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ARTIGO TCC Dano moral nos beneficios previdenciários por incapacidade

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DO DIREITO À INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL NAS AÇÕES DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO
Rayane Rachel dos Santos Pereira
rayanerachel@gmail.com
Direito Previdenciário – Professor Orientador Claudio
Resumo
O presente trabalho pretende analisar o que a Constituição Federal previu, em seu art. 5º, X, sobre a inviolabilidade da intimidade, honra, vida privada e imagem das pessoas, tendo o Código Civil, em seu art. 12, previsto a possibilidade de responsabilização civil nos casos em que haja lesão ou perigo de lesão a estes bens jurídicos fundamentais. Além destes, este artigo também tem como base a interpretação dos artigos 186 e 927, do Código Civil, quais determinam a reparação de danos causados a terceiros por meio de ato ilícito. Desta forma, qualquer ofensa ao nome, à vida privada, à honra, à imagem e aos direitos autorais serão passíveis de indenização por dano moral, bastando a comprovação da ocorrência do ato ilícito, dispensada a comprovação do dano. Sendo os benefícios previdenciários por incapacidade considerados fundamentais para manter a vida de muitos, o indeferimento e/ou cessação deste estando o agente sem as mínimas condições de se manter podendo este até mesmo perecer, fere diretamente os direitos fundamentais previstos nos artigos supracitados. Isto porque se trata de danos de gravidade acentuada, que ofendem bem jurídico fundamental, dispensando-se a comprovação do efetivo dano por sua decorrência lógica. Para a realização deste artigo científico foi utilizada a pesquisa bibliográfica, analisando a legislação, doutrina, artigos e jurisprudência referentes ao tema.
Palavras-chave: Benefício Previdenciário; INSS; Dano moral; 
1 INTRODUÇÃO
Desde nossos primórdios, temos o homem em busca de reparação aos danos que lhe foram causados injustamente. Com o passar do tempo, vemos o surgimento de punições ao ofensor a fim de compensar o que este fez a vítima.
No desenrolar dos anos, o Estado tomou quase que de forma absoluta o poder de julgar os conflitos de interesses entre partes, e o instituto de punição e reparação de dano evoluiu consideravelmente, abrangendo, não só os danos materiais sofridos, como também os danos morais.
O aspecto “imaterial”, ou moral, foi acrescentado após o Princípio da Dignidade Humana ser adotado como um direito fundamental, e expressamente admitida pela nossa Constituição Federal de 1988, onde a Carta Magna traz um rol do que se pode ser considerado como valor íntimo da pessoa em seu artigo 5º, inciso V e X:
“V -é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
(...)
X -são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”
Nota-se que conforme expresso em nossa Constituição Federal, não é qualquer aflição espiritual ou mero aborrecimento passível de reparação, mas sim os que são decorrentes de algum ato ilícito. Isso, pois, nosso ordenamento jurídico não tutela o dano em si, mas sim as consequências advindas das ofensas aos direitos da personalidade.
O doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, ao conceituar o dano moral assevera que:
“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação” (GONCALVES, 2009, p.359).
Aguiar Dias, expõe seu conceito de dano moral como:
“O dano moral é o efeito não patrimonial da lesão de direito e não a própria lesão, abstratamente considerada. O conceito de dano é único, e corresponde a lesão de direito. Os efeitos da injuria podem ser patrimoniais ou não, e acarretar, assim, a divisão dos danos em patrimoniais e não patrimoniais. Os efeitos não patrimoniais da injuria constituem os danos não patrimoniais” (DIAS, 1987, p.852).
Já o doutrinador Yussef Said Cahali que assim o conceitua:
“Dano moral, portanto, é a dor resultante da violação de um bem juridicamente tutelado, sem repercussão patrimonial. Seja dor física – dor-sensação, como a denominada Carpenter – nascida de uma lesão material; seja a dor moral – dor-sentimento, de causa imaterial.” (CAHALI, 2011, pag. 28).
À vista disso, o dano moral compreende aquele que fere direitos inerentes à pessoa humana, como a liberdade, a honra, a imagem, a vida privada, a intimidade, a dignidade, entre outros. Isso trás a vítima sentimentos negativos como dor, sofrimento, humilhação, tristeza, sentimentos esses maiores que os sofridos em seu dia a dia.
2. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
A princípio, é importante mencionar que a responsabilidade civil do Estado é regida por normas do Direito Publico, qual é previsto na Constituição Federal em seu artigo 37, parágrafo 6º, vejamos:
“ § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
Desta forma, a responsabilidade do Estado se baseia tão somente no nexo de causalidade entre a conduta do agente e o dano ocorrido, ou seja, ele é responsabilizado, independente de culpa ou dolo, pelos danos causados pelos seus agentes e terceiros de forma omissiva ou comissiva.
A Constituição Federal prevê expressamente o direito de indenização por dano material, moral e à imagem, consagrando ao ofendido a total reparabilidade em virtude dos prejuízos sofridos. A norma, portanto, pretende a reparabilidade da ordem jurídica lesada, seja por meio de reparação econômica, seja através de outros meios, como por exemplo, o direito de resposta.
O violador sujeita-se, portanto, às consequências do seu ato, seja recompondo as coisas ao status quo ante, ou pagando uma compensação pecuniária à vítima, caso não seja possível recompor. (GAGLIANO; PAMPLONA, 2006, p. 9).
Importante destacar o ensinamento de Agostinho Alvim, acerca do dano moral antes do advento da Constituição Federal de 1988:
“Em doutrina pura, quase ninguém sustenta hoje a irreparabilidade dos danos morais. É assim a obrigação de reparar tais danos vai se impondo as legislações, mais ousadamente aqui, mais timidamente ali, já admitindo-se a reparação, como regra, já, somente, nos casos expressamente previstos”. (ALVIM, 1980, p. 220-221)
Para CAVALIERI (p.231):
 “O Estado responde porque causou dano ao seu administrado, simplesmente por existir relação de causalidade entre atividade administrativa e o dano sofrido pelo particular. ”
Além disso, temos os artigos 186 e 927, do Código Civil, quais temos:
“Art. 186, CC: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
“Art. 927, CC: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
Note que em ambos os artigos fica clara a determinação da reparação de danos causados a terceiros devido a atos ilícitos.
Neste sentido, o dano moral ainda exige que tenha havido “dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angustia e desequilíbrio em seu bem estar” (CAVALIERI, 2008, p. 78).
Devido a esta responsabilidade, todo dano é indenizável, não exigindo provar a culpa do agente, vez que surge exclusivamente do fato, adotando como pressupostos a conduta voluntária, o nexo causal e o dano.
2.1. DO DANO MORAL PREVIDENCIÁRIO
Além do Poder Jurisdicional, de aplicar as indenizações quando cabíveis ao caso, o Estado também possui a responsabilidade de fornecer aos seus cidadãos uma previdência social justa e efetiva. Isso, pois, benefícios da previdência social visam garantir ao seu segurado, uma forma de subsistênciacom dignidade, através do pagamento de pecúnia, nos casos de idade avançada, tempo de contribuição completo, incapacidade, morte, desemprego, maternidade, etc.
No entanto, o que ocorre quando o Estado, ao invés de prestar tal serviço supracitado com efetividade, realiza o inverso, suspendendo indevidamente benefícios nos momentos mais essenciais em que seu segurado realmente necessita de tal amparo?
Os direitos relativos à Previdência Social são direitos fundamentais sociais, que podem ser chamados, de direitos “de segunda dimensão, ou ainda os direitos do cidadão de viver em sociedade, e, devido a tal classificação, percebe-se uma grande preocupação em aumentar a sua força normativa”. (AGOSTINHO; SALVADOR, 2017, p. 15-16).
O Regime Geral de Previdência Social é
uma relação obrigacional, de natureza sinalagmática, ou seja, deve existir uma reciprocidade entre as partes, o Estado e o segurado. O Estado, como sujeito ativo, paga ao beneficiário o seu benefício, e o beneficiário, o sujeito passivo da relação, tem o necessário dever de contribuir com a Previdência, para então fazer jus ao pacote de proteção e exigir o amparo constitucional. Todos deveriam ter o direito à Previdência Social, mas existe esta interdependência entre o direito de receber e o dever de pagar, ou seja, se o indivíduo não paga sua prestação, não existirá a obrigação do Estado em disponibilizar-lhe uma retribuição do tipo previdenciária. Existe sempre um condicionamento de um com o outro. (AGOSTINHO; SALVADOR, 2017, p. 25).
Quando especificamente o dano advém da suspensão indevida de um benefício, pode-se denominá-lo de dano moral previdenciário, haja vista que o agente (INSS) conduz a sua vítima à uma situação de miséria, de desespero, e até, muitas vezes de fome e do agravamento da doença que havia dado causa à concessão do seu direito.
Assim, a doutrina passou a aceitar a possibilidade de condenar a previdência social, em virtude do dano moral decorrente de sua ação ou omissão.
Vale destacar as doutas palavras do constitucionalista Jose Afonso da Silva:
	
“A vida humana, que é o objeto do direito assegurado no artigo 5o, caput, integra-se de elementos materiais (físicos e psíquicos) e imateriais (espirituais). […] No conteúdo de seu conceito se envolvem o direito à dignidade da pessoa humana […], o direito à privacidade […], o direito à integridade físico-corporal, o direito à integridade moral e, especialmente, o direito à existência.”
 (SILVA, 2000, pag. 201).
A grande questão diz respeito aos parâmetros para se constatar as situações concretas de dano moral passível de indenização. É possível estabelecê-los com base em algumas premissas básicas de análise de casos, tais como:
 1) a apreciação da situação deve ser feita pelo Magistrado com base na equidade, tomando-se por referência a pessoa considerada “normal”, que não tenha alterações emocionais ou distúrbios psicológicos;
 2) a gravidade da conduta danosa e os reflexos que ela ocasionou na vida da vítima, bem como os efeitos que ocasionaria a qualquer pessoa que passasse por aquela situação; 
3) as condições psicológicas do ofendido, ou seja, se o abalo efetivamente sofrido é esperado que ocorra com todas as pessoas ou se é exacerbado por causa das condições emocionais daquela vítima em especial; 
4) a conduta esperada ser ou não corriqueira, comum do dia a dia, sendo aquela situação a que todos estão passíveis de serem submetidos; 
5) o dano moral sofrido extrapolar ou não o limite do suportável, a ponto de retirar a vítima de sua tranquilidade diária e a afetar consideravelmente, sendo algo além da chateação e irritação comum do dia a dia; 
6) comparação do dano sofrido com a realidade vivida pela vítima, com o meio cultural e sociológico em que vive, em especial com relação a seus valores e percepção de senso comum.
Atualmente, existe uma séria divergência no posicionamento dos magistrados quanto à esta aplicação, resultando em indeferimentos e em muitos casos julgando-se incompetente para tal (justiça comum/justiça federal), demonstrando-se que ainda existem falhas na aplicação da isonomia entre as partes, preconizada em nossa constituição federal.
2.2. ARGUMENTOS DESFAVORÁVEIS
Aparentemente é fácil conceituar o dano moral, porém, a grande dificuldade está em saber o que o configura e o que não o configura. Essa questão vem se tornando um tormento na doutrina e na jurisprudência, levando muitos julgadores a situação de perplexidade, alegando serem incapazes de julgar tal assunto quando se trata de direito previdenciário.
Em regra, muitos tribunais tem entendido que em algumas situações, o indeferimento e/ou cessação do beneficio por incapacidade (seja ele qual for), configuram apenas um mero dissabor ou aborrecimento pela parte supostamente prejudicada, o que não o daria direito à indenização por danos morais, uma vez que se tratariam de casos que não fogem à normalidade e não seriam fortes o suficiente para abalar o sujeito suficientemente.
A desembargadora federal Doutora Gilda Sigmaringa Seixas, julga na primeira turma a apelação:
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. INDEFERIMENTO DE BENEFÍCIO. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. 1. Não há que se falar em indenização por danos morais quando o INSS indefere, suspende ou demora na concessão de benefício previdenciário, tendo em vista que a Administração tem o poder-dever de decidir os assuntos de sua competência e de rever seus atos, pautada sempre nos princípios que regem a atividade administrativa, sem que a demora não prolongada no exame do pedido, a sua negativa ou a adoção de entendimento diverso do interessado, com razoável fundamentação, importe em dano moral ao administrado, de que possam decorrer dor, humilhação ou sofrimento, suficientes a justificar a indenização pretendida. 2. Correta a sentença que julgou improcedente o pedido autoral, em face da ausência de ilegalidade a justificar o pagamento de indenização. 3. Apelação da parte autora não provida.(TRF-1 - AC: 10004469320204019999, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXAS, Data de Julgamento: 27/05/2020, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: 08/06/2020) (GRIFO NOSSO)
Para que haja a indenização por dano moral, se faz necessário que a parte ofendida demonstre que o ato causador do dano tenha ultrapassado a esfera do que deixa de ser razoável ou aceito de forma comum à sociedade. Alguns juristas Dante de algumas abusividades em ações, denominam o dano moral no direito previdenciario como que uma “industria de dano moral”, resultando na exigência de prova do dano, mesmo que em muitos casos atinjam diretamente os direitos de personalidade e seriam passíveis de dano moral puro, ou seja, aquele que não exige prova.
Muitos magistrados para conceder a reparação por dano moral devem estar convencidos da efetiva ofensa à dignidade unida a violação à integridade física, psíquica e moral, não devendo tratar-se de mera frustração ou dissabor devido ao risco de banalização do instituto.
A respeito disto, importante mencionar o que diz o Desembargador Sergio Cavalieri Filho nos fornece sobre a exata questão:
"Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos."
(CAVALIERI, 2008, p. 78)
Diante do exposto, há ainda muito o que se discutir a respeito do dano moral nos benefícios previdenciários tendo por base a discussão do que seriaa “dor, vexame, sofrimento ou humilhação que fogem da normalidade”, e o que seria apenas “mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exarcebada”,levando em consideração o estado físico e crítico da parte ofendida. 
2.3. ARGUMENTOS FAVORAVEIS
Em contrapartida aos que julgam o dano moral nos benefícios previdenciários como “mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou coisas comuns de nosso cotidiano”, é importante analisar cada caso em especifico. Isso, pois, quase todos os beneficio da Previdencia Social são considerados como de caráter alimentar, ou seja, são essenciais para manutenção e sustento do segurado.
Por exemplo, como não considerar que há um abalo significativo na moral e na vida de uma pessoa que, deficiente nos termos legais, jogado a própria sorte sem qualquer meio de suprir a própria subisistencia tem seu benefício negado pela Autarquia, por uma falha do perito qual não analisou com bom animo os laudos apresentados, bem como a analise física minuciosa levando em consideração sua incapacidade ao labor? Ou até mesmo uma aposentadoria por idade rural com diversas provas e documentos que demonstram a qualidade de segurado especial do requerente, porém, é negada devido a apenas a ausência de reconhecimento de uma assinatura de algum dos contratos de arrendamento? 
Nesses casos, conforme as palavras da jurista Wânia Lima Campos:
 “Na seara previdenciária é inequívoca a possibilidade de ocorrer dano moral, consistente naquele prejuízo imaterial, que reflete na intimidade e na privacidade, experimentado pelo segurado ou dependente em decorrência dos vícios no processo, no ato administrativo de concessão de seu beneficio ou nos requisitos destes, seja por má interpretação, seja por diagnóstico equivocado de uma situação fática de contingência da pessoa. (...)”. 
Desta forma, nítido é que o segurado que teve seu beneficio negado ou cessado indevidamente, esta passando por dificuldades, endividando-se, ficou ou está sem condições de comprar seus remédios de uso contínuo, interferindo diretamente em sua saúde, entre outras situações, podem demonstrar que o indeferimento ou cessação indevida do beneficio por incapacidade postulado, foi bem maior que um simples “mero aborrecimento”, trazendo prejuízos reais e graves a vida e dignidade do requerente.
Neste mesmo sentido leciona Castro (2009, p. 171): 
“Trata-se de direito de natureza eminentemente alimentar, gerando, no mais das vezes, da subsistência básica do ser humano, cuja demora ou indeferimento descabido podem causar danos irreparáveis à existência digna de quem dependa das prestações do seguro social. Acrescente-se a isso a condição de hipossuficiência da maior parte dos potenciais beneficiários da Previdência, tanto de ordem econômica quanto de conhecimento acerca de seus direitos de índole previdenciária, o que gera a necessidade de que o tratamento conferido a estes direitos assuma contornos especiais”.
A concessão de benefício previdenciário exige que o servidor público verifique se o requerente preencheu todos os requisitos legais, que são de caráter objetivos, para a concessão do benefício pleiteado, não competindo a aplicação de juízo de conveniência e oportunidade, por ser um ato vinculado do servidor do INSS. (CAMPOS, 2010).
Vícios decorrentes da não observância das regras e dos princípios aplicáveis ao processo administrativo de concessão de benefício previdenciário pode ensejar dano moral ao segurado ou dependente, impondo-se a sua reparação civil, porquanto se trata de uma conduta antijurídica, em um momento de fragilidade da condição humana. (CAMPOS, 2010, p. 95)
 Campos leciona, (2010, p. 106) que:
 A não concessão de benefício previdenciário com base em discricionariedade e por vezes em arbitrariedades dos servidores públicos do INSS implica em desvirtuamento do ato vinculado a que estão sujeitos, podendo causar danos morais aos beneficiários prejudicados. Assim, privar o segurado e o dependente do ato concessivo de benefício previdenciário, por vício ocorrido no processo ou no ato de (não)concessão, implica em privá-los dos atributos dos atos administrativos e impor a eles alternativas de obter o benefício, muitas vezes, por meio do Poder Judiciário, o que lhes causa sofrimento e angústia, consiste em abalo moral sujeito à reparação.
 A responsabilidade civil de reparar os danos causados pelos agentes da Administração Pública independe da verificação de dolo ou culpa destes, por se tratar de responsabilidade objetiva do Estado. Entretanto, a constatação de dolo ou culpa, embora não seja requisito para a responsabilização do Estado em reparar o dano causado a vítima, servirá de parâmetro para o julgador fixar o valor indenizatório do dano moral.
Se formos mais a fundo vemos que são inúmeras as situações as quais vemos o desrespeito latente, gritando na vida dos segurados, como, suspensão dos pagamentos sem o devido processo legal, retenção de valores sem esclarecimentos aos beneficiários, atraso na concessão do benefício, indeferimento sem justa causa, acusação de fraudes, sem pré-análise, perícias médicas deficientes, falta de orientação ou errônea informação, perda de documentos ou processo, recusa de expedição de Certidão Negativa de Débitos; não cumprimento de decisões hierarquicamente superiores (art.64 do CPRS), não cumprimento de Súmulas e Enunciados(art.131 da LB), recusa de protocolo, erro grosseiro na cálculo RMI; retenção de documentos, limites de senhas para atendimentos; tempo de espera (fila de bancos); má exegese das leis, lentidão na revisão, maus tratos aos idosos dentre muitos outros.
A Previdência Social tem cometido cada vez mais, descasos com os que sofrem por ter seu direito flagelado principalmente no atual cenário de pandemia, deixando-os jogados a própria sorte. Devemos entender que a relação previdenciária e sua proteção, esta intimamente ligada à eficiência do serviço público o qual deve se mostrar necessária para assegurar ao segurado um acesso justo aos benefícios previdenciários existentes, o que nitidamente não ocorre, resultando na enorme demanda de processos previdenciários que em seu grande numero encontram-se parados.
3. CONCLUSÃO
O presente artigo tem como finalidade analisar alguns aspectos jurídicos que estão relacionados ao sistema previdenciário no Brasil, tendo em vista a importância que o mesmo representa a sociedade.
O direito previdenciário é considerado como um direito fundamental, qual representa a garantia aos segurados e seus dependentes quando ocorre algum infortúnio. O Estado estabelece a todo trabalhador da iniciativa privada o dever de efetuar contribuições para o Regime Geral da Previdência Social. Essa contribuição garante a condição de segurado ao trabalhador, dessa forma, caso o mesmo seja vítima de algum infortúnio, caberá ao Estado, por meio da Previdência Social, amparar o trabalhador, garantindo a este benefícios e serviços adequados, a fim de ampará-los no momento em que este mais necessitar.
Ocorre que no momento em que o segurado mais precisa desse apoio do Estado para ver satisfeito o seu direito encontra diversos empecilhos que afastam ou dificultam muito a concessão do beneficio a qual teria direito.
A má prestação e/ou os vícios destes serviços, quando detectados no decorrer do processo administrativo, devem ser reparados por meio de ação de indenização por dano moral. Devido a essa importância que representam os direitos fundamentais merecem ser efetivados, de maneira que caso sejam descumpridos, se faz necessária a responsabilização do Poder Público. 
Por se tratar de caráter alimentar, o segurado ou dependente que requerer um benefício não pode tê-lo indeferido por praticas abusivas ou vícios da Administração Pública, isto que o mesmo se destina a subsistência da pessoa humana, servindo para custear suas necessidades vitais, tais como moradia, alimentação, saúde, higiene, vestuário, educação.
Por isso, os indeferimentos e cessções indevidas que impedem que o segurado ou seus dependentes tenham acessoa benefícios previdenciários os quais teria direitos, constituem na ofensa aos direitos fundamentais, causando reflexos no psicológico do requerente, além de atingir as necessidades vitais básicas, acarretando, como consequência a necessidade de reparar o dano moral. A reparação servirá como forma de coibir a reiteração das práticas abusivas por parte do INSS. 
Assim, tem-se por finaldade deste artigo, contribuir chamando atenção a necessidade de mais transparência, eficiência e também maior controle do Estado no que diz respeito a todas as etapas do processo administrativo previdenciário.
Além disso, o dano moral nas ações de beneficio previdenciário continuará sendo assunto de pauta, mesmo não existindo mais dúvidas sobre a possibilidade de reparação financeira. Esse tema ainda hoje gera muitas controvérsias no meio jurídico, levando em consideração os inúmeros processos que tratam dele nos tribunais, com a possível banalização do dano moral.
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