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1 Conteúdo 1 - Os bancos na Era Digital: Atualidade, tendências e desafios. 2 - Internet banking. 3 - Mobile banking. 4 - Open banking. 5 - Novos modelos de negócios. 6 - Fintechs, startups e big techs. 7- Sistema de bancos-sombra (Shadow banking). 8- Funções da moeda. 9 - O dinheiro na era digital: blockchain, bitcoin e demais criptomoedas. 10 - Marketplace. 11 - Correspondentes bancários. 12 - Arranjos de pagamentos. 13 - Sistema de pagamentos instantâneos (PIX). 14 - Segmentação e interações digitais. 15 - Transformação digital no Sistema Financeiro Coletânea de exercícios pertinentes Atualidades do Mercado Financeiro 2 Os Bancos na Era Digital: Atualidade, tendências e desafios Com a nova cultura digital, os bancos precisam não só adaptar seus produtos e serviços, operações e modelo de negócio para uma abordagem consultiva em relação ao cliente A digitalização bancária já é uma realidade. Mesmo as instituições financeiras que efetivamente ainda não possuem processos automatizados o bastante para caracterizar esse conceito se esforçam para passar a imagem de “novo banco”. Para se destacarem em um mercado cada vez mais competitivo, as instituições precisam estar alinhadas e preparadas para essa nova realidade digital. Essa necessidade está atrelada ao cenário de clientes cada vez mais informados e conectados e de suas novas expectativas em relação aos serviços que consomem, não só financeiros, mas com influência inclusive das demais indústrias e de suas redes de relacionamento. A digitalização bancária chega para atender esse consumidor moderno, que agora consegue transacionar com as instituições sem a necessidade de intermediários por meio de seu dispositivo — como desktop, notebook, celular e tablet —, facilitando o relacionamento e melhorando a comodidade do cliente. Com a chegada das agências digitais, os bancos passam por uma quebra de paradigma no que diz respeito ao relacionamento com seus clientes. O foco deixa de ser a concorrência e as instituições devem direcionar seus esforços para aprofundar o entendimento de seus clientes, suas necessidades e expectativas. Assim, surge uma nova cultura digital, na qual é necessária não só uma adaptação de produtos e serviços, operações, modelo de negócio e organização, como uma ampliação de serviços para uma abordagem consultiva em relação ao cliente e colaborativa em relação ao mercado. Já os clientes esperam ser “encantados” e passam a exigir experiências cada vez mais consistentes e incorporadas às necessidades de seu dia a dia, com alta qualidade e disponibilidade nos canais de relacionamento de sua preferência. Cada vez mais deve-se necessitar menos das operações de retaguarda. O modo de pensar no momento da definição de produtos e processos deve levar isso em consideração. O conceito é que tudo deve ser resolvido de forma automatizada ou com o mínimo de interação manual. O segmento bancário vem investindo em iniciativas para sua transformação digital, no entanto, muitas delas ainda estão focadas no front-end, como canais, aplicativos e atendimento. Uma das dificuldades em se adequarem ao novo conceito está vinculada à necessidade de ampliar as ações para suas operações e modelos de negócio de forma rápida, ágil e com menor custo, frente à dificuldade de integração com sua infraestrutura atual (legados). Outro desafio é a chegada de novos players como, por exemplo, as fintechs e as empresas de pagamentos. A associação com os sistemas de redes sociais e aplicativos colaborativos é mandatória. O conceito de “jornada do cliente” passa a estar presente na forma de pensar dos responsáveis pelos atuais produtos bancários, substituindo o modelo de oferta desses produtos. Agora, é preciso identificar as necessidades do cliente de acordo com seu perfil e suas escolhas no momento em que está transacionando ou navegando na web. Após essa descoberta pode-se oferecer algo mais indicado para aquele cliente naquele instante. O maior benefício da digitalização reside na transformação do relacionamento e na fidelização do cliente, além da redução de custos e maior eficiência operacional. Outra vantagem é a bancarização, ou seja, a ampliação de clientes considerando a população não bancarizada e já “conectada”. A exposição desse viés de modernidade e 3 mudança do modelo bancário tradicional visa atrair, também, a geração chamada millennial, de jovens entre 18 e 34 anos. Essa tendência já é fato no Brasil, e foi impulsionada pela questão dos não bancarizados e da pressão por eficiência e redução de custos. Os bancos, mesmo não estando 100% preparados, já se preocupam em passar a imagem de que são digitais. Por conta da importância e urgência dessa transformação digital, as instituições financeiras têm conseguido prioridade interna em seu portfólio de projetos, por isso, existem muitas iniciativas e projetos em andamento no país. Entretanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido para a completa digitalização. Para tornar-se digital, é fundamental adotar uma estratégia clara e consistente que engloba a transformação do relacionamento com o cliente, das operações e dos modelos de negócio. Ainda há muito trabalho a fazer com relação ao amadurecimento de uma cultura verdadeiramente digital nas organizações, e o consequente investimento em construir uma visão clara, o engajamento de toda a organização, o roadmap de transformação e mecanismos para aferi-la. Pensar de forma digital é o grande desafio das áreas internas dos bancos, pois muitos processos internos precisam ser repensados e as questões de segurança devem ser priorizadas. Recentemente, o Banco Central criou uma norma que autoriza a abertura de contas sem a presença do cliente em agência, validando o que antes era uma tendência para uma realidade palpável. Sem dúvida foi um grande avanço, mas ainda há um enorme gap na adoção de uma cultura digital, associado à questão de segurança. A autorização de abertura de contas de forma não presencial pressupõe o desenvolvimento de mecanismos cada vez mais complexos e efetivos de segurança e garantia de informações. Ademais, essa mensagem de segurança e cumprimento das obrigações legais também precisa chegar de forma clara ao consumidor, evitando desconforto e qualquer tipo de desconfiança. O Brasil caracteristicamente é um país com foco em inovação, empreendedorismo e adoção de tecnologias disruptivas e, consequentemente, aberto a mudanças. Este mindset passa a impressão de que já estamos prontos para adotá-la ou até mesmo que esta já é uma realidade, mas está claro que ainda há muito trabalho a fazer quanto à transformação nos bastidores. A digitalização carrega em si a ideia de “simplificação”, e este sim é o grande desafio, um desafio e tanto. Além dos bancos, outros players do segmento financeiro também estão movimentando-se para participarem desse movimento de digitalização. Financeiras, empresas de meios de pagamento, adquirentes, entre outros. É um movimento sem volta e quem ficar de fora certamente terá muita dificuldade para sobreviver. Internet banking. O Internet Banking é o ambiente bancário na internet, praticamente todos os bancos possuem um site onde o correntista consegue realizar diversas transações bancárias sem depender da agência. O internet banking permite o uso da tecnologia para consulta de saldo, extrato, transferências, pagamentos, etc., já é possível fazer praticamente tudo pela internet. Devido ao crescimento dessa tecnologia muitos clientes nunca foram na agência bancária de relacionamento, hoje em dia até a conta-corrente pode ser aberta pela internet. O Internet Banking (banco na internet) permite que o correntista realize operações bancárias pelo computador, dispensado a necessidade de ir naagência. O que é possível fazer no Internet Banking: Pagamentos (contas e boletos) Transferências entre contas da própria instituição Transferência via TED ou DOC para qualquer banco Licenciamento de veículos e pagamento de multas (depende do banco) Recarga de celular Transferência Internacional 4 Aplicação em investimentos Resgate de aplicações Consulta de saldo e extrato Solicitação de produtos e serviços financeiros (cartão de crédito, empréstimo, cheques, etc.) Entre várias outras transações… Hoje em dia a maioria dos serviços bancários estão disponíveis no Internet Banking. Qual o melhor internet banking? Isso depende do gosto de cada um, eu gosto bastante do Internet Banking do Banco Itaú pois ele é bastante completo. O Banco Original tem, na minha opinião, o Internet Banking mais bonito e moderno. Já o pior Internet Banking é o dos bancos estatais, na Caixa Econômica Federal (CEF) e no Banco do Brasil (BB) há uma grande burocracia, sendo necessário instalar um plugin de segurança que deixa o computador lento. Se você já acessa a sua conta-corrente ou poupança pela internet, então você já utiliza o Internet Banking. Qualquer pessoa que saiba acessar a internet pode acessar o Internet Banking. O termo “Internet Banking” é utilizado para fazer referência principalmente ao acesso bancária via computador/notebook (geralmente pelo navegador), já o acesso aos serviços bancários pelo celular é conhecido como Mobile Banking (ou Mobile Bank – termo em inglês que significa banco móvel), cujo acesso pode ser feito pelo browser (navegador) ou através de um aplicativo específico. Como podem perceber o inglês é bastante utilizado para se referir a termos bancários, principalmente os relacionados a tecnologia: Internet Banking = Acesso aos serviços bancários pelo computador/navegador. Mobile Banking ou Mobile Bank = acesso aos serviços bancários pelo celular, geralmente por APP. Dicas de Segurança para Utilizar o Internet Banking Abaixo vamos listar algumas dicas para que utilize o Internet Banking do seu banco com segurança: Confira sempre a URL (endereço) do site do Banco – muita gente cai em golpes depois de introduzir os dados bancários em sites falsos; Cadeado verde – veja se o site possui um cadeado de cor verde junto ao endereço, isso mostra que a conexão é segura (criptografada) e que a identidade do banco foi confirmado (normalmente aparece a razão social do banco e o CNPJ junto ao certificado); Nunca digite mais de uma chave de segurança em uma única transação; Tenha um antivírus no computador sempre atualizado; Nunca clique em links de e-mails de pessoas que você não confia; A maioria dos bancos nunca enviam e-mails “clicáveis”, isso é para a segurança do correntista; Cuido com programas executáveis enviados por e-mail – a maioria é vírus!!!! Banco nunca pede a atualização de chave de segurança por e-mail – esse procedimento não existe; Cuidado com falsos e-mails de bancos que ameaçam cancelar o seu acesso ao internet banking caso não seja feito uma ação – isso não existe! Troque periodicamente a senha do seu internet banking; Se possível, tenha um e-mail utilizado exclusivamente para receber comunicados do banco; Para tornar o ambiente bancário na internet seguro a maioria dos bancos utilizam uma chave de segurança (token), que exige a validação através de um código único gerado aleatoriamente através de um dispositivo eletrônico ou por APP. Jamais forneça a sua senha a terceiros; Realizar operações bancárias pela internet é seguro, mas é necessário que o correntista siga as dicas apresentadas acima. Mobile banking 5 Basicamente, o termo mobile banking refere-se ao uso de um smartphone ou outro dispositivo móvel para realizar tarefas bancárias que normalmente só podiam ser feitas nas agências ou por meio do computador pessoal. É também como são chamados os serviços on-line que os bancos oferecem aos seus clientes, tais como monitoramento de saldos da conta corrente, transferência de fundos entre contas, pagamento de faturas, entre outros. O mobile banking está mudando a forma com que as pessoas lidam com os bancos no país. Se olharmos para o pool de canais que os bancos brasileiros oferecem, vemos que as transações com movimentações financeiras no Mobile Banking cresceram 41%, enquanto Internet Banking apresenta leve queda. Já as operações sem movimentação financeira migraram dos ATMs e do Internet Banking para o Mobile Banking, enquanto as agências bancárias mantêm a composição. Para acrescentar ainda mais dados que ilustram essa nova realidade e contextualizá-la com o que está acontecendo em todo o mundo, verifique os dados de transações bancárias feitas via mobile banking por ano, de acordo com a Pesquisa de Tecnologia Bancária da FEBRABAN: 2015: R$11,2 bilhões; 2016: R$18,6 bilhões; 2017: R$25,3 bilhões; 2018: R$33,1 bilhões; 2019: R$39,4 bilhões. Do ponto de vista dos banqueiros, o mobile banking traz inúmeras vantagens. De redução de custos à melhoria na experiência do cliente, passando por rapidez nas transações, possibilidade de melhor segmentação e análises preditivas (Big Data) para oferecer produtos e serviços cada vez mais personalizados e aderentes. Já para os clientes, pessoas físicas e jurídicas, o mobile banking oferece a comodidade de realizar transações bancárias a qualquer hora e em qualquer lugar onde haja conexão com a internet. Traz, portanto, ganho de tempo e também facilita a realização de negócios em poucos cliques. Quais são os desafios enfrentados pelos bancos com o mobile banking? Apesar de todos os benefícios, o mobile banking também traz desafios para os bancos. Tanto é que ele é um dos assuntos mais discutidos em eventos de tecnologia para o setor bancário em todo o mundo. A seguir, conheça quais são as principais preocupações dos executivos do setor bancário em relação ao mobile banking. Transformar o mobile banking em um canal transacional Em 2019, apesar do avanço da utilização dos serviços bancários por meio dos canais digitais, apenas 25% das transações foram com movimentação financeira, mas Para Fernando Kontopp, do Itaú Unibanco, os clientes passarão a usar com mais frequência os canais digitais daqui para frente: “Verificamos que a adesão tem sido bastante grande. Clientes que eventualmente não estavam tão confortáveis ou não tinham o hábito de utilizar esses canais, passaram a fazer uso de internet banking ou mobile banking. Como oferecemos uma experiência muito boa e segura para os clientes, acreditamos que uma vez que comecem a usar esses canais, eles adotarão esses novos hábitos”. Por isso, um dos grandes desafios dos bancos agora é aproveitar esse novo comportamento do consumidor para capitalizar mais através da internet. A boa notícia é que os novos hábitos dos consumidores estão fazendo com que os principais bancos em operação no país se esforcem para elevar o número de vendas de produtos e serviços via mobile banking. Também o número crescente de startups e fintechs que surgem a cada dia contribui para que a inovação digital seja fomentada no setor bancário. https://blog.simply.com.br/revolucao-das-fintechs-ameaca-ou-oportunidade-para-os-bancos/ 6 Melhorar a usabilidade das aplicações mobile Somente a criação de serviços via mobile banking não é suficiente para o sucesso. Um dos grandes desafios do setor bancário neste momento é melhorar a usabilidade das aplicações móveis, já que o consumidor precisa se sentir seguro e ver simplicidade no uso das ferramentas. E há inúmeras iniciativas nesse sentido. Uma delas vem do alemão Deutsche Bank, que desde 2014 promove a FutureBanking, uma competição internacional na qual profissionais de design, finanças e outras áreas relacionadas podem propor soluções de user experience (UX, experiência do usuário) para tornar os serviços e aplicativos mais amigáveis e efetivos. No artigo sobre a experiência do cliente, abordamos a importância deste conceito nos serviços financeiros. Lidar com as ameaças à segurança da informação Há também o desafio da segurança dos dados bancários, tanto para o consumidor que está acessando sua conta por meio do dispositivo móvel quanto para o banqueiro. De acordo com um levantamento feito pela ESET, hoje o Brasil é líder no mundo em trojans bancários – os famosos vírus “cavalos de Troia”, que são instalados sem que os usuários percebam e silenciosamente roubam dados de transações financeiras. Outro estudo, realizado pelo grupo de pesquisa antimalware da Kaspersky Lab, aponta que em 2015 os dispositivos móveis foram alvo de um aumento significativo no número de ataques do tipo ransomware – vírus que sequestra o sistema operacional ao criptografar os artigos para que o hacker, em seguida, solicite um resgate. Por ser de difícil monitoramento, o acesso mobile tende a sofrer ameaças constantes até que toda a população seja devidamente educada para lidar com as ameaças. Assim, cabe aos bancos trabalhar para garantir segurança de ponta a ponta, já que cada usuário é uma possível vítima, ao mesmo tempo que é um gerador de vulnerabilidades em potencial. Open Banking Na esteira do Pix e da agenda do Banco Central (BC) de incentivo à competitividade no Sistema Financeiro Nacional (SFN), a chegada do Open Banking deve trazer mais opções de produtos e serviços financeiros, com menos custos, além de mais transparência aos clientes finais, que terão mais autonomia sobre sua vida financeira. Na prática, o cliente será dono de seus dados financeiros e poderá escolher quando e com quais empresas vai compartilhá-los. O Open Banking é um conjunto de regras e tecnologias que vai permitir o compartilhamento de dados e serviços de clientes entre instituições financeiras por meio da integração de seus respectivos sistemas. O princípio fundamental do Open Banking é o consentimento do usuário, ou seja, as empresas deverão, obrigatoriamente, compartilhar informações de um cliente (seja pessoa física ou jurídica), se ele solicitar e autorizar a transmissão dos dados para outra instituição. Não é um aplicativo que vai permitir o compartilhamento, nem um produto. Os clientes poderão pedir para suas instituições financeiras compartilharem seus dados, se assim desejarem, por meio dos aplicativos já existentes das respectivas instituições. Novos produtos e serviços devem surgir a partir do desenvolvimento do Open Banking no país, mas sempre seguindo o conjunto de regras estabelecido para a criação do conceito. Vale dizer que o Open Banking não é uma exclusividade do Brasil. O Reino Unido foi o pioneiro, ao implementar um sistema parecido em 2018, enquanto a Austrália implementou a primeira fase do seu programa em julho deste ano, por exemplo. A Índia também já deu os primeiros passos para a criação do seu Open Banking. 7 Além disso, países como Estados Unidos, Canadá e Rússia estão analisando maneiras de incorporá-lo aos seus sistemas financeiros. Cada país pode adotar o Open Banking conforme as suas características e liberar o compartilhamento de dados até certo nível, mas, de modo geral, o objetivo da aplicação do novo conjunto de regras é promover a concorrência, a eficiência e oferecer novos produtos para o consumidor final. No Brasil, está previsto o compartilhamento de dados cadastrais, usados para abrir uma conta em banco, tais como: dados pessoais (nome, CPF/CNPJ, telefone, endereço, etc.); dados transacionais (informações sobre renda, faturamento no caso de empresas, perfil de consumo, capacidade de compra, conta corrente, entre outros); e dados sobre produtos e serviços que o cliente usa (informações sobre empréstimos pessoais, financiamentos, etc.). Tudo sempre com o consentimento do usuário. O processo de liberação dos dados vai acontecer de forma gradual ao longo de 2021 (veja abaixo como vai funcionar cada fase). Quais instituições vão participar? No Brasil, apenas instituições financeiras que funcionam sob algum tipo de regulação oficial do BC poderão participar. Sendo que as instituições financeiras classificadas como S1 (instituições que possuem porte igual ou superior a 10% do PIB ou que tenham atividade internacional relevante) e S2 (instituições de porte entre 1% e 10% do PIB) serão obrigadas a participar do Open Banking. São elas: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica, Itaú, Santander, BNDES, Citibank, Credit Suisse, entre outros. As demais instituições têm adesão voluntária ao Open Banking. Instituições de pagamentos, como Pic Pay, Mercado Pago, Nubank, etc., poderão escolher se vão participar ou não do novo ecossistema. Especialistas ouvidos pelo InfoMoney afirmam que a tendência é que grande parte das instituições reguladas participem. Embora a participação compulsória não valha para todas as empresas, uma característica importante do Open Banking é a reciprocidade. Ou seja, todas as empresas que aderirem terão o direito de receber dados de seus concorrentes, mas também serão obrigadas a compartilhar os dados de suas respectivas bases – quando os clientes consentirem. Portanto, se uma fintech ou outra instituição, que tem participação voluntária, quiser entrar no Open Banking, deverá obrigatoriamente compartilhar os dados de seus clientes, caso eles peçam, com qualquer outro banco ou fintech participante do Open Banking. As instituições receptoras dos dados terão um prazo máximo de 12 meses para acessar os dados, segundo as regras do Banco Central. Depois disso, o cliente precisará renovar o consentimento (veja mais sobre isso na parte de segurança). Quais as vantagens do Open Banking? O Open Banking parte do princípio que os dados do consumidor são de sua propriedade e não do banco ao qual ele está vinculado. Hoje, o Brasil enfrenta uma grande assimetria de informações. Para exemplificar: se um cliente tem conta no banco A, essa instituição detém o histórico de crédito desse cliente, que indica, por exemplo, se ele é ou não um bom pagador. Mas se o cliente deseja pedir um empréstimo no banco B, no qual não possui conta aberta, ele terá dificuldade. Isso acontece porque o banco B não tem dados suficientes para aferir a capacidade de pagamento da pessoa para liberar ou não o crédito porque é o banco A que tem essas informações. Assim, a operação se torna mais arriscada para o banco B e ele tende a não conceder o crédito. O cliente fica, então, dependente da instituição na qual tem conta e sujeito às suas taxas, o que incentiva ainda mais a já alta concentração bancária no país. O Open Banking pretende reduzir essa barreira de entrada, democratizando não só os empréstimos, mas diversos tipos de 8 produtos financeiros, para que os bancos, fintechs, instituições de pagamentos, possam compartilhar as informações entre eles e o cliente tenha o direito de escolher qual instituição oferece as melhores condições para cada serviço financeiro. Na prática, é como se o Open Banking permitisse que o cliente construísse seu “próprio banco”. A pessoa poderá escolher acessar crédito no banco A, que tem a melhor taxa, investimentos na corretora B, que tem baixa taxa de corretagem e cartão de crédito na fintech C, que não tem anuidade, por exemplo. Dessa forma, segundo o BC, o Open Banking vai priorizar a experiência do cliente e a diversidade e representatividade dos participantes. O que muda com o Open Banking? Com o cliente tendo controle do compartilhamento de seus dados, fica muito mais fácil abrir contase adquirir produtos e serviços em diferentes instituições ao mesmo tempo. Do lado das empresas, a corrida será pela atenção do consumidor. Isso porque, mesmo tendo conta na instituição, nada garante que o cliente vai consumir e utilizar os serviços dela. Por isso, o banco ou a fintech que oferecer a melhor experiência em serviços financeiros tende a conquistar os clientes. Os bancos tradicionais, que hoje possuem uma gama grande de produtos, precisarão investir mais na experiência do cliente, enquanto as fintechs, que hoje oferecem uma melhor experiência, precisarão aumentar o portfólio de produtos e serviços. O Open Banking vai incentivar esse equilíbrio entre os participantes do sistema financeiro. A tendência é o surgimento de novos modelos de negócios e mais concorrência entre as empresas, o que vai beneficiar os consumidores, que terão mais opções disponíveis e, provavelmente, produtos mais baratos. Por isso, conforme especialistas ouvidos pelo InfoMoney, o Open Banking incentiva a inovação e a criação de novos produtos, além de ampliar a distribuição e concorrência. Como vai funcionar? O passo a passo de acesso e uso do Open Banking ainda não foi completamente definido, mas algumas etapas já são conhecidas. Em relação à liberação de dados: se o cliente quiser que o banco A, no qual tem conta, compartilhe dados dele com a fintech B, ele precisa iniciar o processo na instituição que vai receber os dados. Ou seja, deve solicitar o compartilhamento à fintech B que vai avisar o banco A, que o cliente solicitou os dados. Feito isso, o banco A, vai confirmar com o cliente se ele realmente solicitou a liberação. Se o cliente confirmar e der seu consentimento, o banco A transmite a informação para a fintech. É parecido com o procedimento adotado na portabilidade de crédito. Por exemplo, com o Open Banking em funcionamento, um cliente do Bradesco poderia cotar as taxas que seriam cobradas se ele pedisse um empréstimo pessoal no Itaú. O cliente faria a solicitação da cotação, por meio do app ou internet banking do Itaú, sem necessariamente ter uma conta no banco. O Itaú então acionaria o Bradesco, que, por sua vez, mandaria uma mensagem dentro do seu app para o cliente confirmar que solicitou os dados. Feito isso, o Bradesco envia a informação ao Itaú, que de posse dos dados, pode abrir uma conta ou avaliar a concessão de crédito mais rapidamente a partir do histórico do cliente. Especialistas consultados pelo InfoMoney disseram que esse deve ser o fluxo padrão de consentimento. Mas ainda é cedo para dizer como cada instituição fará isso de forma mais detalhada. Em relação ao uso de produtos e serviços que vão surgir a partir da implementação do Open Banking, há uma série de possibilidades. A experiência do cliente será um dos pontos centrais no Open Banking. Como o cliente terá muito mais opções disponíveis para usar, as instituições devem investir em soluções simples, intuitivas e na boa usabilidade das plataformas para atrair mais clientes. A recomendação do BC é que o fluxo de autorização para compartilhar os dados e usufruir do Open Banking seja semelhante à do acesso direto na instituição – por meio do app ou internet banking. Ou seja, a ideia é que o cliente autorize o procedimento 9 por meio de reconhecimento facial, biometria ou senha, assim como ocorre com os demais serviços que o cliente usa no banco hoje. Que tipos de serviços encontrarei com o Open Banking funcionando? Considere dois exemplos práticos de tipos de serviços que poderemos encontrar com o uso do Open Banking: Situação 1 Um banco receptor da informação não precisará que o cliente seja seu correntista para fazer uma análise de crédito, basta que o banco no qual o cliente tem conta informe seus dados, a partir do seu consentimento. Por exemplo, o Matheus, que é cliente do banco A, decide comprar um lustre novo para a sua casa em uma loja online de material de construção. Ao chegar no checkout vai se deparar com as formas de pagamento e entre elas poderá ver a opção “crédito do banco B”, no qual não possui uma conta. Ao selecionar essa opção, uma mensagem vai aparecer na tela para que ele indique em qual banco tem conta e, portanto, onde está o dinheiro. Ele indicará o banco A. Ao fazer isso, ele receberá uma mensagem, por meio do app do banco A, avisando que o compartilhamento de dados foi solicitado e ele autoriza a operação. Feito isso, o banco B, que viu seu histórico de crédito, aprova o empréstimo para a compra na loja e ele consegue finalizar o pagamento em minutos usando um microcrédito de um outro banco. Esse tipo de operação já deverá estar disponível em 2021. Situação 2 Será possível encontrar produtos de diferentes instituições financeiras no mesmo aplicativo, desde que essas empresas fechem parcerias entre si. Na prática, seria possível o banco ofertar um produto seu no canal de um concorrente. Por exemplo, a Daniela poderia abrir o app da fintech C e encontrar um financiamento imobiliário fornecido pelo grande banco D e contratá-lo pelo próprio app da fintech. Isso seria possível porque a fintech C (que tem uma boa experiência, mas não tem esse tipo de produto) deseja atrair o cliente para o seu domínio, enquanto o banco D (que possui um portfólio grande de produtos, mas não tem boa experiência em seu app), não quer deixar de ofertar seu produto ao cliente. Assim, outra expectativa relacionada ao Open Banking é o surgimento de marketplaces que vão agregar diversos produtos de diferentes bancos e instituições financeiras. Já esse segundo exemplo será possível com o Open Banking funcionando de maneira plena e deve demorar um pouco mais para se tornar realidade. Quando começa a funcionar? Os usuários finais terão acesso aos serviços e novas opções disponibilizados pelo Open Banking a partir de 15 de julho de 2021 – embora a primeira fase de implementação tenha início no dia 1º de fevereiro de 2021 para as instituições participantes. Quais são as fases? Fase Qual tipo de dado poderá ser compartilhado entre as instituições 1. Início em: 01/02/21 As instituições financeiras irão compartilhar entre si, sob supervisão do BC, suas prateleiras de produtos, serviços e taxas disponíveis; o consumidor ainda não participa desta fase; 2. Início em 15/07/2021 Instituições financeiras estarão aptas a compartilhar entre elas os dados cadastrais de clientes (como nome, CPF/CNPJ, telefone, endereço, etc.) e informações relacionadas a conta corrente, tarifas, entre outros – tudo sempre a partir do consentimento do consumidor; 10 3. Início em 30/08/2021 Início dos serviços de iniciação transação de pagamento (sendo possível usar o WhatsApp para iniciar uma transferência, por exemplo); e a possibilidade de compartilhamento do histórico de informações financeiras dos clientes; 4. Início em 15/12/2021 Possibilidade de compartilhar dados referentes a operações de câmbio, serviços de credenciamento, contas de depósito a prazo e outros produtos de investimentos, seguros, previdência complementar aberta, entre outros; Open Banking é seguro? O Open Banking no Brasil funcionará sob a regulação do Banco Central. Toda e qualquer instituição participante precisará estar sob o guarda-chuva do BC como instituição financeira (como os bancos tradicionais) ou como instituição de pagamento (empresas que não podem conceder empréstimos e financiamentos, como Nubank, Mercado Pago, etc.). Assim, as empresas participantes estão sujeitas a punições por parte do BC. Na prática, se alguma das instituições não seguir as regras do Open Banking ao operar nesse ambiente, o BC pode aplicar multas, excluir a empresa do Open Banking, e, no limite, decretar a falência ou liquidação da instituição. Por isso, a tendência é que todas as instituições participantessigam as regras à risca, assim como elas seguem hoje na oferta de outros tipos de serviços. Além disso, todo envio e recebimento de informações dentro do ecossistema do Open Banking estará protegido pela Lei Complementar n° 105/2001, do Sigilo Bancário, que proíbe o compartilhamento de dados para instituições não participantes do Open Banking, bem como proíbe a venda de informações de consumidores para terceiros. Somado a isso, o arcabouço do Open Banking também está sob o guarda-chuva da Lei Geral de Proteção de Dados (n° 13.709/2018) – que entrou em vigor neste ano e que abrange diversas áreas, além da financeira – e dá autonomia para o cliente em relação ao seus dados. De qualquer maneira, a regulação é rígida no Brasil. Há um perímetro de atuação do Open Banking bem definido. No Reino Unido, por exemplo, uma entidade não regulada pode prestar serviço de compartilhamento de dados, o que não será permitido aqui. A ideia é que o BC fiscalize todos os participantes do Open Banking e os puna, caso necessário, em prol do bom funcionamento do sistema. Mais detalhes sobre a segurança do sistema devem ser divulgados conforme o cronograma do Open Banking for avançando. O que são as APIs e como se relacionam com o Open Banking? A API (Application Programming Interface, em inglês, ou Interface de Programação de Aplicativos) é o recurso que permitirá às instituições compartilhar as informações no ecossistema do Open Banking de maneira padronizada. Vale dizer que a API não foi criada para o Open Banking. É um elemento universal de tecnologia, que já é amplamente usado hoje na integração de sistemas em diversos âmbitos. Basicamente, é a forma como todos os softwares “se falam” dentro da internet. Para facilitar a compreensão, a API é uma espécie de ponte que conecta aplicações diferentes por meio de uma mesma linguagem. Por exemplo, a Uber usa uma API do Google Maps para que tenha os mapas no seu aplicativo, bem como o Airbnb também usa uma API para mostrar as localizações dos imóveis disponíveis para aluguel. Dessa maneira, as APIs vão permitir o fluxo de troca de dados de clientes entre as instituições de forma ágil e segura. Ágil porque todas as instituições receberão e enviarão as informações no mesmo padrão e seguro porque todo o processo será supervisionado pelo BC. Por que padronizar a API é importante? Outra maneira de entender a API é considerá-la como um contrato, com cláusulas que os participantes precisam seguir para conseguir se comunicar. 11 O problema de não padronizar as APIs são as disfunções que poderiam ser geradas na troca de informações, justamente pela falta de cláusulas “nesse contrato”. Por exemplo, o banco A informa o saldo de R$ 100 da conta do cliente João para o banco B, juntamente com o nome completo dele e o número da conta. Mas o banco B tem como padrão uma leitura de números com pontos em vez de vírgula e, quando o saldo entra em seu domínio, ele não consegue traduzir o valor em R$ 100, o que gera um erro na leitura da informação pelo banco B, por exemplo. Seria um detalhe, mas em uma escala que envolve milhares de contas pode atrapalhar muito o funcionamento do sistema. Então, a API vai padronizar o formato dos números como se fosse uma das cláusulas de um contrato. No fim do dia, a API será a estrutura por trás da experiência do Open Banking, que vai facilitar a integração de informações e a visualização de forma rápida e simples para o consumidor – viabilizando uma boa experiência. O formato da API que será utilizado no Brasil ainda está em discussão e será desenvolvido pelo grupo de trabalho do Open Banking (veja mais sobre isso abaixo). Qualquer empresa pode ter acesso aos meus dados financeiros? Não. Os dados financeiros do cliente só serão compartilhados se ele desejar e com as instituições que ele quiser – desde que esses bancos ou fintechs sejam regulados pelo BC. Não vai existir a possibilidade de o cliente solicitar que uma empresa que não está no escopo do Open Banking acesse os dados de seu banco, por exemplo. A única maneira de uma empresa estar no escopo do Open Banking e não ser regulada pelo BC é se ela for uma parceira de uma instituição participante. Mas essa figura “parceira”, por regra, não pode ser regulada pelo BC, portanto não pode ter acesso a dados provenientes do Open Banking. Ou seja, considere que o Banco do Brasil fez uma parceria com a ContaAzul, empresa de software, para fazer um upgrade em sua plataforma de gestão. A ContaAzul vai auxiliar o BB nesse processo de melhoria, mas não terá acesso aos dados que o BC eventualmente vai receber via Open Banking. Inclusive, essas empresas parceiras devem ser, em sua maioria, companhias de tecnologia que vão oferecer melhorias para as participantes conseguirem operar de forma mais ágil dentro do ecossistema do Open Banking. As empresas têm acesso aos meus dados por tempo indeterminado? Não. O BC definirá alguns limites para que as empresas acessem os dados. O prazo máximo é de 12 meses. Passado esse período, o usuário precisará renovar seu consentimento para que a instituição utilize a informação novamente. Esse prazo de duração do acesso vai variar de acordo com o objetivo do uso dos dados. Por exemplo, o acesso ao histórico de crédito pode ter duração de três meses, enquanto o acesso aos dados cadastrais seis meses. Se após esse período a empresa receptora dos dados usá-los para algum fim, poderá ser punida pelo BC. Mais para frente isso deve ser esclarecido de forma mais detalhada pelo regulamento do Open Banking. Vale ressaltar que, devido à LGPD, o cliente poderá pedir para as instituições excluírem seus dados do Open Banking, se assim desejar, a qualquer momento, mas ainda não há um fluxo definido para se fazer isso. Tenho como saber quem tem acesso aos meus dados? Como o cliente decide se quer compartilhar os dados e com quem, ele saberá quais instituições têm acesso às suas informações financeiras porque ele mesmo autoriza o processo – além do fato de as empresas terem acesso às informações por tempo limitado. Mas, no longo prazo, pode ficar inviável fazer a gestão desses dados pessoais. 12 Por exemplo, poucas pessoas acessam a página do Facebook que mostra quais empresas têm acesso aos seus dados a partir do momento em que o usuário faz o login nos ambientes dessas empresas usando a rede social. É a mesma lógica. Passados alguns anos, nem todo mundo deve fazer uma gestão das instituições financeiras que terão seus dados. Esse será um dos grandes desafios do Open Banking: como o consumidor vai administrar seus dados e organizar o seu consentimento para diferentes instituições. E, por enquanto, não há uma solução para isso. Na Índia, por exemplo, há um sistema “agregador de contas”, oferecido pelos bancos e licenciado pelo Banco Central da Índia, que regula a coleta e o compartilhamento de dados. Ao fazer login em apps de empresas terceiras autorizadas, os usuários podem reunir todos os tipos de dados financeiros (como padrões de gastos, reembolso de contas, declarações de Imposto de Renda, transações comerciais, etc.) e podem optar por compartilhá-los ao buscar empréstimos, produtos de investimento ou até seguro. Tem custos? O consumidor final não pagará nada ao solicitar o compartilhamento de seus dados da sua instituição para outra. Ou seja, o banco transmissor da informação não poderá fazer cobranças. Por outro lado, o banco receptor dos dados poderá cobrar o cliente apenas nos casos em que oferecer serviços adicionais que agreguem dados e o cliente optar por contratá-los – nos moldes do que o Flipper ou o Guiabolso oferecem hoje. Ainda não há mais detalhes de possibilidades de cobrança para os clientes PF ou PJ. Já a instituição detentora dos dados poderá cobrar a instituiçãoreceptora, se a mesma solicitar dados cadastrais diferentes do mesmo cliente mais de duas vezes em um mês, segundo o BC. Os eventuais valores cobrados serão definidos no grupo de trabalho do Open Banking. Tem relação com o Pix? O Open Banking e o Pix são diferentes. Enquanto o Pix é um meio de pagamento instantâneo, o Open Banking é um conjunto de regras sob o qual o sistema financeiro nacional vai atuar. São recursos independentes, mas que podem atuar em conjunto. Ambos fazem parte da agenda de inovação e mais competição do BC e têm cronogramas que andam em paralelo. O Pix é uma ferramenta que pode ajudar o Open Banking a evoluir do puro compartilhamento de informações para a movimentação do dinheiro de forma instantânea. Além disso, a criação recente da figura do iniciador de pagamento (Pisp), aprovada pelo BC como entidade regulada, vai possibilitar que essa relação entre Pix e Open Banking se consolide. Na prática, com o Pisp será possível acessar o banco ou outra instituição financeira por canais que não necessariamente são o aplicativo ou o internet banking do banco. Assim, será possível iniciar as transferências por canais como WhatsApp, Mercado Pago, iFood, entre outros, e efetuá-las com Pix – embora o Pix não seja a única opção nesse caso, já que será possível usar outras formas de transação como TED, DOC ou boleto. Em 2021, veremos o desenvolvimento do Pix, com mais serviços e produtos, bem como a chegada do Open Banking para os consumidores em geral. Quem são os responsáveis por implementar o Open Banking no Brasil? O BC criou uma convenção (ou grupo de trabalho) com os principais representantes de instituições financeiras e de pagamentos do país com o objetivo de definir as regras de funcionamento em conjunto para que todas as categorias do sistema financeiro tenham os mesmos direitos e deveres dentro do ecossistema do Open Banking. Nesse grupo de trabalho estão: a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), ABFintechs, que representa os interesses das fintechs, a Organização das 13 Cooperativas Brasileiras (OCB), a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag), a Associação Brasileira de Internet (Abranet), entre outras, além de um conselheiro independente. Qual é o papel do BC no Open Banking? O BC é o juiz do ecossistema do Open Banking. A autoridade monetária estabelece a estrutura inicial do processo de implementação do Open Banking e aprova o conteúdo da convenção. Na prática, o BC é o responsável pela fiscalização e punição das instituições participantes. A ideia é que tudo o que acontece no âmbito do Open Banking seja observado de perto pelo BC – portanto, a tendência é que a operação e dinâmica do Open Banking sejam seguras. Novos modelos de negócios. À medida que as tecnologias de internet evoluem, o consumidor interage de forma diferente, moldando comportamentos. Para acompanhar essa tendência, os gestores estão cada vez mais empenhados em descobrir soluções para aumentar o engajamento do público e manter o negócio alinhado com os seus objetivos. Dessa forma, novos modelos de negócio emergem em todo o mundo. Conhecendo novos modelos de negócios. Vivemos a transformação digital e as tecnologias de hardware, software e internet evoluem de forma acelerada, impulsionando o surgimento de novos mercados. Hoje, o cliente é muito mais exigente e hiperconectado que há uma década, e as empresas acabam disputando o mesmo público em um cenário altamente competitivo. Munidos de informações, os clientes contam com diversas ferramentas online disponíveis gratuitamente para pesquisar e escolher os produtos e serviços mais adequados às suas necessidades. Por isso, é preciso pensar em formas inovadoras de atender o público-alvo, criando experiências disruptivas. Isso significa quebrar padrões e oferecer algo completamente diferente do que sempre foi feito — ou complementar uma ideia de valor. Em um mercado de crescimento exponencial, vence aquele que consegue entregar produtos e serviços com maior qualidade e agilidade, além de agregar valor e novas experiências aos processos de compra e uso. Principais modelos de negócios para empresas em desenvolvimento Com base na importância dos novos modelos de negócios para a evolução do mercado global, listamos abaixo alguns que podem ser adotados na sua empresa. Confira! 1. PSS (Product-Service-System) Conhecido no Brasil como Modelo de Negócio de Servitização, o PSS é orientado à função. Isso quer dizer que a empresa deixa de vender o produto em si e passa a entregar somente as funcionalidades dele como serviço, atendendo adequadamente às necessidades de clientes específicos. A Xerox, por exemplo, usa esse modelo de negócio instalando seus equipamentos de impressão nas empresas e cobrando apenas pelo número de cópias realizadas (pay-per-copy). Em um outro exemplo, a Philips faz toda a instalação da iluminação em um projeto predial e cobra somente pela iluminação proporcionada (pay-per-lux). 2. O2O (Online-to-Offline) Tem a característica de oferecer pela internet produtos e serviços comumente disponibilizados em lojas físicas (varejo). A estratégia é usada com sucesso por sites de compras coletivas para ajudar lojistas a atrair novos clientes engajados com o mundo digital. O Peixe Urbano foi uma das primeiras empresas a adotar esse modelo no Brasil, reunindo ofertas de hotéis, recomendações de produtos e promoções com preços bem reduzidos por tempo e quantidade limitados. O iFood é outro exemplo de sucesso, unindo restaurantes em um aplicativo para a encomenda e entrega de comidas em domicílio. 14 3. Modelo de assinatura No modelo de assinatura, a empresa fornece pacotes de produtos e serviços adequados a diversos perfis de consumidores. Ao escolher o melhor plano para seus desejos e necessidades, o usuário passa a pagar uma mensalidade fixa. Serviços como Netflix, Dollar Shave Club e Kindle Unlimited usam esse modelo como estrutura de negócios. Powered by Rock Convert Nesse mesmo modelo, empresas como Google, Spotify e Dropbox oferecem gratuitamente uma linha de produtos e serviços bem completa. Porém, a maioria dos serviços gera resultados que levarão o usuário a depender de uma estrutura maior e mais completa, com ferramentas e recursos adicionais, lá na frente, forçando-os a migrar para um plano pago. Esse modelo é chamado de “freemium”. 4. Crowd-Knowledge Também chamado de Inteligência Coletiva, Conhecimento Distribuído e Sabedoria Coletiva, esse modelo visa elevar os níveis de conhecimento e inteligência de um determinado grupo de pessoas para facilitar a tomada de decisões. Geralmente, são compartilhados dados e informações pelos colaboradores ativos na comunidade online. As informações mais relevantes e valiosas podem ser vendidas na plataforma sem a exposição de dados privados e individuais. Mas, para chegar a esse ponto, a empresa precisa contar com uma grande quantidade de participantes que compartilham dos mesmos problemas e estejam dispostos a solucioná-los. Um exemplo desse modelo de negócios é o utilizado pelo site Patients Like Me. Nele, é reunido um conjunto de pessoas que enfrentam as mesmas doenças, como diabetes e reumatismo, para discutir maneiras de lidar com elas ou se curar. As informações são coletadas e vendidas pela indústria farmacêutica, médicos e profissionais da saúde e bem-estar, sem expor os colaboradores. 5. Crowd-Innovation Também chamado de Modelo de Inovação Aberta, contribui para que as organizações resolvam seus problemas encontrando e aproveitando melhor as oportunidades inovadoras que surgem no mercado. A ideia é usar a colaboração externa sem estabelecer vínculos empregatícioscom os participantes (freelancers). Mas, para ter sucesso aqui, os gestores precisam recrutar e manter solucionadores natos de problemas (inovadores) atuantes em diversas áreas de negócios. Empresas como a Innocentive, NineSigma e IdeaConnection usam o modelo de negócios Crowd-Innovation com sucesso. 6. P2P e C2C Peer-to-Peer (de pessoa para pessoa) e Consumer-to-Consumer (de consumidor para consumidor) são modelos de negócios em que pessoas e empresas se conectam diretamente — sem intermediários — por meio de uma plataforma para a troca de soluções em forma de produtos e serviços. A ideia é cruzar os fornecedores das soluções com os interessados nelas em um ambiente online. Nada é cobrado dos usuários, mas a plataforma aproveita o fluxo concentrado de pessoas para vender espaços de publicidade, tornando o negócio lucrativo. Plataformas de negociação como Mercado Livre e Amazon são alguns exemplos práticos desse modelo de negócios em ação. Como escolher o modelo ideal para o negócio? Cada modelo de negócios é específico. Saber qual é mais indicado para a empresa dependerá do conhecimento que os gestores têm sobre o público-alvo, como o padrão comportamental nas interações, engajamento e jornada de compra. A partir daí, fica mais fácil identificar as necessidades do negócio e escolher um modelo mais adequado. Além disso, é importante que os gestores façam testes para comprovar a escolha certa do modelo, que será aquele que entregar os resultados esperados ou acima. 15 Hoje, na era digital, as empresas precisam pensar de forma criativa para lançar ou se adequar aos novos modelos de negócio. Quem for capaz de entregar experiências digitais com maior rapidez e assertividade, conseguindo atender e superar as expectativas dos consumidores durante a jornada de compra, é quem deve alcançar o sucesso. Fintechs O termo 'fintech' surgiu da combinação das palavras em inglês financial (finanças) e technology (tecnologia). Esse nome, por si só, resume bem a ideia: fintech é toda empresa que oferece serviços financeiros que se diferenciam pelas facilidades proporcionadas pela tecnologia e, com efeito, pela internet. Sob esse ponto de vista, talvez você não veja muita diferença em relação aos serviços oferecidos pelos bancos. Instituições bancárias tradicionais trabalham com tecnologias bastante sofisticadas para atribuir acesso e segurança às transações financeiras. Isso vale para gerenciamento de contas correntes, empréstimos, serviços de cartão de crédito, investimentos, entre outros. É um conceito que deriva da união dos termos “financial” e “technology”. As Fintechs são startups que trabalham para oferecer serviços financeiros a partir das possibilidades tecnológicas da contemporaneidade. Assim, elas conseguem trabalhar com custos operacionais menores, de maneira mais otimizada. Os bancos tradicionais (Bradesco, Banco do Brasil etc.) usam a tecnologia em seus serviços, mas não são consideradas Fintechs porque ainda operam prioritariamente a partir do modelo tradicional. As Fintechs tem toda a base da sua operação na inovação tecnológica, oferecendo serviços como: cartão de crédito, meios de pagamentos, lojas virtuais, financiamentos/empréstimos etc. Mas, em uma fintech, a tecnologia é utilizada essencialmente para trazer conveniência por meio da inovação: as empresas do ramo utilizam recursos tecnológicos amplamente disseminados para criar metodologias, processos e ferramentas que facilitam o acesso a serviços financeiros. O resultado desses esforços aparece para o usuário na forma de praticidade, burocracia reduzida, custos baixos, maior controle sobre operações financeiras e por aí vai. Quais serviços as fintechs oferecem? As fintechs podem oferecer uma ampla variedade de serviços, tanto para usuários domésticos (pessoas físicas) quanto para empresas e demais instituições (pessoas jurídicas). Alguns desses serviços não diferem muito daquilo que encontramos em bancos e afins: fornecimento de cartão de crédito (inclusive pré-pago), meios de pagamentos, financiamentos, transferência de recursos, seguros, entre outros. Outros serviços diferem bastante, como os que disponibilizam plataformas para que o cliente possa gerenciar as suas finanças com mais clareza ou que permitem que outros usuários — e não bancos — ofereceram pequenos empréstimos (nos países em que esse tipo de atividade é permitido). Em todos os casos, o principal diferencial está no foco que é dado à experiência do usuário: como já dito, os recursos tecnológicos devem trazer praticidade, facilidade de uso, redução de burocracia, entre outros atrativos. Como as fintechs funcionam? Cada fintech tem um modelo próprio de negócio e, portanto, não dá para esmiuçar cada um deles. Mas, via de regra, as empresas do setor direcionam seus esforços no desenvolvimento de soluções que cobrem deficiências ou limitações de serviços financeiros tradicionais. Em outras palavras, as fintechs utilizam tecnologia — sobretudo no âmbito da internet — para dar aos usuários recursos que bancos e afins não disponibilizam ou que até são oferecidos por essas instituições, mas de modo mais conservador, por assim dizer. 16 Esse diferencial todo é possível porque, na maioria dos casos, as fintechs são formadas por startups. Esse é o nome dado a um tipo de empresa, geralmente com pouco tempo de existência, que cria e explora ideias criativas para oferecer serviços e produtos inovadores. Uma startup tecnológica, basicamente, identifica uma oportunidade — um produto ou serviço que supre uma demanda não atendida ou que pode fazer algo melhor do que aquilo que já é oferecido pelo mercado — e utiliza a tecnologia para criar meios de explorá-la. É o que acontece com as fintechs. Note, porém, que é importante que a startup adote desde o início medidas para aperfeiçoar com agilidade serviços e produtos oferecidos, suportar aumentos expressivos da demanda e transmitir ao usuário percepção de valor. O melhor jeito de fazer isso é focando em qualidade, não em quantidade: convém disponibilizar poucos, mas excelentes serviços ou produtos do que oferecer vários deles, mas correr o risco de perder o controle sobre eles por conta da diluição do foco. Nas fintechs esse princípio é levado bem a sério: boa parte das empresas do segmento oferece serviços ou produtos bem específicos. Na maioria dos casos não há, como nos bancos, uma ampla cesta de serviços ou qualquer coisa parecida. Isso é positivo porque a empresa consegue ficar focada em melhorar os seus processos. Desse modo, os clientes em potencial compreendem rapidamente o que cada uma delas oferece. Um estudo de caso: o Nubank Até aqui, a abordagem acerca do universo das fintechs tem sido teórica. Para facilitar a compreensão, é melhor estudarmos um caso real de sucesso. Utilizaremos para esse fim a proposta do Nubank, empresa que provavelmente ocupa o posto de fintech mais popular do Brasil. O Nubank surgiu em 2013, mas começou a operar em 2014 disponibilizando apenas um produto: um cartão de crédito internacional com bandeira Mastercard. Até aí, nada demais. Tudo o que é banco oferece cartão de crédito. Assim, o que há de inovador aí? A forma como o Nubank disponibiliza esse produto. Para começar, o cartão não tem anuidade, tampouco cobra outras tarifas. Sim, há bancos e operadoras que também não cobram anuidade do cartão, mas, na maioria das vezes, há condições associadas: o cliente deve realizar pelo menos um gasto por mês com o cartão ou ter um longo tempo de relacionamento com a empresa, por exemplo. Com o Nubank não há nada disso: nenhum cliente paga anuidade e outras tarifas, não importa o seu perfil de renda ou se o cartão é pouco usado. Mas a parte mais interessante — a que torna a empresa inovadora — fica no smartphone dousuário: é necessário instalar um aplicativo do Nubank em um celular Android ou iPhone (iOS). Essa ferramenta permite ao usuário ter absoluto controle sobre o seu cartão. Toda vez que o cliente usar o cartão, o aplicativo mostrará, tão logo a transação for confirmada, o nome da empresa que recebeu o pagamento, assim como a localização desta em um mapa. As informações sobre todas as transações ficam disponíveis em uma linha do tempo. Dessa forma, o usuário sempre consegue saber quando e onde realizou cada gasto. Tem mais: o aplicativo também mostra qual o limite do usuário e quanto deste já foi gasto. Esse é um detalhe importantíssimo. A maioria dos bancos oferece, no máximo, uma notificação por SMS toda vez que uma transação é realizada. O usuário não tem, porém, um jeito fácil de saber o quanto já gastou no mês. Muitas vezes é possível ter essa informação no site ou no aplicativo móvel do banco, mas pode demorar dias para que uma transação realizada com o cartão apareça ali. Isso é perigoso. Como as informações sobre gastos são pouco claras, muitos usuários acabam não percebendo que gastaram demais e não conseguem pagar a fatura na íntegra no final do mês. A consequência, muitas vezes, é o endividamento, pois os juros cobrados nos cartões emitidos no Brasil são absurdamente elevados. 17 Com o Nubank, as chances de endividamento são menores porque o usuário tem uma visão geral sempre atualizada de seus gastos e, se não conseguir pagar a fatura na íntegra no final do mês, encontrará juros mais baixos (embora não muito) do que os cobrados por instituições convencionais. Usando o aplicativo, o usuário também consegue solicitar aumento de limite, deixar esse limite abaixo do disponível, bloquear o cartão temporariamente e contatar o suporte do Nubank via chat — canal que atende muito bem, por sinal. Percebeu as vantagens? Não é necessário amargar horas no telefone para negociar taxas, as informações sobre gastos estão sempre disponíveis, é possível bloquear o cartão rapidamente em caso de perda (dá para fazer isso também pelo site do Nubank), o atendimento costuma ser bastante prestativo, não há tarifas escondidas, enfim. Tudo isso é possível graças ao aplicativo — a tecnologia em si. Como todo o serviço gira em torno dessa ferramenta, o Nubank não precisa ter agências ou call centers complexos (embora haja atendimento por telefone). Esses fatores diminuem significativamente os custos operacionais. É por isso que a empresa consegue operar sem cobrar tarifas. A receita vem dos juros cobrados nas faturas parceladas, de pequenas porcentagens oriundas de cada transação feita com o cartão, entre outros. Note ainda como a questão do foco é importante aqui: ao oferecer um único produto, o Nubank consegue ficar centrado em aperfeiçoá-lo e simplificar processos, o que também a ajuda a conter os custos operacionais. Além disso, o usuário sabe exatamente o que esperar da empresa: ele não precisa ficar analisando vários tipos de cartões para escolher qual é o melhor para as suas necessidades. Startups Startup é um termo em inglês usado para definir as empresas que ainda são jovens ou recém-criadas e apresentam grandes possibilidades de crescimento. Uma startup é caracterizada por ser um negócio escalável e que cresce de uma forma muito mais rápida e eficiente em comparação a uma pequena ou média empresa tradicional (PME). As PMEs entram no mercado depois de investir uma certa quantia de dinheiro e, geralmente, precisam esperar um pouco para começar a aproveitar os benefícios. Já as startups fazem o contrário: entram no mercado para buscar capital e utilizam tecnologias digitais para crescer e encontrar financiamento. Em resumo, as startups são caracterizadas por serem: Empresas jovens Isso mesmo, muitas pessoas cometem o erro de classificar todas as pequenas empresas e rotulá-las como startups, mas esse não é o caso. As startups são caracterizadas por serem empresas jovens que têm duas opções: Evoluir e se tornar empresas de sucesso; Fechar as portas. Escaláveis A escalabilidade é um dos principais atributos das startups. Ou seja, sua capacidade de crescer e gerar receita de forma muito mais rápida do que sua estrutura de custos. Em outras palavras, um negócio escalável é aquele capaz de incrementar sua produção e vendas sem ter que aumentar suas despesas. Portanto, sua margem de contribuição ou benefício cresce exponencialmente. 18 Isso significa que as startups não necessariamente se limitam a lucros menores porque são pequenas, mas, ao contrário, são empresas capazes de gerar lucros muito elevados. Tecnológicas Uma startup é aquela nova empresa que tem um forte relacionamento com a tecnologia. Em geral, elas se caracterizam por ser um negócio com ideias muito inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades do mercado. Os novos empreendedores e criadores de startups dependem das tecnologias para crescer e, inclusive, encontrar financiamento por meio de plataformas da internet. De fato, o relatório Startup Ecosystem Report, da empresa Telefônica, mostra que 80% das startups têm um engenheiro entre seus fundadores. Econômicas As startups são caracterizadas por terem custos bastante pequenos em comparação com os lucros que obtêm, e estes costumam crescer exponencialmente. Por exemplo, empresas como Amazon, Apple, Google ou Microsoft começaram em casas ou até mesmo nas garagens de seus fundadores. A principal premissa das startups é manter os custos baixos para obter benefícios de forma muito mais rápida. Disruptivas Pode notar: todas as startups mais bem sucedidas do mercado romperam com os padrões das empresas tradicionais do seu segmento. Seja nas formas de atendimento, na precificação ou até no modo como o serviço é entregue, as startups buscam fugir do que o mercado já oferece para se destacarem ainda mais. Inovadoras A inovação é a palavra-chave de qualquer startup. Essas empresas buscam oferecer soluções criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas pelo mercado. Nem toda empresa é uma Startup. Mas toda Startup é uma empresa. 3 grandes empresas que começaram como startups Agora que você já sabe o que é uma startup, precisa de um pouco de inspiração para, quem sabe, até mesmo começar a sua? Não se preocupe, vamos te mostrar alguns exemplos de grandes empresas que começaram como startups e que, hoje, se tornaram uma verdadeira fonte de inspiração para muitos empreendedores. Uber A rede de transporte que conecta passageiros com motoristas através de um aplicativo móvel começou em 2008 com a ideia de que os usuários pudessem solicitar um carro com apenas um clique em seus smartphones. A partir disso, a Uber começou a se popularizar em todos os continentes e, hoje, conta com 15.000 funcionários em todo o mundo e uma valorização de aproximadamente 50 bilhões de dólares. Além disso, a Uber expandiu seu modelo de negócios com propostas como a UBEReats, um aplicativo para pedir e entregar alimentos entre usuários e estabelecimentos. Airbnb 19 Essa empresa começou como uma startup que atendia as solicitações de um mercado para conectar proprietários de imóveis a viajantes. Atualmente, a Airbnb está presente em 192 países, 35 mil cidades ao redor do mundo e tem uma posição privilegiada no ranking das startups mais bem-sucedidas do momento. Spotify Você é uma daquelas pessoas que liga seu computador e a primeira coisa que faz é abrir o Spotify para ouvir música? Temos boas notícias! O Spotify começou sendo uma startup de dois amigos apaixonados pela tecnologia. Em 2008, Daniel Ek e Martin Lorentzon lançaram a primeira versãodo Spotify com o objetivo de que as pessoas pudessem ouvir música como e onde quisessem, oferecendo acesso apenas por convite. Atualmente, o Spotify possui um catálogo de mais de 30 milhões de músicas e mais de 140 milhões de usuários. Big Techs As Big Techs são uma das grandes responsáveis por moldar a forma das pessoas trabalharem, comunicarem, comprarem, venderem e consumirem determinados produtos ou serviços. Apesar da economia estar contraída e muitas empresas batalharem para sua sobrevivência no mercado, as empresas de tecnologia estão acumulando riquezas e influência de maneiras, que antes eram invisíveis. As Big Techs Dominam os Negócios As Big Techs são as grandes empresas de tecnologia, que predominam o mercado. Inicialmente essas organizações geralmente estão localizadas no Vale do Silício, criam um modelo de negócios escalável e ágil. O principal motor dessas empresas é a inovação, pois sempre estão definindo novas tecnologias e serviços, constantemente atualizando produtos e dispositivos para atender todas as demandas. Cada Big Tech têm uma mistura diversificada de aplicativos e serviços em nuvem, produtos e acúmulo de dados, enquanto outros têm um foco mais singular. As maiores empresas do mundo já controlam cerca de 80% do mercado, entre as 5 principais estão a Apple, Amazon, Alphabet, Microsoft e Facebook. Como as Big Techs funcionam? O principal motor das Big Techs é a inovação. Justamente por isso, o lema “move fast and break things” (mova-se rápido e quebre coisas, em português) é comum nessa área. As companhias precisam definir novas tecnologias e serviços continuamente, atualizando produtos e dispositivos para atenderem às demandas e se manterem relevantes. Forte influência no mercado As grandes empresas de tecnologia têm total domínio em seus respectivos setores. A Apple com dispositivos de comunicação na Internet, o Facebook no espaço de mídia social, o Google para buscas na Internet e a Amazon como protagonista dominante no mercado de comércio eletrônico dominaram totalmente seus respectivos setores. Devido ao seu domínio no mercado de tecnologia, as grandes empresas de tecnologia também influenciam a economia e a sociedade e moldam a maneira como nossa sociedade está progredindo. Os produtos e serviços oferecidos pela grande tecnologia são usados por centenas de milhões em todo o mundo. O domínio dessas empresas em seus respectivos campos se deve à compreensão do mercado e suas necessidades e ao fornecimento de produtos que garantem a satisfação do cliente. 20 Por conta da quarentena, o hábito de fazer compras online tornou-se a única alternativa viável para evitar filas e aglomerações nos pontos físicos. Bom para empresas de e-commerce como a Amazon, que aproveitou-se disso e reportou um faturamento de US$ 108 bilhões nos três primeiros meses deste ano. Aliás, muitas dessas compras partiram de necessidades do regime home office. Afinal de contas, trabalhar em casa exige computadores e dispositivos móveis de ponta, como iPhones, notebooks e computadores Mac. Inclusive, a alta na venda de iPhones fez a Apple reportar uma receita de US$ 89,5 bilhões no começo de 2021. Mas além de bons dispositivos, são necessárias ferramentas que possibilitem o trabalho remoto (inclusive das próprias big techs). Não à toa, os serviços de armazenamento em nuvem da Microsoft — junto da alta de vendas de Surface e Xbox — impulsionaram os ganhos da gigante no começo deste ano: US$ 41,7 bilhões em apenas três meses. Publicidade E como tudo passou a ser focado nos canais digitais, as empresas passaram a apostar (ainda mais) na publicidade digital. Chance para Facebook e Alphabet, dona do Google, aumentarem ainda mais os seus lucros, apresentando receitas trimestrais de US$ 26,17 bilhões e US$ 55,3 bilhões, respectivamente. Sistema de bancos-sombra (Shadow banking). A expressão shadow banking (podemos traduzir para o português como "sistema bancário de sombra"), criada em meados da década passada, serve para categorizar o grupo de empresas intermediárias do segmento financeiro que não participa do sistema bancário tradicional. Ou seja, estão "à sombra" do sistema, por isso o nome. O sistema financeiro tradicional é organizado em função dos bancos e da relação que eles possuem com os governos de cada país. No entanto, como consequência da evolução mundial em termos de globalização e aumento de tecnologia, nos dias atuais existem diversas alternativas dentro do segmento. A essas novas formas de trabalhar com operações financeiras dá-se o nome de "shadow banking". Há também quem se refira a essas organizações como "sistema bancário informal". Quais são os tipos de empresas financeiras que compõem esse grupo? Muitas empresas sérias e comprometidas fazem parte do shadow banking — o que não quer dizer que elas não representem um problema tanto para os bancos tradicionais, como para a própria economia, já que são processos próprios e sem o devido acompanhamento que os bancos recebem. O que configura uma empresa nessa categoria é, como vimos, a atuação de modo paralelo ao que temos hoje em dia como sistema bancário tradicional. A seguir, listamos alguns dos principais tipos de empresas que formam o grupo shadow banking: Qual é o problema que um shadow banking traz? A grande questão em relação ao shadow banking é a falta de fiscalização. Eles não sofrem com o mesmo rigor imposto aos bancos tradicionais, algo que pode apresentar maiores riscos a todas as partes envolvidas. Apenas para ilustrar essa questão, podemos citar duas das obrigações que uma instituição bancária regulamentada precisa seguir: O banco precisa ter patrimônio líquido suficiente para cobrir todos os seus compromissos financeiros — inclusive com os seus clientes. O banco é obrigado a estabelecer processos que permitam a verificação dos seus clientes com o intuito de impedir o uso dos seus recursos de maneira ilegal. Como um shadow banking deixa de ser regulamentado e fiscalizado, ele também não precisa seguir todas as exigências. Neste ponto, vale reforçar que citamos apenas dois exemplos de uma série de requisitos que 21 instituições bancárias seguem. Sem a obrigatoriedade, quem garante que uma empresa fará todos os processos exigidos? Com isso, claro, aumenta-se o risco do negócio. Um shadow banking realmente traz riscos ao mercado financeiro? A criação de um shadow banking passa muito pelo que você viu no tópico anterior. As exigências previstas na regulamentação do sistema bancário trazem uma série de complicações aos empreendedores do segmento de finanças. Como muitas dessas empresas intermediadoras são voltadas para a tecnologia e inovação, cumprir todas essas questões praticamente inviabilizam o negócio. Assim, elas acabam migrando para um sistema paralelo e trabalhando a oferta de crédito à sua maneira. O grande ponto de discussão entre um shadow banking e o mercado financeiro é o risco que proporciona à economia. Parte disso deve-se ao fato de muitas dessas empresas atuarem alavancadas, isto é, proporcionalmente com dívidas superando os seus ativos de garantia. Naturalmente que, fora do mercado tradicional, as organizações desse grupo não recebem a mesma quantidade de depósitos e entradas de recursos do que instituições regulamentadas. Com isso, cresce bastante o risco — especialmente de crédito e liquidez. A crise de 2008 Não por acaso, muitos estudos apontam a prática do shadow banking como responsável pela grande crise financeira atravessada pelos Estados Unidos no ano de 2008. Na oportunidade, esse tipo de empresa vinha crescendo bastante e atraindo investidores. Quando houve um período receoso no mercado, muitas retiradas de capital começaram a ser feitas. O problema é que, como você viu, um shadow bankingcostuma funcionar alavancado — e financeiramente não foi possível dar conta dessas solicitações. É um risco que se corre nesse formato. Funções da moeda Em termos econômicos, moeda é tudo aquilo que é geralmente aceito para liquidar as transações, isto é, para pagar pelos bens e serviços e para quitar obrigações, ou seja, de acordo com esta definição, qualquer coisa pode ser moeda, desde que aceita como forma de pagamento. Ela é considerada o instrumento básico para que se possa operar no mercado. Pode-se definir que a moeda possui três funções básicas, que seriam: a) Instrumento de trocas: essa é a função primordial da moeda. Ela foi criada para ser um mecanismo de facilitação das trocas entre os diversos agentes da atividade econômica. b) Denominador comum de valores: por meio da moeda é possível comparar os valores de diferentes mercadorias. Tudo em nossa sociedade, que é objeto de compra e venda, tem o seu valor quantificado em unidades monetárias. Até mesmo o PIB, que mensura a produção total de bens e serviços ao longo de um ano, é quantificado em unidades monetárias. c) Reserva de valor: a moeda também pode cumprir a função de reserva de valor, embora ela não cumpra essa função de maneira ideal. Quanto maior for a inflação de um país, mais rapidamente a moeda perde valor; consequentemente, pior será a sua capacidade de reserva de valor. Porém, mesmo assim, pelo fato de ter liquidez imediata, ou seja, por sua capacidade de ser universalmente aceita e trocada por outro produto, as pessoas decidem manter parte de sua renda na forma de moeda. O Dinheiro na Era Digital 22 Quem acompanha o mercado, mesmo que de longe, certamente já foi surpreendido pelos altos e baixos de moedas digitais no noticiário. A mais famosa é o Bitcoin, mas muitas outras também já têm relevância – e também a simpatia dos investidores. Mas afinal, o que é uma criptomoeda? Como funcionam esses ativos? O que são criptomoedas? Genericamente, uma criptomoeda é um tipo de dinheiro – como outras moedas com as quais convivemos cotidianamente – com a diferença de ser totalmente digital. Além disso, ela não emitida por nenhum governo (como é o caso do real ou do dólar, por exemplo). A moeda na era digital, faz uma analogia bem simples: “O que o e-mail fez com a informação, o Bitcoin fará com o dinheiro”. Antes da internet, as pessoas dependiam dos correios para enviar uma mensagem a quem estivesse em outro lugar. Era preciso um intermediário para entregá-la fisicamente – inimaginável para quem tem acesso a e-mail e outros serviços de mensageria. Com o Bitcoin você pode transferir fundos de A para B em qualquer parte do mundo sem jamais precisar confiar em um terceiro para essa simples tarefa. Embora o Bitcoin seja a moeda digital mais conhecida, o conceito de criptomoeda é anterior a ele. Segundo o site Bitcoin.org, mantido pela comunidade ligada ao Bitcoin, as criptomoedas foram descritas pela primeira vez em 1998 por Wei Dai, que sugeriu usar a criptografia para controlar a emissão e as transações realizadas com um novo tipo de dinheiro. Isso dispensaria a necessidade da existência de uma autoridade central, como acontece com as moedas convencionais. Para que servem As criptomoedas podem ser usadas com as mesmas finalidades do dinheiro físico em si. As três principais funções são servir como meio de troca, facilitando as transações comerciais; reserva de valor, para a preservação do poder de compra no futuro; e ainda como unidade de conta, quando os produtos são precificados e o cálculo econômico é realizado em função dela. Moedas como o Bitcoin ainda não adquiriram o status de unidade de conta, em função da grande volatilidade a que seus preços estão sujeitos por enquanto. O que é mineração? Para entender o que é mineração, é preciso saber que as moedas digitais – como o Bitcoin – representam um código complexo que não pode ser alterado. As transações realizadas com elas são protegidas por criptografia. Como não há uma autoridade central que acompanhe essas transações, elas precisam ser registradas e validadas uma a uma por um grupo de pessoas, que usam seus computadores para gravá-las no chamado blockchain. Blockchain O blockchain é um enorme registro de transações. Segundo Ulrich, trata-se de um banco de dados público onde consta o histórico de todas as operações realizadas com cada unidade de Bitcoin (outras moedas digitais se baseiam nessa mesma tecnologia). Cada nova transação – uma transferência entre duas pessoas, por exemplo – é verificada contra o blockchain, para assegurar que os mesmos Bitcoins não tenham sido previamente usados por outra pessoa. Quem registra as transações no blockchain são os chamados mineradores. Eles oferecem a capacidade de processamento dos seus computadores para realizar esses registros e conferir as operações feitas com as moedas – em troca disso, são remunerados com novas unidades delas. Bitcoins são criados conforme os milhares de computadores que formam essa rede conseguem resolver problemas matemáticos complexos que verificam a validade das transações incluídas no blockchain. Em outras palavras, a mineração representa a criação de novas unidades de alguns tipos de moedas digitais. Se mais computadores passam a ser usados para aumentar a capacidade de processamento voltada à mineração, 23 os problemas matemáticos que precisam ser resolvidos se tornam mais difíceis. Isso acontece exatamente para limitar o processo de mineração. O Bitcoin foi projetado de modo a reproduzir a extração de ouro ou outro metal precioso da Terra: somente um número limitado e previamente conhecido de bitcoins poderá ser minerado. Como funciona a variação de preço Basicamente, o preço das moedas digitais varia segundo a boa e velha lei da oferta e da demanda. Nas épocas em que as criptomoedas ganham mais atenção, é normal que elas sejam mais procuradas pelos investidores, o que amplia o volume de compras – e consequentemente, os preços tendem a subir. Há somente um número limitado de bitcoins em circulação e novos Bitcoins são criados em uma taxa previsível e decrescente, o que significa que a demanda deva seguir este nível para manter seu preço estável. Por ser um mercado ainda pequeno, poucas operações com criptomoedas são capazes de causar um impacto relevante nas cotações. Em um período de apenas três meses em 2017, por exemplo, o preço do Bitcoin saltou de cerca de US$ 4.370 para US$ 13.800. Pouco mais de um ano depois, já havia recuado novamente para US$ 3.500. As cotações, como se vê, podem ser bastante voláteis. Principais criptomoedas Embora o Bitcoin seja a moeda digital mais conhecida – as duas palavras muitas vezes tidas como sinônimos – existe uma variedade de outros tipos, com características distintas. Conheça as principais criptomoedas disponíveis no mercado: Bitcoin Bitcoin (BTC) é a mais conhecida das moedas digitais. Trata-se do primeiro sistema de pagamentos global totalmente descentralizado. Foi desenhado em 2008, em meio à crise financeira global iniciada no mercado americano de hipotecas, com o objetivo de substituir o dinheiro de papel, além de eliminar a necessidade da presença de bancos para intermediar operações financeiras. Bitcoin Cash O Bitcoin Cash (BCH) é uma nova versão do Bitcoin original, criada mais recentemente – em agosto de 2017. Ela foi desenvolvida numa tentativa de aperfeiçoar a primeira moeda, que conta com taxas consideradas elevadas e demanda um tempo grande de processamento de cada operação. A principal diferença é que o Bitcoin Cash possui um limite de tamanho de bloco de 8 MB, bem maior que o de 1 MB do Bitcoin original. Com isso, as confirmações das transações podem acontecer de maneira mais rápida e também com taxas mais baixas. Isso garante a ela uma escala
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