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Componente curricular: LÍNGUA INGLESA Organizadora: Richmond Educação Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Richmond Educação. Editora responsável: Izaura Valverde 8oano MANUAL DO PROFESSOR Componente curricular: LÍNGUA INGLESA Organizadora: Richmond Educação Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Richmond Educação. Editora responsável: Izaura Valverde Bacharela e licenciada em Letras pela Universidade Mackenzie. Professora e coordenadora de área em escolas da rede particular de ensino do estado de São Paulo. Editora. 1a edição São Paulo, 2018 MANUAL DO PROFESSOR 8oano 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados RICHMOND EDUCAÇÃO LTDA. Rua Padre Adelino, 758 – sala 3 – Quarta Parada São Paulo – SP – Brasil – CEP 03303-904 Vendas e atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 www.richmond.com.br 2018 Impresso no Brasil English and more! : manual do professor : ensino fundamental, anos finais / organizadora Richmond Educação ; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Richmond Educação ; editora responsável Izaura Valverde. – 1. ed. – São Paulo : Richmond Educação, 2018. Obra em 4 v. do 6º ao 9º ano. Componente curricular: Língua Inglesa. Bibliografia. 1. Inglês (Ensino fundamental) I. Valverde, Izaura. 18-18012 CDD-372.652 Índices para catálogo sistemático: 1. Inglês : Ensino fundamental 372.652 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Coordenação geral: Maria do Carmo Fernandes Branco Edição: Vicente Martínez Edição de texto: Ana Paula Landi Assistência editorial: Deborah Stafussi Freitas, Gabriela Farcetta, Isabela Moschkovich, Felipe Marchetto Consultoria acadêmica: Rosinda Guerra Ramos Suporte administrativo editorial: Alaíde dos Santos Coordenação de design e projetos visuais: Marta Cerqueira Leite Projeto gráfico: Mateus Banti Capa: Bruno Tonel, Mariza de Souza Porto Foto: Rawpixel/Shutterstock Legenda: Convívio e amizade entre adolescentes. Coordenação de arte: Aderson Assis Edição de arte: Andreza Cristina Moreira Editoração eletrônica: Benedito Minotti, Milton Pereira de Barros Junior Áudio: Maximal Studio Preparação de texto: Renato da Rocha Carlos Revisão: Deborah Stafussi Freitas, Patricia Cordeiro, Letícia França, Mayenne Tannús, Andréa Vidal Coordenação de pesquisa iconográfica: Sônia Oddi Pesquisa iconográfica: Elizete Moura Santos, Leticia Palaria Coordenação de bureau: Rubens M. Rodrigues Tratamento de imagens: Fernando Bertolo, Joel Aparecido, Luiz Carlos Costa, Marina M. Buzzinaro Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira, Marcio H. Kamoto, Vitória Sousa Coordenação de produção industrial: Wendell Monteiro Impressão e acabamento: “Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.” Elaboração de originais do Manual Impresso: Adriana Saporito Licenciada em Letras pelo Centro Universitário Ibero-Americano e Bacharela em Letras, habilitação: tradutor e intérprete pela Faculdade Ibero-Americana de Letras e Ciências Humanas. Professora de Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Língua Inglesa da rede particular de ensino de São Paulo. Autora de Inglês e Português para Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e EJA (Educação para Jovens e Adultos). Editora de conteúdos didáticos. Betina von Staa Doutora em Linguística aplicada e estudos da linguagem pela PUC-SP. Mestra em Letras pela PUC-Rio. Bacharela e Licenciada em Letras Português-Inglês pela PUC-Rio. Autora de livros para professores e designer instrucional de cursos a distância para professores. Coordenadora do CensoEAD.BR da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED). Thelma de Carvalho Guimarães Bacharela em Letras pela Universidade de São Paulo. Mestra em Linguística Aplicada (Interação e Discurso) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Autora de livros e conteúdos didáticos para diversos níveis de ensino. Elaboração dos originais do Material Digital: Adriana Weigel Bacharela e licenciada em Letras pela USP. Mestra em Educação (Área de concentração: Educação – Opção: Linguagem e Educação) da Faculdade de Educação da USP. Professora no CEPEL (Centro de Estudos e Pesquisas no Ensino de Línguas) – USP e autora de materiais didáticos. Fernando Pardo Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo no programa de Estudos Linguísticos e Literários em Inglês. Professor. Tatiana Reschke Bacharela em Letras (Tradutor e Intérprete) e Licenciada em Letras (Português e Inglês) pela Faculdade Ibero-Americana de Letras e Ciências Humanas. Mestra em Educação, Administração e Comunicação pela Universidade São Marcos. Professora e capacitadora de professores de inglês de instituições de ensino públicas e privadas. Autora de materiais didáticos. http://www.richmond.com.br III CONHEÇA SEU MANUAL Este Manual do Professor está organizado nas seguintes partes: � A Coleção: orientações gerais e premissas básicas – apresenta o conteúdo do Manual e a visão geral proposta para a coleção e trata das noções básicas que relacionam o estudante e a sociedade em que vive ao ensino de Língua Inglesa. Também traz quadros com a correspondência entre conteúdos desenvolvidos, objetos de conhecimento e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). � A Coleção: fundamentos teóricos e opções metodológicas – introduz os fundamentos que orientam a coleção e o trabalho com os gêneros. � Organização geral da obra – apresenta os temas e elementos centrais trabalhados em cada volume, as estruturas das unidades. � Avaliação – apresenta a forma como o processo de avaliação é construído ao longo da coleção. � Bibliografia – lista de materiais consultados para redigir este Manual. � Orientações específicas – reproduz as páginas do livro do estudante em formato reduzido, acompanhadas de orien- tações, sugestões didáticas e comentários nas laterais e na parte inferior, em formato semelhante à letra U. A estrutura permite localizar facilmente as orientações referentes aos assuntos da página e os recursos disponíveis no Manual do professor – Digital. Veja a seguir. No início da página de abertura, encontram- -se as Competências específicas de Língua Inglesa a ser trabalhadas na unidade e orientações gerais sobre o desenvolvimento dessas competências. Sempre que oportuno, há sugestões de utilização das Sequências didáticas, do Plano de Desenvolvimento e do Projeto Integrador oferecidos no Manual do Professor – Digital. Na parte inferior da dupla de páginas, um marcador indica o bimestre sugerido para o trabalho com as unidades. Essa organização bimestral está de acordo com os Planos de Desenvolvimento propostos no Manual do Professor – Digital. Sugestões de uso das Propostas de Acompanhamento da Aprendizagem, disponíveis no Manual do Professor – Digital, são indicadas nos momentos adequados. A cada bimestre, um marcador sinaliza os Materiais Digitais Audiovisuais disponíveis no Manual do Professor – Digital. Esses materiais são acompanhados de uma ficha com orientações para o desenvolvimento da proposta com os alunos. As habilidades da BNCC trabalhadas são comumente reproduzidas no começo das seções. IV SUMÁRIO R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Orientações gerais................................................................................................................................... V Introdução ............................................................................................................................................................... V I A Coleção: orientações gerais e premissas básicas....................................... VI O compromisso com a educação integral, cidadã e inclusiva .......................................................... VII Os jovens do Ensino Fundamental e as tecnologias contemporâneas ........................................ VIII Competência: definição, desenvolvimento e especificidades do componente curricular de Língua Inglesa ............................................................................................................................ X II A Coleção: fundamentos teóricos e opções metodológicas .................. XIV Concepção de língua, linguagem e cultura .............................................................................................. XIV Os gêneros textuais, os multiletramentos e as práticas situadas de linguagem e de aprendizagem ................................................................................................................. XVI Concepção de aprendizagem e interdisciplinaridade .......................................................................... XX III Organização geral da Obra ...................................................................................................... XXIII Elementos centrais na composição das unidades ................................................................................ XXIII Apresentação da estrutura das unidades ................................................................................................. XXV Correspondência dos conteúdos da Coleção com os objetos de conhecimento e habilidades da BNCC ....................................................................................................... XXXI IV Relação entre os conhecimentos anteriores e posteriores .................... XXXIX V Avaliação .................................................................................................................................................... XLII VI Bibliografia ............................................................................................................................................. XLIII Referências ............................................................................................................................................................. XLIII Documentos ........................................................................................................................................................... XLVIII A Coleção: orientações específicas ........................................................................................ 1 V ORIENTAÇÕES GERAIS R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Introdução Atualmente, vivemos em um mundo de transfor- mações constantes e aceleradas, que afetam nossas vidas de modo profundo, em todos os âmbitos. Nossa sociedade, denominada por muitos de pós-moderna, experimenta os impactos das chamadas tecnologias digitais da informação e comunicação, bem como dos processos de globalização, mostrando-se acentuada- mente pluralista e diversa, nos mais diversos sentidos. Ao pensar o campo educacional em tempos de mudanças, Saint-Georges (2013) chama nossa aten- ção, primeiramente, para as alterações significativas que temos presenciado nos padrões de mobilidade e migração na sociedade contemporânea. As relações entre o global e o local mostram-se mais imprecisas e complexas, fazendo com que as comunidades sejam mais híbridas, abertas e fluidas. Nossas trajetórias e experiências são continuamente (re)construídas, en- tre outros, por nosso constante contato com um flu- xo transnacional de informações, conhecimentos e comportamentos. Além disso, as mídias sociais têm alterado significativamente as formas pelas quais nos comunicamos, nos definimos e nos relacionamos com as pessoas, assim como os modos de produzir- mos e difundirmos conhecimentos. Nesse cenário, formas mais complexas de interação e de produção de sentidos nas práticas comunicativas tornam-se cada vez mais visíveis e importantes. Ao lado de no- vos modos de interagir, emergem novas linguagens e diferentes formas de elaboração e uso de repertórios multimodais e híbridos na sociedade contemporânea. Todas essas transformações certamente exer- cem um grande impacto no pensamento e nas prá- ticas educativas, conforme discutem tantos autores, entre eles Libâneo (2010). Para esse filósofo da edu- cação, o ato educativo em uma sociedade em cons- tante mudança é, por princípio, uma prática de ca- ráter multifacetado, complexo e relacional, uma vez que pressupõe educar, simultaneamente, [...] para a subjetivação e a socialização, para a autonomia e para a integração social, para as necessidades sociais e necessida- des individuais, para a reprodução e para a apropriação ativa de saberes, para o univer- sal e para o particular, para a inserção nas normas sociais e culturais e para a crítica e produção de estratégias inovadoras (LIBÂNEO, 2010, p. 23). O mundo globalizado de hoje é tão complexo, instável e diverso quanto desigual. Em suas refle- xões sobre nossa sociedade, Giddens (2005) enfatiza que o crescimento das desigualdades, em suas mais diferentes manifestações, é um dos mais sérios de- safios a ser enfrentados na atualidade. Desse modo, viver em nossa sociedade implica a expansão do que esse autor chama de reflexividade social. Em outras palavras, em um mundo interconectado e marcado por aceleradas mudanças, pela ambivalência e por desigualdades profundas, é preciso estarmos cons- tantemente engajados em um exercício complexo de reflexão sobre as condições e circunstâncias que delineiam o desenrolar de nossas vidas e sobre as possibilidades de rompermos com o preconceito e a discriminação, promovendo transformações. Nesse viés, ganha proeminência a ideia freireana (FREIRE, 2004) de educação como ato político e, por- tanto, crítico, emancipatório e formativo. Assim, con- forme discute Freitas (2010), uma educação escolar democratizadora oferece supostamente bases para o desenvolvimento da autonomia intelectual e cognitiva dos estudantes, além de favorecer sua potencialidade reflexiva. Nessa perspectiva, o exercício da reflexivida- de envolve igualmente a dimensão ética e, portanto, diz respeito também ao pensar crítico diante de nossas relações com as outras pessoas e de nossas escolhas e ações em contextos variados de atuação. Abarca, consequentemente, a atitude transformadora e demo- cratizante acerca das implicações de nossas ideias e fazeres para uma convivência pautada pelo respeito à liberdade e aceitação das diferenças e para a constru- ção de uma sociedade mais justa, inclusiva e equâni- me, como preconizado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n. 9.394/1996) e Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN). VI R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . A coleção didática a ser aqui apresentada en- contra-se inserida nesse cenário contemporâneo de mudanças sociais profundas, fazendo com que seu compromisso perante o caráter formativo da aprendi- zagem de Língua Inglesa seja elemento constitutivo e, portanto, princípio central e fundador de sua proposta, como apresentado a seguir. I A Coleção: orientações gerais e premissas básicas Na atualidade, os conflituosos processos de globalização e o surgimento constante e acelera- do de tecnologias e mídias digitais têm provocado mudanças significativas nos modos de ação e in- teração humanas, possibilitando a emergência de formas mais complexas, dinâmicas e fluidas de co- municação (BLACKLEDGE et al., 2013), organizadas de maneira não hierárquica e multimodal por meio de uma pluralidade de recursos linguísticos, cultu- rais e sociais (BLOMMAERT; BACKUS, 2013; MILLS, 2016). Essas novas práticas impõem desafiosaos diferentes campos de conhecimento, entre eles a educação linguística, na medida em que demandam outras formas de pensar o próprio conhecimento e a linguagem, o ensino e a aprendizagem, entre tantas outras questões, como os letramentos e a multimo- dalidade no processo educativo. Assim, aprender uma nova língua mostra-se cada vez mais importante para a participação social em meio a essa sociedade globalizada e multilíngue que, a cada dia, revela-se mais interconectada, hiperse- miotizada e plural. O papel social da língua inglesa como meio de comunicação planetária é amplamen- te reconhecido e altamente valorizado no mundo de hoje, fazendo com que a aprendizagem do inglês seja compreendida como um recurso capaz de ampliar os horizontes do estudante em termos profissionais e pessoais e, portanto, como um dos principais instru- mentos da educação na contemporaneidade (MOITA LOPES, 2005a). Nesse contexto, conforme explicitado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o caráter for- mativo do processo educativo inscreve a apren- dizagem dessa língua no âmbito da educação lin- guística de bases democratizadoras, vinculando-a ao propósito de promover o acesso a saberes con- siderados hoje fundamentais para o engajamento reflexivo e socialmente responsável do indivíduo no mundo globalizado. Ao expandir possibilidades de interação, mobi- lidade e participação em meio a práticas discursi- vas plurais em termos linguísticos, socioculturais e identitários, o estudo da Língua Inglesa não so- mente torna mais acessível um bem simbólico al- tamente valorizado em escala mundial (MOITA LO- PES, 2005b), mas também cria oportunidades para o convívio mais consciente e crítico com as diferen- ças. Desse modo, em uma perspectiva formativa, a aprendizagem dessa língua contribui para o auto- conhecimento, para a criação de novos repertórios linguísticos, sociais e culturais e para o questiona- mento de estereótipos, preconceitos e demais posi- cionamentos excludentes. Ao levar em conta essas orientações, esta Cole- ção Didática compreende a aprendizagem da Língua Inglesa como um projeto ético (MOITA LOPES, 2005b), que articula a educação escolar, no caso a educação linguística, com o mundo do trabalho e também com a prática social, em um mundo globalizado e marca- do pela heterogeneidade. Nesse enfoque, entende- -se que os processos de ensino e de aprendizagem de inglês possam orientar-se pela relação dinâmica entre objetivos instrumentais (ou pragmáticos) e pro- pósitos educacionais (ou formativos), a fim de propi- ciar o desenvolvimento de um conjunto diversificado e integrado de competências, habilidades, atitudes e valores que permitam ao estudante engajar-se em práticas discursivo-culturais múltiplas e variadas (MOITA LOPES, 2005a). Por conseguinte, um dos propósitos centrais do estudo da Língua Inglesa consiste em tornar acessí- veis saberes considerados fundamentais para a ação no mundo de forma crítica, transformadora e orien- tada ao bem comum em contextos diversificados, como os profissionais, acadêmicos, cotidianos, entre outros. Desse modo, nesta Coleção Didática, acata- -se a premissa de que ensinar e aprender a Língua Inglesa revela-se “uma experiência de vida, pois am- plia as possibilidades de se agir discursivamente no mundo” (BRASIL, 1998, p. 38). VII R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O compromisso com a educação integral, cidadã e inclusiva O ensino e a aprendizagem de inglês com base nos princípios até então expostos constituem um pro- cesso formador e comprometido com a educação in- tegral e com o exercício da cidadania ativa (BRASIL, 2017). O caráter formativo do estudo da Língua Inglesa está, portanto, intimamente ligado à noção de ação e transformação pessoal e social pela educação (lin- guística); uma aprendizagem pode ser caracterizada como formativa na medida em que provoca mudanças na constituição e na vida daquele que aprende (CAR- VALHO, 2016), para assim afetar o mundo à sua volta. Ao priorizar a natureza formativa do processo educativo, esta Coleção contextualiza, sob um enfo- que integrador e transversal, o ensino e a aprendi- zagem de Língua Inglesa, inscrevendo-os no âmago de questões socialmente relevantes no mundo de hoje (BRASIL, 2017), como a saúde física e mental; o meio ambiente e o cuidado com sua preservação; a valorização do idoso; a conscientização sobre os di- reitos humanos, das crianças e dos adolescentes e o respeito à sua manutenção em nossas relações; o reconhecimento e a validação da diversidade social, cultural e étnico-racial; entre tantas outras. Esses princípios norteadores são adotados a fim de que a proposta didático-pedagógica da Obra via- bilize uma educação linguística capaz de oferecer aos estudantes bases para que assumam uma postura proativa diante dos urgentes dilemas e desafios – de ordem ética, política, sociocultural e também educa- cional – “que afetam a vida contemporânea em esca- la local, regional e global” (BRASIL, 2017, p. 19). Essas perspectivas e posturas, por sua vez, re- velam-se articuladas ao conceito de educação inte- gral, porque direcionam o foco do ensino e da apren- dizagem à formação e ao desenvolvimento humano global, favorecendo a ruptura com formas de pen- sar lineares, reducionistas, etnocêntricas, discrimi- natórias e excludentes. Além disso, ao contemplar as dimensões intelectual, física, afetiva, social, éti- ca, moral e simbólica do processo educativo, esse enfoque propicia uma formação que leva em con- ta a diversidade e a singularidade constitutivas dos contextos, das expectativas, das histórias de vida e dos repertórios linguísticos, culturais e identitários dos sujeitos que vivenciam essa experiência edu- cativa. Desse modo, o projeto didático-pedagógico desta Obra alinha-se ao compromisso de promover “aprendizagens sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes e, também, com os desafios da sociedade contempo- rânea” (BRASIL, 2017, p. 14). Outra importante premissa norteadora desta Co- leção é o reconhecimento de que o estudo da Língua Inglesa, ao comprometer-se com o exercício da cida- dania, pauta-se pela compreensão dos estudantes como sujeitos com histórias e saberes construídos nas interações com outras pessoas, tanto “do entorno social mais próximo quanto do universo da cultura mi- diática e digital” (BRASIL, 2017, p. 60). Por decorrência, acredita-se que o ensino e a aprendizagem do inglês devam contribuir para que os estudantes assumam papel ativo como agentes mobilizadores da sociabilidade (BRASIL, 2013), de- senvolvam sua autonomia e criatividade e, ainda, expandam sua capacidade de delinear e reprojetar (ou redesenhar) seu futuro (NEW LONDON GROUP, 1996; 2000). Para tanto, a Coleção prioriza o enga- jamento dos estudantes em práticas situadas e ba- lizadas pela responsabilidade social diante das di- ferenças e das mais variadas formas de opressão e violência, bem como pelas ideias de liberdade, equi- dade e convívio ético, solidário e pacífico entre as pessoas e demais elementos constitutivos de nossa vida no planeta. Assim, por meio do estudo de Lín- gua Inglesa proposto, busca-se construir espaços e possibilidades para que o processo educativo via- bilize o exercício da “cidadania consciente, crítica e participativa” (BRASIL, 2017, p. 60). Conforme pensado nesta Obra, o ensino e a aprendizagem de Língua Inglesa vinculados ao compromisso com a educação integral e com a formação para a cidadania ativa são balizados pela ideia de que a educação linguística seja, fun- damentalmente e por direito, um “movimento de humanização, de socialização, de subjetivação” (CHARLOT, 2005, p. 145). Nessa perspectiva, esse processo deve, por um lado, revelar a “cultura como entrada em universos simbólicos, como acessoa uma cultura específica, como movimento de cons- trução de si mesmo” e, por outro, garantir o acesso VIII R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . mais igualitário “ao sentido, às raízes, a um futuro”, levando em conta “a diferença, a originalidade pes- soal” (CHARLOT, 2005, p. 145). A esse respeito, também com base nas reflexões de Moraes (2015, p. 20), nesta Coleção parte-se do pressuposto de que precisamos, hoje, de uma educa- ção linguística integral e cidadã, “nutrida por novas vi- sões conceituais capazes de promoverem um pensa- mento que não mais fragmente, reduza ou dissocie a realidade” e que sustente a integração entre cognição e afetividade, “pensamento e sentimento, educação e vida, teoria e prática [...]”. Nas palavras dessa autora, Uma educação que resgate o diálogo entre os elementos integrantes do triângulo da vida, constituído pelas relações indivíduo/ sociedade/natureza; que resgate e valo- rize a vida no seu sentido mais amplo e, em especial, a reconheça nos ambientes de ensino e aprendizagem, percebendo-a como obra sempre aberta que se autoe- coorganiza [sic] sempre que necessário (MORAES, 2015, p. 21). Do ponto de vista de um processo educativo ético e democratizador, defende-se que uma edu- cação linguística formativa e integral seja também inclusiva, haja vista a importância de integrar, de modo mais equânime e por meio de práticas peda- gógicas reflexivas, diversificadas e colaborativas, estudantes de diferentes grupos, sem distinção, entre eles estudantes com deficiência ou dificul- dades de aprendizagem. Segundo Oliveira et al. (2016), de forma mais es- pecífica, a noção de educação inclusiva abrange a ideia da inclusão de pessoas com necessidades es- peciais e/ou com distúrbios de aprendizagem no es- paço escolar, levando em conta todos os segmentos educacionais. Para esses autores, O termo necessidades especiais engloba num sentido amplo todas as pessoas que são portadoras de alguma deficiência, seja esta de ordem física, cognitiva, socioeconômica e/ou cultural, que interfiram na acessibilida- de, à qual o indivíduo tem direito de adquirir ou usufruir (OLIVEIRA et al., 2016, p. 300). Nesse viés, a ideia de inclusão que se almeja valo- rizar é aquela que reconhece a diversidade com base em uma filosofia da aceitação, ou seja, espera-se que uma educação linguística inclusiva volte-se “ao aco- lhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno de todos os estudantes, com respeito às diferenças e enfrentamento à discriminação e ao preconceito” (BRASIL, 2017, p. 5). Uma vez que a aprendizagem e o desenvolvimen- to de cada estudante, em sua singularidade, depen- de, em grande parte, das condições que lhe são ofe- recidas na vida escolar (OLIVEIRA, 2013), coloca-se o desafio de que sejam pensadas formas e estratégias diferenciadas de propiciar acesso ao conhecimento nos espaços e processos educativos (SÃO PAULO, 2017). Uma educação linguística inclusiva, portanto, busca romper com práticas homogeneizantes e pa- dronizadas, em favor de uma abordagem diversifica- da e plural diante das práticas escolares e dos letra- mentos (HERRINGTON, 2010; DUNCAN, 2010). Conforme destaca Charlot (2005), a igualdade de tratamento e de acesso, considerando-se as sin- gularidades em meio à multidimensionalidade e à diversidade humanas, deve ser garantida tanto fora quanto dentro da escola. Em seu caráter inclusivo, também a educação linguística pode ser compreen- dida como um direito universal, “vinculado à própria condição humana” (CHARLOT, 2005, p. 145). Nessa perspectiva, compreende-se que o ensino e a aprendizagem de Língua Inglesa possam susten- tar “um projeto educativo como bem comum e aberto a todos”, mostrando-se um importante instrumento de inclusão, ou seja, de reivindicação e luta “pela paz, contra todas as formas de violência, de discrimina- ção, de exploração e de degradação do ser humano” (CHARLOT, 2005, p. 146). Os jovens do Ensino Fundamental e as tecnologias contemporâneas Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescen- te (ECA) – Lei n. 8.069/90, a adolescência pode ser definida como a etapa transitória entre a infância e a vida adulta, mais especificamente como a fase com- preendida entre 12 e 18 anos. Estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental podem ser vistos, portanto, como adolescentes. Contudo, é importante IX R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . perceber que, se relacionada à ideia de juventude, a adolescência pode também ser entendida como “uma condição social e um tipo de representação” (BRASIL, 2014, p. 16) e, assim, diz respeito a uma fase de transformações físicas, cognitivas, emocionais e sociais que deve ser observada de forma relacional e contextual, em vez de tratada de modo padronizado e homogeneizador. Sob esse enfoque, é interessante conceber os jovens estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais como sujeitos históricos, cujo desenvolvimen- to, em suas mais variadas dimensões, caracteriza- -se por interesses próprios, por sua vez relacionados a modos bastante particulares de vida e a distintas experiências em termos linguísticos, culturais e so- ciais (BRASIL, 2013). Em suas características mais comuns, essa fase da vida pode ser tipificada como aquela em que os jovens adolescentes, ao romperem com a infância e serem capazes de pensamento mais abstrato, constroem formas menos autocentradas de se relacionar com o outro, abrindo-se para novas ma- neiras de se relacionar, de estabelecer laços afetivos e de incorporar valores éticos e morais de modo mais autônomo (BRASIL, 2013). Nesta Coleção, portanto, acredita-se na importân- cia de o ensino e a aprendizagem de Língua Inglesa, no segmento escolar em questão e com base na plurali- dade de práticas pedagógicas proporcionadas pelos professores, promoverem espaços e condições para o diálogo e para o acolhimento dos estudantes em sua diversidade de vivências, interesses e expectativas. Assim, como recurso formativo e atento às particulari- dades dos sujeitos adolescentes, a Língua Inglesa po- derá contribuir positivamente para que os estudantes sejam capazes de enfrentar os dilemas e desafios da sociedade contemporânea, de engajar-se discursiva- mente de modo mais consciente e crítico e de partici- par no meio em que vivem de forma mais autônoma, assertiva, criativa e socialmente responsável. No mundo de hoje, conforme acentua Braga (2015), é amplamente reconhecido o impacto so- cial das tecnologias digitais a serviço da informa- ção e comunicação. Uma vez que esses recursos podem exercer grande influência nas possibilida- des de acesso e participação social mais efetivas, passa a ser importante para os estudos educacio- nais e outros campos de conhecimento construir uma compreensão interdisciplinar e mais aprofun- dada acerca dos diversos modos de apropriação dessas tecnologias por diferentes grupos sociais (BRAGA, 2015). Nesse contexto, é possível afirmar que os jo- vens, de uma forma ou outra, são afetados pe- los impactos e pelas mudanças promovidos pelas tecnologias e mídias digitais nas relações entre as pessoas, nas formas de interação e comunicação e nos modos de produção e disseminação de infor- mações e conhecimentos. Mostra-se igualmente relevante reconhecer que juventude e uso efetivo desses recursos não se apresentam, necessaria- mente, em uma relação direta, uma vez que “es- tudos empíricos demonstram que a noção de uma geração digitalmente competente homogênea é mito” (DUDENEY et al., 2016, p. 26). Assim, em uma sociedade marcadamente desi- gual, cabe também à educação linguística promover a inclusão digital dos estudantes, já que a ausência desse tipo de conhecimento pode impor privações e limitações no que se refere ao engajamento so- ciale ao exercício pleno da cidadania. Além disso, há que se considerar que a globalização afeta nos- sa sociedade, fazendo com que a proliferação dos meios de comunicação e informação contribua, de modo geral, para a disseminação de um apelo ex- cessivo ao consumo, bem como para a construção de uma visão fragmentada da realidade, “que induz à banalização dos acontecimentos e à indiferença quanto aos problemas humanos e sociais” (BRASIL, 2013, p. 111). Em uma perspectiva ética e transformado- ra, passa a ser crucial que a escola, também por meio do ensino e da aprendizagem da Língua In- glesa, auxilie os estudantes a assumir a posição de consumidores críticos, ao mesmo tempo que contribui para que façam uso crítico e protagonista das tecnologias e recursos midiáticos, a fim de que estes se mostrem relevantes para sua aprendiza- gem e para seu engajamento social (BRASIL, 2013). Na sociedade digital, os estudantes estão sendo preparados para um futuro de contornos incertos. Nesse cenário, auxiliá-los a se envolver com tec- nologias de forma crítica, protagonista e autoral, X R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . em uma diversidade de contextos, revela-se cru- cial para o desenvolvimento de sua capacidade de engajar-se com novas linguagens, produzir (novos) conhecimentos e enfrentar problemas de forma criativa (BRASIL, 2017). Por conseguinte, nesta Co- leção, compreende-se que por meio da aprendiza- gem de inglês os estudantes possam também ter acesso a conhecimentos fundamentais, a fim de, de modo ético e significativo, “usar eficientemente essas tecnologias para localizar recursos, comuni- car ideias e construir colaborações que ultrapas- sem os limites pessoais, sociais, econômicos, polí- ticos e culturais” (DUDENEY et al., 2016, p. 17), em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóte- ses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimen- tos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também parti- cipar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, signifi- cativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiên- cias que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinha- das ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciên- cia socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. Competência: definição, desenvolvimento e especificidades do componente curricular de Língua Inglesa Entre outros propósitos e respeitando-se seu caráter normativo, a BNCC tem como finalidade constituir-se como um importante instrumento ba- lizador para a definição e garantia de acesso pelos estudantes da Educação Básica a um patamar co- mum de aprendizagens essenciais à participação social crítica na atualidade, às quais encontram-se vinculadas 10 (dez) competências gerais, que vi- sam assegurar aos estudantes seus direitos a es- sas aprendizagens e ao desenvolvimento. XI R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promo- vendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e deter- minação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. A noção de competência adotada pela BNCC pressupõe “a mobilização de conhecimentos (con- ceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cog- nitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do traba- lho” (BRASIL, 2017, p. 8). Assim, a definição das competências, tanto as gerais como as especificamente relacionadas aos componentes curriculares das diferentes áreas, é balizada pela ideia de que a educação de cará- ter formativo e inclusivo afirma valores e incentiva ações capazes de promover transformação social, com vistas a uma sociedade mais humana, justa e preocupada com a preservação da natureza. Nos anos finais do Ensino Fundamental, a Língua Inglesa, ao lado de Língua Portuguesa, Arte e Educa- ção Física, integra o conjunto de componentes curri- culares vinculados à Área de Linguagens, uma entre as cinco em torno das quais esse segmento escolar se organiza. Ao mesmo tempo que mantêm suas es- pecificidades, todas as Áreas e seus respectivos com- ponentes curriculares sustentam entre si uma relação dinâmica que favorece a articulação entre as diferen- tes competências, conhecimentos e saberes a serem mobilizados ao longo de todo o processo educativo. A finalidade central da Área de Linguagens no Ensino Fundamental, conforme explicitado na BNCC, consiste em: Possibilitar aos estudantes participar de prá- ticas de linguagem diversificadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades expres- sivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, como também seus conheci- mentos sobre essas linguagens, em conti- nuidade às experiências vividas na Educação Infantil (BRASIL, 2017, p. 61). Nos anos finais dessa fase escolar, compreen- de-se que os estudantes devam envolver-se em desafios de complexidade mais elevada. Tendo em vista a importância de que as aprendizagens de- senvolvidas no início sejam retomadas, ressignifi- cadas e expandidas nos anos finais desse segmen- to, o foco dos componentes curriculares das diver- sas Áreas no segundo ciclo do Ensino Fundamental é direcionado ao fortalecimento da autonomia do estudante, buscando-se criar condições quelhe permitam “acessar e interagir criticamente com di- ferentes conhecimentos e fontes de informação” (BRASIL, 2017, p. 58). Mais especificamente, ao visar à ampliação das práticas vivenciadas no Ensino Fundamental – Anos Iniciais com base nos componentes curriculares da Área de Linguagens, a diversificação dos conteú- dos, aliada ao fortalecimento da reflexão crítica, nos anos finais, “permite o aprofundamento de práticas de linguagem artísticas, corporais e linguísticas” que constituem a vida social, em âmbito pessoal e coleti- vo (BRASIL, 2017, p. 61-62). Considerando essas premissas, assim se apre- sentam as competências específicas da Área de Linguagens para o Ensino Fundamental: XII R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LINGUAGENS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 1. Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâ- mica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais. 2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. 3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em dife- rentes contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação. 4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direi- tos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo. 5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. 6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos au- torais e coletivos. Nessa linha de pensamento e organização, o desenvolvimento dessas competências específicas é garantido por um conjunto de habilidades que ex- pressam as aprendizagens essenciais, cujo acesso deve ser assegurado ao estudante. Tais habilidades, por sua vez, relacionam-se a uma diversidade de ob- jetos de conhecimento, compreendidos como “con- teúdos, conceitos e processos” (BRASIL, 2017, p. 28). Nesta Coleção, portanto, o processo de ensino e aprendizagem da Língua Inglesa organiza-se de acordo com unidades temáticas (BRASIL, 2017) que mobilizam competências gerais e específicas e arti- culam, de forma situada e integradora, o conjunto de habilidades e objetos de conhecimentos considera- dos fundamentais para o desenvolvimento integral do estudante nessa etapa de sua escolarização, por meio desse componente curricular. Na BNCC, o componente curricular de Língua Inglesa é compreendido sob um enfoque formativo, favorecendo as ideias de miscigenação e desterri- torialização, bem como a priorização da função so- cial e política dessa língua na sociedade globalizada, o que, por sua vez, permite considerá-la a partir de seu status de língua franca. Corroborando essa ideia, nesta Coleção entende- -se que no mundo contemporâneo o inglês é fala- do por milhões de pessoas, revelando-se um produ- to tanto cultural quanto econômico (GIMENEZ et al., 2011). Nesse contexto, os diferentes propósitos que orientam o uso dessa língua ao redor do mundo le- vam a uma profusão terminológica que visa à sua ca- racterização – “Língua materna, estrangeira, franca, adicional, mundial, global, multinacional, transnacio- nal, internacional”, conforme problematizam Gimenez et al. (2011, p. 7). Segundo esses autores, há hoje um movimen- to que busca o distanciamento da denominação do inglês como língua estrangeira, com o intuito de XIII R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . marcar o caráter complexo de uma língua que “atra- vessa fronteiras e produz ambiguidades, sentimen- tos difusos, contradições” (GIMENEZ et al., 2011, p. 7). Nessa perspectiva, compreendê-lo como língua franca (SEIDLHOFER, 2004; GIMENEZ et al., 2005), refletindo sobre ele em contexto brasileiro (SILVA, 2009), como também em seu papel no ensino e aprendizagem em diferentes segmentos educacio- nais (por exemplo, ROCHA, 2012; JENKINS, 2014), possibilita a descentralização da posição de auto- ridade do falante nativo no uso dessa língua e o questionamento de outros discursos unificadores – favorecendo, por consequência, a resistência ao imperialismo linguístico (RAJAGOPALAN, 2005) e a vivência dessa língua na escola como “lugar de em- bates culturais e de políticas de diferença” (MOITA LOPES, 2005b, p. 61). Nesse enfoque, reconhecer o status de língua franca do inglês na educação linguística de bases formativas, inclusivas e democratizadoras implica a ressignificação da ideia de estrangeiro, ampliando sua abordagem para além de limites estritamen- te geográficos em um mundo globalizado (KOLTAI, 2009). Conforme acentua Bakhtin (2003[1952- -1953/1979], p. 366), “no campo da cultura, a dis- tância é a alavanca mais poderosa da compreen- são”. Ou seja, a cultura do outro somente se revela com maior plenitude quando complementada pelo olhar de outra cultura. Nesse sentido, o estrangeiro é visto como esse outro, que assinala a diferença e assume, de modo dialógico, uma natureza enrique- cedora para a compreensão que temos do mundo e de nós mesmos, possibilitando movimento e transformação. É importante ainda lembrar que o outro habita também em nós mesmos, uma vez que a diferença está em nós – na ausência de re- flexão crítica, tendemos a reproduzir o pensamen- to homogeneizador –, e não em um outro distante e objetificado. Essas premissas reiteram a importância do enten- dimento do inglês como língua comum e como um re- curso emancipatório, pelo qual podemos compreender criticamente o mundo e participar de forma protago- nista de sua construção (MOITA LOPES, 2005a). Nesse viés, no que se refere à Língua Inglesa na Educação Básica, “são acolhidos e legitimados os usos que dela fazem falantes espalhados no mundo inteiro, com di- ferentes repertórios linguísticos e culturais” (BRASIL, 2017, p. 239). Por sua vez, esses princípios levam ao entendimento de que saber a Língua Inglesa no mun- do digital de hoje expande as possibilidades de parti- cipação social do estudante, ao permitir seu engaja- mento, de modo contextualizado e situado, em práti- cas híbridas que “aproximam e entrelaçam diferentes semioses e linguagens (verbal, visual, corporal, audio- visual)” (BRASIL, 2017, p. 240) e conhecimentos, no exercício da cidadania crítica e ativa. Ao levar em conta esses pressupostos, o com- ponente curricular de Língua Inglesa visa garantir, de forma articulada tanto às competências gerais da BNCC quanto às específicas da Área de Linguagens, o desenvolvimento de um conjunto de competên- cias específicas, conforme apresentado a seguir: COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA INGLESAPARA O ENSINO FUNDAMENTAL 1. Identificar o lugar de si e o do outro em um mundo plurilíngue e multicultural, refletindo, criticamente, sobre como a aprendizagem da Língua Inglesa contribui para a inserção dos sujeitos no mundo globali- zado, inclusive no que concerne ao mundo do trabalho. 2. Comunicar-se na Língua Inglesa, por meio do uso variado de linguagens em mídias impressas ou digitais, reconhecendo-a como ferramenta de acesso ao conhecimento, de ampliação das perspec- tivas e de possibilidades para a compreensão dos valores e interesses de outras culturas e para o exercício do protagonismo social. 3. Identificar similaridades e diferenças entre a Língua Inglesa e a língua materna/outras línguas, articu- lando-as a aspectos sociais, culturais e identitários, em uma relação intrínseca entre língua, cultura e identidade. XIV R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA INGLESA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 4. Elaborar repertórios linguístico-discursivos da Língua Inglesa, usados em diferentes países e por grupos sociais distintos dentro de um mesmo país, de modo a reconhecer a diversidade linguística como direito e valorizar os usos heterogêneos, híbridos e multimodais emergentes nas sociedades contemporâneas. 5. Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar, selecionar, com- partilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento na Língua Inglesa, de forma ética, crítica e responsável. 6. Conhecer diferentes patrimônios culturais, materiais e imateriais, difundidos na Língua Inglesa, com vistas ao exercício da fruição e da ampliação de perspectivas no contato com diferentes manifesta- ções artístico-culturais. II A Coleção: fundamentos teóricos e opções metodológicas Ao abordar o ensino e a aprendizagem da Língua In- glesa – em seu papel de componente curricular da Área de Linguagens e como língua franca – nos anos finais do Ensino Fundamental, esta Coleção Didática parte da compreensão de conhecimento como uma construção social (MOSCOVICI, 1988; GUERIN, 2009). Dito de outra forma, parte-se da premissa de que o conhecimento se realiza na interação social e culturalmente organizada entre as pessoas, sendo, assim, construído e com- preendido em meio à relação dinâmica entre o pen- samento individual e o coletivo. Em uma perspectiva crítica e formativa, o conhecimento pode ser conce- bido como “saber construído socialmente e sempre ideológico, incompleto, deslizante, múltiplo e relativo; é saber sempre passível de contestação e questiona- mento” (JORDÃO et al., 2013, p. 45). Esse olhar corrobora a relevância de desenvol- ver uma postura problematizadora e emancipatória por meio do ensino e da aprendizagem de Língua Inglesa na escola. Nas palavras de Jordão et al. (2013, p. 45), Diante dessa concepção de conhecimento, destaca-se a importância de desenvolver- mos a reflexividade diante dos processos de construção de sentidos e dos desdobramen- tos desses processos nas representações que fazemos de nós mesmos e dos outros. Diante do exposto, esse enfoque mostra-se igual- mente importante, por permitir abordar o conheci- mento de modo intrinsecamente ligado à linguagem, vista como atividade social (VYGOTSKY, 1998, 2001) e organizada por meio de gêneros textuais/discursivos (BAKHTIN, 2003[1952-1953/1979]), e a aprendizagem como prática situada e voltada à reprojeção de futu- ros sociais (NEW LONDON GROUP, 1996, 2000), con- forme descrito nas seções a seguir. Concepção de língua, linguagem e cultura Nesta Obra, adota-se uma perspectiva socio- cultural com relação à constituição do sujeito, da linguagem e da cultura, das ações humanas no mundo e de formas de construir conhecimento (HALL, 2002). A teoria ou abordagem sociocultural tem como base as teorias vygotskianas (VYGOTSKY, 1998, 2001) e, portanto, pode também ser denomi- nada histórico-cultural, sócio-histórica ou socioin- teracionista, conforme explica Rego (2004). Nesse enfoque, é possível compreender, de modo amplo, a língua e a linguagem de forma inter- cambiável. Como versam os trabalhos de Hall (2002), Williams e Burden (1997), entre outros, em uma pers- pectiva sociocultural a linguagem é vista tanto como um instrumento individual quanto como um recurso cultural, produzido e organizado em meio às intera- ções e práticas comunicativas que integram nossas vidas, em determinado momento social e histórico. Assim, a linguagem medeia nossa compreensão do mundo, nossas experiências e aprendizagens e, por decorrência, nosso desenvolvimento. É possível, XV R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . portanto, dizer que a interação revela-se fundamen- tal para a realização de práticas de linguagem e de aprendizagem. Nessa abordagem, nas práticas sociais, sempre realizadas em contextos sócio-históricos es- pecíficos, diferentes usos da linguagem incorporam ou produzem diferentes sentidos (HALL, 2002, p. 17). Desse modo, a ideia de sentido único, literal ou desvinculado de um contexto é inviabilizada. É igual- mente incompatível com esse enfoque a concepção de linguagem como um sistema abstrato, uniforme, fechado e imutável, abstraído da atividade social e da relação entre as pessoas em seus mais diversos con- textos e com seus diferenciados propósitos. Nesse sentido, conforme discutem Freitas (2002, 2004) e Hall (2002), as ideias de Vygotsky e de Ba- khtin, mais precisamente do Círculo Bakhtiniano (BAKHTIN, 2003[1952-1953/1979]); BAKHTIN/ VOLOSHINOV, 2004[1929]), são bastante compatí- veis e, quando pensadas de modo relacionado, po- dem prestar significativas contribuições aos estudos educacionais e da linguagem alinhados a abordagens socioculturais. Há muitos pontos coincidentes entre as teorizações vygotskianas e bakhtinianas. De modo sucinto, ambas encontram na linguagem, concebida em sua natureza individual e social, a chave para a compreensão da constituição e do desenvolvimento humano e das relações sociais. Nesse viés, o sujeito é pensado como um agente de mudança em potencial. Para Bakhtin/Voloshinov (2004[1929]), a lingua- gem é compreendida em sua natureza enunciati- vo-discursiva e, assim, eminentemente ideológica. Como sujeitos sociais, podemos, por meio de nossas interações e enunciados, promover discursos ex- cludentes e discriminatórios ou, em contrapartida, produzir desestabilizações, na medida em que, de modo crítico, protagonista e autoral, é possível en- contrar possibilidades de resistir e fazer ecoar nos- sas vozes em “resposta às forças sociais e políticas mais amplas” que estruturam nossa realidade de modo homogeneizador (HALL, 2002, p. 17). Esses pressupostos acarretam implicações im- portantes para os processos de ensino e aprendiza- gem de Língua Inglesa, porque, entre outros fatores, evidenciam a centralidade das interações, do(s) contexto(s) e da multiplicidade de formas de produção de sentidos para a realização de práticas situadas de linguagem e de aprendizagem, ou seja, contextualizadas por situações de uso que respei- tem os propósitos, o funcionamento e as realidades socioculturais em que as práticas circulam. Nesse sentido, podem ser vistas como autênticas e signifi- cativas (HALL, 2002; WILLIAMS; BURDEN, 1997). Vale mencionar que está longe de ser consensual o conceito de autenticidade no que se refere à linguagem, a materiais e textos presentes no processo educativo. A esse respeito, nesta Coleção, entende-se como per- tinente a ideia de que a autenticidade pode ser com- preendida e realizada com base em princípios norteado- res, e não em uma definição única, uníssona e fechada (MISHAN, 2005). Nesse contexto, algumas das premis- sas centrais para essa abordagem envolvem o respeito não somente às particularidadesrelativas a situações de produção e a contextos socioculturais e linguísticos em que práticas e textos (que foram didatizados) en- contram-se imersos, mas também ao potencial que o uso escolar dessas práticas e textos apresenta para pro- mover, do ponto de vista do professor e dos estudantes, aprendizagens relevantes, instigantes e desafiadoras. Com relação ao uso de textos autênticos nas prá- ticas escolares e nos materiais didáticos, esta Cole- ção acata o pensamento de Carter (1998) e Harwood (2010), ao contar com uma ampla gama de textos au- tênticos, complementada com textos adaptados, uma vez que ambos mostram-se passíveis de ser utilizados de forma significativa no ensino e aprendizagem de línguas e, portanto, sua presença nos materiais didáti- cos e no currículo pode ser bastante pertinente e útil. Nesta Obra, os princípios ligados a um processo educativo formativo e socioculturalmente contextuali- zado são materializados, principalmente, mas não so- mente, em unidades temáticas que, transversalmente e de forma integradora, situam as práticas com base em temas socialmente relevantes para diferentes grupos sociais e propiciam o contexto para que as interações possam ocorrer, em uma perspectiva problematizadora. Essa proposta recupera, assim, o conceito de contex- tualização proposto pela BNCC, levando-o a ser in- corporado na Coleção por meio de variadas atividades que propiciem “a inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural resgatando e respeitando as várias manifestações de cada comunidade” (BRASIL, 2017, p. 11). XVI R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Nesse viés sociocultural, é importante ainda pontuar que a visão de cultura operacionalizada pela Obra a enxerga como um verbo, ou seja, como processo ativo e complexo de construção de senti- dos (STREET, 1993), realizado e “situado nos espaços discursivos entre os indivíduos” (HALL, 2002, p. 19) em suas relações sociais. Nesse cenário, a lingua- gem mostra-se tanto um “repositório de cultura” como “um instrumento pelo qual a cultura é recriada” (HALL, 2002, p. 19). Sob esse enfoque, aborda-se na Coleção a di- mensão intercultural do processo educativo (BRA- SIL, 2017), considerada um eixo balizador para a realização de práticas de linguagem em contextos situados. Imbricadas principalmente às propostas de práticas de escrita e oralidade, há atividades e questões que convidam à reflexão sobre visões, comportamentos, atitudes e eventos vinculados às culturas de diversos grupos sociais, com o intuito de oferecer condições para a expansão do olhar e da compreensão de mundo do estudante, ampliando sua capacidade de identificar seu lugar e também o lugar do outro em meio à pluralidade linguística e cultural. Esse tratamento permite, também, o dis- tanciamento de um enfoque estritamente informa- tivo e essencialista, ou seja, prioritariamente vincu- lado a uma postura que possa refletir estereótipos e visões reducionistas diante dos processos e práticas sociais e culturais. Nesse sentido, a Língua Inglesa possibilita a exposição e o contato mais aprofunda- do e analiticamente reflexivo do estudante com as diferentes manifestações artístico-culturais (BRA- SIL, 2017) que integram sua vida e a vida do outro, de modo integrado, em um cenário individual, cole- tivo e global. Nesta Coleção, isso se realiza por meio de gêneros variados, ligados aos campos literário e artístico, bem como por meio de sugestões e dicas que abrem espaço para a pesquisa, o conhecimento e a reflexão sobre formas plurais de viver a língua e a cultura, em sua ampla diversidade. Os gêneros textuais, os multiletramentos e as práticas situadas de linguagem e de aprendizagem As concepções socioculturais e enunciati- vas diante das práticas de linguagem e aprendiza- gem são estruturadas a partir dos gêneros textuais ou discursivos, conforme proposto por Bakhtin (2003[1952-1953/1979]). Essa proposta recupera a ideia do ensino e da aprendizagem de Língua Ingle- sa balizados pela noção de prática situada e con- textualizada, uma vez que, segundo as premissas bakhtinianas, os gêneros integram as diversas prá- ticas sociais, sendo por elas gerados e formatados. Nessa perspectiva, acredita-se que nossa vida social revele uma natureza essencialmente prática por ser constituída de nossas atividades ou ações junto às pessoas e a tudo que nos rodeia. Além dis- so, ao apresentarem a capacidade de transformar as pessoas e o mundo, as ações humanas podem ser compreendidas como práxis, revelando-se, ao mes- mo tempo, objetivas, subjetivas e sensíveis (ROJO; BARBOSA, 2015). Sob esse prisma, agimos no mundo de forma organizada; nossas atividades estruturam-se de acordo com esferas de atuação, em regimes parti- culares de funcionamento. Desse modo, essas es- feras ou campos, que espelham os domínios (sem- pre políticos) da vida cultural, produtiva e pública, são variadas – artística, cotidiana, escolar, jorna- lística, entre outras –, como nos mostram Rojo e Barbosa (2015). ARTE TRABALHO CIÊNCIA/ ESCOLA COTIDIANO PROPAGANDA/ CONSUMO VI C EN TE M EN D O N Ç A JORNALISMO/ INFORMAÇÃO/ OPINIÃO POLÍTICA Esferas de Atividade Humana e de Comunicação Verbal. Rojo e Barbosa (2015, p. 67). Com base nas especificidades e propósitos des- ses espaços, eticamente regulados, circula uma mul- tiplicidade de gêneros, resumidamente compreen- didos como formas relativamente estáveis, ou seja, passíveis de compreensão e reconhecimento, de co- municação e ação humanas, sendo portanto infinita- mente ricos, diversos e heterogêneos. Como prefere XVII R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Bazerman (2005, p. 47), gêneros podem ser vistos como formas sociais de linguagem que evidenciam atividades sociais, ou seja, são “habitats para a ação” e, nesse sentido, modos tipificados e sociocultural- mente organizados de agir no mundo. Esses princí- pios recuperam e reforçam a importância de que pro- postas didáticas abordem as práticas de linguagem de modo situado e sempre vinculado a contextos so- ciais específicos. Ainda de acordo com o pensamento bakhtinia- no, expressamo-nos por meio de enunciados orais ou escritos, ou seja, de palavras, e também através de outros materiais semióticos (BAKHTIN, 2003[1952- -1953/1979]). Assim, “falamos e escrevemos por meio de gêneros”, como explicam Rojo e Barbosa (2015, p. 16). Levando em conta que no mundo de hoje as re- lações e as formas de interação e comunicação hu- manas são afetadas pelas tecnologias e mídias digi- tais ou sociais, é possível dizer que nossos modos de expressão incorporam uma multiplicidade de outros recursos, para além da linguagem verbal, na expres- são de sentidos. A comunicação hoje é visivelmente multimodal (BEZEMER; KRESS, 2013), levando à necessidade de reconhecermos a existência de gêneros de caracterís- ticas multimodais (DIONISIO, 2006) ou híbridas (ROJO; BARBOSA, 2015). Como esclarece Marcuschi (2006, p. 25), no mundo de hoje a tendência é abordar os gêne- ros como “formações interativas, multimodalizadas e flexíveis de organização social e de sentidos”. Levando em conta suas características e parti- cularidades, em contexto de ensino e aprendizagem de uma língua, os gêneros podem ser vistos como potentes organizadores de práticas educativas, como refletem Dolz et al. (2004). Por conseguinte, na proposta didático-pedagógica desta Coleção, em dinâmica articulação com os temas transversais, os gêneros, em uma perspectiva multimodal e respon- siva aos impactos das mídias digitais nas relações humanas e nas práticas educativas (JEWITT, 2013), são tomados como recursos organizadores dos pro- cessos, conceitos e conteúdos na aprendizagem de Língua Inglesano segmento do Ensino Fundamental em seus anos finais. Nesse cenário, é igualmente relevante, nes- ta Coleção, a compreensão de que os gêneros não devem ser confundidos com textos ou com tipos de textos. Conforme esclarecem Rojo e Barbosa (2015, p. 28), os gêneros “são construídos historicamente, usados e experimentados socialmente, tendo exis- tência e força na vida social”, materializando-se por meio de textos ou enunciados. Por sua vez, na pers- pectiva enunciativa bakhtiniana, o texto ou enuncia- do pode ser definido como “um dito [...] concreto e único, irrepetível, que gera significação e se vale da língua/linguagem para sua materialização, consti- tuindo o discurso” (ROJO; BARBOSA, 2015, p. 25). Nessa perspectiva, como explicam Rojo e Barbosa (2015), no mundo contemporâneo a palavra texto já não se refere estritamente a textos escritos (impres- sos ou não), misturando-se tanto com imagens es- táticas (fotos, ilustrações) e em movimento (vídeos, por exemplo) como com sons (músicas etc.), dando origem a enunciados híbridos. Por sua vez, como esclarecem Marcuschi (2006) e Rojo e Barbosa (2015), tipos de texto ou tipos tex- tuais dizem respeito às categorias que nos permitem classificar os textos de acordo com suas caracterís- ticas linguísticas, como léxico, sintaxe, elementos de coerência e coesão, entre outros. Os tipos de texto mais comuns são a descrição, a exposição, a injunção, a narração, além da dissertação ou argumentação. São os (tipos de) textos pertencentes a determinado gêne- ro que, alinhados às esferas de produção e circulação, viabilizam os discursos nesses espaços sociais. Nesta Coleção, uma ampla variedade de textos e de tipos textuais de diversos gêneros é abordada de modo situado, contextualizado, articulado e integra- do, por meio das propostas de leitura, escrita e ora- lidade, bem como em práticas mais voltadas à mo- bilização e ampliação dos conhecimentos linguísti- cos. É importante enfatizar que, ao levar em conta as características da sociedade contemporânea, em que “a informação e os conteúdos transbordam na web”, esta Obra explora também uma profusão de ambientes, gêneros e redes sociais, como sítios ele- trônicos, blogues, Twitter, entre outros, com o propó- sito de promover oportunidades de comunicação, em língua inglesa, pela combinação de diferentes lingua- gens, tanto em mídias impressas como digitais. Nesse sentido, respeitando-se as marcas cola- borativas e mais agentivas e autorais das práticas XVIII R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . sociais contemporâneas, pautadas por culturas par- ticipativas, os estudantes são convidados a um en- gajamento mais ativo e criativo junto a esses espa- ços e gêneros, por meio de atividades diversas que incentivam o uso de tecnologias digitais (BRAGA, 2013) e envolvem uma variedade de ações mediadas pela língua inglesa, como pesquisar, analisar, com- parar, selecionar e compartilhar informações, em um viés crítico e socialmente responsável. Para a proposta didático-pedagógica desta Obra, em seu enfoque sociocultural e enunciativo, mostra-se também relevante o entendimento acerca da consti- tuição dos gêneros e o reconhecimento de que eles devem ser abordados “pelo seu lado dinâmico, proces- sual, social, interativo, cognitivo, evitando a classifica- ção e a postura estrutural” (MARCUSCHI, 2006, p. 24). Assim, é bastante válida a ideia de que os gêneros, se- gundo o pensamento bakhtiniano, em articulação aos enunciados que os materializam, são constituídos, de forma imbricada e indissociável, por seu tema, forma composicional e estilo, como ilustrado a seguir. GÊNERO ENUNCIADO / TEXTO FORMA DE COMPOSIÇÃO ESTRUTURA VI C EN TE M EN D O N Ç A TEMA(S) CONTEÚDOS + VALORAÇÃO ESTILO RECURSOS LINGUÍSTICOS Elementos componentes do gênero e do texto. Rojo e Barbosa (2015, p. 67). Conforme explicitam Rojo e Barbosa (2015), o tema, em um enfoque enunciativo-discursivo, ex- trapola a ideia de conteúdo temático, ou seja, vai além de ser compreendido como tópico ou assun- to central de um texto. Por decorrência, no âmbito escolar, é importante tomar como objeto de ensino e aprendizagem, sob a ótica reflexiva, a apreciação valorativa atribuída ao texto. Dito de outra forma, a fim de promover uma educação linguística de ba- ses democratizantes e emancipatórias, a proposta didático-pedagógica desta Coleção leva em conta a importância de problematizar os valores, visões e discursos mobilizados com base nos gêneros orais, escritos e multimodais presentes na Obra. Essa pre- missa é mobilizada por meio do enfoque crítico e in- tercultural, que situa contextualmente as interações propostas em meio às atividades de leitura, oralida- de e escrita, principalmente. O estilo, por sua vez, relaciona-se aos recursos linguísticos que mais especificamente permeiam de- terminados enunciados e tipos textuais, enquanto a forma de composição diz respeito ao modo como os recursos (multi)semióticos são organizados para es- truturar os enunciados e compor o gênero. Um traba- lho pedagógico de natureza situada preza, portanto, essas particularidades ao abordar as diversas práti- cas de linguagem no ensino e aprendizagem de lín- gua estrangeira. Para o processo educativo, de bases sociointeracionais e formativas, conforme proposto nesta Coleção, é importante tomar esses elementos como objetos de conhecimento, para promover não somente a compreensão do funcionamento social e o desenvolvimento de capacidades que permitam o engajamento discursivo dos estudantes nas diversas atividades sociais por meio do inglês, como também para promover reflexão a respeito delas, possibilitan- do transformações e a criação de espaços, gêneros e discursos outros. Diante de todo o exposto, compreender a lingua- gem como prática situada e realizada em atividades sociais em que circulam gêneros, em determinado contexto sócio-histórico, mostra-se um referencial bastante pertinente para o projeto didático-pedagó- gico desta Obra. Esses princípios chamam a atenção para a necessidade de tratar as práticas de escrita, oralidade e leitura de forma contextualizada e propo- sitada, considerando ainda, de forma indissociável, os recursos ou conhecimentos linguísticos mobilizados para realizá-las. Levando em conta esses princípios, a instrução ou abordagem dos gêneros, nas diversas atividades propostas na Coleção, ocorre em meio a interações com propósitos bastante claros, temática e contex- tualmente orientadas, ou seja, por meio da prática si- tuada (NEW LONDON GROUP, 1996, 2000). Além disso, a compreensão crítica da forma composicional e do estilo dos gêneros é realizada, na Obra, com base na instrução explícita (NEW LONDON GROUP, 1996, 2000), XIX R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ou seja, em questões e atividades didáticas que con- templam, na perspectiva da prática situada e da refle- xão crítica, entre outros, os propósitos desses gêneros, as esferas e os contextos em que circulam, os sujeitos envolvidos, os meios e recursos que sustentam sua produção e circulação, bem como a relação entre es- ses elementos e a realidade e vivência dos estudantes. Além disso, a abordagem do estilo desses gêneros é também realizada por meio de atividades ligadas ao eixo sistêmico das práticas de linguagem, ou seja, aos conhecimentos linguísticos. Seguindo o enfoque da interação e da aprendizagem situadas, as seções que abordam esse eixo partem da íntima e indissociável ligação desses recursos linguísticos com as práticas que os mobilizam. Desse modo, recursos sintáticos, le- xicais e fonético-fonológicos são tratados, na Coleção, sempre de acordo com o gênero e nunca de forma abstraída da comunicação verbal. Conforme discutem muitos autores,entre eles Rojo e Barbosa (2015), as interações em rede e as complexas tecnologias da hipermodernidade ou dos tempos de reflexividade desencadeiam uma multi- plicidade de (novos) letramentos, importantes para o engajamento discursivo dos estudantes no mundo social contemporâneo. Nesse sentido, no projeto di- dático-pedagógico desta Obra considera-se também a relevância de possibilitar o acesso dos estudantes a letramentos necessários para a participação cidadã e ética no mundo, por meio da Língua Inglesa. Nes- sa perspectiva, os conteúdos, conceitos e processos abordados levam em conta um conjunto de letra- mentos caracterizados, em sua relação dinâmica de complementaridade, como múltiplos, multissemióti- cos e críticos (ROJO, 2009). Os letramentos múltiplos são contemplados nes- ta Obra na medida em que se apresentam gêneros de diferentes esferas de atividade, nas práticas de leitura, oralidade e escrita em Língua Inglesa. Desse modo, diferentes competências, habilidades e co- nhecimentos são desenvolvidos, com base em uma perspectiva que respeita a diversidade e a pluralida- de de linguagens e de culturas (ROJO, 2009). Como descreve Machado (2014), nesse âmbito incluem-se os letramentos em uma língua estrangeira. Nes- ta Coleção, os letramentos em Língua Inglesa são mobilizados também sob um enfoque plural, para possibilitar ao estudante o contato com diferentes formas de falar essa língua e, assim, a ampliação de seus repertórios. Com base na ideia de pluralidade e mediação, importantes para a aprendizagem em uma perspectiva sociocultural e enunciativa, estão previstos, nessa dimensão, letramentos em língua materna, além da presença de outras línguas e re- cursos semióticos nas interações sociais propostas. Nessa mesma linha de pensamento, os letramen- tos multissemióticos são representados principalmen- te pelo trabalho com gêneros multimodais, perpassa- do pela presença e uso de tecnologias, possibilitando, por exemplo, o desenvolvimento do letramento visual e digital do estudante nas práticas propostas. Os letramentos críticos, por sua vez, permeiam toda a Obra, uma vez que dizem respeito ao de- senvolvimento ou fortalecimento da capacidade de análise crítica e reflexiva diante das diferenças e das diversidades que caracterizam as práticas sociais contemporâneas. A esse respeito, por meio de ati- vidades problematizadoras, que convidam à discus- são sobre temas e questões socialmente relevantes, bem como à participação social mais ativa por meio de práticas vivenciadas na Língua Inglesa, a Obra promove possibilidades para os estudantes desen- volverem uma postura autônoma, responsável e transformadora. É importante lembrar que esses agrupamentos não devem ser tomados de forma fe- chada e estanque. Hoje os letramentos estão cons- tantemente em expansão e reconstituição (MILLS, 2016), não sendo possível (nem desejável) segmen- tá-los rigidamente. Essas referências são úteis di- daticamente, a fim de ampliar, de modo organizado e coerente, nossa percepção da multiplicidade das práticas sociais e das linguagens na atualidade, for- necendo bases para que possamos contemplá-las de forma significativa no processo educativo. O alinhamento das noções de linguagem, cultura e criticidade permite, nesta Coleção, o desenvolvimento dos letramentos críticos, realizados por meio de ati- vidades reflexivas que levam em conta as diferentes dimensões relativas a nossas vivências e convívio social. Conforme proposto por Monte Mór (2010), o trabalho pedagógico com a linguagem, a cultura e a criticidade, em um viés crítico, pode ser desenvolvido com base no entrelaçamento da perspectiva pessoal, da perspectiva comunitária e da perspectiva global. XX R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Esses princípios mostram-se bastante úteis para or- ganizar a prática didática de natureza situada e for- mativa. Com vistas à expansão do olhar e à promoção de reflexões e práticas que possibilitem ao estudan- te ampliar a percepção de si e do outro a partir de um enfoque mais marcadamente local e subjetivo, a Obra apresenta atividades que viabilizam o exercício analítico das diferentes realidades e problemas so- cialmente relevantes por meio do trabalho individual ou de trocas com os pares. Em contrapartida, há tam- bém questões cujo foco recai na sensibilização dos estudantes para práticas, valores e posicionamentos voltados a outras coletividades ou grupos sociais. Além disso, estão presentes na Obra atividades que permitem a reflexão e/ou o envolvimento dos estu- dantes com realidades de natureza mais ampla, ou seja, relacionadas ao pensamento ou grupos de ca- ráter global. Essas atividades, como, por exemplo, os projetos, no fechamento das unidades, geralmente extrapolam o espaço escolar; as propostas envolvem práticas que, mesmo desenvolvidas na escola, apre- sentam o potencial de afetar os estudantes em seu convívio social mais amplo. Concepção de aprendizagem e interdisciplinaridade Em uma perspectiva sociocultural, o conheci- mento e a aprendizagem podem ser descritos como “eventos engajados em atividades sociais e compar- tilhadas” (MICCOLI, 2013, p. 72), pautadas pelo cará- ter colaborativo das práticas sociais e dos processos de construção de sentidos e conhecimentos. Nesse enfoque, uma importante premissa é o entendimen- to de que a aprendizagem se constitui de forma pro- cessual e relacional (MICCOLI, 2013), uma vez que envolve, entre outros, os estudantes, as pessoas e uma multiplicidade de recursos com os quais os es- tudantes se relacionam, de forma direta ou indire- ta, para produzir sentidos em suas interações e se apropriar de conhecimentos, refletindo também so- bre sua aprendizagem. A centralidade dos conceitos de interação e con- texto, para uma aprendizagem de bases sociocul- turais, remete à importância de propor um projeto didático-pedagógico que considere a natureza di- nâmica das relações entre todos os elementos que fazem parte do processo educativo. Nesse sentido, o modelo proposto por Williams e Burden (1997, p. 43) é bastante útil, lembrando-nos que a aprendizagem é um processo que, para ser significativo, deve es- tar situado em contextos específicos e ser realizado em espaços dinâmicos de trocas e de colaboração ativa na (re)construção de sentidos, experiências e conhecimentos, também entendidos como Zonas de Desenvolvimento Proximal (ZPD), conforme proposto por Vygotsky (1998), em meio à interação dinâmica entre estudante, professor (e/ou pares mais capazes) e tarefas, sempre mediadas por uma multiplicidade de objetos e recursos diferentes. Esse modelo tam- bém evidencia que todos esses elementos sofrem influências recíprocas, e as ações didáticas também expandem possibilidades de extrapolar o espaço es- colar, exercendo impacto no mundo, de forma mais ampla, nos variados domínios que circundam as prá- ticas sociais. CONTEXTO(S) PROFESSOR ALUNO VI C EN TE M EN D O N Ç A TAREFA Modelo socioconstrutivista do processo de ensino- -aprendizagem. Williams e Burden (1997, p. 43). Nesse viés, a ideia de contexto abrange, de for- ma imbricada e complexa, as dimensões linguísti- cas, situacionais, interacionais, culturais e intertex- tuais (HALL, 2002), abrangendo de modo dinâmico as relações do professor, do estudante e das ativi- dades escolares. Nesta Coleção, no que diz respeito a propostas pedagógicas, não é feita a recorrente distinção entre tarefas e atividades. A atividade di- dática é pensada de modo alinhado à ideia de ati- vidade social, ou seja, caracterizada pela ideia de XXI R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . prática situada de linguagem e aprendizagem. Nes- sa perspectiva, ela abrange tanto propostas de in- terações mais controladas como
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