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1 Segundo Reinado – segunda fase (1850-1870) Aula 13 4C História Café: o “ouro verde” Como sabemos, a principal atividade econômica do período foi o café, produzido inicialmente na região conhecida como Vale do Paraíba e desenvolvido com uma estrutura muito semelhante à açucareira, ou seja, a plantation. RUGENDAS, Johann Moritz. Secagem do Café. Século XIX. Na segunda metade do século XIX, a lavoura cafeeira expande-se para a região conhecida como oeste paulista. Os fazendeiros fluminenses vão se tornar o sustentáculo econômico e político do Im- pério, que em contrapartida defenderá seus interesses polí- ticos e econômicos, particular- mente a escravidão. A decadência da cafeicul- tura do Vale do Paraíba, na se- gunda metade do século XIX, indicará o declínio da própria estrutura monárquica. Exportação de café em milhares de sacas de 60 kg, por decênio: 1821/30 3 178 1831/40 10 430 1841/50 18 367 1851/60 27 339 1861/70 29 103 1871/80 32 509 1881/90 51 631 Rota do café – segunda metade do século XIX Co le çã o Ba nc o Ita ú, S ão P au lo /F ot óg ra fo d es co nh ec id o Ta lit a Ka th y Bo ra 2 Extensivo Terceirão O clima e o solo da região oeste paulista – a chamada “terra roxa” – eram muito favoráveis ao plantio do café. Além disso, os proprietários paulistas encontravam-se mais intensamente inseridos na dinâmica econômica do capitalismo, por esse motivo diferenciavam-se dos fazendeiros fluminenses, por sua qualidade e espírito empreendedor. Além disso, • usavam técnicas mais modernas para a produção do café, estabelecendo assim maior produtividade e diminuindo os custos; • desenvolviam estrutura própria para a comercialização do café; • apesar de proprietários rurais, voltavam-se para a vida urbana, com seu luxo e novas invenções; • procuravam desenvolver novos tipos de relações de produção, iniciando a imigração em larga escala. Surto industrial Outra importante atividade que se destacou no Brasil da segunda metade do século XIX foi a indústria. O país viveu um surto de crescimento econômico, devido a, principalmente, duas razões: • Em 1844, o governo liberal do ministro Alves Branco, aproveitando-se do fim do acordo de tarifas reduzidas com a Inglaterra, elevou os impostos sobre os produtos ingleses de 30% a 60%. Essa medida, nas palavras do próprio ministro, visavam a não só preencher o deficit do Estado, como também proteger os capitais nacionais já empregados dentro do país, em alguma indústria fabril, e animar outros a procurarem tal destino. • Em 1850, ocorreu, após intensa pressão inglesa, a Lei Eusébio de Queirós, que pôs fim ao tráfico negreiro. Com isso, ficou impossibilitada a alocação de recursos para a compra de negros, o que gerou uma disponibilidade de capitais, muitos dos quais destinados à atividade fabril. Cenas como esta foram proibidas. A maior parte dos capitais que impulsionaram o primeiro surto indus- trial do país advieram do café do oeste paulista. O grande destaque desse período de desenvolvimento industrial foi Irineu Evangelista de Sousa, Barão e depois Visconde de Mauá. Th e Br iti sh L ib ra ry Visconde de Mauá Coleção Roberto Paulo César de Andrade/Fotógrafo desconhecido Entre outras coisas, Mauá foi o responsável pela: • criação da Companhia Estaleiro Ponta da Areia (construção de navios); • reorganização do Banco do Brasil; • criação da Companhia de Trans- portes Urbanos; • criação do Banco Mauá, com filiais em vários países; • criação da Companhia de Nave- gação a Vapor; • criação da Companhia de Ilumi- nação a Gás; • construção da primeira estrada de ferro do país – Estrada de Ferro de Petrópolis. O país cresceu movido por esse surto. Já na primeira década da segunda metade do século, estabeleceram-se mais de 60 novas empresas industriais, 14 bancos e mais de 60 companhias (de navega- ção, seguros, mineração), além de 8 novas estradas de ferro. Baronesa, a primeira locomotiva a va- por do Brasil – Estrada de Ferro Mauá © W ik im ed ia C om m on s/ M us eu d o Tr em Aula 13 3História 4C Um dos símbolos desse crescimento industrial, vinculado igualmente ao café, foi o desenvolvimen- to ferroviário. No período de 1870 a 1885 – época da expansão cafeeira paulista –, a rede ferroviária passou de 1 000 km para quase 9 000 km. No entanto, essa característica de “surto” da in- dústria nacional compreendia um problema intrín- seco: seu curto fôlego! A falta de capitais contínuos, a limitação do mercado de consumo e as pressões inglesas contribuíram para que o boom verificado logo esmorecesse. As empresas Mauá são o melhor exemplo para ilustrar o que foi explicado acima. Em pouco tempo, todo o seu grande parque de empresas acabou falindo. Diversos fatores contribuíram para isso: • A pressão inglesa que levou o governo a decretar a Tarifa Silva Ferraz (1860), diminuindo as tarifas alfandegárias sobre os produtos estrangeiros; • A posição de Mauá contra a Guerra do Paraguai, que fez com que ele se indispusesse com o go- verno; além da sua defesa intransigente da aboli- ção da escravatura. Quais os principais aspec- tos sobre os trabalhado- res no Segundo Reinado? A escravidão negra continuou a ser a tônica da mão de obra até o fim do século XIX. Desde o Perío- do Joanino, havia forte resistência à exploração do trabalhador negro, principalmente por parte da Inglaterra. Em 1845, o parlamento inglês aprovou a Bill Aberdeen, pela qual os comandantes das embarcações inglesas tinham poder para apreender navios negreiros em qualquer lugar, inclusive em águas brasileiras. É verdade que essa lei foi também uma represália à Tarifa Alves Branco, mas inegavelmente teve o mérito de levar o governo brasileiro a tomar uma decisão defini- tiva em relação ao tráfico e a estimular a fundação de núcleos de colonos, retomando assim a política iniciada por D. João. Na década de 40 do século XIX, o senador Nicolau de Campos Vergueiro trouxe portugueses para a sua fazenda Ibicaba, em São Paulo. Pouco depois, traria suíços e alemães. Empolgado, criou a firma Verguei- ro & Cia., cujo objetivo era centralizar o fornecimen- to de imigrantes não só para suas fazendas, como também para outros proprietários interessados. Grupo de colonos alemães, CA 1875 Em 1850, o governo aprovou a Lei Eusébio de Queirós, pondo fim ao tráfico. A imigração para a região oeste paulista tornou-se uma necessidade. O fim do tráfico intensificou também a transferência de negros das regiões economicamente decadentes da região Nordeste para a região Centro-Sul. Esse fluxo, po- rém, não diminuiu o interesse pela solução da imigração. No mesmo ano em que acabou o tráfico negreiro (1850), o governo brasileiro aprovou a Lei de Terras, que visava à incorporação da terra e do trabalho à economia de mercado. A nova lei proibia a aquisi- ção de terras públicas por qualquer meio que não fosse a compra. Ao dificultar a aquisição de terras, esperava-se que um maior número de pessoas “alu- gassem” o seu trabalho aos fazendeiros. Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l 4 Extensivo Terceirão No que se refere à relação de trabalho entre imi- grante e proprietário rural, inicialmente os fazendeiros adotaram o sistema de parceria, que consistia na divisão do produto da colheita entre o proprietário da terra e o lavrador que nela trabalhava. O primeiro entrava com o capital (terras, ferramentas, sementes, etc.), enquanto o segundo entrava com o trabalho. O lucro líquido era dividido em partes iguais. O sistema de parceria não funcionou. As condições em que os lavradores ficavam eram muito precárias e, na divisão, o fazendeiro normalmente lesava o imigrante, Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l AGOSTINI, Angelo. Solano Lopez – O Nero do século XIX. Charge, 1869. aumentando de maneira enganosa as despesas, para fazê-lo permanecer sempre com débito no momento da divisão dos lucros. A exploração doscolonos provocou, em 1857, uma revolta na fazenda Ibicaba, liderada por Thomas Davatz. A revolta atraiu a atenção dos governantes europeus, que impediram a vinda de novos imigrantes. O governo brasileiro passou então a subvencionar a vinda de estrangeiros e adotou o colonato, por meio do qual o imigrante recebia salário, além de parte da produção. O que caracterizou a política externa dessa fase do Segundo Reinado? A política externa brasileira, na segunda metade do século XIX, caracterizou-se pela dependência em relação aos centros capitalistas europeus, notadamente a Inglaterra, e pela necessidade de preservar o espaço territorial e garantir áreas de livre comércio. Essa última posição levou o governo brasileiro a intervir nos países platinos, a saber: • no Uruguai, em 1851, derrubando seu governante, Manuel Oribe; • na Argentina, em 1852, destituindo Juan Manuel Rosas; • no Uruguai, em 1864, desta vez derrubando Atanásio Cruz Aguirre; A Guerra do Paraguai • no Paraguai, de 1864 a 1870, envolvendo o Brasil no maior conflito de sua história, contra as tropas de Francisco Solano López. Os governos nacionalistas da região do Prata alimen- tavam aspirações de unificação e de fechamento das navegações da bacia hidrográfica do Prata aos estran- geiros. Então, observe: tanto as pretensões de formação de um país forte fazendo fronteira com o Brasil quanto o prejuízo que o fechamento da bacia do Prata provocaria justificavam, para o governo brasileiro, a política de intervenção. M ar ilu d e So uz a Aula 13 5História 4C A Guerra do Paraguai foi o mais longo conflito no qual o Brasil se envol- veu (foram cinco anos de conflito). O exército brasileiro atuou em conjunto com tropas uruguaias e argentinas, formando a Tríplice Aliança. A guerra acabou em março de 1870, e os resultados – para os paraguaios – foram desastrosos. Bi bl io te ca N ac io na l d o Ur ug ua i Prisioneiros da Guerra do Paraguai Mas o Império não ficou impune à destruição provo- cada no Paraguai. Houve um aumento considerável da nossa dívida com a Inglaterra, além da formação de um inquietante espírito corpora- tivista no exército. Com a guerra, o “auge” do Império se arrefecia. Nuvens carregadas se aproximavam... AMÉRICO, Pedro. A Batalha do Avaí. 1874 - 77. 1 óleo sobre tela: color.; 62 m2. Museu Nacional de Belas Artes, RJ. (Detalhe) M us eu N ac io na l d e Be la s A rt es /F ot óg ra fo d es co nh ec id o Testes Assimilação 13.01. (UPF – RS) – Ainda que não se possa falar na exis- tência de um projeto de industrialização, em São Paulo, o setor industrial cresceu significativamente após a abolição da escravidão, embora estivesse anunciado desde 1870. Os especialistas falam em “surto industrial” e destacam que essa conjuntura contou com o desenvolvimento urbano, a criação de mercado para os manufaturados, o investimento em estradas de ferro, a disponibilidade de mão de obra e a importação de maquinário industrial. Esse crescimento industrial originou-se de pelo menos duas fontes inter- -relacionadas, que foram a) o setor comercial e os escravos libertos. b) o setor açucareiro e os trabalhadores livres nacionais. c) o setor minerador e os imigrantes. d) o setor da pecuária e o gaúcho. e) o setor cafeeiro e os imigrantes. O caso do Paraguai é exemplar. Além das razões acima comentadas, o Paraguai apresentava-se como uma ameaça à elite brasileira e inglesa, por ser um país autossuficiente, sem escravos, sem dívida externa e que realizou uma reforma agrária entregando terras aos camponeses. Um país tão “diferente” poderia servir de “mau exemplo”, sendo, portanto, necessária a sua destruição. Em 1861, o roubo da carga do navio Prince of Wales, que naufragou na costa do Rio Grande do Sul, e a prisão de ofi- ciais ingleses que promoviam desordens no Rio de Janeiro envolveram a diplomacia bra- sileira na chamada Questão Christie. O diplomata inglês William Christie reagiu, exigin- do uma indenização pela carga do navio e o pedido oficial de desculpas do governo brasi- leiro pelo acontecido aos seus oficiais. Não sendo atendido, Christie mandou prender cinco navios mercantes brasileiros como compensação, o que pro- vocou reações antibritânicas no Rio de Janeiro. Indignado, o governo im- perial submeteu a questão ao arbitramento do Rei da Bélgica, Leopoldo I, que deu ganho de causa ao Brasil. Em 1865, já em plena Guerra do Paraguai, Eduard Thorton, enviado pela rainha Vitória, apresentou suas credenciais ao imperador D. Pedro II, que se encontrava em Uruguaiana para assistir à rendição das tro- pas do general paraguaio Esti- garribia. Em nome dos interes- ses comuns contra o Paraguai, ingleses e brasileiros supera- ram a questão. 6 Extensivo Terceirão 13.02. (UNIFESP) – “Será exagero… dizer-se que os colo- nos se acham sujeitos a uma nova espécie de escravidão, mais vantajosa para os patrões do que a verdadeira, pois recebem os europeus por preços bem mais moderados do que os dos africanos… Sem falar no fato do trabalho dos brancos ser mais proveitoso do que o dos negros?” (Thomas Davatz, “Memórias de um colono no Brasil”, 1854-1857.) Do texto anterior, pode-se afirmar que: a) denuncia por igual a escravidão de negros e brancos. b) revela a tentativa do governo de estimular a escravidão branca. c) indica a razão pela qual fracassou o sistema de parceria. d) defende que o trabalho escravo é mais produtivo que o livre. e) ignora o enorme prejuízo que os fazendeiros tiveram com a contratação dos colonos. 13.03. (UPF – RS) – A partir da década de 1840, o café se consolidou como o principal produto de exportação do Brasil. Em função da cafeicultura, criou-se toda uma rede de infraestrutura, com aparelhamento dos portos, melhoria dos transportes, instituição de novos mecanismos de crédito e estímulo à vinda de imigrantes europeus para diversificação da mão de obra. A cafeicultura definiu o deslocamento do polo econômico do país para as zonas: a) Recôncavo Baiano e Chapada Diamantina. b) Grão-Pará e Costa de Sauípe. c) Vale do Paraíba e oeste paulista. d) Sertão pernambucano e Triângulo mineiro. e) Vale do Itajaí e oeste catarinense. 13.04. (UFRGS) – Observe o mapa abaixo. Adaptado de: Rafael Sanzio Araújo dos Anjos. Geopolítica da diáspora África- América-Brasil séculos XV-XVI-XVII-XVIII-XIX. Cartografia para a Educação. Disponível em: <http://rafaelsanziodosanjos.com.br>. Acesso em: 12 out. 2017. Considere as seguintes afirmações sobre a origem dos grupos étnicos africanos escravizados, trazidos para o Brasil entre os séculos XV e XIX. I. A maior parte dos grupos étnicos são oriundos do norte da África. II. As principais áreas de saída de africanos foram os atuais territórios de Moçambique e Angola. III. Os grupos étnicos africanos escravizados, levados ao nordeste, vêm do leste da África, e aqueles levados para o sudeste e o sul são oriundos da África ocidental. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. Aperfeiçoamento 13.05. EXPASÃO DA REDE FERROVIÁRIA BRASILEIRA – 1854 A 1945 Período Extensão da rede ferroviária 1854-1872 932,2 1873-1888 9 320,9 1889-1907 17 605,2 1908-1914 26 062,3 1915-1928 31 851,2 1929-1934 33 106,4 1935-1938 34 206,6 1939-1945 35 280,0 Ladislau Dowbor. “A formação do capitalismo dependente no Brasil”. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 114. A expansão da rede ferroviária no Brasil estava relacionada: a) ao desenvolvimento das atividades pecuárias na região Centro-Oeste. b) ao surto de industrialização verificado durante a Primeira Guerra Mundial. c) ao movimento migratório interno ocorrido do Nordeste para o Sudeste. d) ao deslocamento dos trabalhadores para as fazendas de café. e) ao desenvolvimento da produção cafeeira do Oeste Paulista. Aula 13 7História 4C 13.06. (UNESP – SP) – É particularmente no Oeste da província de São Paulo – o Oestede 1840, não o de 1940 – que os cafezais adquirem seu caráter próprio, emancipando-se das formas de exploração agrária estereotipadas desde os tempos coloniais no modelo clássico da lavoura canavieira e do “engenho” de açúcar. A silhueta antiga do senhor de engenho perde aqui alguns dos seus traços característicos, desprendendo-se mais da terra e da tradição – da rotina rural. A terra de lavoura deixa então de ser o seu pequeno mundo para se tornar unicamente seu meio de vida, sua fonte de renda […]. (Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil, 1987.) O “caráter próprio” das fazendas de café do Oeste paulista de 1840 pode ser explicado, em parte, pelo a) menor isolamento dessas fazendas em relação aos meios urbanos. b) emprego exclusivo de mão de obra imigrante e assala- riada. c) desaparecimento das práticas de mandonismo local. d) maior volume de produção de mantimentos nessas fazendas. e) esforço de produzir prioritariamente para o mercado interno. 13.07. (UDESC) – Leia o excerto para responder à questão. “‘O Brasil é o café e o café é o negro’. Essa frase, co- mum nos círculos dominantes da primeira metade do século XIX, só em parte é verdadeira. O Brasil não era só café, como não fora só açúcar. Além disto, a produção cafeeira iria prosseguir no fu- turo, sem o concurso do trabalho escravo. Mas não há dúvida de que nesse período boa parte da expansão do tráfico de escravos se deveu às necessidades da la- voura de café.” FAUSTO, Boris. História do Brasil. 6 ed. São Paulo: EDUSP, 1998. p. 192. Analise as assertivas em relação ao excerto. I. O café brasileiro se desenvolveu com uso exclusivo da mão de obra do imigrante europeu, nas fazendas em Minas Gerais e São Paulo. II. O tráfico de escravos sofreu um incremento dada a necessidade de mão de obra para as lavouras de café. III. A produção de café continuou no Brasil, mesmo com o fim do trabalho escravo. Contudo, faltaram políticas que inserissem o liberto no mercado de trabalho assalariado. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa I é verdadeira. b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. c) Somente a afirmativa III é verdadeira. d) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 13.08. (UNESP – SP) – Art. 3o. O governo paraguaio se reconhece obrigado à celebração do Tratado da Tríplice Aliança de 1o. de maio de 1865, entendendo-se estabe- lecido desde já que a navegação do Alto Paraná e do Rio Paraguai nas águas territoriais da república deste nome fica franqueada aos navios de guerra e mercantes das nações aliadas, livres de todo e qualquer ônus, e sem que se possa impedir ou estorvar-se de nenhum modo a liberdade dessa navegação comum. (“Acordo Preliminar de Paz Celebrado entre Brasil, Argentina e Uruguai com o Paraguai (20 junho 1870)”. In: Paulo Bonavides e Roberto Amaral (orgs.). Textos políticos da história do Brasil, 2002. Adaptado.) O tratado de paz imposto pelos países vencedores da guerra contra o Paraguai deixa transparente um dos motivos da participação do Estado brasileiro no conflito: a) o domínio de jazidas de ouro e prata descobertas nas províncias centrais. b) o esforço em manter os acordos comerciais celebrados pelas metrópoles ibéricas. c) a garantia de livre trânsito nas vias de acesso a províncias do interior do país. d) o projeto governamental de proteger a nação com fron- teiras naturais. e) o monopólio governamental do transporte de mercado- rias a longa distância. 13.09. (PUC – RJ) – “Em 1828 o Brasil despontava como o maior produtor mundial de café, e, ao longo da dé- cada seguinte, os valores obtidos com sua exportação ultrapassariam o que o país amealhava com o envio de açúcar ao mercado mundial. Quase toda essa produção, ademais, vinha de uma só região. O vale do rio Paraíba do Sul, ou simplesmente Vale do Paraíba, compreenden- do terras das províncias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. (...) No início da década de 1830, o Brasil reinava como o maior produtor mundial, bem à frente dos demais competidores (Cuba, Java, Jamaica, Haiti)”. MARQUESE, Rafael; TOMICH, Dale. O Vale do Paraíba escravista e a formação do mercado mundial de café no século XIX. In: SALLES, Ricardo; GRINBERG, Keila (org.). O Brasil Imperial, volume 2: 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 339-383. Sobre as condições que permitiram o desenvolvimento da economia cafeeira no Império do Brasil e o domínio do mercado mundial pelo café produzido no Brasil, assinale a alternativa INCORRETA: a) O desenvolvimento da cafeicultura no Vale do Paraíba se beneficiou da grande disponibilidade de terras com sua distribuição ainda não implementada. b) A Revolução do Haiti (entre 1791 e 1804) desestabilizou a produção cafeeira da ilha, retirando-a do mercado mundial de café. c) A existência prévia de vias que cruzavam a região e de um sistema de transportes baseado em tropas de mulas, que serviram ao escoamento da produção aurífera no século XVIII, facilitou o escoamento da produção cafeeira do Vale do Paraíba em direção aos portos de exportação. 8 Extensivo Terceirão d) As leis que proibiam o tráfico de escravos para o território do Império do Brasil, frutos da pressão inglesa, acabaram por beneficiar a produção cafeeira do Vale do Paraíba, uma vez que a utilização da mão de obra de imigrantes se mostrou muito mais produtiva. e) Um conflito fiscal entre Espanha e Estados Unidos na década de 1830 retirou a produção cafeeira cubana do principal mercado consumidor mundial de café à época, o mercado norte-americano. 13.10. (UNIOESTE – PR) – Leia o fragmento da carta elabo- rada por um trabalhador e enviada ao redator do jornal do Ceará, no séc. XVIII: [...] Ignorante do modo de viver, e a negociar-se n’estas águas, comecei a informar-me dos diversos cearenses que nas barracas ia encontrando, sobre o estado de riquezas em que se achavam? Então todos em uma só voz diziam-me: ah! meu pobre velho, em que desgra- ça veio você cair no seu último quartel de vida! Aqui o nome de riqueza e liberdade já está riscado das nossas imaginações; aqui nem sequer vive-se; morre-se em tormentos! Esses pérfidos patrões, que você por aí vê, são o refugo da sociedade humana, são os usurários mais desalmados do mundo; eles próprios vendidos não pagariam a centésima parte que devem no Pará, e, entretanto, vendem-nos aqui os objetos de primeira necessidade por 100 vezes mais do custo d’eles no Ceará; exemplo: lá na sua Meruoca custa uma terça da melhor farinha 50 réis, aqui, igual porção e podre, custa 5000 réis! E o mais tudo é n’este gosto. Ago- ra enquanto você vai de viagem não nos acreditará, porém breve achará ser ainda mais do que dizemos; aqui, por mais que se trabalhe, e se economize, nunca se salda contas com o patrão, pelo contrário, a dívida cresce espantosamente e sempre! 2a. carta do “Caboclo Velho” ao redactor do Jornal Cearense, Hyutananhan, 28 de junho de 1873 apud CARDOSO, Antônio A. I. Ecos de blasphemias e ranger de dentes: trajetórias de migrantes Ceará-Amazônia e o ofício dos paroaras. (1852-1877). Embornal, Fortaleza, v. 1, n. 1, p. 19-20, 2010. [Adaptado] A partir das indicações sugeridas na fonte, é CORRETO afirmar sobre as relações de trabalho no Brasil. a) A contratação de trabalhadores por endividamento antecipado faz com que, muitas vezes, suas dívidas não sejam quitadas e, ainda, sejam ampliadas. Historicamente, essa prática favorece o abuso de relações de trabalho e a manutenção de péssimas condições de vida aos traba- lhadores nas regiões em que são alojados. b) A ocupação da Amazônia pelos cearenses, a partir de meados do séc. XIX, permitiu a exploração extrativista da região, além de garantir o retorno financeiro esperado pelos trabalhadores, que muitas vezes enviavam parte desses recursos para as famílias que ficaram nas cidades do Ceará. c) A facilidade de acesso a postos de trabalho no País permi-tia que intermediadores (gatos) se dirigissem para cidades com grande número de trabalhadores empregados promovendo frentes de trabalho, propondo postos de trabalho concorrentes, sem prejuízos à saúde e afastando- -os de endividamentos irregulares. d) A conservação ambiental como temos hoje na Amazônia foi promovida graças as ações desenvolvidas desde o séc. XVIII, pois em primeiro lugar estavam os cuidados com a natureza e a qualidade de vida do trabalhador. e) A condição descrita na carta foi vivenciada apenas nessa circunstância, uma vez que essas relações de trabalho não foram experimentadas no País em outros momentos his- tóricos, pois se tornou um crime contra os trabalhadores. Aprofundamento 13.11. (UFRGS) – Leia as seguintes afirmações a respeito da Guerra do Paraguai. I. A presença de mulheres brasileiras no conflito, atuando no abastecimento, no tratamento aos feridos e, inclusive, nas frentes de batalha, foi significativa. II. Um decreto imperial foi promulgado, garantindo liber- dade aos escravizados que se alistassem e indenização aos seus proprietários. III. O governo monárquico cumpriu integralmente o acordo de concessão de terras, empregos e pensões a todos os “Voluntários da Pátria” que retornaram do conflito. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 13.12. Observe o documento que indica o preço médio do escravo, no período de 1843 a 1887, no Brasil. Warren, Dean. Rio Claro – A Brazilian Plantation System, 1820-1920. Período Preço em mil-réis 1843-1847 ...................................................... 550$000 1848-1852 ...................................................... 649$500 1853-1857 ...................................................... 1:177$500 1858-1862 ...................................................... 1:840$000 1863-1867 ...................................................... 1:817$000 1868-1872 ...................................................... 1:792$500 1873-1877 ...................................................... 2:076$862 1878-1882 ...................................................... 1:882$912 1883-1887 ...................................................... 926$795 Aula 13 9História 4C A variação do preço dos escravos, na tabela, está diretamente relacionada: a) ao “Bill Aberdeen” e à Lei Eusébio de Queirós, os quais provocaram a elevação nos valores desse tipo de mão de obra, na primeira metade do Segundo Reinado. b) à Lei do Ventre Livre e à Lei dos Sexagenários, as quais, juntamente com as lutas dos escravos, promoveram a elevação permanente desse valores, no período de 1843 a 1867. c) ao tráfico interprovincial, à imigração europeia, à am- pliação da escravização indígena e ao início do trabalho assalariado, fatores que promoveram a elevação do preço do escravo, no período de 1843 a 1877. d) à imigração italiana, que promoveu a redução do preço dos escravos no Brasil, no período de 1868 a 1877. e) às imigrações alemã e japonesa – iniciadas durante o Período Regencial – que ampliaram a oferta de escravos, reduzindo o preço da mão de obra escrava, no período de 1878 a 1887. 13.13. (FATEC – SP) – Promulgada em 1850, a chamada Lei de Terras determinou as normas sobre a posse, manutenção, uso e comercialização das terras no período do Segundo Reinado, modificando as relações fundiárias no Brasil. A partir desta data, ficou estabelecido que as terras a) seriam tomadas pelo Estado e transformadas em coope- rativas, visando aumentar a produtividade e combater o problema da fome nas cidades. b) seriam demarcadas e entregues a membros da aristocra- cia imperial, em um regime de administração que ficou conhecido como Capitanias Hereditárias. c) passariam a ser adquiridas por meio de compra e venda ou por doação do Estado, com registro em cartório, ficando proibida a obtenção de terras por meio de ocupação. d) seriam divididas em pequenos lotes e distribuídas a es- cravos alforriados e imigrantes europeus, em um sistema que ficou conhecido como colonato. e) pertenceriam ao Estado e seriam geridas por funcionários públicos concursados, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). 13.14. (UCPEL – RS) –Analisando o conjunto de Leis abolicio- nistas no Brasil Império (Lei Eusébio de Queiros, Lei do Ventre Livre, Lei do Sexagenário), é correto afirmar que a) as normas estabelecidas pelas leis abolicionistas enfren- taram resistência junto a elite política e econômica do país, pois não visavam indenizar os proprietários que eram obrigados a libertar seus escravos. b) as referidas leis resultaram de pressões externas e internas que contribuíram para acelerar o processo abolicionista, tornando o país pioneiro no combate ao escravismo e contribuindo para a redução das diferenças sociais. c) as medidas tomadas pelo Império visavam adaptar gradativamente o trabalhador egresso do escravismo, não apenas ao sistema capitalista de produção, como, também, à sociedade de homens e mulheres livres. d) as leis representam a mentalidade da elite do II Reinado, que acreditavam no fim natural da escravidão na medida que se proibiu a importação de escravos e os nascidos no país após a lei de 1871 seriam livres. e) as discussões acerca da adaptação do país à mão de obra livre levou a intensos debates e enfrentamentos entre os dois partidos que sustentavam a monarquia, aprofundan- do ainda mais suas diferenças ideológicas. 13.15. (UNESP – SP) – As estradas de ferro paulistas dos sécu- los XIX e XX dirigiam-se para as regiões do interior do estado. Sua importância para o complexo econômico cafeeiro e para o desenvolvimento de São Paulo pode ser vista sob múlti- plos aspectos. O cultivo do café e as ferrovias provocaram mudanças ambientais em várias regiões paulistas, porque: a) as estradas de ferro formavam redes no interior das matas e permitiam o acesso do capital norte-americano à explora- ção e à exportação de madeiras para o mercado europeu. b) a economia cafeeira foi responsável pelo predomínio da agricultura de subsistência sobre as áreas florestais e as locomotivas levaram à exploração do carvão mineral no planalto paulista. c) o emprego nos cafezais de defensivos agrícolas conta- minava as nascentes de água e as ferrovias favoreciam a fixação de pequenas propriedades nas áreas agrestes. d) as locomotivas eram movidas a vapor, cujo combustível era a madeira, e os cafezais, por esgotarem o solo, exigiam a incorporação de novas terras para o plantio. e) a expansão da frente pioneira devastava as matas e abria grandes reservas de territórios e de terras agricultáveis para os indígenas. 13.16. (UFJF – MG) – Leia atentamente o texto abaixo sobre a implantação do transporte ferroviário no Brasil do século XIX. No século XIX, os caminhos de ferro simbolizavam o progresso material das nações. O Mundo Ociden- tal conheceu um fenômeno denominado coqueluche ferroviária para expressar a grande expansão das vias férreas, na época. (...) O Brasil manifestou interesse pe- las ferrovias ainda na primeira metade do século XIX, quando esse sistema de transporte engatinhava nos pa- íses desenvolvidos. A expansão da economia primário- -exportadora demandava uma infraestrutura de trans- porte eficiente que reduzisse os custos de ocupação das fronteiras. (...) A precariedade dos transportes por tropas representava um ponto de estrangulamento no processo de crescimento da produção agrária no país. BORGES, B.G. Ferrovia e modernidade. Revista UFG, Dez. 2011, Ano XIII n. 11, p. 28-29. Acerca desse contexto histórico, é CORRETO afirmar que: a) grande parte do financiamento para construção das es- tradas de ferro no Brasil vinha de investimentos ingleses. Isto porque a Inglaterra era a principal potência capitalista da época e lucrava com a exportação de bens de capital, isto é, de equipamentos necessários para a produção de outros produtos ou serviços. 10 ExtensivoTerceirão b) a construção das estradas de ferro exigia um conheci- mento técnico especializado e, por isso, eram realizadas, exclusivamente, por operários imigrantes europeus, contratados pelo Estado Imperial Brasileiro. c) as estradas de ferro contribuíram para a integração direta das áreas produtoras de café, no interior, com os portos de exportação do produto, no litoral. Com isso, houve menor necessidade de investimentos nas áreas urbanas, em cidades situadas no percurso das ferrovias. d) os investimentos financeiros feitos pelos fazendeiros do café na construção de estradas de ferro acabaram contri- buindo para o seu endividamento e, consequentemente, para o aumento do preço do produto e para a crise da cafeicultura no Brasil. e) houve uma ampla integração entre as províncias produ- toras de café e as províncias do Norte do Brasil, grandes consumidoras deste produto, contribuindo para o au- mento do lucro dos cafeicultores. 13.17. (UEPG – PR) – No século XIX, o Brasil recebeu um grande contingente de imigrantes europeus que alterou sensivelmente a realidade social, cultural e econômica do país. Os imigrantes chegaram ao Brasil principalmente com a função de substituir os escravos nas lavouras cafeeiras e ocupar espaços vazios no território nacional. Porém, ao longo do tempo, esses imigrantes passaram a exercer outras atividades produtivas, a participar da vida política nacional e a modificar o perfil étnico nacional. A respeito da imigração europeia no Brasil do século XIX, assinale o que for correto. 01) Apesar de que muitos imigrantes tinham origens urba- nas e trabalhavam como operários nas indústrias eu- ropeias, no Brasil, eles não se envolveram em grande quantidade com o processo de formação de nossa clas- se operária. A maior parte dos imigrantes ficaram fixa- dos nas áreas rurais brasileiras até o final do século XX. 02) A ideia de “branqueamento” da população brasileira (com base nos princípios da eugenia formulados pelo cientista inglês Francis Galton), também pode ser con- siderada uma das motivadoras da vinda dos imigrantes europeus para o Brasil. 04) É possível afirmar que entre os fatores que impulsionaram a vinda de imigrantes para o Brasil no século XIX estão os efeitos sociais provocados pela Revolução Industrial na Europa. Desempregados, vivendo na marginalidade e passando fome, muitos europeus despossuídos preferi- ram se aventurar no Brasil (e em outros países periféricos). 08) Um dos precursores no caso da vinda de imigrantes eu- ropeus para o Brasil foi o senador e fazendeiro Nicolau Campos Vergueiro. Em meados do século XIX, ele trou- xe famílias de diversas origens para trabalhar em suas terras. No entanto, esses imigrantes não eram remune- rados, trabalhavam pelo chamado sistema de parceria. 13.18. (UFSC) – Sobre o processo de imigração e colonização europeia no sul do Brasil e seu contexto, é correto afirmar que: 01) durante o século XIX, o crescente processo de indus- trialização na Europa provocou significativas mudanças socioeconômicas que ocasionaram o aumento do de- semprego e a busca por outras alternativas de sobrevi- vência, como a emigração para a América. 02) a Lei de Terras (1850) foi responsável pela primeira re- forma agrária brasileira e contribuiu de forma decisiva para a ampliação do acesso à terra aos mais pobres, fa- zendo com que os imigrantes recém-chegados logo se tornassem proprietários rurais. 04) no século XIX, grande parte da elite política e econô- mica brasileira, impregnada de valores eugenistas, acreditava na superioridade da “raça branca” e defendia que era necessário “embranquecer” sua população, de maioria afrodescendente, para que o Brasil alcançasse o progresso. 08) a partir da segunda metade do século XIX, no sul do Brasil, o processo de colonização foi baseado no siste- ma de colonato, pelo qual somente o Estado financiava a vinda de imigrantes para trabalhar em sistema de par- ceria nas fazendas da região. Desafio 13.19. (UEPG – PR) – Período de quase meio século (1840–1889), o segundo reinado é considerado um dos mo- mentos mais importantes da história brasileira. As questões escravistas, o início do processo de urbanização e moderni- zação, as discussões sobre o sentido de nação, a chegada de imigrantes europeus, as guerras continentais e, por fim, o advento da República marcam esse período histórico em que o Brasil foi governado por D. Pedro II. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) As denominações de “saqueremas” e “luzias” foram uti- lizadas durante o segundo reinado para identificar os políticos que combatiam o Império e defendiam a im- plantação da República no Brasil. 02) O Barão de Mauá exerceu papel importante no proces- so de modernização da economia brasileira durante o segundo reinado. Mauá tem seu nome associado à construção da primeira ferrovia brasileira e também em outras áreas como a fundição, a iluminação pública e a navegação de cabotagem no Amazonas. 04) O Manifesto ao Mundo foi produzido pelos envolvidos na revolução Praieira, ocorrida em Pernambuco no ano de 1848. Esse documento propunha, entre outras coi- sas, voto livre e universal aos brasileiros, a liberdade de imprensa e o fim do Poder Moderador. 08) A partir da década de 1870, é possível observar o avan- ço de ideias que foram fundamentais para o enfraque- cimento do Império e a substituição do regime. Nesse sentido, o republicanismo e o abolicionismo tiveram papel relevante. Aula 13 11História 4C 13.01. e 13.02. c 13.03. c 13.04. b 13.05. e 13.06. a 13.07. d 13.08. c 13.09. d 13.10. a 13.11. c 13.12. a 13.13. c 13.14. d 13.15. d 13.16. a 13.17. 14 (02 + 04 + 08) 13.18. 05 (01 + 04) 13.19. 14 (02 + 04 + 08) 13.20. 09 (01 + 08) Gabarito 13.20. (UFSC) – A Guerra do Paraguai e os livros didáticos Até hoje essa guerra é ensinada de modo diferente aos jovens dos países envolvidos no conflito. Se nos livros paraguaios ela tem mais importância que a independência, é estudada sumariamente na maior parte dos manuais brasileiros e argentinos, enquanto nos livros uruguaios a tratam como um episódio quase estranho à história do país. FRAGA, R. Uma guerra e muitas versões. Nossa História, São Paulo, ano 2, n. 13, p. 42, nov. 2004. Sobre o Paraguai no contexto latino-americano e suas relações com o Brasil ao longo da história, é correto afirmar que: 01) antes da Guerra do Paraguai (1865-1870), o governo paraguaio, exercido desde 1844 pela família López, procurava de- senvolver o país por meio da implantação de indústrias e da construção de ferrovias. 02) para os paraguaios, a Guerra da Tríplice Aliança (Guerra do Paraguai) é motivo de grande exaltação, pois garantiu ao país a manutenção do seu crescimento industrial, ao menos nas décadas seguintes ao conflito. 04) a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu por iniciativa exclusiva do governo militar brasileiro causou grande conflito diplomático, ocasião em que o Paraguai acusou o Brasil de invadir o seu território sem autorização. 08) nas últimas décadas, ocorreu um acelerado e tenso processo de ocupação das terras paraguaias por latifundiários brasi- leiros dedicados, principalmente, à produção de soja no país vizinho. 16) enquanto países como Brasil, Argentina e Uruguai eram governados por ditaduras comandadas por militares nos anos 1970 e 1980, o Paraguai manteve a democracia pela atuação de lideranças populistas como Alfredo Stroessner. 12 Extensivo Terceirão Aula 14 A crise do Império – (1870-1889) 4C História “Enfraquecimento” da monarquia brasileira cesso lento e pacífico para chegar ao poder, de preferência pela via eleitoral. Os revolucionários – que tinham em Silva Jardim seu princi- pal adepto – pregavam a tomada do poder pela força. Cafeicultores obviamente tendiam a apoiar o pri- meiro grupo. Camadas populares e setores da classe média, o segundo. É bem verdade que outras diver- gências separavam a oligarquia cafeeira paulista dos demais seto-res republicanos, indicando que a República, como a monarquia naquele momento, era objeto de fortes divergências. Assim, por exemplo: • enquanto os paulistas deseja- vam a Federação – pois pode- riam controlar a administração da Província –, os militares, influenciados pelas ideias posi- tivistas – corrente filosófica de origem francesa, cujo criador foi Auguste Comte e seu principal representante no Brasil foi Ben- jamin Constant –, desejavam um governo forte, centralizado, autoritário; F un da çã o Ca sa d e Ru i B ar bo sa AGOSTINI, Angelo. Dissidência no Partido Liberal. 1867. Essa aliança plural, envolvendo setores tão díspares da sociedade, acabou por permitir o surgimento de duas correntes, que advogavam caminhos distintos para se chegar à República. Os evolucionistas defendiam um pro- Benjamin Constant M us eu R ep ub lic an o/ Fo tó gr af o de sc on he ci do As transformações econômicas e sociais que marcaram a segunda me- tade do século XIX promoveram o fortalecimento de novos grupos sociais, abalando o poder da oligarquia cafeeira do Vale do Paraíba. Entre os principais grupos que “emergiram” nesse período, é importante citar: • a população urbana, “engrossada” por contigentes significativos da massa de imigrantes que, vinda da Europa para trabalhar nas lavouras, deslocou-se para as cidades; • a classe média – igualmente urbana –, formada por funcionários públicos, comerciantes, profissionais liberais e militares; • cafeicultores do oeste paulista. Esses grupos, com maior ou menor grau de influência, determinaram a formação do Partido Republicano. Como você se lembra, no Segundo Reinado havia dois partidos políti- cos: o Liberal e o Conservador. O Partido Liberal, que se caracterizava por posturas descentralizadoras, em 1868, dividiu-se em dois grupos: mode- rado e radical. A ala radical acabou evoluindo para assumir claramente posições republicanas. Em 1870, é publicado o Manifesto Republicano. Em 1873, reúne-se, em Itu, a Primeira Convenção Republicana. A Aula 14 13História 4C • enquanto os paulistas defendiam uma economia agroexportadora, a classe média ansiava por mudanças que permitissem o desenvolvimento industrial. Alguns temas, além da própria República, os uniam, como era o caso da abolição. Porém, não foi o fortalecimento dos republicanos o fator decisivo para se entender o fim do governo monárquico, mas o enfraquecimento da monarquia. À medida que D. Pedro insistia em manter o conservado- rismo político e a escravidão, seu governo ia se isolando, perdendo apoios tradicionais, como o dos ingleses, no campo externo, o da Igreja e dos cafeicultores, no campo interno. Essa perda das bases de apoio da monarquia facilitou enormemente o trabalho dos republicanos, mesmo considerando que tal movimento nunca atingiu as massas, apesar das propagandas nos jornais. Quais foram as “questões da República”? A Questão Militar foi o primeiro grande desgaste a contribuir decisivamente para a queda do Império. Durante todo o Império, o exército exerceu funções de polícia, reprimindo rebeliões e perseguindo negros foragidos. Desconsiderados socialmente e tendo de dividir importância com a Guarda Nacional, os militares estavam longe de representar uma força influente, embora fossem muito importantes para o esquema repressor e excludente da monarquia. A Guerra do Paraguai mudou essa relação de forças. O conflito intenso e duradouro forjou, nos militares, além da experiência adquirida, um espírito de corpo, or- gulho e, principalmente, consciência de sua importância como peça-chave para a manutenção dos privilégios da aristocracia encastelada no poder. Após a guerra, questões até então “engolidas” sem discussão começaram a gerar fortes atritos, como, por exemplo, o atraso nos pagamentos de pensões a órfãs e viúvas. Além disso, os contatos com uruguaios e argen- tinos – aliados do Brasil durante a guerra – permitiram a difusão, entre os militares, de ideias republicanas e abolicionistas que os colocavam frontalmente contra o governo. O estopim da crise dos militares contra o governo foi a punição de dois militares. Em 1884, o tenente- -coronel Sena Madureira atacou pela imprensa um projeto do governo que visava a reformar um progra- ma de auxílio aos militares. Em consequência disso, Sena Madureira foi punido, com base em uma lei que impedia os militares de se manifestarem pelos jornais. Em 1886, no Piauí, o mesmo ocorreu ao coronel Cunha Matos, que pelos jornais rebateu uma acusação contra a sua honra. Os militares não aceitaram mais essas discrimi- nações e manifestaram insatisfação de forma clara e contundente. Um ar de conspiração começou a rondar os quartéis, e as ideias republicanas ganharam mais adeptos. Nesse mesmo período, o governo também andava às rusgas com a Igreja Católica. As razões da chamada Questão Religiosa foram as seguintes: Na década de 70 do século XIX, o papa Pio IX, por conta de sua oposição ao processo da unificação italia- na, comprou uma briga com a maçonaria – que apoiava a unificação – e determinou a exclusão dos maçons da Igreja. Ora, no Brasil os maçons sempre tiveram enorme prestígio e influência política. Basta dizer que, naquele momento, o primeiro-ministro do Brasil, Visconde do Rio Branco, era maçom. D. Pedro resolveu então impedir a aplicação da determinação papal no Brasil. Como já estudamos, a Constituição de 1824 estabelecia a vinculação entre o Estado e a Igreja Católica, que se tornava a única religião oficial, es- tabelecendo o Estado uma série de restrições aos outros credos religiosos. Por outro lado, o governo passava a ter uma maior interferência nos assuntos da Igreja, inclusive na sua organização. Os dois ins- trumentos de controle eram o padroado, que dava ao Imperador o poder de nomear padres e bispos, e o beneplácito, que permitia o veto de decisões do Papa no Brasil. A decisão de D. Pedro não foi aceita por todos os prelados. Dois bispos – D. Vital de Oliveira, de Olinda, e D. Macedo Costa, do Pará – resolveram desobedecer ao Imperador e ordenaram que as irmandades de suas dioceses expulsassem os maçons. D. Pedro reagiu à insubordinação e mandou prender os bispos. A Igreja protestou veementemente contra esta interferência, e a população, fortemente religiosa, viu com péssimos olhos a atitude do governo. Mesmo o fato de D. Pedro ter anistiado os bispos, pouco tempo depois, não adiantou grande coisa. A confiança entre o Estado e a Igreja estava quebrada... 14 Extensivo Terceirão Enfim, o governo ainda teve de enfrentar a Questão Servil: DEBRET, Jean Baptiste. O Regresso de um Proprietário. Século XIX. Fica claro por que, para a elite, a escravidão não deveria acabar nunca... Após a saga pelo fim do tráfico, consubstanciada pela Lei Eusébio de Queirós, que contou com sólido apoio inglês, as pressões passaram a ser pela abolição, e agora o empenho não vinha apenas de fora, mas também da classe média – intelectuais, jornalistas, militares –, dos cafeicultores paulistas e, é lógico, dos negros. O governo e a elite escravocrata, porém, resistiam à ideia da abolição, embora não pudessem simplesmente ignorá-la. Tentando ganhar tempo, a elite aprovou leis protelatórias, como foi o caso da Lei Visconde do Rio Branco, que ficou conhecida como Lei do Ventre Livre, tornando livres todos os filhos de negros escravos nasci- dos a partir da data de sua promulgação (1871). Era a certeza do fim da escravidão... a longo prazo! Entretanto, a lei continha algumas “armadilhas” que visavam a garantir o direito de explorar a mão de obra negra até o limite: Parágrafo 1.o – Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob autoridade dos senhores e de suas mães, os quais terão a obrigação de criá-los e tratá- -los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãe terá opção, ou de receber do Estado a indenização de 600 mil réis, ou de utilizar-sedos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. Essa lei criava, também, um Fundo de Emancipação para libertar, anualmente, determinado número de escravos. No final da década de 70 do século XIX, a campanha abolicionista intensificou-se. Os defensores do fim da escravidão dividiram-se em moderados – defensores da abolição via solução parlamentar – e radicais – pregavam a participação dos escravos na luta pela abolição. Exemplos da participação dos negros na luta pela abolição não faltaram, como é o caso dos caifases, que estimulavam invasões a fazendas e promoviam fugas em massa. Particularmente para os fazendei- ros paulistas, a defesa da abolição estava ligada não só aos aspectos econômicos, mas também objetiva- va evitar o caos provocado por essas ações. No início da década de 80 do século XIX, multipli- caram-se os jornais antiescravistas. Os jangadeiros no Nordeste se recusaram a embarcar ou desembarcar cativos. As províncias do Ceará e do Amazonas, em 1884, libertaram seus escravos. Além de toda a pressão social, a convicção de que a escravidão não era mais econômica motivou a maior parte dessas atitudes. Os cafeicultores do Vale do Paraíba, porém, conti- nuavam resistindo. Em 1885, apesar de seus protestos, foi aprovada a tímida Lei Saraiva Cotegipe, conhecida como Lei dos Sexagenários, que determinava a liberta- ção dos negros com mais de 60 anos de idade. Era quase uma piada, até porque, na avidez de explorar o negro o máximo possível, a lei o obrigava a trabalhar por mais três anos após libertado. Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l AGOSTINI, Ângelo. Caricatura. Povo quer libertação. Revista Ilustrada, n. 409, 11 abr. 1885. M us eu s C as tr o M ay a/ Fo tó gr af o de sc on he ci do Aula 14 15História 4C Em 1887, o exército anunciava publicamente que não perseguiria mais negros fugidos e, consequente- mente, o Estado ficava sem a máquina repressiva para garantir a escravidão. © W ik im ed ia C om m on s/ Th e J. Pa ul G et ty Tr us t Multidão acorre ao Paço Imperial para testemunhar a assinatura da Lei Áurea. Finalmente, em maio de 1888, a Câmara aprovou lei que aboliu a escravidão. Era a Lei João Alfredo, conheci- da como a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel. Conde D’Eu, Dom Pedro II, Imperatriz Cristina e Princesa Isabel A lei acabava com a escravidão quando não mais que 5% da população era escrava. Beneficiava os setores mais progressistas, que poderiam agora expandir as formas assalariadas de mão de obra. Os fazendeiros es- cravocratas reclamaram mais da falta de indenização do que da abolição propriamente dita, de resto inevitável. Sentindo-se lesados pelo governo, os fazendeiros do Vale do Paraíba abandonaram o Imperador. Era o último pilar de sustentação da monarquia. A todos os fatores que contribuíram para o iso- lamento de D. Pedro II, somam-se ainda o fato de ser o Brasil a única monarquia da América e também a difícil questão da sucessão: a herdeira do trono, a Princesa Isabel, era casada com um francês, o Conde d’Eu, muito malvisto pelos brasileiros. Co le çã o W al dy r d a Fo nt ou ra C or do vi l P ire s Como foi a proclamação da República? A proclamação começou pelas mãos dos militares, que receberam o apoio da classe média e dos cafeicultores. O processo foi tão rápido e sem resistência que o povo nem ficou sabendo. Nas palavras de um proclamador, Aristides Lobo: A participação popular foi nula. O povo assistiu a tudo bestializado, pensando tratar-se de uma parada militar. O próprio Império parecia não acreditar que algo pudesse ocorrer, apesar das evidências. No dia 9 de novem- bro, uma semana antes da proclamação, D. Pedro deu uma grande festa, o baile da Ilha Fiscal, para 4 500 convidados, a um custo de mais de 250 contos de réis. Uma fortuna! As ações antimilitaristas do primeiro-ministro Visconde de Ouro Preto foram o estopim do movimento que pôs fim ao Império. Essas ações revoltaram os militares, que, apoiados pelos civis republicanos, começaram a organizar efetivamente a queda do governo. No dia 9 de novembro, Benjamin Constant assumiu a organização do movimento contra o Primeiro-Ministro. No dia 10, o marechal Deodoro da Fonseca, embora acamado, aceitou chefiar a conspiração golpista, então marcada para o dia 20. Um boato de que o governo havia determinado a prisão dos militares envolvidos na conspiração, espalhado pelo major Sólon Sampaio, antecipou os acontecimen- tos para a madrugada do dia 15. Constant e Deodoro dirigiram-se para o Campo de Santana, onde se encontrava o Primeiro-Ministro. As tropas que o protegiam aderiram aos revoltosos. Ouro Preto teve uma áspera discussão com Deodoro, mas, sem alternativa, aceitou a situação. Na praça, muitos militares saudaram a República. Na tarde do dia 15, após breve hesitação de Deodoro, foi proclamada a República. D. Pedro estava em Petrópolis e foi comunicado apenas no dia 16, quando retornou da viagem. No dia 17, com sua família e amigos, partiu para o exílio, na Europa. O país ini- ciou a nova fase sem planos muito claros. “Foi a Monarquia que caiu, não as ideias republicanas que prevaleceram”. A família imperial, 1887 Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l 16 Extensivo Terceirão Testes Assimilação 14.01. (UEMG) – “As consequências da escravidão não atingiram apenas os negros. Do ponto de vista da for- mação do cidadão, a escravidão afetou tanto o escravo quanto o senhor. Se um estava abaixo da lei, o outro se considerava acima. A libertação dos escravos não trouxe consigo a igualdade efetiva. Essa igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Ainda hoje, apesar das leis, aos privilégios e à arrogância de poucos correspon- dem o desfavorecimento e a humilhação de muitos.” CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 14ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, p. 53. No século XIX, o combate à escravidão no Brasil relacionou-se à a) adesão dos proprietários rurais à plena concretização dos direitos humanos. b) elaboração da Constituição por pessoas comprometidas com a justiça social. c) criação de leis emancipacionistas para a manutenção da Guerra do Paraguai. d) mobilização de diferentes grupos sociais em torno da campanha abolicionista. 14.02. (MACK – SP) – Sobre o contexto histórico responsável pela proclamação da República não se inclui: a) a insatisfação dos setores escravocratas com o governo monárquico após a Lei Áurea. b) a ascensão do exército após a Guerra do Paraguai, passan- do a exigir um papel na vida política do país. c) a perda de prestígio do governo imperial junto ao clero, após a questão religiosa. d) a oposição de grupos médios urbanos e fazendeiros do oeste paulista, defensores de maior autonomia admi- nistrativa. e) o alto grau de consciência e participação das massas ur- banas em todo o processo da proclamação da República. 14.03. (ACAFE – SC) – D. Pedro II foi o governante brasileiro que mais tempo permaneceu no poder, sendo forçado a exilar-se em 1889, por ocasião da proclamação da república. Acerca do seu governo é correto afirmar, exceto: a) Em seu governo, D. Pedro II chegou a romper relações diplomáticas com a Inglaterra; foi a Questão Christie. b) Assinou a Lei de Terras de 1850, sendo esta uma das primeiras tentativas de se regulamentar a propriedade privada no Brasil. c) Visando proteger o mercado interno foi declarada a Tarifa Alves Branco, que elevava o tributo sobre produtos importados. d) Em seu governo, a Guerra da Cisplatina contribuiu para o desgaste de sua imagem e teve como desfecho a inde- pendência política do Uruguai. 14.04. (UDESC) – Na segunda metade do século XIX, muitos negros, escravos e homens livres foram presos e acusados de crimes como roubo, agressões e assassinatos de brancos. Nos processos-crime instaurados, é possível perceber nume- rosos depoimentos sobre o cotidiano desses trabalhadores,tornados visíveis pela nova historiografia brasileira. Assinale a alternativa que explica tais rebeldias: a) As ações do Estado brasileiro, o qual sempre se preocupou em apoiar movimentos abolicionistas. b) A incompreensão dos escravos negros quanto às neces- sidades econômicas de seus senhores. c) A geração de políticas de inclusão do negro na sociedade brasileira da época. d) A política de clareamento da população, que previa a convivência pacífica entre brancos e negros. e) A história dos trabalhadores negros, resistentes à per- seguição e discriminação realizada pela polícia e pela sociedade em geral. Aperfeiçoamento 14.05. (UDESC) – Em um recenseamento realizado em 1872 como parte das políticas do Segundo Reinado, 58% dos residentes no país (que responderam ao recenseamento) declaravam-se pardos ou pretos e 38% se diziam brancos. Apesar da superioridade numérica, existe muito desco- nhecimento no que diz respeito às condições de vida das populações africanas e afrodescendentes que residiam no Brasil, durante o Período Imperial. A respeito destas condições e a partir de seus conhecimentos, analise as proposições. I. Antes da abolição da escravatura, não havia nenhuma possibilidade de conquista da liberdade por parte dos escravizados e das escravizadas. II. Africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas formavam uma unidade política extraoficial e lutavam todos pelas mesmas causas, na medida em que possuíam os mesmo costumes, religiões e idiomas. III. A “Revolta dos Malês”, ocorrida no século XIX, é um exem- plo contundente da diversidade existente entre africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa I é verdadeira. b) Somente a afirmativa II é verdadeira. c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. e) Somente a afirmativa III é verdadeira. Aula 14 17História 4C 14.06. (CESGRANRIO – RJ) – O conceito de crise utilizado para definir as duas últimas décadas da história do Império está associado a uma multiplicidade de processos, entre os quais se destaca a: a) insatisfação do Partido Conservador com as medidas liberalizantes da monarquia sintetizadas nas leis aboli- cionistas; b) retração geral da economia do país provocada pela crise da escravidão; c) organização dos partidos e grupos republicanos represen- tativos de setores sociais insatisfeitos com a monarquia; d) crescente militarização do regime graças ao enfraqueci- mento do exército após a Guerra do Paraguai; e) grande incidência de movimentos sociais, incluindo desde a rebelião de escravos a greves de operários, todos adeptos da República. 14.07. (PUC – RJ) – Sobre a crise que afetou o Estado Impe- rial brasileiro, a partir de 1870, é correto afirmar: I. A insatisfação de segmentos militares, desde o fim da Guerra do Paraguai, resultava, em larga medida, da per- cepção que possuíam a respeito do lugar secundário e subordinado que o Exército vinha ocupando no Estado Imperial. II. A crescente crise econômica e financeira decorria, entre outros fatores, da acentuada queda do preço do café no mercado europeu e norte-americano, em um quadro marcado pela superprodução. III. O descontentamento da elite cafeeira do Oeste Novo Paulista, em especial a partir da promulgação da “Lei dos Sexagenários”, resultava, em larga medida, do que considerava como uma excessiva centralização política e administrativa do governo imperial. IV. O desagrado da nascente burguesia industrial originava- -se da política monetária ortodoxa e do livre-cambismo que vinham sendo implementados pelos diversos gabi- netes imperiais, desde os anos de 1840. V. O agravamento dos conflitos sociais, sobretudo nas cidades, decorria tanto da discussão e votação da Lei do Ventre Livre (1871) quanto da implementação de medidas protetoras dos libertos. Assinale: a) Se somente as afirmativas I e III estão corretas. b) Se somente as afirmativas I e V estão corretas. c) Se somente as afirmativas II e III estão corretas. d) Se somente as afirmativas II e IV estão corretas. e) Se somente as afirmativas IV e V estão corretas. 14.08. (PUCCAMP – SP) – É interessante notar como, em Ma- chado de Assis, se aliavam e se irmanavam a superioridade de espírito, a maior liberdade interior e um marcado convencio- nalismo. Dois termos que se repelem, pensador e burocrata, são os que melhor o exprimem. Entre Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, a vida nacional passara pelas profundas modificações da Abolição e da República. − Que pensa de tudo isso Machado de Assis? indagava Eça de Queirós. À queda da Monarquia, disse Machado no seu gabi- nete de burocrata, diante da conveniência de tirar da parede o retrato do imperador: − Entrou aqui por uma portaria, só sairá por outra portaria. Era o que tinha a dizer aos republicanos, atônitos com esse acatamento ao ato de um regime findo. Adaptado de: PEREIRA, Lúcia Miguel. Machado de Assis. 6. ed. rev., Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988, p. 208 De acordo com o texto, na segunda metade do século XIX, ocorreram profundas transformações econômicas e sociais no Brasil. Sobre este tema é correto afirmar que a) o abolicionismo, a imigração e o processo de transfor- mações proporcionadas pela cafeicultura, num contexto mundial de expansão capitalista, selaram a sorte da escravidão. b) a abolição alterou profundamente as formas de produção agrícola, uma vez que possibilitou o estabelecimento das bases do trabalho livre e assalariado em todo o país. c) os movimentos abolicionistas receberam apoio da Igreja Católica, em especial dos padres templários, e foram idealizados por homens livres, desvinculados de tradições locais. d) a incipiente industrialização, a exigência de indenização pelos proprietários e a ineficiente política brasileira de substituição da mão de obra retardaram o fim da escra- vidão. e) a abolição progressiva da escravidão e o movimento re- publicano contribuíram para a instalação da indústria de bens de consumo e para a urbanização da região Sudeste. 14.09. (PUCCAMP – SP) – O republicanismo no Brasil, sobre- tudo a linha defendida pelos militares, sofreu forte influência do positivismo – forma de pensamento característico do século XIX −, filosofia de Auguste Comte. Os republicanos positivistas a) pretendiam chegar ao regime republicano por meio de mudanças decorrentes de movimentos de luta entre os monarquistas e os positivistas. b) concebiam o Estado como uma entidade voltada ao apri- moramento positivo da sociedade, independentemente do regime de governo. c) consideravam que só seria possível a criação de uma sociedade igualitária através do republicanismo e de “reformas positivas do trabalho”. d) defendiam que a monarquia seria superada pelo “estágio positivo da história da humanidade”, representado de modo especial pela república. e) acreditavam que a queda da monarquia ocorreria por meio de uma “revolução baseada nos princípios do posi- tivismo e do republicanismo”. 18 Extensivo Terceirão 14.10. (FATEC – SP) – Observe a imagem. <http://tinyurl.com/z96ytss> Acesso em: 14.02.2017. A charge faz referência ao cenário político brasileiro do fim do Segundo Reinado. O movimento republicano ganhara fôlego a partir da década de 1870 e a pressão sobre D. Pedro II se intensificou na década seguinte. Sobre o contexto político que culmi- nou na Proclamação da República no Brasil, é correto afirmar que a) a República foi proclamada por re- presentantes das classes populares, insatisfeitas com as condições de vida oferecidas pelo Império. b) a abolição da escravidão aumentou a popularidade a monarquia, que tornou-se mais forte, adiando por meio século o projeto republicano. c) a Princesa Isabel, opositora do Im- perador e defensora da igualdade jurídica entre brancos e negros, foi uma das principais partidárias da República. d) oscomandantes das Forças Arma- das, prestigiados após a vitória na Guerra do Paraguai, defenderam a monarquia em troca de melhores postos e salários. e) o movimento republicano se trans- formou em uma força política de- cisiva quando a monarquia perdeu o apoio dos cafeicultores, da Igreja Católica e dos militares. Aprofundamento 14.11. (UDESC) – “A unidade básica de resistência no sistema escravista, seu aspecto típico, foram as fugas. (...) Fugas individuais ocorrem em reação a maus tratos físicos ou morais, concretizados ou prometidos, por senhores ou prepostos mais violentos. Mas outras arbitrariedades, além da chibata, preci- sam ser computadas. Muitas fugas tinham por objetivo refazer laços afetivos rompidos pela venda de pais, esposas e filhos. (...) No Brasil, a condenação [da escravidão] só ganharia força na segunda metade do século, quando o país independente, fortemente penetrado por ideias e práticas liberais, se integra ao mercado internacional capitalista. (...) “Tirar cipó” – isto é, fugir para o mato – continuou durante muito tempo como sinônimo de evadir-se, como aparece no romance A carne, de Júlio Ribeiro. Mas as fugas, como tendência, não se dirigem mais simplesmente para fora, como antes; se voltam para dentro, isto é, para o interior da própria sociedade escravista, onde encon- tram, finalmente, a dimensão política de luta pela transformação do sistema. “O não quero dos cativos”, nesse momento, desempenha papel decisivo na liquidação do sistema, conforme analisou o abolicionista Rui Barbosa”. REIS, João José. SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 62-66-71. Analise as proposições em relação à escravidão e à abolição no Brasil. I. O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir a escravidão, mantendo-a por praticamente todo o período imperial. II. Milhões de pessoas foram trazidas de diferentes regiões africanas para o Brasil e escravizadas ao longo de mais de três séculos. Contudo, a mão de obra escrava, no Brasil, não foi exclusivamente africana. III. A lei Eusébio de Queiróz, em 1850, cessou a compra e a venda de escravos no Brasil, e a pressão inglesa foi significativa para a promulgação desta lei. IV. O fim da escravidão, no Brasil, se deu com a promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, não tendo os escravos participado do processo de abolição. V. Após a abolição, o estado brasileiro não ofereceu condições adequadas para que os ex-escravos se integrassem no mercado de trabalho assalariado, tendo a imigração europeia sido justificada, inclusive por teorias raciais. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras. c) Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras. d) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. e) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras. 14.12. (FAMERP – SP) – Ao mesmo tempo em que se exaltava a libertação dos escravos, temia-se por uma revolução fatal ao país, afirmando-se a necessidade de uma abolição lenta e gradual. Não havia um maior entro- samento entre os rebeldes negros e os abolicionistas, sendo que a própria propaganda abolicionista não se dirigia aos escravos, que tendiam a ser considerados bárbaros, incapazes de exercer ações políticas. Lilia Moritz Schwarcz. Retrato em branco e negro, 1987. Adaptado. O texto, que se refere ao Brasil da segunda metade do século XIX, trata a) do apoio inglês à abolição da escravidão, para ampliar o mercado consumidor brasileiro de produtos industrializados. b) da divergência entre os setores cafeicultores do Vale do Paraíba e os do Rio de Janeiro quanto ao emprego da mão de obra escrava. c) do esforço dos setores liberais na defesa do fim da escravidão e de todos os preconceitos raciais. Aula 14 19História 4C d) da popularidade do movimento abolicionista, que contava com franco apoio das classes médias urbanas. e) da moderação de parte do movimento abolicionista, que também manifestava preconceitos raciais. 14.13. (UNESP – SP) – Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí para cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. Machado de Assis. “Bons dias!”, in Obra completa, vol. III. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986. O fragmento é de uma crônica de 19 de maio de 1888, que conta o caso, fictício, de um escravista que se converteu à causa abolicionista poucos dias antes da Lei Áurea e agora se gabava de ter alforriado Pancrácio, seu escravo. O ex-proprietário explica que Pancrácio, além de continuar a apanhar, recebe um salário pequeno. Podemos interpretar tal crônica machadiana como uma representação da: a) ampla difusão dos ideais abolicionistas no Segundo Império, que apenas for- malizou, com a Lei Áurea, o fim do trabalho escravo no Brasil. b) aceitação rápida e fácil pelos proprietários de escravos das novas relações de trabalho e da necessidade de erradicar qualquer preconceito racial e social. c) mudança abrupta provocada pela abolição da escravidão, que trouxe sérios prejuízos para os antigos proprietários e para a produção agrícola. d) falta de consciência dos escravos para a necessidade de lutar por direitos sociais e pela recuperação de sua identidade africana. e) persistência da mentalidade escravista, que reproduzia as relações entre senhor e escravo, mesmo após a proclamação da Lei Áurea. 14.14. (UNICAMP – SP) – Compare as duas ilustrações de Angelo Agostini (1843- 1910) sobre o reconhecimento da República brasileira pela Argentina (fig. 1) e pela França (fig. 2). (Figura 1: Ângelo Agostini, Reconhecimento da República brasileira pela Argentina, em Revista Ilustrada, dez. 1889.) (Figura 2: Ângelo Agostini, Reconhecimento da República brasileira pela França, em Revista Ilustrada, dez. 1889.) Assinale a alternativa correta. a) As alegorias expressam visões diferentes sobre o imaginário da República brasileira: na primeira ela é representada com um olhar de proximidade, e, na segunda o olhar expressa admiração, remetendo à visão corrente do gravurista sobre as relações entre Brasil, França e Argentina. b) O reconhecimento da França traz a confraternização entre dois países com tradições políticas muito diferentes, porém unidos pelo constitucionalismo monárquico e posteriormente pelo ideário republicano. c) No reconhecimento da Argentina ao regime republicano brasileiro, as duas repúblicas ocupam a mes- ma posição, indicando ter a mes- ma idade de fundação do regime e a similaridade de suas histórias de passado colonial ibérico. d) As duas imagens usam a figura feminina para representar as três repúblicas, característica não usual para a representação artística do ideário republicano, protagoni- zado por lideranças masculinas. 14.15. (UEL – PR) – Sobre a escravi- dão, a imigração e o trabalho livre no Brasil Imperial, assinale a alternativa correta. a) Entre 1860 e 1890, o governo imperial repatriou mais de um milhão de negros para a Libéria, país da África. Essa medida visou ao branqueamento e à purifi- cação racial dos trabalhadores brasileiros. b) Com A Lei de Terras de 1850, o Governo Imperial manteve as regras tradicionais de cessão das terras devolutas, estipulando que essas terras não poderiam ser vendidas, mas apenas cedidas pelo Estado por meio das Cartas de Sesmarias. c) No século XIX, a parceria e o colo- nato foram sistemas de trabalho praticamente desconhecidos dos fazendeiros brasileiros, os quais optaram pelo sistema do trabalho assalariado puro como forma de atrair os imigrantes europeus. d) A proibição do tráfico de escravos africanos posta em prática em 1850 pelo governo brasileiro, e a disponibilidade de trabalhadores livres excedentes na Europaforam fatores estimuladores da formação do mercado de trabalho assalaria- do no Brasil. e) A legislação trabalhista decretada por D. Pedro II, em 1870, que ga- rantiu ao trabalhador imigrante o décimo terceiro salário, férias remuneradas e outras vantagens, foi o mais importante estímulo ao trabalho livre no Brasil. 20 Extensivo Terceirão 14.16. (MACK – SP) – Em uma perspectiva de longo prazo, tem-se a alternativa republicana conectada ao processo de transformação estrutural da sociedade brasileira. Mais precisamente, o sentido histórico de seu surgimento, implantação e consolidação afirmou-se no período que se pode balizar pelos anos 1850 e 1900. Renato Lemos. “A alternativa republicana e o fim da monarquia”. In: Keila Grinberg e Ricardo Salles (orgs.). O Brasil Império: volume III (1870-1889). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 405. Considere o período mencionado e assinale a alternativa que contenha, respectivamente, elementos sociais, culturais e eco- nômicos que contribuíram para a crise da monarquia e para o golpe que resultou na implantação da República no Brasil. a) Surgimento do operariado organizado e que passou a exigir melhorias trabalhistas; difusão dos ideais socialis- tas entre trabalhadores urbanos; início do processo de industrialização do país, consolidado apenas na Era Vargas. b) Promulgação da Lei de Terras, consolidando uma política de acesso à terra por imigrantes recém-chegados; difusão da filosofia positivista em setores do Exército; crescimento da produção cafeeira do oeste paulista. c) Promulgação da Lei Áurea, consolidando o trabalho livre e assalariado no país; difusão dos ideais liberais e positivis- tas, entre setores do alto escalão do Exército; início de uma série de modernizações, conhecidas como “Era Mauá”. d) Migrações internas e imigração europeia, em virtude da extinção do tráfico de escravos; difusão, entre diversos segmentos sociais, do liberalismo e do cientificismo; crescimento da produção cafeeira do oeste paulista. e) Crescimento do Abolicionismo, em função da grande participação de negros na Guerra do Paraguai; difusão dos ideais positivistas e cientificistas no conjunto da sociedade; início da implantação de indústrias e moder- nizações no país. 14.17. (UFPR) – “A introdução de novos africanos no Brasil não aumenta a nossa população e só serve de obstar a nossa indústria. Apesar de entrarem no Brasil perto de quarenta mil escravos anualmente, o aumento desta classe é nulo, ou de muito pouca monta: quase tudo morre ou de miséria ou de desesperação, e to- davia custaram imensos cabedais. [...] Os senhores que possuem escravos vivem, em grandíssima parte, na inércia, pois não se veem, precisados pela fome ou pobreza, a aperfeiçoar sua indústria ou melhorar sua lavoura. [...] Ainda quando os estrangeiros pobres ve- nham estabelecer-se no país, em pouco tempo deixam de trabalhar na terra com seus próprios braços e, logo que podem ter dois ou três escravos, entregam-se à vadiação e desleixo.” ANDRADA E SILVA, José Bonifácio de. Representação à Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil sobre a Escravatura, de 1823. In: DOLHNIKOF, Miriam. “José Bonifácio de Andrada e Silva: Projetos para o Brasil”. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 56-57. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o abolicio- nismo no Brasil, é correto afirmar que nas duas primeiras décadas do século XIX, a) o movimento abolicionista consolidava uma articulação de partidos políticos em prol da libertação dos africanos e da sua inserção na sociedade brasileira como trabalha- dores livres para a agricultura e para a indústria. b) as elites dirigentes estavam plenamente convencidas da necessidade da abolição do tráfico negreiro para defender o sistema escravista das pressões empreendidas pelo movimento humanitário internacional. c) alguns setores sociais pretendiam promover o progresso econômico do Brasil com base na indústria e viam os negros como obstáculo a esse desenvolvimento, na medida em que eles não tinham qualquer aptidão para o trabalho naquele setor. d) alguns integrantes da elite dominante passaram a com- preender a escravidão como um problema que dificultava o progresso nacional, já que a sua manutenção desesti- mulava novos empreendimentos econômicos. e) as elites dirigentes do Brasil estavam convencidas de que a abolição da escravidão ocorreria mais cedo ou mais tarde e era necessário, portanto, substituir o escravo pelo trabalhador livre. 14.18. (UFMS) – “Eu quisera dar a esta data a denomi- nação seguinte: – 15 de novembro do primeiro ano da República; mas não posso infelizmente fazê-lo. O que se fez foi um degrau, talvez nem tanto, para o advento da grande era. Em todo caso, o que está feito pode ser muito, se os homens que vão tomar a responsabilidade do poder tiverem juízo, patriotismo e sincero amor à liberdade. Como trabalho de saneamento a obra é edi- ficante. Por ora, a cor do governo é puramente militar, e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada. Era um fenô- meno digno de ver-se. [...]. Pude ver a sangue frio tudo aquilo. [...]. Mas, voltemos ao fato da ação ou do papel governamental. Estamos em presença de um es- boço rude, incompleto, completamente amorfo. Não é tudo, mas é muito...” (Aristides Lobo, apud CASTRO, Therezinha de – História Documental do Brasil. RJ: Record, s/d, p. 250) O texto acima, publicado pelo jornal Diário Popular de São Paulo em 18 de novembro de 1889, corresponde ao trecho de uma carta em que o jornalista Aristides Lobo narra sucin- tamente a Proclamação da República. Com base no texto e a respeito do regime republicano instituído no Brasil em 15 de novembro de 1889, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). Aula 14 21História 4C 14.01. d 14.02. e 14.03. d 14.04. e 14.05. e 14.06. c 14.07. a 14.08. a 14.09. d 14.10. e 14.11. b 14.12. e 14.13. e 14.14. a 14.15. d 14.16. d 14.17. d 14.18. 28 (04 +08 + 16) 14.19. e Gabarito 01) A Proclamação da República foi um acontecimento que contou com forte participação popular, tendo à frente o exército sob a liderança do Marechal Deodoro da Fonseca. 02) Tão logo foi instaurado, o regime republicano elabo- rou uma complexa estrutura estatal, responsável pela criação de uma ampla rede de proteção à classe traba- lhadora, materializada no direito à organização sindical, na concessão do salário mínimo e de leis trabalhistas expressas na Consolidação das Leis do Trabalho. 04) O movimento republicano brasileiro sofreu forte in- fluência do pensamento positivista elaborado por Auguste Comte, cuja doutrina defendia, entre outras premissas, que as reformas políticas e sociais deveriam ser feitas sem ataques violentos à ordem social estabe- lecida. 08) A passagem do regime monárquico para o regime republicano correspondeu a um golpe de Estado pro- movido pelos militares brasileiros, sendo praticamente nula a participação popular. 16) O advento da República no Brasil pode ser interpre- tado como um processo de reacomodação, em torno das instituições públicas, de parcelas das oligarquias agrárias, em especial os cafeicultores do Sudeste, e de segmentos das camadas médias urbanas, a exemplo dos letrados e dos militares, que viam no novo sistema político a possibilidade de exercerem o controle sobre o Estado Nacional. Desafio 14.19. (PUCCAMP – SP) – O setor fabril já se fazia notar, não só em São Paulo, como também em Campinas e Piracicaba, produzindo tecidos, chapéus e calçados. As casas de fundição colocavam à disposição serras, bombas, sinos, prensas e ventiladores (...). As narrati- vas de viagem, gênero de escrita muito apreciado por autores e leitores, registravam dessa nova sociedade as impressões colhidas em trânsito
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