Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Faculdade Baiana de Direito e Gestão Semestre: 2021.1 Disciplina: Direito Administrativo II Docente: José Andrade Soares Neto Discentes: Alexandre Travassos Rosa, Guilherme Sousa Ignácio Santos. Aferição de Aprendizagem Questão 1: a) Não. Ao cometer este ilícito, Joelson não apenas infringiu a legislação cível, mas também a penal, haja vista que o ato de improbidade gera uma ação cível e o peculato gera uma ação penal. Desta forma, o bis in idem não se aplicará; Art. 312 do CP: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena- reclusão, de dois a doze anos, e multa.” Art. 9º da Lei nº 8429/92: “Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público”. Além disso, sua conduta possui possíveis efeitos na esfera administrativa, assim como elenca o § 4º da CF/88, in verbis: “§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”. Este entendimento encontra amparo nas decisões dos E. T. Pátrios. Senão vejamos: “AÇÃO CIVIL PÚBLICA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Policial Militar que praticou crime de peculato/furto Conduta comprovada Inexistência de bis in idem decorrente da penalização nas esferas administrativa, penal e civil Ofensa aos princípios norteadores da atividade administrativa verificada Configuração de ato de improbidade administrativa Sentença de procedência mantida. Recurso improvido.(TJ-SP - APL: 00040656420098260053 SP 0004065-64.2009.8.26.0053, Relator: Moacir Peres, Data de Julgamento: 08/09/2014, 7ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 10/09/2014)”. Dessa forma, percebe-se que a conduta de Joelson se encaixa nas esferas às quais fora processado. b) Taiandre não possui legitimidade para alegar improcedência no feito, pois terceiros que auxiliem, ou beneficiem-se de atos de improbidade administrativa, também incorrem nas penas da Lei nº 8429/92, como bem rege o seu art. 3º, in verbis: “Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”. Questão 02: Sim. A candidata Maria foi aprovada no concurso público na posição de nº 57. Sua ação fora ajuizada 4,5 anos após a homologação do concurso, objeto de discussão desta questão. Considerando o fato de que o prazo prescricional se compreende em 05 (cinco) anos, percebe-se que a candidata se encontra na posse de um direito líquido e certo, ao ajuizar a ação. Este entendimento encontra amparo nas decisões dos E. T. Pátrios. Senão vejamos o entendimento do STJ em caso similar: “RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS. DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. MOMENTO DA NOMEAÇÃO. JUÍZO DE OPORTUNIDADE E CONVENIÊNCIA. ADMISSÃO DE TEMPORÁRIOS (ART. 37, IX, DA CF/1988). INSTITUTO DIVERSO DA NOMEAÇÃO DE EFETIVOS. NÃO CARACTERIZA PRETERIÇÃO DE CANDIDATOS APROVADOS PARA PROVIMENTO DE CARGOS EFETIVOS. PRETERIÇÃO NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. CONCURSO HOMOLOGADO EM JUNHO DE 2018. PROVÁVEL EXISTÊNCIA DO PRAZO DE VALIDADE. APENAS QUANDO JÁ HOUVER ESCOADO PRAZO DE VALIDADE, QUE O RECORRENTE PASSA A TER DIREITO LÍQUIDO E CERTO A NOMEAÇÃO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I - A jurisprudência desta Corte Superior é pacífica no sentido de que o candidato aprovado dentro do número de vagas ofertadas em edital de concurso público tem o direito público subjetivo à nomeação, com a Administração Pública não podendo dispor desse direito. II - O momento em que, dentro do prazo de validade do certame, a nomeação ocorrerá, observa juízo de oportunidade e conveniência. III - A admissão de temporários, fundada no art. 37, IX, da Constituição Federal, atende às necessidades transitórias da administração e não concorre com a nomeação de efetivos, recrutados mediante concurso público (art. 37, II e III da CF), para suprir necessidades permanentes do serviço. IV - São institutos diversos, com fundamentos fáticos e jurídicos que não se confundem pelo que também a presença de temporários nos quadros estatais não pode ser tida, só por si, como caracterizadora da preterição dos candidatos aprovados para provimento de cargos efetivos. V - Não sendo possível se comprovar a ocorrência de preterição, de modo a amparar o pretendido direito do recorrente à nomeação imediata, não haveria, à primeira vista, falar em direito líquido e certo a ser amparado nesta via. VI - Verifica-se dos autos, tendo o concurso sido homologado em junho de 2018, com validade prevista para 2 (dois) anos, podendo ser prorrogável por igual período, é provável que o óbice relativo ao prazo de validade ainda exista, pelo que a expectativa de direito não terá se convolado em direito subjetivo líquido e certo, nos exatos termos da jurisprudência dominante supratranscrita. VII - Apenas quando houver escoado este prazo, e não tendo havido a nomeação do candidato, tem o recorrente o direito líquido e certo à nomeação. VIII - Recurso ordinário em mandado de segurança a que se nega provimento. (STJ - RMS: 63398 MG 2020/0097039-5, Relator: Ministro FRANCISCO FALCÃO, Data de Julgamento: 18/08/2020, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 31/08/2020)”. Quanto ao candidato José, percebe-se que o candidato fora aprovado em 67º lugar. Considerando que este concurso possui apenas 60 (sessenta) vagas, é possível concluir que o candidato apenas teria direito a ajuizar a demanda apenas após uma chamada. Este entendimento é consoante às decisões dos E. T. Pátrios. Senão vejamos: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CANDIDATO APROVADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS. DIREITO SUBJETIVO SOMENTE NA HIPÓTESE DE COMPROVAÇÃO DO SURGIMENTO DE CARGOS EFETIVOS DURANTE O PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO PÚBLICO. SURGIMENTO DE NOVAS VAGAS OU A ABERTURA DE NOVO CONCURSO PARA O MESMO CARGO NÃO GERA AUTOMATICAMENTE O DIREITO À NOMEAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS FORA DAS VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. I - Na origem, trata-se de mandado de segurança com pedido de liminar, impetrado contra ato omissivo do Governador do Distrito Federal objetivando a nomeação ao cargo de terapeuta ocupacional. No Tribunal a quo, a ordem foi denegada. II - E cediço que o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital possui mera expectativa de direito à nomeação, convolando-se em direito subjetivo somente na hipótese de comprovação do surgimento de cargos efetivos durante o prazo de validade do concurso público, bem como o interesse de a administração pública em preenchê-las. Neste sentido: AgRg no RMS n. 43.596/PR, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 21/3/2017, DJe 30/3/2017; AgInt no RMS n. 49.983/DF, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 14/3/2017, DJe 20/3/2017; AgRg nos EDcl no RMS n. 45.117/PE, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 15/12/2016, DJe 3/2/2017. III - O Supremo Tribunal Federal, em julgamento submetido ao rito de repercussão geral (RE n. 837.311/PI), fixou orientação no sentido de que o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, duranteo prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvada as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. IV - A alteração do edital não atingiu o quantitativo de vagas para a contratação imediata, o que torna a aprovação da recorrente fora do número de vagas previamente estabelecido. V - A existência de projeto de lei para a abertura de novo concurso público durante o prazo de validade do certame em tela não gera o direito à nomeação para o candidato aprovado fora do número de vagas previsto no edital, salvo a ocorrência das situações mencionadas anteriormente (preterição arbitrária e imotivada da administração), que não foram suficientemente demonstradas pela recorrente. VI - Tal verificação demandaria necessária dilação probatória, o que não se admite nesta via mandamental. Neste sentido: AgRg no RMS n. 35.906/MG, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 21/3/2017, DJe 30/3/2017). VII - Agravo interno improvido. (STJ - AgInt nos EDcl no RMS: 58922 DF 2018/0265337-0, Relator: Ministro FRANCISCO FALCÃO, Data de Julgamento: 17/10/2019, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 22/10/2019)”. Caso houvesse, de fato, a chamada, a ação no prazo de 03 (três) anos, que fora indicada no enunciado, seria possível, pois o prazo prescricional deste tipo de concurso se compreende em 05 (cinco) anos. Questão 3: A regulação negociada pode ser vista no debate e elaboração da referida portaria envolvendo a ANAC e as empresas de aviação civil nacionais e internacionais bem como os representantes da associação de usuários. A regulação negociada ocorre quando o Estado e os atores privados harmonizam seus interesses com o propósito de atingir normas e soluções de melhor qualidade, e consequentemente legitimidade e satisfação. Segundo Leandro Zanoni1, a regulação baseada em consenso canaliza recursos de forma mais proveitosa. É necessário abordar as possíveis desigualdades no que diz respeito ao acesso ao instrumento, uma vez que existem grupos dominantes que possuem amplo acesso à informação e/ou recursos, o que pode gerar manipulação do procedimento. Outro instrumento de governança em rede na questão é a Soft Law, que está evidenciada na previsão de normas não sancionatórias fixada pela ANAC. A Soft Law2 é um instrumento de governança em rede que possui caráter suave e flexível, decorrente da conjuntura da pós-modernidade, que se comporta como uma recomendação ou complemento para cumprimento de compromissos, atos administrativos e apoio a normas vinculantes. A Soft Law não possui caráter vinculante, e por isso, não produz efeitos jurídicos diretos, e não pode ser parâmetro objetivo para exigência ou impugnação administrativa nem judicial. 2 ZANONI, 2018, P. 170. 1 ZANONI, 2018, P. 175.
Compartilhar