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Entomologia de Campo Curso de Campo 2010 Programa de Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade Dourados, MS 2011 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICA E AMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE Rodovia BR-162 / Dourados-Itahum, Km 12 Cidade Universitária de Dourados – MS CEP 79804-970 Fone/Fax: (67) 3410-2190, 3410-2197 3 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AMBIENTAIS ENTOMOLOGIA DE CAMPO 2010 Jairo Campos Gaona Josué Raizer Organizadores DOURADOS, MS 2011 4 Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade - PPECB Curso Entomologia de Campo - 2010 Apresentação O curso Entomologia de Campo é uma disciplina do PPGECB e objetiva exercitar a abordagem científica em ecologia, conservação e diversidade de insetos, usando ferramentas de delineamento experimental e análise estatística. As atividades são desenvolvidas em Projetos Orientados (PO), Projetos Livres (PL) e Projetos Individuais (PI), cada um com: (1) formulação de perguntas, hipóteses e objetivos, (2) planejamento e execução de trabalho de campo – coleta de dados, (3) tratamento, análise e interpretação de dados, (4) discussões e (5) comunicação científica, oral e escrita. A fase de campo do curso em 2010 aconteceu nos dias 04 a 18 de outubro. O local proposto foi o Parque Natural Municipal Cachoeira do Apa - PNMCA e áreas de entorno no município de Porto Murtinho, MS. Contou com a colaboração e apoio da Secretária de Educação e a Secretária de Meio Ambiente do município de Porto Murtinho. O curso de 2010 esteve integrado ao projeto de pesquisa “Invertebrados na Bodoquena: superando limites Linneanos e Wallaceanos em estratégias de biomonitoramento e conservação” financiado pelo CNPq. O projeto visa conhecimento sobre diversidade de grupos de invertebrados e sua distribuição. Programação de atividades -Visita previa de reconhecimento aos locais propostos em Porto Murtinho – 31/08 e 01/09 (Professores Josué e Jairo) -Reunião inicial com os participantes - 03/09 -Viagem para o PNMCA - 04/10 -Atividades de campo - 05/10 -17/10 -Retorno para Dourados - 18/10 -Análise de resultados e confecção de relatórios finais - outubro-novembro -Seminários com a apresentação dos trabalhos finais – dezembro Grupos Foram formados dois grupos, cada um com cinco acadêmicos. Os grupos desenvolveram as atividades propostas e discutidas com um ou dois professores orientadores nos dias estabelecidos para execução dos Projetos Orientados. Projetos Orientados – POs São projetos de execução rápida (um dia) propostos por docentes, cujo delineamento experimental é discutido e aprimorado com os respectivos grupos. Os POs ocorreram na primeira semana do curso. 5 Projetos Livres – PLs São projetos de execução rápida, idealizados, planejados e executados pelos estudantes. Os PLs foram realizados após o período dos POs. Projetos Individuais – PIs São projetos concebidos individualmente pelos acadêmicos e realizados na segunda semana do curso. São projetos mais detalhados e aprimorados que os POs e PLs, com mais tempo para coleta e análise de dados. Estes projetos estão concebidos para aproveitar as experiências adquiridas na execução, discussão e apresentação dos POs e PLs. Padronização das coletas e protocolos de campo Com o intuito de facilitar comparações em larga escala, é importante que se planeje e se faça a padronização das coletas segundo protocolos usados em grandes projetos envolvendo invertebrados no Brasil (ex. Projeto Biota FAPESP e Probio). Locais de Trabalho Ambientes do Parque Natural Municipal Cachoeira do APA e áreas de amortecimento ambiental - Município de Porto Murtinho, MS (Fig 1). Deslocamentos diários previstos: 6-8 km com caminhadas, 10-60 km com veículos. Figura 1. Imagem da área de trabalho – Parque Natural Municipal Cachoeira do Apa e áreas de entorno. Observe o encontro do rio Perdido (à direita) com o rio Apa, as Matas ciliares, vias de acesso (acima) e sinalização da base de trabalho (escola). 6 Corpo Docente: Profa. MSc. Camila Aoki – Doutoranda UFMS Prof. Dr. Carlos Fernando S. Andrade – UNICAMP Prof. Dr. Fábio Oliveira Roque – UFGD Prof. Dr. Fabrício Fagundes - UFGD Prof. Dr. Jairo Campos Gaona – UFGD Prof. Dr. Josué Raizer – UFGD Horário de atividades diárias: 06:00 – 06:50: Café da manhã 07:00: Saída a campo 08:00 a 11:00: Coleta de dados 11:00: Retorno à base / triagem de material 12:00 -13:00: Almoço 14:00 – 18:00: Tratamento de dados, Análise, Elaboração do relatório e Preparação da apresentação. 18:00 – 19:00: Jantar 19:00/20:00: Apresentações, Palestra(s), seminários. 21:00: Discussão dos projetos a serem executados. 23:00: Entrega de relatórios. Cronograma de atividades executadas: Períod o 04/10 Segunda 05/10 terça 06/10 quarta PO1 07/10 quinta PO2 08/10 sexta 09/10 sábado PO3 10/10 dom PLs 11/10 Seg. 12/10 terça “livre” 13 a 16/10 PIS 17/10 dom. PIs 18/10 Seg. Manhã 8:30 Dourado s - Porto Murtinho 7:00 Reconhe cimento da área Estrada Morro Várzea 7:00 Coleta dados PO1 CFea PNMCApa; Camila Estrada 8:00 Tratame nto, Análise, Elaboraç ão Relatório Apresent ação 7:00 Coleta dados PO3 Camila Josué CFeA Jairo 7:00 Coleta dados PLs Triage ns PLs Seleçã o de áreas dos PIs Saída Profs Coleta dados Elabor ação dos Relatór ios PIs Porto Murtin ho - Doura dos Tarde Porto Murtinho Prefeitur a 15:00 PNMCAp Rios Apa e Perdido Tratamento, Análise, Elaboração Relatório e Apresentaç ão 17:00 Apresent. Discussã o, Preparaç ão do PO2 16:00 Apresent ações PO2 Tratamento, Análise, Elaboração Relatório e apresentaç ão Trata mento, Anális. Elabor ação Relató rio, Apres entaç. Discus são dos PIs Coleta dados Entreg relatóri os PLs Elabor ação dos Relatór ios PIs Desca rregar Materi al FCBA Noite 20:00 Montage m da base 21:00 Apres. Atividade Mostra e fala Discussã o e Preparaç ão do PO1 20:00 Palestra CFeA 00:00 Entrega relatórios PO1 Coleta dados PO2 Josué Jairo 20:00 Discussã o, Preparaç ão do PO3 24:00 Entrega relatórios PO2 19:00 Apresentaç ões 21:00 Discussão, Preparação dos PLs 24:00 Entrega relatórios PO3 20:00 Palestr as (3) Camila CFeA, Robert o PLs Apres 24:00 Visita Cachoi era 13/10 14:30: Palest ra na Escola e Ed. Ambie ntal no PNMC A Sábad o 16/10 Entreg a PLs 17/10 Entreg a Relatór ios PIs Profes Fabríc Fabríc Fabríc Fabríc Fabríc CFeA CFeA CFeA CFeA CFeA CFeA CFeA CFeA Josué Josué Josué Josué Josué Josué Camila Camila Camila Camila Camila Camila Camila Camila Jairo Jairo Jairo Jairo Jairo Jairo Jairo Jairo Jairo Jairo Jairo Jairo 7 Agradecimentos O curso de campo do Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade foi realizado com apoio e financiamento da UFGD, CAPES, CNPq e FUNDECT. A autorização para atividades com finalidade didática no âmbito do ensino superior ficou registrada no Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO sob No. 25770-1. Agradecemos à Prefeitura de Porto Murtinho, pelo apoio logístico através da Secretaria de Meio Ambiente e da Secretaria de Educação; à comunidade da Cachoeira Grande pela colaboração e hospitalidade, destacando a abertura de espaços na escola e no posto de saúde,e o apoio logístico de espaços e transporte de João Carlos “Pescador de Jaú”, Elza Silva e Fernando Marques. Agradecemos a todas as pessoas que contribuíram para a realização e sucesso do curso. Em especial aos professores e revisores convidados. 8 Participantes Entomologia de Campo – 2010 Carolina Santos Pereira Cardoso Trindade Elaine Cristina Correa Jaqueline Ferreira Campos Jean Carlos de Quadros Leticia Laura de Oliveira Bavutti Luiz Carlos dos Santos Junior Marciel Elio Rodrigues Mirian Silveria de Souza Rosalia Azambuja José Luiz Massao Moreira Sugai - UFMS Professores Orientadores Profa. Me. Camila Aoki – Doutoranda UFMS Prof. Dr. Carlos Fernando S. Andrade – UNICAMP Prof. Dr. Fábio Oliveira Roque – UFGD Prof. Dr. Fabrício Fagundes - UFGD Prof. Dr. Jairo Campos Gaona – UFGD Prof. Dr. Josué Raizer – UFGD 9 Sumário Metodologia propositiva para levantamento de indícios de predação e parasitismo de insetos em mata ripícola .......................................................................................................................... 12 • Estrutura da comunidade de artrópodes associados a ramos reprodutivos e vegetativos de Lippia sp. .......................................................................................................................... 20 • Disponibilidade de presas explica a diversidade de espécies de aranhas ........................ 27 • Comportamento alimentar e composição de dípteros hematófagos .................................. 31 • Atividade de forrageamento e composição de formigas em ambientes da Cachoeira Grande, Porto Murtinho, MS. ................................................................................................................... 39 • Interações comportamentais entre espécies de formigas na mata ripícola do rio Apa. 47 • Relação da profundidade com a composição de macroinvertebrados associados a Salvinia sp., Cachoeira Grande, Porto Murtinho, MS. ...................................................................... 53 • Influencia da complexidade estrutural de ramos reprodutivos de Vitex cymosa (Verbenaceae) na diversidade de artrópodes, Cachoeira Grande, Porto Murtinho, MS. ........ 61 • Fauna de artrópodes associados a arbustos em dois ambientes: interior de mata e borda natural, Parque Natural Municipal Cachoeira do Apa – Porto Murtinho, MS. ................ 69 • Macroinvertebrados associados à serapilheira em um trecho de mata rípicola do rio Apa, Porto Murtinho, MS. ......................................................................................................................... 75 A presença de formigas interfere na frequência de visitas florais? ............................................. 84 • Composição da fauna (Diptera: Brachycera) da região Cachoeira Grande, Porto Murtinho, MS. ............................................................................................................................................... 89 • A presença do predador sobre a flor de Vitex cymosa interfere na visita dos polinizadores? ............................................................................................................................................. 95 • Macroinvertebrados associados a Salvinia sp. no período noturno. .................................. 99 • Macroinvertebrados associados a poças temporárias do rio Apa, Colônia Cachoeira Grande, Porto Murtinho – MS. ............................................................................................................... 106 • Preferência de iscas por gêneros de formigas (Hymenoptera: Formicidae) em fragmento urbano. .................................................................................................................................... 119 • Relação do tamanho das poças temporárias com os imaturos de Odonata as margens do rio Apa. .................................................................................................................................................. 125 • O substrato onde são depositadas as fezes de gado influencia a comunidade de artrópodes associada? ........................................................................................................................... 131 10 • Himenópteros parasitóides da região da Colônia Cachoeira Grande, Porto Murtinho/MS. .............................................................................................................................................. 142 • Avaliação Ambiental Rápida: ameaças e potencialidades no Parque Natural Municipal Cachoeira do APA – Porto Murtinho/MS. ........................................................................................... 150 11 PROJETOS ORIENTADOS 12 Metodologia propositiva para levantamento de indícios de predação e parasitismo de insetos em mata ripícola Carolina Trindade1, Rosalia Azambuja1, Jean Carlo De Quadros1, Elaine Corrêa1 Massao Sugai2 1Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade – UFGD, Dourados, MS. 2Pós-graduação em Ecologia e Conservação – UFMS, Campo Grande, MS. PO1- 06/10/2010 Orientador: Carlos Fernando S. Andrade RESUMO - Populações de insetos são controladas, além de outros fatores, por inimigos naturais como parasitóides e predadores. Várias metodologias já foram definidas para o levantamento desses organismos em eco e agroecossistemas. No entanto, são escassas as propostas para a observação e registro de predação e parasitismo de insetos em ambientes naturais, o que justificou a realização deste trabalho. Quatro pessoas realizaram busca ativa de sinais de predação e parasitismo em insetos em 14 parcelas de 10 X 15m e por 3 horas, em área ripícola no interior do Parque Natural Municipal Cachoeira do Apa, em Porto Murtinho, MS. Em cada parcela foram procuradas plantas injuriadas no sub-bosque, insetos fitófagos, ovos, imaturos e adultos de insetos predados e parasitados. Foram registradas a presença de insetos predadores e dípteros e himenópteros parasitóides. Foi possível a quantificação de aranhas e insetos predadores das ordens Hemiptera, Neuroptera, Mantodea, Coleoptera, bem como de ovos, larvas e pupas de herbívoros atacados por parasitóides. Discute-se o valor da relação entre as informações obtidas e o esforço amostral, bem como a possibilidade desta proposta servir para levantamentos rápidos comparativos em outras áreas ripícolas ou épocas do ano. PALAVRAS-CHAVE: matas ciliares, parasitismo, predação. No ambiente natural as populações de insetos são mantidas em equilíbrio por fatores abióticos e bióticos. Entre esses últimos estão os inimigos naturais, divididos em: entomopatógenos (vírus, bactérias, fungos, protozoários e nematóides); predadores, os quais necessitam de várias presas para completar seu desenvolvimento e os parasitóides, que utilizam apenas um hospedeiro para completar seu ciclo de vida (Parra et al., 2002; Amaral et al., 2005; Freitas et al., 2007). Levantamentos da composição e coleta de parasitóides e predadores em ambientes naturais são importantes para o conhecimento de novas espécies e de seus potenciais para uso como agentes de controle biológico (Freitas et al., 2007; Melo et al., 2008). Assim, trabalhos para estimar predação e parasitismo em ambientes naturais precisam ser realizados. Várias metodologias já foram definidas para o levantamento desses organismos em eco e agroecossistemas, porém na maioria dos trabalhos realizados em ambientes com vegetação nativa as coleta de parasitóides e de predadores são feitas por meio de armadilhas e coleta ativa (Cividanes et al., 2003; Amaral et al., 2005; Restello & 13 Penteado-Dias, 2006), sendo escassas as propostas para a observação e registro de predação e parasitismo de insetos em ambientesnaturais. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo propor uma metodologia de avaliação rápida para a observação e registro de predação e parasitismo de insetos em ambientes naturais. MATERIAL E MÉTODOS A avaliação foi projetada para uma área de mata ripícola do rio Apa, localizada no interior do Parque Municipal Cachoeira do Apa, em Porto Murtinho, MS, no dia 06 de outubro de 2010. Os inimigos naturais foram encontrados por meio de busca ativa, a qual foi feita por quatro pessoas em 14 parcelas de 10 metros de comprimento por 15 de largura, por um período amostral de 3 horas. As observações foram anotadas por uma quinta pessoa. As parcelas foram percorridas dedicando-se um esforço amostral de cerca de 15 minutos para cada parcela. O levantamento foi feito alterando-se a direção das parcelas de forma a percorrer ao final um traçado circular, retornando-se para local próximo ao ponto de partida. O levantamento concentrou-se na vegetação do sub-bosque. Inicialmente, em cada parcela, foram procuradas plantas injuriadas, evidenciado pela presença de folhas injuriadas, galhas e minas. O levantamento dos inimigos naturais foi feito pelos quatro pesquisadores, sobre ovos, imaturos e adultos, e foi registrada a presença de insetos predadores, que era informada ao pesquisador anotador. Insetos, seus ovos, larvas ou pupas suspeitos de terem servido como hospedeiros ou presas foram preservados em frascos plásticos. Em laboratório, durante um período de três horas, as amostras foram avaliadas com o auxílio de estereomicroscópio quanto à presença ou forte evidência de inimigos naturais pela dissecção, quando necessário. RESULTADOS Com o esforço amostral empregado de 3 horas, foi possível amostrar uma área de 2.100 m², representando aproximadamente 2% da mancha de mata ripícola em regeneração, que tinha cerca de 10 hectares (Fig. 1). Na área houve evidência e 14 ocorrência de inimigos naturais divididos em cinco grupos funcionais (Tab. 1). Também foram divididos de acordo com as categorias de parasitismo, segundo Parra et al. (2002), e quantificados quanto ao número de ocorrência (Tab. 2). Foram encontradas evidências de parasitismo em várias ordens de insetos (Fig. 2). Na ordem Lepidoptera, por exemplo, encontrou-se uma postura com 14 ovos com o sinal de emergência de microhymenópteros, possivelmente tricogramatídeos. E o mesmo ocorreu quanto a Blattodea, sendo encontrada uma postura com 18 ovos, sendo todos também parasitados por microvespas. Registraram-se três ocorrências de pupas de parasitóides Ichneumonoidea, típicos representantes de parasitismo gregário. Também verificou-se pupas de Lepidoptera parasitadas por Diptera (parasitismo solitário), dentro de galhas formadas em galhos de arbustos. Quanto aos predadores foram encontrados insetos da ordem Hemiptera, Neuroptera, Mantodea, Coleoptera e uma larva de Diptera. Com os dados obtidos, foi elaborada uma prancha ilustrativa, mostrando como reconhecer os indícios de parasitismo (Fig. 3) a fim de facilitar o reconhecimento dessas relações em futuros levantamentos. DISCUSSÃO Foi possível a quantificação de aranhas e de outros predadores, bem como de ovos, larvas e pupas de herbívoros atacados por parasitóides. Com o esforço amostral de três horas, feito por quatro pessoas em busca ativa e uma registrando as ocorrências, foi possível percorrer 14 parcelas de 10X15m, o que representou uma boa proporção da área, equivalente a 2%. Como as relações de ataque pelos inimigos naturais nem sempre são evidentes no trabalho de campo, foram ainda necessárias mais três horas aproximadamente de triagem e identificação em laboratório. Foi possível dessa forma registrar cinco grupos funcionais de inimigos naturais distribuídos em três categorias de parasitismo, bem como preparar uma coleção entomológica de referência e arquivo fotográfico. Os resultados demonstram que a metodologia se mostrou eficiente para levantamentos rápidos de predadores e parasitóides, de forma a permitir eventuais comparações. Assim, acredita-se que dados obtidos usando-se a mesma metodologia, em outras áreas ripícolas ou épocas do ano, poderão ser comparados com os aqui apresentados. O presente estudo tem assim o sentido de gerar parâmetros metodológicos 15 de amostragem para trabalhos voltados para a preservação das matas ciliares, como importante ambiente de origem de agentes bióticos de controle natural e ainda fonte de estudo sobre agentes para o controle biológico aplicado. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Professor Dr. Carlos Fernando S. Andrade pela orientação e ao Gestor Ambiental Roberto Araújo Bezerra, pelos trabalhos nas imagens de satélite. REFERÊNCIAS Alves, S.B. 1998. Controle microbiano de insetos. 2ª Edição. Piracicaba: FEALQ, 1163pp. Amaral, D. P. do; Fonseca, A. R.; Silva, C. G.; Silva, F. M.; Alvarenga Júnior, A. 2005. Diversidade de famílias de parasitóides (Hymenoptera: Insecta) coletados com armadilhas malaise em floresta Nativa em Luz, estado de Minas Gerais, Brasil. Arquivos do Instituto Biológico 72(4): 543 – 545. Cividanes, F. J.; Souza, V. de P.; Sakemi, L. K. 2003. Composição faunística de insetos predadores em fragmento florestal e em área de hortaliças na região de Jaboticabal, Estado de São Paulo. Acta Scientiarum Biological Sciences 25 ( 2) 315-321. Freitas, J. M. S.; Clery-Santos, M. P.; Pérez-Maluf, R. 2007. Abundância de himenópteros parasitóides em diferentes perfis de paisagens. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, Caxambu – MG. p. 1- 2. Melo, I. F.; Penteado-Dias, A. M.; Souza, C. S.; Pereira, A. G.; Shimbori, E. M. 2008. Análise da eficiência de diferentes métodos de coleta para o gênero Pambolus haliday, 1836 (Hymenoptera, Braconidae, Hormiinae) em remanescentes da mata atlântica ombrófila densa do Brasil. II Simpósio de Ecologia PPG-ERN. p. 82-86. Nardi, C.; Guerra, T. M.; Orth, A. I.; Tavares, M. T. 2006. Himenópteros parasitóides associados a pupas de Methona themisto (Lepidoptera, Nymphalidae) em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Iheringia, Série Zoologia 96 (3):373-375. 16 Parra, J.R.P.; Botelho, P.S.M.; Corrêa-Ferreira, B.S. & Bento, J.M.S. 2002. Controle biológico: terminologia. In: Controle biológico no Brasil: parasitóides e predadores (J.R.P., Parra; P.S.M., Botelho; B.S., Corrêa-Ferreira & J.M.S, Bento eds.). Manole, Barueri, SP. 1-16. Restello, R. M. & Penteado-Dias, A. M. 2006. Diversidade dos Braconidae (Hymenoptera) da Unidade de Conservação de Teixeira Soares, Marcelino Ramos, RS, com ênfase nos Microgastrinae. Revista Brasileira de Entomologia 50(1): 80- 84. Figura 1. Mata ripícola alterada do Rio Apa (forma oval), com o percurso feito para avaliação dos transectos (em hexágono). 17 Tabela 1. Abundância de registros para cada grupo funcional de inimigos naturais na área amostrada. Grupo funcional Registros Aranhas 275 Predador (exceto aranha) 25 Parasitóide de ovo ou ooteca 18 Parasitóide larval/pupal 39 Tabela 2. Número de ocorrência dos inimigos naturais encontrados na área amostrada por categoria de parasitismo (categorias segundo Parra et al., 2002). Categoria de Parasitismo N° de ocorrência Parasitismo primário 10 Hiperparasitismo - Endoparasitismo 10 Ectoparasitismo - Parasitismo múltiplo - Superparasitismo - Adelfoparasitismo - Cleptoparasitismo - Heterônomos - Poliembrionia 2 18 Figura 2. Pupa de lepidóptero galhador com emergência normal do adulto com evidência de parasitismo por díptera (A), pupa de Lepidoptera com orifício de emergência de himenóptero parasitóide solitário (B), casulos de microhimenóptero parasitóide (sem a evidência da larva hospedeira, possivelmente removida por invertebrados necrófagos (C), ooteca (E) e ovos atacadas por parasitóides de ovos (D, F, G). A B C D E F G 19Figura 3. Prancha ilustrativa de algumas categorias de parasitismo indicando-se que evidências devem ser procuradas. 20 • Estrutura da comunidade de artrópodes associados a ramos reprodutivos e vegetativos de Lippia sp. Marciel Elio Rodrigues, Jaqueline Ferreira Campos, Leticia Laura de Oliveira Bavutti, Luiz Carlos Santos Junior, Mirian Silveria de Souza Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade – UFGD, Dourados, MS. PO1- 06/10/2010 Orientadora: Camila Aoki RESUMO - A estrutura floral das plantas é comumente utilizada como refúgio contra predadores, abrigo, camuflagem para captura de presas, sítios para reprodução e recursos alimentares. Este trabalho teve como objetivo verificar a diferença na abundância, riqueza e diversidade de artrópodes associados a ramos vegetativos e reprodutivos em Lippia sp. Foram registrados 81 indivíduos, distribuídos em 14 morfotipos e sete ordens. A abundância de artrópodes foi significativamente maior em ramos reprodutivos (p= 0,05), apesar disso, a riqueza e diversidade destes não foram significativamente diferentes entre as fases fenológicas, (p=0,19 e p= 0,73, respectivamente). Quando verificamos a estrutura da comunidade de invertebrados entre os ramos, observamos espécies com ocorrências exclusivas em ramos vegetativos o que não era esperado, pois afinal os ramos reprodutivos também apresentam as mesmas características do vegetativo, só que com flores. PALAVRAS-CHAVE: Riqueza; Diversidade; Abundância; Plantas. De acordo com a hipótese da diversidade de recursos, plantas com grande variedade de estruturas ou de tipos de recursos sustentam maior diversidade de artrópodes (Lawton 1983 apud Santana & Souza 2009). Diferentes fases fenológicas da planta geram mudanças no arranjo espacial da biomassa, resultando em ramos morfologicamente distintos. Por exemplo, ramos com inflorescência são estruturalmente diferentes de ramos vegetativos, proporcionando aos artrópodes diferentes microhabitats (Souza & Martins 2003), podendo suportar maiores populações, aumentar o encontro com parceiros sexuais, prover mais sítios de refúgio, permitindo a persistência de espécies mais suscetíveis à predação e a dessecação (Souza 2007). O presente estudo teve como objetivo verificar se a abundância, riqueza e diversidade de artrópodes varia entre ramos vegetativos e reprodutivos de Lippia sp. MATERIAL E MÉTODOS Área de coleta: As coletas foram realizadas no dia 06 de outubro de 2010, próximo à Fazenda Cachoeira do Apa (Fig. 1), município de Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul. Método de coleta: 21 Foram selecionados ao acaso 20 indivíduos de Lippia sp., espécie arbustiva com altura inferior a dois metros, com flores poucos vistosas e inflorescência racemosa (Souza e Lorenzi 2005). De cada indivíduo foi coletado um ramo vegetativo e um reprodutivo medindo aproximadamente 35 cm, estes foram envolvidos por saco plástico, cortados e levados à base de estudos para posterior triagem e identificação dos artrópodes associados. Três ramos reprodutivos da espécie foram coletados para montagem da exsicata, identificação e posterior depósito no herbário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HCGMS). Os artrópodes coletados foram identificados até o nível taxonômico de Ordem seguindo a chave de identificação de Borror & Delong (1969). A classificação em morfotipos foi realizada conforme conhecimento empírico dos pesquisadores envolvidos. Análise Estatística: Na tentativa de representar a comunidade real de Lippia sp. e evitar pseudoreplicação das amostras, as mesmas foram aleatorizadas por meio do programa R, resultando em cinco amostras com quatro plantas para cada fenofase. Foi utilizado teste t para verificar se existe diferença significativa entre abundância, riqueza e diversidade (Shannon) da fauna de artrópodes entre os ramos vegetativos e reprodutivos. Para cada análise foi usado nível de significância de 0,05. A representação gráfica da estrutura da comunidade foi gerada através da ordenação direta por fenofases. RESULTADOS Foram registrados 81 indivíduos, distribuídos em 14 morfotipos dentro de sete ordens sendo: Acarina, Araneae, Coleoptera, Diptera, Hemiptera, Mantodea e Thysanoptera. Destas a ordem Thysanoptera foi a mais abundante. Em relação à abundância dos artrópodes associados a diferentes fases fenotípicas de Lippia sp., obtivemos uma diferença significativa (t =2,72; gl= 4,23; p= 0,04), de modo que esta foi superior nos ramos reprodutivos (Fig. 2). Esperava-se encontrar o mesmo resultado para riqueza e diversidade, porém este não foi significativo, evidenciando que em estado reprodutivo e vegetativo dos ramos de Lippia sp. não apresentaram diferença quanto a riqueza (t= 1,41; gl= 8; p= 0,19) e diversidade (t= 0,34; gl= 8; p= 0,73) dos artrópodes associados. 22 Através da ordenação direta por fenofases verificamos uma diferença marcante na composição da comunidade de artrópodes, sendo os morfotipos encontrados nas amostras dos ramos reprodutivos diferentes dos morfotipos presentes na fase vegetativa (Fig. 3). DISCUSSÃO Semelhante ao presente estudo, Santana & Souza (2009) coletaram oito ordens de artrópodes associados à Palicourea rigida (Rubiaceae). Dentre os artrópodes coletados, a ordem Thysanoptera apresentou o maior número de espécimes. Segundo Borror & DeLong (1969), a maioria dos indivíduos de Thysanoptera são diminutos de corpo estreito onde seu comprimento varia geralmente entre 0,5 e 5,0 mm, são fitófagos sendo associados a diversos tipos de plantas, particularmente abundante nas inflorescências. Estes indivíduos, conhecidos popularmente como trips, também foram encontrados em alta freqüência em flores de Trichogoniopsis adenantha (Romero e Vasconcelos, 2005). Verificamos que não houve diferença significativa na riqueza e diversidade de artropódes entre os ramos vegetativos e reprodutivos. Santana e Souza (2009) em estudos com Palicourea rigida mostraram que o número de ramos e de inflorescência não interferiram na diversidade, mais sim o número de folhas e a altura da planta. Ressaltamos também que o os mesmos autores descrevem que a abundância de artrópodes esteve associada ao aumento da riqueza, ou seja, quanto maior a riqueza, maior a abundância dos artrópodes, já neste trabalho não obtivemos essa relação, pois a abundância foi significativa entre as fenofases. No entanto a riqueza foi similar entre as mesmas. A estrutura da comunidade também foi uma questão importante, nas diferentes fenofases (reprodutiva e vegetativa), observamos espécies de artrópodes com ocorrências exclusivas. As diferenças encontradas na composição da fauna de artrópodes associados a ramos em diferentes fenofases podem estar relacionadas a vários fatores, como por exemplo, a presença de componentes nutritivos (pólen e néctar), diferenças na exposição luz e sombra, que formam um mosaico relativamente complexo de sítios favoráveis para insetos, fazendo com que algumas partes da planta se tornem mais atrativas que outras conforme sugerido por Bernays & Chapman (1994 apud Souza 1999). Entretanto, não era esperado que as espécies que ocorreram nos ramos vegetativos 23 fossem exclusivas, uma vez que os ramos reprodutivos também apresentam as mesmas características do vegetativo, só que acrescido de flores (ou seja, mais complexo estruturalmente). Mais estudos são necessários para verificar se este é um padrão comum na composição de espécies de insetos associados às plantas. A hipótese de que a arquitetura dos ramos pode influenciar a estrutura da comunidade de artrópodes associados à Lippia sp. foi apoiada. Nossas observações sugerem que as inflorescências podem funcionar como um habitat de alta qualidade, suportando maior número de insetos associados. AGRADECIMENTOS Roberto Araujo Bezerra pelo georeferenciamento do localda área de coleta. Ao Prof. Dr.Josué Raizer pelo auxílio no delineamento do trabalho, análise dos dados e discussão. Aos Profs. Dr. Jairo Campos Gaona e Dr. Carlos Fernando Andrade por colaborarem com sugestões ao presente estudo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Borror J.D. & DeLong M.D. 1969. Introdução ao Estudo dos Insetos. 1ª Edição. Editora Edgard Blücher. São Paulo. 652 pp. Romero G.Q. & Vasconcellos Neto J. 2005. Flowering phenology, seed set and arthropod guild in Trichogoniapsis adenantha (DC) (Asteraceae) in south-east Brasil. Revista Brasileira de Botânica. 28(1): 171-178. Santana R.C. & Souza A.C. 2009. Influência da Complexidade Estrutural de Palicourea rigida Kunth (Rubiaceae) na Diversidade de Artrópodes. Revista Brasileira de Zoociências.11(2): 161-165. Souza A.L.T. 1999. Influência da arquitetura de ramos vegetativos e inflorescências na distribuição de aranhas em plantas. Dissertação de mestrado, Unicamp. 98 pp. Souza A.L.T. & Martins R.P. 2003 Distribution of plant-dwelling spiders: Inflorescences versus vegetative branches. Austral Ecology. 29: 342-349. 24 Souza V.C. & Lorenzi H. 2005. Botânica Sistemática: Guia ilustrativo para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Editora Instituto Plantarum. Nova Odessa. 639 pp. Souza A.L.T. 2007. Influência da estrutura do habitat na abundância e diversidade de aranhas. Pg 25-43. In: Gonzaga, M.O., Santos, A.J. & Japyassú, H.F. (Eds.). Ecologia e Comportamento de Aranhas. Interciência. Rio de Janeiro. 400p. Figura 1. Mapa da área de coleta, município de Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul. 25 Figura 2. Relação de abundância de artrópodes em duas fases fenológicas de Lippia sp. Reprodutiva Vegetativa 5 0 5 0 Fase Fenológica N ú m e ro d e A rt ró p o d e s t = 2,72; gl = 4,23; p = 0,04 26 Figura 3. Abundância relativa de espécies de artrópodes em duas fases fenológicas de Lippia sp. Coleoptera sp. 3 Mantodea sp. 1 Diptera sp. 2 Hemiptera sp. 2 Hemiptera sp. 3 Acarina sp. 1 Thysanoptera sp. 1 Coleoptera sp. 1 Coleoptera sp. 2 Diptera sp. 1 Hemiptera sp. 1 Aranaea sp. 1 1 0 Aranaea sp. 2 Reprodutivo │ Vegetativo Fases Fenológicas Fase fenológica A b u n d â n c ia R e la ti v a 27 • Disponibilidade de presas explica a diversidade de espécies de aranhas José Luiz Massao M. Sugai¹, Carolina Santos Pereira Cardoso Trindade², Jaqueline Fereira Campos², Jean Carlo de Quadros², Leticia Laura de Oliveira Bavutti². 1Pós Graduação Ecologia e Conservação – UFMS, Campo Grande, MS. 2Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade – UFGD, Dourados, MS. PO2 - 08/10/2010 Orientador: Josué Raizer RESUMO - Aranhas são predadoras que possuem alta plasticidade e se alimentam principalmente de insetos. Para estes artrópodes, a questão alimentar está fortemente ligada à seleção do habitat, que deve maximizar a eficiência na captura de presas em locais com quantidade suficiente de recursos, que não cause danos excessivos à sua teia. Assim, o objetivo deste estudo foi responder se a diversidade de aranhas em um gradiente de disponibilidade de recurso alimentar varia como o esperado por um modelo compensatório entre a quantidade de presas e de danos à teia. Encontramos 21 aranhas de 10 espécies (morfotipos), a maioria em amostras com quantidade intermediária de presas. Isso era esperado segundo a teoria do forrageamento ótimo, na qual as aranhas evitariam locais com muitos recursos, devido a maior frequência de injúrias na teia. PALAVRAS-CHAVE: forrageamento ótimo, riqueza de espécies, composição de espécies. Muitos são os fatores que levam animais a escolherem um determinado ambiente, ou mesmo um local específico para utilizarem como habitat. Esta seleção pode estar baseada em um conjunto de características que vão propiciar ao animal melhores condições para forrageamento e abrigo. Em comunidades dominadas pela competição e constituída de espécies que dividem os recursos, é esperado que o número de espécies aumente conforme seja maior a gama de recursos (Begon et al., 2008). Aranhas podem ser classificadas quanto às estratégias de caça, sendo as mais comuns as caçadoras ativas, que saem à busca de suas presas e não produzem teia, ou caçadoras de espreita, que produzem teias pegajosas e esperam que as presas fiquem aderidas a ela (Uetz, 1991). Para as aranhas que caçam com auxílio de teia, a questão alimentar está fortemente ligada à seleção do habitat. Indivíduos que constroem armadilhas para capturar presas não são capazes de alterar rapidamente seu comportamento em resposta a algum estresse alimentar, como a abundância de presas que danificam as teias de aranhas. Entretanto podem obter um sucesso nesta atividade, ao decidir onde sua armadilha será localizada, ajustando-a a um local eficiente com quantidade adequada de presas que não cause danos excessivos à sua teia (Mayntz et al. 2003). Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar se a disponibilidade de presas explica a densidade, riqueza e/ou composição de espécies de aranhas. 28 MATERIAIS E MÉTODOS As coletas iniciaram às 20:30 e terminaram às 00:00. Marcamos 48 pontos em uma cerca de arame liso cujos mourões adjacentes distanciavam-se aproximadamente 1,5 m. Cada ponto era a área entre dois mourões adjacentes. Dentre estes 48 pontos, sorteamos dezenove para quantificar a disponibilidade de presas e a quantidade total e riqueza de espécies de aranhas. Distribuímos folhas plásticas com um dos lados untado com óleo de soja em cada ponto sorteado, a fim de avaliar a disponibilidade de presas. Após duas horas, recolhemos as armadilhas e contamos os insetos capturados. As aranhas foram coletadas e mantidas em potes plásticos com álcool 70GL. Para avaliar os resultados, consideramos como unidades amostrais conjuntos de três a quatro pontos sorteados, formando cinco amostras. Registramos o número total de morfotipos como estimativa da riqueza local de espécies e o número médio de presas como estimativa da disponibilidade local de recurso alimentar. Usamos gráficos de dispersão para avaliar a relação entre disponibilidade de presas e a abundância e riqueza de espécies de aranhas. Avaliamos a variação na composição de espécies por ordenação direta das amostras pela quantidade de presas. RESULTADOS Encontramos 21 aranhas em 10 morfotipos, sendo Metazygia gregalis (O.P. Cambridge, 1889) (Araneae, Araneidae) a mais abundante (52% das aranhas registradas), seguida por uma espécie de Anyphaenidae (9,6%) e as demais com 4,8% cada uma (Tab.1). Quando relacionamos à riqueza de espécies e a abundância total de aranhas com o número médio de presas, observamos um padrão no qual os extremos são evitados (Figs. 1 e 2). Metazygia gregalis foi a espécie que ocorreu com maior amplitude de distribuição no gradiente de disponibilidade de presas (Fig. 3). Alpaida sp.1 ocorreu nas amostras com maior abundância de presas, e observamos maior riqueza e abundância de aranhas em amostras com quantidades intermediárias de presas. DISCUSSÃO A distribuição da riqueza de espécies e a abundância de aranhas é maior quando a disponibilidade de presas possui valores intermediários. Isso era esperado segundo a teoria do forrageamento ótimo, na qual as aranhas evitariam locais com elevada abundância de alimento. Assim, adquirem um valor do retorno energético ótimo evitando reparos constantes devido às injúrias mais frequentes nas teias. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao professor Josué Raizer pela orientação, à professora Camila Aoki pela ajuda no delineamento amostral e na coleta dos dados e à UFGD pelo apoio logístico. 29 REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS Begon, M., Harper J.L. & Townsend C.R. 2007. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. Artmed, Porto Alegre. 740pp. Mayntz D., Toft S., Vollrath F. 2003.Effects of prey quality and availability on the life history of a trap-building predator. OIKOS 101: 631–638. Uetz. G. W. 1991. Habitat structure and spider foraging. IN: Habitat structure : The Physical arrangement of objects in space (eds. S.S. Bell, E.D. McCoy & H.R. Mushinsky) pp. 325- 48 Springer London. Tabela 1. Abundância de cada morfotipo de aranha encontrado. Espécie Abudância Alpaida sp1 1 Alpaida sp2 1 Anyphaenidae sp. 2 Araneidae sp1 1 Araneidae sp2 1 Araneidae sp3 1 Aranae 1 Araneus sp. 1 Metazygia gregalis 11 Salticidae sp. 1 Figura 1. Relação entre o número de presas e a riqueza de espécies. 30 Figura 2. Relação entre o número de presas e a abundância de aranhas. Figura 3. Abundância relativa de aranhas em um gradiente disponibilidade de presas. 31 • Comportamento alimentar e composição de dípteros hematófagos Elaine Cristina Corrêa, Marciel Elio Rodrigues, Rosalia Azambuja, Luiz Carlos Santos Junior, Mirian Silveria de Souza Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade – UFGD, Dourados, MS. PO2- 07/10/2010 Orientador: Jairo Campos RESUMO - A atração de insetos hematófagos provém de estímulos como: sinais visuais, rastros de odor e irradiação de calor. A ação antrópica provoca fortes alterações nos ambientes naturais mudando a composição de espécies da fauna e flora. O comportamento alimentar está associado à abundância e diversidade entre outros fatores como a preferência pelo hospedeiro, horários do dia, clima, proximidade de criadouros e de vegetação. Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento alimentar e a influência da ação antrópica sobre a composição de dípteros hematófagos. Foram avaliados dois ambientes, mata ciliar do rio Perdido no PNMCA e ambiente próximo da Escola Cachoeira do Apa, município de Porto Murtinho, MS; e dois períodos, crepuscular e noturno. Usaram-se armadilhas luminosas tipo CDC, redes de intercepção e intenção de picada. Verificou-se maior atividade alimentar no período crepuscular e diferença no perfil de atratividade nas intenções de picada. Constatou-se a presença de três famílias - Ceratopogonidae, Culicidae e Psychodidae - e dez espécies hematófagas. A composição e abundância dos dípteros hematófagos foi maior no ambiente de mata ripícola, isso pode ser explicado devido a sensibilidade dos mosquitos nas mudanças ambientais, que resultam na alteração na composição das espécies. PALAVRAS-CHAVE: Abundância; ação antrópica; preferência de hospedeiro. As famílias Ceratopogonidae, Culicidae e Psychodidae são insetos dípteros conhecidos popularmente como: mosquitos, mosquito pólvora e mosquito palha respectivamente. As fêmeas adultas são aladas e na grande maioria são hematófagas. A atração de insetos hematófagos está a cargo de estímulos variados como correntes de convenção, umidade e visão (Forattini, 2002), irradiação de calor, cores, gases que são produzidos na epiderme por bactérias e emitidos por diferentes partes do corpo (KNOLS & MEIJERINK, 1997 apud Paula et. al 2002), gás carbônico da respiração e o ácido láctico da pele, especialmente por mosquitos, podendo utilizar este gás em armadilhas (Marcondes, 2001). O repasto sanguíneo das fêmeas está relacionado primordialmente ao desenvolvimento de ovos e pode também aumentar a longevidade das fêmeas (Consoli & Oliveira 1994). 32 A exploração de recursos naturais como madeira, diminuição de áreas naturais para a agropecuária e urbanização provoca alterações nos ambientes naturais o que consequentemente altera a composição de espécies da fauna e flora. Os mosquitos hematófagos são sensíveis as alterações ambientais, nesse contexto torna-se importante conhecer o impacto das alterações antrópicas sobre a composição de espécies em diferentes ambientes (GOMES et al., 2007). A modificação dos ambientes pode influenciar na composição de espécies pelo fato de oferecer aos insetos novos recursos, como animais domésticos e o próprio homem pela abundância de oferta. Com a facilidade de oferta alimentar alguns mosquitos podem associar seu modo de vida de locais primitivos sem ação antrópica e passar a conviver em habitações ou próximos a elas podendo causar uma diferença na composição da fauna. Além disso, a abundância e a diversidade está ligada a outros fatores como a preferência pelo hospedeiro, época do ano e horários do dia. As perguntas que nortearam o trabalho foram as seguintes: Existe um padrão de distribuição espacial/ambiental de espécies nas habitações e na mata em relação ao hematofagismo? Há um padrão temporal de procura no comportamento hematofágico dos mosquitos? Existe diferença de atrativo entre as pessoas (hospedeiro)? Para tanto, temos as seguintes hipóteses: A distribuição e a atividade de espécies hematófagas está determinada pela proximidade de criadouros, vegetação, clima, luminosidade e oferta de recursos; a oferta de recursos deve estar condicionando a atividade dos organismos hematófagos, mas a atividade está influenciada por fatores (variáveis) ambientais, espaciais e temporal. O objetivo desse trabalho foi avaliar o comportamento alimentar e a influência da ação antrópica sobre a composição de dípteros hematófagos. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no dia 07/10/2010, no município de Porto Murtinho- MS, em dois ambientes distintos, no Parque Natural Municipal Cachoeira do Apa na Mata ciliar a margem direita do Rio Perdido LS 22º10’21”l, LW 57º30’53.7”, e em uma área urbana próxima ao parque, a 100 m da escola, LS 22º09’48.7”, LW 57º32’12.1”. Foram realizados dois experimentos paralelos, um para avaliar a composição de dípteros hematófagos e outro para avaliar o comportamento alimentar. Composição de dípteros hematófagos em dois ambientes: A amostragem foi realizada em dois ambientes diferentes, sendo o ambiente 1 uma área antropizada localizada no Vilarejo Cachoeira do Apa e o ambiente 2 uma área de 33 mata ciliar do Rio Perdido localizada no Parque Natural Municipal Cachoeira do Apa - PNMCA, ambas no município de Porto Murtinho- MS. Para a captura dos dípteros hematófagos foram utilizadas oito armadilhas do tipo CDC (Centers for Disease Control and Prevention), sendo quatro em cada ambiente. As armadilhas ficaram suspensas a uma altura 1,60m do solo do período noturno ao amanhecer. Após 12 horas as armadilhas foram retiradas e os insetos mantidos 20 minutos em câmera mortífera para a posterior triagem e identificação em nível de família e morfoespécie. Comportamento alimentar de dípteros hematófagos: O estudo foi realizado em uma mata ripícola as margens do Rio Perdido, localizada no Parque Natural Municipal Cachoeira do Apa. A captura dos insetos se deu em dois turnos de 50 min, utilizando-se dois métodos simultaneamente. O primeiro turno (crepuscular) aconteceu das 18: 15 – 19: 05h, e o segundo turno (noturno) das 22: 30 – 23: 20h. No primeiro método de coleta os cinco pesquisadores atuavam como “iscas” humanas protegidas que quantificavam os dípteros hematófagos que se aproximavam e/ou pousavam com o intuito de realizar a hematofagia. Houve um rodízio entre os indivíduos nas armadilhas. Esses dados foram registrados em uma tabela dividida em períodos de dez em dez minutos. O segundo método constava em uma rede interceptora de tela poliéster impregnada com inseticida piretróide Fendona® pendurada em formato triangular, com 3,00 X 1, 95 m (comprimento e altura) de marca Interceptor®, embaixo desta foi colocada uma superfície plástica com intuito de coletar os insetos que caíam da rede. Neste método os insetos que pousavam na rede foram quantificados e quando possível, coletados com aspirador manual. Aofinal de cada turno de coleta os indivíduos que estavam na superfície plástica foram coletados e identificados. Os dados obtidos nas coletas foram tabulados e inseridos em gráficos através dos programas Microsolft Office Excel 2007e Software R version 2.10.0. RESULTADOS Composição de hematófagos em dois ambientes. Com as armadilhas CDC foram capturadas 40 indivíduos de quatro subfamílias de dípteros hematófagos sendo elas Anophelinae com 19 indivíduos, sendo eles: Anopheles darlingi, Anopheles sp.1 e Anopheles sp.2., Culicinae com 19 indivíduos: Mansonia 34 titillans, Aedes scapularis, Culex sp., Psorophora sp. e Coquillettidia sp., Phlebotominae (sp.1) e Ceratopogonidae (sp.1). Sendo Mansonia titillans e Culex sp. encontrados nos dois locais de coleta (Fig. 1). Figura 1. Diferença na composição de dípteros hematófagos em ambiente de Mata ripícola e ambiente antropizado. Comportamento alimentar de dípteros hematófagos. Poucos indivíduos foram capturados neste experimento, no crepúsculo conseguimos capturar cinco, três Mansonia titillans, Psorophora sp. e um Aedes scapularis. À noite dois Mansonia titillans e quando retiramos as redes, sobre as lonas um Anopheles sp.e um Mansonia titillans. Durante o período crepuscular (18:15- 19:05), foi verificado que a intenção de picadas diminui conforme o tempo de exposição dos indivíduos na área estuda (Fig 2). Durante o tempo de permanência de cada isca humana os primeiros 10 minutos apresentaram uma maior atividade dos insetos com intenção de picar, logo após este período de tempo em alguns indivíduos ocorreu uma diminuição significativa. 35 Figura 2. Número de inteções de picada no período crepuscular. Observou-se também, diferenças de intenções de picadas entre os dois horários avaliados (crepúsculo e noturno) conforme fig. 3. Figura 3. Número de inteções de picada no período crepuscular e noturno. 36 Dentro de um mesmo período (crepúsculo) as tentativas de picada variaram de indivíduo para indivíduo (Fig. 4), entretanto entre os dois turnos a preferência pela mesma pessoa não se manteve. Figura 4. Intenções de picada sobre os diferentes indivíduos no período de crepúsculo. Foi observado que nos primeiros dez minutos as redes apresentavam uma repelência, nos quais os insetos não pousavam, posteriormente houve um aumento no pouso dos dípteros hematófagos. DISCUSSÃO A composição e abundância dos dípteros hematófagos foi maior no ambiente de mata ripícola, isso pode ser explicado devido a sensibilidade dos mosquitos nas mudanças ambientais, que resultariam na alteração na composição e abundância das espécies (Gomes et al., 2007). Ocorreu um maior pico de atividade no período crepuscular que no noturno durante as coletas, isso pode ser explicado pelo período de atividade desses organismos. Paula et Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4 Indivíduo 5 0-10 10-20 20-30 30-40 40-50 Tempo (minutos) Q u a n ti d a d e r e la ti v a d e i n te n ç õ e s d e p ic a d a 37 al, 2002 em um trabalho similar na região do Pantanal de Miranda também verificaram esse padrão de comportamento. O mesmo ocorreu com as intenções de picadas que diminuíram gradativamente com o passar das horas. Segundo Forattini (2002), KNOLS & MEIJERINK, 1997 apud Paula et al. (2002), Marcondes (2001), a atração de insetos hematófagos está associada a estímulos variados como: correntes de convenção, umidade, visão, irradiação de calor, cores, gases que são produzidos na epiderme por bactérias e emitidos por diferentes partes do corpo, gás carbônico da respiração e o ácido láctico da pele. O Inseticida impregnado nas redes apresenta uma lenta liberação e de longa duração o que pode explicar a ausência dos dípteros hematófagos com o passar do tempo após período de instalação das armadilhas. Obtivemos certa dificuldade para captura e contagem dos insetos no experimento de preferência alimentar. No entanto recomendamos que avaliações semelhantes a essa utilizem uma pessoa como isca protegida e duas ou três pessoas para capturar os mosquitos. Sabemos da importância de levantamentos sobre a composição da fauna de insetos entomófagos em diferentes ambientes, para ampliar o conhecimento das áreas de ocorrência e compreensão da dinâmica alimentar desses insetos, visando implantação de projetos conservacionistas e criação de políticas de controle epidemiológico e de manejo florestal (MARINHO et al., 2008). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Gomes, A. C., Natal, D.; Paula, M. B. de; Urbinatti, P. R.; Mucci, L. F.; Bitencourt, M. D. 2007. Riqueza e abundância de Culicidae (Diptera) em área impactada, Mato Grosso do Sul, Brasil. Rev Saúde Publica, 41: 661-664. Forattini, O. P. 2002. Culicidologia Médica. volume 2, editora da Universidade de São Paulo, 860 pp. Marcondes, C. B. 2001. Entomologia médica e veterinária. Editora Atheneu, São Paulo, 432 pp. Marinho, R.M.; Fonteles; R.S.; Vasconcelos, G.C.; Azevedo, P.C.B.; Moraes, J.L.P.; Rabêlo,J.M.M. 2008 Flebotomínieos (Diptera, Psychodidae) em reservas florestais da área metropolitana de São Luís, Maranhão, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia, n(52), v(1):112-116. 38 Paula, C.H.R.; Ghedini, R.C., Paiva, L.V.; Martins,E.G.; Russo, M.R.; Arenas, M. del C. 2003. Comportamento de insetos hematófagos durante a seca do Pantanal, MS. In: Ecologia do Pantanal – Curso de Campo 2002 (L.V. Paiva, P.P. Amaral, M.C. Santos, C.C Santos, P.A.A. Bueno, A.C. Araújo, F.L. Souza & E. Fischer Eds.). Editora UFMS. 51-53. 39 • Atividade de forrageamento e composição de formigas em ambientes da Cachoeira Grande, Porto Murtinho, MS. Luiz Carlos Santos Junior, Massao Sugai, Mirian Silveria de Souza, Rosalia Azambuja e Jean Carlo de Quadros 1Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade – UFGD, Dourados, MS. PO3- 09/10/2010 Orientador: Carlos Fernando S. Andrade RESUMO - As formigas formam um grupo de insetos de ampla abundância e de grande importância ecológica. Estudos sobre comportamento e composição de formigas em diferentes áreas são importantes para estratégias de manejo e conservação de áreas. Sendo assim, objetivou-se avaliar a atividade de forrageamento e composição de formigas em dois ambientes. A amostragem foi realizada em um fragmento de mata e em uma área de campo aberto, usou-se isca de atum e formicida granulada. Atum teve a remoção mais rápida chegando a 75% de no ambiente de campo aos 30 min, na mata os 75% de remoção ocorreu somente a partir dos 90 min. As espécies ocorrentes foram: Azteca sp., Ecitoninae, Pheidole sp., Camponotus sp., Crematogaster sp., Cephalotes e Pachychodila sp. em atividade de forrageamento. Conclui-se que a composição de espécies variou entre as duas áreas amostradas. Quanto ao comportamento alimentar a composição de espécies também variou conforme o tipo de isca sendo a isca de atum a mais atrativa. PALAVRA-CHAVE: atratividade de iscas. As formigas constituem um grupo de grande abundância e distribuição geográfica, sendo provavelmente o grupo de insetos mais bem sucedidos ocorrendo praticamente em todos os ambientes (BORROR & DELONG, 1998). A riqueza de espécies de formigas conhecidas corresponde a 1,5% de total de espécies de insetos descritas, assim processos que influenciam na estruturação da comunidade de formigas devem ser considerados relevantes. Muitos estudos são realizados a respeito do comportamento de formigas (BORROR & DELONG, 1998), pelo fato de as mesmas possuírem importantes papéis na dinâmica de florestas tropicais e em processos ecológicos como polinização, dispersão e predação de sementes (NEVES et al., 2005); consumindo também determinadas fontes 40 alimentares, fracionando-as e facilitando a decomposição por outros microorganismose atuando na ciclagem de nutrientes e transformação de energia. Estudos recentes demonstram que a diversidade das comunidades de artrópodes está relacionada á complexidade estrutural do habitat. Partindo-se do princípio que a degradação de ambientes está em ritmo virtualmente mais acelerado, o que leva a simplificação dos ecossistemas e consequentemente à redução da diversidade de artrópodes, trabalhos sobre comportamento e composição de formigas em diferentes áreas tornam-se importantes para o desenvolvimento de estratégias de manejo e conservação de áreas (BATTIROLA et al., 2007). O controle de formigas cortadeiras é constante nos agroecossistemas tendo empregado métodos de controle mecânico, cultural, biológico e químico. O controle químico é feito através de iscas granuladas, termonebulização, nebulização, pó seco, sendo o aspecto econômico de grande importância, em virtude dos altos custos envolvidos. Os aspectos econômicos e ambientais têm levado as empresas a melhorar o rendimento operacional das técnicas de controle químico empregado (iscas e termonebulização), bem como experimentar novas tecnologias e novos princípios ativos tóxicos (Boaretto,1997). Sendo assim, o objetivo do trabalho foi avaliar um formicida à base de Fipronil (Citromax), uma isca granulada que dispensa o uso de aplicadores, pois as próprias formigas carregam para o formigueiro. A avaliação consistiu em verificar se haveria remoção da isca Citromax mais rápida do que da isca de atum oferecida, já que a isca de atum contém proteínas diferenciadas do Citromax, e abrange um certo grupo de gêneros de formigas cortadeiras segundo o fabricante (Atta e Acromyrmex). Outro objetivo foi inventariar a mirmecofauna presente em cada uma das iscas oferecidas. MATERIAL E MÉTODOS A amostragem foi realizada na região da Colônia Cachoeira Grande, localizada no município de Porto Murtinho, MS. Foram amostradas duas áreas próximas com diferentes fitofisionomias, sendo a primeira em uma área de pastagem (S 22° 10’ 13.1” e O 57° 32’ 09”) e outra em um fragmento de mata secundária (S 22° 10’ 10.6” e O 57° 32” 02.8”), cerca de 700 m ao sul da Escola. Em cada área foram estabelecidos quatro transectos paralelos de 40 metros de comprimento cada, distantes cinco metros um do outro, dois para cada tipo de isca. 41 Foram dispostas iscas a cada dez metros. Dois tipos de atrativos foram usados: atum enlatado ralado para a atração de formigas carnívoras e isca formicida granulada Citromax® para as espécies herbívoras cortadeiras. Os atrativos eram disponibilizados em folhas de papel sulfite A4 sobre o chão, usando-se para cada atrativo 5 ml do material atrativo. O tempo estabelecido para percorrer cada transecto foi de 15 minutos, avaliando- se três minutos por isca, os parâmetros registrados foram: presença ou não de formigas, número de formigas e porcentagem estimada de remoção da isca (categorizada em a- nenhuma, b-25%, c-50%, d-75% e e-100%). Cada conjunto de quatro transectos foi percorrido por duas pessoas, cada uma em um tipo de isca, em cinco rodadas: na primeira passada foram dispostas as iscas e nas demais foram registradas a ocorrência e atividade das formigas, coletando-se alguns exemplares para posterior identificação. O tempo total de amostragem foi duas horas e meia. As formigas foram triadas e identificadas quando possível a nível de gênero, as análises utilizadas foram descritivas, abundância relativa e porcentagem de remoção. RESULTADOS Durante os primeiros 30 minutos após a disponibilização das iscas de atum no campo, cinco pontos houve uma remoção de 50% da isca, que foi aumentando com o passar do tempo, tendo ao final uma representatividade de 10 iscas com remoção de 75% após 90 minutos, e metade das iscas totalmente removidas ao final das observações (Fig. 1). Na área de mata, nos primeiros 30 minutos de exposição da isca de atum, não houve qualquer remoção. Uma hora após a instalação do atum, oito pontos continuavam sem qualquer remoção significativa, enquanto que dois pontos apresentaram um percentual de 25% de remoção. Após 90 minutos, apenas dois pontos tiveram 75% de remoção, e em 120 minutos ocorreu a remoção total com 100% de isca removida (Fig. 2). As espécies ocorrentes nesta isca foram: Camponotus sp1; Ecitoninae sp1; Pachycondila sp1 e Pheidole sp1 (Tab. 1). Não houve remoção de 100% em nenhuma das iscas de Citromax® em qualquer dos ambientes. Foi registrado o maior índice de remoção em apenas uma isca no campo 42 com 25%, e não registrou-se a presença de nenhum gênero de formigas cortadeiras, embora esse tipo de isca seja desenvolvida especificamente para o controle dessas formigas. As espécies ocorrentes nesta isca foram: Azteca sp1, Cephalotes sp1 e Crematogaster sp1 (Tab. 1). A abundância relativa de acordo com as áreas variou junto com a composição de espécies, Pachycondila sp. e Cephalotes sp. ocorreram na mata não tendo representantes na área de campo, bem como Azteca sp. e Ecitoninae que ocorreram somente no campo. Já os gêneros Pheidole sp., Crematogaster sp. e Camponotus sp. teviram representantes nas duas áreas, mas com uma maior abundancia para o último na área de campo (Fig. 3). DISCUSSÃO Em formigas a capacidade de forragear numa determinada categoria de recurso está associada ao aprendizado, tipo de orientação empregado, morfologia do animal, distância da jornada até a fonte de alimento, estresse térmico, qualidade e densidade do recurso e status nutricional da colônia (Traniello, 1989). A forma pela qual uma espécie procura e captura o alimento depende principalmente do tamanho do alimento, sua distribuição temporal, espacial, sua resistência a ser capturado e também da capacidade de carregamento de cada forrageira (Levings & Traniello, 1981 apud Brandão, 2000). Algumas espécies que adotam comportamento de recrutar têm teoricamente maiores possibilidades de dominar a fonte de alimento (Traniello, 1989 apud Brandão, 2000). Tudo isso leva a um sincronismo da fenologia da espécie com a do recurso alimentar, moldado principalmente por semioquímicos associados ao acasalamento, oviposição, defesa e outras ralações intra e interespecíficas com influência no comportamento da espécie (Hagen et al., 1984 apud Brandão, 2000). O gênero Camponotus sp. registrado em um estudo feito por Brandão (2000) com comportamento de formigas em iscas atrativas, encontrado dominando a isca por sua agressividade, chegando a matar vários indivíduos de outras espécies com as quais interagiu; apresentou um fluxo médio na isca, sendo as formigas bastante rápidas, ágeis e agressivas. Este fato pode explicar a alta ocorrência deste gênero nas nossas amostras. Já o gênero Pachycondila registrado neste mesmo estudo de Brandão (2000), nunca dominou a isca, principalmente por apresentar um fluxo esparso de visitantes; 43 geralmente chegavam sozinhas à isca e praticamente “roubavam” um pedaço da isca; poucas vezes foi impedida de atingir o alimento, este gênero foi o qual apresentou a menor freqüência em nossas iscas juntamente com Azteca sp. O gênero Pheidole, foi um dos que ocorreram com freqüência neste estudo, ocorrendo também no trabalho de Brandão (2000) com uma média de 5,2% de ocorrência, Moutinho (1991) relacionou a atividade de duas espécies de Pheidole com a temperatura do solo, concluindo que diferenças nos horários preferidos de forrageamento e na composição relativa dos itens que compõem as dietas das espécies possibilitam a sua coexistência. A não ocorrência de qualquer formiga cortadeira nas iscas era de certa forma esperada, considerando-se que em vários dias de trabalhos de campo, raras vezes foram vistas, tanto nos ambientes de mata como nos campos abertos nessa região. Mas de qualquer forma, é interessante notar que as iscas comerciais foram pelo menos em parte removidas, por formigasnão cortadeiras e, portanto espécies que não são alvo de controle do produto. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao professor Dr. Carlos Fernando a e ao Gestor Ambiental Roberto Araújo Bezerra pela ajuda na geração da carta imagem dos locais de coleta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brandão, C.R.F., Silvestre, R. & Reis-Menezes, A. 2000. Influência das interações comportamentais entre espécie de formigas em levantamentos faunísticos em comunidades de cerrado. Pp. 371-404. In: Ecologia e comportamento de Insetos (Martins, R.P., Lewinsohn, T.M. & Barbeitos, M.S. eds).. Série Oecologia Brasiliensis, vol. VIII. PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil. Battirola, L.D.; Adis, J.; Marques, M.I. & Silva, F.H.O. 2007. Composição da comunidade de artrópodes associados a copa de Attalea phalerata Mart. (Aracaceae), durante o período da chuva no Pantanal de Paconé, Mato Grosso do Sul, Brasil. Neotropical Entomology, v. 36p. 640-651. Borror, D.J. & Delong, D.M. 1988. Introdução ao estudo dos insetos. 2ª Ed. Edgard Blucher, São Paulo. 653p. 44 Boaretto, M.A.C., Forti, L.C. 1997. Perspectivas no controle de formigas cortadeiras. Departamento de Defesa Fitossanitária da FCA/UNESP. Série técnica IPEF, v.11, n.30, p 31-46. Moutinho, P. R. S. 1991. Note on foraging activity and diet of two Pheidole Westwood species (Hymenopotera: Formicidae) in an area of “shrub canga” vegetation in Amazonian Brazil. Revista Brasileira de Biologia 51(2): 403-406. Neves, A.C.O; Milano, M.Z.; Ribeiro, D. B.; Teribele, R. & Barbosa, V. 2005. Caracterização das comunidades de formigas de uma cordilheira e uma área de campo adjacentes, na fazenda Rio Negro, Pantanal da Nhecolândia. In: Ecologia do Pantanal – Curso de campo 2005 (Lima, T.N.; Dutra, P.F. Frison, S.; Graciolli, G. & Raizer, J.). Editora UFMS. 115-119. 45 Figura 1. Categorias de porcentagem de remoção de isca de atum na área de campo, em relação a 4 diferentes períodos de observação após a iscagem. Figura 2. Categorias de porcentagem de remoção de isca de atum na área da mata, em relação a 4 diferentes períodos de observação após a iscagem. 46 Figura3. Relação de abundância relativa de area de mata e campo ao longo do experimento (120). Formigas Iscas Atum Citromax ® Azteca sp1 X Camponotus sp1 X Cephalotes sp1 X Crematogaster sp1 X Ecitoninae sp1 X Pachycondila sp1 X Pheidole sp1 X Tabela 1: Ocorrência das formigas nas diferentes iscas oferecidas durante os 120 minutos de observação. 47 • Interações comportamentais entre espécies de formigas na mata ripícola do rio Apa. Carolina Santos Pereira Cardoso Trindade, Marciel Elio Rodrigues, Jaqueline Ferreira Campos, Leticia Laura de Oliveira Bavutti, Elaine Cristina Corrêa – 1Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade – UFGD, Dourados, MS. PO3- 09/10/2010 Orientador: Camila Aoki RESUMO - Vários estudos vêm sendo desenvolvidos para verificar a diferença comportamental de espécies de formigas frente a fontes alimentares, investigando a influência dos comportamentos entre espécies de formigas interagindo nessa fonte e a dominância de alguns grupos que poderiam resultar na exclusão de espécies comportamentalmente subordinadas. No presente trabalho avaliamos os diferentes padrões de comportamento apresentados por espécies de formigas que interagem em iscas de atum, em um total de 15 horas de observação. Verificamos poucas interações entre as espécies de formigas, totalizando oito espécies sendo, Camponotus sp.1 e Pheidole sp.2 as mais freqüentes e com maior número de interações. Também observamos que Pheidole sp. 2 teve o menor tempo de chegada a isca quando comparada às demais espécies.Observamos que dentro do comportamento de ação o mais freqüente foi avançar e de reação foi fugir. A dominância das iscas foi devida, principalmente à ocorrência de uma única espécie. PALAVRAS-CHAVES: Interação, Formicidae, Comportamento. O Brasil é um dos países onde se encontra a maior biodiversidade do planeta, no entanto a maior parte da fauna de invertebrados ainda é totalmente desconhecida da ciência, seja do ponto de vista de sistemático , zoológico, genético ou do comportamento (Del-Claro, 2004). A ecologia comportamental é um tipo de abordagem que revela as bases ecológicas e evolutivas dos comportamentos, demonstrando experimentalmente a ação de um determinado ato sobre o valor adaptativo de um indivíduo (Del-Claro, 2004). Formicidae é um grupo comum e cosmopolita e é provavelmente o mais bem sucedidos de todos os grupos de insetos, ocorrem praticamente em todos os lugares do meio terrestre. Os hábitos das formigas são geralmente bastante elaborados, e muitos estudos têm sido realizados a respeito de seu comportamento. Algumas são carnívoras, alimentando-se de animais (vivos ou mortos), plantas, fungos, seivas, néctar e substâncias similares (Borror & DeLong, 1969). 48 A intenção do presente trabalho foi avaliar os diferentes padrões de comportamento apresentados por diferentes espécies de formigas, enfocando as seguintes questões: Quanto tempo (médio) cada espécie demora para chegar ao recurso? Entre quais espécies ocorre interação? Qual é a principal ação/reação e resultado das interações entre as espécies de formigas? Quais espécies geralmente dominam o recurso e por que (quantidade ou agressividade)? MATERIAIS E MÉTODOS As observações foram realizadas no dia 09 de outubro de 2010, no Parque Natural Municipal Cachoeira do Apa (W 57°31’14’’;S 22°10’05.3”) município de Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul. Selecionamos 10 pontos, eqüidistantes aproximadamente 50 metros, onde dois ml de atum foram dispostas em folha de papel sulfite. Para observação do comportamento utilizamos o método de amostragem de todas as ocorrências, all occurrence sampling (Del-Claro, 2004). Em cada ponto as iscas ficaram expostas pelo período de 90 minutos, totalizando 15 horas de observação. Registramos o horário inicial em que a isca foi exposta e retirada, e os horários de chegada dos indivíduos de diferentes espécies de formigas na isca. Os atos comportamentais das espécies de formigas que visitaram as iscas foram divididos em duas categorias: “ação” e “reação”. Para o comportamento de “ação” observamos: 1- Avançar – ir em direção ao indivíduo de outra espécie em movimento abrupto, interpretado como uma forma de ameaça; 2- Morder – agarrar com a mandíbula alguma parte do corpo de outra espécie por alguns minutos; 3- Roubar a isca – retirar a isca que o individuo de outra espécie carregava; 4 -Matar – realizar agressão que cause a morte do individuo de outra espécie; 5- Levantar o gaster – movimentar o gaster para expelir elementos químicos ou repelentes. Os comportamentos de “reação” foram definidos como: 1- Permanecer na isca – o indivíduo atacado permanece na isca; 2- Fugir – o indivíduo atacado deixa a isca; 3- Levantar o gaster; 4- Lutar – o indivíduo atacado luta com o agressor; 5- Matar- o indivíduo agredido mata o agressor. Também foi observado o comportamento dos indivíduos nas iscas em relação à dominância. Esta foi classificada como categoria de “resultados” onde, observamos se: a 49 espécie não dominou a isca, dominou por ser única, dominou por ser abundante, dominou por ser agressiva, dominou por ser agressiva e abundante, foi excluída da isca e saiu da isca. Nossos resultados foram expressos em um etograma, que é uma representação tabular da qualificação e quantificação dos comportamentos exibidos por uma espécie (Del-Claro, 2004). RESULTADOS Foi observado o tempo médio em que as espécies de formigas levaram para chegar até as armadilhas iscadas com atum (Tab. 1). A espécie que chegou menor tempo foi Pheidole sp. 2 (11+ 9,3 minutos). Pheidole sp. 1, com maior tempo de chegada, levou 86 minutos,mas este valor representa somente um indivíduo e não uma média como foi feito para as outras espécies , portanto não é possível fazer extrapolações sobre esta espécie, assim como para Dorymyrmex sp.1, Crematogaster sp.1 e Pheidole sp. 3. Do total de espécies verificadas, Camponotus sp. 1 (50%) e Pheidole sp. 2 (50%) foram as que ocorreram com maior freqüência nas amostras (Tab. 1). Dentre os comportamentos propostos para observação em campo, foram registrados apenas a “ação” de avançar e as “reações” de permanecer ou fugir. A espécie Pheidole sp. 2, foi a única que apresentou esses três comportamentos (Tab. 1). Na categoria resultados a maioria das espécies chegou à isca e saiu da armadilha sem interagir com nenhum indivíduo de outra espécie. Pheidole sp. 2 exerceu dominância sobre o recurso alimentar, principalmente por ser a única espécie e em menor proporção por ser abundante. Já Pheidole sp. 4, dominou a isca por mostrar agressividade em uma proporção semelhante à que foi excluída da isca (Tab. 2). DISCUSSÃO O gênero com maior riqueza de espécies neste estudo foi Pheidole, segundo Wilson (1976), este gênero, juntamente com Camponotus, Solenopsis e Crematogaster possuem maior diversidade de espécies e de adaptações, maior extensão de distribuição geográfica e maior abundância, e por essas características geralmente eles são os mais predominantes nas iscas. O gênero Pheidole apresentou o menor tempo de chegada à isca, o que pode estar relacionado com o fato de esta espécie ser abundante e bem distribuída na área de estudo. De acordo com Brandão et al. (2000), a ordem de chegada das espécies à isca 50 não está necessariamente associada ao seu domínio. Segundo ele, a “dominância” de uma fonte alimentar por uma espécie de formiga parece estar associada à distância da fonte ao ninho, ao tamanho da colônia, à estratégia de forrageamento, ao local, época e período de atividade preferenciais e principalmente à atratividade do alimento e status nutricional em que as colônias das espécies que se interagem se encontram no momento. Houveram poucas interações entre os indivíduos das diferentes espécies de formigas, e a dominância na isca deveu-se, principalmente a ocorrência de uma espécie. Segundo Brandão et al. (2000), em pesquisa realizada com interações comportamentais entre espécies de formigas, foi verificado que o domínio de uma fonte alimentar não é exclusivamente determinada por espécies que possuem comportamento agressivo, mas que podem empregar também outras estratégias importantes nesse contexto, como por exemplo o recrutamento em massa, o que está de acordo com nossos resultados. AGRADECIMENTOS Aos Profs. Dr. Jairo Campos Gaona, Dr. Carlos Fernando S. Andrade e Dr. Josué Raizer por colaborarem com sugestões ao presente estudo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brandão, C.R.F., Silvestre, R. & Reis-Menezes, A. 2000. Influência das interações comportamentais entre espécie de formigas em levantamentos faunísticos em comunidades de cerrado. Pp. 371-404. In Martins, R. P., Lewinsohn, T. M. & Barbeitos, M. S. (eds). Ecologia e comportamento de Insetos. Série Oecologia Brasiliensis, vol. VIII. PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil. Borror.J.D. & DeLong. M.D. 1969. Introdução ao Estudo dos Insetos. 1ª Edição. Editora Edgard Blücher. São Paulo. 652 pg. Del-Claro, K. 2004. Comportamento animal: uma introdução à ecologia comportamental. Distribuidora/ Editora-Livraria Conceito-Jundiai-SP.132pg. 51 Tabela 1: Espécies de formigas observadas em armadilhas de atum no Parque Natural Municipal da Cachoeira do Apa, município de Porto Murtinho, MS, com suas respectivas freqüências de ocorrência (F.O.), Tempo médio de chegada à isca (Desvio-Padrão), espécies com as quais interagiu, ações e reações. Taxa F.O. Tempo médio de chegada (DP) Ação Reação Avança Permanece Foge SUBFAMÍLIA FORMICINAE Camponotus sp.1 50 29,6 (+ 14,4) 100 0 0 SUBFAMÍLIA MYRMICINAE Crematogaster sp. 1 10 49 0 0 0 Pheidole sp. 1 10 86 0 0 0 Pheidole sp. 2 50 11 (+ 9,3) 42,86 14,29 42,86 Pheidole sp. 3 10 55 0 0 0 Pheidole sp. 4 30 53,33 (+ 8,5) 50 0 50 SUBFAMÍLIA ECTATOMMINAE Ectatomma sp. 2 10 22,5 0 0 100 Ectatomma sp. 1 10 - 0 0 0 SUBFAMÍLIA DOLICHODERINAE Dorymyrmex sp. 1 10 14 0 0 0 Tabela 2: Freqüência dos comportamentos da categoria resultados para as espécies de formigas observadas no Parque Natural Municipal do Apa, Porto Murtinho, MS. Espécie Não dominou Dominou por ser a única Dominou por ser abundante Dominou por ser agressiva Excluída da armadilha Saiu da armadilha Camponotus sp1 12,5 0 0 0 0 87,5 cf. Solenopsis sp1 0 0 0 33,33 33,33 33,33 Crematogaster sp1 0 0 0 0 0 100 Dorymyrmex sp1 0 0 0 0 0 100 Ectatomma sp1 0 0 0 0 0 100 Ectatomma sp2 0 0 0 0 100 0 Pheidole sp1 0 100 0 0 0 0 Pheidole sp2 9,09 13,64 4,55 0,00 0,00 72,73 Pheidole sp3 0 0 0 0 0 100 52 PROJETOS LIVRES 53 • Relação da profundidade com a composição de macroinvertebrados associados a Salvinia sp., Cachoeira Grande, Porto Murtinho, MS. Rosalia Azambuja, Marciel Elio Rodrigues, Luiz Carlos Santos Junior Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade – UFGD, Dourados, MS. PL- 11/10/2010 RESUMO - Macrófitas aquáticas atuam como uma importante ferramenta para descontaminação de locais antropizados, pois apresentam alta capacidade de absorção de nutrientes e constituem-se em microhábitat para comunidades de macroinvertebrados aquáticos indicadores das condições ambientais dos corpos d’água. Objetivou-se verificar se a distribuição e abundância de macroinvertebrados aquáticos associados à Salvinia sp. é afetada também pela profundidade da coluna d’água. As coletas foram realizadas em 30 pontos nos estandes de Salvinia sp. (Salvinaceae), utilizando-se um coletor de Surber. Foram coletados 359 indivíduos, distribuídos em 22 famílias, sendo estas das ordens Cladocera, Coleoptera, Diptera, Hemiptera, Mollusca, Neuroptera e Odonata. Coleoptera foi o grupo com maior número de famílias e Cladocera o grupo mais abundante. A família mais abundante encontrada associada a Salvinia sp. foi Cyprididae, sendo esta também a mais freqüente nas amostras. As médias de profundidade obtidas não explicam a abundância de artrópodes associados a Salvinia sp. PALAVRAS-CHAVE: estratégias, fitofauna, macrófitas aquáticas. Macrófitas aquáticas flutuantes constituem uma importante comunidade em ecossistemas naturais de água doce, podendo atuar como uma importante ferramenta para descontaminação de locais antropizados, devido a sua capacidade de absorção de nutrientes e pelo fato de formarem um mosaico estrutural (Albertoni & Palma-Silva, 2006). Este mosaico cria microhábitats e fornece grande superfície para o estabelecimento de uma alta densidade de macroinvertebrados aquáticos (Abílio et al., 2006; Albertoni & Palma-Silva, 2006). A comunidade de macroinvertebrados aquáticos associados a macrófitas pode apresentar organismos indicadores das condições ambientais dos corpos d’água. Sendo assim, a diversidade, abundância e distribuição desses atua como subsidio de alerta quanto ao estado de conservação desses ambientes e podem auxiliar na elaboração de planos de manejo para ecossistemas aquáticos (Albertoni et al., 2006). Nesses sistemas as mudanças na composição, abundância, diversidade e distribuição da fauna de invertebrados aquáticos geralmente vêm sendo relacionada com 54 a composição, biomassa, riqueza e distribuição das espécies de macrófitas (Abílio et al., 2006). Nesse contexto, objetivou-se com este trabalho verificar se a distribuição e abundância de macroinvertebrados aquáticos associados a Salvinia sp. é afetada também pela profundidade da coluna d’água. MATERIAL E MÉTODOS A amostragem foi realizada em uma área de várzea
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