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SISTEMA DE ENSINO HISTÓRIA DO CEARÁ História do Ceará Livro Eletrônico 2 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Sumário História do Ceará ............................................................................................................................. 3 Dados Gerais .................................................................................................................................... 3 1. O Período Colonial ....................................................................................................................... 4 1.2. Disputas entre Nativos e Portugueses ................................................................................ 8 2. O Período Imperial ...................................................................................................................... 9 2.1. Ceará na Confederação do Equador ..................................................................................... 9 2.2. A Importância da Economia do Algodão ............................................................................ 11 2.3. A Escravidão Negra no Ceará ............................................................................................... 11 3. O Ceará e a “República Velha” – a Política Oligárquica – Coronelismo e Clientelismo 12 3.1. Coronelismo e o Pacto dos Coronéis no Ceará .................................................................16 3.2. Movimentos Sociais Religiosos ........................................................................................... 17 3.3. “Banditismo” ............................................................................................................................19 4. O Período 1930/1964 ................................................................................................................20 4.1. O Estado-Novo e o Ceará ......................................................................................................20 4.2. Repercussões da Redemocratização; “Indústria da Seca”: DNOCS e SUDENE ......... 25 5. Os Governos Militares ............................................................................................................. 27 5.1. “Novo” Coronelismo; a “Modernização Conservadora” .................................................. 30 6. A “Nova” República: os “Governos das Mudanças” ............................................................ 32 Questões de Concurso .................................................................................................................40 Gabarito ...........................................................................................................................................80 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo HISTÓRIA DO CEARÁ Olá, pessoal! Caríssimos(as) alunos(as), serei o seu professor de História e incentivador nos estudos e na sua trajetória de sucesso ao concurso público! Primeiramente uma rápida apresentação: sou formado em História (licenciatura plena) e ba- charel em Direito, aprovado em vários concursos (dois municipais e três federais). Atualmente, Oficial de Justiça Avaliador Federal (TRT-15) e pós-graduado em Gestão Pública pela UFSCar. A área de humanas, mais propriamente História, sempre foi um norte, enriquecido pela experiência profissional de quase três décadas na Administração Pública, passando pelos três Poderes e na esfera municipal e federal, sempre por concursos públicos. Essa atuação foi decisiva para uma visão mais realista da sociedade brasileira, sobretudo da evolução da Administração Pública como um todo, salientando ainda que atuei como esta- giário de Direito antes da Constituição atual (1988-1989) e depois como advogado de 1990 a 2005, vivenciando profissionalmente toda a evolução e a alteração das relações, inclusive po- líticas, existentes após a redemocratização e seus reflexos na vida da população, os anseios, sucessos e decepções de mais de uma geração. Bem... ainda não sou idoso (risos), é que comecei cedo... Esta apostila aborda o conteúdo específico para o concurso da Polícia Militar do Ceará e de forma esquematizada, dando uma visão global, que, embora resumida, apresenta elemen- tos-chave preordenados como “alavancas” ao aprendizado, explicando a evolução dos temas, que refletirá positivamente na prova. Optamos por esta forma, vez que seria algo mais concreto, por visualização, a compreen- são e a memorização dos acontecimentos mais relevantes por tratarem-se de temas variados e em períodos distintos. Bons estudos, disciplina e dedicação! Prof. Luis Prinzo DaDos Gerais O Estado do Ceará (CE), cuja capital é Fortaleza, está localizado no nordeste do Brasil. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo (<https://www.baixarmapas.com.br/mapa-de-mesorregioes-do-ceara/>) 1. o PeríoDo Colonial O período colonial vai do “descobrimento” do Brasil, em 1500, até o Império, com a “inde- pendência” em 1822. 1.1. oCuPação Do TerriTório – sesmarias e eConomia PeCuária O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo (<https://luizmuller.com/2017/05/14/a-nomeacao-da-baba-do-michelzinho-a-previdencia-social-as-capitanias- -hereditarias-e-o-patrimonialismo/>) A ocupação do Brasil deu-se inicialmente no litoral e, a esse respeito, os tratados de Tor- desilhas e posteriormente o de Madri deram um contorno inicial da divisão entre Portugal e Espanha nos “novos” territórios na América. A atividade principal no litoral foi a açucareira, que, para tanto, utilizou-se da escravidão e apoio inicial financeiro dos holandeses, tendo João Maurício de Nassau, conde, como adminis- trador geral do Brasil Holandês. A expulsão total da colonização holandesa pelos portugueses foi em 1654, iniciando logo a decadência da produção ante a competição nas Antilhas pela atividade dos holandeses lá, sendo mais próximo da Europa, melhor e mais barato. A ocupação desse vasto território foi em pontos no litoral, onde havia uma economia extra- tivista (século XVI pau-brasil e depois cana-de-açúcar) e, posteriormente, no interior, via pecu- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo ária extensiva, à procura de pastagens – criação de gado -, dando início as fazendas de gado, sobretudo no Nordeste e também como prevenção a invasão de estrangeiros.1 No interior, a atividade foi a pecuária, que deu origem ao comércio de artigos de couro e de- pois ao charque– beneficiamento e comércio da carne, consistente em salgá-la e desidratá-la para durar mais. Contudo, dois fatores dificultaram o povoamento no interior do Ceará: o clima seco (tro- pical semiárido, baixos índices pluviométricos e longos períodos de estiagem) e a resistência indígena, superada via aculturação e praticamente extermínio. A ocupação no Ceará demorou, consolidando-se praticamente no século XVIII, transfor- mando o território indígena em área de pecuária, ocasionando conflitos ante grande apropria- ção de terras. * Presença da Igreja em aldeias e de forma itinerante, em várias capelas, em especial nas fazendas, “catequizando” os índios, para o avanço das atividades desenvolvidas, sobretudo a pecuária e difundindo princípios da contrarreforma. Igreja e Portugal uniram-se, dando base ideológica à conquista. 1 As invasões francesas foram no Rio de Janeiro (França Antártica – 1555-1560) e no Maranhão (França Equinocial – 1612- 1615); já as invasões holandesas na Bahia em 1624, em Pernambuco em 1630 e no Maranhão em 1641. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo * A Capitania hereditária do Siará englobava Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão. De- pois, a partir de 1656, desligou-se do Maranhão, passando a ser uma capitania subalterna de Pernambuco. O litoral foi ocupado desde o século XVI em razão da exploração da cana-de-açúcar e, o interior do Ceará, somente no século XVII com a atividade da pecuária, com a ocupação total tardiamente no século XVIII. Curiosidade! Apoio à rev. Pernambucana – Cariri, Crato – 1817 -, com a Proclamação da República e a Independência de Crato. Esta revolução (Pernambucana) foi: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo ... o último movimento separatista do período colonial. Está relacionada com a crise socioeconô- mica que o Nordeste atravessava há quase um século em razão da desvalorização do comércio do açúcar e do algodão brasileiro no mercado externo. Além disso, a presença da família real por- tuguesa no Brasil aumentou o custo de vida em virtude da cobrança de impostos, o que causou revolta entre os pernambucanos. Os ideais republicanos também colaboraram para que a revolta acontecesse. O governo local foi tomado pelos revoltosos, mas as tropas fiéis ao governo central conseguiram derrotá-los. (<https://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolucao-pernambucana.htm>) 1.2. DisPuTas enTre naTivos e PorTuGueses A relação entre os colonizadores e os indígenas passou por fases: Martim Soares Moreno, com 17 anos na época, apontado como o fundador do Ceará em 1612, teve influência com os índios por conhecer a língua e os costumes, combatendo depois os franceses e holandeses (1637 – príncipe Maurício de Nassau -, e 1649 – Matias Beck, que construiu o forte Schoonenborch em Fortaleza). Entretanto, independentemente das alianças, os conflitos existiam, como a guerra contra a “Confederação dos Bárbaros” ou “Confederação dos Janduís” ou “Confederação dos Cariris”, entre colonos e várias tribos indígenas, em decorrência da criação de gado e a expansão das plantações daqueles nas áreas destes, em especial no final do século XVII até início do século XVIII (1713). Essa guerra exterminou várias tribos e os poucos sobreviventes transformados em escra- vos e agregados nas fazendas. Na Serra da Ibiapaba ou Serra Grande, localizada entre Piauí e Ceará, com a ocupação para desenvolver atividade econômica, inicialmente a busca de riquezas, ocorreram conflitos com O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://brasilescola.uol.com.br/historiab/rebelioes-separatistas.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiab/corte-portuguesa.htm https://brasilescola.uol.com.br/historiab/corte-portuguesa.htm 9 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo os habitantes, os índios, que gerou genocídio (extermínio do grupo) e etnocídios (extinção de uma cultura por outra). Além disto na região de Jaguaribana ocorreu a destruição de povos indígenas, consolidan- do a ocupação de terras no Ceará. Outrossim, também convém ressaltar que a Igreja Católica deu suporte ideológico às guer- ras contra os índios, sob o fundamento de que eram contra práticas selvagens, como a antro- pofagia – degustação de pessoas (canibalismo) -, sem religião e princípios cristãos. Seria a “guerra Justa”, justificando a colonização, como a única cultura possível por ser “civilizatória” e “avançada” (eurocentrismo), ou seja, mais uma carga preconceituosa ao modo de vida de outrem, no caso indígena, assim como centenas de anos atrás com relação as Cruzadas contra o Islamismo. Assim, a relação entre os portugueses e os nativos (índios) foi de massacre de etnias e aculturação, com, dentre outras, a conversão ao Cristianismo, com o papel importante neste campo a Igreja, em especial a Ordem dos Jesuítas (Companhia de Jesus), sendo que muitos pela adoção voluntária, tornando-se em vassalos do rei de Portugal e, assim, “protegidos” e com alguns direitos, inclusive mais tarde (alguns poucos) a terras (Sesmarias). 2. o PeríoDo imPerial O período do Império vai da proclamação da Independência, em 07 de setembro de 1822, até a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS Confederação do Equador – 1824 (Crato, Icó e Quixeramobim) Fim da escravidão em 25.03.1884 (4 anos antes da abolição pela Lei Áurea em 15.05.1888) 2.1. Ceará na ConfeDeração Do equaDor A Confederação do Equador (Nordeste em 1824) foi um movimento revolucionário (repu- blicano e separatista), de liberais (abolicionistas e pela descentralização do Poder – federa- listas), visando um país independente e com a capital no Recife (Pernambuco) contra monar- quistas (absolutistas e conservadores). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo (<https://suburbanodigital.blogspot.com/2021/06/mapa-confederacao-do-equador-1824.html>) A revolta foi em Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. O início foi com a outorga (imposição) da primeira Constituição brasileira, a do Império, em 1824, logo após a “independência” (1822), que teve um viés centralizador, com a inclusão, por exemplo, do Poder Moderador nas mãos do Imperador (autoritarismo), que sobrepunha os demais (Executivo, Legislativo e Judiciário), o que desgostou a classe rural, que ficou despres- tigiada politicamente, além de altos impostos, bem como pessoas com ideais liberais (Revolu- ção Industrial na Inglaterra) e pobreza generalizada. Os principais líderes foram Manuel CarvalhoPais de Andrade e Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca (Frei Caneca). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Execução e prisão da maioria de seus líderes, posto que fora reprimido pelas forças imperiais co- mandadas pelo almirante britânico Thomas Cochrane). Por fim, o jornalista Cipriano Barata foi preso, Padre Mororó foi executado e Frei Caneca, mentor in- telectual do movimento, foi fuzilado dia 13 de janeiro de 1825 no largo das Cinco Pontas, no Recife, enfraquecendo, dessa maneira, a Confederação do Equador. (<https://www.todamateria.com.br/confederacao-do-equador/>) 2.2. a imPorTânCia Da eConomia Do alGoDão No início do século XIX, após a autonomia administrativa do Ceará em 1799, a produção de algodão passou a ter um significado relevante, que antes era uma atividade de subsistên- cia, relegada a escravos e servos, salientando que estavam distantes do litoral e com precá- rias estradas. O impulso deu-se em virtude do aumento da demanda nacional e europeia, sobretudo pela “Revolução Industrial”2 na Inglaterra (a partir de 1760), favorecido, como vimos, o Ceará após sua autonomia da capitania de Pernambuco e a abertura dos portos em 1808 pela família real, possibilitando o intercâmbio com outras nações europeias, inclusive financiamentos, em es- pecial os ingleses. A importância da produção de algodão no Ceará foi em várias vertentes: a) Fixação da população, inclusive de índios residentes em aldeias controladas pelas mis- sões jesuítas, além da vinda de trabalhadores e produtores de todos os tipos – pequenos, médios e grandes -, ante adaptação ao clima semiárido, com estrutura simples e ciclo curto; b) Atuação em conjunto com a pecuária, via alimentação do gado por suas folhas, sedi- mentando a ocupação do interior; e c) Fragmentação do território por latifundiários (grandes proprietários de terras), o que le- vou a expansão da dominação política e econômica, concentrada nessa atividade – não houve também a diversificação da economia -, com reflexos até a atualidade: desigualdade social, pobreza e concentração de renda. 2.3. a esCraviDão neGra3 no Ceará Conforme os tópicos anteriores, os destaques na economia no Ceará foram: a cana-de- -açúcar no litoral, no período colonial; a pecuária extensiva; e a produção de algodão também 2 Do artesanato à maquinofatura. No artesanato, o artesão trabalhava em geral sozinho e era proprietário dos meios de produção (matéria-prima e ferramentas); na maquinofatura (início da indústria), eram vários trabalhadores em oficinas, utilizando máquinas que não as suas, ou seja, do capitalista, surgindo novos grupos sociais: a burguesia (empregador) e proletariado (trabalhadores urbanos em fábricas). 3 Os índios opuseram-se à escravidão e a colonização, o que acarretou o extermínio de várias etnias e de culturas ante o con- fronto com os dominadores. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo no interior, de forma mais acentuada no período imperial, demandando, em todas essas fases, a mão-de-obra escrava. O ciclo do ouro no Brasil foi na região sudeste, no século XVIII, em especial em Minas Ge- rais; já o café, em São Paulo e no Rio de Janeiro, no século XIX. CANA-DE-AÇÚCAR - Vinda de várias pessoas, em especial portugueses ante o lucro; - Desmatamento da costa do Brasil; e - Aumento do tráfico negreiro (busca de escravizados na África), para atender a grande produção e ao mercado externo. PECUÁRIA - Poucos escravos, já que a atividade era para o mercado interno, não comportando a compra de seres humanos pelo alto preço e o lucro respectivo, sendo substituídos por empregados nas fazendas e alguns índios aculturados, que depois tornaram-se pequenos produtores via parcerias e posseiros, em atividades de subsistência. ALGODÃO - Inicialmente, quando da plantação em grande escala, foi utilizado o escravo negro. - Depois passou a ser um trabalho livre e assalariado, vez que o ciclo de plantio curto levava o escravizado à ociosidade, além da necessidade de constante vigilância com o contrabando, encarecendo a sua posse. Também havia mão-de-obra barata na região: homens livres pobres, índios, mestiços, e, pela facilidade na colheita, mulheres e crianças. Curiosidade! O Ceará foi o primeiro Estado que aboliu a escravidão, em 25 de março de 1884, quatro anos antes da Lei Áurea em 1888. O jangadeiro Francisco José do Nascimento em 1881 recusou transportar escravos, en- trando para história como “Dragão do Mar”. 3. o Ceará e a “rePúbliCa velha” – a PolíTiCa oliGárquiCa – Coronelis- mo e ClienTelismo A “República Velha” foi o período a partir da instituição da República em 15 de novembro de 1889, que derrubou o Império, até 1930, quando houve a tomada do Poder por Getúlio Vargas. Ela apresentou-se em duas fases: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo a) “República da Espada” (1889 – 1894), porque governada por militares – Marechal Deo- doro da Fonseca e Marechal Floriano Peixoto; e b) “República Oligárquica” (1894 – 1930), que significa república de “poucos” (elite), ma- terializada com a “política café com leite”, que consistiu na alternância no Poder dos maiores produtores da economia brasileira na época: São Paulo (café) e Minas Gerais (leite). Apesar de outros Estados importantes como Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Teve como base o fenômeno os “coronéis”, resquícios do “feudalismo” – pessoas ligadas aos Municípios (elite local – antigos membros da Guarda Nacional -, mas não integravam o Exér- cito, sendo civis armados). Utilizavam o “voto de cabresto”, obrigando os eleitores (homens, maiores de 21 anos e alfabetizados) a votarem em determinadas pessoas em busca de be- nesses dos governadores (“política de governadores”): fraudes eleitorais, corrupção e troca de favores. (<https://brainly.com.br/tarefa/4442689>) Esse sistema é conhecido como “Patrimonialista”, que é a confusão entre o público e o privado, consistindo em nepotismo (favorecimento por vínculos de parentesco), clientelismo (compra de apoio político via confiança e lealdade) e o fisiologismo (troca de favores), que teve vigência institucional até Getúlio Vargas, quando reformou o Estado, instituindo o modelo burocrático. Mas tais infelizes práticas ainda persistem... O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo A “República Velha” foi marcada por instabilidade política e social. Podemos destacar no Brasil os seguintes movimentos: Guerrade Canudos, na Bahia, em 1896-1897 Acusados de serem contra a República (monarquistas) ante a sua autonomia perante os coronéis (latifundiários – fazendeiros) e a Igreja. Foram massacrados pelo Exército, acabando com a comunidade de excluídos socialmente (na maioria sertanejos fugindo da seca, fome e da miséria) de cunho messiânico – Antônio Conselheiro, pregando uma vida regrada, com princípios religiosos e a salvação eterna após a morte -, com uma agricultura de subsistência. Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro em 1904 Rebelião da população contra a truculência da vacinação à força e a restrição de direitos, como a proibição de emissão de certidão de casamento e registro de emprego, aumentada pela recente reurbanização no centro do Rio de Janeiro com o desalojamento de milhares de pessoas, culminando em uma “revolta” com destruição e “quebradeira” generalizada. Os líderes foram presos e mandados para o Acre, para ocupação do recente Estado incorporado ao Brasil em 1903. Revolta da Chibata em 1910 Revolta de marinheiros (Marinha) contra os castigos corporais por faltas disciplinares. Houve tomada de navios, morte de seis oficiais e bombardearam o Rio de Janeiro, culminando com a abolição de tais atos com a repressão de seus líderes (alguns fuzilados e outros torturados, presos e degredados). Revolta do Contestado (1912-1916) Disputa de terras entre o Estado do Paraná e Santa Catarina, com base similar a que ocorreu em Canudos, sendo agricultores que perderam suas terras no espaço onde foi construída uma ferrovia por desapropriação à força (15 km de cada lado), juntando-se a um beato, chamado José Maria, fundando algumas vilas em Santa Catarina, não pagando impostos e acusados também de serem novos monarquistas, igualmente dizimados pelo Exército. Aumento da imigração no Brasil Brasil “novo” sem a figura do índio e do negro – política discriminatória de embranquecimento da população (eurocentrismo) -, com a vinda de trabalhadores estrangeiros (operários), que trouxeram ideias “revolucionárias”, como o anarquismo (ausência do Estado) e o socialismo (Estado detentor dos meios de produção – controle social). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Guerra de Canudos, na Bahia, em 1896-1897 Greve geral em 1917 em São Paulo Ausência de direitos trabalhistas – criação de sindicatos. Fundação do Partido Comunista em 1922 Movimento tenentista em 1922 Tenentes e capitães que se revoltaram contra a exclusão social, o voto de cabresto, o voto aberto – eleições fraudulentas – e a corrupção. Semana de Arte Moderna em 1922 Novas formas de expressão artística em geral, como a pintura, literatura, música e escultura: Modernismo, almejando modernizar-se como na Europa, mas com uma identidade própria, quebrando os paradigmas arcaicos da nossa sociedade, apesar de nossa tradição de monocultura (exportação praticamente do café na época). Coluna Prestes (Luis Carlos Prestes), 1924 a 1927 Advinda do tenentismo, agora de cunho comunista (passeata de 25.000 km por 12 Estados, pregando o não pagamento de tributos etc.). Queda da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929 Desvalorização do café (75% da nossa exportação) e uma crise financeira no Brasil (90% do nosso café). Revolução de 1930 – Getúlio Vargas O presidente era Washington Luís, carioca radicado em São Paulo. O próximo deveria ser, pela política “café com leite”, um mineiro. Mas foi lançado outro paulista, Júlio Prestes (não confundam com Luis Carlos Prestes), que ganhou a eleição e foi acusado de fraude (coisa comum ante o voto aberto e de cabresto – coronelismo). Os mineiros associaram-se com o paraibano João Pessoa (assassinado logo depois por outros motivos), que era o vice de Getúlio Vargas, do Rio Grande do Sul e, este com apoio do Exército, deu um golpe, instituindo um governo provisório em 03 de novembro de 1930, pondo fim à “República Velha”, inclusive porque em 1937 deu novo golpe, instituindo o “Estado Novo”. 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No início do século XX houve o “pacto dos coronéis” (1911), que almejava o retorno da família Accioly ao Poder e opunha-se à “política das salvações”4, no governo do Marechal Her- mes da Fonseca (presidente da República – 1910-1914), que foi um programa de intervenção nos Estados, enfraquecendo as oligarquias locais, ou seja, um retorno, como no Império, de um governo centralizador. 4 Nome dado à participação de militares nas intervenções federais nos estados concentradas nas sucessões governamen- tais ocorridas entre 1911 e 1912, com o objetivo de renovar a política brasileira dominada por setores oligárquicos.... As ações salvacionistas foram implementadas em sua maioria por oficiais do Exército, seja por meio do confronto político direto, ao se apresentarem como candidatos oficiais, seja por meio indireto, ao apoiarem um candidato de oposição ao setor oligárquico dominante (<https://atlas.fgv.br/verbetes/politica-das-salvacoes>). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Em 1911, a oligarquia Accioly dava sinais de declínio e as constantes disputas internas enfraque- ciam ainda mais o bloco coronelista. Então, em 4 de outubro de 1911, líderes políticos de 17 locali- dades do Interior cearense se reuniram em Juazeiro para firmar pacto de harmonia entre si e apoio incondicional a Nogueira Accioly. O chamado “Pacto dos Coronéis” tinha também como objetivo acabar com a onda de crimes praticados impunemente na região. (<https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/pacto-dos-coroneis-em-debate-1.445877>) 3.2. movimenTos soCiais reliGiosos A política de coronéis do governo estadual de Accioly manteve a exclusão social, com o poder concentrado na elite. Os fazendeiros, tidos pela alcunha de coronéis, com seu poder econômico e, por via oblíqua, político, mantinham a situação social, utilizando-se, para tanto, de práticas nefastas, como voto de cabresto – coação de eleitores -, perpetuando-se no Poder em troca de favores do governo estadual, perfazendo o ciclo da “política de governadores”. Essa situação, obstando a mobilidade social vertical, de ascensão dos menos favorecidos a uma condição melhor de vida, além da miséria generalizada, gerou insatisfações variadas, dentre as quais alguns movimentos religiosos e também ao banditismo. Vejam que, em virtude da seca, no final do século XIX, houve um movimento migratório de cearenses à Amazônia, visando os seringais como trabalho ante a precariedade da vida no sertão.Política “Aciolina” Movimentos messiânicos: Padre Cícero e o beato Zé Lourenço Cangaço – Lampião A propósito, já no século XIX houve movimentos religiosos, como o do padre Ibiapina – José Antônio de Maria Ibiapina (1806-1883), com ações de evangelização e obras de caridade para a melhoria de vida das pessoas nos sertões nordestinos -; e a Guerra de Canudos, na Bahia, em 1896-1897 (Antônio Conselheiro – líder religioso). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Revolta ou Sedição do Juazeiro Foi um conflito popular em 1914, no sertão do Cariri, em Juazeiro do Norte (Ceará). Teve como pressuposto uma resposta contra a “política das salvações”, que, como vimos, foi desa- provada pelos coronéis (fazendeiros com poder político local), no intuito de derrubar o governo estadual de Marcos Franco Rabelo, indicado pelo presidente Hermes da Fonseca, que, unidos com o movimento religioso de Padre Cícero e com apoio popular, deu um “contorno” messiâ- nico a revolta. 5 Importante salientar que a população já se encontrava muito incomodada com as péssi- mas condições de vida, agravada pela miséria e a fome. Assim, a revolta do juazeiro adquiriu um caráter messiânico, posto que a população, imbuída de crenças religiosas, acreditava participar de uma “guerra santa”, com a liderança religiosa e política de Padre Cícero. Nesse sentido, importante salientar a fusão que se estabeleceu entre o clero (igre- ja) e os fazendeiros do Ceará. Sem espanto, a revolta foi violenta entre os coronéis (comandados pelo senador gaúcho José Go- mes Pinheiro Machado) e as forças do estado, resultando na retirada da intervenção política pelo poder do estado, que por sua vez foi entregue novamente para as oligarquias cearenses. Por fim, Franco Rabelo foi deposto. Padre Cícero Romão Batista (1844-1934), popularmente chamado de “Padim Ciço”, nasceu no Ceará e foi um dos mais importantes líderes da Revolta do Juazeiro. Figura mística, muito respeitado e querido, ao lado da família tradicional Acyoli, liderada pelo coro- nel Antônio Pinto Nogueira Accioly, então presidente do Ceará, que possuía grande poder na época, Cícero convocou a população para lutar contra o Estado e reivindicar o poder, que estava anterior- mente dominado pelas oligarquias do Ceará. 5 <https://istoe.com.br/532356-2/> O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Em 1911, com o apoio dos fazendeiros, foi eleito Prefeito de Juazeiro, e tornou-se símbolo da revolta sendo considerado um santo, profeta e protetor dos nordestinos. (<https://www.todamateria.com.br/revolta-do-juazeiro/>) Padre Cícero entrou para história como uma figura complexa: para alguns, mítica e popular, santo e outros como “coronel de batina”, por ter sido aliado aos coronéis e possuidor de gran- des propriedades de terra. Massacre do Sítio Caldeirão – Beato José Lourenço Uma comunidade religiosa, liderada por um beato – José Lourenço Gomes da Silva -, em Crato, no Ceará, foi dizimada em 1937 por forças policiais, inclusive por metralhadoras e avi- ões, com apoio de coronéis latifundiários e da Igreja, por ser uma comunidade independente e seu líder acusado de comunista e contra a ordem pública. Todos esses movimentos, desde a Guerra de Canudos, tiveram em comum uma tentativa da população de fugir da miséria, da seca, da fome e do arbítrio dos coronéis; a reunião em comunidades com atividades de subsistência e autossuficientes; e massacradas pelo governo com o apoio dos coronéis e da Igreja Católica, que viam nesses movimentos uma afronta a seus princípios e domínios. 3.3. “banDiTismo” O “Banditismo” é um termo genérico para o fenômeno de um grupo de bandidos existente desde sempre até 1940 no sertão nordestino. O mais conhecido foi o cangaço, cujo persona- gem principal foi Virgulino Ferreira da Silva, o “lampião”. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49505229 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Os cangaceiros eram um grupo de bandidos (ladrões, assassinos e malfeitores), armados e que conheciam a região, saqueando fazendas, cidades e povoados, levando o terror a todos. A par da violência por eles praticada, alguns historiadores veem como banditismo social: uma forma de resistência da população camponesa subjugada pela realidade social e o aban- dono do governo com relação a política públicas em prol daquela sociedade, que ficou rele- gada a sua miserável condição, destacando-se a prepotência e a dominação dos coronéis, o clima hostil (semiárido e seca), a ausência de perspectivas de atividades lucrativas, além da de subsistência e as relacionadas às fazendas dos latifundiários, ou seja, uma economia não diversificada, sem muitos investimentos, mantendo a estrutura de poder em torno das terras, de propriedade de poucos – oligarquia (“governo de poucos”). Essa condição de raras oportunidades de ascensão social também foi o motor para a apa- rição de comunidades pobres, de cunho religioso, como forma de sobrevivência um pouco melhor e com esperança, mesmo que após a morte, de uma existência mais digna. (<https://infinittusexatas.com.br/historia-do-brasil-republica-velha-resumos-e-mapas-mentais/>) 4. o PeríoDo 1930/1964 No período de 1930 a 1964 houve a ditadura de Vargas (1930-1945) e a redemocratização, de 1946 a 1964, quando houve um novo golpe militar (1964-1985). 4.1. o esTaDo-novo e o Ceará O Estado-Novo (ditadura), conforme acima, teve início após a “revolução de 1930”, com a chegada ao Poder de Getúlio Vargas, e após um outro novo golpe, em 1937. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Getúlio Vargas estava preocupado com o retorno da oligarquia antiga, principalmente de São Paulo que lançou um candidato, criando um falso plano, intitulado Cohen, de que os comu- nistas queriam tomar o Poder. Assim, com o intuito de impedir isto, cercou o Congresso Nacional e, no mesmo dia (10.11.1937), outorgou (impôs) uma outra Constituição,6 sem término do mandato, demitindo todos os governadores e nomeando pessoas de sua confiança, enfraquecendo as elites locais – os coronéis. Criou o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda -, que controlava, além da propaganda governamental, os meios de comunicação: censura a rádios, jornais e revistas. A política de Vargas foi focada no incentivo às indústrias e no trabalhismo, conforme qua- dros a seguir: 6 A despeito dele próprio já ter feito uma há pouco mais de três anos: a Constituição de 1934. O conteúdo deste livro eletrônicoé licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo * Como exemplo, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o salário-mínimo, como um meio de controlar os gastos dos trabalhadores urbanos, jornada máxima de trabalho, horas ex- tras, adicional noturno etc. Os trabalhadores deveriam ser produtivos e ordeiros para o progres- so do Brasil, inspiração positivista que há inclusive na nossa bandeira – “Ordem e Progresso”. ** Um dia por ano de remuneração dos trabalhadores, descontado na folha e repassado aos respectivos sindicatos, fortalecendo-os, coaptando os trabalhadores aos sindicatos, que estavam sob pressão e domínio do governo ao invés de algum partido político, como o comu- nista, que estava, assim como os demais, na ilegalidade pela sua extinção com a Constituição de 1937, mantendo a nova elite mais tranquila, a industrial. Essa política entrou para história como o nome de trabalhismo: uma série de benefícios protecionistas aos trabalhadores. Criou a Justiça do Trabalho, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), a CTPS (carteira de trabalho e previdência social), tido como o documento mais importante do trabalhador, geran- do gratidão e retribuição, passando a ser o “pai dos pobres”. (<https://www.colegioweb.com.br/curiosidades/curiosidades-sobre-clt.html>) Toda essa normatividade (criação de normas, direitos e benefícios) foi também no intuito de manter o controle dos trabalhadores, pacificando as relações com os empregadores, no caso as indústrias, evitando conflitos como a greve geral de 1917 e a politização por partidos políticos. A ditadura de Vargas foi até 1945 com a sua deposição, por um golpe simples e pacífico, retornando depois em 1951, via eleições diretas (democraticamente), até sua morte por suicí- dio em 1954. Ante a política varguista ter sido na industrialização do Brasil, os Estados maiores benefi- ciados foram a capital na época, o Rio de Janeiro, e São Paulo, inclusive em decorrência do de- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo senvolvimento urbano, a anterior imigração estrangeira, a criação de sindicatos, tudo voltado para o trabalhador urbano e o Nordeste ficou mais uma vez “esquecido”, vez que o interior era eminentemente rural. Neste sentido: ... O primeiro interventor no Ceará foi Fernandes Távora, mas ele governou por pouco tempo, pois continuou com as práticas clientelistas e corruptas da República Velha. Os interventores não tarda- ram a se acomodar com as elites locais. O quadro político cearense esteve, nesse período, influen- ciado por duas associações: a Liga Eleitoral Católica (LEC), que, por seus vínculos religiosos e apoio dos latifundiários interioranos, obteve grande penetração no eleitorado cearense e apoiou segmen- tos fascistas que organizaram a Ação Integralista Brasileira (AIB) no Ceará; e a Legião Cearense do Trabalho (LCT), organização operária conservadora, corporativista, anticomunista e antiliberal (na prática, fascista) que existiu no Ceará entre 1931 e 1937. (<https://www.visiteobrasil.com.br/nordeste/ceara/historia/conheca/estado-novo>) O governo de Vargas em 1932 criou “campos de concentração” para impedir que sertane- jos invadissem as cidades, fugindo da seca: Assim, um amplo programa de criação de campos de concentração, em que os retirantes fossem induzidos a entrar e proibidos de sair, foi implementado com total apoio da Interventoria Federal no Ceará. A fim de prevenir a “afluência tumultuária” de retirantes famintos a Fortaleza, cinco campos localizavam-se nas proximidades das principais vias de acesso à capital, atraindo os agricultores que perdiam suas colheitas e se viam à mercê da caridade pública ou privada.... Uma vez dentro do campo, o retirante era obrigado não só a permanecer nele durante todo o período considerado de seca, mas deveria submeter-se a condições de moradia, relacionamento, trabalho e comportamento regulados pelas normas irredutíveis ditadas pelos dirigentes indicados pelo interventor, prefeitos nomeados e engenheiros do IFOCS. Os campos, portanto, pretendiam impedir a mobilidade física e política dos retirantes através da concessão de rações diárias e de assistência médica. O controle dessa imensa população... representou um gigantesco esforço de organização, que tinha seu con- traponto nas ações violentas das multidões de retirantes que ameaçavam tomar em suas mãos a resolução de suas aflições. (NEVES, Frederico de Castro. Getúlio e a seca: políticas emergenciais na era Vargas. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbh/a/5GNSQTXnMM7kTM3rr8B4TrM/?lang=pt#>. Na década de 40, Vargas incentivou a migração de vários nordestinos, em especial cea- renses, para a Amazônia em um novo ciclo da borracha,7 visando o comércio externo ante a segunda guerra mundial, com acordo com os Estados Unidos da América,8 criando o SEMTA – Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia: 7 O primeiro foi entre 1879 e 1912. 8 Repasse de mais de 100 milhões de dólares para artigos necessários à defesa, incluindo a borracha. O ciclo da borracha encerrou-se em 1945, sendo que o seu declínio deu-se também pela substituição da natural para sintética, além da concor- rência asiática. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo O início dos anos 1940, no Ceará, foi influenciado pela Segunda Guerra Mundial e as implantações decorridas pelos Acordos de Washington. Em Fortaleza, foi montada uma base norte-americana, mudando os hábitos locais e empolgando a população, que passou a realizar diversos atos, mani- festos e passeatas contra o nazismo. O Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia – SEMTA, foi criado e teve sua sede em Fortaleza. Este realizou uma forte propaganda go- vernamental a qual estimulava os sertanejos a migrar para a Amazônia, onde estes tornariam-se os Soldados da Borracha do Exército da Borracha, isto é, explorariam o látex das seringueiras. Milhares de cearenses emigraram para o Norte, muitos dos quais morreram. Porém, estas mortes não foram em vão, já que, graças aos soldados da borracha e sua mais-valia, os Estados Unidos e Aliados pu- deram combater os exércitos do Eixo sem os seringais da Ásia para abastecê-los. (<https://www.visiteobrasil.com.br/nordeste/ceara/historia/conheca/estado-novo>) A política de Vargas foi direcionada na industrialização e no trabalhismo, beneficiando os tra- balhadores urbanos, relegando os camponeses a condição que tinham e, como tal, deixando- -os sujeitos aos coronéis. Dentro desta perspectiva, o Nordeste como um todo, em especial o interior, não teve o mesmo desenvolvimento que as regiões Sul e Sudeste. (<https://br.pinterest.com/pin/569001734176273469/>) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição,sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://br.pinterest.com/pin/569001734176273469/ 25 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo 4.2. rePerCussões Da reDemoCraTização; “inDúsTria Da seCa”: DnoCs e suDene O novo ciclo da borracha (1942-1945), acima mencionado, além das altas taxas de mor- talidade, causou uma redução drástica da população no Nordeste, sobretudo no sertão, que, no entanto, foi “recuperada” nos anos 50 (senso do IBGE – 1950/1960), em especial na área urbana ante o processo de urbanização das cidades, contribuindo, para tanto, a energia elétrica da hidroelétrica Paulo Afonso na Bahia e a industrialização, com base no plano de metas no de- senvolvimentismo no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), com a criação do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). O Departamento Nacional de Obras contra as secas (DNOCS), criado em 1909, tinha uma imagem ruim, ineficaz e de desvio de verbas, passando a ser depois controlado pela SUDENE: O DNOCS continuou a atuar, embora com uma imagem já totalmente desfavorável. A seca de 1958, uma das mais severas e com um dos mais elevados números de refugiados, apresentou-se como uma prova indiscutível de que toda a política até então executada havia sido inócua. ... Entretanto, a imagem do órgão junto à opinião pública era cada vez mais negativa. O DNOCS era visto como uma instituição que se aproveitava das secas para manipular verbas de forma corrupta, favorecendo o enriquecimento ilícito de políticos e fazendeiros da região, realizando obras “fantas- mas” e forjando pagamentos a trabalhadores inexistentes. As acusações chegaram a provocar a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). Por fim, o descrédito do DNOCS levou o governo a buscar uma solução mais radical para o Nordeste, criando em 1959 a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O DNOCS passou a ser controlado por essa nova agência. (<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/>departamento-nacional-de-o- bras-contra-as-secas-dnocs>) SUDENE, autarquia federal, subordinada ao Ministério do Interior, sediada em Recife (Per- nambuco), criada em 1959 pela lei n. 3.692, de 15 de dezembro de 1959: Art. 2º A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste tem por finalidades: a) estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento do Nordeste; b) supervisionar, coordenar e controlar a elaboração e execução de projetos a cargo de órgãos fede- rais na região e que se relacionem especificamente com o seu desenvolvimento; c) executar, diretamente ou mediante convênio, acordo ou contrato, os projetos relativos ao desen- volvimento do Nordeste que lhe forem atribuídos, nos termos da legislação em vigor; d) coordenar programas de assistência técnica, nacional ou estrangeira, ao Nordeste. Em resumo: A historiografia oficial da própria Sudene põe ênfase nas causas imediatas — a seca de 1958 e suas consequências: desemprego rural e êxodo — e toma como “causas históricas” a própria ideologia do O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo órgão: o fato de que o aguçamento das diferenças regionais indicava o planejamento como o único caminho para promover o desenvolvimento. O planejamento aparece com uma racionalidade a-his- tórica e uma marcha linear: primeiro, ocorreu a criação do Banco do Nordeste do Brasil em 1952, e depois veio a criação do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) em 1956, este no âmbito do Conselho de Desenvolvimento. Até mesmo, remotamente, a criação do Departa- mento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), no princípio do século, como Inspetoria Federal, anunciava uma ação “planejada”. Põe-se ênfase também no muito famoso e pouco conhecido Relatório Ramagem, preparado pelo co- ronel Orlando Ramagem para o Conselho de Segurança Nacional sobre a seca de 1958 e os escân- dalos da “indústria das secas”: aproveitando-se da miséria dos retirantes, a corrupção se revelava nas listas de trabalhadores “fantasmas” das frentes de trabalho do DNOCS, nas estradas que iam de nenhum lugar para lugar nenhum, nos “barracões” dos empreiteiros, nas obras (açudes, estradas, poços) nas fazendas dos amigos, dos chefes políticos, dos “coronéis” e seus vassalos. Enfim, era a estrutura do latifúndio, do coronelato, da oligarquia agrária nordestina que capturou o DNOCS, e que, politicamente, em sua maior parte, constituía no Nordeste o Partido Social Democrático (PSD), ao qual pertencia o próprio presidente Kubitschek. O relatório parece ter-se constituído em elemento de pressão das forças armadas, principalmente do Exército. (<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/superintendencia-do-desenvolvi- mento-do-nordeste-sudene>) (<https://descomplica.com.br/artigo/mapa-mental-jk/43d/>) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo 5. os Governos miliTares Os governos militares foram de 1964 a 1985 (quase 21 anos), com a ditadura que se ins- talou, com o golpe (para alguns, contragolpe), em 31 de março de 1964, derrubando o governo de João Goulart. (<https://www.politize.com.br/ditadura-militar-no-brasil/>) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Essa nova ditadura9 representou a centralização do Poder no governo federal10 e a res- trição de direitos e garantias individuais, via a Constituição Federal de 1967, os atos ins- titucionais, sobretudo o n. 05 em 1968 e a emenda n. 01 de 1969 (para alguns uma nova Carta Magna). O AI 5 foi o mais autoritário dos atos institucionais, vez que possibilitava, sem prazo, ao Presidente,11 o fechamento do Poder Legislativo em todo o Brasil (federal, estadual e municipal), com cassação de mandatos e de cargos públicos, nomeação de interventores, suspensão de direitos e garantias individuais e decretar estado de sítio sem a aprovação do Legislativo. Nesse período, surgiu o “milagre econômico” (1968-1973), no qual houve um aumen- to exponencial do PIB (Produto Interno Bruto)12, chegando a cerca de 12,5% de 1971 e 1973,13 com investimentos públicos e privados, tendo sido criadas centenas de estatais (empresas públicas), como Telebrás, Embratel e Infraero, além do Banco Central, o SFH (Sistema Financeiro Habitacional) e o BNH (Banco Nacional de Habitação), aumentando demasiadamente a população urbana (migração do campo para as cidades), com ápice na década de 1980. A partir de 1973 a 1985, no declínio desse regime de exceção, houve crise econômica, com contribuição da crise mundial do Petróleo em 1973, aumento da inflação, tabelamento de preços e dívida externa em virtude do endividamento anterior, que, diante da recessão, concentração de rendas nas mãos de poucose a desigualdade social, ocorreram insatis- fações populares e políticas clamando pela redemocratização, via eleições diretas, inician- do-se a transição, lenta e gradual, revogando o AI 5 (1978), concedendo a anistia geral e irrestrita, possibilitando a liberdade de presos políticos e retorno das pessoas que estavam exiladas no estrangeiro, o pluripartidarismo, eleições para governadores e a campanha em 1983 e 1984 das “Diretas-já”, que, embora derrotada na Câmara dos Deputados (Emenda Constitucional Dante de Oliveira), possibilitou que em 1985, em 15 de janeiro, concorres- sem, por eleições indiretas pelo Colégio Eleitoral,14 à presidência da República, civis, ven- cendo Tancredo de Almeida Neves, sendo substituído na sua posse, em 15 de março de 1985, por seu vice, José Sarney, ante sua internação por doença grave e morte, pondo fim ao regime militar. 9 A anterior, na era Vargas (1930-1945). 10 Brasília, a nova capital, inaugurada por Juscelino Kubitschek em 1960. 11 Na época, presidente Artur da Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968. 12 “(...) soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. Todos os países calculam o seu PIB nas suas respectivas moedas.” (<https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php>). 13 <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/milagre-economico-brasileiro>. 14 Formado por deputados federais, senadores, e delegados das assembleias estaduais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo (<https://www.politize.com.br/ditadura-militar-no-brasil/>) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo 5.1. “novo” Coronelismo; a “moDernização ConservaDora” O novo coronelismo, como contrapeso conservador e reacionário a quaisquer mudanças políticas sempre esteve presente, acentuando-se ainda mais no interior do Brasil, mais propria- mente no Nordeste, ante, como já asseverado, a concentração de grandes áreas em reduzidos proprietários, mantendo estagnada por exemplo a economia e as relações sociais vigentes. Neste contexto, destaca-se a ausência de reformas de base, como a reforma agrária, man- tendo a estrutura de poder, calcada nos grandes latifúndios (porções de terras) de propriedade dos coronéis, que, em virtude de seu poder econômico, pressionavam (e pressionam desde sempre) politicamente, não tendo sido diferente no período dos governos militares, tanto assim que o Nordeste era o reduto da Arena (Aliança Renovadora Nacional, criada em 1985), partido conservador e de sustentação do governo militar, e depois PDS (Partido Democrático Social). (<https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Democr%C3%A1tico_Social>) O jurista Rogerio Tadeu Romano explicita o novo coronelismo na manutenção de clãs fami- liares, mantendo-as no Poder: O coronelismo moderno se identifica, como sempre em seu germe, com a formação de clãs fami- liares. Essas grandes famílias se apropriaram do poder no Brasil, principalmente nas regiões mais pobres, rateando a máquina pública entre seus representantes. Elas rateiam o poder, colocando seus representantes nas posições decisórias. O Nordeste é um exemplo patético. Tanto proporcionalmente quanto em números absolutos. De cada dez parlamentares que assumiram o mandato por um dos nove estados nordestinos, seis têm O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo algum parentesco com outras figuras do mundo político. A prática da política em família é comum a 97 dos 161 deputados da região. Esse novo coronelismo ajuda a formar as maiores bancadas hoje existentes, quais sejam: a do boi, a da bala, que se aliam a chamada bancada da bíblia. Conservadoras e apoiadoras do status quo, adotam a tese de que é preciso mudar sem que nada mude. As questões ambientais, dos direitos humanos e do uso e parcelamento racional da terra, seja no espaço urbano ou rural, são para essas elites temas inconvenientes e até proibidos. Esse coronelismo está entre os integrantes da base de formação do chamado “centrão”, que tem, em sua maioria, um perfil conservador. Com 42% do total de cadeiras da Câmara, controla 53% da bancada evangélica, 49% da bancada da bala e 46% da bancada ruralista. https://jus.com.br/artigos/58766/o-novo-coronelismo (<https://www.professorfiorin.com/2019/08/mapa-mental-ditadura-militar.html>) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo 6. a “nova” rePúbliCa: os “Governos Das muDanças” A volta da democracia, tendo como marco a Constituição “cidadã” de 05 de outubro de 1988, pôs fim a uma série de normas vigentes, aumentando muito os direitos e garantias indi- viduais, agora como fundamentais e como cláusulas pétreas, juntamente com outros valores, que não podem ser objetos sequer de deliberações de propostas de emendas constitucionais visando suas extinções. A separação e a harmonia dos Poderes e o aumento das competências legislativas dos Estados e Municípios igualmente são matérias tratadas na nova Constituição. Mas não só, há outros pontos sensíveis e distintos, como os reflexos das ações coletivas, e, de forma correlata, o fortalecimento de outros agentes, como o Ministério Público (fiscal da lei e autor de demandas), dando proeminência a algumas leis e institutos, como a Ação Civil Pública (Lei 7.347/85 e alterações), Juizados Especiais, Defensorias Públicas, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/92), o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.0878/90) e o estatuto do idoso (Lei 10.741/03). 15Nesta época, a crise maior era a economia com a inflação em nível estratosférico: A solução foram planos econômicos, a partir de José Sarney até Itamar Franco,16 que criou o Plano Real e estabilizou a economia, tendo logo depois seu ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso, sido o vitorioso nas eleições seguintes para Presidência da República: 15 <https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/inflac3a7c3a3º.png> 16 <https://descomplica.com.br/artigo/mapa-mental-nova-republica/4y5/> O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo Nessa segunda redemocratização,17 houve a terceira reforma administrativa,de natureza neoliberal18: gerencial, iniciada no governo de Fernando Henrique Cardoso em 1995 com pro- gramas de privatizações, visando a eficiência (princípio constitucional – art. 37, caput) na Ad- ministração Pública. A preocupação com a excelência nos serviços públicos veio em 1991 com a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPQN)19, alterada em 2005 para Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), que visava estimular e apoiar as organizações públicas e privadas no de- senvolvimento e na evolução de suas gestões para tornarem-se sustentáveis, cooperativas e com valor para a sociedade, disseminando fundamentos e critérios de excelência (modelo de excelência em gestão). A partir de 2005, o Governo Federal passou a adotar o Programa Nacional de Gestão Públi- ca e Desburocratização – Gespública -, visando uma melhor administração com foco em resul- tados, reafirmando a preocupação de uma administração gerencial com uma efetiva alteração positiva da realidade social, norte a ser atingido. 17 A primeira de 1946 a 1964. 18 Estado mínimo e a transferência de setores à iniciativa privada. 19 Atualmente é título de reconhecimento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo No âmbito da transparência, nasceu a Lei n. 12.527/2011, de acesso à informação, englo- bando o controle social da Administração Pública, além da anterior Lei de Improbidade Admi- nistrativa, n. 8429/92 e a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar n. 135/2010) e, como incentivo às investigações criminais, a Lei da Deleção Premiada, n. 12850/13. Além disto, algumas ações ocorreram que mudaram, a médio prazo (cerca de duas déca- das), a qualidade dos serviços públicos, como: o fortalecimento de órgãos de controle interno e externo; a liberdade de imprensa em acompanhar processos e divulgar informações; a TV Justiça, pioneira mundial na transparência; programas motivacionais; e o Processo Judicial Eletrônico (Justiça pela internet, abolindo o processo físico). Evolução da Administração Pública e as reformas do Estado: A atual fase republicana possibilitou a emancipação, por desmembramento, de municípios, relacionado a urbanização e crescimento populacional, além de novo pacto federativo, dando maior autonomia aos Estados e Municípios, com repartição de competências. A industrialização, iniciada de forma mais genérica no primeiro governo de Vargas, teve influência, como tendência, no Ceará a partir da década de 1990. A Constituição atual, de 1988, é tida como cidadã ante o grande número de direitos, princí- pios e garantias fundamentais, sendo na realidade, como de costume as leis brasileiras, mais uma intenção, gerando expectativas, do que a concretização, que necessita de tempo, pessoal, recursos e de políticas públicas efetivas, eficientes e eficazes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo A reforma agrária ficou como desapropriação de área improdutiva, de acordo com a atual Constituição Federal. Contudo, a questão da terra atualmente deixou de ser sinónimo de poder político, de de- tentores de votos como os antigos coronéis, acabados pela modernidade em decorrência do ingresso de outros atores (associações de classes, trabalhadores, empresários, administração pública) no cenário, que se cinge a questão financeira: o capitalismo. Há autores que entendem que não há mais o coronelismo, entendido este como o poder político, via votos de cabresto, em nome dos ruralistas e nem mesmo neocoronelismo, porque não há mais a ligação/interesse com o Poder pela alteração da natureza da relação com a terra e o ingresso de novos atores; enquanto que outros apontam que tais práticas nefastas do patri- monialismo, em especial a corrupção e o clientelismo, passaram para (ou ficaram) dentro da Ad- ministração Pública, sendo o neocoronelismo, vigente através da herança política, mantendo no Poder as antigas famílias dos coronéis e, de certa forma, as velhas estruturas políticas e sociais (conservadorismo), com a ascensão a cargos de direção de integrantes das elites locais, incluin- do a materialização de políticas assistencialistas, como paternalismo aos menos favorecidos (modernização conservadora – clientelismo político), constituindo currais eleitorais. De qualquer forma, a República atual alterou o cenário, dificultando tais práticas em virtude de novas perspectivas, o interesse ser o econômico, financeiro, e as relações respectivas trans- mudaram-se substancialmente. 7. RESUMO O PERÍODO COLONIAL (1500 – descobrimento do Brasil – a 1822 – Independência) Ocupação do território por Capitanias Hereditárias, sendo a do Ceará subalterna de Pernambuco, cuja autonomia foi em 1799, quando houve a produção em maior escala do algodão. Sesmarias, divisão de terras, que possibilitou a ocupação do território. Atividade econômica no litoral foi a açucareira; enquanto que no interior foi a pecuária extensiva: gado, couro e carne (charqueadas). Dois fatores dificultaram o povoamento no interior do Ceará: o clima seco (clima Tropical semiárido, baixos índices pluviométricos e longos períodos de estiagem) e a resistência indígena. As fazendas de gado foram as sedes dos povoados, do poder local, da miscigenação e aculturação dos índios, com o apoio da Igreja Católica, em especial as missões jesuítas. O Ceará, assim como o sertão Nordestino, ficou sem investimentos ante não ter uma atividade lucrativa de interesse da coroa portuguesa. Apoio à Revolução Pernambucana – Cariri, Crato – 1817 -, com a Proclamação da República e a Independência de Crato, que durou pouco tempo. A disputa entre portugueses e nativos acarretou o extermínio de várias etnias indígenas e a aculturação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo 7. RESUMO O PERÍODO IMPERIAL (1822 até a Proclamação da República em 1889) PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS Confederação do Equador – 1824 (Crato, Icó e Quixeramobim) Fim da escravidão em 25.03.1884 (4 anos antes da abolição pela Lei Áurea em 15.05.1888) A produção do algodão deu-se com o aumento da demanda nacional e europeia, sobretudo pela “Revolução Industrial” na Inglaterra, cuja sua importância no Ceará foi: fixação da população, atuação em conjunto com a pecuária e fragmentação do território por latifundiários (grandes proprietários de terras), o que levou a expansão da dominação política e econômica, com reflexos até a atualidade: desigualdade social, pobreza e concentração de renda. A escravidão negra no Ceará: CANA-DE-AÇÚCAR - Vinda de várias pessoas, em especial portugueses ante o lucro; - Desmatamento da costa do Brasil; e - Aumento do tráfico negreiro (busca de escravizados na África), para atender a grande produção e ao mercado externo. PECUÁRIA - Poucos escravos, já que a atividade era para o mercado interno, sendo substituídos por empregados nas fazendas e alguns índios aculturados. ALGODÃO - Inicialmente,quando da plantação em grande escala, foi utilizado o escravo negro. Depois passou a ser um trabalho livre e assalariado. O Ceará foi o primeiro Estado que aboliu a escravidão, em 25 de março de 1884, quatro anos antes da Lei Áurea em 1888. O CEARÁ E A “REPÚBLICA VELHA” (1889 até a revolução de 1930, de Getúlio Vargas) – a política oligárquica – coronelismo e clientelismo O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo 7. RESUMO Ela apresentou-se em duas fases: a) “República da Espada” (1889 – 1894), porque governadas por militares; e b) “República Oligárquica” (1894 – 1930), que significa república de “poucos” (elite), materializada com a “política café com leite”, que consistiu na alternância no Poder dos maiores produtores da economia brasileira na época: São Paulo (café) e Minas Gerais (leite). Teve como base o fenômeno “coronéis”, resquícios do “feudalismo” – pessoas ligadas aos Municípios (elite local – antigos membros da Guarda Nacional -, mas não integravam o Exército, sendo civis armados). Utilizavam o “voto de cabresto”, obrigando os eleitores a votarem em determinadas pessoas em busca de benesses dos governadores (“política de governadores”): fraudes eleitorais, corrupção e troca de favores. Esse sistema é conhecido como “Patrimonialista”, que é a confusão entre o público e o privado, consistindo em nepotismo (favorecimento por vínculos de parentesco), clientelismo (compra de apoio político via confiança e lealdade) e o fisiologismo (troca de favores), que teve vigência institucional até Getúlio Vargas, quando reformou o Estado, instituindo o modelo burocrático. Mas tais infelizes práticas ainda persistem... O coronelismo no Ceará (os grandes proprietários de terras) tem como ícone a família Accioly. No início do século XX houve o “pacto dos coronéis” (1911), que almejava o retorno da família Accioly ao Poder e opunha-se à “política das salvações”, que foi um programa do governo federal de intervenção nos estados, enfraquecendo as oligarquias locais. Essa situação, obstando a mobilidade social vertical, de ascensão dos menos favorecidos a uma condição melhor de vida, além da miséria generalizada, gerou insatisfações variadas, dentre as quais alguns movimentos religiosos e também ao banditismo. A Revolta do Juazeiro foi um conflito popular em 1914, no sertão do Cariri, em Juazeiro do Norte (Ceará). Teve como pressuposto uma resposta contra a “política das salvações”, que foi desaprovada pelos coronéis (fazendeiros com poder político local), no intuito de derrubar o governo estadual, que, unidos com o movimento religioso de Padre Cícero e com apoio popular, deu um “contorno” messiânico a revolta. O Massacre do sítio Caldeirão: uma comunidade religiosa, liderada por um beato – José Lourenço Gomes da Silva -, em Crato, no Ceará, foi dizimada em 1937 por forças policiais, inclusive por metralhadoras e aviões, com apoio de coronéis latifundiários e da Igreja, por ser uma comunidade independente e seu líder acusado de comunista e contra a ordem pública. Todos esses movimentos, desde a Guerra de Canudos, tiveram em comum uma tentativa da população de fugir da miséria, da seca, da fome e do arbítrio dos coronéis; a reunião em comunidades com atividades de subsistência e autossuficientes; e massacradas pelo governo com o apoio dos coronéis e da Igreja Católica, que viam nesses movimentos uma afronta a seus princípios e domínios. O “Banditismo” é um termo genérico para o fenômeno de um grupo de bandidos existente desde sempre até 1940 no sertão nordestino. O mais conhecido foi o cangaço, cujo personagem principal foi Virgulino Ferreira da Silva, o “lampião”. O PERÍODO 1930/1964: ditadura de Vargas (1930-1945) e a redemocratização, de 1946 a 1964, quando houve um novo golpe militar (1964-1985). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 81www.grancursosonline.com.br História do Ceará HISTÓRIA DO CEARÁ Luis César Prinzo 7. RESUMO O Estado-Novo (ditadura) teve início após a “revolução de 1930”, com a chegada ao Poder de Getúlio Vargas, e após um outro novo golpe, em 1937. A política de Vargas foi focada no incentivo às indústrias e no trabalhismo (concessão de benefícios e protecionismo aos trabalhadores urbanos). Ante a política varguista ter sido direcionada na industrialização do Brasil, os Estados maiores beneficiados foram a capital na época, o Rio de Janeiro, e São Paulo, inclusive em decorrência do desenvolvimento urbano, a anterior imigração estrangeira, a criação de sindicatos, tudo voltado para o trabalhador urbano e o nordeste ficou mais uma vez “esquecido”, vez que o interior era eminentemente rural. Houve aumento populacional nos anos 50, em especial na área urbana ante o processo de urbanização das cidades, contribuindo, para tanto, a energia elétrica da hidroelétrica Paulo Afonso na Bahia e a industrialização, com base no plano de metas no desenvolvimentismo no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), com a criação do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). O Departamento Nacional de Obras contra as secas (DNOCS), criado em 1909, tinha uma imagem ruim perante a população, ineficaz e de desvio de verbas, passando a ser depois controlado pela SUDENE. OS GOVERNOS MILITARES (1964 a 1985) Essa nova ditadura representou a centralização do Poder no governo federal e a restrição de direitos e garantias individuais, via a Constituição Federal de 1967, os atos institucionais, sobretudo o n. 05 em 1968 e a emenda n. 01 de 1969 (para alguns uma nova Carta Magna). Nesse período, surgiu o “milagre econômico” (1968-1973), no qual houve um aumento exponencial do PIB, investimentos públicos e privados, tendo sido criadas centenas de estatais, o Banco Central, o SFH (Sistema Financeiro Habitacional) e o BNH (Banco Nacional de Habitação), aumentando demasiadamente a população urbana (migração do campo para as cidades), com ápice na década de 1980. A partir de 1973 a 1985, no declínio desse regime de exceção, houve crise econômica, com contribuição da crise mundial do Petróleo em 1973, aumento da inflação, tabelamento de preços e dívida externa ante o endividamento anterior, que, diante da recessão, concentração de rendas nas mãos de poucos e a desigualdade social, ocorreram insatisfações populares e políticas clamando pela redemocratização. A eleição indireta, via Colégio Eleitoral, em 1985 pôs fim ao regime militar. O novo coronelismo, como contrapeso conservador e reacionário a quaisquer mudanças políticas sempre esteve presente, acentuando-se ainda mais no interior do Brasil, mais propriamente no Nordeste, ante a concentração de grandes áreas com reduzidos proprietários, mantendo estagnada por exemplo a economia e as relações sociais vigentes. Assim, a política brasileira sempre oscilou entre a centralização, com projetos de modernização econômica, em períodos ditatoriais, e a oligárquica, com a descentralização em períodos democráticos. A “nova” República: os “governos das mudanças”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para MARIA DE NAZARE BEZERRA EUSTACIO FELIX - 02059212308, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br
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