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1 Khilver Doanne Sousa Soares Câncer de Pulmão Câncer de Pulmão O câncer pulmonar (p. ex., carcinoma broncogênico) origina-se do epitélio respiratório. O câncer pulmonar é dividido em dois grandes grupos histológicos: câncer pulmonar de célula não pequena (CPCNP) e câncer pulmonar de célula pequena (CPCP). CPCNP é responsável por, aproximadamente, 85% de todos os cânceres pulmonares. Outras neoplasias menos comuns incluem o carcinoma adenoescamoso, os tumores carcinoides, os tumores das glândulas brônquicas, os tumores de partes moles (p. ex., sarcomas), os blastomas pulmonares e o linfoma. O câncer de pulmão é a doença maligna mais comum em todo o mundo; de todos os novos casos de câncer, 13% são de câncer de pulmão. De acordo com o Global Burden of Disease Study 2015, o câncer de pulmão é também a principal causa de mortalidade por câncer — mais de 1,7- 1,8 milhões de mortes por ano e, de todos os tipos de câncer, o que apresenta a maior taxa de mortalidade padronizada pela idade (26,6 mortes por 100.000 habitantes). O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma). A taxa de incidência vem diminuindo desde meados da década de 1980 entre homens e desde meados dos anos 2000 entre as mulheres. Essa diferença deve-se aos padrões de adesão e cessação do tabagismo constatados nos diferentes sexos. No Brasil, a doença foi responsável por 26.498 mortes em 2015. No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis. Obs.: em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. O desenvolvimento de câncer de pulmão é o resultado de um processo em múltiplas etapas desde uma lesão pré-maligna até o câncer de fato, após vários anos. O cigarro e outros carcinógenos promovem alterações sequenciais genéticas e epigenéticas que resultam na perda do controle normal dos mecanismos de crescimento celular. Essas alterações afetam: a. Os oncogenes (1), que são homólogos aos genes celulares normais e, quando sofrem mutação, resultam na ativação e ganho de função; b. Os genes supressores de tumor (2), que são genes “do câncer”, nos quais a perda de função por mutação remove a inibição do controle do crescimento celular; c. Os fatores de crescimento (3). Oncogenes. Os que desenvolvem um papel na patogênese do câncer pulmonar são: ras, a família myc, HER-2/neu (ERBB2) e Bcl-2. A família ras de oncogenes tem três membros primários (H-ras, K-ras e N-ras), um dos quais, o K-ras, é ativado por mutações pontuais no códon 12 das células do câncer de pulmão; A amplificação e superexpressão dos oncogenes da família myc (a-myc, L-myc, N- myc) são observadas em 10% a 40% dos CPCP e em 10% dos CPCNP. O gene mais frequentemente alterado, contudo, é o c-myc. Entretanto, a expressão aumentada do oncogene myc não está presente na maioria dos cânceres de pulmão, o que sugere que o aumento em sua expressão não é um evento primário; O gene HER-2/neu (ERBB2), que codifica o receptor para o fator de crescimento ou p185 neu (uma glicoproteína tirosina quinase), está 2 Khilver Doanne Sousa Soares ativado nos CPCNP, mas não nos CPCP. A expressão aumentada de HER-2/neu em pacientes com adenocarcinoma de pulmão pressagia uma sobrevida curta. Bcl-2 é um oncogene que codifica uma proteína que inibe a morte celular programada (apoptose); Genes Supressores de Tumor. Os genes supressores de tumor incluem p53, Rb e 3p. mutação do p53 está correlacionada com o tabagismo e tem sido detectada em lesões pulmonares pré-neoplásicas. As mutações do p53 são comuns tanto no CPCNP (≈50%) como no CPCP (≈80%). No CPCP, Rb geralmente sofre mutação ou é deletado, então, a proteína Rb não é expressa em 90% no CPCP. No CPCNP, Rb é normalmente expressa, mas, quando Rb está fosforilada, a divisão celular descontrolada pode ocorrer no CPCNP; Fatores de Crescimento. Os fatores de crescimento secretados pelas células do câncer de pulmão podem refletir-se nas células adjacentes ou regionais (estimulação parácrina) ou produzir proliferação autônoma das células que os secretaram (estimulação autócrina). As células que são afetadas por essa estimulação autócrina secretam um fator de crescimento biologicamente ativo. Os anticorpos que se ligam a este fator de crescimento inibirão o crescimento celular. Os fatores de crescimento (peptídeos) autócrinos que são importantes no crescimento das células do câncer de pulmão, particularmente CPCP, incluem o peptídeo liberador de gastrina (GRP, do inglês, gastrin- releasing peptide), o fator de crescimento insulina-símile tipo I (IGF- I) e o fator de crescimento de hepatócito. O GRP ocorre em aproximadamente 20% a 60% dos CPCP e menos frequentemente nos CPCNP. A classificação histológica do câncer de pulmão inclui adenocarcinoma (cerca de 40%), carcinoma de células escamosas (epidermoide) (≈30%), carcinoma de células grandes (≈15%) e carcinoma de células pequenas (≈15%). Estes quatro tipos histológicos representam mais que 95% de todos os cânceres de pulmão. O carcinoma de células escamosas e o adenocarcinoma são classificados posteriormente por sua diferenciação: bem diferenciado, moderadamente diferenciado e mal diferenciado. O último tipo de células é mais agressivo e pode ter um prognóstico pior que os tumores bem diferenciados. O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequente em mulheres e não fumantes. O carcinoma broncoalveolar, um subtipo de adenocarcinoma, é bem diferenciado, cresce ao longo do septo alveolar intacto e pode ser localizado, multinodular ou difuso. Sob uma perspectiva prática com base nas diferenças biológicas, as características clínicas, 3 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: Goldman Cecil Medicina. GOLDMAN, L.; SCHAFER, An estadiamento e tratamento de câncer de pulmão de células nas propriedades de crescimento e o tratamento, o câncer de pulmão broncogênico é dividido em duas categorias principais: CPCNP e CPCP. Em geral, todos os CPCNP são geralmente tratados da mesma maneira, com base no estágio da doença. O CPCP geralmente é caracterizado por sua biologia mais agressiva e o tratamento depende de se o CPCP está no estágio limitado (i.e., localmente avançado) ou no estágio extenso (i.e., doença metastática). drew I. 24. ed. Visualização esquemática para diagnóstico, ão pequenas e de células pequenas. Estágios. O estadiamento do CPCNP envolve classificação de acordo com T (tamanho do tumor), N (envolvimento dos linfonodos regionais) e M (presença ou ausência de metástases a distância). Em outubro de 2009, o estadiamento TNM para CPCNP mudou para o CPCP, o estágio TNM não é geralmente utilizado; prefere-se classificá-lo como doença limitada, definida como doença que pode ser contida por um portal de radiação único, ou doença extensa, que se estende além de um portal de radiação único (geralmente metastático). 4 Khilver Doanne Sousa Soares Todos os pacientes com câncer de pulmão podem ser clinicamente classificados por meio de um histórico completo com foco na condição de desempenho e perda de peso; exame físico; revisão patológica de todo o material obtido para biópsia; hemograma completo, com contagem diferencial e de plaquetas; perfil bioquímico, incluindo testes de função renal e hepática, eletrólitos, glicose, cálcio e fósforo, e radiografias e TC do tórax (inclusive da parte superior do abdome e glândulas adrenais). Obs.: ressonância magnética (RM) do cérebro e a cintilografia óssea devem ser realizadas, se houver suspeita de metástases nesses órgãos. Para pacientes com CPCP, a avaliação de estágio de pré-tratamento inicial é similar àquela utilizada para pacientes com CPCNP. Para pacientes com anormalidades na contagem sanguínea periférica, recomendam-se a aspiraçãoe biópsia de medula óssea. Vinte por cento a 30% dos pacientes com CPCP terão tumor na medula óssea no momento do diagnóstico. Radiografia Uma radiografia torácica póstero-anterior e lateral padrão, tida como econômica e fácil de realizar, tem valor limitado na definição do estágio do câncer de pulmão. Embora possa detectar nódulos pulmonares tão pequenos quanto 3 a 4 mm, não é segura na detecção de linfadenopatia hilar ou mediastinal. Fonte: site Falando Sobre Câncer. Câncer de pequenas células do pulmão. Acessado em 17/12/2020. http://falandosobrecancer.com.br/cancer-de-pequenas- celulas-do-pulmaonovidades/ Fonte: site Pneumo Imagem. Carcinoma de grandes células. Acessado em 17/12/2020. https://www.pneumoimagem.com.br/p-pneumo- imagens/45/222/carcinoma-de-grandes- celulas/carcinoma-de-grandes-celulas/#gsc.tab=0 Tomografia Computadorizada Geralmente é utilizada para avaliar se o câncer de pulmão está presente nos linfonodos do hilo ou mediastinais, fígado e glândulas adrenais, mas sua precisão na identificação do envolvimento dos linfonodos mediastinais é subótima (sensibilidade de 40% a 65% e especificidade de 45% a 90% versus tanto a PET quanto a mediastinoscopia). Mais importante, a http://falandosobrecancer.com.br/cancer-de-pequenas-celulas-do-pulmaonovidades/ http://falandosobrecancer.com.br/cancer-de-pequenas-celulas-do-pulmaonovidades/ https://www.pneumoimagem.com.br/p-pneumo-imagens/45/222/carcinoma-de-grandes-celulas/carcinoma-de-grandes-celulas/#gsc.tab=0 https://www.pneumoimagem.com.br/p-pneumo-imagens/45/222/carcinoma-de-grandes-celulas/carcinoma-de-grandes-celulas/#gsc.tab=0 https://www.pneumoimagem.com.br/p-pneumo-imagens/45/222/carcinoma-de-grandes-celulas/carcinoma-de-grandes-celulas/#gsc.tab=0 5 Khilver Doanne Sousa Soares TC perderá pequenos focos metastáticos que não resultam em alargamento do linfonodo mediastinal. Os linfonodos mediastinais que estão normais em tamanho (≤ 1 cm) têm 8% a 15% de probabilidade de ter doença metastática, ao passo que os linfonodos mediastinais com tamanho de 1 a 1,5 cm, 1,5 a 2 cm e maiores que 2 cm contêm metástases em 15% a 30%, aproximadamente 50% e cerca de 90% das vezes, respectivamente. Fonte: site Dr. Felipe Ades. Imagem do pulmão produzida pela tomografia identificando um pequeno nódulo que era um câncer de pulmão em estágio inicial. Acessado em 17/12/2020. https://drfelipeades.com/2015/03/20/aprovado-novo- metodos-para-detectar-o-cancer-de-pulmao-em-estagio- inicial/ Fonte: site Cedip. Acessado em 17/12/2020. http://cedip.com.br/tomografia-computorizada-para- rastreamento-de-cancer-do-pulmao/ Fonte: site Tesla Imagem. Acessado em 17/12/2020. https://teslaimagem.com.br/cancer-de-pulmao-entenda- a-importancia-do-exame-de-tomografia-para-o- diagnostico/ Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) A PET, que usa a 2-[18F]fluoro-2-desoxi-D- glicose para identificar áreas de aumento de metabolismo de glicose nos tumores de pulmão, é mais sensível que a TC no estadiamento do câncer de pulmão; ela tem uma sensibilidade de 83%, especificidade de 96% e valor preditivo negativo de 96%. Obs.: o aumento do metabolismo de glicose também ocorre nos processos inflamatórios. Obter tanto a PET quanto a TC pode acentuar a precisão no estadiamento do câncer de pulmão. A PET também acentua a detecção de metástases óssea, hepática e adrenal. No entanto, se as decisões de tratamento forem baseadas nos resultados da exploração por PET, achados positivos requerem confirmação patológica ou outra confirmação radiológica. https://drfelipeades.com/2015/03/20/aprovado-novo-metodos-para-detectar-o-cancer-de-pulmao-em-estagio-inicial/ https://drfelipeades.com/2015/03/20/aprovado-novo-metodos-para-detectar-o-cancer-de-pulmao-em-estagio-inicial/ https://drfelipeades.com/2015/03/20/aprovado-novo-metodos-para-detectar-o-cancer-de-pulmao-em-estagio-inicial/ http://cedip.com.br/tomografia-computorizada-para-rastreamento-de-cancer-do-pulmao/ http://cedip.com.br/tomografia-computorizada-para-rastreamento-de-cancer-do-pulmao/ https://teslaimagem.com.br/cancer-de-pulmao-entenda-a-importancia-do-exame-de-tomografia-para-o-diagnostico/ https://teslaimagem.com.br/cancer-de-pulmao-entenda-a-importancia-do-exame-de-tomografia-para-o-diagnostico/ https://teslaimagem.com.br/cancer-de-pulmao-entenda-a-importancia-do-exame-de-tomografia-para-o-diagnostico/ 6 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: site Jornal de Pneumologia. Em a, tomografia por emissão de pósitrons com 18F fluordesoxiglicose, referente ao caso 1, mostrando hipercaptação nas regiões correspondentes à artéria pulmonar (seta grossa branca). Houve ainda aumento de atividade metabólica em opacidade pulmonar periférica direita (seta preta) e na adrenal direita (seta fina branca). Em b, tomografia por emissão de pósitrons com 18F fluordesoxiglicose, referente ao caso 2, mostrando hipercaptação nas regiões correspondentes ao tronco da artéria pulmonar e ao ramo descendente da artéria pulmonar direita (setas grossas brancas). Acessado em 17/12/2020. http://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp ?id=1505 Fonte: site Scielo. Tomografia por emissão de pósitrons revelando captação de FDG em projeção ganglionar e parenquimatosa. Acessado em 17/12/2020. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S01 02-35862000000400005 Avaliação do Tecido Mediastinal Se um paciente com CPCNP, após o estadiamento clínico inicial, tem doença potencialmente passível de ressecção cirúrgica, os linfonodos regionais (mediastino) devem ser analisados em busca de possíveis metástases. Recomenda-se a broncoscopia com fibra óptica para obtenção de aspirados brônquico e transbrônquico com agulha fina para avaliar a existência de linfadenopatia mediastinal. Os aspirados transbrônquicos com agulha fina são positivos em 35% a 40% dos pacientes, quando a TC demonstra linfadenopatia hilar ou mediastinal. Quanto maior o tamanho do linfonodo na TC, maior a chance de o aspirado ser positivo. A mediastinoscopia transcervical constitui- se no padrão-ouro para avaliação dos linfonodos mediastinais em relação à doença metastática durante toda a vida. Os linfonodos da janela subaórtica e aortopulmonar são inacessíveis pela mediastinoscopia rotineira, e os linfonodos subcarinais podem ser de difícil acesso. A precisão do procedimento alcança 80% a 90%, com uma taxa de falso-negativos de 10% a 12%. Outros procedimentos utilizados para avaliar os linfonodos mediastinais incluem a mediastinoscopia cervical estendida, a mediastinoscopia anterior, a toracoscopia e a toracoscopia assistida por vídeo (TCVA). Fonte: site Adam. A broncoscopia é uma técnica cirúrgica para a visualização do interior das vias aéreas. Com o uso de sofisticados instrumentos de fibra óptica flexível, os cirurgiões podem explorar a traqueia, os brônquios principais e parte dos brônquios pequenos. Em adultos, o procedimento é geralmente usado para retirar amostras (biópsia) de lesões suspeitas e para a cultura de áreas específicas no pulmão. Acessado em 17/12/2020. https://ssl.adam.com/content.aspx?productId=125&pid=70& gid=1077&site=bestdoctors.adam.com&login=BEST4545 http://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp?id=1505 http://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp?id=1505 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-35862000000400005 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-35862000000400005 https://ssl.adam.com/content.aspx?productId=125&pid=70&gid=1077&site=bestdoctors.adam.com&login=BEST4545 https://ssl.adam.com/content.aspx?productId=125&pid=70&gid=1077&site=bestdoctors.adam.com&login=BEST4545 7 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: site Pinterest. Acessado em 17/12/2020. https://br.pinterest.com/pin/461478293063178048/ Fonte: site Sopterj. Mediastinoscópio Linden – Dahan. Acessado em 17/12/2020. http://www.sopterj.com.br/wp- content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2014/n_01/06.pdf Fonte: site Cirurgia Torácica do Vale. Esquema demonstrativo do mediastinoscópio em posição pré- traqueal. Acessado em 17/12/2020. https://cirurgiatoracicadovale.com.br/mediastinoscopia Cigarro O cigarro é o principal fator de risco para o câncer de pulmão. 90% dos pacientes que têm câncer de pulmão são ou foram fumantes. Desde a década de 1960 que já há evidencias científicas de que o cigarro causa câncer de pulmão. O que sabemos hoje sobre a relação do cigarro com o câncer de pulmão: 1. Quem fuma pelo menos um maço de cigarro por dia tem até 25 vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão quando comparados com não fumantes; 2. Já foram identificadas mais de 4000 substâncias tóxicas no cigarro e pelo menos 50 que comprovadamente causam câncer; 3. Após 15 anos de abstinência o risco de câncer do pulmão cai em 90%. Todavia, ele nunca será tão baixo quanto o daqueles que nunca fumaram; 4. Não existe uma quantidade mínima de cigarros por dia que seja segura, nem tipos de cigarro que não causem câncer. Sabe- se que se você já fumou mais de 100 cigarros na sua vida, você está no grupo de alto risco para câncer de pulmão. Não importa se você fuma 1 cigarro por dia ou 1 por semana; 5. Quanto maior o consumo diário, maior o risco; quanto maior o tempo de tabagismo, maior o risco; quanto mais cedo se inicia o hábito de fumar, maior o risco; 6. Fumantes passivos apresentam 25% mais risco de desenvolverem câncer de pulmão do que pessoas não expostas cronicamente à fumaça do cigarro. Obs.: assim como acontece com o cigarro, o risco de câncer com o fumo da maconha, charutos ou cachimbos também cresce proporcionalmente à quantidade fumada e ao tempo de uso. https://br.pinterest.com/pin/461478293063178048/ http://www.sopterj.com.br/wp-content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2014/n_01/06.pdf http://www.sopterj.com.br/wp-content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2014/n_01/06.pdf http://www.sopterj.com.br/wp-content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2014/n_01/06.pdf https://cirurgiatoracicadovale.com.br/mediastinoscopia 8 Khilver Doanne Sousa Soares Exposição Ocupacional Algumas pessoas trabalham em áreas ou profissões onde há exposição frequente a substâncias nocivas à saúde. A exposição a algumas substâncias químicas estão relacionadas a um maior risco de câncer de pulmão; entre as mais estudadas está o asbesto (amianto). O asbesto (amianto) é usado em várias áreas da indústria, como na mineração, construção civil, construção de navios, construção de ferroviária, indústria química, indústria automobilística, encanamentos, revestimentos à prova de fogo, isolamento acústico, fabricação de telhas de fibrocimento e mais de 2500 outros produtos. Proibido em muitos países, infelizmente o amianto ainda é legal em vários estados brasileiros devido a um forte lobby no Congresso Nacional. Outras substâncias de exposição ocupacional relacionadas a um maior risco de câncer de pulmão incluem o radônio, arsênio, cromo, formaldeído, níquel, radiação ionizante, poeira metálica e fumaça de madeira queimada. Trabalhadores expostos frequentemente a estes químicos, se forem fumantes, aumentam ainda mais o risco de desenvolverem câncer. Só como exemplo, o fumo mais a exposição ao amianto aumentam em 60 vezes o risco de câncer do pulmão. História Familiar Há claramente uma predisposição genética para o desenvolvimento do câncer de pulmão. Esta influência genética é um dos fatores que explicam o porquê de nem todos os fumantes inveterados desenvolverem câncer. Indivíduos com um parente de primeiro grau com câncer de pulmão apresentam maior risco de desenvolvê-lo, principalmente se também forem fumantes ou apresentarem alguma exposição ocupacional. Quanto mais parentes tiverem tido câncer ou quanto mais jovem sejam os familiares com câncer, maiores os riscos. A indústria tabagista tem se utilizado da tese de que o fumante tem o livre-arbítrio para optar por iniciar a prática do fumo, bem como para romper com ela a qualquer momento, sendo esta decisão exclusivamente do consumidor. Percebe-se, nesta perspectiva, que existem outros fatores que podem influenciar nesta decisão, tais como: situação social, aspectos da personalidade e dependência causada por substâncias tóxicas, entre elas, a nicotina. Esta substância, chamada de nicotina, possui um potencial muito grande para viciar, inclusive, muito maior que a capacidade do álcool, por exemplo. Se a fumaça do cigarro for inalada frequentemente, por algumas semanas ou meses, já é o suficiente para viciar o usuário e, se ele interromper o uso, vai imediatamente sentir a falta, pois a fumaça é rica em nicotina. Verifica- se, portanto, que as pessoas não fumam “socialmente” ou por prazer, e sim em razão da dependência ou vício causado por esta substância. Percebe-se ainda que, geralmente, as pessoas que não são adeptas ao uso não suportam o cheiro do cigarro, deixando evidente que a prática do fumo não se trata de hábito e sim de um vício. O uso contínuo da nicotina faz com que o organismo do fumante se acostume rapidamente com ela, e a sua dependência pode restar configurada de 01 (um) a 03 (três) meses. Estando nesta condição de dependência, a ausência desta substância gera um desconforto no indivíduo, e pode contribuir com o surgimento de alguns sintomas, tais como: ansiedade, irritação, vômito, sono, depressão, entre outros. Ciclo Celular e os Mecanismos de Controle A função mais básica do ciclo celular é duplicar de maneira acurada a grande quantidade de DNA nos cromossomos e então segregar o DNA para as células-filhas geneticamente idênticas, de modo que cada célula receba uma 9 Khilver Doanne Sousa Soares cópia completa de todo o genoma. Na maioria dos casos, a célula também duplica suas outras macromoléculas e organelas e duplica seu tamanho antes de se dividir. Caso contrário, a cada vez que a célula se dividisse ela ficaria cada vez menor. Assim para manter seu tamanho, as células em divisão coordenam o seu crescimento com a sua divisão. A divisão do núcleo (mitose) e a divisão da célula (citocinese) constituem a fase M do ciclo. O período entre uma fase M e outra é chamado interfase. Embora pareça ao microscópio um período ilusoriamente de estagnação e repouso celular, a interfase é o momento em que, interiormente, a célula está em intensa proliferação e compreende as outras 3 fases do ciclo. Fonte: site Biologia Net. O ciclo celular pode ser dividido em duas grandes fases: a interfase e a mitose (divisão da célula). Acessado em 20/12/2020. https://www.biologianet.com/biologia-celular/ciclo- celular.htm Durante as fases do intervalo a célula monitora tanto o seu estado interno como externo. Esse monitoramento assegura que as condições estejam adequadas para reprodução e que os preparativos estejam completos antes de a célula se comprometer com a principal revolução da fase S (após G1) e a mitose (depois de G2). Obs.: em determinados pontos em G1 e G2 a célula decide se vai prosseguir para a próxima fase ou interromper o processo. Para assegurar que replicarão todo o seu DNA e organelas e se dividirão de maneira ordenada, as células eucarióticas possuem uma rede complexa de proteínas reguladoras conhecidas como sistema de controle do ciclo celular. Isso garante que os eventos do ciclo celular ocorram na sequência estabelecida e que cada processo tenha sido completado antes que o próximo se inicie. Para tal, o próprio sistema de controle é regulado em determinados pontos críticos do ciclo mediante retroalimentação a partir dos processos que estão sendo realizados. O sistema de controle do ciclo celular consegue tudo isso empregando mecanismos moleculares (pontos de verificação) para pausar o ciclo em determinados pontos de transição. Assim o sistema de controle não aciona a próxima etapa no ciclo, a não ser que a célula estejapreparada apropriadamente. Fonte: Fundamentos da Biologia Celular. ALBERTS, Bruce. et. al. 4. ed. Vasos Sanguíneos e Linfáticos do Pulmão Fonte: site KEN HUB. Acessado em 20/12/2020. https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/pulmao https://www.biologianet.com/biologia-celular/ciclo-celular.htm https://www.biologianet.com/biologia-celular/ciclo-celular.htm https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/pulmao 10 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: site Anatomia e Fisioterapia. Acessado em 20/12/2020. https://anatomiaefisioterapia.com/10-vasos- sanguineos/ A artéria pulmonar só se estende por 5 centímetros além do ápice do ventrículo direito, dividindo-se nos ramos principais direito e esquerdo, que suprem os dois respectivos pulmões. As veias pulmonares, como as artérias pulmonares, também são curtas. Elas drenam imediatamente seu sangue efluente no átrio esquerdo, sangue este que é bombeado pelo lado esquerdo do coração para toda a circulação sistêmica. O sangue também flui para os pulmões pelas pequenas artérias brônquicas originárias na circulação sistêmica, sendo responsável por 1% a 2% do débito cardíaco total. Esse sangue da artéria brônquica é sangue oxigenado, em contraste com o sangue parcialmente desoxigenado encontrado nas artérias pulmonares. Ele supre os tecidos de suporte dos pulmões, incluindo o tecido conjuntivo, os septos e os grandes e pequenos brônquios. Os vasos linfáticos estão em todo o tecido de suporte do pulmão, começando nos espaços de tecido conjuntivo que circundam os bronquíolos terminais, cursando para o hilo do pulmão e, desse ponto, principalmente para o ducto linfático torácico direito. Características Gerais das Neoplasias Malignas Enquanto as neoplasias malignas exibem uma ampla gama de diferenciação das células parenquimatosas, a maioria exibe alterações morfológicas que traem sua natureza maligna. Entretanto, há exceções. Em uma extremidade do espectro, certos adenocarcinomas bem diferenciados da tireoide, por exemplo, formam folículos de aspecto normal, e alguns carcinomas de células escamosas contêm células que parecem idênticas às células epiteliais escamosas normais. Assim, a distinção morfológica entre os tumores malignos bem diferenciados e os tumores benignos pode ser bastante sutil. Na outra extremidade do espectro estão os tumores que exibem pouca ou nenhuma evidência de diferenciação. Entre os dois extremos estão os tumores que são imprecisamente referidos como moderadamente diferenciados. Neoplasias malignas que são compostas por células pouco diferenciadas são denominados anaplásicas. A falta de diferenciação, ou anaplasia, é considerada uma marca da malignidade. O termo anaplasia significa “formar- se para trás”, indicando uma reversão da diferenciação para um nível mais primitivo. A questão se a maioria dos cânceres de fato se origina de uma “diferenciação reversa” das células normais maduras ao invés da diferenciação incompleta de células menos maduras é um item fundamental. Pleomorfismo (uma variação no tamanho e na forma). Células dentro do mesmo tumor não são uniformes, mas variam desde células pequenas com um aspecto indiferenciado, até células tumorais gigantes, muitas vezes maiores do que as suas vizinhas. Algumas células tumorais gigantes possuem apenas um único núcleo gigante polimórfico, enquanto outras apresentam dois ou mais grandes núcleos hipercromáticos. Essas células gigantes não devem ser confundidas com as células de Langhans ou células gigantes tipo corpo estranho inflamatórias, que são derivadas dos macrófagos e contêm muitos núcleos pequenos de aspecto normal. Morfologia Nuclear Anormal. Caracteristicamente, os núcleos são desproporcionalmente grandes para a célula, com uma razão núcleo-citoplasma que pode chegar a https://anatomiaefisioterapia.com/10-vasos-sanguineos/ https://anatomiaefisioterapia.com/10-vasos-sanguineos/ 11 Khilver Doanne Sousa Soares 1:1, em vez da relação normal de 1:4 ou 1:6. A forma do núcleo é variável e muitas vezes irregular, e a cromatina está normalmente agrupada de forma desordenada e distribuída pela membrana nuclear, ou com uma coloração mais escura que o normal (hipercromática). Nucléolos anormais grandes também são comumente observados. Mitoses. Diferentemente dos tumores benignos e de algumas neoplasias malignas bem diferenciadas, nos tumores indiferenciados, muitas células estão na mitose, refletindo atividade proliferativa maior das células parenquimatosas. A presença de mitoses por si só não indica que um tumor seja maligno ou tecido neoplásico. As mitoses são indicativas de crescimento celular rápido. Desse modo, as células em mitose são muitas vezes observadas em tecidos normais que apresentam rápida renovação, como o revestimento epitelial do intestino e as proliferações não neoplásicas tais como as hiperplasias. Mais importante como característica morfológica de malignidade são as figuras mitóticas atípicas, bizarras, algumas vezes com fusos tripolares, quadripolares ou multipolares. Perda de Polaridade. Além das anormalidades citológicas, a orientação das células anaplásicas é significativamente alterada. Lençóis ou grandes massas de células tumorais crescem de maneira anárquica e desorganizada. Hemoptise É a eliminação de sangue pela boca, através da glote, proveniente dos brônquios ou pulmões. Nas hemoptises de origem brônquica, o mecanismo é a ruptura de vasos previamente sãos, como ocorre no carcinoma brônquico, ou de vasos anormais, dilatados, neoformados, como sucede nas bronquiectasias e na tuberculose. Os tecidos não respiratórios do pulmão recebem irrigação das artérias brônquicas, que são ramos da aorta e, portanto, têm pressões mais elevadas em relação ao território das artérias pulmonares. Por essa razão, a maioria das hemoptises (95% dos casos) origina-se das artérias brônquicas. Para entender melhor a origem das hemoptises, deve-se lembrar que há no pulmão duas circulações: a sistêmica e a pulmonar. A circulação sistêmica é de alta pressão e corresponde às artérias brônquicas. A circulação apresenta pressão bem menor, sendo formada pelos ramos da artéria pulmonar. Há ocasiões em que é possível suspeitar de qual circulação provém o sangue: as hemoptises originadas nas artérias brônquicas, em geral, são maciças, o sangue pode ser recente ou não, saturado ou não, com ou sem catarro. É o que ocorre nas bronquiectasias, na estenose mitral e nas fístulas arteriovenosas. Quando o sangue provém de ramos da artéria pulmonar, seu volume costuma ser menor, como se observa nas pneumonias, nas broncopneumonias, nos abscessos e no tromboembolismo. O diagnóstico etiológico é a próxima etapa, embora se saiba que 10 a 20% das hemoptises ficam sem diagnóstico quanto à sua causa. Atualmente, a causa mais frequente são as bronquiectasias. Contudo, a tuberculose ainda é responsável por um grande número de casos, juntamente com a aspergilose oportunística que se instala nas cavernas saneadas (fungus ball). As hemoptises podem ocorrer com ou sem ruptura vascular. O aspecto arejado do sangue, elemento diagnóstico importante, nem sempre é verificável devido à secreção mucopurulenta. Em pacientes que alcançam a idade adulta, periodicamente acometidos de hemoptises, o diagnóstico pode ser facilitado, uma vez que se encontre em sua história relato de doença anteriormente diagnosticada. Isto ocorre, com frequência, nas fibroses residuais dos tuberculosos curados, portadores de cavernas saneadas habitadas por Aspergillus, e nos bronquíticos crônicos com bronquiectasias. Na hemoptise que surge pela primeira vez em paciente adulto do sexo masculino, fumante durante muitos anos, aventa-se logo a hipótese de lesão brônquica maligna. 12 Khilver Doanne Sousa Soares Em contraposição, um primeiro episódio hemoptoico em um jovem, em aparente bom estado de saúde, não tem o mesmosignificado. Com razão, tal fato era chamado de “hemoptise providencial”, por possibilitar o diagnóstico precoce da tuberculose. Na infância, as causas mais frequentes de hemoptise ou de expectoração hemoptoica são as pneumonias bacterianas e os corpos estranhos. Nos jovens, a tuberculose e a estenose mitral. Em nosso meio, a paracoccidioidomicose é causa comum de hemoptise, sobretudo pela sua possível associação à tuberculose. As hemoptises devidas ao adenoma brônquico e ao tumor carcinoide são, em geral, de certo volume, sendo o primeiro mais comum na mulher. Os bronquíticos raramente apresentam hemoptise, embora com frequência tenham estrias de sangue no escarro. Hemoptise em paciente submetido a intervenção cirúrgica recente faz pensar em embolia pulmonar. A ausculta muitas vezes possibilita determinar o local de origem do sangramento. A radiografia do tórax deve ser feita logo que as condições do paciente a viabilizem. O exame broncoscópico é obrigatório mesmo durante o episódio de sangramento. Causas de Hemoptise Vias Respiratórias Vasos Pulmonares Tuberculose Infarto pulmonar Câncer de laringe Fístula arteriovenosa Traqueíte Vasculites Bronquite Estenose mitral Corpo estranho Edema pulmonar Bronquiectasia Aneurisma da aorta Carcinoma brônquico Obstrução venosa Adenoma brônquico Iatrogênicas Parênquima Pulmonar Broncoscopia Tuberculose Punção torácica Pneumonia Cateter de Swan-Ganz Micose Outras Supuração crônica ñ tuberculosa Alterações de coagulação Abcesso Parasitoses pulmonares Neoplasias primitivas Fibrose cística Neoplasias metastáticas Traumatismos Síndrome de Goodpasture Hemossiderose Cistos e bolhas (blebs) Fonte: WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia Ilustrada (adaptado). 6. ed. Cuidados Paliativos Na primeira definição da OMS para cuidados paliativos, em 1998, estes foram categorizados como o último estágio de cuidado: "cuidados oferecidos por uma equipe interdisciplinar voltados para pacientes com doença em fase avançada, ativa, em progressão, cujo prognóstico é reservado e o foco da atenção é a qualidade de vida" (p. 3). Entretanto, é sabido que os cuidados paliativos podem e devem ser oferecidos o mais cedo possível no curso de qualquer doença crônica potencialmente fatal, para que esta não se torne difícil de tratar nos últimos dias de vida. A mais recente definição da OMS estabelece que "cuidados paliativos é uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares frente a problemas associados à doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando a dor e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais" (p. 84). Hoje a ciência médica pode lutar contra uma doença potencialmente fatal e a morte, onde uma vez o médico apenas podia oferecer conforto e segurança. É comum na prática médica (ou dos profissionais de saúde) prolongar a vida a qualquer custo (e muitas vezes com sucesso). A morte, desta forma, passa a ser entendida como um fracasso e por este motivo deve ser "escondida". Nos Estados Unidos, menos de 10% da população morre devido a um infarto, acidente ou um evento inesperado. Mais de 90% morre de doença crônica, lentamente progressiva, com um período terminal de poucos meses ou semanas (como o câncer) ou de progressão lenta com períodos cíclicos de crise até advir a morte (insuficiência cardíaca e demência). Das diversas causas de morte no mundo, o câncer é a única que continua a crescer independente do país ou 13 Khilver Doanne Sousa Soares continente e, nos países em desenvolvimento, é atualmente responsável por uma entre dez mortes. Cuidados paliativos é reconhecido como uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos indivíduos e familiares na presença de doenças terminais. Controle dos sofrimentos físico, emocional, espiritual e social são aspectos essenciais e orientadores do cuidado. Pode ser oferecido em instituições de saúde bem como na própria residência. Pode e deve ser oferecido aos indivíduos com doença terminal (desde seu diagnóstico até o momento da morte) e aos seus familiares (durante o curso da doença e em programas de enlutamento). Inicialmente, cuidados paliativos eram oferecidos aos indivíduos com câncer, entretanto, ao mesmo tempo em que esse tipo de cuidado ganhou prestígio, cresceu o interesse em oferecê-lo a indivíduos portadores de doenças que não o câncer. De acordo com o The Hospice Information Service do St. Christopher's Hospice, em Londres, existem mais de 7.000 hospices ou serviços de cuidados paliativos em mais de 90 países em todo o mundo. Na América Latina existem mais de 100 serviços de cuidados paliativos. No Brasil, apesar dos dados não serem oficiais, existem cerca de 30 serviços de cuidados paliativos. A discussão atual volta-se para a possibilidade de entender cuidados paliativos como um conceito que permeia todo o cuidado, ou seja, do diagnóstico à morte, incluindo o processo de luto. Em síntese, cuidados paliativos e hospice afirmam seis princípios: valoriza a vida e considera a morte como um processo natural; nem abrevia nem prolonga a vida; provê o alívio da dor e outros sintomas; integra os aspectos psicológicos e espirituais dos cuidados, permitindo oportunidades para o crescimento; oferece uma equipe interdisciplinar e um sistema de suporte para a família durante a doença do indivíduo e no período de enlutamento. Opioides (mec. ação) Os efeitos mais importantes dos opioides são mediados por três famílias de receptores, designadas comumente μ (mi), κ (capa) e δ (delta). Cada família de receptores apresenta uma especificidade diferente para os fármacos com os quais ela se liga. A propriedade analgésica dos opioides é mediada primariamente pelos receptores μ, que modulam respostas nociceptivas térmicas, mecânicas e químicas. Os receptores κ no corno dorsal também contribuem para a analgesia modulando a resposta à nocicepção química e térmica. As encefalinas interagem mais seletivamente com os receptores δ na periferia. Os três receptores opioides são membros da família de receptores acoplados à proteína G e inibem a adenilciclase. Eles também estão associados a canais iônicos, aumentando o efluxo pós-sináptico de K+ (hiperpolarização) ou reduzindo o influxo pré- sináptico de Ca2+, impedindo, assim, o disparo neuronal e a liberação do transmissor. 14 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia Ilustrada. 6. ed. Mecanismo de ação do agonista do receptor μ de opioide na medula espinal. A morfina é o principal fármaco analgésico presente no ópio bruto, sendo o protótipo do agonista μ potente. A codeína também está presente no ópio bruto, em menores concentrações, e é menos potente, o que a torna protótipo dos agonistas opioides fracos. Comparar os opioides disponíveis com a morfina é útil na identificação de diferenças para orientar a seleção de um regime seguro e efetivo de controle da dor. Morfina I. Mecanismo de ação. A morfina e outros opioides exercem seus efeitos principais interagindo estereoespecificamente com os receptores opioides nas membranas de certas células no SNC e em outras estruturas anatômicas, como o trato gastrintestinal (TGI) e a bexiga. A morfina atua também em receptores κ na lâmina I e II do corno dorsal da medula espinal. Ela diminui a liberação de substância P que modula a percepção da dor na medula espinal. Obs.: A morfina também parece inibir a liberação de vários transmissores excitatórios dos terminais nervosos que levam a estímulos nociceptivos (dolorosos). II. Ações. a) Analgesia. A morfina e outros opioides causam analgesia (alívio da dor sem perda de consciência) e aliviam a dor, aumentando o seu limiar no nível da medula espinal e, de forma mais importante, alterando a percepção da dor no cérebro; b) Euforia.A morfina produz uma forte sensação de contentamento e bem-estar. A euforia pode ser causada pela desinibição dos neurônios que contêm dopamina da área tegmento ventral; c) Respiração. A morfina causa depressão respiratória pela dessensibilização ao dióxido de carbono dos neurônios do centro respiratório. Esse efeito pode ocorrer com doses normais de morfina em pacientes virgens para esse fármaco e acentuar-se à medida que a dose aumenta até que, por fim, a respiração cessa; Obs.: A depressão respiratória é a causa mais comum de morte nos casos de superdose aguda de opioides. d) Depressão do Reflexo da Tosse. Morfina e codeína possuem propriedades antitussígenas. Essas propriedades não demonstram relação ao efeito analgésico já que os receptores envolvidos na ação antitussígena parecem ser diferentes daqueles envolvidos na analgesia; e) Miose. A pupila puntiforme, característica do uso da morfina, resulta do estímulo dos receptores μ e κ. Há pouca tolerância ao efeito, e todos os viciados em morfina apresentam pupilas puntiformes; f) Êmese. A morfina estimula diretamente a zona quimiorreceptora disparadora na área postrema que causa êmese; g) TGI. A morfina alivia a diarreia ao diminuir a motilidade e aumentar o tônus do 15 Khilver Doanne Sousa Soares músculo liso circular intestinal. Ela também aumenta o tônus do esfíncter anal. No geral, a morfina e outros opioides provocam constipação, com pouco desenvolvimento de tolerância. A morfina também pode aumentar a pressão no trato biliar, devido à contração da vesícula biliar e à constrição do esfíncter biliar; h) Sistema Cardiovascular. A morfina em dosagens baixas não tem efeito significativo na pressão arterial ou na frequência cardíaca. Com doses altas pode ocorrer hipotensão e bradicardia; i) Liberação de Histamina. A morfina libera histamina dos mastócitos, causando urticária, sudoração e vasodilatação; j) Ações Hormonais. A morfina aumenta a liberação de hormônio do crescimento e aumenta a secreção de prolactina. Ela aumenta o hormônio antidiurético, causando retenção urinária; k) Parto. A morfina pode prolongar o segundo estágio do trabalho de parto, diminuindo temporariamente a força, a duração e a frequência das contrações uterinas. III. Farmacocinética. a) Administração. Por causa da significativa biotransformação de primeira passagem da morfina no fígado, a injeção intramuscular (IM), subcutânea (SC) ou intravenosa (IV) produz respostas mais confiáveis. A absorção da morfina no TGI após administração oral é lenta e errática; b) Distribuição. A morfina entra rapidamente nos tecidos corporais, incluindo o feto da gestante. Ela não deve ser usada para analgesia durante o parto. Recém-nascidos de mães adictas apresentam dependência física de opioides, manifestando sintomas de abstinência se o opioide não for administrado. Apenas uma pequena fração de morfina atravessa a barreira hematoencefálica, porque a morfina é o fármaco menos lipofílico dos opioides comuns; c) Destino. A morfina é conjugada com ácido glicurônico no fígado, formando dois metabólitos principais. A morfina-6- glicuronídeos é um analgésico muito potente, e a morfina-3-glicuronídeo não tem atividade analgésica, mas se acredita que provoque os efeitos neuroexcitatórios observados com as doses altas de morfina. Os conjugados são excretados primariamente na urina, e pequenas quantidades aparecem na bile. A duração de ação da morfina é de 4 a 5 horas quando é administrada sistemicamente em indivíduos nunca expostos, mas é consideravelmente mais longa quando injetada por via epidural, porque sua baixa lipofilicidade retarda a redistribuição do espaço epidural; d) Interações Farmacológicas. As interações de fármacos com morfina são raras; contudo, as suas ações depressivas são potenciadas pelos fenotiazínicos, pelos inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) e pelos antidepressivos tricíclicos. Referências KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N.; ASTER, J.C. Robbins & Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia Ilustrada, 6ed. Porto Alegre: Artmed, 2016 SILVA, Ronaldo Corrêa Ferreira da Silva; HORTALE, Virginia Alonso. Cuidados paliativos oncológicos: elementos para o debate de diretrizes nesta área. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.22, n.10, p.2055-2066, 2006. 16 Khilver Doanne Sousa Soares FILHO, Geraldo Brasileiro. Bogliolo Patologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman Cecil Medicina, 24. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. ALBERTS, Bruce. et. al. Fundamentos da Biologia Celular. Porto Alegre: Artmed, 2017. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________
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