dentro dos prazos estabelecidos em lei;
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VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial
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Princípios Constitucionais Sensíveis
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
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d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde
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Procedimento da Intervenção Federal
iniciativa;
 fase judicial (somente presente em duas das hipóteses de intervenção - CF, art. 34, VI e VII);
decreto interventivo;
controle político (não ocorrerá em duas das hipóteses de intervenção - CF, art. 34, VI e VII).
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Iniciativa
A Constituição Federal, dependendo da hipótese prevista para a intervenção federal, indica quem poderá deflagrar o procedimento interventivo:
a. Presidente da República: nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III, V ex officio poderá tomar a iniciativa de decretar a intervenção federal.
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b. solicitação dos Poderes locais (CF, art. 34, IV): os Poderes Legislativo
(Assembléia Legislativa ou Câmara Legislativa) e Executivo (Governador do Estado ou do Distrito Federal) locais solicitarão ao Presidente da República a decretação da intervenção no caso de estarem sofrendo coação no exercício de suas funções. O Poder Judiciário local, diferentemente, solicitará ao Supremo Tribunal Federal que, se entender ser o caso, requisitará a intervenção ao Presidente da República;
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c. requisição do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral, na hipótese prevista no art. 34, VI, segunda parte, ou seja, desobediência a ordem ou decisão judiciária. Assim, o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal Superior Eleitoral poderão requisitar, diretamente ao Presidente da República a decretação da intervenção, quando a ordem ou decisão judiciária descumprida for sua mesma. 
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	Ao Supremo Tribunal Federal, porém, além da hipótese de descumprimento de suas próprias decisões ou ordens judiciais, cabe-lhe, exclusivamente, a requisição de intervenção para assegurar a execução de decisões da Justiça Federal, Estadual, do Trabalho ou da Justiça Militar, ainda quando fundadas em direito infraconstitucional. A iniciativa deverá ser endereçada ao próprio Presidente da República.
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Nota Importante
Observe-se que somente o Tribunal de Justiça local tem legitimidade para encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o pedido de intervenção baseado em descumprimento de suas próprias decisões. Assim, a parte interessada na causa somente pode se dirigir ao Supremo Tribunal Federal, com pedido de intervenção federal, para prover a execução de decisão da própria Corte Maior. 
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Quando se tratar de decisão de Tribunal de Justiça, o requerimento de intervenção deve ser dirigido ao respectivo Presidente do Tribunal Local, a quem incumbe, se for o caso, encaminhá-lo ao Supremo Tribunal Federal, sempre de maneira fundamentada.
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CASO 1 – Tema: Intervenção Federal e descumprimento de decisão judicial
	Preocupado com a situação de um determinado Estado que, por várias vezes, deixou de cumprir decisões e ordens judiciais, o Presidente da República lhe questiona, na qualidade de Advogado-Geral da União, se seria necessário o ajuizamento de uma ação direta interventiva para decretar a intervenção federal. Como você responderia à consulta? E se a mesma consulta fosse formulada por um Governador de Estado, que pretendesse decretar a intervenção em um determinado Município?
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d. Ação proposta pelo procurador-Geral da República nas hipóteses previstas no art. 34, inciso VI "início" e VII, respectivamente endereçada ao Superior Tribunal de Justiça (ação de executoriedade de lei federal) e ao Supremo Tribunal Federal (ação direta de inconstitucionalidade interventiva).
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Fase Judicial
Essa fase apresenta-se somente nos dois casos previstos de iniciativa do Procurador-Geral da República (CF, art. 34, VI, "execução de lei federal" e VII), uma vez que se trata de ações endereçadas ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal.
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Nota Importante
Em ambos os casos os Tribunais Superiores, para o prosseguimento da medida de exceção, deverão julgar procedentes as ações propostas, encaminhando-se ao presidente da República, para os fins de decreto interventivo. Nessas hipóteses, a decretação da intervenção é vinculada, cabendo ao Presidente a mera formalização de uma decisão tomada por órgão judiciário.
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Decreto Interventivo
A intervenção será formalizada através de decreto presidencial (CF, art. 84, X), que, uma vez publicado, tornar-se-á imediatamente eficaz, legitimando a prática dos demais atos conseqüentes à intervenção.
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Amplitude, Prazo e Condições
O art. 36, § 1.°, determina que o decreto de intervenção especifique a amplitude, o prazo e as condições de execução e, se necessário for, afaste as autoridade locais e nomeie temporariamente um interventor, submetendo essa decisão à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas.
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Participação dos Conselhos da República e de Defesa Nacional
Nas hipóteses de intervenções espontâneas, em que o Presidente da República verifica a ocorrência de determinadas hipóteses constitucionais permissivas da intervenção federal (CF, art. 34, I, II, III, V), ouvirá os Conselhos da República (CF, art. 90, I) e o de Defesa Nacional (CF, art. 91, § 1.°, II), que opinarão a respeito. Após isso, poderá discricionariamente decretar a intervenção no Estado-membro.
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O Interventor
O interventor nomeado pelo Decreto presidencial será considerado para todos os efeitos como servidor público federal, e a amplitude e executoriedade de suas funções dependerá dos limites estabelecidos no decreto interventivo.
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Limites
A Constituição Federal não discriminou os meios e as providências possíveis de ser tomadas pelo Presidente da República, por meio do decreto interventivo, entendendo-se, porém, que esses deverão adequar-se aos critérios da necessidade e proporcionalidade à lesão institucional.
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Controle Político
A Constituição Federal prevê a existência de um controle político sobre o ato interventivo, que deve ser realizado pelos representantes do Povo (Câmara dos Deputados) e dos próprios Estados-membros (Senado Federal), a fim de garantir a excepcionalidade da medida;
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Apreciação do Congresso Nacional
Submetido o decreto à apreciação do Congresso Nacional, no prazo de vinte e quatro horas, este poderá rejeitá-la ou, mediante decreto legislativo, aprovar a intervenção federal (CF, art. 49, IV).
Caso o Congresso Nacional não aprove a decretação da intervenção, o Presidente deverá cessá-la imediatamente, sob pena de crime de responsabilidade (CF, art. 85, II).
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Nota Importante
Nas hipóteses previstas no art. 34, VI e VII, o controle político será dispensado, conforme expressa previsão constitucional, e o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade (CF, art. 36, § 3.°).
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Intervenção Estadual no Município
A intervenção estadual nos municípios tem a mesma característica de excepcionalidade já estudada na intervenção federal, pois a regra é a autonomia do município e a exceção a intervenção em sua autonomia política, somente nos casos taxativamente previstos na Constituição Federal (CF, art. 35).
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Decretação
Por ser um ato político, somente o governador do Estado poderá decretá-la, dependendo na hipótese do art. 35, IV, de ação julgada procedente pelo Tribunal de Justiça.
A dívida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou financiamentos de obras e serviços públicos."

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