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2011 Educação cristã Prof.ª Rosiê Maximiano Carneiro 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2011 Elaboração: Prof.ª Rosiê Maximiano Carneiro Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 377 C2895e Carneiro, Rosiê Maximiano. Educação Cristã / Rosiê Maximiano Carneiro. Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2011.x ; 187.p.: il ISBN 978-85-7830-312-9 1. Educação Religioso 2. Educação Cristã 3. Moral e Doutrina Cristã I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título III aprEsEntação Prezado acadêmico! Nesta disciplina você estudará conceitos e definições que fundamentam a educação, bem como, teorias e práticas de ensino que podem ser utilizadas por qualquer que seja a pessoa que deseje seguir a Jesus, servindo-o como discípulo e fazendo novos discípulos. O conteúdo foi elaborado de forma a atender a necessidade dos cristãos tanto no ensino bíblico informal, quanto no ensino bíblico formal na escola dominical ou na catequese. Abordaremos pontos específicos, uma vez que seria impossível esgotar o assunto, de forma a nos levar a uma reflexão e à práxis educativa, como também à conscientização da responsabilidade de ser um cristão- educador, tanto no âmbito familiar como na igreja ou, ainda, na escola secular. Este estudo é fundamentado na Verdade imutável, contida na Bíblia Sagrada; e como referência dos versículos aqui citados utilizamos a versão da edição Revista e Atualizada (RA), na tradução de João Ferrreira de Almeida, produzida pela SSB – Sociedade Bíblica Brasileira. Ao indicar o Livro, o capítulo e o versículo, colocamos a sigla (RA), para seu conhecimento da versão bíblica utilizada. Desejo a você um excelente aprendizado e que seja frutífero e abundante na obra do mestre Jesus. Abraço a cada um(a), almejando êxito! Prof.ª Rosiê Maximiano Carneiro IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 - JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO ...................................... 1 TÓPICO 1 - CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ ..................... 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3 2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES .......................................................................................................... 3 3 BREVE HISTÓRIA DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO ........................................................ 5 3.1 PERÍODO PRIMITIVO – EDUCAÇÃO FAMILIAR E INFORMAL ....................................... 8 3.2 HISTÓRIAS DA CIVILIZAÇÃO DA ORALIDADE À IMPRENSA ..................................... 11 3.3 PERÍODO GREGO – CULTURA CLÁSSICA .......................................................................... 13 3.4 PERÍODO ROMANO – CULTURA GRECO-ROMANA, PAGÃ ......................................... 14 3.5 IMPÉRIO ROMANO CRISTÃO ................................................................................................ 16 3.6 PERÍODO MEDIEVAL – A PRIMEIRA UNIVERSIDADE .................................................... 17 3.7 PERÍODO MODERNO – EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E IMPRENSA ....................................... 20 4 A EDUCAÇÃO NA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ................................................ 26 4.1 PERÍODO PÓS-MODERNO OU CONTEMPORÂNEO ........................................................ 26 4.2 BRASIL, A EDUCAÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX ........................................................ 27 5 PRINCIPAIS ESCOLAS E EDUCADORES CONTEMPORÂNEOS ...................................... 29 5.1 EDUCADORES QUE INFLUENCIARAM A EDUCAÇÃO NO BRASIL ........................... 29 5.1.1 Dewey (1859-1952) .............................................................................................................. 30 5.1.2 Vygotsky (1896-1934) ......................................................................................................... 30 5.1.3 Piaget (1896-1980) ............................................................................................................... 30 5.2 EDUCADORES BRASILEIROS .................................................................................................. 31 5.2.1 Anísio Teixeira (1900-1971) ................................................................................................ 31 5.2.2 Fernando de Azevedo (1894-1974) ................................................................................... 32 5.2.3 Paulo Freire (1921-1997) ..................................................................................................... 32 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 34 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 35 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 36 TÓPICO 2 - PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO NOVO TESTAMENTO .................................. 39 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 39 2 JESUS, O MESTRE – EVANGELHOS ......................................................................................... 39 2.1 A FORMAÇÃO DO MESTRE JESUS ........................................................................................ 43 2.2 O CONTEÚDO ............................................................................................................................. 44 2.3 A AUTORIDADE ......................................................................................................................... 45 2.4 O MÉTODO .................................................................................................................................. 47 2.5 AS HABILIDADES ...................................................................................................................... 50 3 ENSINO CRISTÃO NAS EPÍSTOLAS......................................................................................... 54 3.1 PAULO, O APÓSTOLO DOS GENTIOS ..................................................................................55 3.2 PEDRO, O APÓSTOLO PESCADOR ........................................................................................ 57 3.3 CONTEÚDO ................................................................................................................................. 57 3.4 MÉTODO ...................................................................................................................................... 58 3.5 OBJETIVO ..................................................................................................................................... 58 3.6 RECURSOS ................................................................................................................................... 58 sumário VIII RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 60 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 62 TÓPICO 3 - OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ ............ 63 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 63 2 HUMANISMO, MATERIALISMO, EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO ................... 64 2.1 HUMANISMO ............................................................................................................................. 65 2.2 REFORMA E CONTRARREFORMA ........................................................................................ 66 2.3 MATERIALISMO ......................................................................................................................... 66 2.4 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ............................................................................................... 67 2.5 AS DIFERENÇAS ENTRE EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO ................................... 71 2.6 A QUEM INTERESSA SE LIVRAR DE DEUS? ....................................................................... 72 3 A FORMAÇÃO E O PERFIL DO EDUCADOR NO CONTEXTO ATUAL ........................... 76 3.1 A FORMAÇÃO ADEQUADA VENCE OS DESAFIOS .......................................................... 76 3.2 O PERFIL DO EDUCADOR CRISTÃO .................................................................................... 76 4 AS COMPETÊNCIAS E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS DO EDUCADOR CONTEMPORÂNEO ....... 77 4.1 O EDUCADOR CONTEMPORÂNEO...................................................................................... 78 4.2 QUEM EDUCA QUEM? ............................................................................................................. 79 4.3 COMPETÊNCIAS E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS ...................................................................... 80 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 83 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 84 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 85 UNIDADE 2 - O CRISTÃO A SERVIÇO DO REINO: EDUCAÇÃO É A SUA FERRAMENTA ..................................................................................................................................... 87 TÓPICO 1 - O CRISTÃO COMO DISCÍPULO A SERVIÇO DO REINO DE DEUS ............. 89 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 89 2 A FUNÇÃO E O PAPEL DO CRISTÃO COMO EDUCADOR, SEGUNDO A BÍBLIA ...... 90 2.1 A DIFERENÇA ENTRE PAPEL E FUNÇÃO ........................................................................... 91 2.2 A FUNÇÃO DO CRISTÃO COMO EDUCADOR .................................................................. 91 2.3 O PAPEL E A RESPONSABILIDADE DO CRISTÃO EDUCADOR .................................... 93 3 A PEDAGOGIA A SERVIÇO DO REINO DE DEUS ................................................................ 95 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................. 102 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 103 TÓPICO 2 - A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CONSTRUÇÃO DO REINO DE DEUS ....................................................................................................................... 105 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 105 2 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO ....................... 106 3 OS EFEITOS DESEJÁVEIS E TRANSFORMADORES DA EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS .................................................................................................... 115 4 A EDUCAÇÃO LIBERTADORA, O ALICERCE DA CONSTRUÇÃO DO REINO .......... 126 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 132 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 133 UNIDADE 3 - VIVÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA ........................................................... 135 TÓPICO 1 - DIDÁTICA APLICADA ............................................................................................. 137 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 137 2 MUDANÇA DE PARADIGMAS NA AÇÃO DIDÁTICA ...................................................... 137 3 CONCEITOS EM DIDÁTICA ...................................................................................................... 141 IX 3.1 CONCEITUANDO PLANEJAMENTO .................................................................................. 144 3.2 ETAPAS DO PLANEJAMENTO .............................................................................................. 145 3.3 PLANEJAMENTO DE ENSINO .............................................................................................. 146 3.4 PLANO DE AULAS ................................................................................................................... 147 3.5 ELEMENTOS DO PLANO DE AULAS .................................................................................. 147 3.6 COMO ELABORAR UM PLANO DE AULAS OU DE ESTUDO? ..................................... 148 3.7 IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ............................................................................... 150 3.8 AVALIÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ................................................. 151 3.9 O DESAFIO DA DIDÁTICA APLICADA AO PLANO DE AULAS .................................. 152 3.10 COMO ELABORAR O PLANO DE AULAS ........................................................................ 153 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................. 156 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 157 TÓPICO 2 - MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO .................................................................. 159 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 159 2 CONCEITUANDO MÉTODO ..................................................................................................... 160 3 A APLICAÇÃO DE MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO ................................................. 161 3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO ................................................................ 163 3.2 MÉTODOS DE ENSINOINDIVIDUALIZADO .................................................................... 163 3.3 CUIDADOS DO EDUCADOR COM A LINGUAGEM, TEMPO E QUADRO ................ 165 3.4 UMA BOA AULA EXPOSITIVA .............................................................................................. 167 3.5 MÉTODO DO ENSINO SOCIALIZADO OU EM GRUPO ................................................. 169 3.6 MÉTODOS DE ESTUDO SOCIOINDIVIDUALIZANTES .................................................. 171 3.7 APLICANDO O MÉTODO SOCIOINDIVIDUALIZADO .................................................. 173 4 RECURSOS DIDÁTICOS ............................................................................................................. 174 4.1 CONSTRUA OS RECURSOS DIDÁTICOS ............................................................................ 175 4.2 CONSTRUINDO E UTILIZANDO RECURSOS DIDÁTICOS ............................................ 175 4.3 DIORAMA .................................................................................................................................. 176 4.4 VARAL E MURAL DIDÁTICO ................................................................................................ 177 4.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS ............................................................... 178 4.6 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO ........................................... 179 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 182 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 183 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 185 X 1 UNIDADE 1 JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta Unidade, você será capaz de: • reconhecer em Jesus o modelo para o educador cristão; • identificar os conceitos e definições de educação e educação cristã; • compreender a evolução histórica do pensamento pedagógico; • reconhecer nos Evangelhos a prática pedagógica de Jesus; • compreender a ação pedagógica dos apóstolos através das Epístolas; • identificar o desafio diante da diversidade de pensamento e ideologias sem o fundamento bíblico; • compreender aspectos relevantes para o educador cristão cumprir seu papel e sua função, seguindo o modelo de Jesus; • adquirir competências e exigências técnicas para desempenhar a ação educativa. Esta Unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que o levarão a aprofundar seus conhecimentos e a aplicá-los. TÓPICO 1 – CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ TÓPICO 2 – A BÍBLIA E OS TEXTOS QUE FUNDAMENTAM A PRÁTICA PEDAGÓGICA TÓPICO 3 – OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NO MODELO DE JESUS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 1 INTRODUÇÃO Neste tópico vamos abordar os conceitos e as definições de termos técnicos utilizados na pedagogia, na didática e no ensino cristão. É muito importante que você entenda estes conceitos, para formular a sua concepção de educação e para que, como educador cristão, possa se expressar corretamente. Utilizamos termos ou palavras como se fossem sinônimos, quando na realidade não são, embora a pessoa que nos ouve entenda o que estamos querendo dizer. Todavia, um dos requisitos para ser um bom educador é falar corretamente a língua, compreender e utilizar adequadamente os termos técnicos. Um bom exemplo disto é quando alguém fala sobre educação ou sobre ensino. Pensamos tratar-se de sinônimos, não é mesmo? Mas não são! Vamos estudar mais à frente o conceito e a definição e você poderá conferir que na realidade não são sinônimos. Neste tópico também estudaremos sobre a história da educação e a história do pensamento pedagógico, de uma forma panorâmica, para que você entenda como o pensamento e a filosofia educacional se fundamentam nos dias de hoje. Este conhecimento deverá auxiliar você a formular suas próprias ideias e construir o seu conhecimento de tal forma que venha a fundamentar a sua prática como educador cristão. Vamos lá? Mãos à obra! 2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES O que é um conceito? É uma ideia que fazemos a respeito de algo, de uma pessoa, objeto, atitude ou pensamento. E tudo isto com base naquilo que ouvimos, aprendemos ou experimentamos. Temos conceitos que nos acompanham desde a infância, outros conceitos iremos adquirir ao longo da vida. Alguns são imutáveis, outros devem ser mudados, ou aprendidos corretamente. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 4 O pensamento filosófico e as diferentes teorias de educação são dinâmicos e mutáveis (diferente do pensamento do Criador). Desta forma, podemos perceber que tudo poderá ser melhorado e aprimorado em educação. No entanto, é preciso conhecer os conceitos fundamentais, para que possamos ter um ponto de partida e uma linguagem em comum com os demais educadores. A seguir, você aprenderá alguns conceitos e definições mais comuns. No entanto, saiba que poderá pesquisar no dicionário sempre que precisar ou tiver alguma dúvida, para aumentar seu cabedal de conhecimentos. Procure utilizar um dicionário de Pedagogia. Ou o Dicionário de Educação Cristã, que está listado no final deste caderno, na seção Referências. NOTA Há quem diga que a TV “educa”, deseducando o que a escola ensina... Seria esta afirmativa uma verdade? Vários autores definem educação como algo bastante complexo, que envolve conceitos subjetivos de valores, sentimentos, aspectos culturais e vivenciais. No entanto, reservam para o verbo Ensinar a definição e delimitação da ação prática exercida sobre o aprendiz. O ensino conduzido pelo mestre, ou autoridade do saber, ocorre de um modo geral em local específico, com objetivos específicos e conteúdos previamente selecionados. Seguindo este conceito, podemos dizer que as salas de aula são o local onde o aprendiz vai para ser ensinado ou conduzido pelo professor, na ótica da pedagogia tradicional. Vejamos alguns conceitos de educação, que envolvem ensino e aprendizagem: Aprendizagem É o processo interior de construção do conhecimento, que pode ser manifestado de forma visível no exterior do indivíduo. Aprender não é apenas copiar, repetir ou imitar, é desenvolver seu próprio pensamento e produzir conhecimento acerca do que copiou, ouviu ou viu. Educação É um fenômeno mediante o qual o indivíduo se apropria em maior ou menor quantidade da cultura da sociedade onde vive. Educação Assistemática É a que ocorre quando o aluno realiza experiências educativas sem ordenação curricular ou método. QUADRO 1 – CONCEITOS DE EDUCAÇÃO QUE ENVOLVEM ENSINO E APRENDIZAGEM TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 5 Educação Centrada no Professor É um tipo de educação onde o professor é a figura mais importante e o responsável pelo processo ensino- aprendizagem. Educação Formal É qualquer treinamento de educação convencional dirigido de maneira organizada, lógica, planejada e sistemática. Educador É aquele que educa, orienta e ensina. Pedagogo, professor, preceptor. Pessoa que exerce influência duradoura sobre o desenvolvimento cognitivo afetivo e psicomotor de outra, ou a ajuda em seu processo global de desenvolvimento. O professor não é necessariamente um educador, nem este será necessariamente professor. Educando É aquele que está sendo educado, que está recebendo educação; estudante, aprendiz, aluno, discente. É o sujeito e o objeto da educação. Ensinar É lecionar; instruir; educar; doutrinar; levar conhecimento ao outro. Ensinar é fazer pensar. Instigar no outro a busca e aquisição de conhecimentos. Ensino Laico Ensino que não se fundamenta em princípios religiosos, mas sim nos ideais iluministase no humanismo evolucionista. É o modelo de ensino adotado no Brasil, pelo Estado Laico. O ensino brasileiro passou a ser laico após a Constituição de 1934. Ensino por Princípios É o mesmo que Educação por Princípios, metodologia de ensino que utiliza a Bíblia para fundamentar os conhecimentos abordados no currículo oficial. Não se trata de ensino religioso, ou de aula de religião. Mas de uma metodologia baseada em princípios cristãos, bíblicos. LDB Lei de Diretrizes e Bases são as leis que norteiam toda a ação pedagógica no Brasil. FONTE: A autora 3 BREVE HISTÓRIA DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO A história do pensamento pedagógico, que vamos abordar, identifica- se com a ação educativa num dado período histórico. Nem sempre os homens pensaram em educação ou Pedagogia como fazemos hoje. As ideias se misturavam com religiosidade, política e economia. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 6 Por esta razão, vamos acompanhar os registros e pesquisas realizadas sobre a história da humanidade, que pode ser dividida em pré-história e história da civilização. E em todos os momentos históricos podemos perceber que há uma ação educativa acontecendo. Promovida pela família, ou pelo Estado, ou por ambos. O objetivo deste mergulho histórico não é aprofundar datas e acontecimentos, mas traçar um panorama histórico que nos ajude a compreender a ação pedagógica, quando a ideologia ou filosofia ou o pensamento não nos ajudam a identificar, e, compreendendo os fatos históricos, possam eles nos ajudar a promover uma ação pedagógica bem fundamentada, crítica e consciente. O que vamos estudar a seguir compreende o pensamento humano e seus limites, às vezes contraditórios, mas que nos ajudam a compreender os movimentos da própria história, os avanços, os retrocessos e os porquês de muitas coisas que a sociedade faz ou pensa nos dias de hoje, pois em tudo vamos encontrar um legado da ação do homem, das gerações passadas, principalmente na questão educacional. NOTA Por que estudar a história da educação? Ora, se o que vivemos hoje é em parte reflexo do que as civilizações passadas produziram, tanto em tecnologia quanto no pensamento, não seria interessante estudarmos as suas práticas educacionais? Aprender o que pode ser repetido, e aprender com os erros do passado o que não deve ser repetido? Portanto, o estudo da história do pensamento pedagógico deve nos levar a compreender as consequências deste pensamento na vida das pessoas, se foi benéfico ou não. Analisar e refletir são formas de construir o nosso próprio conhecimento, o qual irá nos levar a uma ação educativa com mais qualidade. A partir deste raciocínio, você percebeu que a sua ação pedagógica e educacional praticada hoje terá consequências de imediato, e também ao longo do tempo? Assim podemos assumir a responsabilidade de nossos atos buscando deixar um legado para nossa descendência familiar e para a próxima geração. Temos aí um grande desafio! TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 7 UNI UNI Você compreende que faz parte da história, e que está escrevendo a história da educação em nossos dias? O pensar é próprio apenas do ser humano! PENSOU NISTO? Em se tratando de história da Educação ou da História do Pensamento Pedagógico, é impossível imaginar o desenvolvimento humano, individual ou coletivo, sem que este tenha passado por um processo de ensino e aprendizagem. Entre os animais, observamos a fêmea cuidando de seu filhote ao nascer e até que este aprenda, pelo exemplo, como sobreviver. O processo de ensino-aprendizagem animal termina por aí. O jovem animal não tem crises de adolescência. Pronto para reproduzir, já é considerado adulto jovem, e a mãe, literalmente, o abandona ou repele. Ele não precisa mais de sua mãe para sobreviver. Contudo, a cada nova gestação ou geração, os procedimentos da fêmea se repetem e não vão além do ensino instintivo, voltado para a sobrevivência. Registrar seus pensamentos é uma capacidade humana. Guardá-los e transmiti-los à nova geração também é peculiar somente aos homens, de tal forma que o conhecimento acumulado pelas gerações é patrimônio cultural. O saber acumulado é transmitido, não precisamos aprender a usar o fogo ou inventar a roda a cada geração! IMPORTANT E PENSO! LOGO EXISTO. René Descartes UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 8 História da Educação e das Ideias Pedagógicas - Para melhor compreender a História da Educação é interessante acompanhar as divisões da História Geral da humanidade, a qual, para facilitar o estudo, pode ser dividida em etapas, períodos ou eras. Optamos pela divisão a seguir: ● Período Primitivo – Paleolítico e Neolítico. ● Período Oriental. ● Período Grego. ● Período Romano. ● Período Medieval. ● Período Moderno - Período do Renascimento e Iluminismo. ● Período Pós-Moderno ou Contemporâneo. 3.1 PERÍODO PRIMITIVO – EDUCAÇÃO FAMILIAR E INFORMAL Há duas etapas que caracterizam o Período Primitivo: o Paleolítico e o Neolítico. O primeiro período é o Paleolítico; nesta época o homem se reunia em grupos, clãs ou aldeias. Eram nômades, permaneciam em determinado local enquanto havia comida, caça, pesca ou frutos. Paleolítico A educação na família paleolítica era informal e doméstica. A mãe ensinava a criança, com seu exemplo, e a partir de certa idade o menino acompanhava o pai, aprendia com ele a fabricar instrumentos rudimentares de pau, pedra ou osso para caçar, pescar ou defender-se. Quando jovem passava por rituais de passagem que lhe concediam o direito de estar incluído entre os adultos. A menina aprendia com a mãe a coletar frutos e prepará-los, aprendia a confeccionar vestuário rudimentar. O conhecimento era transmitido de pai para filho. E os ritos, as rezas, a magia, o culto à divindade, nesta cultura panteísta, eram ensinados pelos mais velhos à nova geração. Neste período, o meio de transmissão do conhecimento se dava apenas pela oralidade. Destes ensinamentos e conhecimentos dependia a sobrevivência individual e coletiva. TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 9 NOTA Não havia outra tecnologia que não fosse o fabrico rudimentar de armas de caça, pesca ou guerra, e de vestuário para se proteger do clima. Quando o ambiente não proporcionava mais condições climáticas para morar ou comer, o local era abandonado, e o grupo saía em busca de uma nova morada, em local mais apropriado para a sobrevivência, onde houvesse abundância de caça e frutos. No período Neolítico (aproximadamente 10.000 a.C), o homem passa a dominar alguma tecnologia capaz de diminuir a necessidade de sair em busca de alimento, ou de um clima melhor para o grupo. IMPORTANT E O homem domina as forças da natureza, construindo seu abrigo, guardando sementes para plantar, e não ter que sair em busca de frutos da época; as mulheres aprendem a tecer fios, fazendo roupas mais leves que as de pele animal. Toda esta tecnologia permite que ele se fixe na terra, deixando de ser nômade. O homem passa a ser sedentário. A educação e o ensino da criança acontecem na família. Só os pequenos aprendem com a mãe os primeiros passos, depois o menino acompanha o pai, que o ensina nas práticas de caça, pesca, construção de ferramentas e armas. A menina fica com a mãe e aprende a confeccionar vasos de cerâmica e vestuários, e a arte de adorná-los. Tudo é feito manualmente e precisa ser ensinado aos mais novos. Iniciam-se as trocas de sementes, produtos agrícolas e de animais, não existem ainda moedas como valor de troca. Tudo é produzido para o consumo e apenas o excedente da plantação ou da criação é trocado com outros clãs. Os papéis são bem definidos, os guerreiros defendem o grupo, o mais forte deles e o mais corajoso é o líder. Os anciãos são encarregados de transmitir o misticismo dos rituais aos deuses para o grupo. Deuses estes que podem ser elementos naturais como sol, chuva, terra, ou animais. Os mais novos devem aprendera reverenciar os mais velhos, e aprender com eles, pois são eles que detêm o conhecimento histórico do grupo, são eles a “biblioteca” que se pode consultar quando necessário. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 10 O conhecimento e o uso de remédios e ritos que curam são os mais velhos que ensinam à nova geração. O método de ensino deste período é baseado apenas na oralidade, e a aprendizagem acontece pela observação e pela prática, não existem livros ou manuais para aprender. IMPORTANT E Todo conhecimento vem diretamente dos pais ou dos mais velhos. Os desenhos ou os grafismos não têm a função de transmissão de conhecimento, são apenas expressão ou retrato do momento, que hoje consideramos arte, e evidências históricas da passagem do homem por aqueles locais. A história deixa de ser pré-história e passa a ser história da civilização quando o homem passa a viver um novo tipo de relação com o líder. Na Pré- História não existe um rei, ou governante, não existem leis prescritas ainda que oralmente, o grupo tem um líder que serve a todos. Na civilização, o rei ou governante é servido. Na Pré-História todos trabalham para o bem e sobrevivência do grupo ou famílias. Não existe acumulação de bens ou riquezas que criam a diferença de classes sociais. A produção do homem quer seja na criação de animais ou cultivo da terra, não visa ao lucro, mas sim à subsistência. Estas são as características que separam a pré-história da história da civilização. • Grupos ou clãs – agrupamento familiar. • O líder tem a função de servir ao grupo, protegendo-o com sua bravura. • Não produzem o excedente, para vender, apenas o suficiente para a sobrevivência. • A produção não visa ao lucro, não existe moeda de troca, não existe a necessidade de enriquecer. • Não há classes sociais diferenciadas, apenas papéis bem definidos no grupo: pai, mãe, filho, filha, idoso, líder, guerreiro. • As regras são decididas pelos anciãos. Não existe um rei, governante que domina. TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 11 IMPORTANT E A principal característica da civilização é a criação de um sistema de governo com leis definidas pelos governantes e classes dominantes, cuja ideologia é transmitida e perpetuada principalmente pela religião. 3.2 HISTÓRIAS DA CIVILIZAÇÃO DA ORALIDADE À IMPRENSA A principal característica da civilização é a formação do Estado, ou Monarquia que governa. É ajuntamento de pessoas em aldeias ou cidades. A divisão do trabalho se dá por classes trabalhadoras e classes dominantes. Não havia empregado ou patrões, nem salário ou lucro. Na pré-história todos trabalham para servir sua família ou grupo, não para o enriquecimento de um senhor. No início da civilização, os grupos se reúnem em aldeias, constroem casas, fixam-se junto às suas propriedades. A terra produz o sustento, a tecnologia de instrumentos rústicos para servir à indústria manufatureira familiar. ● No período Oriental vemos o nascer da civilização, surgem o Estado e a cidade. As culturas desta época, e que existem atualmente, estão na China, Índia e Egito. Já vimos que a vida em clãs, tribos ou grupos era liderada pelo mais forte. Agora os homens se reúnem em grupos maiores, formam cidades e criam regras mais sofisticadas que regem o Estado. Você sabia que o surgimento da escrita contribui para este avanço? A transmissão do conhecimento e o ensino se dão pela oralidade, acontecem em casa; os jovens aprendem com os pais, ou com os mais velhos e sábios. Surgem sistemas de ensino voltados para a transmissão da cultura vigente e dominante; a escrita e os saberes são privilégio dos sacerdotes ou das classes governantes. A educação é politeísta e tem como objetivo reproduzir o modo de governar. ● Cultura chinesa – A cultura e ação pedagógica mais antiga de que se tem notícias é a da China. A educação chinesa tinha a finalidade de reproduzir nos jovens o sistema hierárquico, ensinava obediência e subserviência aos mandarins. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 12 Além da religiosidade, o homem passa a ensinar às novas gerações a obediência aos governantes de forma servil, a classe dominante ensina que deve ser obedecida e reverenciada, com o aval dos deuses. O ensino e a cultura não são mais voltados apenas para a sobrevivência do grupo, mas sim para firmar a supremacia do rei, governante, mandarim, faraó ou imperador. As figuras míticas ou religiosas são utilizadas para confirmar o poder do governante e de sua família real, desobedecer ao governo ou governante significa arranjar encrenca com os deuses. “[...] a doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo (tao=razão universal), que é uma espécie de panteísmo, cujos princípios recomendam uma vida tranquila, pacífica, sossegada, quieta [...]”. (GADOTTI, 2002, p. 22) ● Cultura Hindu – Tendia para a contemplação espiritual dos milhares de deuses, exaltava o espírito em detrimento do corpo, que era repudiado. Os párias (povo) e mulheres não tinham acesso à educação. A educação era utilizada para reproduzir um sistema de castas, ou classes hereditárias. Quem nascia em uma casta rica iria viver e morrer nesta casta, já aquele que nascia na casta pobre morreria assim. O ensino reafirmava este tipo de cultura, e também em obediência aos deuses, as pessoas aprendiam a conservar e aceitar e não questionar este tipo de vida. ● Cultura Egípcia – Eram bastante práticos, foram os primeiros a ter entendimento da importância da arte de ensinar. Foram eles que criaram as primeiras bibliotecas e casas de instrução, onde se ensinava a ler, a escrever, a história dos cultos, a astronomia, a música e a medicina da época. (GADOTTI, 2002). A Bíblia nos traz várias informações sobre a cultura egípcia, principalmente quando o povo hebreu esteve por 400 anos no Egito. Veja o livro de Gênesis. Embora a escrita já esteja sendo utilizada pelas classes mais nobres, a oralidade ainda é utilizada para a transmissão de saberes na formação familiar das crianças e do povo de um modo geral. TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 13 Para pensar... Os pais, na antiguidade, não tinham escolas para onde enviar seus filhos, portanto, precisavam ensiná-los para a vida. Transmitir os saberes necessários para sobreviverem e criarem suas famílias. As mães ensinavam as lides domésticas, comportamentos sociais e religiosos, os pais ensinavam um ofício, a obediência aos superiores e aos mais velhos. Era uma educação voltada para a formação do indivíduo, e que funcionava! Isto é, era aprendida na prática vivencial do dia a dia, apenas através do exemplo e da oralidade. Diferente dos dias de hoje, quando os pais precisam trabalhar e por isto confiam à escola a formação de suas crianças: na creche, na pré-escola e, posteriormente, no ensino fundamental. Que conclusão você pode tirar deste modelo oriental de educação familiar, que poderia ser aplicado na formação da família cristã nos dias de hoje? NOTA 3.3 PERÍODO GREGO – CULTURA CLÁSSICA A civilização grega proporcionou à humanidade os primeiros pensadores que embasam o pensamento filosófico pós-moderno. A educação era elitizada, somente as classes sociais altas tinham acesso à educação. As mulheres transmitiam conhecimento através da oralidade aos seus filhos enquanto pequenos. As meninas aprendiam os labores da casa, a serem mães de guerreiros. Os meninos iam para a escola levados pela mão por um escravo de confiança, cujo nome deu origem ao pedagogo. Os meninos mais abastados, que tinham acesso às escolas (ginasium), aprendiam ginástica. Havia uma cultura para o corpo, não só para competir, mas também para a arte da guerra. Eles também aprendiam a cultura nacional, divulgada através de poemas épicos. “Nos poemas de Homero, a bíblia do mundo heleno {grego}, tudo se estudava: literatura, história, geografia, ciências, etc.” (GADOTTI, 2002, p. 30). IMPORTANT E As crianças aprendiam a tocar cítarapara cantar os poetas, e para isto precisavam aprender a ler e a escrever. Muitos nomes contribuíram para a formação do pensamento grego e para a filosofia da Educação, porém os pensadores gregos mais conhecidos e que exerceram influência nas ideias pedagógicas atuais foram Sócrates, seu discípulo Platão; os Sofistas, os primeiros educadores que cobravam para ensinar, eles ensinavam que a importância do discurso era a de convencer pelo argumento e pela oratória, não se importavam muito com o conteúdo, valores morais e virtudes que caracterizavam até então a educação grega. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 14 Aristóteles, também discípulo de Platão, foi o precursor das ciências. Ele não estava tão preocupado com as virtudes. Há quem diga que em determinada ocasião ele declarou: “Sou amigo de Platão, mas sou mais amigo da verdade.” Há quem diga que ele foi o precursor da ciência moderna. ESTUDOS FU TUROS Você verá mais adiante, no período do Renascimento, que as ideias de Aristóteles “renasceram”, bem como as de Platão. Neste período, o saber e o conhecimento eram sinais de status. Para os homens livres e ricos, o trabalho era considerado algo rude, que deveria ser realizado por pessoas rudes, os escravos, e as mulheres. Segundo Platão, nem os escravos, nem as mulheres possuíam alma, portanto não tinham condições nem necessidade de pensar, e nem de exercer a cidadania. O Estado de democracia era formado apenas por homens livres, aqueles que eram os donos dos escravos. IMPORTANT E O avanço cultural deste período fundamentou e fundamenta o pensamento filosófico atual, e influenciou as ciências no Ocidente, as quais são retomadas no período do Renascimento na Europa. 3.4 PERÍODO ROMANO – CULTURA GRECO-ROMANA, PAGÃ Se no período grego a democracia (pelo menos entre os nobres) era valorizada, entre os romanos não havia democratização. Havia, sim, um Estado forte e militarmente dominante. Os romanos, assim como os gregos, não valorizam o trabalho manual: separavam a direção do trabalho do exercício deste. Seus estudos são essencialmente humanistas, entendendo-se a humanitas (tradução de Paideia) como aquela cultura geral que transcende os interesses locais ou nacionais. (GADOTTI, 2002 p. 42) TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 15 Na primeira fase do governo romano, ou na Roma Arcaica, a educação das crianças acontecia em casa. A mulher romana tinha um papel menos submisso que a mulher grega, a ela cabia a educação dos filhos em casa, ou ela delegava aos cuidados do pedagogo. O pai era a autoridade máxima dentro do lar, e a ele cabia o direito de castigos físicos para manter a disciplina, e o preparo do filho homem para ser um futuro cidadão. Por ter dominado o território grego, os romanos passam a utilizar todo o patrimônio cultural da Grécia. E, como são mais práticos, aliam o pensamento filosófico à prática das conquistas territoriais. Ao adotar e adaptar a cultura grega, e por serem mais práticos, criam toda uma tecnologia bélica e de infraestrutura nas cidades. O Império Romano promoveu uma revolução tecnológica aliando o conhecimento à prática. No século I a.C foi criada a primeira escola de língua latina. As escolas foram organizadas em graus e utilizavam recursos didáticos próprios. A Escola Elementar destinava-se à formação das crianças, que aprendiam a ler, escrever e calcular. As crianças escreviam com estiletes em tabuletas de cera. Para calcular usavam os dedos ou pedrinhas. Na Escola Secundária, o jovem aprendia música, geometria, astronomia, literatura e oratória, utilizando textos gregos e latinos. Na escola de Retórica, os alunos aprendiam sobre política, direito romano e sobre o pensamento dos filósofos, os quais eram debatidos. A educação romana mantém o estilo grego do debate inflamado e da retórica persuasiva. Estabelecimentos de ensino superior – iniciavam com retórica (instrumento para a mais perfeita oralidade), eram seguidos pelo ensino de Direito e Filosofia. Estes estabelecimentos funcionavam como se fossem uma universidade. Todavia, o conceito que temos hoje de universidade vai surgir como instituição apenas no período medieval. Tanto na educação grega quanto na educação romana, a transmissão do conhecimento vivencial se dá na família, através da oralidade, em todas as classes. Porém, a transmissão da cultura e dos saberes é privilégio dos indivíduos mais ricos ou importantes. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 16 NOTA NOTA A contribuição de Roma para a educação foi a preocupação do Estado com a educação, formando seus próprios quadros de educadores. A sistematização do ensino, em graus distintos, a formação de bibliotecas públicas, o reconhecimento e contratação dos mestres gregos para lecionarem nas escolas. Contribuiu também para a formação profissional de alguns escravos que serviam à elite, e também na formação de indivíduos do povo através de escolas de ofícios artesanais. Para pensar: Como foi que Roma conseguiu se sobrepor à civilização grega, que detinha o conhecimento da época? Como foi que conseguiu dominar todo o mundo conhecido daquele período, tornando-se o grande Império Romano? E por que um império grande e poderoso como este sucumbe aos primeiros cristãos? A educação romana era utilitária e militarista, organizada pela disciplina e pela justiça. Na escola, os castigos eram severos e os culpados açoitados com varas. Todos os lugares que o Império Romano conquistava eram submetidos aos mesmos hábitos e costumes, e à mesma administração. Isto é, eles impunham a cultura romana às cidades conquistadas. Foi desta maneira que os romanos conseguiram se tornar o maior império de todos os tempos. Israel estava sob o domínio de Roma quando Jesus nasceu, viveu e morreu. 3.5 IMPÉRIO ROMANO CRISTÃO Quando Roma adota o Cristianismo como religião oficial, as escolas pagãs são abolidas, em seus três níveis, restando apenas as escolas cristãs de ensino superior, que formavam os líderes da Igreja. “A decadência do Império Romano e as invasões dos chamados bárbaros determinam o limite da influência greco-romana. Uma nova força espiritual se sucedeu à cultura antiga, preservando-a, mas submetendo-a ao seu crivo ideológico: a Igreja Cristã.” (GADOTTI, 2002, p. 51). É o caso da escola fundada em Alexandria, para a inteligência da fé e das escrituras, onde, entre outras, se estudava a filosofia, a geometria, a aritmética, com a finalidade de melhorar o conhecimento das Escrituras Sagradas. Apenas TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 17 NOTA Ao cair o poderio do Império Romano, só a estrutura religiosa se mantém; é ela que vai dar continuidade às escolas. Com o desaparecimento das escolas públicas pagãs, a educação passa a depender dos monges, que dão continuidade aos estudos, pois são hábeis defensores do patrimônio cultural. São eles que dão prosseguimento à cultura clássica. uma elite tem acesso à cultura, entre eles sacerdotes e alguns nobres que recebem formação particular através de preceptores. A educação formal e sistematizada, patrocinada pelo Estado, começa no Império Romano e termina com ele, quando então o Cristianismo passa a ser a religião oficial do Estado. O pensamento e as ideias da cultura greco-romana pagã, bem como os mestres que lecionavam nas escolas e os educadores passam a ser combatidos. Com a legitimação político-religiosa do Cristianismo sob o Império de Constantino, os cristãos passam a depreciar a retórica e a cultura pagã e a acusar as escolas existentes, as quais dizem transmitir uma literatura contrária ao Cristianismo, pois são orientadas para valores diferentes das Sagradas Escrituras. 3.6 PERÍODO MEDIEVAL – A PRIMEIRA UNIVERSIDADE Com a queda do Império Romano, inicia-se um novo período histórico, o do Feudalismo, que vai finalizar 1000 anos depois, com o advento do Capitalismo, o qual coincide com o Renascimento da cultura na Europa.O pensamento do período medieval vai ser fundamentado pelo pensamento dos primeiros cristãos, considerados os pais da Igreja Católica. A Patrística, do século I ao VII, é que vai conciliar o pensamento cristão com o greco-romano, difundindo-o através das escolas catequéticas por todo o Império. O apóstolo Paulo universaliza o Cristianismo e os pais da igreja – São Clemente, São Gregório, São Jerônimo, Santo Agostinho – impuseram a necessidade de se fixar um corpo de doutrinas, dogmas e organização do culto, necessário à disciplina da nova religião, a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo. Do ponto de vista pedagógico, Cristo havia sido um grande educador, popular e bem-sucedido. Seus ensinamentos ligavam-se essencialmente à vida. A Pedagogia que propunha era concreta: parábolas inventadas no calor dos fatos, motivadas pelas suas numerosas andanças pela Palestina. Ao mesmo tempo, dominava a linguagem erudita e sabia UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 18 comunicar-se com o povo mais humilde. Essa tradição [ou método] contribuiu muito para o sucesso da Igreja e dos futuros padres. Saídos, sobretudo dos camponeses e trabalhadores, os sacerdotes católicos dominam até hoje a dupla linguagem – popular e erudita- com maior influência popular do que os intelectuais, que dominam apenas o discurso erudito. (GADOTTI, 2002, p. 52). IMPORTANT E Lembre-se: não havia mais acesso e promoção da educação pública, os ensinos eram apenas os ensinos religiosos, e pensamentos contrários ao Estado e ao clero eram severamente punidos. As pessoas eram constrangidas a praticarem a fé oficial, sob pena de excomunhão ou perda dos seus direitos religiosos. Para obter privilégios divinos, as indulgências eram compradas do clero, que as vendia em nome de Deus. Todavia, ao lançar um olhar mais apurado para o passado, podemos ver que as guerras entre os senhores feudais não permitiam a formação de um sistema educacional forte. Os nobres estavam preocupados em conquistar mais terras e anexá-las ao seu território, não estavam preocupados com a sua formação, e nem tampouco a dos camponeses, que trabalhavam em suas terras e deviam-lhes impostos. Daí o nome de período das trevas. Não havia escolas públicas, porque não havia verbas do Estado ou clero, e nem havia interesse em formá-las. Em contrapartida, os monges se afastaram das cidades, continuavam estudando, copiando documentos históricos e criando bibliotecas, resguardando o patrimônio cultural da destruição promovida pelas constantes guerras entre os senhores feudais, as quais não atingiam os mosteiros, que serviam assim de refúgio para o acervo cultural e para o ensino. NOTA Poderíamos afirmar que a importância do trabalho dos monges para a educação foi preservar o acervo bibliográfico e multiplicá-lo através de cópias manuscritas, e da transmissão do ensino para a formação de outros monges. Você concorda com esta afirmação? TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 19 NOTA Os filhos dos camponeses aprendem com a família através da oralidade, pois o povo não sabe ler, somente os religiosos, os mestres leigos ou os nobres. E quando vão à paróquia, aprendem a fé e os ritos através das explicações do pároco. No final do período medieval surgem as primeiras universidades, que ensinam Medicina, Direito e Teologia. Os mestres são doutores da Igreja, que tanto podem ser religiosos quanto leigos cultos. O ensino é ofertado e supervisionado pela Igreja, a qual tem uma jurisdição com leis próprias, e poder para julgar. Todavia, a maioria da população não tem acesso ao conhecimento, é iletrada e dominada pela religiosidade, que determina o pensamento da época. A Igreja passa a ser a maior instituição unida neste rol de pequenos feudos. É ela quem promove a cultura e o ensino, a princípio apenas na formação cultural dos monges. A educação acontece nos mosteiros e nas paróquias, o ensino dos textos sagrados forma o currículo das escolas paroquiais na primeira metade da Idade Média. No século IV d.C., os mosteiros, com as Escolas Monásticas (seguindo o modelo educacional de São Bento, fundador da Ordem dos Beneditinos), estas escolas passam a receber não só os monges, mas também os filhos dos nobres, visando à formação monástica, e dos reis e nobres, bem como a dos leigos cultos. DICAS Veja o filme O Nome da Rosa, para ter uma noção da educação e cultura, bem como do acervo cultural preservado pelos monges desta época. O conteúdo programático estudado era bastante elementar, aprendia-se a ler, escrever, conhecer a Bíblia e, se possível, decorá-la. O canto era ensinado e os fundamentos da aritmética. Com o passar do tempo o programa educacional torna-se mais completo. Os alunos aprendem latim, gramática, retórica e dialética. A base da educação é a religião cristã. O método é o da repetição e os castigos físicos são bastante utilizados para aqueles que não conseguem atingir os objetivos. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 20 NOTA Supõe-se que a primeira universidade europeia tenha sido na cidade italiana de Salerno, no século XI. Além desta, antes de 1250 formou-se no Ocidente a primeira geração de unidade. Para saber mais, acesse o seguinte endereço eletrônico: <http://www.pedagogia.com.br/ historia/medieval3.php>. 3.7 PERÍODO MODERNO – EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E IMPRENSA Período Moderno – o fim da Idade Média dá início ao Período Moderno, conhecido como Renascimento. Foi quando se propagaram as ideias e ideais iluministas e humanistas. Os escritores e artistas da época se intitulavam Iluministas, porque pretendiam trazer luz ao pensamento considerado obscuro da Idade Média. O Renascimento – pensamento pedagógico renascentista se caracteriza por uma revalorização do pensamento e da cultura greco-romana. Platão passa a ser estudado, e a filosofia de Aristóteles incentiva o pensamento científico. A educação passa a ser influenciada por este novo modo de pensar. Passa a ser mais prática, experimental, deixa de ser religiosa ou filosófica teocêntrica, torna-se mais voltada para o antropocentrismo, ou seja, o homem no centro. Não é uma filosofia ateísta, mas passa a ser chamada de humanista, para diferenciar do teocentrismo medieval. O ensino passa a ser mais prático, voltando a incluir a cultura do corpo, e procura educar através de novos métodos, menos castigos e formas mais agradáveis de aprender. As invenções de Gutenberg, a imprensa, deram um grande impulso à educação, difundindo de forma mais rápida o saber. É um período de efervescência social, política e cultural, que sai do feudalismo e dá início ao capitalismo. A Reforma – neste período, na Europa, um movimento de protesto que havia iniciado com Lutero, na Alemanha, na Idade Média, passa a se fortalecer, ficando conhecido como Reforma Protestante, e que passou a ser apoiado por alguns reis, aos quais não interessava mais dividir o poder com o clero. TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 21 NOTA A Reforma Protestante deu início a uma vertente do cristianismo católico, o cristianismo protestante, conhecido no Brasil como movimento evangélico. Lutero e outros dissidentes do catolicismo vão levantar as questões da compra e venda de indulgências e da salvação pela graça. Pregam que a Bíblia deve ser lida, ensinada e divulgada a todas as pessoas. A divulgação das ideias e ideais protestantes torna-se mais fácil com a invenção da imprensa, por Gutenberg. Era a tecnologia de ponta da época sendo usada a serviço da fé. Contudo, não bastava só imprimir bíblias, era necessário ensinar o povo a ler. Desta necessidade ressurgem as escolas públicas, para ensinar o povo a ler a Bíblia. Bíblias foram traduzidas do latim para vários idiomas, a fim de que as pessoas pudessem ler e entender. UNI Portanto, o Renascimento passa a ser concebido como o século das luzes. O advento do Capitalismo abre espaço para uma nova cultura, a busca da ciência, do fato, doexperimento. O pensamento científico, racional, vai se delineando, há uma explosão cultural, que desperta o interesse da classe rica emergente, a burguesia, formada por comerciantes e artesãos. Esta classe estava cansada de manter o luxo dos senhores feudais, ou da realeza. As ideias de liberdade e libertação do poderio do Estado e do clero agradam aos burgueses, que não têm títulos nem nobreza, e que buscam status social através do conhecimento. Eles pagam para seus filhos estudarem e obterem seus títulos universitários, como forma de ascensão social. O conhecimento que vai sendo disseminado pelos pensadores da época, que se denominam Humanistas, promove um avanço científico e tecnológico, o qual vai aumentando o poderio econômico da classe burguesa. Este é o período em que se inicia o processo que irá desembocar na Revolução Industrial, a qual traz consigo os fundamentos da revolução econômica e, por consequência, a revolução do conhecimento e do saber. Os pensadores da época já prenunciam uma nova forma de ensinar, voltada para a aprendizagem do aluno através do experimento e da observação da natureza. Deixando de lado o sistema educacional da Idade Média, que propunha muitas leituras, método de decorar textos, e a oratória, e que impunha também castigos físicos para que os alunos aprendessem. A liberdade da aprendizagem, a alegria de aprender são as novas tendências educacionais deste período. Que ainda se utiliza da oralidade na cátedra, da leitura e da escrita, porém vai se voltando para o saber científico voltado para a pesquisa e observação. A Medicina tem um grande avanço neste período, bem como a navegação traz um movimento comercial expansionista e de descoberta de novas rotas e do Novo Mundo, que incluiria o descobrimento do Brasil. A clientela da escola desta época não muda muito, pois ainda são os mais ricos, ou poderosos, que têm acesso ao saber. O povo, constituído de camponeses, agricultores ou a massa de UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 22 trabalhadores na indústria manufatureira, de propriedade dos burgueses, não tem acesso ao ensino. A educação no lar prepara para a vida, e vai dar continuidade ao status pobre da família. O ensino religioso continua acontecendo nas paróquias, ensinando a obediência ao Estado, ao clero e a esperar a recompensa do sofrimento e da pobreza na vida futura post mortem. A característica do pensamento deste período é o pensamento antropocentrista, que coloca o homem no centro do universo, e que se contrapõe ao pensamento teocentrista da Idade Média. Deus é deixado de lado nas questões filosóficas, e o pensamento racional, no qual prevalecem a razão e o raciocínio do homem, torna-se predominante. Isto vai influenciar permanentemente a cultura das próximas gerações. Historicamente, este período termina com a Revolução Francesa em 1789, quando são destituídos os reis da França, e a burguesia assume o poder com os ideais da revolução e declaração universal dos Direitos Humanos. A partir da Revolução Francesa inicia um novo período, intitulado Era Moderna. Todos os homens nascem livres e iguais... é bom refletirmos nisto. Livres do que? E iguais no que? Na verdade, pouca coisa mudou para a classe pobre. Os pobres continuaram pobres e os ricos continuaram ricos, as escolas continuaram atendendo as classes ricas e dominantes. A única diferença é que, através do seu trabalho, e da acumulação de riqueza, o homem pobre poderia ascender a outra classe social, e a burguesia não precisava ser nobre ou ter títulos de nobreza para comandar. Coisa impossível na Idade Média, onde o camponês deveria permanecer, nascer e morrer, no local que determinasse o senhor feudal. Os intelectuais eram de grande importância para a divulgação da nova ideologia liberal da Idade Moderna. Rousseau era um deles. Jean-Jaques Rousseau (1712-1778): Acredita na natural pureza do homem. “O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”. Suas ideias de liberdade fundamentam a Revolução Francesa. “A única instituição que ainda se constitui natural é a família.” “A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária, que nos era prescrita pela natureza.” “O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles.” “A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação do universo forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente.” FONTE: Disponível em: <http://wapedia.mobi/pt/Jean-Jacques_Rousseau>. Acesso em: 25 jul. 2010. QUADRO 2 – PENSAMENTOS DE ROUSSEAU TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 23 O Renascimento e Humanismo – o Renascimento começa por volta do Século XIV, partindo de Florença, na Itália, e percorre toda a Europa até o século XVI. Este período é chamado de Renascimento, por representar um retorno à busca do pensamento livre de dogmas, tal como havia na cultura greco-romana interrompida na Idade Média. IMPORTANT E O termo Renascimento sugere uma volta ao saber, e a cultura acessível às classes populares, não apenas à nobreza e ao clero. A cultura e a arte, no Renascimento, estão aliadas às ciências e à matemática, cujo fundamento greco-romano são as ideias de Aristóteles. Esta ebulição de pensamentos e a busca pelo conhecimento excluem o pensamento da escolástica e sua teoria teocêntrica. Os Humanistas buscam a lógica e o pensamento racional, para responder aos questionamentos humanos. Os filósofos, pensadores e educadores reformulam as ideias e ideais fundamentados no conceito antropocentrista, que coloca o homem no centro de tudo; surgiu daí a referência ao nome e ao conceito do Humanismo. Este novo pensar propõe modificações significativas nos métodos de ensino e vem desenvolver as ideias do métovdo na investigação científica. UNI As teorias carecem de comprovação para validar seus postulados, tais como a origem da vida e dos fenômenos naturais, uma vez que não acreditam que a origem de todas as coisas provém de Deus. Os humanistas, homens cultos que vinham da burguesia rica e leiga, ou do clero, influenciaram a evolução tecnológica e as pesquisas científicas; e ainda hoje influenciam a ciência e o pensamento pós-moderno, ou contemporâneo. Concluindo, o pensamento renascentista dá origem às manifestações artísticas e culturais da Idade Moderna, e incentiva o pensamento filosófico, baseado na razão e no método de investigação científico, o qual vai dar origem ao Humanismo. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 24 IMPORTANT E A Idade Contemporânea inicia após a Revolução Francesa em 1789 - e vai terminar com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. A escola da Idade Moderna adota o pensamento humanista. O ensino continua sendo oferecido apenas às classes ricas e dominantes, porém, com os pensadores da Reforma Protestante, as questões educacionais da população mais pobre passam a ser vistas como uma forma de aprender a ler a Bíblia. Para combater o pensamento anticlero da Reforma, a Igreja Católica se manifesta através do movimento Contrarreforma, e para isto cria a Companhia de Jesus, a qual vai evangelizar e catequizar os territórios conquistados no Novo Mundo, as Américas, incluindo o Brasil. A Companhia de Jesus é formada por padres jesuítas que, além de catequizar, também promovem o ensino nos locais onde se instalam. No Brasil, o ensino formal tem início com os padres jesuítas, que oferecem ensino aos índios nas aldeias, e, para os filhos dos colonos portugueses, fundam colégios. Dois nomes são muito conhecidos entre o povo brasileiro: os educadores Padre Manuel da Nóbrega e Padre Anchieta. NOTA O Padre Anchieta preocupa-se em conhecer a língua e a cultura indígena para evangelizá-los. Ao contrário dos colonizadores e da Coroa Portuguesa, que só pensam em explorar os nativos do Brasil.A educação formal no Brasil é sofrível, não tem apoio nem incentivo algum da Coroa Portuguesa. Um fato marcante na história da educação brasileira, neste período, ocorre quando o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas do Brasil. Influenciado pelos ideais iluministas e humanistas, Portugal repele o ensino católico, mas não investe em educação no Brasil. TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 25 NOTA Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro. (D. Pedro II) UNI UNI Os filhos dos ricos fazem escola primária e ginásio nos poucos colégios católicos que permaneceram, e depois vão cursar a faculdade na Europa. Talvez o erro do nosso imperador D. Pedro II tenha sido não determinar que o aporte de recursos fosse uma obrigação do Império, pois que, com sua expulsão do Brasil, estas instituições não receberam mais recursos. Mesmo expulso do Brasil, ele doa seu patrimônio cultural pessoal para o país. Mas, por não estar na folha de gastos da União, seus recursos cessaram. Embora fosse um homem culto e interessado por todo o tipo de conhecimento e cultura, não conseguiu promover a educação formal para a população pobre em todo o território nacional. Concentrou sua atenção ao colégio que fundara, e que ainda funciona no Rio de Janeiro, o Colégio D. Pedro II. No Brasil, por ocasião da vinda da família real em 1808, algumas ações em favor da educação e da cultura acontecem nos centros onde a realeza se estabelece. Com o Imperador D. Pedro II, homem de cultura, reconhecido internacionalmente pelos filósofos e cientistas da época, o qual financiava com recursos próprios instituições de ensino, houve um avanço cultural nos grandes centros. Era reconhecido como um imperador culto e liberal, todavia não conseguiu fazer uma leitura da realidade educacional do país. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 26 4 A EDUCAÇÃO NA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL A proclamação da República ocorreu em 1889, cem anos após a Revolução Francesa ter ocorrido na Europa, a qual deu início à Idade Contemporânea. NOTA D. Pedro II foi expulso do Brasil e, com o fim da monarquia, inicia o período republicano, em 1889. O Brasil passou a ser a República Federativa do Brasil. Com um atraso de cem anos, se considerarmos as propostas da Renascença, do Iluminismo, do Humanismo que vão culminar com a Revolução Francesa na Europa. Revolução esta que visava promover o indivíduo em todos os sentidos, envolvia o processo educacional, voltado para o aprendizado do aluno, não apenas para os ensinos escolásticos do professor. 4.1 PERÍODO PÓS-MODERNO OU CONTEMPORÂNEO O Período Pós-Moderno ou Contemporâneo tem início por ocasião do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e perdura até os dias de hoje. Este período é bastante complexo, tal a velocidade com que ocorrem mudanças em todas as áreas da atividade humana. Toda esta aceleração é promovida pelos avanços tecnológicos sem precedentes, a ciência avança velozmente, a cada dia surgem novas descobertas que vão sepultando as anteriores. Com o advento da internet, o mundo ficou pequeno, as notícias são transmitidas em tempo real, dos lugares mais longínquos. Do ponto de vista educacional, várias correntes de pensamento e pensadores estão produzindo novas propostas educacionais. Os avanços científicos e a tecnologia vão interferir e deixar marcas profundas na educação formal, o abismo entre as classes se aprofunda na medida em que aqueles que detêm o conhecimento têm acesso à vida cidadã. O restante da população fica na marginalidade. As ideias e ideais de vida se confundem com o homem e com a matéria, ou materialismo. O capitalismo selvagem dá lugar ao imperialismo econômico. O que significa que a dominação econômica determina o modo de pensar e viver do indivíduo, o qual se torna sedentário e incapaz de viver sem os aparatos tecnológicos, e a falta destes causa a insatisfação, motivo de todo o tipo de desordens. Quem tem acesso ao conhecimento tecnológico pode aspirar melhores nichos sociais, quem não detém vai ficando para trás, e desanimando de tentar acompanhar a revolução tecnológica. TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 27 A palavra de ordem é a “Desconstrução”. Palavra bem apropriada para a época de desagregação familiar, moral e espiritual. ATENCAO O homem pós-moderno consegue tirar Deus do centro de sua vida, da cultura, das instituições sociais e educacionais, e paga um alto preço por isto. A manifestação da religiosidade, a busca pela essência do Cristianismo é tida como fanatismo, falta de cultura, ou considerado fator de manipulação e dominação por parte dos líderes religiosos. 4.2 BRASIL, A EDUCAÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX Começo do século XX. O Brasil, país continental, permanecia atrasado no processo do desenvolvimento industrial, na economia e na educação. Embora a Constituição da época abordasse a educação, o que ali estava proposto nunca saiu do papel. Havia polos de desenvolvimento em algumas regiões do país, com escolas primárias, ginásios, que correspondem hoje ao Ensino Fundamental, e o ensino clássico ou científico, que corresponde ao atual Ensino Médio. Havia poucas universidades, somente nos grandes centros, para uma classe privilegiada que podia apenas estudar. Os que podiam cursar as primeiras séries eram alfabetizados e abandonavam os estudos, a grande maioria da população era analfabeta. A mudança neste quadro começaria a ocorrer próximo à década de 30, quando então começa o movimento educacional conhecido por Escola Nova. Neste período, governava Getúlio Vargas, o qual permanece no governo até 1954. UNI Caro(a) acadêmico(a)! A seguir, apresentamos um texto que o(a) auxiliará a compreender melhor o que estamos estudando. Leia com atenção e compreenda o momento histórico educacional que vivemos! UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 28 AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XX Em 1934, o momento é rico para a educação Cria-se o Ministério de Educação e Saúde (1930), sua orientação para reforma do ensino superior e secundário, com os pioneiros da Escola Nova (1932), que foi um marco para a educação. A Carta de 1934 tem 17 artigos sobre a educação, mantém a estrutura anterior, cabendo à União traçar as diretrizes da educação (art. 5º, XIX). Entre as normas estabelecidas para o Plano Nacional de Educação estão o ensino primário integral e gratuito e de frequência obrigatória, extensivo aos adultos e tendências à gratuidade do ensino superior e primário. Importante matéria é o financiamento da educação, cabendo à União e aos municípios aplicar “nunca menos de (10%) dez por cento e os Estados e o Distrito Federal nunca menos de (20%) vinte por cento da renda resultante dos impostos na manutenção e desenvolvimento educativo” (art. 156). Já em 1937 amplia-se a competência da União para “fixar as bases e determinar os quadros de educação nacional, traçando as diretrizes a que deve obedecer a formação física, intelectual e moral da infância e da juventude” (art. 15, IX). A liberdade de ensino ou, melhor dizendo, a livre iniciativa é objeto do primeiro artigo dedicado à educação no texto de 1937, que determina: “A arte, a ciência e o ensino são livres à iniciativa individual e à de associações ou pessoas coletivas públicas e particulares” (art. 28). O ensino religioso tem uma tendência conservadora porque permite que se apresente como matéria do curso ordinário das escolas primárias, normais e secundárias (art.133). Em janeiro de 1946 assume o poder o presidente general Eurico Gaspar Dutra, promulgando a nova constituição. São acionados decretos-leis referentes ao ensino industrial (Lei Orgânica do Ensino Industrial – Decreto-lei nº4. 073/42), ao secundário (Lei Orgânica do Ensino Secundário-Decreto-Lei nº. 4.2144/42). Também é criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI - Decreto-Lei nº. 4.048/42). Ao ensino fundamental (Lei Orgânica do Ensino Primário – Decreto-Lei nº. 8.529/46), ao ensino normal (Lei Orgânica do Ensino Normal – Decreto-Lei nº. 8.530/46), ao ensino agrícola (Lei Orgânica do Ensino Agrícola – Decreto-Lei nº. 9.613/46). Também é instituído o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC – Decreto-Lei nº. 8.621/46 e 8.622/46). Com tudo isso se acentua o dualismo distinguindo a educação escolar das classes populares e da elite. O tema chave de 1967 é a “liberdade de ensino”, que vem ligado ao ensino particular. Define a competência da União para legislar sobre diretrizes e bases TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 29 da educação nacional (art. 8º, XVII, ”q”). São acrescidas atribuições relativas aos planos nacionais de educação (art. 8º, XIV). Orientações e princípios de cartas anteriores são reeditados, tais como: o ensino primário como língua nacional, a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primário; O ensino religioso, com matrícula, facultativo e disciplina dos horários normais das escolas de grau primário e médio. Na carta de 1967, a obrigação da União de aplicar nunca menos de dez por cento e os Estados, Distrito Federal e Municípios nunca menos de vinte por cento desaparece. (!!!!!!!) A Constituição de 1988 propõe a incorporação de sujeitos historicamente excluídos do direito à educação Expressa no princípio a “igualdade de condições para acesso e permanência na escola” (art. 206, I). Outras importantes conquistas, como o dever do Estado em: ● Prover creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos (art. 208, IV). ● Oferta de ensino noturno regular (art.208, VI). ● Ensino Fundamental obrigatório e gratuito, inclusive aos que não tiveram em idade própria (art. 208, I). ● Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências (art. 208, III). Esta é a primeira Carta Magna a tratar da autonomia universitária, estabelecendo que as universidades gozem de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, obedecendo ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (art. 207). FONTE: Disponível em: <http://osimarabarros.blogspot.com/2008/09/educao-nas-constituies- brasileira.html>. Acesso em: 20 maio 2010. 5 PRINCIPAIS ESCOLAS E EDUCADORES CONTEMPORÂNEOS A educação contemporânea é principalmente laica e fundamentada na psicologia. Estas escolas têm por expoentes nomes como Dewey, Montessori, Carl Rogers, Vygotsky, Piaget. No Brasil, os nomes que identificam a educação contemporânea são: Anísio Teixeira, Fernando Azevedo, Paulo Freire e outros que também contribuíram, e contribuem ainda, na formação do pensamento pedagógico pós-moderno. 5.1 EDUCADORES QUE INFLUENCIARAM A EDUCAÇÃO NO BRASIL A seguir veremos alguns educadores estrangeiros que influenciaram e contribuíram para a Educação no Brasil. UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 30 5.1.1 Dewey (1859-1952) Dewey - nascido nos EUA, no século XIX, desenvolveu seu pensamento, o que influenciou as escolas no século XX e continua influenciando no século XXI. Psicólogo, pedagogo e filósofo, ele propõe uma educação fundamentada nos princípios de liberdade. Considerava que as escolas que adotam um sistema de obediência e submissão não têm êxito nos seus objetivos educacionais; totalmente favorável à liberdade. Para ele, o aluno deveria ter iniciativa, ser original e trabalhar de forma cooperativa e colaborativa. Suas ideias são alinhadas com o pensamento liberal norte- americano e vão influenciar o movimento “Escola Nova” em vários países, incluindo o Brasil. Foi um grande defensor da escola pública e da legitimidade do Estado, ou poder político. Um dos seus principais conceitos em educação é a ideia da necessidade de autogoverno dos estudantes. 5.1.2 Vygotsky (1896-1934) Psicólogo bielorrusso, não era pedagogo, nem se dizia um educador, mas suas ideias passam a influenciar o pensamento pedagógico no final do século XX. Seu pensamento influencia a escola socioconstrutivista ou sociointeracionista, que devolve ao professor o papel de mediar o processo de ensino-aprendizagem. Ele não coloca sobre os ombros do aluno a responsabilidade de aprender de forma autodidata, ele postula que a aprendizagem acontece de forma interativa entre os grupos, de forma individual e de forma mediada pelo professor, que tem a função de facilitador. IMPORTANT E “A cultura concede às pessoas os sistemas simbólicos representativos da realidade que permitem a compreensão e interpretação do mundo real”. Vygotsky 5.1.3 Piaget (1896-1980) Psicólogo suíço, e como psicólogo é que vai pesquisar os processos mentais que determinam o desenvolvimento das crianças. Ele não faz uma pesquisa da aprendizagem em si. Seu estudo sobre o desenvolvimento descreve as etapas pelas quais a criança passa e que a levam à aquisição do conhecimento através do meio em que se desenvolve. TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ 31 Ele postula que a criança vai aprendendo à medida que vai se desenvolvendo e interagindo com o meio ambiente, daí o nome pelo qual é conhecida a corrente pedagógica: Construtivismo. Suas ideias são aplicáveis à educação, pois trazem para o educador a percepção de que cada indivíduo pode ser autor do seu próprio conhecimento. 5.2 EDUCADORES BRASILEIROS Estudaremos agora alguns educadores brasileiros, que contribuíram para a Educação no Brasil. 5.2.1 Anísio Teixeira (1900-1971) Um educador brasileiro que estudou com Dewey e incorporou as ideias dele, colocando-as em prática no Brasil. Sua formação em escola jesuíta na Bahia e de Direito no Rio de Janeiro fez dele um educador. Sua maior contribuição à educação no Brasil não foram suas ideias, ou seus livros, mas a sua prática de vida. Aplicou na vida política as teorias educacionais quando assumiu cargos na gestão da educação, e inovou na sua prática pedagógica o que Dewey propôs na teoria. Assimilou e praticou o conceito de Dewey de escola pública para todos, em tempo integral, da infância até a formação acadêmica e pós-graduação. Não só escreveu, mas praticou a educação pública. Implantou o sistema educacional da infância até a pós graduação no ensino público, pois entendia que a capacitação docente era muito importante para o educador que ia trabalhar com crianças. Remodelou o sistema municipal educacional do Rio de Janeiro, que ia do primário até a faculdade. Em 1965, perseguido pelo regime militar, foi lecionar nos Estados Unidos. Assinou o documento do Manifesto Escola Nova em 1932, o qual pregava a escola pública universal, laica e gratuita para todos. Embora não fosse contrário à educação religiosa e particular, entendia que o Estado deveria fazer a sua obrigação em oferecer a toda a população, de forma igualitária e democrática. Ele foi coerente com seu discurso, pois quando esteve nos altos cargos como gestor educacional, não só falou, mas fez aquilo que pregava e acreditava. Era um homem de ação! UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO 32 5.2.2 Fernando de Azevedo (1894-1974) Nascido em Minas Gerais, teve sua formação em escola católica, foi seminarista, formou-se em Direito, abraçou a causa educacional do país, participando na reforma educacional da década de 30. Foi o relator do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que, baseado nos pensamentos de Dewey, reivindicava uma reforma educacional ampla no Brasil. Este manifesto exigia atenção do governo com relação à educação gratuita, pública e laica para todos. Exerceu vários cargos públicos e escreveu livros sobre o propósito da Escola Nova, todavia a sua contribuição maior está em lançar seu olhar para a educação como a forma de transformar a nação naquele momento histórico. Foi um homem visionário para o seu tempo. Como educador, foi prático e coerente com suas ideias, trabalhou para implantar o modelo de Escola Nova. Embora não tenha logrado
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