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resumo do professor aula_9

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Teoria e Prática da Narrativa Jurídica – Aula 9
Professor Nelson Tavares
Elementos indispensáveis
Listamos os elementos indispensáveis a qualquer narrativa que se pretende completa e eficiente. Não apenas o Direito, mas Jornalismo, Literatura e outras ciências também usam esses elementos – cada qual à sua maneira específica – para desenvolver suas narrações. Esclareceremos, a partir de agora, a importância de cada uma dessas informações para o documento jurídico e para o processo.
O que ocorreu?
Comecemos por uma questão de base: quando procuramos o Judiciário para que um conflito possa ser resolvido, temos de pressupor que duas partes têm entre si uma relação jurídica. Na ordem civil, essa relação jurídica nasce a partir de um determinado evento capaz de gerar entre ambos direitos e deveres (obrigações) mútuos�.
Obrigação, para De Plácido e Silva�, “é o vínculo que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa em proveito de outrem”. Assim, para que exista a obrigação de um, é necessário observar um fato gerador desse direito do outro.
Seria impossível uma pessoa ajuizar ação em face de outra e não indicar o que a motivou a buscar o Judiciário, ou seja, sem indicar o fato gerador da demanda, certamente seu pedido será julgado improcedente.
Quem são os envolvidos na lide?
A própria idéia de conflito pressupõe duas ou mais partes. Não é razoável que alguém se dirija ao Estado para exigir algo de si mesmo. Ao resolver conflitos no Judiciário, portanto, essencial é indicar autor e réu, descritos, pelo menos, com as características indicadas no art. 282, II, CPC: nome, prenome, estado civil, profissão, domicílio e residência. O provimento 20/99 da Corregedoria de Justiça do TJ / RJ estabelece a necessidade de constar, ainda, da qualificação o número do RG e do CPF do autor e do réu.
Vale lembrar que, se não souber quem está no pólo ativo e no pólo passivo do processo, o juiz não tem sequer como realizar citações, intimações, etc.
Perceba que cada uma das partes exercerá um papel – ativo ou passivo – tanto no conflito quanto no processo. É importante, nesse sentido, assinalar que quem será agente ativo na situação de conflito, será agente passivo no processo e vice-versa.
Já conhecemos a necessidade de indicar as partes na narrativa jurídica, mas precisamos lembrar que em peças como a Petição Inicial, elas já estarão qualificadas (texto descritivo) antes mesmo da narração, conforme esquema da página 36. Retome as partes, ao longo da narrativa, com termos técnicos adequados, conforme nomenclatura eleita pelo Código de Processo Civil.
Parece-nos importante, então, que os profissionais do Direito reconheçam esses principais termos técnicos utilizados para se referir às partes. Na verdade, em cada fase do processo, e ao produzir certas peças, autor e réu – termos genéricos – ganham outras denominações. Eis algumas delas.
	NOMENCLATURAS
	AUTOR
	RÉU
	Credor
	Devedor
	Réu reconvinte
	Autor reconvindo
	Excipiente
	Excepto
	Requerente
	Requerido
	Notificante
	Notificado
	Apelante
	Apelado
	Agravante
	Agravado
	Embargante
	Embargado
	Recorrente
	Recorrido
	Exeqüente
	Executado
	Nunciante
	Nunciado
	Inventariante
	Inventariado
	Arrolante
	Arrolado
	Desapropriante
	Desapropriado
	Impetrante
	Impetrado
	Evicto
	Evencente
	Curador
	Curatelado
	Tutor
	Tutelado
	Depositante
	Depositário
	Cedente
	Cessionário
	Alimentante
	Alimentado
Onde ocorreram os fatos?
Quando perguntamos onde os fatos ocorreram, queremos saber o lugar em que os fatos relativos ao conflito se desenvolveram. Dependendo do caso, essa referência pode ser mais ou menos específica. O que determina essa escolha é a clareza com que a informação precisa ser narrada. Veja duas situações específicas:
Em uma Denúncia� promovida pelo Ministério Público, o local do fato precisa estar bastante claro (descrição mais minuciosa) para que a autoria e a materialidade do crime possam ser demonstradas:
Na comarca da Capital, V. A. M., A. O. S., G. O. S. e L. G. L., foram denunciados como incursos nas sanções do art. 12 c/c art. 18, III, ambos da Lei n. 6.368/76, porque:
Consta dos autos que, em data de 07 de julho do ano em curso (1998), por volta das 21 h, através do telefone Disque Denúncia, policiais federais desta Capital receberam informações sobre um descarregamento de material entorpecente que ocorreria na localidade do Bairro Costeira do Pirajubaé, nesta comarca, mais precisamente na Rua Jorge Lacerda, defronte a um telefone público, nas proximidades de um bar, droga esta que chegaria dentro de um veículo VW/voyage, tipo táxi.
Dirigindo-se para o local, aguardando nas proximidades, acabaram os agentes policiais por constatarem a chegada do veículo de características fornecidas, com dois ocupantes no seu interior, na verdade os denunciados L.G.L. e V.A.M., sendo que este último, tão logo o automóvel parou, entregou um pacote de cor parda a um elemento que saíra do interior do mencionado bar, este o denunciado G.O.S., acabou por repassar o material para um quarto elemento, posteriormente identificado como o também denunciado A.O.S., sendo que os policiais após efetuarem a abordagem dos denunciados acabaram por constatar no interior do referido invólucro, acondicionada em dois sacos plásticos, uma quantidade total de 348g (trezentos e quarenta e oito gramas) de cocaína, droga entorpecente capaz de causar dependência física e psicológica. [...]
Em uma Petição Inicial�, em que correntistas ajuízam ação indenizatória em face da Caixa Econômica Federal, por falhas na prestação dos serviços, basta indicar o local em que tinham conta-corrente, ou seja, não é necessária descrição muito minuciosa:
[...] Os Autores, marido e mulher, mantinham há mais de cinco anos conta corrente conjunta junto à agência da Caixa Econômica Federal de Barbosa Ferraz - PR (Ag. 1257) e firmaram CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO ROTATIVO EM CONTA CORRENTE - CHEQUE AZUL, sendo certo que o limite de tal crédito era da ordem de R$. 3.700,00 conforme se presume de extratos em anexo, bem como do respectivo cartão magnético. Os autores que também mantêm conta em outros bancos da cidade de Barbosa Feraz, nunca tiveram um cheque sequer devolvido por falta de fundos, bem como qualquer título apontado a protesto (doc. 1) [...].
Outra questão de que devemos tratar é a relevância da informação “lugar“ para a narrativa jurídica. Para isso, traremos duas situações em que o local do fato é juridicamente importante. O primeiro exemplo refere-se à fixação da competência do Juízo que julgará a lide pelo local do fato; o segundo exemplo mostra a importância dessa informação para que o réu se beneficie da ficção jurídica denominada “crime continuado”. Vejamos primeiro a questão da competência.
A competência pode ser estabelecida em virtude do valor da causa, da matéria, ou da função; a competência territorial decorre do domicílio das partes ou do local em que ocorreu o fato, sendo esse último o que nos interessa para este momento.
Portanto, dependendo da ação, indicar onde o fato ocorreu pode ser de fundamental relevância, porque será essa a informação a partir da qual será conhecido o juízo competente.
É o que acontece nas ações criminais, cuja competência é, de regra, fixada pelo local em que ocorre a consumação. Leia os art. 69 e 70 do Código de Processo Penal.
De acordo com o art. 71 do Código Penal:
Crime continuado
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Quando ocorreram os fatos?
O elemento quando refere-se à idéia de tempo. É também de grande relevância, não apenas porque ajuda a marcar a ordem cronológica, mas também porque é fundamental para indicar eventuais prescrição� e decadência� do direito.As marcas temporais auxiliam, ainda, na fixação de prazos, questão bastante cara aos profissionais da área.
Veremos que a narrativa jurídica deve ser organizada, preferencialmente, em ordem cronológica.
Como tudo aconteceu?
O elemento como orienta-nos para a maneira como foram praticados os atos de maior relevância do conflito. Quando se trata de uma questão relativa ao Direito Penal, por exemplo, indicar o modo como o fato ocorreu, ou seja, seu modus operandi, é de vital importância para tipificar adequadamente a conduta do agente a quem se imputa um crime.
Para apresentar, de forma completa, como a lide se desenvolveu, sugerimos que faça a seleção das informações a serem narradas e as organize cronologicamente.
Por que ocorreu o conflito?
O elemento da narrativa por que indica a causa, a motivação da prática de determinados atos. Da sua identificação dependem vários institutos. Somente com relação ao homicídio, para exemplificar, discute-se: houve dolo, culpa, agiu sob o domínio de violenta emoção, o motivo é fútil ou torpe, etc.? Para responder a essas questões, conhecer a motivação do agente é fundamental.
Eis uma narrativa� em que se assinalou por que o agente adotou a conduta a ele imputada.
[...]
O autor foi contratado pela ré para exercer a função de marceneiro, em 21 de outubro de 1992, conforme registro em sua carteira profissional (doc. 02);
Na mesma data, foi colocado para trabalhar com equipamento de marcenaria denominado "TUPIA", mecanismo esse que, em face de sua elevada periculosidade, exige orientação pormenorizada e acompanhamento na fase de adaptação do trabalhador – as quais não lhe foram concedidas embora tivesse o autor informado que há bastante tempo não utilizava aquele mecanismo e que necessitava de "tempo" para relembrar sua utilização.
Ocorre que, no dia 27 de outubro de 1992, o autor, no exercício de suas atividades, ao utilizar a perigosa TUPIA (que se destina a trabalhos de relevo em madeira), acidentou-se violentamente, do que lhe resultou grave lesão com decepação parcial dos dedos anular e polegar esquerdos.
Em razão do evento, o autor entrou em gozo de licença, percebendo o benefício de auxílio acidente por 04 (quatro) meses, após o que retornou à sua atividade laborativa (doc. 03).
Todavia, após o acidente, a ré rescindiu, injustamente, o contrato de trabalho do autor (doc. 02) em razão da inaptidão decorrente da lesão sofrida.
Após o infeliz acidente, o autor não mais conseguiu desempenhar plenamente sua atividade profissional (marceneiro), pois não se manteve nos poucos empregos que posteriormente logrou obter. Pior ainda: foi obrigado a "fazer bicos" para sobreviver, e sempre na condição de ajudante de marcenaria (função cuja remuneração é sensivelmente inferior).
Por esses fatos, em resumo: a redução da capacidade laborativa do autor (diminuição de sua "empregabilidade"); os danos estéticos e morais; todos conseqüências das lesões ocasionadas pela negligência da ré na orientação e fornecimento de meios de segurança a seus empregados, propôs o autor este pleito indenizatório.
A causa de o autor ter se acidentado no curso da atividade laborativa, segundo ele, foi a falta de orientação no manuseio de uma máquina de uso complexo. Ainda segundo o trabalhador, não concorda com a rescisão sem justa causa porque sua inaptidão para o trabalho decorre de conduta negligente do empregador.
Sem essas duas informações, seria bastante difícil sustentar a necessidade das verbas rescisórias ainda não pagas em decorrência da indevida demissão por justa causa. Também não seria possível apurar quem é o responsável pelo acidente de trabalho, sem saber o que causou a decepação dos dedos do trabalhador.
Antes de passarmos para o próximo capítulo, para assegurar a clareza do que dissemos sobre os elementos essenciais às narrativas e a relação dessas informações com as narrativas simples e valorada, consulte a tabela-resumo:
� A essa característica denomina-se bilateralidade atributiva.
� SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Atual. por Nagib Slaibi Filho. 27. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
� Trecho da narrativa de uma Denúncia disponível em: <http://jus2.uol.com.br/pecas/texto.asp?id=382>. Acesso em: 22 de março de 2008.
� Trecho da narrativa de uma Petição Inicial disponível em: <http://jus2.uol.com.br/pecas/texto.asp?id=79>. Acesso em: 22 de março de 2008.
� Em Direito, prescrição é a perda da pretensão pela inércia do titular de um direito subjetivo em mover a ação que o assegura. A prescrição é, portanto, o modo pelo qual a pretensão se extingue pela inércia, durante certo lapso de tempo, do titular de um direito subjetivo(do sujeito), que fica sem ação própria para assegurá-lo. A prescrição atinge tão somente o direito de ação, extinguindo a pretensão, o direito subjetivo continua a existir. O prazo de prescrição pode ser suspenso ou interrompido, de acordo com casos previstos em lei. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Prescri%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 23 de março de 2008.
� Em Direito Civil, decadência é a perda de um direito potestativo pelo seu não exercício, durante o prazo fixado em lei ou eleito e fixado pelas partes. Nesse instituto extingue-se o direito potestativo� HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Potestativo&action=editredlink" \o "Potestativo (ainda não escrito)" �� (revestido de poder, condição que torna a execução contratual dependente de uma convenção que se acha subordinada à vontade ou ao arbítrio de uma ou outra das partes). O direito é outorgado para ser exercido dentro de determinado prazo, se não exercido, extingue-se. Salvo disposição legal em contrário, em matérias consideradas decadentes não se podem aplicar normas ou procedimentos que impeçam, suspendam ou interrompam a prescrição. Na decadência o prazo não se interrompe, nem se suspende, corre indefectivelmente (que não falha) contra todos e é fatal, peremptório (decisivo), termina sempre no dia pré-estabelecido. Além disso, não pode ser renunciado. A decadência advém não só da Lei (decadência legal), como também do contrato e do testamento (decadência convencional). Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki /Decad%C3%AAncia_%28direito_civil%29>. Acesso em: 23 de março de 2008.
� Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/pecas/texto.asp?id=110>. Aceso em: 23 de março de 2008.

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