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Rebeca Noronha – Medicina TICs - Cigarro Enunciado: Como o tabaco está relacionado às neoplasias pulmonares? Câncer ou neoplasia é um crescimento desordenado de células que têm um conjunto de mais de cem patologias. Esse crescimento desordenado e maligno de células invade os tecidos e órgãos, podendo se espalhar para outros locais do corpo, processo esse chamado de metástase. As células cancerosas são células muito agressivas e incontroláveis que se dividem muito rápido e determinam a formação dos tumores. (MOREIRA; DE OLIVEIRA, 2017) De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tabagismo está associado principalmente aos casos de câncer de pulmão, aumentando o risco de morte conforme o tempo maior de exposição ao agente que contém nicotina. A mortalidade por câncer de pulmão entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de 4 vezes maior. Fumantes de 1 a 14 cigarros, 15 a 24 cigarros e mais de 25 cigarros têm, respectivamente, risco 8, 14 e 24 vezes maior de morte por este tipo de câncer do que pessoas que nunca fumaram (DOS SANTOS et al.). Ademais, dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Câncer demonstram que o câncer de pulmão é o mais comum de todos os tumores malignos do mundo; apresenta um aumento de 2% ao ano na sua incidência mundial e soma anualmente cerca de 1,2 milhões de casos novos (FIGUEIREDO, 2019) Segundo Montane (2011), o consumo de tabaco está entre os fatores de risco mais predominantes para o acometimento de câncer de pulmão e somam-se hoje mais reincidentes na população masculina do que na feminina, apesar do crescente número de mulheres usuárias do cigarro. Dessa forma, o quadro clínico gera comorbidades intensas nos pacientes que desenvolvem a neoplasia pulmonar como presença de sibilos, tosse seca, dispneia, hemoptise, além do risco iminente de desenvolver metástase, as quais representam a disseminação das células tumorais para outros órgãos, principalmente, quando descobertos em estágios mais avançados. Alguns estudos sugerem que as alterações provocadas pelo fumo do tabaco nas células do epitélio respiratório (brônquios, bronquíolos e alvéolos) podem ser Rebeca Noronha – Medicina responsáveis por todos os tipos de neoplasias pulmonares: carcinoma de pequenas células, carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. Estima-se que por cada 15 cigarros fumados possa ocorrer uma mutação genética. Quando um indivíduo está exposto ao fumo do tabaco ocorrem alterações nas células causadas pelos carcinogêneos, nomeadamente através da ligação covalente a regiões nucleofílicas do DNA de metabolitos ativados, que facilitam a transformação de um epitélio brônquico num epitélio com características de malignidade (DE BARROS, 2016) além dos carcinogêneos, um grande número de componentes citotóxicos (como a acroleína) existem no tabaco. Pode-se destacar os seguintes carcinogêneos e substâncias tóxicas: PAH, aminas aromáticas, nitrosaminas específicas do tabaco, hidrocarbonetos voláteis e outras variedades de componentes orgânicos e inorgânicos. Em relação às nitrosaminas, há que salientar a NNK e a NNN como sendo os carcinogêneos mais potentes e abundantes no fumo do tabaco. Estes componentes vão interagir com macromoléculas celulares causando alterações proteicas, peroxidação lipídica e modificações no ADN, levando a alterações severas da função celular, nomeadamente, no que diz respeito ao controlo do crescimento celular (DE BARROS, 2016). O principal mecanismo de ação destes metabolitos, ativados muitas vezes pela enzima do citocromo P450, consiste na ativação e adição de adutos ao DNA, levando a uma errada codificação de genes envolvidos no crescimento celular que, se não forem prontamente corrigidos pelos mecanismos de reparação do DNA, criam mutações permanentes que podem levar a uma proliferação não controlada e, em última instância, ao desenvolvimento de câncer pulmonar (DE BARROS, 2016). A cessação tabágica constitui um dos principais mecanismos para a redução do desenvolvimento de câncer do pulmão, tendo benefício nos indivíduos fumadores sem neoplasia conhecida, de qualquer faixa etária, e também nos indivíduos já com o diagnóstico (DE BARROS, 2016). Iniciar a cessação tabágica, mesmo após o diagnóstico de neoplasia, tem implicações na qualidade de vida, no aumento da sobrevida, na melhoria da função pulmonar, na diminuição do risco de cancro secundário, na melhoria do sistema imunológico, no aumento da eficácia dos agentes quimioterápicos assim como na redução de Rebeca Noronha – Medicina complicações cirúrgicas. Deste modo, devem ser criados protocolos de suporte de cessação tabágica para os doentes com cancro, os quais devem ser implementados com rigor de modo a aumentarem o sucesso terapêutico e evitarem as recaídas (DE BARROS, 2016). Referências: MOREIRA, Líriam Kelly; DE OLIVEIRA, Me Andréa Mara. Fatores de risco para o câncer de pulmão. Faculdade Alfredo Nasser, 2017. FIGUEIREDO, Sandra Cristina Alves. A ASSOCIAÇÃO ENTRE TABAGISMO E NEOPLASIA PULMONAR: PRÁTICAS PREVENTIVAS E ASSISTENCIAIS NA SAÚDE DA FAMÍLIA. 2019. COSTA MONTANE, Daniel Marino et al. Principales aspectos clinico epidemiológicos del cáncer de pulmón.MEDISAN, Santiago de Cuba , v. 15,n. 8,p. 1098-1106, agosto 2011 . DOS SANTOS, Giulia Viana et al. TABAGISMO COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE CÂNCER DE PULMÃO EM IDOSOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA. DE BARROS, Margarida Carvalho. Tabaco e a patologia neoplásica pulmonar. 2016.
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