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DIREITO PENAL III RESENHA Vi (138 CP ao 145 CP)

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DIREITO PENAL III 
Prof: LUIZ FRANCISCO 
DISCENTE: FELIPE EMANOEL CHERR DA SILVA 
MATRÍCULA: 050836 
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VI 
 
 
CRIMES CONTRA A HONRA Art. 138 ao 145 do CP 
DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
Artigos 138 ao 145 do Código Penal 
Honra é um valor ideal, a consideração, a reputação, a boa fama de que gozamos perante 
a sociedade em que vivemos. Rogerio Greco explica que: “a honra é um conceito que se constrói 
durante toda uma vida e que pode, em virtude de apenas uma única acusação leviana, ruir 
imediatamente. Por essa razão, embora a menção constitucional diga respeito tão somente à 
necessidade de reparação dos danos de natureza civil, tradicionalmente, os Códigos Penais têm 
evidenciado a importância que esse bem merece, criando figuras típicas correspondentes aos crimes 
contra a honra.” 
1.1 Honra Subjetiva e Objetiva 
A honra subjetiva representa o sentimento que nós temos sobre nós mesmos, enquanto a 
honra objetiva constitui o sentimento que as demais pessoas têm sobre o indivíduo. Portanto, têm-se 
como honra objetiva, a reputação, a boa fama do sujeito no meio em que ele se encontra e honra 
subjetiva a estima própria, o juízo que o indivíduo tem sobre si mesmo. A honra objetiva é o juízo que 
os demais formam de nossa personalidade, e através do qual a valoram. Rogério Greco afirma que “a 
honra subjetiva cuida do conceito que a pessoa tem de si mesma, dos valores que ela se auto atribui e 
que são maculados com o comportamento levado a efeito pelo agente. Essa divisão possui suas críticas 
por parte da doutrina, porém se faz necessária academicamente para a compreensão dos conceitos de 
tentativa e consumação nos crimes contra a honra e a pessoa jurídica como sujeito passivo nos crimes 
contra a honra. 
1.2 Honra especial 
 
A doutrina faz distinção entre honra comum e honra especial. Essa honra comum é a que 
qualquer pessoa possui, a pessoa como ser social. A honra especial é a honra profissional, a pessoa 
como profissional, ou seja, diz respeito a determinado grupo profissional ou social, por exemplo, 
chamar um médico de açougueiro. A honra especial reflete diretamente a atividade exercida pelo 
indivíduo, o respeito social que a atividade lhe proporciona e os princípios éticos-profissionais. 
 1.3 A pessoa jurídica como sujeito passivo nos crimes contra a honra 
A pessoa jurídica é capaz de figurar no polo passivo de crimes contra a honra que visem 
atingir a honra objetiva, uma vez que a honra subjetiva é exclusiva de seres humanos e suas próprias 
percepções sobre si mesmos. No crime de calúnia, apenas quando lhe for imputado fato tipificado 
como Crime Ambiental, Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e Crimes contra a Ordem 
Econômica e tributária. Na difamação, está sujeito ilimitadamente, uma vez que possui honra objetiva 
e notadamente pode sofrer infortúnios em sua reputação. Já no crime de Injúria, a pessoa jurídica não 
está apta a ser sujeito passivo, uma vez que esse crime visa justamente atingir a honra subjetiva da 
vítima, sua percepção pessoal. 
 
2. A CALÚNIA 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
Exceção da verdade 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por 
sentença irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença 
irrecorrível. 
 
 
A calúnia, portanto, seria atribuir a alguém a autoria de um fato definido como crime 
pela lei. O bem jurídico protegido nesse artigo é a honra objetiva, a reputação, a boa fama do atingido. 
É necessário que essa imputação seja determinada, ou seja, precisa quanto aos fatos descritos. 
 
2.1 Sujeitos do delito 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa física, desde que imputável. O sujeito passivo 
pode ser pessoas físicas, imputáveis ou não (uma vez que o tipo esclarece fato definido como crime e 
não crimes. Portanto, inimputáveis podem, assim, praticá-los). Em relação aos mortos, os sujeitos 
passivos serão os seus parentes. Sobre as pessoas jurídicas, há certa divergência na doutrina e na 
jurisprudência, os crimes contra a honra da pessoa jurídica: “Propalar fatos que, que sabe inverídicos, 
capazes de abalar o crédito de uma pessoa jurídica ou a confiança que esta merece do público. Em tese, 
admitimos, por ora, a possibilidade de a pessoa jurídica figurar como sujeito passivo de crimes contra 
a ordem econômica e financeira, contra o meio ambiente e contra a economia popular. 
 2.2 A questão da falsidade na imputação 
Além da imputação de fato determinado qualificado como crime e o dolo de caluniar 
(animus caluniandi), é indispensável o requisito objetivo da falsidade da imputação. Sendo falso, é 
necessário que o agente tenha conhecimento dessa falsidade. Caso o agente faça a afirmação de boa-fé, 
convencido de sua veracidade, ocorre o chamado erro de tipo, que afasta o dolo. 
Também caracterizará o crime de calúnia quando da ocorrência de evento delituoso, ou 
seja, fato verdadeiro, entretanto o agente com a intenção de caluniar, atribui falsamente a autoria à 
vítima. Presume-se a falsidade da afirmação até prova em contrário. 
Em conclusão, há duas hipóteses para a tipificação do crime de calúnia: o crime não 
existiu, ou, se existiu, a imputação da autoria é falsa. 
 Nota-se, portanto, que não há viabilidade de conduta culposa. 
 2.3 Classificação e consumação 
Sua classificação doutrinária é de crime comum (não exige nenhuma qualidade 
específica), formal (exige resultado), comissivo (praticado por um comportamento positivo do agente), 
instantâneo (consuma-se no momento que a ofensa é proferida ou divulgada), de conteúdo variado 
 
(também chamado de tipo misto cumulativo. Possui mais de um núcleo do tipo, sendo que a prática 
de apenas um deles é suficiente para a sua consumação e a prática de mais de um deles, no mesmo 
contexto, configura crime único), doloso (não viabiliza modalidade culposa, é necessário o dolo de 
caluniar) e unissubsistente (realizado com um único ato) se oral e plurissubsistente (prática exige mais 
de uma conduta para sua configuração) se escrito. 
Quanto a consumação, ela se dá quando do conhecimento da imputação falsa por um 
terceiro. Ou seja, é necessário que haja publicidade, ou não haverá ofensa à honra objetiva. Só há de se 
falar em tentativa caso o crime seja praticado de modo escrito, o que o torna plurissubsistente, 
permitindo o fracionamento de condutas. Se via oral, não há possibilidade de tentativa, uma vez que 
não há espaço para fracionamento de condutas - não há possibilidade de interrupção do iter criminis. 
2.4 A exceção da verdade – hipóteses 
A exceção da verdade é a oportunidade do agente de provar que o fato ou a autoria 
criminosa que ele imputou à vítima é verdadeira, ou seja, afastar o crime, eliminando o requisito 
objetivo falsidade. Trata-se de um incidente processual, que é uma questão secundária refletida sobre 
o processo principal, merecendo solução antes da decisão da causa ser proferida. É uma forma de 
defesa indireta, através da qual o acusado de ter praticado calúnia pretende provar a veracidade do 
que alegou, demonstrando ser realmente autor de fato definido como crime o pretenso ofendido. Em 
regra, pode o réu ou querelado assim agir porque se trata de interesse público apurar quem é o 
verdadeiro autor do crime. A exceptio veritatis é admitida em qualquer hipótese, exceto nas vedadas 
nos incisos I, II e III, do § 3º do art. 138, CP. 
 
2.5 Vedações à exceção da verdade 
Na primeira hipótese de vedação não há possibilidade de arguição da exceção daverdade 
em crimes de ação penal privada se a sentença não tiver transitado em julgado. Ou seja, enquanto o 
estiver irresoluto o julgamento, em qualquer grau, não poderá ocorrer exceptio veritatis. A explicação 
de parte da doutrina é de que, sendo ação penal privada, não cabe a terceiro proclamar a existência do 
fato e produzir provar acerca daquele fato, e sim à vítima, que tem a faculdade de se abster. Há autores 
que discordam, e afirmam que as hipóteses de vedações à exceção da verdade retiram o direito ao 
contraditório e a ampla defesa do acusado. Rogerio Greco afirma que “não seria lógico, razoável, 
condenar uma pessoa pela prática de um delito que não cometeu simplesmente por presumi-
lo como ocorrido, em face da impossibilidade que tem de levar a efeito a prova de sua alegação. 
A segunda hipótese – “se o fato é imputado a Presidente da República ou chefe de 
governo estrangeiro” – é fundamentada por razões políticas, diplomáticas e de proteção ao cargo. 
 
Estende-se o tratamento para chefes de governo estrangeiro como primeiro-ministro, presidente de 
conselho, presidente de governo etc. 
Terceira hipótese: “se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi 
absolvido por sentença irrecorrível. ” É fundada no respeito a autoridade da coisa julgada, uma vez 
que a sentença penal transitada em julgado não pode ser revista em nenhuma hipótese. 
 3. A DIFAMAÇÃO 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Exceção da verdade 
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a 
ofensa é relativa ao exercício de suas funções 
 Para a configuração do crime de difamação, é necessário que o agente atribua fato 
ofensivo a reputação de outrem. Em conclusão, o bem jurídico protegido é a honra objetiva. Uma vez 
que há a tutela da honra objetiva, o fato ofensivo imputado à vítima necessita obrigatoriamente do 
conhecimento de terceiros. Não é necessário que o fato seja inverídico, mentiroso, vista que a proteção 
se dá a reputação da vítima em seu meio social, porém o fato tem que ser revestido de definição, ou 
seja, não pode ser vago. Parcela da doutrina sustenta que não se justifica punir alguém porque repetiu 
o que todo mundo sabe e todo mundo diz, ou seja, fato de amplo domínio público (exceção de 
notoriedade). 
 
3.1 Sujeitos do delito 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de difamação (em conclusão, trata-se de 
um crime comum), inclusive o propalador da difamação, uma vez que realiza nova difamação, 
segundo a doutrina. 
Qualquer pessoa também pode ser o sujeito passivo, inclusive os inimputáveis. Quanto à 
pessoa jurídica, há divergência na doutrina. Enquanto uns apontam que a pessoa jurídica pode ser 
sujeito passivo uma vez que a difamação pode vir a causar danos consideráveis em sua reputação, 
outros afirmam que não, uma vez que os crimes contra honra estão encontram-se no título dos "Crimes 
contra a pessoa", que têm como vítima apenas a pessoa física. 
 
 
3.2 O elemento subjetivo 
O elemento subjetivo do crime de difamação é o dolo específico, ou fim especial de agir, 
consistente na vontade de ofender, denegrir a reputação de outrem. Esse dolo pode ser direito ou 
eventual. É o chamado animus diffamandi, vontade livre e consciente de difamar. De acordo com a 
jurisprudência, assim como na calúnia, se a imputação é feita no calor de uma discussão, inexiste o 
crime de difamação. 
 
3.3 Consumação e tentativa 
Assim como na calúnia, considera-se consumado o crime de difamação quando do 
conhecimento de terceiro que não a vítima, dos fatos que ofendem a sua reputação. É um crime formal, 
portanto, consuma-se independentemente do dano à reputação do imputado. A tentativa também só 
é possível por meio escrito, uma vez que há pluralidade de condutas e há possibilidade de interrupção 
do iter criminis. 
 
3.4 A exceção da verdade na difamação 
A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa 
é relativa ao exercício de suas funções (art. 139, parágrafo único). Nesse caso, provando o ofensor a 
verdade da imputação, exclui-se a ilicitude da sua conduta (a tipicidade permanece, já que falsidade 
não integra o tipo). É de interesse da Administração Pública apurar possíveis faltas de seus 
funcionários quando no exercício das suas funções públicas. 
 
4. A INJÚRIA 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio 
empregado, se considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem 
ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
 
O bem jurídico protegido no crime de injúria, diferentemente dos crimes anteriormente 
analisados, é a honra subjetiva, percepção pessoal do sujeito sobre si. Os atributos que podem ser 
atingidos são especificados no caput do artigo: “dignidade e decoro”. Correspondem aos atributos 
morais, físicos e intelectuais. A injúria sempre exprime desrespeito e desprezo suficientes para atingir 
a honra subjetiva. Esse tipo, por ser o mais brando e mais abrangente dos crimes contra a honra, deve 
ser atribuído à conduta quando da existência de incertezas relativas ao fato ou qualidade negativa 
atribuída à vítima. 
Importante salientar que mesmo que a qualidade negativa atribuída se mostre 
verdadeira, caracteriza a injúria. Por ironia, embora seja o crime de sanções mais brandas, torna-se o 
crime contra a honra mais severamente punível quando se trata da qualificadora presente no § 3º, 
chamada de injúria preconceituosa. 
 
4.1 Maneiras de injuriar 
A doutrina distingue as maneiras de injuriar em: (i) imediata, emitida pelo próprio 
agente, (ii) mediata, quando utilizado outra maneira ou outrem inimputável para fazê-la, (iii) direta, 
quando se refere ao próprio indivíduo, (iv) indireta ou reflexa, quando ao ofender ao alguém, atinge-
se também um terceiro, (v) explícita, ou seja, claramente e indubitavelmente detectável e (vi) equívoca, 
quando revestida de dúvidas. A injúria simples (caput) pode ser praticada de várias maneiras, 
inclusive através da omissão. 
 
 
4.2 Dignidade e decoro – distinção 
A dignidade é a ofensa sobre os atributos morais de alguém. Chamar uma pessoa de 
“safado”, “mentiroso” ou “vagabundo”, por exemplo, uma vez que são características contrárias ao 
que ela acredita possuir e abala a sua autoestima. O decoro, faz referência aos atributos físicos e 
intelectuais de alguém. Então seria, por exemplo, chamar um indivíduo de “gordo”, “burro” ou “feio”. 
 
4.3 Sujeitos do delito 
Qualquer pessoa física pode ser sujeito ativo do crime de injúria. Quanto ao sujeito 
passivo, qualquer pessoa física pode figurar esse polo, cabendo algumas observações. Os mortos e as 
pessoas jurídicas, uma vez que não possuem percepção sobre si próprios, não são capazes de ser 
sujeitos passivos. Os inimputáveis também podem ser vítimas do crime de injúria, desde que tenham 
consciência das palavras ofendidas. 
 
4.4 Consumação e tentativa 
A consumação ocorre quando do conhecimento da vítima da ofensa a ela proferida. Não 
é necessário que ela esteja presente no momento da ofensa, é plenamente possível que ela seja 
comunicada por terceiros. Faz-se possível a tentativa quando o meio para a execução do crime é 
passível de ser fracionado, como por exemplo, por carta ou através dedesenhos, pichações de parede 
etc. 
 
4.5 O perdão judicial na injúria 
O perdão é um instituto que permite ao juiz a não aplicação da pena quando preenchidos 
os requisitos explicitados pela lei. No caso da injúria, esses requisitos se encontram no §2º do artigo 
140, sendo eles: (i) quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria ou (ii) no 
caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. É necessário, em ambos os casos, que a injúria 
proferida guarde proporcionalidade com a provocação ou com a injúria originária. No segundo caso é 
também necessária que seja imediata, sem intervalo de tempo. Não se confunde com legitima defesa, 
uma vez que a agressão não é atual ou iminente, e sim consumada. 
 
 
4.6 A injúria qualificada 
A injúria qualificada pode ser a injúria real (art.140, §2º) ou a injúria preconceituosa 
(art.140, §3º). 
Injúria real é a agressão ou vias de fato com o objetivo de humilhar, menosprezar, por 
isso a majoração da pena. A injúria real gera na vítima o sentimento de inferioridade e impotência. 
Além da responsabilidade pela injúria real, também deverá o agente responder pela prática do delito 
de lesão corporal (seja ela leve, grave ou gravíssima) que foi o resultado do meio utilizado para injuriar 
a vítima. 
A injúria preconceituosa pune mais severamente aquele que se utiliza de elementos 
ligados à cor, raça, etnia etc para menosprezar, desrespeitar a vítima. No tópico seguinte veremos a 
distinção de injúria racial e o crime de racismo. 
 
4.7 A injúria “racial” e o racismo – distinção 
No crime de injúria “racial”, o agente utiliza-se de elementos relativos a raça ou etnia da 
vítima a fim de ofendê-la. No crime de racismo, há uma segregação, discriminação dessa vítima em 
virtude da sua raça ou etnia. Tomo como exemplo para elucidação o artigo 11 da Lei 7716/89 (Lei do 
crime racial): Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de 
acesso aos mesmos: Pena: reclusão de um a três anos. 
 De acordo com Rogerio Greco: “Merece ser frisado, ainda, que, quando a Constituição 
Federal, no inciso XLII do art. 5º, assevera que a prática do racismo constitui crime inafiançável e 
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei, não está se referindo à injúria 
preconceituosa, mas, sim, às infrações penais catalogadas pela referida Lei nº 7.716/89. ” 
5. EXCLUSÃO DO CRIME NA INJÚRIA E NA DIFAMAÇÃO 
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: 
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; 
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a 
intenção de injuriar ou difamar; 
 
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que 
preste no cumprimento de dever do ofício. 
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá 
publicidade. 
 A doutrina diverge quanto a natureza jurídica das hipóteses enumeradas no artigo 142. 
Há quem defenda que se trata de causas de exclusão de pena, causa de exclusão de antijuridicidade e 
causa de exclusão de tipicidade. De qualquer forma, se faz necessária a conclusão de que as hipóteses 
elencadas no artigo 142 são causas especiais de exclusão de crime. Farei a seguir, uma análise de cada 
um. 
Na primeira hipótese, para fins de exclusão de crime, faz-se necessário que a ofensa seja 
proferida em juízo e que se relacione com a causa em discussão. Ela se fundamenta na asseguração da 
ampla defesa e do entendimento que o entusiasmo gerado pela defesa de direito, pode vir, 
eventualmente, a trazer à tona ofensas entre as partes. 
Na segunda hipótese, ressalva-se o direito à crítica de obras literária, artística ou 
científica, uma vez que elas estão naturalmente sujeitas a exames, análises ou avaliações críticas. Essa 
crítica é considerada inclusive como um risco profissional. Cesar Roberto Bitencourt defende que essa 
avaliação crítica, ademais, faz parte da liberdade de expressão. 
Na terceira hipótese, trata-se do funcionário público no cumprimento de dever funcional, 
restringindo-se ao momento em que o funcionário tem o dever de relatar ou informar fatos ocorridos. 
Ou seja, limita-se ao objeto do relatório, da informação. Esse inciso ampara-se no dever da precisão e 
exatidão da informação fornecida pelo agente público, não devendo ele restringir sua declaração a fim 
de não ofender a honra de outrem. 
 
6. A RETRATAÇÃO NA CALÚNIA E DIFAMAÇÃO – REQUISITOS 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, 
fica isento de pena. 
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação 
utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em 
que se praticou a ofensa. 
 
 
Se antes da sentença, a calúnia e a difamação aceitam retratação. Interessa nesses crimes, 
pois, a retratação, a fim de que haja reparação dos prejuízos sofridos em detrimento do fato ofensivo 
imputado ao agente. Todavia, na injúria não se aceita a retratação, vez que os prejuízos morais pessoais 
não podem ser desfeitos, do ponto de vista objetivo, é força reconhecer que o dano, se não é de todo 
apagado, é grandemente reduzido. A retratação é muito mais útil ao ofendido do que a própria 
condenação penal do ofensor, pois esta, perante a opinião geral, não possui tanto valor quanto a 
confissão feita pelo agente, coram judice, de que mentiu, atribui à retratação o efeito elisivo da 
punibilidade. A natureza jurídica da retratação é, portanto, causa de extinção de punibilidade. 
É um ato unilateral que independe da aceitação do ofendido. A lei exige que a retração 
seja irrestrita e conste de forma inequívoca e expressa, porém não exige forma definida, exceto nos 
casos de crimes realizados através de meios de comunicação, em que a retratação se dará, caso seja da 
vontade do ofendido, pelo mesmo meio que fora realizada a ofensa. A retratação de um dos querelados 
não se estende aos demais. 
7. A AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA 
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo 
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I 
do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, 
bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código 
Como regra geral, têm-se que a ação penal nos crimes contra a honra é de exclusiva 
iniciativa privada. Será, todavia, pública condicionada quando: i) praticada contra o Presidente da 
República ou contra chefe de governo estrangeiro (com requisição do ministro da justiça); ii) contra 
funcionário público, em razão de suas funções (com representação do ofendido); iii) quando na 
injúria real, da violência resultar lesão corporal leve (somente em relação a lesão corporal). E será 
pública incondicionada quando na injúria real, da violência resultar lesão corporal grave ou 
gravíssima (apenas no tocante a lesão corporal). 
 
8. A INTERPELAÇÃO JUDICIAL OU PEDIDO DE EXPLICAÇÕES NOS CRIMES 
CONTRA A HONRA 
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se 
julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá 
satisfatórias, responde pela ofensa. 
 
Quando alguém se julga ofendido ou possui dúvidas sobre manifestação de outrem, pode 
pedir explicações em juízo. Caso a explicação seja insatisfatória (a critério do juiz) ou não seja dada, 
responde o agente pela ofensa. Na prática, a ausência de explicações ou a explicação insatisfatória 
apenas autoriza o recebimento preambular da ação penal. Anatureza jurídica é cautelar, destinada a 
compor uma futura ação penal.

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