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www.portaldecontabilidade.com.br ELABORAÇÃO DO PLANO DE CONTAS Autor: Reinaldo Luiz Lunelli Distribuição exclusiva: Portal Tributário® Publicações Atenção: esta obra é atualizável. Recomendamos baixá-la periodicamente em seu computador, utilizando a mesma senha, no endereço www.portaltributario.com.br/downloads Os assuntos desta obra estão catalogados num sumário e o usuário poderá ter acesso à respectiva ficha, consultando a página relacionada ao tópico. Dica: para localizar rapidamente uma palavra, tecle CTRL + L SOBRE O AUTOR E A OBRA Reinaldo Luiz Lunelli é Contabilista, Especialista em Planejamento e Gestão de Negócios, Auditor, Consultor de empresas com experiência contábil, tributária e societária. Experiência acumulada em controladoria, planejamento tributário e recuperação de créditos tributários extemporâneos, é professor universitário e consultor empresarial. Autor de outras obras técnicas, tais como o ISS - Incidências e Retenções, Análise das Demonstrações Financeiras e Contabilidade Pública. Direitos autorais REGISTRADOS. A cópia, reprodução, distribuição ou comercialização por qualquer meio somente será permitida mediante autorização POR ESCRITO do detentor de direitos autorais. Permitida a reprodução de apenas 1 (uma) cópia para uso exclusivo e pessoal do adquirente. Observar que todos os exemplos são meramente ilustrativos. Em situações reais, verificar a adequação dos dados à efetiva realidade societária da empresa e legislação vigente à época. LEGISLAÇÃO A maioria dos dispositivos legais citados está linkada para páginas da internet. Caso deseje pesquisar, especificamente, determinada legislação ou ato legal, acesse o site www.normaslegais.com.br (a pesquisa é gratuita e não exige cadastramento). http://www.portaltributario.com.br/downloads http://www.portaltributario.com.br/obras/iss.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/obras/analisedemonstracoesfinanceiras.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/obras/contabilidade_publica.htm http://www.normaslegais.com.br/ Plano de Contas © - 2 www.portaldecontabilidade.com.br SIGLAS UTILIZADAS CFC: Conselho Federal de Contabilidade CLT: Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei 5.452/43) CNAE: Classificação Nacional de Atividades Econômicas COFINS: Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Lei Complementar 70/1991) CSL ou CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (Lei 7.689/1988) CVM: Comissão de Valores Mobiliários DANFE: Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica DARF: Documento de Arrecadação de Receitas Federais ECD: Escrituração Contábil Digital ECF: Escrituração Contábil Fiscal EPP: Empresa de Pequeno Porte FCPJ: Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (Lei Complementar 87/1996) GPS: Guia da Previdência Social IAS: International Accounting Standard IN: Instrução Normativa INSS: Instituto Nacional de Seguridade Social IPTU: Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana IPVA: Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores IR: Imposto de Renda IRF: Imposto de Renda na Fonte IRPF: Imposto de Renda – Pessoa Física IRPJ: Imposto de Renda – Pessoa Jurídica ISS: Imposto sobre Serviços (Lei Complementar 116/2003) ITR: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural LALUR: Livro de Apuração do Lucro Real LC: Lei Complementar LCMEPP: Lei Complementar do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte – Lei Complementar 123/2006 NBC T – Normas Brasileiras de Contabilidade - Técnica NF-e: Nota Fiscal Eletrônica ME: Microempresa OS: Ordem de Serviço PIS: Programa de Integração Social (Lei Complementar 7/70) PL: Patrimônio Líquido RF: Região Fiscal RIPI: Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (Decreto 7.212/2010) RIR/99: Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/1999) RPS: Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/1999) S/A: Sociedade Anônima SPED: Sistema Público de Escrituração Digital SRF: Secretaria da Receita Federal SRRF: Superintendência Regional da Receita Federal TJLP: Taxa de Juros a Longo Prazo http://www.portaltributario.com.br/legislacao/lc70.htm http://www.portaltributario.com.br/legislacao/lc70.htm http://www.portaltributario.com.br/guia/escrituracaocontabildigital.htm http://www.portaltributario.com.br/artigos/ecf-escrituracao-contabil-fiscal.htm http://www.portaltributario.com.br/legislacao/lc116.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lc123_2006.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/tributario/lc7.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/decreto7212_2010.htm http://www.portaltributario.com.br/rir.htm http://www.guiatrabalhista.com.br/rps.htm Plano de Contas © - 3 www.portaldecontabilidade.com.br Sumário Introdução.................................................................................................................... 5 1. Conceitos Introdutórios ............................................................................................ 6 1.1. Conceito ............................................................................................................. 6 1.2. Condições a Serem Observadas na Elaboração ................................................... 6 1.3. Composição do Plano de Contas ......................................................................... 7 1.4. Fundamentos de Estruturação ............................................................................. 8 2. Objetivos ................................................................................................................. 10 2.1. Plano de Contas Próprio ................................................................................... 10 2.2. Relatórios Padronizados ................................................................................... 11 3. Disposição das Contas ............................................................................................ 12 3.1. Segundo a Lei 6.404/1976 ................................................................................ 12 4. Normas Brasileiras de Contabilidade ..................................................................... 14 4.1. Do Balanço Patrimonial.................................................................................... 14 4.2. Da Demonstração do Resultado ........................................................................ 15 4.3. Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas ............................................. 16 5. Legislação Fiscal .................................................................................................... 17 6. Estrutura das Contas .............................................................................................. 20 6.1. Definição de Conta ........................................................................................... 21 6.2. Codificação das Contas .................................................................................... 22 6.3. Sistemas de Contas ........................................................................................... 23 6.4. A Nova Legislação Contábil – Escrituração Contábil Digital ............................ 23 7. Contas Patrimoniais ............................................................................................... 27 7.1. Contas do Ativo................................................................................................ 27 7.2. Contas do Passivo............................................................................................. 32 7.3. Contas do Patrimônio Líquido .......................................................................... 37 8. Contas de Resultado ............................................................................................... 408.1. Contas de Receita ............................................................................................. 40 8.2. Contas de Despesa ............................................................................................ 41 8.3. Outras Contas de Resultado .............................................................................. 42 9. Contas Retificadoras .............................................................................................. 44 9.1. Retificações do Ativo ....................................................................................... 44 9.2. Retificações do Passivo .................................................................................... 44 10. Contas de Compensação ....................................................................................... 45 10.1. Previsão Legal ................................................................................................ 45 10.2. Controle ......................................................................................................... 45 10.3. Exemplos de Escrituração ............................................................................... 46 10.4. Reversão das Contas de Compensação ............................................................ 47 11. Classificação Contábil .......................................................................................... 48 Plano de Contas © - 4 www.portaldecontabilidade.com.br 11.1. Bens, Direitos e Obrigações ............................................................................ 48 11.2. Origens e Aplicações de Recursos .................................................................. 49 11.3. Quadro Resumo .............................................................................................. 50 12. Saldo de uma Conta ............................................................................................. 51 12.1. Contas Devedoras ........................................................................................... 51 12.2. Contas Credoras ............................................................................................. 51 12.3. Conciliação Contábil ...................................................................................... 52 13. Histórico Padrão .................................................................................................. 53 13.1. Forma de Utilização ....................................................................................... 53 13.2. Listagem Modelo............................................................................................ 54 14. Definições Adicionais ........................................................................................... 56 14.1. O Livro Diário ................................................................................................ 56 14.2. O Livro Razão ................................................................................................ 57 14.3. O Balanço Patrimonial.................................................................................... 57 14.4. O Balancete de Verificação ............................................................................ 57 14.5. O Plano de Contas na Contabilidade Pública .................................................. 58 14.5. O Plano de Contas baseado em Atividades ..................................................... 66 14.6. O Plano de Contas por Centros de Custo/Resultado ........................................ 67 15. Modelos de Elencos de Contas ............................................................................. 70 15.1. Atividade Industrial (Geral) ............................................................................ 70 15.2. Atividade Comercial (Geral) ........................................................................... 78 15.3. Prestadoras de Serviços (Geral) ...................................................................... 82 15.4. Atividade Rural .............................................................................................. 83 15.5. Transportadora ............................................................................................... 93 15.6. Bar e Restaurante ......................................................................................... 100 15.7. Indústria Metalúrgica .................................................................................... 104 15.8. Comercial Importadora ................................................................................. 108 15.9. Construção Civil ........................................................................................... 113 15.10. Agremiações Partidárias ............................................................................. 118 15.11. Entidades de Interesse Social ...................................................................... 127 15.12. Associações ................................................................................................ 136 15.13. Clube Esportivo .......................................................................................... 140 15.14. Atividades Mistas ....................................................................................... 143 15.15. Atividade Imobiliária .................................................................................. 151 15.16. Administração Pública ................................................................................ 156 15.17. Plano de Contas Referencial - SPED ........................................................... 157 15.18. Instituições do Sistema Financeiro Nacional ............................................... 158 15.19. Fundos de Investimento .............................................................................. 158 15.20. Entidades de Capitalização e Previdência Privada ....................................... 159 15.21. Outras Atividades ....................................................................................... 159 Plano de Contas © - 5 www.portaldecontabilidade.com.br Introdução Mais uma vez tenho o orgulho e a satisfação de prover aos interessados e estudiosos na ciência contábil, além dos profissionais que a utilizam diariamente e à comunidade em geral, mais uma publicação especial, que oferece conceitos e técnicas para auxiliar na elaboração de um Plano de Contas que atenda as necessidades da organização a que se destina. Os dados constantes neste material estão de acordo com a nova legislação societária e alterações promovidas na Lei das Sociedades Anônimas por intermédio da Lei 11.638/2007, da Lei 11.941/2009 e de todos os pronunciamentos técnicos emitidos após sua publicação. Neste material são abordados os conjuntos de contas individualizados com seus conceitos e principais rubricas analíticas, merecedoras de especial atenção. São objetos deste estudo as mais diversas maneiras que se estruturar um Plano de Contas eficaz bem como outros relatórios como o “Manual de Contas” e os “Históricos Padrão” que auxiliam o contabilista no momento dos lançamentos diários. O conjunto de contas é chamado de Plano de Contas, porque, na realidade, ele é criado antes do uso de tais rubricas. Para elaborá-lo, o contador necessita planejar e estruturar a relação das contas, de maneira a se tornar sua principal ferramenta para o registro dos atos e fatos contábeis e lhe possibilite o melhor resultado possível no trato das informações contábeis. Nenhuma entidade, seja pública ou privada, poderá afirmar que possui um bom serviço de contabilidade se não dispuser de um plano de contas próprio e muito bem elaborado. É a peça de maior importância dentro da organização contábil. Sem ele não se pode sequer dar início aos registros contábeis. É a técnica tradicional da contabilidade de ordenação das contas, de forma lógica e estruturada,para melhor compreensão do conjunto patrimonial e sistematização do trabalho contábil. O principal objetivo das contas é possibilitar o registro dos lançamentos contábeis de forma a criar condições ótimas de classificação e acúmulo dos dados. Desde já, coloco-me à disposição dos interessados para debater, receber sugestões e críticas ou esclarecer eventuais dúvidas, com o objetivo de aperfeiçoar o material e agregar conhecimentos correlatos. Jamais ousaria no sentido de buscar o esgotamento de tão importante tema do conhecimento contábil e administrativo, restringindo-me, apenas, ao básico desta relevante ferramenta da ciência contábil. http://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/lei6404_1976.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei11638_2007.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei11638_2007.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei11941_2009.htm Plano de Contas © - 6 www.portaldecontabilidade.com.br 1. Conceitos Introdutórios É chamado Plano de Contas o conjunto de rubricas criado pelo contador, para atender às necessidades de registro dos fatos administrativos, de forma a possibilitar a construção dos principais relatórios contábeis e atender a todos os usuários da informação contábil. 1.1. Conceito Os elementos que formam o patrimônio e suas alterações são controlados por meio de contas. A função das contas é registrar e expor os bens, os direitos, as obrigações e a situação líquida patrimonial, além das receitas e despesas, com base nas quais são apurados os lucros ou prejuízos decorrentes das atividades da empresa. Existem contas patrimoniais, que representam os bens, os direitos, as obrigações e a situação líquida. Há também as contas de resultado, que indicam as variações positivas (receitas) e negativas (despesas) ocorridas no patrimônio, em virtude das atividades da empresa. As contas de resultado possibilitam a apuração dos lucros ou prejuízos em cada exercício. Para cada bem ou agrupamento de bens, direitos, obrigações ou situação líquida, há uma conta específica. Da mesma forma, as modificações do patrimônio, positivas ou negativas, são representadas por contas de resultado. Os elementos que compõem o patrimônio e as operações desenvolvidas variam significativamente de uma para outra empresa. Elas podem realizar atividades industriais, comerciais, agrícolas, extrativas, de serviços. Existem as seguradoras, os bancos, as transportadoras, as empresas de telecomunicações, de segurança, de câmbio etc. Em razão dessa diversidade, cada empresa pode ter um elenco próprio de contas. O plano de contas de uma empresa consiste numa relação padronizada de contas a serem utilizadas no registro das operações pelos profissionais da área de contabilidade. Como todos eles se sujeitam regras estabelecidas num mesmo plano de contas, a conseqüência é a uniformidade nos procedimentos contábeis adotados. O plano de contas deve ser flexível, de forma a poder ser adaptado, mediante inclusão ou exclusão de contas, em virtude da ocorrência de fatos contábeis inicialmente não previstos e da dinâmica própria da atividade empresarial. A função das contas é representar os itens patrimoniais e de resultado. Assim, a conta pode traduzir um elemento patrimonial (bem, direito ou obrigação, além da situação líquida) ou de resultado (receita ou despesa). O funcionamento da conta se dá por intermédio do mecanismo de débito e crédito, que indica o aumento ou diminuição do saldo. Normalmente o funcionamento é descrito no Manual de Contas, onde se estabelece a relação de contas a serem adotadas nos registros contábeis das operações da empresa, indicando a função e o funcionamento de cada uma delas. 1.2. Condições a Serem Observadas na Elaboração Plano de Contas © - 7 www.portaldecontabilidade.com.br Foram alinhadas as principais observações a serem seguidas na estruturação do plano de contas para um sistema contábil gerencial: a) Deve atender primeiramente às necessidades específicas de cada empresa e suas segmentações de responsabilidade e às necessidades de informação de todos os usuários das informações contábeis; b) O ponto de partida das necessidades de informação são os dados e peças contábeis requeridas pelo dirigente máximo da empresa, sendo o papel do contador apenas de monitoramento e aconselhamento; c) Partindo das informações dos dirigentes e seguindo em ordem hierárquica, atender aos demais usuários da informação contábil por toda empresa; d) A classificação deve partir do geral para o particular; e) A classificação deve partir do detalhamento adequado ao Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados e Fluxo de Caixa, que são os principais relatórios decisórios e os mais importantes em caráter global; f) As contas devem ser codificadas dentro do possível, ou conterem elementos claros para rápida identificação e assimilação do que representam; g) Os agrupamentos devem ser feitos pensando nos relatórios ou telas que deles se organizarão; h) Os títulos das contas devem refletir imediatamente os elementos patrimoniais que representam de forma clara e sucinta; i) Deve ter flexibilidade para uma possível ampliação e operacionalidade simplificada. 1.3. Composição do Plano de Contas Um plano de contas tem partes essenciais que estruturam sua composição, sendo elas: a) Princípios gerais; b) Elenco das contas; c) Função das contas; d) Funcionamento das contas; e) Normas de avaliação e apuração; f) Demonstrativos; g) Explicações adicionais. Alguns destes itens são muito bem destacados na legislação societária vigente, sendo os demais desenvolvidos à parte e individualmente para cada empresa, visando especialmente seu ramo de atividade e o detalhamento necessário para o processo decisório. Em um plano de contas o elenco é a relação dos títulos das contas. Costuma-se denominá-lo também de Quadro de Contas. Podemos estabelecer dois tipos de apresentações principais: Simples, com apenas a descrição das contas: é o estado natural ou típico e foi o primeiro a ser adotado; Complexo, com agrupamento e codificação das contas: por ser mais racional, é o mais técnico e adotado modernamente. Plano de Contas © - 8 www.portaldecontabilidade.com.br O elenco tem sido apresentado como o próprio Plano e constitui evidentemente, a primeira parte do trabalho. Ele é o ponto de partida para a elaboração de um relatório com a função e para o funcionamento de cada uma delas, também intitulado Manual de Contas. O elenco é, assim, uma peça que deve ser flexível, deixando sempre margem para que novas contas sejam inseridas a fim de dar ao Plano a maleabilidade necessária. 1.4. Fundamentos de Estruturação Dentro das condições básicas de integração e navegabilidade dos dados, são esses os fundamentos para a melhor estruturação dos planos de contas: a) A estruturação do plano de contas deve propiciar a apresentação da informação do modo automático para os relatórios futuros, para evitar o retrabalho e redundância de dados; b) Deve propiciar a informação no grau de detalhamento necessário, evitando-se informações relevantes de modo aglutinado, que não permita compreensão e decisão; c) Deve ser estruturada para manter o inter-relacionamento completo entre as contas afins do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultados; d) Para tanto, devem ser criados tantas contas adicionais quantas forem necessárias para atender aos três fundamentos anteriores. O planejamento para elaboração de um Plano de Contas é necessário já que existe a necessidade do registro de todos os fatos contábeis ocorridos; desta forma, é necessário elaborar uma coleta dos dados para a elaboração padronizada do plano. A execução e implantação do sistema de contas padrão devem observar a sistemática de cada conta e ajustar as mesmas, quando necessário ao atendimento da legislação vigente. Para isto é precisoestudar as técnicas contábeis, para o plano de contas ser um espelho do que efetivamente a empresa necessita para sua operacionalização. Desta forma, cada entidade terá um plano de contas que lhe foi projetado sob medida, isto é, em perfeita harmonia com a sua espécie de atividade, grandeza patrimonial, constituição jurídicas e disposições legais às quais se subordina. Isto significa que não haverá dois planos de contas exatamente iguais. Existe sim, uma certa tendência de padronização estrutural dos planos de contas dentro de grupos de empresas filiadas à uma mesma atividade, isto é, os planos de contas das entidades bancárias, por exemplo, têm semelhança estrutural, muito embora, ao serem comparados, os planos de todas estas entidades, verifica-se que há distinções entre eles em muitos aspectos particulares. Cada plano, analisado isoladamente, leva a marca da direção da empresa a que pertence; ele está identificado particularmente pelos problemas especiais da empresa e pela filosofia do trabalho por ela adotada. Assim acontece nos grupos industriais, comerciais, agropastoris, de transportes, comunicações, entidades sem fins lucrativos, entidades governamentais, etc. Os planos de contas de empresas industriais, por exemplo, têm uma semelhança estrutural genérica que caracteriza a atividade fabril; há também uma semelhança estrutural específica dentro do setor industrial, que identifica a espécie de indústria; Plano de Contas © - 9 www.portaldecontabilidade.com.br assim os planos de contas das fábricas de tecidos têm entre si uma semelhança estrutural específica diferente da semelhança de estrutura dos planos de contas das indústrias automobilísticas, por exemplo. A lei, quase sempre interfere na elaboração dos planos de contas de certas entidades que desenvolvem atividades sob controle estatal, sendo essas organizações obrigadas a adotar planos de contas de estrutura geral padronizada. A padronização legal, às vezes, se resume na forma de registrar certas operações, outras vezes na forma de apresentar os relatórios, ou no uso compulsório de certas intitulações de contas. É o que acontece, por exemplo, com a planificação de contas dos estabelecimentos bancários que, além de seguirem as normas usuais de sua atividade, estão sujeitos à legislação das sociedades anônimas e às instruções baixadas pelo Banco Central do Brasil. Igualmente, as companhias de seguros obedecem na elaboração de seus planos de contas; à legislação específica que controla a atividade securitária no país; o mesmo acontece com as cooperativas, com as empresas de transportes, companhias de comunicações, empresas agropastoris, etc. E, como não poderia deixar de acontecer, a administração pública deve organizar suas contas de conformidade com o padrão legal estabelecido pela Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964. Essa lei padroniza a estrutura dos balanços patrimoniais, financeiro e orçamentário, indicando até as denominações dos grupos de contas e de muitas contas de primeiro, segundo e terceiro graus. Assim, tanto o Governo Federal como os Governos Estaduais, Municipais e correspondentes autarquias são obrigados a estruturar suas contas em rigorosa consonância com a legislação financeira nacional. É certo que os planos de contas entre si, em razão da grandeza orçamentária, dos problemas específicos de cada região e de cada local do País. Entretanto, todos eles, sem exceção, em sua estrutura fundamental, obedecem aos padrões legais que foram instituídos. É sempre importante salientar que na preparação de um elenco de contas, deve se levar em consideração as Normas Brasileiras de Contabilidade, pois estas determinam como dever ser apresentado o Balanço Patrimonial. Assim, no ativo os grupos devem ser estruturados conforme seu grau de liquidez e de forma decrescente, ou seja, as contas que primeiro circulam na empresa devem aparecer antes. No passivo a regra é a mesma, no entanto, agora o critério de classificação é o grau de exigibilidade das contas. As origens e aplicações de recursos devem ser consideradas, sendo as origens representadas pelo Passivo da entidade e as aplicações pelos Ativos. Por convenção os débitos possuem saldo devedor e são lançados no lado esquerdo dos razonetes, (quando utilizados) e os créditos possuem saldo credor, lançados no lado direito. Plano de Contas © - 10 www.portaldecontabilidade.com.br 2. Objetivos O principal objetivo de um bom plano de contas é estabelecer normas de conduta para o registro das operações da organização e, na sua montagem, devem ser levados em conta três outros objetivos paralelos: a) Atender às necessidades de informação da administração da empresa; b) Observar formato compatível com os princípios de contabilidade e com a norma legal de elaboração do balanço patrimonial e das demais demonstrações contábeis (Lei 6.404/76, a chamada "Lei das S/A”); c) Adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos agentes externos, principalmente às da legislação do Imposto de Renda. A nova Lei das Sociedades Anônimas; texto consolidado com as alterações introduzidas pela Lei 11.638/2007 e pela Lei 11.941/2009; apresenta mudanças significativas às sociedades por ações e ao mercado de valores mobiliários, que era aplicado até aquele momento, já que havia a necessidade de se unificar os padrões contábeis, a fim de evidenciar maior controle e assegurar transparência dos demonstrativos. Vale lembrar que as sociedades de grande porte deverão seguir as mudanças decorrentes desta lei, sendo que se consideram grande porte, as empresas que obterem ativos totais superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões, mesmo não sendo constituídas sob a forma de Sociedades Anônimas. Tais sociedades deverão também, obedecer às normas emanadas pala CVM (Comissão de Valores Mobiliários), no que diz respeito às normas contábeis a elas aplicadas, em especial ao padrão internacional. 2.1. Plano de Contas Próprio Infelizmente, grande número de empresas utiliza-se da cópia do plano de contas de outras sociedades. Ainda que esta cópia seja realizada de uma empresa do mesmo ramo de atividade, muitos pontos interferem na tabulação das contas, como o tamanho da sociedade, o nível do pessoal da contabilidade, o fluxo de papéis, o sistema de pagamentos e recebimentos, dentre outras rotinas internas. O ideal seria que cada empresa implantasse o seu próprio elenco de contas, nos moldes estabelecidos pela legislação vigente, vislumbrando atender as necessidades internas e externas da sociedade e dos usuários que se utilizarão das informações por ela geradas. Quando se realiza a cópia de planos de contas, existe a possibilidade de termos contas duplicadas ou com nomenclaturas diferentes, mas que se referem à mesma coisa, como por exemplo, o grupo “Clientes”, que é também intitulado “Duplicatas a Receber” ou ainda “Contas a Receber”. Portanto, o plano de contas evidenciando um único título de conta para determinada operação evita que cada pessoa registre de uma forma um mesmo fato contábil ou uma mesma operação. http://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/lei6404_1976.htm Plano de Contas © - 11 www.portaldecontabilidade.com.br Por exemplo, algumas empresas utilizam a conta “Clientes”, somente para registrar as vendas de produtos de sua própria fabricação, ou do seu material para revenda, sendo todas as demais contas a receber, classificadas em outros grupos previamente definidos. Temos então a padronização dos registros contábeis, podendo inclusive, ocorrer a natural rotatividade dos profissionais, sem que haja prejuízo na uniformidade das nomenclaturas contábeis e dos registros que serão nelas efetuados. Um Plano de contas deve ter tantas contas quanto forem necessárias para expressar, com a devida clareza, os fatos ocorridos na vida de um patrimônio.Este elenco deve conter um numero de contas que realmente esclareça bem os fatos sucedidos em um patrimônio em um período de tempo. O desejo de usar contas demasiadas gerais é um dos mais graves erros que se podem cometer contra a técnica. A variação do numero de contas depende muito das atividades de cada empresa e de sua técnica de negócios. A maior influência que os diversos sistemas de registro exercem é quase sempre na técnica de intitular e de agrupar as contas; o maior ou menor numero de contas que pode surgir deriva-se mais da importância que se atribui, também, aos grupos de contas transitórias, de resultado e especialmente de compensação. O plano de contas é então, resumidamente um planejamento do contador, que visa controlar as formalidades dos registros das movimentações de entrada e saída ocorridas na empresa, para tal são utilizados moldes estabelecidos pela legislação e na própria tradição contábil. Nenhum plano de contas está livre de, no decorrer do tempo, passar por ajustes ou ampliações que visem especificamente o seu aperfeiçoamento e o atendimento às novas necessidades e fatos que afetem o patrimônio, antes não vislumbradas. 2.2. Relatórios Padronizados A elaboração de um bom plano de contas é fundamental no sentido de utilizar o máximo possível do potencial gerado pela contabilidade em seu valor informativo que através dos inúmeros relatórios gerenciais fornecem informes aos usuários destes dados. Durante a elaboração e o desenvolvimento de um plano de contas, a empresa deve considerar as inúmeras possibilidades de relatórios contábeis e gerenciais que servirão tanto para uso externo, quanto para análise interna, e desta maneira, prever a estrutura das contas de acordo com as necessidades enumeradas. Se anteriormente esta estruturação já era de grande importância, atualmente, com os recursos tecnológicos e a necessidade de informações cada vez mais precisas, passou a ser essencial, já que estes relatórios propiciarão uma tomada de decisões de forma mais ágil e eficaz por parte da administração da sociedade. Todo este processo tem início na elaboração de um plano de contas abrangente. Plano de Contas © - 12 www.portaldecontabilidade.com.br 3. Disposição das Contas O Plano de Contas, genericamente tido como um simples elenco de contas, constitui na verdade um conjunto de normas do qual deve fazer parte, ainda, a descrição do funcionamento de cada conta; o chamado “Manual de Contas”, que contém comentários e indicações gerais sobre a aplicação e o uso de cada uma das contas (para que serve, o que deve conter e outras informações sobre os critérios de contabilização). Neste capítulo será tratado especificamente da elaboração de um modelo de Plano de Contas voltado exclusivamente ao elenco de contas. Embora de fundamental importância, sobretudo para evitar inconsistências na utilização das contas, a descrição pode ser suprida, na prática, pelo conhecimento técnico da equipe envolvida em sua criação. 3.1. Segundo a Lei 6.404/1976 A Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976, com as alterações da Lei 11.638/2007, previa em seus artigos 178 a 182 que as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. Esta realidade não fora alterada pelas alterações emanadas da Lei 11.941/2009 que busca a padronização da contabilidade aos padrões aceitos internacionalmente. Desta forma, no ativo as contas ficam dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: a) Ativo circulante; e b) Ativo não circulante, composto pelo ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) Passivo circulante; b) Passivo não circulante; e c) Patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente. No grupo “Ativo”, as contas serão classificadas do seguinte modo: a) No ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; b) No ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou http://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/lei6404_1976.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei11638_2007.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei11941_2009.htm Plano de Contas © - 13 www.portaldecontabilidade.com.br empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243 da Lei 6.404/76), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; c) Em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; d) No imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; e) No intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. No “Passivo Exigível”, as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior. O grupo “Resultados de Exercícios Futuros” foi expressamente revogado pela Lei 11.941/2009. No grupo “Patrimônio Líquido”, a conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) A contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) O produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição. Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado. Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos na lei societária ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. Serão classificadas como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia. As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição. Plano de Contas © - 14 www.portaldecontabilidade.com.br 4. Normas Brasileiras de Contabilidade 4.1. – Do Balanço Patrimonial O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente,numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da Entidade. O balanço patrimonial é constituído pelo Ativo, pelo Passivo e pelo Patrimônio Líquido. a) O Ativo compreende os bens, os direitos e as demais aplicações de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar benefícios econômicos futuros, originados de eventos ocorridos; b) O Passivo compreende as origens de recursos representados pelas obrigações para com terceiros, resultantes de eventos ocorridos que exigirão ativos para a sua liquidação; c) O Patrimônio Líquido compreende os recursos próprios da Entidade, e seu valor é a diferença positiva entre o valor do Ativo e o valor do Passivo. No caso de Patrimônio Líquido negativo (quando o valor das obrigações para com terceiros é superior ao dos ativos) utilizava-se, por força das Resoluções CFC 847/1999 e CFC 1.049/2005, a expressão “Passivo a Descoberto”. Entretanto, a partir de 02.06.2010, a Resolução CFC 1.283/2010 revogou diversos dispositivos anteriores, dentre os quais as Resoluções CFC 847/1999 e 1.049/2005. Desta forma, para as demonstrações contábeis encerradas a partir da publicação do novo texto normativo não mais será necessário alterar a nomenclatura do Patrimônio Líquido, quando ele se tornar negativo. As contas do ativo são dispostas em ordem crescente dos prazos esperados de realização, e as contas do passivo são dispostas em ordem crescente dos prazos de exigibilidade, estabelecidos ou esperados, observando-se iguais procedimentos para os grupos e subgrupos. Os direitos e as obrigações são classificados em grupos do Circulante, desde que os prazos esperados de realização dos direitos e os prazos das obrigações, estabelecidos ou esperados, situem-se no curso do exercício subsequente à data do balanço patrimonial. Os direitos e as obrigações são classificados, respectivamente, em grupos de Realizável e Exigível a Longo Prazo, desde que os prazos esperados de realização dos direitos e os prazos das obrigações estabelecidas, situem-se após o término do exercício subsequente à data do balanço patrimonial. Os valores de longo prazo são classificados no grupo “Não Circulante”, de acordo com a nova legislação contábil. Na Entidade em que o ciclo operacional tiver duração maior que o exercício social, a classificação no Circulante ou Não Circulante, terá por base o prazo desse ciclo. http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucaocfc1283_2010.htm Plano de Contas © - 15 www.portaldecontabilidade.com.br Os saldos devedores ou credores de todas as contas retificadoras deverão ser apresentados como valores redutores das contas ou grupo de contas que lhes deram origem. Os valores recebidos como receitas antecipadas por conta de produtos ou serviços a serem concluídos em exercícios futuros, denominados como resultados de exercícios futuros, na legislação, serão demonstrados com a dedução dos valores ativos a eles vinculados, como direitos ou obrigações, dentro do respectivo grupo do ativo ou do passivo. Os saldos devedores e credores serão demonstrados separadamente, salvo nos casos em que a Entidade tiver direito ou obrigação de compensá-los. Os elementos da mesma natureza e os pequenos saldos serão agrupados, desde que seja indicada a sua natureza e nunca ultrapassem, no total, um décimo do valor do respectivo grupo de contas, sendo vedada à utilização de títulos genéricos como "diversas contas" ou "contas correntes". 4.2. – Da Demonstração do Resultado A demonstração do resultado é a demonstração contábil destinada a evidenciar a composição do resultado formado num determinado período de operações da Entidade. A demonstração do resultado, observado o princípio de competência, evidenciará a formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as receitas, e os correspondentes custos e despesas. A demonstração do resultado compreenderá: a) As receitas e os ganhos do período, independentemente de seu recebimento; b) Os custos, despesas, encargos e perdas pagos ou incorridos, correspondentes a esses ganhos e receitas. É vedada a compensação de receitas, custos e despesas. A demonstração do resultado evidenciará, no mínimo, e de forma ordenada: a) As receitas decorrentes da exploração das atividades fins; b) Os impostos incidentes sobre as operações, os abatimentos, as devoluções e os cancelamentos; c) Os custos dos produtos ou mercadorias vendidos e dos serviços prestados; d) O resultado bruto do período; e) Os ganhos e perdas operacionais; f) As despesas administrativas, com vendas, financeiras e outras e as receitas financeiras; g) O resultado operacional; h) As receitas e despesas e os ganhos e perdas não decorrentes das atividades fins; i) O resultado antes das participações e dos impostos; j) As provisões para impostos e contribuições sobre o resultado; k) As participações no resultado; Plano de Contas © - 16 www.portaldecontabilidade.com.br l) O resultado líquido do período. 4.3. Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas Após o início do processo de padronização da contabilidade aos moldes internacionais, o Conselho Federal de Contabilidade aprovou a Resolução CFC 1.255/2009, que aprova a NBC TG 1000 - Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. Este texto legal traz alguns conceitos bastante relevantes para aplicação à contabilidade como ciência e menciona dados importantes para a elaboração e classificação dos elementos patrimoniais, conforme destacado. DISTINÇÃO ENTRE CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial. A entidade deve classificar um ativo como circulante quando: a) Espera realizar o ativo, ou pretender vendê-lo ou consumi-lo durante o ciclo operacional normal da entidade; b) O ativo for mantido essencialmente com a finalidade de negociação; c) Esperar realizar o ativo no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou d) O ativo for caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo seja restrita durante pelo menos doze meses após a data das demonstrações contábeis. A entidade deve classificar todos os outros ativos como não circulantes. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, presume-se que sua duração seja de doze meses. A entidade deve classificar um passivo como circulante quando: a) Espera liquidar o passivo durante o ciclo operacional normal da entidade; b) O passivo for mantido essencialmente para a finalidade de negociação; c) O passivo for exigível no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou d) A entidade não tiver direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data de divulgação. A entidade deve classificar todos os outros passivos como não circulantes. http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucaocfc1255_2009.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/NBC-TG-1000.htm Plano de Contas © - 17 www.portaldecontabilidade.com.br 5. Legislação Fiscal É preciso estar atento para as disparidades apresentadas pela lei societária e pela legislação fiscal vigente no momento de encerramento dos demonstrativos contábeis. Conforme já destacado neste material, as alterações na legislação societária visam tão somente à padronização da escrita contábil aos padrões aceitos internacionalmente sem de forma alguma representar alterações de cunho tributário ou fiscal. O tratamento tributário diferenciado foi amparado pela publicação da Lei 11.941/2009, que traz em seu Art. 39 a alteração do Decreto-Lei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e menciona: Art. 39. Os arts. 8° e 19 do Decreto-Lei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, passam a vigorar com a seguinte redação: “Art. 8°......................................................................... ........................................................................................ § 2° Para fins da escrituração contábil, inclusive da aplicação do disposto no § 2° do art. 177 da Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, os registros contábeis que forem necessários para a observância das disposições tributárias relativos à determinação da base de cálculo do imposto de renda e, também, dos demais tributos, quando não devam, por sua natureza fiscal, constar da escrituração contábil, ou forem diferentes dos lançamentos dessa escrituração, serão efetuados exclusivamente em: I – livros ou registros contábeis auxiliares; ou II – livros fiscais, inclusive no livro de que trata o inciso I do caput deste artigo. § 3° O disposto no § 2° deste artigo será disciplinado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.” (NR) ........................................................................................ A legislação do imposto de renda, através do Decreto 3.000, de 26 de março de 1999, prevê em seu Art. 251 que a pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital, auferidos no exterior e para o atendimento a estes preceitos legais faz-se necessária a elaboração de um bom plano de contas a fim de que os registros atendam a legislação comercial e societária vigente. Com relação à escrituração contábil o Regulamento do Imposto de Renda ainda menciona: Plano de Contas © - 18 www.portaldecontabilidade.com.br Art. 268. A escrituração ficará sob a responsabilidade de profissional qualificado, nos termos da legislação específica, exceto nas localidades em que não haja elemento habilitado, quando, então, ficará a cargo do contribuinte ou de pessoa pelo mesmo designada. § 1º A designação de pessoa não habilitada profissionalmente não eximirá o contribuinte da responsabilidade pela escrituração. § 2º Desde que legalmente habilitado para o exercício profissional referido neste artigo, o titular da empresa individual, o sócio, acionista ou diretor da sociedade pode assinar as demonstrações financeiras da empresa e assumir a responsabilidade pela escrituração. Art. 269. A escrituração será completa, em idioma e moeda corrente nacionais, em forma mercantil, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas e transportes para as margens. § 1º É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, desde que estes constem de livro próprio, revestido das formalidades estabelecidas em lei. § 2º Os erros cometidos serão corrigidos por meio de lançamento de estorno, transferência ou complementação. ... O Código Comercial determina a obrigatoriedade da escrituração contábil, para todas as empresas e impõe punição nos casos de falta da mesma. O fato de não ter escrituração comercial completa pode gerar algumas consequências mais graves para o empresário, que, por exemplo, mantiver apenas a escrituração do Livro Caixa. No Código Comercial existe a previsão de punição por falta da escrituração mercantil, que determina de seis meses a três anos de detenção no caso de falência fraudulenta. Com a escrituração dos Livros Diário e Razão, as empresa estarão agindo em harmonia com as práticas internacionais, trazendo enormes benefícios. A escrituração comercial, não só é uma ferramenta gerencial muito importante, como também uma base sólida para auditorias, planejamento tributário, acompanhamento de resultados operacionais entre outros e para tal faz-se necessária a elaboração de uma estrutura de contas organizada para facilitar o trabalho dos contabilistas. Com o Novo Código Civil que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, enfatizou-se, a importância da prestação de contas das atividades de negócios das empresas, através da contabilidade, criando responsabilidades ilimitadas para todos aqueles que descumprirem as leis vigentes. Agora não existem mais dúvidas de que todos os empresários precisam prestar contas de seus negócios, através da contabilidade e a responsabilidade do contabilista ficou clara no novo código civil. Plano de Contas © - 19 www.portaldecontabilidade.com.br Resumidamente podemos afirmar que "O profissional que cometer fraudes, ou exercer sua profissão sem zelo e profissionalismo, é responsável pelos erros, junto com a empresa que o contratou". O Código Civil, além de tratar sobre a responsabilidade dos contabilistas para com as sociedades, também obriga a utilização da escrituração contábil para todas as sociedades empresárias, tal como prevê o artigo 1.179 e seguintes. Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. ... Vislumbrando todos os textos legais mencionados e os ditames da legislação societária, é de fundamental importância à elaboração de um bom plano de contas, no sentido de maximizar o potencial da contabilidade a fim de utilizar todo o seu potencial gerador de informações. Assim, além de analisar as necessidades dos usuários da escrituração contábil, também é aconselhável estudar as várias possibilidades de emanar relatórios gerenciais para uso interno e externo, prevendo a estrutura das contas de acordo com os documentos de saída das informações tratadas pela contabilidade. Antes mesmo da informatização este padrão já era muito relevante, ganhando ainda mais espaço com os recursos tecnológicos e os sistemas de informação cada vez mais automatizados. Plano de Contas © - 20 www.portaldecontabilidade.com.br 6. Estrutura das Contas Um bom plano de contas deve seguir alguns preceitos básicos para ser funcional e ao mesmo tempo completo. Assim podemos afirmar que o plano de contas ideal deve: 1. Incluir o maior número possível de contas que possam ser utilizadas no ramo específico de atividade para o qual foi elaborado. 2. Ser planejado de forma a permitir a inclusão de qualquer conta nova sem alterar a codificação das já existentes. 3. Facilitar a elaboração de balancetes e balanços, evidenciando o Ativo, o Passivo e os resultados, mediante o simples relacionamento das contas, segundo a codificação planejada. 4. Utilizar codificação que facilmente identifique as contas e que exija a menor quantidade possível de dígitos. 5. Distinguir claramente as contas patrimoniais das de resultado, evidenciando as características próprias de cada Entidade (comercial, industrial, bancária, de serviços, de transportes, social, pública etc.). 6. Facilitar o levantamento de informações específicas para fins administrativos (custos, liquidez financeira, rotação de capitais, investimento específicos etc.), para fins fiscais (lucro tributável, impostos recuperáveis ou a recolher etc.), ou para fins de divulgação (Lei nº 6.404, de 15/12/1976 – Lei das Sociedades por Ações) e dezenas de outros regulamentos específicos para determinados tipos de empresas: bancos, seguros, financeiras, corretores, consórcios etc. As contas devem ser utilizadas separadamente para representar cada tipo de elemento: os patrimoniais são lançados no ativo circulante, ativo não circulante, passivo circulante, passivo não circulante e no patrimônio líquido que são os componentes do balanço patrimonial da entidade. Já os lançamentos que afetam o resultado são realizados nas rubricas de receitas, custos e despesas, componentesda demonstração de resultado do exercício, que ao final de cada período são transferidos para o patrimônio líquido da empresa. Essas contas são os grupos que concentram um grande número de outras contas e são obrigatórias em qualquer plano de contas contábil. São elas as responsáveis pela elaboração dos relatórios contábeis obrigatórios pela legislação vigente. Cada conta também tem uma natureza, que pode ser devedora ou credora. Uma característica marcante em algumas contas é a sua estabilidade, ou seja, a natureza de determinada conta deverá sempre ser respeitada, como por exemplo, a conta caixa, que pode receber lançamentos devedores e credores ao longo de todo o período, mas que ao final do exercício, deverá obrigatoriamente apresentar saldo devedor, assim como a conta salários a pagar, que pode receber lançamentos devedores e credores, mas que sempre deverá manter um saldo credor no encerramento do exercício. Existem algumas contas instáveis, como o resultado do exercício, que pode apresentar saldo tanto devedor como credor, dependendo da movimentação que ela sofrer no ano. Mesmo assim, algumas empresas optam por criar grupos específicos para acumular os Plano de Contas © - 21 www.portaldecontabilidade.com.br lucros e outro para os prejuízos, obedecendo, assim, claramente a natureza de cada grupo de contas contábeis. Apesar de existirem diversas contas em um plano, apenas algumas recebem lançamentos; estas são intituladas contas analíticas, mas também existem as contas sintéticas, assim diferenciadas: Conta Analítica: É a conta que expressa o item específico do patrimônio e registra a existência dos vários fatos que afetam tal item. Pode ser entendida como sendo aquela que representa um tipo mais específico, sendo o objeto do lançamento contábil. Conta Sintética: É um tipo de conta mais genérica, envolvendo uma série de outras contas correlatas, sendo entendida como sendo o grupo centralizador das várias contas que possuem a mesma espécie ou natureza. 6.1. Definição de Conta A escrituração contábil de uma empresa abrange um número bastante elevado de procedimentos e estes visam o registro de todos os fatos de forma sistêmica e padronizada. Assim, é necessário para que o registro comercial seja realizado, que sejam observados alguns pontos primordiais: Identificação dos fatos patrimoniais; Classificação correta; Registro contábil; Geração dos demonstrativos e Estruturação dos fluxos das ocorrências. Para que a classificação do fato ocorra corretamente, é necessário atribuí-lo a uma conta correspondente que esteja em consonância com a natureza do evento. Desta forma, podemos afirmar que conta é o nome técnico imputado a cada elemento patrimonial ou do resultado, que seja responsável pelo registro complexo dos fatos que mantém a mesma essência. Em resumo, a conta tem a função de organizar o patrimônio e evidenciar os fatos que alteram sua estrutura qualitativamente ou quantitativamente. A conta é um dos instrumentos mais importantes da contabilidade e será utilizada para a efetivação dos registros através do método das partidas dobradas. Considerando as definições de contas tratadas, podemos facilmente dividi-las em dois grandes grupos: As Contas Patrimoniais e as Contas de Resultado. As contas patrimoniais representam os bens, os direitos, as obrigações e o patrimônio líquido das empresas, já as contas de resultado são responsáveis por demonstrar as receitas realizadas e as despesas em cada período. Um maior detalhamento das contas patrimoniais e de resultado, o funcionamento de cada uma delas e a estrutura proposta de planos de contas, serão assuntos tratados nos capítulos seguintes desta obra. Plano de Contas © - 22 www.portaldecontabilidade.com.br 6.2. Codificação das Contas A codificação das contas, além de aprimorar naturalmente o trabalho de classificação dos documentos, e elemento indispensável para efeito do processamento de dados. Devido ao uso de sistemas de processamentos de dados e para agilizar a classificação contábil e o próprio lançamento contábil; é comum e altamente recomendável a utilização de códigos reduzidos das contas, o que normalmente é realizado de forma automática pelo próprio sistema. As máscaras do plano de contas são personalizáveis e diferem dentre as empresas e os ramos de atividade, dependendo do número de contas que se pretende criar e até mesmo da necessidade dos controles gerenciais. Como exemplo, podemos imaginar o caso de uma empresa industrial que controla todos os seus gastos e receitas separando-os por centros de resultado; assim, terá a necessidade de criar um plano mais detalhado e consequentemente com um maior número de contas. As máscaras poderão ser numerais, decimais ou mistas, conforme demonstrado: Tipo Numeral Decimal Mista Máscara X.X.X.X.X XX.XX.XX.XX.XX X.X.XX.XX.XXXX Código 1.1.1.1.1 01.01.01.01.02 1.1.01.02.0001 Conta Caixa Matriz Caixa Filial Banco Conta Movimento A codificação do Plano de Contas deve ser elaborada utilizando-se de vários níveis de detalhamento, de modo a atender aos seus usuários dentro de uma lógica de classificação das diversas operações correspondentes aos atos ou fatos contábeis realizados. As contas poderão ser codificadas como contas de primeiro grau, segundo grau, terceiro grau, quarto grau e quinto grau, conforme detalhado: Classificação Máscara Descrição 1º Grau X Identifica os grandes grupos como: Ativo, Passivo, Receitas e Despesas, por exemplo. 2º Grau X.X Identifica os grupos específicos em que se dividem os grandes grupos. 3º Grau X.X.XX Identifica os subgrupos em que se dividem os grupos. 4º Grau X.X.XX.XX Identifica as contas sintéticas agregadas das contas analíticas que representam os elementos do patrimônio. 5º Grau X.X.XX.XX.XXXX Representa as contas analíticas que identificam os bens, direitos, obrigações, receitas e despesas. É o nível que receberá os lançamentos. Assim, se utilizarmos uma máscara mista e uma classificação de quinto grau, o início do plano de contas poderia ser demonstrado da seguinte maneira: 1. Ativo 1.1. Ativo Circulante Plano de Contas © - 23 www.portaldecontabilidade.com.br 1.1.01. Caixa e Equivalentes de Caixa 1.1.01.01. Caixa 1.1.01.01.0001. Caixa Matriz 6.3. Sistemas de Contas Um sistema de contas consiste no agrupamento de contas que possuem características comuns, com o objetivo de tornar mais fácil e organizado o acompanhamento e estudo do patrimônio e de suas mutações. Assim, podemos agrupar em um sistema apenas contas patrimoniais, por exemplo. Esta divisão em sistemas de contas é comum de ser vista na contabilidade pública, que é aplicável às pessoas jurídicas de direito público, como a União, os estados, municípios, suas autarquias e fundações. Este tipo de contabilidade é caracterizada pelos diversos sistemas de contas contábeis, conforme descrito: a) O Sistema Orçamentário é representado pelos atos de natureza orçamentária, registrando a receita prevista e as autorizações legais da despesa constantes da Lei Orçamentária Anual (LOA) e dos créditos adicionais abertos; b) No Sistema Financeiro são registrados todos os ingressos e dispêndios, a arrecadação da receita e o pagamento da despesa orçamentária e extra orçamentária; c) O Sistema Patrimonial é constituído das contas que registram as movimentações que concorrem ativa e passivamente para a formação do patrimônio da entidade, ou seja, são registrados os bens patrimoniais (móveis, imóveis, estoques, créditos, obrigações, valores, operações de crédito, dentre outras), originadas ou não da execução orçamentária; d) No Sistema de Compensação são efetuados os registros dos atos administrativos praticados pelo gestor da entidade, que, direta ou indiretamente, possam a vir afetar o patrimônio da entidade, ainda que de imediato, istonão ocorra, mas possa implicar em modificação futura. 6.4. A Nova Legislação Contábil Com o advento da Lei n° 11.638/2007 e da Lei n° 11.941/2009, ocorreram algumas mudanças significativas na estrutura contábil conhecida no Brasil. Para estar de acordo com as normas aceitas internacionalmente, a contabilidade brasileira sofreu algumas mudanças legais que impactaram diretamente no plano de contas. Tendo em vista esta nova conjuntura será necessária a exposição de algumas modificações que atendem a esta nova legislação contábil e que afetaram na estrutura e usabilidade das contas contábeis. No ativo, a Lei n° 11.941/2009 previu a inclusão de dois grandes grupos contábeis: O Ativo Circulante, que contém os bens e direitos realizáveis até o exercício seguinte; e o Ativo Não Circulante, se tiverem vencimento em prazo maior. Plano de Contas © - 24 www.portaldecontabilidade.com.br Antes desta, o ativo era classificado em circulante, realizável a longo prazo e permanente, sendo este último subdividido em investimento, imobilizado e diferido. Atualmente o ativo não circulante é dividido em realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. No que tange aos investimentos permanentes em participações societárias, a avaliação de coligadas pelo método da equivalência patrimonial passa a ser aplicada a todas as coligadas em que a investidora tenha influência significativa (dependência econômica, tecnológica, administrativa, poder de eleger administradores, etc.). A nova lei estabelece que é presumida a influência significativa quando a participação for de 20% ou mais do capital votante. Este método será aplicado para as sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou que estejam sob controle comum. Desta forma poderá ocorrer, por exemplo, uma situação em que tenhamos um investimento com percentual inferior a 10%, com ações sem direito a voto, mas que possuam um investidor ou investida com um controlador comum; e para este caso o investimento deverá ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial, mesmo que esse controlador seja uma pessoa física ou um conjunto de pessoas físicas agindo como controladores. A Lei n° 11.638/07 modificou a definição do imobilizado, baseada fundamentalmente, na análise de riscos e benefícios sobre a propriedade. Com isso a alteração legal, promove a convergência às práticas internacionais (IAS 17) qualificando as operações que transferem à companhia os benefícios, riscos e o controle desses bens, como ativo imobilizado, a exemplo do que ocorre com as operações de leasing financeiro. Também é estabelecida a obrigatoriedade das companhias em efetuarem de forma periódica o teste de recuperabilidade nos subgrupos do imobilizado e intangível. Desta forma, nenhum destes ativos pode existir por valor que não seja recuperável mediante venda ou utilização por parte da empresa. Este procedimento é também conhecido como teste de impairment. O grupo do ativo intangível deverá registrar todos os valores não corpóreos como marcas, patentes e direitos autorais, onde sofrerão a amortização baseada em sua estimativa de vida útil econômica. As contas de ágio gerado nas aquisições de investimentos permanentes por conta de expectativas de rentabilidade futura, o chamado goodwill, também será reclassificado para o ativo intangível e estarão sujeitos ao impairment, periodicamente. No que se refere ao ativo diferido, nova legislação contábil, regulamenta que o mesmo não pode receber débito de novos saldos a partir do exercício de 2008, mas ressalva que os saldos existentes e que não puderem ser alocados em outro grupo poderão permanecer sob esta classificação até a sua completa amortização. No passivo, a lei estipulou a segregação entre circulante, não circulante e patrimônio líquido. Antes disso, a classificação ficava em circulante, exigível a longo prazo, resultado de exercícios futuros e patrimônio líquido. Plano de Contas © - 25 www.portaldecontabilidade.com.br Podemos observar inicialmente que o subgrupo do exigível a longo prazo foi totalmente incorporado pelo passivo não circulante e que a conta resultado de exercícios futuros, antes utilizada para registrar o recebimento de receitas antecipadas, uma vez que essas receitas ainda não haviam sido incorridas se observarmos o regime de competência, deixa de existir, sendo seu saldo reclassificado para o passivo não circulante. Basicamente, o passivo circulante deve registrar as obrigações a vencer até o exercício seguinte e o passivo não circulante as obrigações a vencer após esse período, da mesma forma como ocorre no ativo. No patrimônio líquido, as principais novidades são a inclusão das contas ajuste de avaliação patrimonial, ações em tesouraria, a alteração da conta lucros e prejuízos acumulados para prejuízos acumulados e a exclusão da conta reservas de reavaliação. Serão classificados como “ajustes de avaliação patrimonial”, enquanto não computadas no resultado em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua avaliação ao preço de mercado. Deste modo, foi extinta a conta de reserva de reavaliação. Na legislação anterior, os ativos decorrentes do imobilizado poderiam ser reavaliados, tendo como contrapartida, a referida reserva de reavaliação. Com a nova legislação, poderão ocorrer “ajustes” tanto em contas de ativo quanto em contas de passivo. Este subgrupo servirá, essencialmente, para abrigar a contrapartida de determinadas avaliações de ativos a preço de mercado, ou “valor justo”, especialmente a avaliação de determinados instrumentos financeiros; os ajustes de conversão em função da variação cambial de investimentos societários no exterior; efeitos da valorização em combinação de negócios a valor de mercado ou valor equivalente de seus ativos e passivos; e outros efeitos patrimoniais gerados na adoção de normas específicas pela CVM em consonância com as normas internacionais. A conta ações em tesouraria visa o registro da compra de ações da própria companhia emissora. Este fato é muito comum quando a empresa visa proteger a queda da cotação e, em um momento mais favorável, obter rentabilidade com a inserção dessas ações no mercado. Com a alteração de lucros e prejuízos acumulados para prejuízos acumulados procura fazer com que a empresa destine o lucro obtido no exercício, podendo permanecer nesta conta somente o prejuízo observado no exercício corrente, ou em alguns casos, o acúmulo dos prejuízos ao longo dos exercícios. Vale ressaltar que esta obrigatoriedade na destinação do lucro deve ser apenas observada por empresas constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital aberto e para as sociedades tidas como de grande porte. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL DIGITAL (ECD) Plano de Contas © - 26 www.portaldecontabilidade.com.br Na ECD – Escrituração Contábil Digital, em relação ao plano de contas, para cumprimento do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), deve ser observado que: O plano de contas, com todas as suas contas sintéticas e analíticas, deve conter, no mínimo, 4 (quatro) níveis e é parte integrante da escrituração contábil da entidade, devendo seguir a estrutura patrimonial prevista nos artigos de 177 a 182 da Lei n° 6.404/1976. Na transmissão para o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) do plano de contas, juntamente com os livros Diário e Auxiliares, e documentos da escrituração contábil digital da entidade, devem constar apenas as contas que tenham saldo ou que tiveram movimento no período. O Livro Diário deve ser autenticado no registro público ou entidade competente, apenas quando for exigível por legislação específica. Base: 2ª Alteração – NBC - Comunicado Técnico CTG 2001. http://www.portaldecontabilidade.com.br/noticias/sped.htmhttp://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/lei6404_1976.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/lei6404_1976.htm http://www.portaltributario.com.br/guia/escrituracao.html http://www.portaldecontabilidade.com.br/obrigacoes/livrodiario.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/NBC-CTG-2001-2-alteracao.htm Plano de Contas © - 27 www.portaldecontabilidade.com.br 7. Contas Patrimoniais As contas patrimoniais representam a situação da organização em um determinado momento, ou seja, representam o patrimônio total da empresa, subdivididas em bens, direitos e obrigações. O Patrimônio Líquido ou situação patrimonial líquida é a diferença entre o Ativo e o Passivo. As situações líquidas possíveis são: Com relação aos recursos que circulam dentro de uma empresa, podemos afirmar que as contas patrimoniais representam então, as origens e as aplicações destes recursos, de forma que as aplicações estão diretamente relacionadas com o ativo, e as origens diretamente relacionadas com o Passivo. Esta visualização será mais bem compreendida quando analisadas no capítulo que tange sobre a classificação contábil. A título de ilustração, será apresentada uma relação resumida de um pequeno grupo de contas patrimoniais com suas funções e forma de funcionamento. 7.1. Contas do Ativo a) Ativo Circulante A função deste grupo é registrar os bens e direitos conversíveis no curso do exercício social corrente. O Ativo Circulante é composto, da seguinte forma: CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA: Este grupo tem como função registrar os recursos financeiros que se encontram à disposição de forma imediata pela organização, como caixa, depósitos bancários a vista e aplicações financeiras de liquidez imediata. Também denominado de “Disponibilidades”. CAIXA: Tem como principal função o registro do dinheiro que entra e sai do caixa (tesouraria) da empresa. A conta Caixa tem natureza devedora e será lançada a débito para registrar a entrada de dinheiro no caixa da entidade e a crédito para registrar a saída de dinheiro da tesouraria da empresa. BANCO CONTA MOVIMENTO: Sua função é registrar a entrada e saída de dinheiro e cheques das contas correntes da empresa, através de pagamentos e recebimentos. Plano de Contas © - 28 www.portaldecontabilidade.com.br As contas de bancos possuem natureza devedora e serão lançadas a débito para registrar a entrada e recebimento de dinheiro no banco e a crédito para registrar a saída de dinheiro e pagamentos da empresa. APLICAÇÕES FINANCEIRAS: Registram os valores aplicados através de instituições financeiras de curto prazo. As contas de aplicações financeiras possuem natureza devedora e serão debitadas para registrar as entradas dos investimentos iniciais e dos rendimentos provenientes das aplicações e creditadas para registrar o retorno dos valores aplicados. CLIENTES: Esta conta tem a função de registrar os valores de créditos com clientes, decorrentes das vendas a prazo de mercadorias ou serviços. A conta terá sempre natureza devedora e será debitada pelo reconhecimento dos valores a serem recebidos e creditada nos pagamentos efetuados pelos clientes. Clientes Mercado Interno: Registra os valores de entradas e saídas dos clientes no mercado interno, ou seja, clientes dentro do território nacional. A conta terá natureza devedora e será lançada a débito na entrada de valores a serem recebidos dos clientes e creditada pelo pagamento efetuado por parte dos clientes. Clientes Mercado Externo: Tem a função de registrar os valores de entradas e saídas dos clientes do mercado externo, ou seja, clientes de fora do território nacional. Vale lembrar que a contabilização deverá sempre ser realizada em moeda corrente, independentemente da moeda utilizada na transação comercial. A conta também terá natureza devedora. Será lançada a débito pelo registro dos valores a receber dos clientes no exterior e é lançada a crédito no pagamento efetuado por estes clientes. Duplicatas Descontadas: Tem a função de registrar o desconto de duplicatas que é uma operação financeira em que o banco antecipa dinheiro em troca das duplicatas que ficam em garantia do empréstimo. A natureza do saldo desta conta será sempre credora, ou seja, retificadora. Os débitos ocorrerão no momento da liquidação do título pelo devedor ou quando há a falta do pagamento pelo mesmo e os créditos são realizados pelo valor de face dos títulos no momento da operação financeira. Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa: é uma conta que tem por função o registro de uma provisão para possíveis não recebimentos da empresa em virtude de títulos não pagos pelos clientes. Esta conta também pode ser intitulada Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa - PECLD. A PCLD ou PECLD também é uma conta retificadora e, portanto apresentará sempre o saldo credor. Os débitos serão o registro de quando ocorre o pagamento do título por parte do cliente, ou pela realização da provisão efetuada Plano de Contas © - 29 www.portaldecontabilidade.com.br e a conta será creditada no momento do registro dos títulos que possuem a liquidação duvidosa. É importante se atentar para os aspectos fiscais e à dedutibilidade prevista para estes valores, de acordo com a legislação vigente. ESTOQUES: Registram os valores das entradas e saídas de mercadoria na empresa. As contas do grupo estoques têm a natureza devedora e serão lançadas a débito na entrada das mercadorias e a crédito na saída dos produtos ou na transferência de estoques. Estoque de Produtos Acabados: Pretende registrar os valores das entradas e saídas de mercadoria prontas para a comercialização. A conta Estoques de Produtos Acabados é de natureza devedora. Será lançada a débito na entrada de mercadorias prontas para a comercialização e será creditada na saída de mercadorias vendidas ou avariadas. Estoque de Produtos em Elaboração: Registra os valores das entradas e saídas de matéria-prima e mão de obra. Esta conta possui natureza devedora, sendo debitada na entrada dos materiais utilizados no processo de produção como matéria-prima e mão de obra e creditada pela saída dos produtos elaborados do estoque ou na perda de materiais no processo de industrialização. Estoque de Matéria-Prima: Registra os valores das entradas e saídas das matérias-primas. A conta também possui natureza devedora e será lançada a débito na entrada de matéria-prima. O movimento a crédito servirá para registro da saída dos materiais do estoque ou na sua avaria. Estoque de Embalagens: A conta irá registrar os valores das entradas e saídas de Embalagens. Possui natureza devedora, sendo registrada a débito na entrada das embalagens e creditada pela saída dos materiais do estoque ou na sua avaria. Estoque em Poder de Terceiros: Esta conta tem a função de registrar os valores das entradas e saídas de materiais estocados em poder de terceiros, ou seja, são estoques da empresa armazenados em outro local que não o utilizado normalmente. Apesar de a empresa não contar com o estoque físico em seu poder, esta conta também possui natureza devedora. Será lançada a débito na entrada das mercadorias armazenadas em locar terceirizado; e creditadas na saída dos itens deste local, seja para venda ou transferência ao estoque físico da empresa. Plano de Contas © - 30 www.portaldecontabilidade.com.br VALORES A RECEBER: tem a função de registrar os montantes de entrada e saída de outros créditos a receber. A natureza do saldo deste grupo será sempre devedora. A conta é lançada a débito na movimentação de entrada dos valores a serem recebidos e será lançada a crédito no pagamento proveniente de cada um dos valores efetivamente recebidos. ADIANTAMENTOS: Registra os adiantamentos feitos pela empresa, convertendo estes montantes em um direito a receber. O grupo de adiantamentos
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