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TRAUMA RAQUIMEDULAR

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1 MÓDULO III – LOCOMOÇÃO E PREENSÃO 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 4º PERÍODO 2021/2 
 
OBJETIVOS 
1- Discutir o TRM, considerando a epidemiologia, 
manifestações clínicas, fisiopatologia do trauma e 
exame clínico neurológico. 
2- Explicar o choque medular e o choque 
neurogênico (como conduzir) 
3- Identificar à repercussão psicossocial do 
sequelado por TRM 
4- Explicar os principais tipos de lesão medular 
REFERÊNCIAS 
• MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes de Atenção à 
Pessoa com Lesão Medular (2ª edição), 2015. 
 
• DEFINO, Helton. Trauma raquimedular. Medicina, 
Ribeirão Preto, 32: 388-400, out./dez. 1999. 
 
• Cecil, 24 edição 
 
• AMARAL, Sergio Henrique et al. Fisiopatologia do 
traumatismo raquimedular. São Paulo,2008 
DEFINIÇÃO 
Trauma raquimedular (TRM) é uma lesão 
traumática, caracterizada pelo comprometimento 
da função da medula espinal em graus variados 
de extensão. 
O dano à medula espinhal varia de uma 
concussão transitória, da qual o paciente 
recupera-se completamente (contusão, 
laceração e compressão da substância da 
medula) até uma transecção completa da 
mesma, tornando o paciente paralisado abaixo 
do nível da lesão traumática. 
É caracterizado por comprometimentos da 
motricidade, sensibilidade superficial e profunda e 
distúrbios neurovegetativos dos segmentos do 
corpo localizados abaixo do nível da lesão. 
Pacientes politraumatizados devem sempre ser 
considerados portadores de Trauma 
Raquimedular, mesmo se não apresentarem 
déficit neurológico. 
EPIDEMIOLOGIA 
A incidência do traumatismo raquimedular (TRM) 
é de 12,7 a 50 pessoas por milhão de 
pessoas/ano. 
Acomete principalmente população jovem de 15 
a 40 anos. 
Acometendo mais homens, em uma proporção 
de 4 homens a cada 1 mulher. 
Níveis medulares mais acometidos: 
1°: cervical (50% dos casos), devido à sua maior 
exposição e mobilidade, geralmente relacionado 
a mergulhos em superfícies rasas. 
2°: torácico (29% dos casos) 
3°: Lombar (15%) 
4º: Sacrais (4%). 
Fatores causais: 
1º - Acidentes automobilísticos - principal causa 
de TRM (30% dos casos). 
2° - Acidente por mergulho em água rasa (21% dos 
casos de TRM) 
3° - Queda da própria altura (20% dos casos) 
comum principalmente em idosos 
4° - Ferimentos por arma de fogo (12% dos casos) 
5°- Acidentes esportivos (2% dos casos). 
FISIOPATOLOGIA 
LESÃO PRIMÁRIA 
A TRM primária trata-se do insulto inicial, onde a 
fratura ocorreu. 
Traumatismo Raquimedular 
 
Problema 07 
 
2 MÓDULO III – LOCOMOÇÃO E PREENSÃO 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 4º PERÍODO 2021/2 
 
Pode ser compreendida como a combinação do 
impacto inicial com uma eventual compressão 
subsequente. 
Tem relação direta e imediata com o trauma e, 
uma vez que ocorre, é irreversível. 
O dano medular direto é resultante da 
transferência da energia cinética para a medula 
espinhal e pode ocorrer por meio de quatro 
mecanismos básicos: o estiramento, a laceração, 
a compressão e a secção. 
Tal trauma determina dano nos axônios, nas 
células gliais e nos vasos sanguíneos, em 
diferentes graus (parcial ou completa). 
LESÃO SECUNDÁRIA 
A TRM secundária envolve as lesões secundárias 
medulares, como o edema medular, a 
ocorrência de disautonomia, espasticidade, entre 
outros. 
A fase secundária, tardia da lesão, que começa 
rapidamente depois da fase primária e pode 
continuar por um período prolongado, 
compromete os neurônios e a glia. 
Por ocorrer após o trauma, o dano secundário é 
passível de terapêutica sendo, então, 
potencialmente reversível. 
A maior parte da lesão neurológica é considerada 
relacionada com esta lesão secundária, quando 
a apoptose é causada por processos como 
hipóxia, isquemia, inflamação e os efeitos de 
radicais livres, aminoácidos excitatórios, e certos 
íons (p. ex., cálcio). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Choque medular 
É definido como o estado de completa arreflexia 
da medula espinhal, que ocorre após traumatismo 
grave na medula. 
Durante o choque medular, que pode ocorrer 
imediatamente após o traumatismo da medula 
espinhal, mesmo que a lesão medular não seja 
completa e permanente, o paciente apresenta 
ausência total da sensibilidade, dos movimentos e 
do reflexo bulbo cavernoso, que está presente em 
condições normais. 
Obs: O retorno do reflexo bulbo cavernoso 
(estímulo da glande peniana ou do clitóris, que 
gera em situações fisiológicas a contração do es-
fíncter anal) indica o término do choque medular, 
permitindo então a determinação da lesão 
neurológica causada pelo trauma. 
O “choque” para a medula pode fazer com que 
ela pareça totalmente desprovida de função, 
ainda que não esteja necessariamente destruída, 
podendo voltar a ter algum nível de 
funcionamento. 
Choque neurogênico 
Resulta da lesão das vias descendentes do 
sistema nervoso simpático a nível cervical ou 
torácico alto (até T6), o que ocasiona a perda do 
tônus vasomotor e a perda da inervação 
simpática do coração. 
A perda do tônus vasomotor causa 
vasodilatação dos vasos viscerais e das 
extremidades inferiores e, consequentemente, 
hipotensão. 
Já a perda da inervação simpática do coração 
pode provocar bradicardia ou deixar de 
apresentar taquicardia como resposta à 
hipovolemia. Além disso, a pressão sanguínea não 
costuma normalizar-se através da infusão de 
líquidos apenas. 
Paraplegia: perda dos movimentos dos membros 
inferiores - lesões torácicas ou mais inferiores 
(abaixo de T1). 
Tetraplegia: perda dos movimentos dos membros 
inferiores e superiores além da sustentação axial, 
denotando uma possível lesão cervical (acima de 
T1). 
Lesão completa medular: envolve a perda de 
todos os movimentos 
Lesão incompleta: a manutenção do movimento 
de certos grupamentos musculares, de um 
hemicorpo, entre outras formas a depender do 
mecanismo de acometimento medular. 
PRINCIPAIS SÍNDROMES MEDULARES 
As lesões medulares implicam em síndromes 
específicas a depender da topografia de 
acometimento. 
 
3 MÓDULO III – LOCOMOÇÃO E PREENSÃO 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 4º PERÍODO 2021/2 
 
Síndrome central medular: perda de força mais 
acentuada em membros superiores. Geralmente 
ocorre por hiperextensão em pacientes com 
estenose preexistente do canal medular. 
Síndrome anterior medular: paraplegia e 
dissociação da perda sensorial, com perda de 
sensibilidade à dor e temperatura (Trato 
Espinotalâmico). Das lesões incompletas, é a de 
pior prognóstico. 
Síndrome posterior medular: comprometimento 
da propriocepção, sensação vibratória e tato 
epicrítico. 
Síndrome de Brown-Séquard ou Hemissecção 
medular: comprometimento motor ipsilateral 
(trato corticoespinhal) e perda da sensibilidade 
postural (coluna posterior), além da perda 
contralateral à sensibilidade térmica e à dor (Trato 
Espinotalâmico). 
 
DIAGNÓSTICO E CONDUTA 
EXAME NEUROLÓGICO 
Deve ser realizado segundo protocolo da ASIA 
onde examinamos a força motora, sensibilidade e 
reflexos. 
Cabe ressaltar que em casos traumáticos, 
durante a fase de choque medular, pode haver 
ausência de reflexos, sendo impossível durante 
este período predizer se a lesão é completa ou 
incompleta. 
A volta dos reflexos, testada pelos reflexos 
bulbo cavernoso e cutâneo anal marca o fim 
do choque medular, momento este em que 
devemos repetir o exame neurológico para 
determinar o grau (completo ou incompleto) e 
nível (sensitivo e motor) da lesão medular. 
Nível sensitivo: avaliação clínica da sensibilidade 
dos dermátomos ao toque leve e à dor. 
• 0: ausência de sensibilidade, 
• 1:sensibilidade alterada (diminuição ou 
aumento) 
• 2: para sensibilidade normal 
 
Nível motor: avaliação do grau de força 
muscular nos grupos musculares 
correspondentes aos miótomos 
 
 
 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
 
4 MÓDULOIII – LOCOMOÇÃO E PREENSÃO 
ANA LUÍZA A. PAIVA – 4º PERÍODO 2021/2 
 
Para determinar o nível ósseo de lesão, 
iniciamos a investigação com radiografia ântero-
posterior e perfil da coluna. 
Sempre que possível o paciente deve ser 
submetido a tomografia computadorizada para 
melhor avaliar e classificar a lesão óssea. 
O exame de Ressonância Magnética (RM) não 
é realizado de forma rotineira nos pacientes 
com lesão medular. A ressonância é indicada 
nos caso em que constatamos discrepância 
entre o exame neurológico e os exames de 
radiografia e tomografia. 
TRATAMENTO 
Este paciente desde o local do acidente deve 
ser imobilizado com colar cervical, ser 
mobilizado em bloco, posicionado em prancha 
rígida e ser transferido para o pronto socorro. 
Quando for necessária a intubação orotraqueal, 
deve ser realizada com auxílio de broncoscopia 
e com a menor movimentação da coluna 
cervical. 
Pacientes com suspeita de lesão de coluna 
devem receber líquidos endovenosos da mesma 
forma que qualquer paciente traumatizado. 
Caso não haja hemorragia ativa e paciente 
apresentar hipotensão persistente após a 
reposição de 2.000mL de líquido, suspeitar de 
choque neurogênico. 
Se a hipotensão persistir, pode-se utilizar 
vasopressores (hidrocloridrato de fenilefrina, 
dopamina ou noreprinefrina). 
Obs: Lembrar que a administração excessiva de 
fluidos na tentativa de normalizar a pressão pode 
causar edema pulmonar. 
Após os primeiros cuidados e estando o paciente 
adequadamente ventilado e 
hemodinamicamente estável, serão realizados 
os exames radiográficos da região supostamente 
comprometida. 
Estando o paciente estável clinicamente, deve-
se realizar o tratamento cirúrgico definitivo das 
fraturas o mais breve possível. 
PROGNÓSTICO 
O fato de a lesão ser completa ou incompleta é o 
preditor mais útil. 
Um grau “A” ou déficit motor e sensitivo completo 
abaixo da lesão tem mau prognóstico. 
 
O paciente portador de lesão medular passa por 
Fases Comportamentais que são as seguintes: 
Choque, Negação, Reconhecimento e 
Adaptação. 
Fase de Choque: Paciente fica confuso e não 
tem noção da magnitude do fato ocorrido. 
Suas funções psíquicas ficam “congeladas”, 
paciente interrompe o vínculo com o mundo 
externo como forma de preservar-se. 
Fase de Negação: Paciente começa a fazer 
contato com a realidade, mas de forma 
distorcida devido à fragilidade emocional. É 
muito comum essa fase ser marcada pela frase: 
“Eu voltarei a andar, estou paralisado apenas 
temporariamente”. 
Fase de Reconhecimento: Nessa fase o 
paciente visualiza a deficiência/paralisia como 
definitiva, gerando intensos sentimentos de 
desamparo e ansiedade podendo levar a um 
quadro de depressão e ideias suicidas. 
Fase de Adaptação: Essa é a fase que o 
paciente sente-se recompensado, põe seus 
esforços utilizando ao máximo sua capacidade, 
visualizando o processo de Reabilitação como 
facilitador para sua reintegração biopsicossocial. 
Acompanhamento fisioterapêutico 
neurofuncional e respiratório 
Órteses: evitar a instalação das deformidades 
ortopédicas, em indivíduos com lesão medular, 
constitui uma importante estratégia de 
prevenção secundária. 
Cadeiras de rodas: deve garantir conforto, 
segurança e posicionamento adequado, além 
de proporcionar melhor funcionalidade e maior 
independência.

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