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Prévia do material em texto

TRIBUNAIS
Direito 
Constitucional
Capítulos 1 ao 9
TRIBUNAIS
Direito Constitucional
Capítulo 1
 
1 
Olá, aluno! 
Bem-vindo ao estudo para os concursos de Tribunais. Preparamos todo esse material para você 
não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que 
você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente. 
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de 
entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal, 
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento, 
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo 
sempre! 
Ademais, estamos constantemente perseguindo melhorias para trazer um conteúdo completo 
que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a estrutura do PDF 
Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar especificamente os assuntos 
que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada capítulo você tem a oportunidade 
de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto com a leitura de jurisprudência 
selecionada. 
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser 
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou 
comentários, entre em contato através do email pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para 
a gente! 
Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se 
de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina. 
Faça bom uso do seu PDF Ad Verum! 
Bons estudos  
 
 
 
2 
 
 
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos 
Fundamentais
26%
Poder 
Legislativo
24%
Controle de 
Constitucionalid
ade
24%
Poder Judiciário
16%
Funções 
Essenciais à 
Justiça
10%
Direitos Fundamentais Poder Legislativo
Controle de Constitucionalidade Poder Judiciário
Funções Essenciais à Justiça
 
3 
 
SOBRE O CONCURSO 
Daremos início ao estudo da disciplina Direito Consitucional. Para os concursos de 
Tribunais, esta disciplina é de extrema importância, pois é matéria que se faz presente em todos 
os concursos da área. 
O estudo do direito constitucional é fundamental para uma boa pontuação nas provas 
de Tribunais e faz a diferença na aprovação, eis que, além de ser matéria autônoma é, também, 
fundamento para todas as outras. 
Em razão disso, este material busca fornecer ao aluno um conhecimento amplo e 
suficiente, abordando os principais institutos do Direito Constitucional, conforme os temas 
costumam ser cobrados nas provas de concurso. 
Ao final de cada capítulo serão colacionadas questões para treinamento, sempre 
priorizando os concursos da área, com comentários que ajudarão a resolvê-las e a revisar o 
conteúdo. 
É muito importante, também, ler toda a legislação apontada na “Legislação 
Compilada”, pois, assim como o posicionamento doutrinário, a leitura da legislação 
complementa o estudo e faz com que o aluno acerte um maior número de questões. Lembre-
se que muitas questões pedem o conhecimento do que a legislação expressamente prevê. 
Vamos iniciar os estudos?! 
 
 
 
 
 
 
4 
Abordaremos os assuntos da disciplina de Direito Constitucional da seguinte forma: 
CAPÍTULOS 
Capítulo 1 – Constituição: conceito, classificação e elementos. Aplicabilidade e eficácia das 
normas constitucionais. Preâmbulo Constitucional. Histórico das Constituições Brasileiras. Do 
poder constituinte: originário, derivado e decorrente. Da interpretação do texto constitucional. 
Da interpretação do texto constitucional. Neoconstitucionalismo. 
Capítulo 2 – Dos Princípios Fundamentais. Dos Direitos e Garantias Fundamentais. Tutela 
Constitucional das Liberdades. Direitos Sociais. 
Capítulo 3 – Nacionalidade. Direitos Políticos. 
Capítulo 4 – Organização do Estado. Da intervenção. 
Capítulo 5 – Administração Pública. 
Capítulo 6 – Poder Legislativo. Processo Legislativo. Poder Executivo. 
Capítulo 7 – Poder Judiciário. Funções Essenciais à Justiça. Defesa do Estado e das Instituições 
Democráticas. 
Capítulo 8 – Ordem Econômica e Financeira. Ordem Social. 
Capítulo 9 - Controle de Constitucionalidade: história, conceito, espécies, momentos de controle, 
sistemas de controle judicial. 
 
 
 
5 
SUMÁRIO 
DIREITO CONSTITUCIONAL ........................................................................................................................................... 8 
1. Constituição: conceito, classificação e elementos. ...................................................................................... 8 
1.1 Conceitos de Constituição ................................................................................................................................ 8 
1.2 Concepções sobre a Constituição.................................................................................................................. 9 
1.2.1 Concepção Sociológica .......................................................................................................................... 9 
1.2.2 Concepção Política ................................................................................................................................ 10 
1.2.3 Concepção Jurídica ............................................................................................................................... 10 
1.2.4 Concepção Culturalista ........................................................................................................................ 11 
1.3 Classificações da Constituição ...................................................................................................................... 13 
1.3.1 Quanto à origem .................................................................................................................................. 13 
1.3.2 Quanto ao conteúdo .......................................................................................................................... 13 
1.3.3 Quanto à forma .................................................................................................................................... 14 
1.3.4 Quanto à estabilidade ....................................................................................................................... 14 
1.3.5 Quanto à extensão .............................................................................................................................. 15 
1.3.6 Quanto à correspondência com a realidade ......................................................................... 15 
1.3.7 Quanto ao modo de elaboração ................................................................................................. 16 
1.3.8 Quanto à finalidade: ........................................................................................................................... 16 
1.3.9 Quanto ao local de decretação .................................................................................................... 16 
1.3.10 Quanto ao sistema .............................................................................................................................. 17 
1.3.11 Quanto à ideologia ............................................................................................................................. 17 
1.4 Elementos da Constituição ............................................................................................................................ 17 
1.5 Estrutura das constituições ............................................................................................................................ 18 
2. Preâmbulo Constitucional ....................................................................................................................................19 
QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 22 
 
6 
3. Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais ............................................................................ 25 
3.1 Normas Constitucionais de Eficácia Plena .............................................................................................. 26 
3.2 Normas Constitucionais de Eficácia Contida ......................................................................................... 26 
3.3 Normas Constitucionais de Eficácia Limitada ........................................................................................ 27 
QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 29 
4. Histórico das Constituições Brasileiras ........................................................................................................... 30 
4.1 Constituição de 1824 ........................................................................................................................................ 30 
4.2 Constituição de 1891 ........................................................................................................................................ 31 
4.3 Constituição de 1934 ........................................................................................................................................ 32 
4.4 Constituição de 1937 ........................................................................................................................................ 32 
4.5 Constituição de 1946 ........................................................................................................................................ 33 
4.6 Constituições de 1967 e 1969 ...................................................................................................................... 34 
4.7 Constituição de 1988 ........................................................................................................................................ 35 
QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 36 
5. Do Poder Constituinte ........................................................................................................................................ 38 
5.1 Formas de Exercício ........................................................................................................................................ 39 
5.2 Poder Constituinte Originário ................................................................................................................... 40 
5.3 Poder Constituinte Derivado ...................................................................................................................... 42 
5.3.1 Poder Constituinte Derivado Reformador .............................................................................. 43 
5.3.1.1 Limitações ................................................................................................................................................. 43 
5.3.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente ............................................................................... 44 
5.3.3 Poder Constituinte Derivado Revisor ........................................................................................ 45 
5.3.4 Mutação Constitucional .................................................................................................................... 46 
QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 47 
6. Da Interpretação do Texto Constitucional ............................................................................................... 48 
6.1 Métodos de Interpretação Constitucional .......................................................................................... 48 
 
7 
6.2 Princípios de Interpretação Constitucional ........................................................................................ 49 
6.3 Limites da Interpretação Constitucional .............................................................................................. 52 
QUADROS SINÓTICOS ................................................................................................................................................. 53 
7. Neoconstitucionalismo .......................................................................................................................................... 55 
7.1 Aspectos introdutórios .................................................................................................................................. 55 
7.2 Principais características do Neoconstitucionalismo .................................................................... 56 
7.2.1 Estado Constitucional de Direito ................................................................................................. 56 
7.2.2 Conteúdo Axiológico da Constituição ...................................................................................... 56 
7.2.3 Concretização dos valores constitucionais e garantia de condições dignas 
mínimas ..................................................................................................................................................................... 56 
QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 58 
QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................................................................................ 59 
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 68 
QUESTÃO DESAFIO ....................................................................................................................................................... 69 
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO ...................................................................................................................... 70 
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 72 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................. 73 
 
 
 
 
8 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Capítulo 1 
1. Constituição: conceito, classificação e elementos. 
1.1 Conceitos de Constituição 
Denomina-se constitucionalismo o movimento político, jurídico e ideológico que concebeu 
ou aperfeiçoou a ideia de estruturação racional do Estado e de limitação do exercício de seu 
poder, concretizada pela elaboração de um documento escrito destinado a representar sua lei 
fundamental e suprema. 
O constitucionalismo, segundo José Gomes Canotilho, é uma teoria (ou ideologia) que ergue 
o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante 
da organização político-social de uma comunidade. 
Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará uma técnica específica de 
limitação do poder com fins garantísticos. O conceito de constitucionalismo transporta, assim, 
um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal como a teoria da 
democracia ou a teoria do liberalismo. 
André Ramos Tavares estabelece quatro sentidos para o constitucionalismo: “numa primeira 
acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origenshistóricas bastante 
remotas que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda acepção, é 
identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se utilizado, numa 
terceira acepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da função e posição 
das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita, o constitucionalismo é 
reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado”. 
 
9 
Partindo, então, da ideia de que todo Estado deva possuir uma Constituição, avança-se no 
sentido de que os textos constitucionais contêm regras de limitação ao poder autoritário e de 
prevalência dos direitos fundamentais, afastando-se da visão opressora do antigo regime. 
O min. Luís Roberto Barroso aponta que o surgimento da palavra Constitucionalismo é 
relativamente recente, datando de aproximadamente 200 anos atrás, estando intimamente 
ligado aos processos revolucionários ocorridos na França e nos Estados Unidos no final do 
séc. XVIII. Apesar disso, as ideias centrais do Constitucionalismo são bem mais antigas, 
começando a ser debatidas desde a Antiguidade Clássica. 
A Constituição, objeto de estudo do Direito Constitucional, deve ser entendida como a lei 
fundamental e suprema de um Estado, que rege a sua organização político-jurídica. As 
normas de uma Constituição devem dispor acerca da forma do Estado, dos órgãos que integram 
a sua estrutura, das competências desses órgãos, da aquisição do poder e de seu exercício. 
Além disso, devem estabelecer as limitações ao poder do Estado, especialmente mediante a 
separação dos poderes (sistema de freios e contrapesos) e a enumeração de direitos e garantias 
fundamentais. 
1.2 Concepções sobre a Constituição 
1.2.1 Concepção Sociológica 
A concepção sociológica da Constituição tem como principal expoente Ferdinand Lassalle, 
cuja obra essencial é “A Essência da Constituição”. 
Nesta obra, ele entende que a Constituição escrita é apenas uma “folha de papel”. Para ele, 
a verdadeira constituição de um Estado é a soma dos fatores reais do poder. 
De acordo com esta concepção, a Constituição é tida como fato social, e não propriamente 
como norma. O texto positivo da Constituição seria resultado da realidade social do País, das 
forças sociais que imperam na sociedade, em determinada conjuntura histórica. Caberia à 
Constituição escrita, tão somente, reunir e sistematizar esses valores sociais num documento 
formal, documento este que· só teria eficácia se correspondesse aos valores presentes na 
sociedade. 
 
10 
Segundo Lassalle, convivem em um país, paralelamente, duas Constituições: uma Constituição 
real, efetiva, que corresponde à soma dos fatores reais de poder que regem esse País, e uma 
Constituição escrita, por ele denominada "folha de papel". Esta, a Constituição escrita ("folha de 
papel"), só teria validade se correspondesse à Constituição real, isto é, se tivesse suas raízes nos 
fatores reais de poder. Em caso de conflito entre a Constituição real (soma dos fatores reais de 
poder) e a Constituição escrita ("folha de papel"), esta sempre sucumbiria àquela. 
1.2.2 Concepção Política 
Seu nome referencial é Carl Schmitt, cuja obra essencial é “Teoria da Constituição”. Para ele, 
a constituição é a decisão política fundamental do titular do poder constituinte. 
Para Schmitt, a validade de uma Constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas 
na decisão política que lhe dá existência. O poder constituinte equivale, assim, à vontade política, 
cuja força ou autoridade é capaz de adotar a concreta decisão de conjunto sobre modo e forma 
da própria existência política, determinando assim a existência da unidade política como um 
todo. 
Nessa concepção política, Schmitt estabeleceu uma distinção entre Constituição e leis 
constitucionais: a Constituição disporia somente sobre as matérias de grande relevância jurídica, 
sobre as decisões políticas fundamentais (organização do Estado, princípio democrático e 
direitos fundamentais, entre outras); as demais normas integrantes do texto da Constituição 
seriam, tão somente, leis constitucionais. 
1.2.3 Concepção Jurídica 
O grande expoente desta concepção é Hans Kelsen, cuja obra essencial é a Teoria Pura do 
Direito. Ele posiciona a Constituição no mundo do dever-ser, e não no mundo do ser, 
caracterizando-a como fruto da vontade racional do homem, e não das leis naturais. 
Em outras palavras, para Kelsen, a Constituição é considerada como norma, e norma pura, 
como puro dever-ser, sem qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico. 
Embora reconheça a relevância dos fatores sociais numa dada sociedade, Kelsen sempre 
defendeu que seu estudo não compete ao jurista como tal, mas ao sociólogo e ao filósofo. 
 
11 
Esta concepção toma a palavra Constituição em dois sentidos, lógico-jurídico e jurídico-
positivo: 
De acordo com o primeiro, Constituição significa a norma fundamental hipotética, cuja 
função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição em sentido 
jurídico-positivo. 
Em sentido jurídico-positivo, Constituição corresponde à norma positiva suprema, conjunto 
de normas que regulam a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau. Ou, 
ainda, corresponde a certo documento solene que contém um conjunto de normas jurídicas 
que somente podem ser alteradas observando-se certas prescrições especiais. 
Pirâmide Normativa de Kelsen 
 
 
1.2.4 Concepção Culturalista 
Esta concepção afirma que a Constituição é produto de um fato cultural, produzido pela 
sociedade e que nela pode influir. J. H. Meirelles Teixeira é o seu principal expoente. 
Segundo ele, a Constituição é uma formação objetiva de cultura que encerra, ao mesmo 
tempo, elementos históricos, sociais e racionais, aí intervindo, portanto, não apenas fatores 
reais (natureza humana, necessidades individuais e sociais concretas, raça, geografia, uso, 
costumes, tradições, economia, técnicas), mas também espirituais (sentimentos, ideias morais, 
políticas e religiosas, valores), ou ainda elementos puramente racionais (técnicas jurídicas, formas 
CONSTITUIÇÃO
LEIS
ATOS INFRALEGAIS
 
12 
políticas, instituições, formas e conceitos jurídicos a priori), e finalmente elementos voluntaristas, 
pois não é possível negar-se o papel de vontade humana, da livre adesão, da vontade política 
das comunidades sociais na adoção desta ou daquela forma de convivência política e social, e 
de organização do Direito e do Estado. 
Afirma ainda que a concepção culturalista do direito conduz ao conceito de uma 
Constituição Total em uma visão suprema e sintética que apresenta, na sua complexidade 
intrínseca, aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e filosóficos, a fim de abranger o seu 
conceito em uma perspectiva unitária. 
 
13 
1.3 Classificações da Constituição 
Existem inúmeros critérios a partir dos quais é possível realizar a classificação das 
Constituições. Qualquer classificação depende de critérios escolhidos pelos estudiosos, não se 
podendo dizer que um é mais acertado que o outro. Vejamos os critérios classificatórios mais 
relevantes para o seu Exame. 
1.3.1 Quanto à origem 
Em relação à sua origem as constituições podem ser promulgadas, outorgadas, 
cesarista/plebiscitária ou pactuadas. São suas características: 
1) Promulgada: conta com a participação da população no seu processo político 
de elaboração, normalmente são organizadas em torno de uma Assembleia 
Constituinte. 
2) Outorgada: seu processo de elaboração não conta com a participação de 
legítimos representantes do povo, visto que são Constituições impostas de 
maneira unilateral pelo grupo, governante ou agente revolucionário; 
3) Cesarista: é imposta unilateralmente pelo grupo, governante ou agente 
revolucionário e posteriormente submetida à aprovação popular por plebiscito 
ou referendo;1 
4) Pactuada:é firmada por um acordo, um pacto entre duas forças políticas 
adversárias. Remonta a algumas Constituições da Idade Média, em que, diante 
de disputas de poder envolvendo classes mais privilegiadas, optava-se por 
pactuar um texto constitucional que atendesse aos interesses dos grupos 
socialmente mais favorecidos. 
1.3.2 Quanto ao conteúdo 
Já quanto ao seu conteúdo, a Constituição pode ser classificada como: formal ou material. 
Vejamos. 
 
1 Vide questão 3 
 
14 
1) Formal: leva em conta, para identificar o que é ou não Constituição, apenas 
a forma. Toda constituição escrita é formal e vice-versa. 
2) Material: considerará como sendo constituição toda e qualquer norma cuja 
matéria seja a estrutura política do Estado. Toda constituição material é não 
escrita.2 
1.3.3 Quanto à forma 
No que diz respeito à forma, a Constituição pode ser classificada como escrita ou não escrita. 
1) Escrita: é o conjunto de normas que estão de maneira formal e solenemente 
em apenas um documento. 
2) Não-escrita: é aquela que não está pautada em apenas um único texto, mas 
sim em textos esparsos, em usos, costumes, convenções, e na própria 
evolução jurisprudência, ou seja, é uma Constituição dispersa e extravagante. 
1.3.4 Quanto à estabilidade 
No que tange ao processo de alteração, à estabilidade, a Constituição pode ser imutável, 
rígida, flexível, semirrígida, transitoriamente flexível, silenciosa, ou super-rígida. 
1) Imutável: jamais poderia sofrer qualquer tipo de modificação. Se pretende 
eterna. Normalmente está ligada a fundamentos religiosos. 
2) Rígida: admitirá a alteração desde que seja observado procedimento mais 
rigoroso do que aqueles observados para criar as leis comuns. 
3) Flexível: poderá ser alterada da mesma maneira que se produz uma lei 
comum. A natureza jurídica da emenda é idêntica a da lei. Desaparece 
hierarquia constitucional. 
 
2 Vide questão 2 
 
15 
4) Semirrígida ou semiflexível: alguns dispositivos podem ser alterados da 
mesma maneira que as leis comuns, outros necessitam de procedimentos mais 
rigorosos.3 
5) Transitoriamente flexível: é flexível durante algum tempo, findo o qual se 
torna rígida. 
6) Silenciosa: é aquela que nada prevê sobre sua mudança formal, sendo 
alterada somente pelo próprio poder originário. Definição dada por Kildare 
Gonçalves. 
7) Super-rígida: Alguns doutrinadores, especialmente Alexandre de Moraes, 
entendem que a CRFB/88 é super-rígida (rígida, mas com núcleo imutável, as 
cláusulas pétreas). Esse entendimento é minoritário e não é adotado pelo 
STF, posto que a constituição em si não é super-rígida, apenas alguns 
dispositivos o são. 
1.3.5 Quanto à extensão 
Já em referência à sua extensão, a Constituição pode ser classificada como sintética ou 
analítica. 
1) Sintética: se limita a tratar dos elementos estruturais do Estado, como o 
princípio da separação dos poderes, os direitos fundamentais. Os demais 
assuntos são tratados por leis comuns. 
2) Analítica: trata de estrutura do Estado e vai além, englobando temas que, a 
rigor, deveriam ser tratados por leis comuns. 
 
1.3.6 Quanto à correspondência com a realidade 
1) Normativas: correspondem à realidade política e social e limitam o poder; 
 
3 Vide questão 3 
 
16 
2) Nominativas: buscam regular o processo político, mas não conseguem. Não 
atendem à realidade social e são prospectivas; 
 
3) Semânticas: não têm o objetivo de regular a política estatal. 
1.3.7 Quanto ao modo de elaboração 
No que concerne ao modo de elaboração as Constituições podem ser dogmáticas ou 
históricas. 
1) Dogmática: surge em um momento específico na História do país. Reflete os 
valores políticos dominantes daquela época. 
2) Histórica: vai sendo elaborada lenta e gradativamente ao longo de toda 
história daquela sociedade. Nunca fica pronta, está em constante evolução 
acompanhando o desenvolvimento da sociedade. Não há o que se falar em 
emendas nesse tipo de constituição, já que está em permanente construção, 
não se trata de emenda, mas de incorporação de valores. 
1.3.8 Quanto à finalidade: 
1) Garantia: visa protegeras liberdades públicas contra a arbitrariedade. São 
chamadas de negativas, uma vez que buscam limitar a ação estatal. São 
sempre sintéticas. 
2) Dirigente: traça diretrizes que devem nortear a ação estatal, prevendo as 
normas programáticas. Além de assegurar as liberdades negativas, passam a 
exigir uma atuação positiva. São analíticas. 
3) Balanço: visa reger o ordenamento durante um certo tempo. 
 
1.3.9 Quanto ao local de decretação 
1) Heteroconstituições: elaboradas fora do Estado no qual produzirão efeitos; 
 
17 
2) Autoconstituições: elaboradas no próprio Estado. 
1.3.10 Quanto ao sistema 
1) Principiológica: ou aberta. Há a predominância dos princípios com elevado 
grau de abstração; 
2) Preceitual: prevalecem as regras. 
1.3.11 Quanto à ideologia 
No tocante ao critério ideológico a classificação feita por Pinto Ferreira divide as 
Constituições em ortodoxas ou ecléticas. 
1) Ortodoxa: é aquela que toma partido de uma ideologia política, prestigia essa 
ideologia em detrimento das demais. É relacionada a governos autoritários. 
2) Eclética: ou compromissória. Não toma partido, admite o pluralismo político. 
A liberdade política-ideológica limita-se a ideologias lícitas, sendo vedado, 
portanto, a adoção de ideologias como o nazismo, por exemplo. 
 
 
Considerando os critérios analisados, a Constituição da República Federativa do Brasil classifica-
se como promulgada, formal, escrita, rígida, analítica, dogmática e eclética. 
 
1.4 Elementos da Constituição 
Conforme classificação concebida por José Afonso da Silva, as normas constitucionais 
podem ser diferenciadas ou separadas em diversas categorias levando-se em conta a sua 
estrutura normativa e conteúdo, sendo essas categorias denominadas elementos. São eles: 
 
18 
A) Elementos orgânicos: contêm normas que regulam a estrutura do Estado e do 
Poder. 
B) Elementos limitativos: referem-se aos direitos fundamentais, que limitam a 
atuação do Estado, protegendo o povo. 
C) Elementos sócio-ideológicos: estão consubstanciados nas normas que revelam 
o caráter de compromisso do Estado em equilibrar os ideais liberais e sociais ao 
longo do Texto Constitucional. 
D) Elementos de estabilização constitucional: consagrados nas normas destinadas 
a assegurar a solução de conflitos institucionais entre Poderes e protegem a 
integridade do Estado e da própria Constituição; 
E) Elementos formais de aplicabilidade: dizem respeito às regras de interpretação 
e aplicação das normas constitucionais, como o preâmbulo, o ADCT, e o §1º, art. 
5º, que determina que as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicabilidade imediata. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.5 Estrutura das constituições 
1) Preâmbulo: Antecede o texto constitucional propriamente dito. Sua função é servir 
de elemento integração dos artigos bem como orientar a sua interpretação. Segundo o STF, 
 
19 
não é norma constitucional e, por isso, não serve de paradigma para controle de 
constitucionalidade e nem serve de limite para o poder constituinte derivado. 
Ademais, não é norma de reprodução obrigatória pelas Constituições Estaduais. 
2) Parte Dogmática: é o texto constitucional propriamente dito. As normas não têm 
caráter transitório, embora possam ser modificadas. 
3) Parte Transitória (ADCT): visa integrar a ordem jurídica antiga à nova. São normas 
formalmente constitucionais, podendo sofrer modificação por reforma constitucional. Além 
disso, servem de paradigma para o controle de constitucionalidade. 
 
2. Preâmbulo Constitucional 
A atual Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 
1988, de conteúdo extenso, prolixo e demasiadamente detalhado, compõe-se de mais de 
trezentos artigos: duzentos e cinquenta integrantes do corpo permanente daConstituição e os 
demais inseridos no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). 
A Carta vigente é composta de um preâmbulo, uma parte dogmática, integrada por nove 
títulos, e um rol de dispositivos de cunho transitório, reunidos no Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias (ADCT). 
Dispõe o preâmbulo: 
A Constituição Federal de 1988 apresenta o seguinte preâmbulo: Nós, representantes do 
povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a 
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de 
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA 
DO BRASIL. 
 
20 
Muito se discute a respeito da relevância jurídica do preâmbulo de uma Constituição. Nesse 
sentido, três são as posições apontadas pela doutrina e sistematizadas por Jorge Miranda: 
A. Tese da irrelevância jurídica: o preâmbulo situa-se no domínio da política, sem 
relevância jurídica; 
B. Tese da plena eficácia: tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais, 
sendo, porém, apresentado de forma não articulada; 
C. Tese da relevância jurídica indireta: ponto intermediário entre as duas, já que, 
muito embora participe “das características jurídicas da Constituição”, não deve ser 
confundido com o articulado. 
Jorge Miranda ensina que o preâmbulo, “... proclamação mais ou menos solene, mais ou 
menos significante, anteposta ao articulado constitucional, não é componente necessário de 
qualquer Constituição, mas tão somente um elemento natural de Constituições feitas em 
momentos de ruptura histórica ou de grande transformação político social”. Assim, conclui 
Miranda, o preâmbulo “não cria direitos ou deveres” e “não há inconstitucionalidade por 
violação do preâmbulo”. 
No Brasil, a questão foi enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal em importante ação, na 
qual se discutia a constitucionalidade do preâmbulo da Constituição do Estado do Acre, pelo 
fato de haver sido omitida a referência à proteção de Deus, presente no preâmbulo da 
Constituição Federal de 1988. 
Nesse sentido, o Ministro Carlos Velloso, Relator da ADI 2.076, conclui que “o preâmbulo ... 
não se situa no âmbito do Direito, mas no domínio da política, refletindo posição ideológica do 
constituinte (...). Não contém o preâmbulo, portanto, relevância jurídica. O preâmbulo não 
constitui norma central da Constituição, de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-
membro. O que acontece é que o preâmbulo contém, de regra, proclamação ou exortação 
no sentido dos princípios inscritos na Carta (...). Esses princípios sim, inscritos na Constituição, 
constituem normas centrais de reprodução obrigatória, ou que não pode a Constituição do 
Estado-membro dispor de forma contrária, dado que, reproduzidos, ou não, na Constituição 
estadual, incidirão na ordem local...”. 
 
21 
Em outra oportunidade, diante de ação em que congressistas requeriam a suspensão da 
tramitação da proposta que veio a resultar na Emenda Constitucional 41/2003 (Reforma da 
Previdência), por ofensa ao texto do preâmbulo da Constituição Federal de 1988, a Corte Maior 
deixou assente, também, que o conteúdo do preâmbulo não impõe qualquer limitação de 
ordem material ao poder reformador outorgado ao Congresso Nacional. 
Em síntese, podemos concluir que o preâmbulo da Constituição Federal de 1988: (a) não se 
situa no âmbito do Direito Constitucional, mas no domínio da política; (b) não constitui norma 
central da Constituição Federal; ( c) não possui valor normativo, apresentando-se desvestido de 
força cogente e relevância jurídica; (d) não é norma de observância obrigatória pelos estados-
membros, Distrito Federal e municípios; (e) não serve de parâmetro para a declaração da 
inconstitucionalidade das leis, vale dizer, não há inconstitucionalidade por violação do 
preâmbulo; e (f) não constitui limitação à atuação do poder constituinte derivado, ao modificar 
o texto constitucional. 
Com base na tese da irrelevância jurídica, resta estabelecido que o preâmbulo da 
Constituição não é norma de reprodução obrigatória nos Estados, nem pode servir como 
parâmetro para o controle de constitucionalidade. 
Sem embargo dessas conclusões, a doutrina pátria costuma reconhecer ao preâmbulo da 
Constituição Federal de 1988 a função de diretriz interpretativa do texto constitucional, por 
auxiliar na identificação dos princípios e valores primordiais que orientaram o constituinte. 
 
22 
 
 
QUADRO SINÓTICO 
 
•Ferdinand Lassalle, “A Essência da Constituição”.
•A Constituição escrita é apenas uma “folha de papel”. 
•A verdadeira constituição de um Estado é a soma dos fatores reais 
do poder.
CONCEPÇÃO 
SOCIOLÓGICA
•Carl Schmitt, “Teoria da Constituição”
•A Constituição é a decisão política fundamental do titular do 
poder constituinte.
•Schmitt estabeleceu uma distinção entre Constituição e leis 
constitucionais
CONCEPÇÃO 
POLÍTICA
•Hans Kelsen, cuja obra essencial é a Teoria Pura do Direito. 
•A Constituição é considerada como norma, e norma pura, como 
puro dever-ser, sem qualquer consideração de cunho sociológico, 
político ou filosófico.
•Toma a palavra Constituição em dois sentidos, lógico-jurídico e 
jurídico-positivo.
CONCEPÇÃO 
JURÍDICA
•J. H. Meirelles Teixeira é o seu principal expoente. 
•EAConstituição é produto de um fato cultural, produzido pela 
sociedade e que nela pode influir. 
•Trata-se de uma formação objetiva de cultura que encerra, ao 
mesmo tempo, elementos históricos, sociais e racionais.
CONCEPÇÃO 
CULTURALISTA
 
23 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
Classificação quanto à: 
ORIGEM Promulgada, Outorgada, Cesarista, Pactuada 
CONTEÚDO Formal, Material 
FORMA Escrita, Não-escrita 
ALTERABILIDADE 
Imutável, Rígida, Flexível, Semirrígida ou 
Semiflexível, Transitoriamente Flexível, Silenciosa, 
Super-rígida. 
EXTENSÃO Sintética, Analítica 
MODO DE ELABORAÇÃO Dogmática, Histórica 
IDEOLOGIA Ortodoxa, Eclética. 
 
 
24 
 
 
 
 
 
PREÂMBULO
Não se situa no âmbito do Direito 
Constitucional, mas no domínio da 
política
Não constitui norma central da 
Constituição Federal
Não possui valor normativo, 
apresentando-se desvestido de força 
cogente e relevância jurídica
Não é norma de observância 
obrigatória pelos estados-membros, 
Distrito Federal e municípios
Não serve de parâmetro para a 
declaração da inconstitucionalidade 
das leis, vale dizer, não há 
inconstitucionalidade por violação do 
preâmbulo
Não constitui limitação à atuação do 
poder constituinte derivado, ao 
modificar o texto constitucional.
 
25 
 
3. Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais 
As normas constitucionais possuem diversos graus de eficácia jurídica e aplicabilidade, 
considerando a normatividade que lhes tenha sido outorgada pelo constituinte, fato que 
motivou grandes doutrinadores a elaborarem diferentes propostas de classificação dessas 
normas quanto a esse aspecto. 
Segundo o Constitucionalismo moderno, não há que se falar na existência de normas 
constitucionais desprovidas de eficácia jurídica. Todas as normas constitucionais possuem 
eficácia, mas é possível que elas se diferenciem quanto ao grau dessa eficácia e quanto a 
sua aplicabilidade. 
Como regra geral, todas as normas constitucionais apresentam eficácia, algumas jurídica e 
social e outras apenas jurídica. A eficácia social se verifica na hipótese de a norma vigente, isto 
é, com potencialidade para regular determinadas relações, ser efetivamente aplicada a casos 
concretos. Eficácia jurídica, por sua vez, significa que a norma está apta a produzir efeitos na 
ocorrênciade relações concretas; mas já produz efeitos jurídicos na medida em que a sua 
simples edição resulta na revogação de todas as normas anteriores que com ela conflitam. 
Ruy Barbosa, com base na doutrina norte-americana, enquadrava as normas constitucionais 
em dois grupos: normas "autoexecutáveis" e normas "não autoexecutáveis". 
Já a classificação das normas cunhada pelo professor José Afonso da Silva é de imensa 
importância no ordenamento jurídico brasileiro. Segundo ele, as normas constitucionais não 
podem ser classificadas em apenas duas categorias, pois há uma terceira espécie que não se 
encaixa, propriamente, em nenhum dos dois grupos idealizados pela doutrina americana. 
Vejamos. 
 
26 
3.1 Normas Constitucionais de Eficácia Plena 
Normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral são 
aquelas normas da Constituição que, no momento que esta entra em vigor, estão aptas a 
produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucional. 
José Afonso da Silva destaca que as normas constitucionais de eficácia plena são as que 
receberam do constituinte normatividade suficiente à sua incidência imediata. Situam-se 
predominantemente entre os elementos orgânicos da Constituição. Não necessitam de 
providência normativa ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou 
de vínculo, desde logo exigíveis. 
3.2 Normas Constitucionais de Eficácia Contida 
As normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabilidade direta e 
imediata, mas possivelmente não integral, pois estão sujeitas a restrições que limitem sua 
eficácia e aplicabilidade. 
Nelas, o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a 
determinada matéria, mas deixou margem à restrição. Enquanto não materializado o fator de 
restrição, a norma tem eficácia plena. 
Essas restrições poderão ser impostas: 
a) Pelo legislador infraconstitucional; 
b) Por outras normas constitucionais; 
c) Como decorrência do uso, na própria norma constitucional, de conceitos 
ético-jurídicos consagrados, que comportam um variável grau de 
indeterminação, tais como ordem pública, segurança nacional, integridade 
nacional, bons costumes, necessidade ou utilidade pública, perigo público 
iminente. 
Em regra, as normas de eficácia contida exigem a atuação do legislador ordinário, fazendo 
expressa remissão a uma legislação futura. Entretanto, a atuação do legislador ordinário não 
 
27 
será para tornar exercitável o direito nelas previsto (este já é exercitável desde a promulgação 
do texto constitucional), tampouco para ampliar o âmbito de sua eficácia (que já é plena, desde 
sua entrada em vigor), mas sim para restringir, para impor limitações ao exercício desse direito. 
3.3 Normas Constitucionais de Eficácia Limitada 
As normas constitucionais de eficácia limitada são de aplicabilidade indireta, mediata e 
reduzida, porque somente incidem totalmente a partir de uma normação infraconstitucional 
ulterior que lhes desenvolva a eficácia. 
Elas não produzem, com a simples entrada em vigor, os seus efeitos essenciais, porque o 
legislador constituinte, por qualquer motivo, não estabeleceu, sobre a matéria, uma 
normatividade para isso bastante, deixando essa tarefa ao legislador ordinário ou a outro órgão 
do Estado. 
Podem ser de dois tipos: 
 Declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: estabelecem o 
esquema geral de estruturação e atribuições de órgãos, entidades ou institutos 
públicos, para que o legislador ordinário as regulamente. Exemplo: art. 33, que 
trata dos Territórios. Podem ser impositivas ou facultativas. São impositivas 
aquelas que determinam ao legislador, em termos peremptórios, a emissão de 
uma legislação integrativa. São facultativas ou permissivas quando não impõem 
uma obrigação, mas se limitam a dar ao legislador ordinário a possibilidade de 
instituir ou regular a situação nelas delineada. 
 Declaratórias de princípios programáticos: são as que fixam princípios, 
programas e metas a serem alcançadas pelos órgãos do Estado. Constituem 
programas a serem realizados pelo Poder Público, disciplinando interesses 
econômico-sociais, tais como: realização da justiça social; valorização do 
trabalho; amparo à família; combate ao analfabetismo etc. Exemplo: art. 196 da 
CRFB/88, que trata da saúde.4 
 
4 Vide questão 9 
 
28 
 
Note-se que, mesmo as normas de eficácia limitada, que não são exequíveis de imediato, 
possuem uma eficácia mínima, na medida em que, mesmo sem serem regulamentadas, 
produzem os seguintes efeitos: a) revogam a legislação ordinária que seja contrária à mesma; 
b) impedem a edição de leis contendo dispositivos contrários ao mandamento constitucional; c) 
estabelecem um dever legislativo para os Poderes Constituídos. 
 
 
29 
 
 
QUADRO SINÓTICO 
 
 
 
EFICÁCIA DAS 
NORMAS 
CONSTITUCIONAIS
PLENA
Aplicabilidade direta, 
imediata e integral
CONTIDA
Aplicabilidade direta, 
imediata e não-integral
Restrições aplicadas 
por:
Legislador 
infraconstitucional
Outras normas 
constitucionais
Conceitos ético-
jurídicos consagrados
LIMITADA
Aplicabilidade indireta, 
mediata e reduzida 
Declaratórias de 
princípios institutivos 
ou organizativos
Declaratórias de 
princípios 
programáticos
 
30 
4. Histórico das Constituições Brasileiras 
Refletindo os diferentes estágios da política nacional até a democracia, a Constituição do 
Brasil já passou por diversas mudanças. Vejamos alguns fatos sobre cada uma das seis 
Constituições antes do texto atual. 
4.1 Constituição de 1824 
Outorgada em março de 1824 por Dom Pedro I, a primeira Constituição do Brasil foi 
imposta após a dissolução da Assembleia Constituinte. Composta por 179 artigos, a Carta criou 
o Poder Moderador, superior ao Legislativo, Executivo e Judiciário, fortalecendo a figura do 
imperador, que também ditava os presidentes das províncias. 
Foi determinado um sistema de eleições indiretas e censitárias. Ou seja: só podiam votar 
homens livres e proprietários, de acordo com a renda. O texto foi o que teve maior duração na 
história brasileira, 65 anos. 
O conteúdo da Constituição de 1824 foi fortemente influenciado pelo Liberalismo clássico 
dos séc. XVIII e XIX, de cunho marcadamente individualista, em voga na época de sua 
elaboração. 
A orientação liberal manifestava-se claramente na enumeração expressa de direitos 
individuais (chamados direitos de primeira geração ou dimensão, tendo como núcleo o direito 
de liberdade em sua acepção mais ampla, visando a resguardar, da atuação do Estado, a esfera 
individual) e na adoção da separação de poderes. 
Quanto ao último aspecto, entretanto, impende anotar que, além dos três poderes 
propugnados por Montesquieu - Legislativo, Executivo e Judiciário-, foi acrescentado um 
poder denominado Moderador, concentrado nas mãos do Imperador. 
Quanto aos procedimentos de modificação de seu texto classificava-se como Constituição 
semirrígida. O seu art. 178 só exigia um processo especial para modificação da parte do seu 
texto que o constituinte entendeu conter disposições substancialmente constitucionais. A 
modificação de todas as outras disposições, só formalmente constitucionais, podia se dar 
mediante processo legislativo simples, igual ao de elaboração das demais leis. 
 
31 
A Constituição de 1824 deu ao Brasil a forma de Estado unitário, dividido em províncias, 
com forte centralização político-administrativa. Em razão dessa característica, evitou a 
fragmentação de nosso território. A forma de Governo era a monarquia hereditária 
constitucional. 
4.2 Constituição de 1891 
Em 15 de novembro de 1889 foi declarada a República. Nos termos do decreto que a 
declarou, as províncias, agora como estados integrantes de uma federação, formaram os Estados 
Unidos do Brasil. 
A Constituição de 1891 institui a forma federativa de Estadoe a forma republicana de 
governo de forma definitiva. 
Este texto foi inspirado na Constituição dos Estados Unidos e data de fevereiro de 1891. 
Ele garantia o presidencialismo e o federalismo no País, com autonomia dos estados, a separação 
entre Estado e Igreja e a liberdade partidária e das eleições diretas para a Câmara, o Senado e 
Presidência com mandato de quatro anos5. 
 Apesar de ter sido ampliado para homens acima de 21 anos, o direito ao voto continuou 
proibido a mulheres, analfabetos, soldados, mendigos e religiosos. 
Ela trouxe, ainda, importantes garantias, como o habeas corpus. 
Adotou a forma rígida, considerando constitucionais todas as suas disposições, as quais 
somente poderiam ser alteradas mediante procedimento especial, mais difícil do que o exigido 
para a criação e modificação do direito ordinário. 
Foi uma Constituição nominativa, pois suas disposições não encontraram eco na realidade 
social, vale dizer, seus comandos não foram efetivamente cumpridos. 
Esta Constituição vigorou por 39 anos. Em 1926, sofreu uma profunda reforma, de cunho 
marcadamente centralizador e autoritário, que acabou por precipitar a sua derrocada, ocorrida 
com a Revolução de 1930. 
 
5 Vide questão 15 desse material. 
 
32 
4.3 Constituição de 1934 
Promulgada em julho de 1934 por Getúlio Vargas, o texto previa um maior poder ao 
governo federal, a criação do salário mínimo e algumas mudanças no sistema eleitoral, como o 
voto secreto, liberado às mulheres e obrigatório a partir dos 18 anos — porém ainda restrito a 
analfabetos e mendigos. 
Com a Carta, foram criadas a Justiça Eleitoral e a Justiça do Trabalho, o mandado de 
segurança e também as leis trabalhistas, com os conceitos de jornada de trabalho de oito horas 
e férias remuneradas. 
Esses direitos, quase todos traduzidos em normas constitucionais programáticas, tiveram 
como inspiração a Constituição de Weimar, da Alemanha de 1919. Com isso, a Constituição de 
1934 é apontada como marco na transição de um regime de democracia liberal, de cunho 
individualista, para a inauguração da chamada democracia social, preocupada em assegurar, não 
apenas uma igualdade formal, mas também a igualdade material entre os indivíduos (condições 
de existência compatíveis com a dignidade da pessoa humana). 
Por ter vigorado por um diminuto período de tempo, pouco relevantes foram seus reflexos 
práticos, uma vez que não houve tempo para que a implementação de suas normas influenciasse 
a realidade social. 
4.4 Constituição de 1937 
Durante o período ditatorial do Estado Novo, esta Carta extinguiu as liberdades políticas, 
a independência dos Três Poderes, a autonomia dos estados e também o cargo de vice-
presidente. 
A eleição para presidente passou a ser indireta com mandato de seis anos, e foi liberada 
a pena de morte, o exílio de opositores, a cassação da imunidade parlamentar e a censura dos 
meios de comunicação. 
Foi uma Carta outorgada, fruto de um golpe de Estado. Era Carta de inspiração fascista, de 
caráter marcadamente autoritário e com forte concentração de poderes nas mãos do 
Presidente da República. 
 
33 
A Constituição de 1937, frequentemente chamada Constituição Polaca (alusão à 
Constituição polonesa de 1935, que a teria inspirado), embora contivesse um rol de pretensos 
direitos fundamentais, não contemplava o princípio da legalidade, nem o da irretroatividade das 
leis. Possibilitava a pena de morte para crimes políticos e previa a censura prévia da imprensa 
e demais formas de comunicação e entretenimento, dentre outras disposições restritivas 
inteiramente incompatíveis com um verdadeiro Estado Democrático de Direito. 
Na verdade, a Constituição de 1937 não teve como prioridade assegurar direitos, mas sim 
institucionalizar um regime autoritário. 
4.5 Constituição de 1946 
Após a deposição de Getúlio Vargas, em 1945, foram realizadas novas eleições e o 
Congresso elaborou uma nova Constituição democrática. 
O texto, promulgado em setembro de 1946, restabeleceu direitos individuais e políticos, a 
independência dos três poderes, a autonomia dos estados e municípios e a pluralidade 
partidária. O mandato de presidente passou a ser de cinco anos, com eleições diretas. 
O controle concentrado de constitucionalidade surgiu somente com a EC nº 16/1965, que 
foi editada sob a égide da Constituição de 1946. Até então, funcionava apenas o controle difuso 
de constitucionalidade. 
A Constituição de 1946 adota a federação como forma de Estado - com autonomia política 
para os estados e, acentuadamente, para os municípios -, estabelece a república como forma 
de governo, o sistema presidencialista, e o regime democrático representativo, com eleições 
diretas. Assegura a divisão e independência dos poderes. 
Os direitos dos trabalhadores, muitos surgidos durante o Estado Novo, são 
constitucionalizados, com alguns acréscimos como o do direito de greve. Trata também, pela 
primeira vez, dos partidos políticos, instituindo o princípio da liberdade de criação e organização 
partidárias. 
Em 1961, uma emenda constitucional estabeleceu o parlamentarismo como sistema de 
governo, visando a reduzir os poderes do Presidente da República, João Goulart. O 
 
34 
parlamentarismo acabou sendo rejeitado por um plebiscito, com o que se retornou ao 
presidencialismo, em 1963, fato que precipitou o golpe militar de 1964, inaugurando mais um 
período de ditadura em nossa história constitucional. 
4.6 Constituições de 1967 e 1969 
Para oficializar o regime militar, uma nova Carta foi outorgada em janeiro de 1967. Nela, 
ficavam estabelecidos o bipartidarismo e as eleições indiretas para presidente, com quatro anos 
de mandato. Por meio de atos institucionais (AIs), o texto foi emendado diversas vezes: segundo 
o Senado, foram 17 atos institucionais, regulamentados por 104 atos complementares, entre 
1964 e 1969. 
O texto da Constituição de 1967 mostra grande preocupação com a "segurança nacional", 
exibindo clara tendência de centralização político-administrativa na União e de ampliação dos 
poderes do Presidente da República. 
Apresentava rol de direitos fundamentais, com redução dos direitos individuais, mas com 
maior definição dos direitos dos trabalhadores. Limitou o direito de propriedade, possibilitando 
a desapropriação para reforma agrária com indenização em títulos públicos. 
O AI-5, de dezembro de 1968, permitiu o fechamento do Congresso, a censura aos meios 
de comunicação e das artes, a suspensão de reuniões políticas, a decretação do estado de sítio 
e a intervenção em estados e municípios. 
 A Constituição de 1967 teve curta duração, porque, em 1969, foi editada a EC 1, de 17 de 
outubro de 1969, com entrada em vigor em 30 de outubro de 1969. A EC 1/1969, embora seja 
uma emenda à Constituição de 1967 formalmente, é considerada por muitos constitucionalistas 
como, em verdade, uma nova Constituição outorgada, tendo em vista que o seu extenso texto 
foi elaborado e unilateralmente imposto pelos ministros militares, que então estavam no poder. 
Entretanto, pretendeu-se, na época, propalar a ideia de que se estava promulgando uma emenda 
à Constituição de 1967, e não outorgando uma nova Constituição antidemocrática. 
A Constituição de 1969 sofreu diversas emendas, até que, com a EC 26, de 27 de novembro 
1985, foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte, de cujos trabalhos resultou a 
Constituição de 1988, hoje vigente. 
 
35 
4.7 Constituição de 1988 
A instalação da Assembleia Nacional Constituinte ocorreu em 1.º de fevereiro de 1987. Ela 
foi debatida ao longo de 20 meses por 559 parlamentares e com forte participação social, 
resultando, em 5 outubro de 1988, na promulgação da Constituição atual. 
A Constituição de 1988 pretendeu criar um verdadeiro Estado Democrático-Social de 
Direito, com a previsão de uma imensa quantidade de obrigações para o Estado, traduzidas em 
prestações positivas, passíveis,em tese, de serem exigidas pela população em geral, muitas 
como verdadeiros direitos subjetivos. 
Conhecida como a Constituição Cidadã, a Carta de 1988 veio para reconstruir a 
democracia e a cidadania no País, garantindo direitos sociais e políticos aos brasileiros. 
A educação, a saúde, a liberdade política e de comunicação, as eleições diretas para todos 
os cargos, entre outros direitos hoje básicos para a população, foram previstos por este texto. 
O controle de constitucionalidade tornou-se mais amplo, aumentando a relevância do 
controle abstrato, com o surgimento de novas ações, como a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão e a arguição de descumprimento de preceito fundamental, e 
significativo alargamento da legitimação ativa. 
O diploma constitucional redesenhou-se amplamente o Estado, em sua estrutura e em sua 
atuação como Estado-poder e avigorou-se sobremaneira o Estado-comunidade, mediante o 
alargamento dos direitos fundamentais de todas as dimensões e o robustecimento dos 
mecanismos de controle, populares e institucionais, do Poder Público. 
 
 
36 
 
QUADRO SINÓTICO 
 
Classificação 
quanto ao: 
1824 1891 1934 1937 1946 1967 1988 
Conteúdo Formal Formal Formal Formal Formal Formal Formal 
Forma Escrita Escrita Escrita Escrita Escrita Escrita Escrita 
Modo de 
elaboração 
Dogmática Dogmática Dogmática Dogmática Dogmática Dogmática Dogmática 
Origem Outorgada Promulgada Promulgada Outorgada Promulgada Outorgada Promulgada 
Estabilidade 
Semi-
rígida 
Rígida Rígida Rígida Rígida Rígida Rígida 
Extensão Analítica Analítica Analítica Analítica Analítica Analítica Analítica 
 
37 
Forma de 
Estado 
Unitário 
Federação 
(aberta) 
Federação 
(fechada) 
Federação 
com 
intervenção 
Federação 
de 
cooperação 
Federação 
Federação 
(inclusão 
dos 
municípios) 
Forma de 
Governo 
Monarquia República República República República República República 
Sistema de 
Governo 
Parlame-
tarismo em 
branco 
Presidencia-
lismo 
Presidencia-
lismo 
Presidencia-
lismo 
centralizado 
Presidencia-
lismo 
Presidencia-
lismo 
Presidencia-
lismo 
Executivo - - 
Forte e 
centralizado 
Presidente 
legislava 
por 
decreto-
legislativo 
Eleição do 
vice feita 
separada 
Eleição 
indireta 
(colégio 
eleitoral) 
Criação da 
Medida 
Provisória 
Judiciário - 
Controle de 
Constitucio-
nalidade 
Criação da 
Justiça do 
Trabalho e 
Eleitoral 
Não 
apreciava 
atos do 
Executivo 
 
Garantias 
do 
magistrados 
suspensas 
Criação do 
STJ 
Legislativo 
Bicameral 
aristocrático 
Bicameral 
com casa 
revisora 
Câmara 
classista e 
Senado 
colaborativo 
Fechado por 
oito anos 
Ministros 
prestam 
contas ao 
parlamento 
Bipartidaris-
mo 
Congresso 
fechado 
Poder 
terminativo 
às 
Comissões 
 
 
 
38 
5. Do Poder Constituinte 
Poder Constituinte é o poder capaz de estruturar e organizar o Estado por meio de uma 
constituição, definindo seus elementos constitutivos, seus princípios regentes e os direitos 
fundamentais dos cidadãos, estipulando poderes e limites estatais, e fixando a competência das 
entidades, órgãos e instituições que o compõem. 
Há uma nítida distinção entre o processo legislativo de elaboração de normas constitucionais 
e o processo legislativo de elaboração das demais normas do ordenamento em Estados que 
adotam Constituição do tipo rígida. 
Nesses Estados, identificam-se duas categorias de legisladores: o legislador constituinte, com 
competência para elaborar normas constitucionais, e o legislador ordinário, com competência 
para elaborar as normas infraconstitucionais do ordenamento. 
Nesse sentido, o poder constituinte é aquele exercido pelo primeiro dos legisladores 
mencionados, ou seja, é o poder de elaborar e modificar normas constitucionais. É, assim, o 
poder de estabelecer a Constituição de um Estado, ou de modificar a Constituição já existente. 
De acordo com a lição de Canotilho, “o poder constituinte se revela sempre como uma 
questão de ‘poder’, de ‘força’ ou de ‘autoridade’ política que está em condições de, numa 
determinada situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei 
fundamental da comunidade política”. 
O titular do Poder Constituinte, segundo o abade Emmanuel Sieyès, um dos precursores 
dessa doutrina, é a nação, pois a titularidade do Poder liga-se à ideia de soberania do Estado, 
uma vez que mediante o exercício do poder constituinte originário se estabelecerá sua 
organização fundamental pela Constituição, que é sempre superior aos poderes constituídos, de 
maneira que toda manifestação dos poderes constituídos somente alcança plena validade se se 
sujeitar à Carta Magna. 
Modernamente, porém, é predominante que a titularidade do poder constituinte pertence 
ao povo, pois o Estado decorre da soberania popular, cujo conceito é mais abrangente do que 
o de nação. Assim, a vontade constituinte é a vontade do povo, expressa por meio de seus 
 
39 
representantes. Celso de Mello, corroborando essa perspectiva, ensina que as Assembleias 
Constituintes “não titularizam o poder constituinte. São apenas órgãos aos quais se atribui, por 
delegação popular, o exercício dessa magna prerrogativa”. 
Manoel Gonçalves Ferreira Filho leciona que “o povo pode ser reconhecido como o titular 
do Poder Constituinte, mas não é jamais quem o exerce. É ele um titular passivo, ao qual se 
imputa uma vontade constituinte sempre manifestada por uma elite”. Assim, distingue-se a 
titularidade e o exercício do Poder Constituinte, sendo o titular o povo e o exercente aquele 
que, em nome do povo, cria o Estado, editando a nova Constituição. 
5.1 Formas de Exercício 
. Apesar do consenso teórico afirmar que é o povo o titular do poder constituinte, o seu 
exercício nem sempre se realiza democraticamente. O poder constituinte, em muitos lugares, 
tem sido exercido por ditadores ou por grupos que chegam ao poder mediante a ruptura da 
ordem democrática, resultando na criação autocrática da Constituição. 
Observa-se, assim, que, mesmo a titularidade do poder constituinte sendo sempre do povo, 
há duas formas distintas para o seu exercício: democrática (poder constituinte legítimo) ou 
autocrática (poder constituinte usurpado). 
O exercício autocrático do poder constituinte caracteriza-se pela outorga, que consiste no 
estabelecimento da Constituição pelo indivíduo, ou grupo, líder do movimento 
revolucionário que o alçou ao poder, sem a participação popular. 
Trata-se de ato unilateral do governante, que autolimita o seu poder e impõe as normas 
constitucionais ao povo. É o exercício do poder constituinte pela única vontade do detentor do 
poder, sem representação ou participação dos governados, do povo, destinatários do poder. Há, 
nesse caso, o que se denomina poder constituinte usurpado. 
O exercício democrático do poder constituinte, por sua vez, ocorre pela assembleia nacional 
constituinte ou convenção. Nela, o povo escolhe seus representantes - a chamada democracia 
representativa - que formam o órgão constituinte, incumbido de elaborar a Constituição do tipo 
promulgada. 
 
40 
A atuação do poder constituinte por meio de uma assembleia nacional constituinte ou 
convenção composta de representantes do povo democraticamente eleitos é a forma típica de 
exercício democrático do poder constituinte, desde as origens do constitucionalismo (Convenção 
de Filadélfia de 1787 e Assembleia Nacional Francesa de 1789). Com a utilização desse sistema, 
o povo, legítimo titular do poder constituinte, democraticamente, confere poderes a seus 
representantes especialmente eleitos para a elaboração e promulgação da Constituição. 
Seja o exercício do poder constituinte exercido de forma legítima ou mediante 
usurpação, sempre que houver ruptura da ordem constitucional estabelecida, e sua 
substituição por uma outra, ocorre manifestação do poder constituinte.5.2 Poder Constituinte Originário 
 O poder constituinte originário, também denominado inicial, inaugural, genuíno ou de 1.º 
grau, é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem 
jurídica precedente. 
O objetivo fundamental do poder constituinte originário, portanto, é criar um novo Estado, 
diverso do que vigorava em decorrência da manifestação do poder constituinte precedente. 
Há uma subdivisão no que diz respeito ao poder constituinte originário, que pode ser 
histórico (ou fundacional) e revolucionário. Histórico seria o verdadeiro poder constituinte 
originário, estruturando, pela primeira vez, o Estado. Revolucionário seriam todos os 
posteriores ao histórico, rompendo por completo com a antiga ordem e instaurando uma nova, 
um novo Estado. 
Alexandre de Moraes aponta que a ideia da existência de um Poder Constituinte é o suporte 
lógico de uma Constituição superior ao restante do ordenamento jurídico e que, em regra, não 
poderá ser modificada pelos poderes constituídos. É, pois, esse Poder Constituinte, distinto, 
anterior e fonte da autoridade dos poderes constituídos, com eles não se confundindo. 
No procedimento de elaboração de uma nova Constituição, podemos identificar dois 
momentos de atuação do poder constituinte originário, que se sucedem: um momento material 
e um momento formal, de onde decorrem as noções de poder constituinte material e poder 
constituinte formal. 
 
41 
O poder constituinte material é o poder de autoconformação do Estado, segundo certa 
ideia de Direito. É a decisão política de criação de um novo Estado. 
Posteriormente, o poder constituinte formal transforma essa "ideia de Direito" em "regra 
de Direito", dotada de forma e força jurídica, mediante a elaboração da Constituição. 
O poder constituinte formal, portanto, é responsável pela elaboração da Constituição em 
si, momento em que se dá juridicidade e forma à ideia de Direito. 
O poder constituinte originário é inicial, autônomo, ilimitado juridicamente, 
incondicionado, soberano na tomada de suas decisões, um poder de fato e político, 
permanente. 
a) Inicial, pois instaura uma nova ordem jurídica, rompendo, por completo, com 
a ordem jurídica anterior; 
b) Autônomo, visto que a estruturação da nova constituição será determinada, 
autonomamente, por quem exerce o poder constituinte originário; 
c) Ilimitado juridicamente, no sentido de que não tem de respeitar os limites 
postos pelo direito anterior, com as ressalvas a seguir indicadas e que passam 
a ser uma tendência para os concursos públicos; 
d) Incondicionado e soberano na tomada de suas decisões, porque não tem 
de submeter-se a qualquer forma prefixada de manifestação; 
e) Poder de fato e poder político, podendo, assim, ser caracterizado como 
uma energia ou força social, tendo natureza pré-jurídica, sendo que, por essas 
características, a nova ordem jurídica começa com a sua manifestação, e não 
antes dela; 
f) Permanente, já que o poder constituinte originário não se esgota com a 
edição da nova Constituição, sobrevivendo a ela e fora dela como forma e 
expressão da liberdade humana, em verdadeira ideia de subsistência. 
Todavia, há de se atentar que para a corrente jusnaturalista o poder constituinte originário 
não seria totalmente autônomo na medida em que haveria uma limitação imposta: ao menos o 
respeito às normas de direito natural. 
 
42 
 Como o Brasil adotou a corrente positivista, o poder constituinte originário é totalmente 
ilimitado (do ponto de vista jurídico, reforce-se), apresentando natureza pré-jurídica, uma 
energia ou força social, já que a ordem jurídica começa com ele e não antes dele. 
5.3 Poder Constituinte Derivado 
O poder constituinte derivado (instituído, constituído, secundário ou de segundo grau) é 
o poder de modificar a Constituição Federal e, também, de elaborar as Constituições estaduais. 
Esse poder é criado pelo poder constituinte originário, está previsto e regulado no texto da 
própria Constituição, conhece limitações constitucionais expressas e implícitas e, por isso, é 
passível de controle de constitucionalidade. 
Ao contrário de seu “criador”, que é, do ponto de vista jurídico, ilimitado, incondicionado, 
inicial, o derivado deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo originário, sendo, nesse 
sentido, limitado e condicionado aos parâmetros a ele impostos 
Tem como características ser um poder jurídico, derivado, limitado (ou subordinado) e 
condicionado. É um poder jurídico porque integra o Direito, está presente e regulado no texto 
da Constituição Federal. 
a) Derivado porque é instituído pelo poder constituinte originário, para 
modificar e complementar a sua obra. 
b) Limitado ou subordinado porque encontra limitações constitucionais 
expressas e implícitas, não podendo desrespeitá-las, sob pena de 
inconstitucionalidade 
c) Condicionado porque a sua atuação deve observar fielmente as regras 
predeterminadas pelo texto constitucional. Na aprovação de uma emenda à 
Constituição Federal, por exemplo, deverá ser estritamente observado o 
procedimento estabelecido no art. 60 da Constituição Federal, sob pena de 
inconstitucionalidade. 
O poder constituinte derivado subdivide-se em poder constituinte reformador e poder 
constituinte decorrente. 
 
43 
5.3.1 Poder Constituinte Derivado Reformador 
O poder constituinte derivado reformador, chamado por alguns de competência 
reformadora, tem a capacidade de modificar a Constituição Federal, por meio de um 
procedimento específico, estabelecido pelo originário, sem que haja uma verdadeira revolução. 
A manifestação do poder constituinte reformador verifica-se através das emendas 
constitucionais (arts. 59, I, e 60 da CF/88). Ao contrário do poder constituinte originário, que é 
incondicionado, o derivado é condicionado pelas regras colocadas pelo primeiro. 
Na Constituição Federal de 1988, o exercício do poder constituinte derivado foi atribuído 
ao Congresso Nacional para alteração do texto constitucional mediante dois procedimentos 
distintos: procedimentos de emenda (art. 60) e de revisão constitucional (ADCT, art. 3.º). 
Com efeito, o poder constituinte originário estabeleceu dois procedimentos distintos para 
modificação do texto constitucional pelo poder constituinte derivado reformador, a saber: o 
procedimento rígido de emenda constitucional, previsto no art. 60 da Constituição, e o 
procedimento simplificado de revisão constitucional, previsto no art. 3.º do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias – ADCT. 
5.3.1.1 Limitações 
Ao tratar da reforma e da revisão constitucional, é imprescindível o conhecimento acerca 
das limitações impostas a este poder pela própria Constituição, quais sejam: 
a) Limitações temporais: são aquelas que vedam modificações constitucionais em 
determinado intervalo de tempo. Na Constituição Federal de 1988 não há limitações 
temporais. Um exemplo desse tipo de limitação podemos encontrar na Constituição do 
Império de 1824, a qual proibiu qualquer reforma em seu texto durante os primeiros 
04 (quatro) anos. 
b) Limitações circunstanciais: as que impedem reformas durante determinadas 
circunstâncias. Ex.: impossibilidade de reforma constitucional na vigência de intervenção 
federal, de estado de defesa e de estado de sítio (CF/88, art. 60, § 1º). 
 
44 
c) Limitações materiais ou substanciais: são aquelas que impedem as reformas no que 
tange a determinadas matérias, cujo conteúdo mínimo foi considerado imutável. Elas 
são subdivididas em: explícitas (expressas) e implícitas (inerentes). 
I) Limitações materiais explícitas ou expressas: são aquelas expressamente previstas 
na Constituição Federal de 1988, mais especificamente em seu Art. 60, § 4º (as 
denominadas de cláusulas pétreas), segundo o qual, não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto 
direto, secreto, universale periódico; III - a separação dos Poderes e IV - os direitos e 
garantias individuais6. 
II) Limitações materiais implícitas (inerentes): são aquelas limitações ligadas às 
matérias ínsitas ao titular do poder constituinte, ao titular do poder reformador e ao 
processo de emenda constitucional. 
d) Limitações procedimentais ou formais: são aquelas referentes aos impedimentos 
estabelecidos no procedimento legislativo relativo às emendas constitucionais (Art. 60, 
I, II, III e §§ 2º e 3º), bem como às que vedam que matérias constantes de proposta de 
emenda rejeitada ou havida por prejudicada sejam objeto de nova proposta na mesma 
sessão legislativa (art. 60, § 5º). 
 
5.3.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente7 
O poder constituinte derivado decorrente, assim como o reformador, por ser derivado do 
originário e por ele criado, é também jurídico e encontra os seus parâmetros de manifestação 
nas regras estabelecidas pelo originário. 
Sua missão é estruturar a Constituição dos Estados-Membros ou, em momento seguinte, 
havendo necessidade de adequação e reformulação, modificá-la. Tal competência decorre da 
capacidade de auto-organização estabelecida pelo poder constituinte originário. 
O exercício do poder constituinte derivado decorrente foi concedido às Assembleias 
Legislativas, nos termos do art. 11, caput, do ADCT, que diz: “Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, 
 
6 Vide questão 7 desse material. 
7 Vide questão 7 
 
45 
com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado 
da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta”. 
Segundo Anna Cândida da Cunha Ferraz, o poder constituinte derivado decorrente se 
divide em duas modalidades: 
a) Poder constituinte decorrente inicial (“instituidor” ou 
“institucionalizador”): responsável pela elaboração da Constituição estadual. 
Como anotou Anna Cândida, “... intervém para exercer uma tarefa de caráter 
nitidamente constituinte, qual seja a de estabelecer a organização 
fundamental de entidades componentes do Estado Federal. Tem o Poder 
Constituinte Decorrente um caráter de complementaridade em relação à 
Constituição; destina-se a perfazer a obra do Poder Constituinte Originário 
nos Estados Federais, para estabelecer a Constituição dos seus Estados 
componentes”. 
b) Poder constituinte decorrente de revisão estadual (“poder decorrente de 
segundo grau”): tem a finalidade de modificar o texto da Constituição 
estadual, implementando as reformas necessárias e justificadas e nos limites 
colocados na própria constituição estadual (nesse sentido, por derivar de 
um poder que já derivou de outro, caracteriza-se como de segundo grau) 
e na federal. 
 
5.3.3 Poder Constituinte Derivado Revisor 
O poder constituinte derivado revisor, assim como o reformador e o decorrente, é fruto 
do trabalho de criação do originário, estando, portanto, a ele vinculado. É, ainda, um “poder” 
condicionado e limitado às regras instituídas pelo originário, sendo, assim, um poder jurídico. 
Melhor seria a utilização da nomenclatura competência de revisão, na medida em que não 
se trata, necessariamente, de um “poder”, uma vez que o processo de revisão está limitado por 
uma força maior que é o poder constituinte originário, este sim um verdadeiro poder, inicial e 
ilimitado, totalmente autônomo do ponto de vista jurídico. 
 
46 
O art. 3.º do ADCT determinou que a revisão constitucional seria realizada após 5 anos, 
contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do 
Congresso Nacional, em sessão unicameral. 
Instituiu-se um particular procedimento simplificado de alteração do texto constitucional, 
excepcionando a regra geral das PECs, que exige aprovação por 3/5 dos votos dos membros de 
cada Casa, e obedecendo, assim, às regras da bicameralidade (art. 60, § 2.º). 
 
5.3.4 Mutação Constitucional 
A mutação constitucional é um processo informal de mudança das Constituições rígidas, 
através da qual são alterados sentidos, significados e alcance dos enunciados normativos 
contidos no texto constitucional por meio de uma interpretação que tem por finalidade adaptar 
e atualizar a Constituição à realidade social. 
A título de exemplo, tome-se a hipótese de o Supremo Tribunal Federal, guardião da 
Constituição, conferir nova interpretação a um determinado dispositivo constitucional (diferente 
de uma interpretação que ele anteriormente tinha adotado), implicando alteração substancial 
na compreensão de seu conteúdo e alcance. 
Em palavras simples, a mutação constitucional representa a mudança informal do 
conteúdo e do sentido das normas constitucionais, que não atinge a literalidade do texto da 
Constituição, mas apenas o seu significado. 
 
 
 
47 
 
 
QUADRO SINÓTICO 
 
PODER
CONSTITUINTE
ORIGINÁRIO
Inicial, autônomo, 
ilimitado 
juridicamente, 
incondicionado, 
soberano na tomada 
de suas decisões, um 
poder de fato e 
político, permanente.
DERIVADO
REFORMADOR
Capacidade de 
modificar a 
Constituição 
Federal, por meio 
de procedimento 
específico
DECORRENTE
Estrutura ou 
modifica a 
Constituição dos 
Estados-Membros 
REVISOR
Art. 3.º do ADCT 
 
48 
6. Da Interpretação do Texto Constitucional 
6.1 Métodos de Interpretação Constitucional 
A interpretação das normas constitucionais é um conjunto de métodos, desenvolvidos 
pela doutrina e pela jurisprudência com base em critérios ou premissas (filosóficas, 
metodológicas, epistemológicas) diferentes mas, em geral, reciprocamente complementares, 
conforme Canotilho. 
Para o método jurídico ou hermenêutico clássico a Constituição deve ser encarada 
como uma lei e, assim, todos os métodos tradicionais de hermenêutica deverão ser utilizados 
na tarefa interpretativa. 
Por meio do método tópico-problemático (ou método da tópica), parte-se de um 
problema concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter prático na busca da 
solução dos problemas concretizados. A Constituição é, assim, um sistema aberto de regras e 
princípios. 
Diferentemente do método tópico-problemático, que parte do caso concreto para a 
norma, o método hermenêutico-concretizador parte da Constituição para o problema. Método 
científico-espiritual A análise da norma constitucional não se fixa na literalidade da norma, mas 
parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto da Constituição. Assim, a 
Constituição deve ser interpretada como algo dinâmico e que se renova constantemente, no 
compasso das modificações da vida em sociedade. 
A doutrina que defende o método normativo-estruturante reconhece a inexistência de 
identidade entre a norma jurídica e o texto normativo. Isso porque o teor literal da norma 
(elemento literal da doutrina clássica), que será considerado pelo intérprete, deve ser analisado 
à luz da concretização da norma em sua realidade social. A norma terá de ser concretizada não 
só pela atividade do legislador, mas, também, pela atividade do Judiciário, da administração, do 
governo etc. 
Para o método da comparação constitucional a interpretação dos institutos se 
implementa mediante comparação nos vários ordenamentos. Estabelece-se, assim, uma 
 
49 
comunicação entre as várias Constituições. Partindo dos 4 métodos ou elementos desenvolvidos 
por Savigny (gramatical, lógico, histórico e sistemático), Peter Häberle sustenta a canonização 
da comparação constitucional como um quinto método de interpretação. 
6.2 Princípios de Interpretação Constitucional8 
Ao lado dos métodos de interpretação, a doutrina estabelece alguns princípios específicos 
de interpretação. Vejamos: 
Segundo o Princípio da unidade da Constituição, a Constituição deve ser sempre 
interpretada em sua globalidade, como um todo, e, assim, as aparentes antinomias deverão 
ser afastadas. 
As normas deverão ser vistas como preceitos integrados em um sistema unitário de regras 
e princípios.

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