Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
ANSG PED VALIDA??O MAIARA.pdf J Pediatr (Rio J). 2015;91(6):596---602 www.jped.com.br ARTIGO ORIGINAL Validation of a subjective global assessment questionnaire�,�� Maiara P. Carniel a,∗, Daniele Santetti a, Juliana S. Andrade a, Bianca P. Faverob, Tábata Moschen c, Paola A. Camposd, Helena A.S. Goldanie e Cristina T.L. Dornelles a a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil b Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, RS, Brasil c Centro Universitário La Salle (Unilasalle), Canoas, RS, Brasil d Centro Universitário Franciscano (Unifra), Santa Maria, RS, Brasil e Departamento de Pediatria, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil Recebido em 23 de outubro de 2014; aceito em 11 de março de 2015 KEYWORDS Nutritional assessment; Children; Adolescents; Anthropometry; Validation studies Abstract Objective: To validate the Subjective Global Nutritional Assessment (SGNA) questionnaire for Brazilian children and adolescents. Methods: A cross-sectional study with 242 patients, aged 30 days to 13 years, treated in pedia- tric units of a tertiary hospital with acute illness and minimum hospitalization of 24 hours. After permission from the authors of the original study, the following criteria were observed to obtain the validation of SGNA instruments: translation and backtranslation, concurrent validity, pre- dictive validity, and inter-observer reliability. The variables studied were age, sex, weight and length at birth, prematurity, and anthropometry (weight, height, body mass index, upper arm circumference, triceps skinfold, and subscapular skinfold). The primary outcome was conside- red as the need for admission/readmission within 30 days after hospital discharge. Statistical tests used included ANOVA, Kruskal-Wallis, Mann-Whitney, chi-squared, and Kappa coefficient. Results: According to SGNA score, 80% of patients were considered as well nourished, 14.5% moderately malnourished, and 5.4% severely malnourished. Concurrent validity showed a weak correlation between the SGNA and anthropometric measurements (p < 0.001). Regarding pre- dictive power, the main outcome associated with SGNA was length of admission/readmission. DOI se refere ao artigo: http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2015.03.005 � Como citar este artigo: Carniel MP, Santetti D, Andrade JS, Favero BP, Moschen T, Campos PA, et al. Validation of a subjective global assessment questionnaire. J Pediatr (Rio J). 2015;91:596---602. �� Estudo conduzido no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. ∗ Autor para correspondência. E-mail: maiara carniel@yahoo.com.br (M.P. Carniel). 2255-5536/© 2015 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. Documento descarregado de http://jped.elsevier.es el 11/04/2016. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma. SGNA for Brazilian children and adolescents 597 Secondary outcomes associated included the following: length of stay at the unit after SGNA, weight and length at birth, and prematurity (p < 0.05). The interobserver reliability showed good agreement among examiners (Kappa = 0.74). Conclusion: This study validated the SGNA in this group of hospitalized pediatric patients, ensuring its use in the clinical setting and for research purposes in the Brazilian population. © 2015 Sociedade Brasileira de Pediatria. Published by Elsevier Editora Ltda. All rights reserved. PALAVRAS-CHAVE Avaliação nutricional; Crianças; Adolescentes; Antropometria; Estudos de validação Validação de um questionário de avaliação nutricional subjetiva global Resumo Objetivo: Validar o questionário de Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) para a população de crianças e adolescentes brasileiros. Métodos: Estudo transversal, feito com 242 pacientes, de 30 dias a 13 anos, atendidos em unidades pediátricas de um hospital terciário, com doenças agudas e tempo de permanência mínima de 24 horas hospitalizados. Após autorização dos autores do estudo original foram cum- pridas as seguintes etapas para obtenção da validação dos instrumentos de ANSG: tradução (backtranslation), validade de critério concorrente e preditiva e confiabilidade interobserva- dor. As variáveis em estudo foram: idade, sexo, peso e comprimento ao nascer, prematuridade e antropometria (peso, estatura, índice de massa corporal, circunferência braquial, dobra cutâ- nea tricipital e dobra cutânea subescapular). O desfecho principal considerado foi necessidade de internação/reinternação até 30 dias após a alta hospitalar. Os testes estatísticos usados foram: Anova, Kruskal-Wallis, Mann-Whitney, qui-quadrado e coeficiente Kappa. Resultados: De acordo com a classificação do ANSG, 80% dos pacientes foram classificados como bem nutridos, 14,5% moderadamente desnutridos e 5,4% gravemente desnutridos. A validade concorrente mostrou fraca a regular correlação do ANSG com as medidas antropométricas usa- das (p < 0,001). Quanto ao poder preditivo, o desfecho principal associado ao ANSG foi tempo de internação/reinternação. Os desfechos secundários associados foram: tempo de perma- nência na unidade após ANSG, peso e comprimento ao nascer e prematuridade (p < 0,05). A confiabilidade interobservador mostrou boa concordância entre os avaliadores (Kappa = 0,74). Conclusão: Este estudo validou o método de ANSG nessa amostra de pacientes pediátricos hos- pitalizados e possibilitou seu uso para fins de aplicação clínica e de pesquisa na população brasileira. © 2015 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. Introdução Nas últimas décadas, houve expressiva redução na pre- valência de desnutrição em crianças no mundo.1 Apesar disso, os índices de letalidade por desnutrição grave de crianças em tratamento hospitalar permanecem elevados.2-4 Diversos estudos relatam uma prevalência de desnutrição relacionada à doença de base de 6% a 51% em crianças hospitalizadas.5-7 Porém, a falta de consenso sobre a definição, os méto- dos de rastreamento nutricionais heterogêneos e o fato de a nutrição não ser priorizada como parte do atendi- mento ao paciente são alguns dos fatores responsáveis pelo sub-reconhecimento da prevalência de desnutrição e seu impacto sobre os resultados clínicos. Recentemente, uma nova definição de desnutrição hospitalar em crianças vem sendo usada. Essa definição incorpora os conceitos de cro- nicidade, etiologia e patogenia da desnutrição, sua relação com a inflamação e seu impacto sobre as alterações funcio- nais corporais.8 Nesse sentido, é fundamental conhecer e acompanhar o estado nutricional de crianças hospitalizadas, para melhor compreender os fatores que contribuem para a ocorrência de complicações, o aumento do tempo de permanência em ambiente hospitalar e o consequente aumento dos custos dos sistemas de saúde.5,9-11 A avaliação nutricional subjetiva é um método de avaliação baseado no julgamento clinic, tem sido ampla- mente usado para avaliar o estado nutricional de adultos com propósitos de pesquisa clínica7 e é considerado um fator preditivo para morbidade e mortalidade.12 Diferencia-se dos demais métodos de avaliação nutricional por englobar não apenas alterações da composição corporal, mas também a alteração funcional do paciente13 e avaliar a possível presença de riscos nutricionais com base na história clí- nica e no exame físico. É um método simples, rápido, de baixo custo e não invasivo e pode ser aplicado à beira do leito.12 O questionário adaptado por Secker & Jeejeebhoy7 para a população pediátrica foi designado como SGNA (Subjec- tive Global Nutritional Assesment), no qual são avaliados os seguintes parâmetros: altura atual da criança e histórico de peso, alturas dos pais, consumo alimentar, frequên- cia e duração de sintomas gastrointestinais e capacidade Documento descarregado de http://jped.elsevier.es el 11/04/2016. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma. 598 Carniel MP et al. funcional atual e recentes mudanças. Relaciona ainda a nutrição com o exame físico. A presença de alterações funcionais parece ser o fator determinante na ocorrência de complicações associadas à desnutrição. Assim, é de fundamental importância a detecção precoce do risco nutricional por meio de um método adequado, sensível para identificar alterações em estágio inicial, específico para ser mudado apenas por desequilíbrios nutricionais e corrigido a partir de uma intervenção nutricional.14 Diante da necessidade de validação de um método con- fiável de avaliação nutricional de crianças e adolescentes em nosso meio, o objetivo deste estudo foi validar o SGNA em uma população de crianças e adolescentes brasileiros. Métodos População Estudo transversal, feito com 242 pacientes, entre 30 dias e 13 anos, em Porto Alegre (RS), Região Sul do Brasil. Os pacientes foram arrolados nas Unidades Pediátricas de Emergência e Internação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Considerou-se como fator em estudo a avaliação do estado nutricional a partir de dados objetivos e sub- jetivos. Os desfechos analisados foram: necessidade de internação (pacientes procedentes da sala de observação da emergência) ou de reinternação (pacientes procedentes da enfermaria pediátrica). A coleta compreendeu maio de 2012 a junho de 2013. Os critérios de inclusão para o estudo foram: crianças e adolescentes, entre 30 dias e 19 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico clínico de doenças agudas Heading15 e tempo de permanência mínima de 24 horas nas Unidades Pediátricas de Emergência e Internação. Os critérios de exclusão foram: atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (segundo informação dos pais); patologias crônicas de base (malformações congênitas, erros inatos do metabolismo, cardiopatias, neuropatias, hepatopatias, imunodeprimidos, filhos de mãe HIV+); uso crônico de medicação, à exceção de sulfato ferroso e polivitamínico em doses profiláticas; internação durante os 30 dias prévios à avaliação para o estudo; pacientes com menos de um mês de vida; processo infeccioso nos últimos sete dias; impossibi- lidade de avaliação antropométrica; pacientes e cuidadores que não falassem a língua portuguesa. As informações clíni- cas relacionadas às patologias de base foram coletadas do prontuário e confirmadas com a equipe médica assistente. O projeto de pesquisa elaborado para o desenvolvimento deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (Projeto n◦ 11-0339). Para viabilizar a participação do paciente no estudo, foi assinado pelos pais e/ou responsáveis o Termo de Consenti- mento Livre e Esclarecido (TCLE). Processo de validação do instrumento Inicialmente, foi obtida autorização dos autores para reprodução e uso dos questionários de ANSG que advieram da tese de PhD intitulada ‘‘Nutritional Assessment in Children: A Comparison of Clinical Judgment and Objective Measu- res’’.16 Em seguida, fez-se a tradução dos questionários, por meio do método de retrotradução (backtranslation),17 em obediência às seguintes etapas: primeiramente, tradução do idioma inglês para o português; num segundo momento, os novos questionários foram vertidos do português para o inglês novamente. Na terceira etapa, foi feita uma comparação dos instrumentos por um tradutor bilíngue cuja língua materna é o inglês, que verificou se os novos ques- tionários se mantiveram fiéis ao conteúdo e à estrutura originais. As etapas dessa tradução foram feitas por três tradutores independentes. Após, foi feita a validação da tradução, que compreende a avaliação da confiabilidade e da validade. Desenho do estudo Após treinamento prévio dos pesquisadores para padronização da obtenção das medidas antropométricas18 e da aplicação do questionário de ANSG,7,19 cada criança foi avaliada por duas pesquisadoras independentes e cegadas entre si. Uma delas coletou os dados antropométricos e a outra aplicou o questionário do ANSG. Para testar a reprodutibilidade interobservador do ANSG, 61 pacientes (25% da população em estudo) selecionados ao acaso foram avaliados por uma terceira colaboradora, que também aplicou o questionário de ANSG. Os dados objetivos e subjetivos foram coletados em até 48 horas após admissão hospitalar do paciente. Após 30 dias da alta, foi feita uma busca no prontuário, a fim de se observar o desfecho de necessidade de internação/reinternação. Os dados foram digitados em um banco de dados no programa Microsoft Excel (Microsoft®, 2007, EUA) e exportado para SPSS (version 18.0, Chicago, EUA). Para análise dos dados antro- pométricos, foram usados os softwares Anthro e Anthro Plus (versão 3.2.2, World Health Organization, Genebra, Suíça). Avaliação nutricional subjetiva global Os avaliadores usaram o questionário de ANSG (Anexo A e B) para guiar a entrevista e obter informações da história clínica do paciente, como: a altura atual do paciente e o histórico de peso, as alturas dos pais, o consumo alimentar (volume, tipo e frequência das mamadas, alimentos líquidos e sólidos para lactentes, frequência de alimentação e breve descrição de ingestão típica de um dia; avaliação de apetite e mudanças recentes; alimentação ou problemas alimenta- res e restrições dietéticas), a frequência e a duração de sintomas gastrointestinais (perda de apetite, vômitos, diar- reia, constipação, dor abdominal e náusea) e da capacidade funcional atual e as recentes mudanças (estado de alerta, quantidade de energia ou atividade e frequência escolar, capacidade de correr e brincar em jogos ou esportes e tempo de sono). O questionário, ainda, relaciona a nutrição com o exame físico e foca em locais específicos do corpo para detectar os sinais de perda de gordura (bochechas, bíceps e tríceps, costelas e nádegas) e músculo (clavícula, ombro, escápula, quadríceps, joelho e panturrilha), bem como o edema (tornozelo e sacro). Considera a presença ou a ausência de características históricas específicas as demandas metabólicas da condição subjacente e os sinais físicos associados com a desnutrição e chega a uma avaliação Documento descarregado de http://jped.elsevier.es el 11/04/2016. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma. SGNA for Brazilian children and adolescents 599 global do estado nutricional do paciente e à atribuição de uma classificação global: bem nutrido, moderadamente des- nutrido ou gravemente desnutrido (Anexo C). O ANSG não usa um sistema rígido de pontuação baseado em critérios específicos.7 Avaliação nutricional objetiva As seguintes medidas antropométricas foram analisadas: peso; estatura; índice de massa corporal (IMC); circun- ferência braquial (CB); dobra cutânea tricipital (DCT) e dobra cutânea subescapular (DCS). Nas crianças menores de 24 meses as medidas de peso foram coletadas com as crianças sem roupas e sem fraldas. As crianças maiores de 24 meses e os adolescentes foram pesados com avental e sem calçados. Usou-se balança eletrônica da marca Filizola® (Filizola®, SP, Brasil). As medidas de estatura foram coletadas com o uso de uma prancha com lâmina de madeira fixa de um lado e móvel do outro (topo da cabeça na parte fixa) (WCS®, Brasil). A parte móvel foi colocada de modo a ficar paralela aos pés da criança. Nas crianças menores de 24 meses, o com- primento foi estabelecido em decúbito dorsal por meio da mensuração com uma régua fixada na prancha. As crianças maiores de 24 meses e os adolescentes foram medidos na posição vertical com régua antropométrica (WISO®, Brasil) fixada na parede e com o cursor móvel graduado em centí- metros. As medidas de CB foram aferidas com o uso de fita métrica em fibra de vidro flexível e retrátil. Circundou-se a porção média do braço não dominante com o braço rela- xado. As medidas de DCT foram tomadas na face posterior do braço não dominante, paralelamente ao eixo longitudinal, no ponto médio entre o acrômio e olecrano. As medidas de DCS foram tomadas com o braço não dominante relaxado ao longo do corpo, obliquamente em relação ao eixo longitudi- nal, de acordco com a orientação dos arcos costais, e foram localizadas a dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula. As dobras foram aferidas em triplicata e usou-se o adipô- metro científico (Cescorf®, Brasil). Todos os equipamentos estavam calibrados e as técnicas para aferição das medi- das eram padronizadas.18 A avaliação antropométrica e a classificação do estado nutricional foram feitas a partir dos seguintes critérios e ferramentas da Organização Mundial de Saúde (2006; 2007):20,21 Crianças de zero a cinco anos: foi usado o software WHO Anthro (versão 3.2.2, 2011, World Health Organization, Genebra, Suíça), que determina escores-z para as relações Peso/Estatura (P/E), Peso/Idade (P/I), Estatura/Idade (E/I), Índice de Massa Corporal/Idade (IMC/I), Circunferência Bra- quial/Idade (CB/I), Dobra Cutânea Tricipital/Idade (DCT/I) e Dobra Cutânea Subescapular/Idade (DCS/I). Crianças acima de cinco anos: foi usado o software WHO Anthro Plus (versão 3.2.2, 2009, World Health Organiza- tion, Genebra, Suíça), que determina os escores-z para as relações P/I, E/I e IMC/I. Os dados de escore-z para CB/I, DCT/I e DCS/I foram avaliados por meio dos valores de refe- rência de Frisancho (2008).22 As crianças prematuras (n = 18) foram avaliadas com o uso de idade corrigida até dois anos.23 Análises estatísticas O tamanho da amostra foi calculado de acordo com as médias e o desvio padrão do tempo de internação encon- trados no estudo de Secker & Jeejeebhoy,7 de 5,3 ± 5 dias para o grupo de crianças bem nutridas e de 8,2 ± 10 dias para o grupo de crianças mal nutridas, com o poder de 80% e nível de significância de 0,05. Obtiveram-se 236 paci- entes. O número da amostra, para testar a confiabilidade interobservador, foi calculado com base no valor Kappa de 0,6, considerou-se um poder de 80% e nível de significância de 0,05, o que resultou em um subgrupo de 61 pacien- tes. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica. As variáveis categóricas foram descritas por frequências absolutas e relativas. Para comparar médias entre os grupos, a Anova one-way com post hoc de Tukey foi aplicada. Em caso de assimetria, o teste de Kruskal- -Wallis foi usado. Na comparação de proporções entre os grupos, o teste qui-quadrado de Pearson e a razão de prevalência com intervalo de confiança de 95% foram aplicados. A associação entre os métodos de avaliação nutricional foi avaliada pelo coeficiente de Kendall. A concordância entre os métodos foi avaliada pelo coefi- ciente Kappa. O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05). Resultados A amostra foi composta por 242 pacientes, com mediana de idade de aproximadamente 10 meses (Percentis 25-75: 4,3-33,4), com mínimo de um mês e máximo de 162 meses. A predominância foi da faixa etária abaixo de dois anos (67,8%) e sexo masculino (61,6%). A caracterização da amos- tra é apresentada na tabela 1. Da amostra total, 153 pacientes eram advindos da Emergência Pediátrica (63,2%) e 89 da Internação Pediá- trica (36,8%). O diagnóstico mais frequente foi de doença respiratória (77,3%), seguido de doença gastrointestinal (18,6%). Propriedades psicométricas Validade concorrente O estado nutricional, como determinado pelo ANSG, foi com- parado com medidas antropométricas. De acordo com o ANSG, 194 pacientes (80,2%) foram classificados como bem nutridos, 35 (14,5%) como moderadamente desnutridos e 13 (5,4%) como gravemente desnutridos. Em geral, houve diferença significativa entre os grupos. O grupo classificado como bem nutrido apresentou valores significativamente mais altos do que os outros dois grupos (moderadamente e gravemente desnutridos) em todos os métodos de avaliação nutricional (objetivo e subjetivo). No entanto, entre os moderadamente e gravemente desnutri- dos a diferença só foi significativa na relação Estatura/Idade (tabela 2). Os coeficientes de Kendall revelaram associações de fraca a regular entre os métodos de avaliação nutricio- nal. A relação que demonstrou maior associação com o ANSG foi Peso/Idade. Documento descarregado de http://jped.elsevier.es el 11/04/2016. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma. 600 Carniel MP et al. Tabela 1 Caracterização da amostra estudada Variáveis n = 242 Idade (meses) --- mediana (P25-P75) 10,4 (4,3-33,4) Faixa etária --- n(%) < 2 anos 164 (67,8) ≥2 <5 anos 44 (18,2) ≥5 <10 anos 25 (10,3) ≥10 anos 9 (3,7) Sexo --- n(%) Masculino 149 (61,6) Feminino 93 (38,4) Procedência dos pacientes --- n(%) Emergência Pediátrica 153 (63,2) Internação Pediátrica 89 (36,8) Patologia de base --- n(%) Problemas respiratórios 187 (77,3) Problemas gastrointestinais 45 (18,6) Problemas Ccrúrgicos 4 (1,7) Doenças infecciosas sistêmicas e outras 6 (2,5) Tempo de permanência na unidade após ANSG (dias) --- mediana (P25-P75) 3 (2-5) Necessidade de internação/reinternação até 30 dias após alta --- n(%) 43 (17,8) Classificação ANSG --- n(%) Bem nutrido 194 (80,2) Moderadamente desnutrido 35 (14,5) Gravemente desnutrido 13 (5,4) ANSG, avaliação nutricional subjetiva global. Os dados foram expressos como média ± desvio padrão, mediana (P25-P75) ou número absoluto (%) quando indicado. Validade preditiva A necessidade de internação/reinternação ocorreu em 43 casos (17,8%). A mediana (Percentis 25-75) do tempo de internação/reinternação foi de dois dias. A probabilidade de internação/reinternação foi aproxima- damente quatro vezes maior em pacientes moderadamente desnutridos quando comparados com os eutróficos (RP = 3,96; IC 95%: 2,27 a 6,91). Em pacientes gravemente desnutridos a probabilidade de internação/reinternação foi aproximadamente cinco vezes maior quando comparados com os eutróficos (RP = 4,97; IC 95%: 2,61 a 9,48). O estado nutricional classificado por meio do ANSG se associou com todos os desfechos avaliados (tabela 3). Paci- entes considerados pelo ANSG como gravemente desnutridos apresentaram menor peso e comprimento ao nascer do que o grupo de pacientes considerados bem nutridos (p < 0,05). Também a necessidade de internação/reinternação e a prematuridade aumentam com o aumento do grau de desnutrição (p < 0,001). Confiabilidade interobservador Houve boa concordância entre os observadores (Kappa = 0,74; p < 0,001). Os percentuais de bem nutrido, mode- radamente e gravemente desnutridos encontrados foram semelhantes nos dois observadores. A concordância ocorreu em 56 dos 61 casos (92%). Discussão A avaliação nutricional subjetiva tem sido amplamente usada, por se tratar de um método de fácil execução, que dispensa recursos dispendiosos e pode ser aplicado por pro- fissionais que compõem a equipe multidisciplinar.14 Este estudo traduziu e validou o ANSG para população pediátrica brasileira, por meio das seguintes características psicométricas: validade concorrente e preditiva e confiabi- lidade interobservador. A validade concorrente avalia a correlação do instru- mento com outra medida (padrão-ouro) usada para medir o que se estuda, ambos aplicados simultaneamente.24 Neste estudo foi encontrada uma relação significativa do ANSG com as medidas antropométricas usualmente usadas, como reportado por estudos brasileiros que envolveram adul- tos com diferentes patologias.3,25-27 Os resultados também foram semelhantes ao encontrado no estudo original de Secker & Jeejeebhoy,7 que envolveu crianças submetidas Tabela 2 Relação entre os dados de Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) e medidas antropométricas objetivas (escore z) Variáveis N ANSG P r Kendall Bem nutrido Moderadamente desnutrido Gravemente desnutrido Média ± DP Média ± DP Média ± DP P/E --- escore z 208 0,72 ± 1,40b −0,82 ± 0,97a −1,04 ± 2,66a < 0,001 −0,36 P/I --- escore z 233 0,31 ± 1,13b −1,57 ± 0,51a −2,23 ± 0,76a < 0,001 −0,53 E/I --- escore z 242 −0,16 ± 1,23 −1,49 ± 0,98b −2,43 ± 2,04a < 0,001 −0,37 IMC/I --- escore z 242 0,57 ± 1,43b −0,98 ± 1,14a −0,77 ± 2,87a < 0,001 −0,34 CB/I --- escore z 198 0,45 ± 1,12b −0,65 ± 1,06a −0,83 ± 1,76a < 0,001 −0,32 DCT/I --- escore z 198 0,63 ± 1,25b −0,23 ± 1,06ab −0,52 ± 1,24a < 0,001 −0,23 DCS/I --- escore z 198 0,82 ± 1,38b −0,25 ± 1,20a −0,29 ± 1,34a < 0,001 −0,25 ANSG, avaliação nutricional subjetiva global; P/E, peso para estatura; P/I, peso para idade; E/I, estatura para idade; IMC/I, índice de massa corporal para idade; CB/I, circunferência do braço; DCT/I, dobra cutânea tricipital; DCS/I, dobra cutânea subescapular. Os dados foram expressos como média ± desvio padrão. a,b Letras iguais não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância. Documento descarregado de http://jped.elsevier.es el 11/04/2016. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma. SGNA for Brazilian children and adolescents 601 Tabela 3 Relação entre os dados da Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) e os desfechos Variáveis Bem nutrido (n = 194) Moderadamente desnutrido (n = 35) Gravemente desnutrido (n = 13) P Tempo de permanência na unidade após ANSG (dias) --- mediana (P25 --- P75) 1 (1-3)a 2 (1-5)b 2 (1-6)a,b 0,021 Necessidade de internação/reinternação até 30 dias após alta --- n(%) 21 (10,8) 15 (42,9) 7 (53,8) < 0,001 Peso ao nascer (kg) --- média ± DP 3,22 ± 0,59b 2,82 ± 0,72a,b 2,68 ± 0,95a < 0,001 Comprimento ao nascer (cm) --- média ± DP 48,4 ± 3,0b 46,3 ± 3,5a,b 45,3 ± 7,5a < 0,001 Prematuridade --- n(%) 11 (5,7) 4 (11,4) 3 (23,1) < 0,001 ANSG, avaliação nutricional subjetiva global. Os dados foram expressos como média ± desvio padrão, mediana (P25-P75) ou número absoluto (%) quando indicado. a,b Letras iguais não diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância. a pequenos procedimentos cirúrgicos. Porém, é importante ressaltar que a concordância observada entre os métodos, ANSG e medidas antropométricas, foi de fraca a regular neste estudo (p < 0,001). A validade preditiva contempla previsões, trata da qua- lidade com que um instrumento pode predizer um critério futuro.24 O estado nutricional avaliado pelo ANSG se asso- ciou com todos os desfechos estudados (necessidade de internação/reinternação até 30 dias após a alta hospita- lar, tempo de internação após ANSG, peso e comprimento ao nascer e prematuridade) (p < 0,05). O aumento do grau de desnutrição, conforme classificação do ANSG, se mostrou associado ao aumento de complicações. Estudos que usaram a avaliação subjetiva como método de avaliação do estado nutricional de pacientes hospitalizados também comprova- ram esse poder.7,26,28 A confiabilidade interobservador avalia a reprodutibili- dade de um instrumento por meio da sua aplicação por dois ou mais observadores.24 Neste estudo, houve boa confiabili- dade (Kappa = 0,74; p < 0,001), maior do que a encontrada no estudo original de Secker & Jeejeebhoy.7 Por se tratar de um método subjetivo, o ANSG tem sua precisão de diagnóstico dependente da experiência e do treinamento do observa- dor e essa é a sua principal desvantagem. No entanto, pesquisas feitas com adultos também obtiveram grau de concordância semelhante ao obtido neste estudo. Em tra- balho inicial sobre avaliação do estado nutricional, Baker et al.15 obtiveram boa concordância entre seus avaliadores (Kappa = 0,72), assim como Detsky et al. (1987)29 quando padronizaram o método clínico e criaram um questionário de avaliação nutricional subjetiva (Kappa = 0,78). Já em estudos mais recentes, encontraram-se concordâncias fra- cas a moderadas entre os avaliadores. Secker & Jeejeebhoy,7 ao estudar pacientes pediátricos cirúrgicos em um hos- pital no Canadá, obtiveram um Kappa = 0,28. Beguetto et al.,30 ao estudar pacientes adultos internados em um hos- pital geral universitário de Porto Alegre, encontraram um Kappa = 0,46. A avaliação das propriedades psicométricas do ANSG neste estudo mostrou que esse instrumento apresenta boa confiabilidade interobservador, além de ter confirmado as validades concorrente e preditiva dos questionários. A aplicação em crianças e adolescentes brasileiros e em situação clínica diferente do estudo original mostrou bons resultados. Após a tradução e o estudo das propriedades psi- cométricas do ANSG, o instrumento se mostrou confiável e válido para avaliação do estado nutricional de crianças e adolescentes. Neste estudo, o tempo de internação não demonstrou associação com o ANSG, diferentemente do encontrado em outros estudos.7,9,25 Uma possível explicação pode ser o fato de os pacientes selecionados apresentarem doenças agudas e advirem da Emergência Pediátrica. No estudo de Secker & Jeejeebhoy,7 os pacientes eram procedentes da Internação Cirúrgica Pediátrica. Uma limitação deste estudo foi a dificuldade de fazer exames bioquímicos para firmar o diagnóstico do estado nutricional do paciente. Entretanto, o ponto positivo foi a demonstração da elevada sensibilidade dos questionários de ANSG no diagnóstico de risco nutricional e desnutrição. O fato de valorizar as alterações clínicas e funcionais, que podem levar o paciente ao quadro de perdas proteicas, energéticas e competência imunológica, favoreceu ao diag- nóstico imediato de risco nutricional e desnutrição. A validação do ANSG para a população pediátrica brasi- leira serve de estímulo para que se use esse método, como avaliação sistemática, em serviços de pediatria, em diferen- tes situações clínicas. Esse pode ser feito tão logo o paciente chegue ao hospital, o que facilita a identificação daqueles que possam estar em risco nutricional para que se possa fazer a intervenção nutricional mais adequada. A metodologia usada e os cuidados no processo de tradução permitem concluir que o ANSG é um instrumento válido e confiável para a avaliação do estado nutricional de pacientes pediátricos brasileiros. O ANSG é um instrumento de diagnóstico útil para avaliação do estado nutricional, com eficácia semelhante aos parâmetros antropométricos, independentemente do estado clínico dos pacientes. Este estudo validou o ques- tionário de ANSG nessa amostra de pacientes pediátricos hospitalizados e possibilitou o seu uso para fins de aplicação clínica e de pesquisa na população brasileira. Documento descarregado de http://jped.elsevier.es el 11/04/2016. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma. 602 Carniel MP et al. Financiamento O estudo obteve auxílio do Fundo de Incentivo à Pesquisa (Fipe), do Grupo de Pesquisas e Pós-Graduação do Hospi- tal de Clínicas de Porto Alegre e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Conflitos de interesse Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Agradecimentos Este estudo recebeu o suporte financeiro por parte da FIPE e CAPES. Anexo A. Material adicional Pode consultar o material adicional para este artigo na sua versão eletrônica disponível em doi:10.1016/j.jpedp. 2015.07.023. Referências 1. Ramos CV, Dumith SC, César JA. Prevalence and factors asso- ciated with stunting and excess weight in children aged 0-5 years from the Brazilian semi-arid region. J Pediatr (Rio J). 2015;91:175---82. 2. Joosten KF, Hulst JM. Malnutrition in pediatric hospital patients: current issues. Nutrition. 2011;27:133---7. 3. Raslan M, Gonzales MC, Dias MC, Paes-Barbosa FC, Cecconello I, Waitzberg DL. Applicability of nutritional screening methods in hospitalized patients. Rev Nutr. 2008;21:553---61. 4. Rocha GA, Rocha EJ, Martins CV. The effects of hospitaliza- tion on the nutritional status of children. J Pediatr (Rio J). 2006;82:70---4. 5. Hendricks KM, Duggan C, Gallagher L, Carlin AC, Richardson DS, Collier SB, et al. Malnutrition in hospitalized pedia- tric patients: current prevalence. Arch Pediatr Adolesc Med. 1995;149:1118---22. 6. Pawellek I, Dokoupil K, Koletzko B. Prevalence of malnutrition in paediatric hospital patients. Clin Nutr. 2008;27:72---6. 7. Secker DJ, Jeejeebhoy KN. Subjective Global Nutritional Asses- sment for children. Am J Clin Nutr. 2007;85:1083---9. 8. Mehta NM, Corkins MR, Lyman B, Malone A, Goday PS, Car- ney LN, et al. Defining pediatric malnutrition: a paradigm shift toward etiology-related definitions. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2013;37:460---81. 9. Sarni RO, Carvalho Mde F, do Monte CM, Albuquerque ZP, Souza FI. Anthropometric evaluation, risk factors for malnutrition, and nutritional therapy for children in teaching hospitals in Brazil. J Pediatr (Rio J). 2009;85:223---8. 10. Kyle UG, Genton L, Pichard C. Hospital length of stay and nutritional status. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2005;8: 397---402. 11. Chima CS. Diet manuals to practice manuals: the evolution of nutrition care. NLN Conv Pap. 2007;22:89---100. 12. Barbosa-Silva MC, Barros AJ. Indications and limitations of the use of subjective global assessment in clinical practice: an update. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2006;9:263---9. 13. Barbosa-Silva MC, de Barros AJ. Subjective global assessment: Part 2. Review of its adaptations and utilization in different clinical specialties. Arq Gastroenterol. 2002;39:248---52. 14. Seres DS. Surrogate nutrition markers, malnutrition, and ade- quacy of nutrition support. NLN Conv Pap. 2005;20:308---13. 15. Organização Mundial da Saúde. Classificação Estatística Inter- nacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde/CID-10 10a revisão. In: Tradução do Centro colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 5a ed. São Paulo: EDUSP; 1997. 16. Baker JP, Detsky AS, Wesson DE, Wolman SL, Stewart S, Whitewell J, et al. Nutritional assessment: a comparison of clinical judgment and objective measurements. N Engl J Med. 1982;306:969---72. 17. Alves MM, Carvalho PR, Wagner MB, Castoldi A, Becker MM, Silva CC. Cross-validation of the Children’s and Infants’ Postoperative Pain Scale in Brazilian children. Pain Pract. 2008;8:171---6. 18. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigi- lância Alimentar e Nutricional --- SISVAN. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica; 2011. 19. Secker DJ, Jeejeebhoy KN. How to perform Subjective Glo- bal Nutritional assessment in children. J Acad Nutr Diet. 2012;112:424---31. 20. World Health Organization (WHO). WHO Child Growth Standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for- -length, weight-for-height and body mass index-for-age: methods and development. Geneva: World Health Organization; 2006. 21. World Health Organization (WHO). WHO Child Growth Stan- dards: methods and development: head circumference-for-age, arm circumference-for-age, triceps skinfold-for-age and subs- capular skinfold-for-age. Geneva: World Health Organization; 2007. 22. Frisancho A. Anthropometric standards: an interactive nutriti- onal reference of body size and body composition for children and adults. 2 ed. Ann Arbor: University of Michigan Press; 2008. 23. Fenton TR, Kim JH. A systematic review and meta-analysis to revise the Fenton growth chart for preterm infants. BMC Pediatr. 2013;13:59. 24. Blacker D, Endicott J. Psychometric properties: concepts of reli- ability and validity. In: Rush AJ, editor. Handbook of psychiatric measures. Washington, DC: American Psychiatric Association; 2000. p. 7---14. 25. Baccaro F, Moreno JB, Borlenghi C, Aquino L, Armesto G, Plaza G, et al. Subjective global assessment in the clinical setting. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2007;31:406---9. 26. Yamauti AK, Ochiai ME, Bifulco PS, de Araújo MA, Alonso RR, Ribeiro RH, et al. Subjective global assessment of nutritional status in cardiac patients. Arq Bras Cardiol. 2006;87:772---7. 27. Coppini LZ, Waitzberg DL, Ferrini MT, da Silva ML, Gama- Rodrigues J, Ciosak SL. Comparison of the subjective global nutrition assessment × objective nutrition evaluation. Rev Assoc Med Bras. 1995;41:6---10. 28. Detsky AS, Baker JP, O’Rourke K, Johnston N, Whitwell J, Men- delson RA, et al. Predicting nutrition-associated complications for patients undergoing gastrointestinal surgery. JPEN J Paren- ter Enteral Nutr. 1987;11:440---6. 29. Detsky AS, Mclaughlin JR, Baker JP, Johnston N, Whittaker S, Mendelson RA, et al. What is subjective global assessment of nutritional status? JPEN J Parenter Enteral Nutr. 1987;11:8---13. 30. Beghetto MG, Luft VC, Mello ED, Polanczyk CA. Nutrition asses- sment: the agreement between observers. Rev Bras Epidemiol. 2007;10:506---16. Documento descarregado de http://jped.elsevier.es el 11/04/2016. Cópia para uso pessoal, está totalmente proibida a transmissão deste documento por qualquer meio ou forma. ARTIGO AN ONCOPED 1 ANO ROBERTA 2011.pdf ARTIGO ORIGINAL 1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 2. Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). 3. Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Contato: Roberta Dalle Molle. E-mail: betinha_dm@yahoo.com (Porto Alegre-RS, Brasil). ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM NEOPLASIAS MALIGNAS DURANTE O PRIMEIRO ANO APÓS O DIAGNÓSTICO NUTRITIONAL STATUS OF CHILDREN AND ADOLESCENTS WITH CANCER DURING THE FIRST YEAR AFTER DIAGNOSIS Roberta Dalle Molle1, Lovaine Rodrigues2, Luciane Beitler da Cruz3 RESUMO Introdução: O tratamento antineoplásico causa, frequentemente, complicações gastrintestinais que, juntamente com altera- ções metabólicas, podem interferir no estado nutricional. Objetivo: Analisar a evolução do estado nutricional de crianças e adolescentes com neoplasias, durante o primeiro ano após o diagnóstico. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo realizado no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre com pacientes admitidos entre janeiro de 2001 e agosto de 2005, que possuíam registros de peso e estatura ao di- agnóstico, ao terceiro, ao sexto e ao décimo segundo mês após o diagnóstico. Para classificar o estado nutricional utilizou- se o escore-Z do índice peso/estatura para as crianças e o índice de massa corporal para os adolescentes. Resultados: Foram avaliados 140 pacientes com mediana de idade ao diagnóstico de 4,75 anos (3,08 – 10,31), sendo 77 (55%) pacientes do sexo masculino. Dos pacientes pesquisados, 86 (61%) apresentavam doenças hematológicas e 54 (39%) tumores sólidos. Os adolescentes, comparados às crianças, apresentaram maior prevalência de desnutrição e risco nutricional ao sexto (P =0,02) e ao décimo segundo mês (P =0,001). O comportamento das médias do escore-Z e do per- centil do índice de massa corporal ao longo do primeiro ano foi diferente entre os grupos de pacientes com tumores sólidos e com doenças hematológicas, tanto para as crianças (P <0,001) como para os adolescentes (P =0,012). Conclusão: Os adolescentes, comparados às crianças, apresentaram prevalências maiores de desnutrição e risco nutricio- nal. Os pacientes com tumores sólidos tiveram seu estado nutricional mais afetado do que aqueles com doenças hematoló- gicas. Palavras-chave: Crianças; adolescentes; neoplasias; estado nutricional ABSTRACT Background: Anticancer treatment frequently causes gastrointestinal complications that, combined with metabolic abnor- malities, may interfere with the nutritional status of patients. Aim: To analyze the evolution of the nutritional status of children and adolescents with cancer during the first year after di- agnosis. Methods: This retrospective cohort study was conducted at the Pediatric Oncology Service, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, and included patients admitted between January 2001 and August 2005 for whom records of weight and height at diagnosis and at the third, sixth and 12th months after diagnosis were available. Nutritional status was assessed based on the weight-for-height Z score index among children and on the body mass index (BMI) among adolescents. Results: A total of 140 patients were included in the study. Median age at diagnosis was 4.75 years (3.08 – 10.31), and 77 patients (55%) were male. Of the total sample, 86 patients (61%) had hematological diseases, and 54 (39%) had solid tu- mors. When compared to children, adolescents showed a higher prevalence of malnutrition and nutritional risk at the sixth month (P =0.02) and at the 12th months (P =0.001). Mean Z scores and BMI percentiles in the first year after diagnosis were statistically different for patients with solid tumors and those with hematological diseases, both among children (P <0.001) and adolescents (P =0.012). Conclusion: Adolescents showed an increased prevalence of malnutrition and nutritional risk when compared to children. The nutritional status of patients with solid tumors was more severely affected than that of patients with hematological dis- eases. Keywords: Children; adolescents; neoplasms; nutritional status Rev HCPA 2011;31(1):18-24 As neoplasias malignas da infância diferem quanto à localização, natureza, tipo histológico e comportamento biológico do tumor; também a- presentam repercussões clínicas, prognóstico, planejamento terapêutico e faixa etária de inci- dência distinta. Essas diferenças influenciam o estado nutricional (EN) de tal modo que alguns pacientes apresentam desnutrição ao diagnósti- co, enquanto outros têm maior risco de desen- volver desnutrição durante o tratamento (1). As taxas de sobrevivência das crianças com câncer aumentaram nos últimos anos, em virtude dos avanços no tratamento, que pode ser composto por modalidades terapêuticas iso- Estado nutricional de crianças e adolescentes com câncer Rev HCPA 2011;31(1) 19 ladas ou em combinação (2). No entanto, a as- sociação de tratamentos intensivos, como cirur- gia, radioterapia e quimioterapia, tornam a obtenção de uma nutrição apropriada um desa- fio, podendo afetar o EN e promover graus vari- ados de desnutrição. Entre os efeitos colaterais relacionados ao tratamento antineoplásico estão frequentes alterações no paladar, náuseas, vô- mitos, diarreia, mucosite e anorexia (3). Junta- mente com as consequências do tratamento, o próprio tumor causa alterações no metabolismo, que podem causar perda de peso prejudicando a evolução nutricional esperada de acordo com o desenvolvimento da criança (4,5). Considerando que existem poucas publica- ções a respeito da evolução nutricional das cri- anças e adolescentes submetidos ao tratamento oncológico, e que os dados publicados mostram alterações no EN durante esse período, o objeti- vo do presente estudo foi analisar a evolução do EN de crianças e adolescentes, durante o pri- meiro ano após o diagnóstico, de acordo com a faixa etária e o tipo de neoplasia. MÉTODOS Delineamento do estudo Estudo de coorte retrospectivo com base nos dados arquivados no Serviço de Nutrição e Dietética do Serviço de Oncologia Pediátrica (SOP) e no Serviço de Arquivo Médico e Infor- mações em Saúde (SAMIS) do Hospital de Clí- nicas de Porto Alegre (HCPA). População de pesquisa Foram incluídos pacientes de zero a 19 anos, admitidos no SOP do HCPA, entre primei- ro de janeiro de 2001 e 31 de agosto de 2005, com diagnóstico da neoplasia maligna. A amos- tra foi selecionada a partir de um estudo realiza- do no SOP do HCPA, que avaliou o perfil do EN de 392 crianças e adolescentes ao diagnóstico de neoplasia. Das 392 crianças e adolescentes com diagnóstico de neoplasia, 140 possuíam registros de peso e estatura em quatro períodos: no diagnóstico, terceiro mês, sexto mês e déci- mo segundo após o diagnóstico, os quais com- puseram a coorte deste estudo. Critérios de exclusão Foram excluídos os pacientes com Sín- drome de Down, visto que possuem outro proto- colo para a avaliação nutricional. Coleta de dados Os dados de peso e estatura foram coleta- dos das fichas de evolução nutricional preenchi- das pelo nutricionista e/ou aluno treinado, como rotina de avaliação nutricional do SOP, e das evoluções médicas, arquivadas nos prontuários impressos ou disponíveis on-line. A coleta de dados foi realizada em três pe- ríodos após o diagnóstico: ao terceiro mês, ao sexto mês e ao décimo segundo mês. O banco de dados de um estudo prévio inti- tulado “Perfil do Estado Nutricional de Crianças e Adolescentes ao Diagnóstico de Neoplasia Maligna” (6), realizado no SOP, em 2005, dispo- nibilizou os dados pessoais dos pacientes, o tipo de neoplasia, a data do diagnóstico e a avalia- ção do EN ao diagnóstico. Avaliação do estado nutricional As medidas de peso e estatura coletadas foram realizadas pelos profissionais da equipe de enfermagem ou do Serviço de Nutrição do HCPA. O peso foi medido por meio de balança digital da marca Ghaka® ou pediátrica digital da marca Fillizola®, e a estatura em antropômetro de balança da marca Fillizola® ou antropômetro de madeira para crianças menores de dois anos. Esses procedimentos de avaliação nutricional antropométrica fazem parte da rotina de interna- ção e acompanhamento dos pacientes no SOP. Os dados das crianças menores de 10 anos foram processados no programa Epi Info versão 6.0 (Atlanta, Georgia), que utiliza os pa- drões do National Center for Health Statistics (NCHS) (7) como referência, e calcula os desvi- os da média, percentis e escores-Z para as rela- ções Estatura/Idade (E/I), Peso/Estatura (P/E) e Peso/Idade (P/I). Para classificação do EN, comparou-se somente o índice de P/E. A desnu- trição foi definida a partir do escore-Z para P/E abaixo -2,00 (< percentil 3). Para obesidade, utilizou-se o escore-Z acima de +2,00 (> percen- til 97) para P/E, segundo critérios recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (8). Para classificação de risco nutricional para des- nutrição foram considerados os valores de esco- re-Z ≤ -1,28 (< percentil 10) para P/E, e para sobrepeso valores de escore-Z ≥ +1,28 (> per- centil 90) para P/E, conforme recomendação da American Society for Parenteral and Enteral Nu- trition (9). As crianças com escore-Z entre -1,27 e +1,27 para P/E foram consideradas eutróficas. Para os adolescentes maiores de 10 anos, o indicador utilizado para a classificação do EN foi o índice de massa corporal (IMC). O Dalle Molle R et al Rev HCPA 2011;31(1) 20 percentil do IMC foi calculado pelo programa Epi Info versão 3.3.2, que utiliza os padrões do Centers for Disease Control and Prevention – CDC (10). O ponto de corte utilizado para desnutrição foi o percentil 5 e, para obesidade, o percentil 95. Os pacientes com IMC entre o percentil 15 e 85 foram classificados como eutróficos (8), os pacientes com IMC entre o percentil 5 e 15, como risco nutricional para desnutrição (11). Optou-se pela utilização dos pontos de corte da OMS, 1995, que são os mesmos recomendados pelo CDC, 2000, dife- rindo apenas na nomenclatura utilizada na clas- sificação, em virtude da necessidade de compa- ração entre as crianças maiores e menores de 10 anos. Cabe ressaltar que na época em que foram coletados e analisados os dados do presente estudo, a OMS ainda recomendava a utilização das curvas de crescimento do NCHS (7), pois os novos padrões de referência de crescimento de crianças de zero a cinco anos, seguido das mo- dificações nos critérios de classificação do EN, foram publicados somente em dezembro de 2006. Análise Estatística Os dados coletados foram armazenados em um banco de dados no programa Excel para Windows 2000 e analisados pelo programa SPSS, versão 14.0. Na estatística descritiva dos dados utiliza- ram-se as frequências absolutas e relativas para variáveis como sexo, tipo de neoplasia e EN. Para a idade, foi utilizada a mediana e amplitude interquartílica e, para as variáveis escore-Z e percentil do IMC, utilizaram-se as médias e des- vios padrão. O teste Qui-quadrado foi utilizado para verificar diferenças nas prevalências das classificações do EN entre as crianças e adoles- centes. Foi utilizada a análise de variância (A- NOVA) para medidas repetidas com o objetivo de comparar os tipos de neoplasias ao longo do primeiro ano após o diagnóstico. Nas conclu- sões foi empregado o nível de significância de 5%. Considerações éticas Este estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCPA (nº do protocolo 06-110). Os pesquisadores se respon- sabilizaram e assinaram o termo de compromis- so para uso dos dados e o termo de responsabi- lidade para acesso ao Sistema de Informações de dados do HCPA. RESULTADOS Foram reunidos dados de 140 pacientes com mediana de idade ao diagnóstico de 4,75 anos (3,08 – 10,31 anos), sendo 77 (55%), do sexo masculino. Cinquenta e quatro (39%) paci- entes tiveram diagnóstico de tumores sólidos e 86 (61%) de doenças hematológicas. Na tabela 1, estão descritas as frequências absolutas e relativas das categorias diagnósticas, de acordo com a Classificação Internacional dos Tumores da Infância (12). Tabela 1 – Distribuição das crianças e adolescentes (N =140), de acordo com as categorias diagnósticas, conforme a Classificação Internacional dos Tumores da Infância (12). Categoria de diagnóstico Frequência (%) Leucemias 64 (45,7) Linfomas 22 (15,7) Tumores SNC 12 (8,6) Sarcomas partes moles 11 (8) Tumores renais 8 (5,7) Tumores ósseos 6 (4,3) Tumores SNS 6 (4,3) Tumores hepáticos 3 (2,1) Retinoblastoma 2 (1,4) TCG 2 (1,4) Carcinomas 2 (1,4) Outras neoplasias 2 (1,4) Total 140 (100) SNC: sistema nervoso central; SNS: sistema nervoso simpático; TCG: tumor de células germinativas Para comparar a classificação do EN, ao longo do primeiro ano de tratamento, entre os dois grupos com faixas etárias distintas, reuni- ram-se os dados das 100 crianças e dos 40 ado- lescentes em três grupos, de acordo com a classificação do EN: desnutridos e em risco nutricional, eutróficos e, com sobrepeso e obe- sos. Verificou-se que os adolescentes, compa- rados às crianças, apresentaram prevalências maiores de desnutrição e risco nutricional ao sexto mês (P =0,020) e ao décimo segundo mês (P =0,001). Em contrapartida, as crianças apre- sentaram prevalências maiores de eutrofia nes- ses dois períodos (figura 1). Estado nutricional de crianças e adolescentes com câncer Rev HCPA 2011;31(1) 21 DESN: desnutridos; RN: risco nutricional; EUTR: eutróficos; SOBR: sobrepeso; OBES: obesos *P <0,05 Teste Qui-quadrado Figura 1 – Comparação entre as classificações dos estados nutricionais das crianças (N =100) e adolescentes (N =40) nos quatro períodos do estudo. A população do estudo foi estratificada, conforme o tipo de neoplasia, em pacientes com tumores sólidos e pacientes com doenças he- matológicas. A figura 2 mostra as oscilações do EN das 100 crianças avaliadas através do esco- re-Z do índice P/E. As crianças com tumores sólidos apresentaram déficit no seu EN, desde o momento do diagnóstico até o sexto mês, se- guido de uma recuperação do EN até o décimo segundo mês. Já as crianças com doenças he- matológicas não apresentaram déficit no seu EN ao longo do primeiro ano após o diagnósti- co; pelo contrário, a média do escore-Z aumen- tou nos períodos estudados. O comportamento das médias do escore-Z ao longo do primeiro ano foi diferente (P <0,001) entre os grupos de pacientes com tumores sólidos e com doenças hematológicas. Diag: diagnóstico; Tu: tumores; Hemat: hematológicas *p <0,001 ANOVA para medidas repetidas Figura 2 – Comparação entre as médias do escore-Z de crianças (N =100) com tumores sólidos e doenças he- matológicas. Dalle Molle R et al Rev HCPA 2011;31(1) 22 A mesma comparação foi realizada entre os 40 adolescentes, através das médias dos percentis do IMC (figura 3). Os pacientes com tumores sólidos também apresentaram déficit no seu EN ao lon- go do primeiro ano após o diagnóstico, o que não aconteceu entre os pacientes com doenças hema- tológicas que, ao contrário, apresentaram aumento nas médias dos percentis do IMC, nos três perío- dos durante o tratamento, em relação ao diagnóstico. O comportamento das médias dos percentis do IMC ao longo de um ano também se mostrou diferente (P =0,012) entre os dois grupos. Diag: diagnóstico; Tu: tumores; Hemat: hematológicas *P =0,012 ANOVA para medidas repetidas Figura 3 – Comparação entre as médias dos percentis do IMC de adolescentes (N =40) com tumores sólidos e doenças hematológicas. DISCUSSÃO Foram encontradas dificuldades em com- parar os resultados obtidos com outras referên- cias, pois a maioria dos estudos encontrados acompanhou os pacientes por um curto período de tempo, de um a seis meses (13-17), enquan- to outros acompanharam por um período de tempo maior, três anos (18) e seis anos (19). Ao comparar a classificação do EN entre as crianças e os adolescentes foi encontrado que, ao sexto e ao 12o mês, os adolescentes apresentaram uma prevalência maior de desnu- trição e risco nutricional. Esses resultados po- dem ser em parte justificados pela elevada ne- cessidade protéico-energética existente na ado- lescência, considerada uma fase caracterizada por várias transformações corporais, dentre e- las, a intensa velocidade de crescimento (20). Observou-se que no grupo dos adolescentes, além de ter aumentado o percentual de pacien- tes desnutridos e em risco nutricional durante o tratamento, também houve elevação na preva- lência de sobrepeso e obesidade, refletindo a situação alimentar da população em geral. Se- gundo Onis e Blössner (21), as prevalências de sobrepeso e obesidade aumentaram globalmen- te, chegando a ultrapassar o percentual de des- nutridos inclusive em alguns países em desen- volvimento. Observando a classificação do EN das cri- anças, verificou-se que os percentuais de des- nutrição e risco nutricional para desnutrição, eu- trofia, sobrepeso e obesidade foram semelhan- tes àqueles encontrados no momento do diag- nóstico, sugerindo que, nesse grupo, o EN não sofreu grandes oscilações. Alguns estudos que acompanharam crianças com câncer demons- traram não haver alterações significativas no EN durante o tratamento. Yaris et al. (18) ao avalia- rem, por um período de tempo médio de três anos, 47 crianças com neoplasia, com média de idade de nove anos, não encontraram diferen- ças significativas entre as médias do escore-Z antes e durante o tratamento. Outro estudo que acompanhou 15 crianças com média de idade de seis anos, durante os três meses iniciais de tratamento para LLA, também não encontrou mudanças na composição corporal e no gasto energético basal durante o período estudado (13). Quando analisada a classificação do EN, estratificando a população de acordo com o tipo de neoplasia, sólida ou hematológica, observou- se que os pacientes com tumores sólidos tive- ram seu EN mais afetado durante o tratamento, destacando o período do sexto mês após o di- agnóstico como o mais crítico. Um estudo de- senvolvido no Brasil por Garófolo et al. (14), que avaliou 127 pacientes com neoplasias, também diagnosticou, durante o primeiro mês de trata- mento, que os valores do escore-Z ou IMC, da circunferência do braço e da circunferência muscular do braço estavam mais depletados em crianças e adolescentes com tumores sólidos quando comparados àquelas com doenças he- matológicas. Da mesma forma, outro trabalho, realizado nos EUA, com 173 crianças e adoles- Estado nutricional de crianças e adolescentes com câncer Rev HCPA 2011;31(1) 23 centes com câncer, encontrou que os pacientes com tumores sólidos apresentaram maior com- prometimento do EN, no momento em que fo- ram encaminhados à equipe de suporte nutricio- nal, aproximadamente sete meses após o diag- nóstico (22). Em contrapartida, um estudo reali- zado na Guatemala, que acompanhou 179 cri- anças e adolescentes com LLA durante o trata- mento, verificou que o EN dos pacientes apre- sentou uma pequena melhora ao 3º mês e uma melhora significativa ao 6º mês, utilizando os critérios de IMC, níveis séricos de albumina, perda de peso, circunferência muscular do braço e prega cutânea triciptal (17). Sabe-se que os tumores sólidos apre- sentam taxas de crescimento mais lentas do que as doenças hematológicas, levando mais tempo para serem diagnosticados. Além disso, o trata- mento com ciclos frequentes e intensos de qui- mioterapia, muitas vezes associados à ra- dioterapia e/ou cirurgia, contribuem para a evo- lução nutricional desfavorável no grupo de paci- entes com este tipo de tumor (15). Ao contrário, as doenças hematológicas, caracterizadas pela rápida proliferação celular, são diagnosticadas mais rapidamente. Os pacientes com doenças hematológicas geralmente fazem uso de corti- costeroides, durante o tratamento, e esse tipo de medicação pode causar alguns efeitos cola- terais, tais como aumento do apetite, ganho de massa adiposa e perda de proteína muscular (14). Portanto, quando avaliados somente atra- vés da antropometria (peso e estatura), os paci- entes com doenças hematológicas apresenta- ram menor déficit nutricional do que os pacien- tes com tumores sólidos. Sendo assim, os re- sultados obtidos no presente estudo corroboram com os dados já descritos na literatura. CONCLUSÃO Os resultados deste estudo demonstraram que os adolescentes, quando comparados às crianças, apresentaram percentuais maiores de desnutrição e risco nutricional para desnutrição, ao sexto e ao décimo segundo mês após o di- agnóstico. Observou-se, também, que os paci- entes com tumores sólidos, quando comparados aos pacientes com doenças hematológicas, tive- ram seu EN mais afetado durante o primeiro ano de tratamento, sendo o sexto mês após o diag- nóstico o período mais crítico. Estudos que descrevam o perfil e as alte- rações do EN durante o tratamento antineoplá- sico de crianças e adolescentes são sempre re- levantes, principalmente quando estão relacio- nados ao tipo de neoplasia e à faixa etária. Es- tes dados demonstram os períodos de maior vulnerabilidade e suscetibilidade destes pacien- tes à desnutrição, permitindo que a equipe mul- tiprofissional fique atenta e inicie a terapia nutri- cional o mais precocemente possível. REFERÊNCIAS 1. Boente PC, Brandão MR, Aguiar ER, Sampaio C. Terapia nutricional em pacientes oncológicos. Rev Bras Nut Clin. 1997;12:49-54. 2. Alcoser PW, Rogers C. Treatment strategies in childhood cancer. J Pediatr Nurs. 2003;18:103-12. 3. Mosby TT, Barr RD, Pencharz PB. Nutritional as- sessment of children with cancer. J Pediatr Oncol Nurs. 2009;26:186-97. 4. Andrassy RJ, Chwals WJ. Nutritional support of the pediatric oncology patient. Nutrition. 1998;14:124-9. 5. Sala A, Pencharz P, Barr RD. Children, cancer, and nutrition – a dynamic triangle in review. Can- cer. 2004;100:677-87. 6. Ribeiro AS, Cruz LB, Freitas VL, Castro Jr CG, Gregianin LJ, Brunetto AL. Perfil do estado nutri- cional de crianças e adolescentes ao diagnóstico de neoplasia maligna. Rev Bras Med. 2006;63:175. 7. National Center for Health Statistic. Growth curves for children birth - 18 years: United States De- partment of Health Education and Welfare, Vital and Health Statistic; 1977 Series 11, Nb. 165. 8. World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. WHO Technical Report Series 854. Geneva: WHO; 1995. 9. American Society for Parenteral and Enteral Nutri- tion (ASPEN) 19th Clinical Congress. Miami Beach, Florida, January 15-18, 1995. Abstracts. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 1995;19(1 Suppl):1- 28S. 10. Kuczmarski RJ, Ogden CL, Grummer-Strawn LM, Flegal KM, Guo SS, Wei R, et al. CDC growth charts: United States. Advance data from vital and health statistics; n. 314. Hyattsville (MA): National Center for Health Statistics; 2000. 11. Frisancho AR. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutritional status. Ann Arbor: University of Michigan Press; 1990. 12. Steliarova-Foucher E, Stiller C, Lacour B, Kaatsch P. Classificação Internacional do Câncer na Infân- cia. Cancer. 2005;103:1457-67. 13. Delbecque-Boussard L, Gettrand F, Ategbo S, Nelken B, Mazingue F, Vic P, et al. Nutritional status of children with acute lymphoblastic leuke- mia: a longitudinal study. Am J Clin Nutr. 1997;65:95-100. 14. Garófolo A, Lopez FA, Petrilli AS. High prevalence of malnutrition among patients with solid non- hematological tumors as found by using skinfold and circumference measurements. São Paulo Med J. 2005;23:277-81. 15. Garófolo A, Lopez FA, Petrilli AS. Acompanha- mento do estado nutricional de pacientes com os- teossarcoma. Acta Oncol Bras. 2002;22:233-7. 16. Mejia-Arangure JM, Fajardo-Gutierrez A, Bernal- dez-Rios R, Rodriguez-Zepeda MC, Espinoza- Dalle Molle R et al Rev HCPA 2011;31(1) 24 Hernandez L, Martinez-Garcia MC. Nutritional state alterations in children with acute lymphoblas- tic leukemia during induction and consolidation of chemotherapy. Arch Med Res. 1997;28:273-9. 17. Antillon F, Maselli T, Garcia T, Rossi E, Sala A. Nutritional status of children during treatment for acute lymphoblastic leukemia in the Central American Pediatric Hematology Oncology Asso- ciation (AHOPCA): preliminary data from Guate- mala. Pediatr Blood Cancer. 2008;50:502-5. 18. Yaris N, Akyuz C, Coskun T, Kutluk T, Buyukpa- mukçu M. Nutritional status of children with cancer and its effects on survival. Turk J Pediatr. 2002;44:35-9. 19. Dalton VK, Rue M, Silverman LB, Gelber RD, As- selin BL, Barr RD, et al. Height and weight in chil- dren treated for acute lymphoblastic leukemia: Re- lationship to CSN treatment. J Clin Oncol. 2003;21:2953-60. 20. Oliveira CS, Veiga GV. Estado nutricional e matu- ração sexual de adolescentes de uma escola pú- blica e de uma escola privada do Município do Rio de Janeiro. Rev Nutr. 2005;18:183-91. 21. de Onis M, Blössner M. The World Health Organi- zation Global Database on Child Growth and Mal- nutrition: Methodology and Applications. Int J Epi- demiol. 2003;32:518-26. 22. Tyc VL, Vallelunga L, Mahoney S, Smith BF, Mul- hern RK. Nutritional and treatment-related charac- teristics of pediatric oncology patients referred or not referred for nutritional support. Med Pediatr Oncol. 1995;25:379-88. Recebido: 09/12/2010 Aceito: 03/03/2011 ARTIGO ASPECTOS IMPORTANTES NUTRI??O C?A CANCER 2011.pdf REVIEW Important Aspects of Nutrition in Children with Cancer1 Jacqueline Bauer,2,4* Heribert Jürgens,3 and Michael C. Frühwald3,5 2Department of Pediatrics and 3Department of Pediatric Hematology and Oncology of the University Children's Hospital Münster, Münster 48149, Germany; 4New York Obesity Nutrition Research Center, St. Luke’s-Roosevelt Hospital Center, Columbia University, New York, NY 10025; and 5Klinikum Augsburg, Pediatrics 1, Augsburg 86156, Germany ABSTRACT Adequate nutrition during cancer plays a decisive role in several clinical outcome measures, such as treatment response, quality of life, and cost of care. However, the importance of nutrition in children and young adults with malignancies is still an underestimated topic within pediatric oncology. The importance of our work is to reinforce and indicate that malnutrition in children with cancer should not be accepted at any stage of the disease or tolerated as an inevitable process. Unique to our manuscript is the close collaboration, the exchange of knowledge and expertise between pediatric oncologists and a nutritional specialist, as well as the comprehension of the mechanisms during cancer cachexia and malnutrition. We provide a critical review of the current state of research and new knowledge related to nutritional management in childhood cancer. Adv. Nutr. 2: 67–77, 2011. Introduction The survival of children with cancer has substantially in- creased over the last decades. Major reasons for this are, among others, progress in the early detection, refined multi- modality treatment, and enhancements of supportive care, including prevention and efficient management of infec- tions. Furthermore, multicenter trials guarantee a high de- gree of complete data and quality assurance (1). However, despite continuous progress in the field, the disease itself and associated therapies carry the burden of an array of ad- verse late effects (2). The literature suggests that up to 46% of children and young adults with cancer experience malnutrition due to numerous tumor- and treatment-related factors (3–5). It is recognized that a diminished nutritional status may be a contributing factor for decreased immune function, delayed wound healing, and disturbed drug metabolism influencing prognosis (6,7). Children with cancer are particularly vul- nerable to malnutrition, because they exhibit elevated sub- strate needs due to the disease and its treatment. At the same time, children have increased requirements of nutri- ents to attain appropriate growth and neurodevelopment (8). It has been demonstrated that adequate nutrition plays a decisive role on several clinical outcome measures such as treatment response, quality of life, and cost of care (9,10). We provide a critical review of the current state of re- search and knowledge related to the nutritional manage- ment in childhood cancer. Definition and prevalence of malnutrition in childhood cancer Malnutrition is an unspecific term used to define an inade- quate nutritional condition. It is characterized by either a deficiency or an excess of energy with measurable adverse ef- fects on clinical outcome. Malnutrition describes the conse- quences of insufficient protein-energy intake. An adequate protein-energy balance is a prerequisite for age-appropriate growth and maintenance. Malnutrition also comprises cir- cumstances of elevated energy supply resulting in overnutri- tion with an increase in adipose tissue. Even though malnutrition has been defined or described in many ways, no consensus exists regarding a specific defi- nition to identify children at risk (11,12). The WHO recom- mends the weight-for-height index to assess the nutritional status of children and adolescents (13). However, it is pro- posed that a loss in body weight of $5% constitutes acute malnutrition and a height-for-age value below the 5th per- centile may reflect chronic undernourishment in children (4). Ironically, many children suffering from cancer do not meet these criteria. Particularly those with large solid 1 Author disclosures: J. Bauer, J. Jürgens, and M. C. Frühwald, no conflicts of interest. * To whom correspondence should be addressed. E-mail: jb2604@columbia.edu. ã2011 American Society for Nutrition. Adv. Nutr. 2: 67–77, 2011; doi:10.3945/an.110.000141. 67 by guest on A ugust 25, 2016 advances.nutrition.org D ow nloaded from http://advances.nutrition.org/ abdominal masses (e.g. embryonal neoplasms such as neu- roblastoma, hepatoblastoma, or Wilms tumor) may present with normal weight despite severe malnutrition. Nutritional depletion may furthermore be masked in children by edema due to corticosteroid treatment. Even if no gold standard definition for undernourishment in children exists, concise definitions are needed for the institution of preventive policies. Current information regarding the prevalence of malnu- trition in childhood cancer is critically influenced by several factors: 1) different diagnostic techniques to assess the nutri- tional status; 2) histological type and stage of malignancy during assessment; 3) the child’s individual susceptibility to- ward malnutrition and anticancer regimens during classifi- cation; and finally 4) the rather nonspecific definition of malnutrition. Thus, the frequency of undernourishment in children and adolescents with cancer is arbitrary reported as com- mon to not existent at diagnosis. Studies report a range from 0 to 50% depending on the type of cancer (4,9,14). It must be stressed that body weight is not a sufficiently and adequately sensitive marker for the detection of nutri- tional perturbations in children with cancer. It may be af- fected by hydration during chemotherapy and does not identify any long-term changes in body cell mass (15). In children with adequate or excessive body weight, lean body mass loss may be concealed as fat decreases or remains unchanged while skeletal muscle is wasting. Moreover, un- detectable nutritional depletion of 1 or more micronutrients due to decreased food intake, excessive enteral losses, or other factors occur in normal or overweight children (11,14,15). Etiology and pathophysiology A number of pathophysiological mechanisms contribute to the development of malnutrition and growth failure in childhood cancer. The causes are multifactorial, including: 1) complex interactions between energy and substrate me- tabolism; 2) hormonal and inflammatory components; and 3) alterations of metabolic compartments. These result in accelerated mobilization, oxidation of energy substrates, and loss of body proteins (16,17). Mechanisms during simple starvation and cancer cachexia Anorexia is defined as the loss of the desire to eat, which fre- quently leads to minimized intake of nutrients. Cachexia is characterized by profound and progressive wasting of lean tissue and body fat. In prolonged fasting or starvation, weight loss occurs gradually, with a relative maintenance of lean body mass at the expense of body fat as an energy source, whereas in cancer cachexia there is an equal loss of fat and muscle (17,18). Compensatory mechanisms during simple starvation consist of protein conservation and a de- crease in energy expenditure allowing prolonged survival in the chronic fasting state (19,20). These mechanisms might be lost or inhibited in cancer (19,21). This most likely explains why the provision of apparently adequate calories has often been disappointing in clinical studies, suggesting a hypermetabolic state (16). In contrast to uncomplicated starvation, cachexia in humans with cancer is an advanced state of wasting marked by excess depletion of skeletal mus- cle mass and adipose tissue relative to total body weight (19). Metabolic and body composition changes in cancer cachexia resemble those detected in individuals with polytrauma, acute sepsis, burn injuries, and AIDS (22,23). Cancer and host factors mediating malnutrition The role of cytokines. Food intake is regulated in the ven- tromedial nucleus of the hypothalamus. Animal models have demonstrated that neuropeptides such as proinflam- matory cytokines (IL1a, IL-1b, IL-6) released by tumor tis- sue, immune and stroma cells, TNFa, and INFg in combination with other mediators affect food intake and en- ergy expenditure, resulting in the clinical syndrome of can- cer cachexia (24,25). Cytokines are transported across the blood-brain barrier and interact with the luminal surface of brain endothelial cells to release compounds that affect appetite (26). In experimental models, many other media- tors for cancer-induced anorexia have been proposed. These include leptin levels, which depend on body fat stores and are inversely related to the intensity of the inflammatory re- sponse and levels of inflammatory cytokines (24). Nevertheless, studies in humans demonstrate that leptin concentrations are not elevated in weight-losing cancer patients, suggesting that leptin is not involved in the initiation of anorexia (27,28). Energy deficits and metabolic abnormalities. It is evident that energy deficits play an important role in the progress of the wasting syndrome in children with neoplastic diseases related to: 1) increased nutrient requirements; 2) energy los- ses caused by frequent gastrointestinal dysfunction due to to cancer therapy induced toxicity; 3) an excess utilization of energy sources as a result of aggressive multimodal cancer treatments; 4) metabolic and hormonal alterations; 5) un- controlled pain or stress from inevitable procedures; and 6) disorders in appetite sensation or changes in taste (e.g. due to xerostomia) (3,4,8,29). A number of factors interfere with enteral nutrient inges- tion, some of which are directly related to the illness (e.g. re- lapse) or immediate complications (e.g. infections or fever) (30). However, all these cannot exclusively explain the pro- gression of severe wasting and energy imbalance in childhood malignancy. In simple starvation, wasting is reversible when nutritional intervention is initiated. In contrast, an increase in nutrient ingestion alone is not sufficient to prevent, reverse, or retard cancer cachexia (31,32). Previous studies have discussed a cancer-host rivalry for energy nutrients, suggesting tumor-induced host variances in carbohydrate, lipid, and protein metabolism (33,34), whereas recent trials could not corroborate this competition theory indicating that there is no positive correlation be- tween tumor size or extension and the severity of host deple- tion (3,4,8,35). In some patients, malnutrition often occurs 68 Bauer et al. by guest on A ugust 25, 2016 advances.nutrition.org D ow nloaded from http://advances.nutrition.org/ early in the course of the disease. Furthermore, manifestations such as alterations in appetite and substrate metabolism cannot easily be explained by a cancer-host competition for energy nu- trients. This suggests that different utilization of exogenous en- ergy substrates by host and tumor are present. In animal models, it has been demonstrated that deliberate dietary pro- tein depletion results in temporarily diminished tumor growth rates, but also in severe host malnutrition (36,37). In addition, in experimental models, the i.v. administration of nutrients in- creases tumor volume and accelerates the mitotic activity of cancer cells (38–40). It must be emphasized that neither an in- fluence of nutritional deprivation (restricted diets) nor a direct substrate-induced stimulation and modulation of tumor-cell proliferation has ever been documented in humans (41–43). Findings from experimental parabiotic designs are difficult to transfer to the clinical setting, because animal tumor models differ in size and proliferation from human neoplasms and rep- resent substantially different patterns of energy metabolism (36). It is important to note that nutritional strategies for adults with cancer, extrapolated from animal tumor systems, are not practical and suitable for undernourished children. The role of energy-consuming cycles and substrate me- tabolism. Protein disturbances comprise an increased whole body protein turnover, likely mediated by cytokines, a re- duction in muscle protein synthesis, and an increase in he- patic protein synthesis (17). Accelerated lipolysis with increased production of glycerol and FFA contributes to the depletion of fat stores and subsequent weight loss (17). It has been suggested that the main energy source for cancer cells is the aerobic metabolism of glucose, which signifi- cantly exceeds that of normal cells producing high levels of lactic acids (44). Lactic acids are transported to the liver for renewed synthesis of glucose by the Cori cycle at a high energy cost. The use of muscle-derived proteins for gluconeogenesis contributes to an additional loss of energy and for a further increase in energy expenditure, resulting in a catabolic state (45). The metabolic effects of cancer and chemotherapeutic agents Changes of hormonal factors During adaptation to uncomplicated malnutrition, there is an increase in catecholamines, glucagon, cortisol, and growth hormone levels, and a decreased insulin secretion (46). Endo- crine disturbances in cancer patients present in contrast to uncomplicated malnourished humans in the form of insulin resistance and as elevated secretion of growth hormone (47,48). The production of thyroid hormones is reduced in malnourished humans with and without cancer due to activa- tion of the sympathetic nervous system, decreased glandular secretion, and nutritional restriction (47). Thyroid dysfunc- tion after total body or cranio-spinal
Compartilhar