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PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO ------------------------------------------------------------------- REDAÇÃO DE DOCUMENTOS OFICIAIS ------------------------------------------------------------------- FLÁVIA ANDREA DE ALBUQUERQUE MELO COORDENADOR DOS CURSOS DE LÍNGUA PORTUGUESA PAULO CESAR BESSA NEVES DOCENTES FLÁVIA ANDREA DE ALBUQUERQUE MELO PAULO CESAR BESSA NEVES RENATA DE OLIVEIRA RAZUK ANO 2019 Redação de Documentos Oficiais 2 FUNDAMENTOS LEGAIS O servidor público está submetido às leis, estatutos e outros diplomas legais que exigem correção e lisura em seus atos. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 37, dispõe que “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.” Além destes, há princípios fundamentais que devem nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais, a fim de atender à disposição constitucional, bem como outras normas que tratam da matéria, como as abaixo elencadas: -Lei nº 220, de 18 de julho de 1975 e atualizações posteriores vigentes. Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro. Aprova o Regulamento do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro. Estabelece as normas dos processos administrativos no âmbito da Administração Pública Estadual. Estabelece normas sobre atos e processos administrativos no âmbito do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências. Regulamenta a Lei Estadual nº 5.427, de 01 de abril de 2009, no que dispõe sobre a informatização de documentos e processos administrativos na Administração Pública Estadual e dá outras providências. Dispõe sobre a criação do Sistema de Arquivos do Estado do Rio de Janeiro - SIARQ - e dá outras providências. Aprova o Manual de Gestão de Protocolo no âmbito do Poder Executivo Estadual e determina outras providências. Aprova o Manual de Gestão de Documentos e institui a padronização do procedimento para atendimento à lei de acesso a informação e dá outras providências. Dá nova redação ao Decreto Estadual nº 43.897, de 16 de outubro de 2012, que aprova o Manual de Gestão de Protocolo no âmbito do Poder Executivo Estadual e determina outras providências. Dispõe sobre a obrigatoriedade da utilização do Manual de Gestão de Protocolo pelos órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta. (Manual de Redação Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2ª ed., 2014. p. 12-13) Redação de Documentos Oficiais 3 SUMÁRIO Parte I - Aspectos gerais da redação oficial 1. Redação oficial p. 2. Características fundamentais da redação p. 2.1. Clareza p. 2.2. Concisão p. 2.3. Correção gramatical p. 2.4. Coesão p. 2.5. Formalidade e uniformidade p. 2.6. Impessoalidade p. 3. Orientações básicas para o ato de escrever. p. 3.1. Estilo p. 3.2. Qualidades da harmonia e da polidez p. 3.3. Uso elegante de pronomes oblíquos p. 3.4. Cuidado com os cacófatos, chavões e pleonasmos p. 3.5. Problemas na construção de frases 3.6. A Importância da Vírgula e Outros Sinais de Pontuação p. Parte II - A linguagem da redação oficial O entrelaçamento das ideias Elementos de Coesão p. Emprego do Infinitivo p. Pronomes de tratamento p. A impessoalização do texto p. Uso do vocabulário p. Representações, destaques e diagramação p. Padronização p. Redação de Documentos Oficiais 4 PARTE III - Modelos de redação oficial ATOS DECLARATÓRIOS Atestado p. Declaração p. Certificado p. Certidão p. Procuração p. CORRESPONDÊNCIAS Carta p. Circular p. Comunicação Interna ou Memorando p. Ofício p Correio Eletrônico (e-mail) p Fax p DISPOSITIVOS LEGAIS p. Decreto p. Deliberação p. Lei p. Lei Complementar p. Resolução p. ATOS ADMINISTRATIVOS Apostila p. Ata p. Relato de Reunião p. Pauta de Reunião p. Ato Executivo p. Ato Normativo p. Redação de Documentos Oficiais 5 Despacho p. Edital p. Ordem de Serviço p. Portaria p. ATOS REIVINDICATÓRIOS Requerimento p. Petição p. Abaixo-Assinado p. PARTE IV – Atividades de Linguagem PARTE V – Links Úteis p PARTE VI – Bibliografia p Redação de Documentos Oficiais 6 PARTE I – ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL 1. Redação oficial O que é? “Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. [...] A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.” (Manual de Redação da Presidência da República) Redação oficial é a maneira de redigir própria da Administração Pública. Sua finalidade básica é possibilitar a elaboração de comunicações e normativos oficiais claros e impessoais, pois o objetivo é transmitir a mensagem com eficácia, permitindo entendimento imediato. A eficácia da comunicação oficial depende basicamente do uso de linguagem simples e direta, chegando ao assunto que se deseja expor sem passar, por exemplo, pelos atalhos das fórmulas de refinada cortesia usuais no século passado. Antigamente o estilo tendia ao rebuscamento, aos rodeios; hoje, a vida moderna nos obriga a elaborar uma redação mais objetiva e concisa. Considere-se, entretanto, que não há uma forma específica de linguagem administrativa, mas sim qualidades comuns a qualquer bom texto, seja ele oficial ou literário, aplicáveis à redação oficial: clareza, coesão, concisão, correção gramatical. Além disso, merecem destaque algumas características peculiares identificáveis na forma oficial de redigir: formalidade, uniformidade e impessoalidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: "A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)". Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. Redação de Documentos Oficiais 7 Conceituação do Manual de Redação do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro: A Redação Oficial é o recurso utilizado pelo Poder Público para redigir atos normativos e comunicações. Desse modo, a finalidade principal da Redação Oficial é comunicar com impessoalidade e clareza para que a mensagem transmitida seja compreendida por todos os indivíduos que acessarem o documento. Em resumo, a Redação Oficial, sob o ponto de vista da linguagem, deve atender a requisitos como: correção, impessoalidade, objetividade, clareza, concisão, coerência, coesão textual e padronização, tanto na sua elaboração textual quanto na visual, pois facilita a consulta, a leitura e o acesso à informação por qualquer indivíduo, além de refletir unidade e integração entre órgãos e entidades que compõem a Administração Pública. Manual de Redação do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, 2ª ed., 2014, pág. 7. A seguir, apresenta-se análise de cada uma dessas características. 2. Características fundamentais da redação oficial Redação de Documentos Oficiais 8 2.1. Clareza Clareza é a qualidade do que é inteligível, facilmente compreensível. Já quese busca, então, com a clareza, fazer-se facilmente entendido, é preciso que o pensamento de quem comunica também seja claro, com as ideias ordenadas; as palavras, bem dispostas na frase; a pontuação, correta; as intercalações, reduzidas a um mínimo; a precisão vocabular, uma constante. Da mesma forma, a indispensável releitura do texto contribui para obtenção da clareza. A ocorrência de trechos obscuros e de erros gramaticais em textos oficiais provém principalmente da falta dessa releitura, que torna possível sua correção. Além disso, a falsa ideia de que “escreve bem quem escreve difícil" também contribui para a obscuridade do texto. Ora, quem escreve assim dificilmente é compreendido. Cada palavra dessa natureza é um tropeço para a leitura e só pode desvalorizar o que se escreve. Alguns preceitos para a redação de textos claros: a) utilizar preferencialmente a ordem direta ou lógica (sujeito, verbo, complementos) – às vezes essa ordem precisa ser alterada em benefício da própria clareza; b) usar as palavras e as expressões em seu sentido mais comum; c) evitar períodos com negativas múltiplas; d) transformar as orações negativas em positivas, sempre que possível; e) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto; f) escolher com cuidado o vocabulário, evitando o jargão técnico; g) evitar neologismos (palavras, frases ou expressões novas, ou palavras antigas com sentidos novos), preciosismos (delicadeza ou sutileza excessiva no escrever) e regionalismos; h) utilizar palavras ou expressões de língua estrangeira somente quando indispensável. Exemplos de textos obscuros, que devem ser evitados: a) mudança de sentido com a mudança da pontuação: Redação de Documentos Oficiais 9 – Reprovas? Não aceito. (Compare-se: Reprovas? Não! Aceito.) b) má disposição das palavras na frase: A Defesa Civil pede, neste ofício, cobertores para casal de lã. (Compare-se: A Defesa Civil pede, neste ofício, cobertores de lã para casal.) c) ambiguidade: Maria pensava no tempo em que estudara com João e concluía que a sua falta de visão teria contribuído para o insucesso no concurso. (Ambiguidade ocasionada pelo emprego do pronome sua – que é válido tanto para ela como para ele; ou seja, falta de visão dele ou dela?) d) excesso de intercalações: O planejamento estratégico, que é um instrumento valioso para a gestão da empresa pública, e esta, uma alavanca indispensável ao desenvolvimento econômico-social, deve periodicamente passar por um processo de revisão, que o atualiza perante as velozes mudanças do mundo moderno. (Compare-se: O planejamento estratégico deve periodicamente passar por um processo de revisão.) 2.2. Concisão A concisão consiste em expressar com um mínimo de palavras um máximo de informações, desde que não se abuse da síntese a tal ponto que a ideia se torne incompreensível. Afinal, o tempo é precioso, e quanto menos se rechear a frase com adjetivos, imagens, pormenores desnecessários ou perífrases (rodeios de palavras), mais o leitor se sentirá respeitado. Busca-se com isso a objetividade. Para que se redija um texto conciso, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o tempo necessário para revisá-Ia depois de pronto. É nessa revisão que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias. Veja-se, por exemplo, o seguinte texto: A partir desta década, o número cada vez maior e, por isso mesmo, mais alarmante de desempregados, problema que aflige principalmente os países em desenvolvimento, tem alarmado as autoridades governamentais, os guardiães perenes do bem-estar social, principalmente pelas consequências adversas que tal fato gera na sociedade, desde o aumento da mortalidade infantil por desnutrição aguda até o crescimento da violência urbana que aterroriza a família, esteio e célula-mãe da sociedade. Se esse mesmo trecho for reescrito sem a carga informativa desnecessária, obtém-se um texto conciso: Redação de Documentos Oficiais 10 O número cada vez maior de desempregados tem alarmado as autoridades governamentais, pelas consequências adversas que tal fato gera na sociedade, desde o aumento da mortalidade infantil por desnutrição aguda até o crescimento da violência urbana. Vê-se, assim, como é fácil de compreender um texto enxuto, somente com o essencial. Economizar palavras traz benefícios ao texto: o primeiro é errar menos; o segundo, poupar tempo; o terceiro, respeitar a paciência do leitor. Pode- se adotar como regra não dizer mais nem menos do que precisa ser dito. Isso não significa tornar breves todas as frases, nem evitar todo o detalhe, muito menos tratar os temas com superficialidade; significa, apenas, que cada palavra deve ser importante para a elaboração do discurso. Procedimentos para redigir textos concisos: a) eliminar palavras ou expressões desnecessárias: ato de natureza hostil => ato hostil; decisão tomada no âmbito da diretoria => decisão da diretoria; pessoa sem discrição => pessoa indiscreta; neste momento nós acreditamos => acreditamos; travar uma discussão => discutir; na eventualidade de => se; com o objetivo de => para; b) evitar o emprego de adjetivação excessiva: o difícil e alarmante problema da seca => o problema da seca; c) dispensar, nas datas, os substantivos dia, mês e ano: no dia 5 do mês de agosto do ano de 2016 => em 5 de agosto de 2016; d) trocar a locução verbo + substantivo pelo verbo: fazer uma viagem => viajar; fazer uma redação => redigir; pôr as ideias em ordem => ordenar as ideias; pôr moedas em circulação => emitir moedas; e) eliminar, sempre que possível, os indefinidos um e uma: A comissão quer (um) inquérito rigoroso e rápido. Timor-Leste tornou-se (uma) terra de ninguém. A cultura da paz é (uma) iniciativa coletiva. f) usar o aposto em lugar da oração apositiva: O contrato previa a construção da ponte em um ano, que era prazo mais do que suficiente => O contrato previa a construção da ponte em um ano, prazo mais do que suficiente. Redação de Documentos Oficiais 11 g) empregar o particípio do verbo para reduzir orações: Agora que expliquei o título, passo a escrever o texto => Explicado o título, passo a escrever o texto. Depois de terminar o trabalho, vamos almoçar => Terminado o trabalho, vamos almoçar. Quando concluir o preâmbulo, passarei ao assunto principal => Concluído o preâmbulo, passarei ao assunto principal. 2.3. Correção gramatical Correção gramatical é a utilização do padrão culto de linguagem, ou seja, é escrever sem desrespeitar os fatos particulares da língua e as regras apropriadas para o seu perfeito uso. As incorreções gramaticais desmerecem o redator e põem em dúvida sua autoridade para falar sobre qualquer assunto. Além disso, conhecer a própria língua não é privilégio de gramáticos, senão dever de todos aqueles que dela se utilizam. É displicência acreditar que só os escritores profissionais têm a obrigação de saber escrever. Saber escrever na língua materna faz parte dos deveres de qualquer cidadão. A língua é a mais viva expressão da nacionalidade. Para aperfeiçoar a escrita e evitar erros gramaticais, recomenda-se consultar as gramáticas e os dicionários. Tenha cuidado ao buscar informações em sítios na internet que não são confiáveis. No capítulo V – Links úteis, há algumas sugestões de sítios, os quais se pode acessar com tranquilidade e segurança, para tirar dúvidas quanto à grafia e significado das palavras e a outras questões referentes à norma culta da Língua Portuguesa e à Redação Oficial. 2.4. Coesão O termo coesão pode ser conceituado como a união das partes de um todo. Assim, o texto coeso é aquele em que as palavras, as orações, os períodos e os parágrafos estãointerligados e coerentemente dispostos. Às vezes, o cuidado com a estrutura do parágrafo pode induzir ao equívoco de encará-lo como redação autônoma, bastante em si mesmo. Apesar de ser uma unidade lógica completa (começo, meio e fim), não pode estar solto do restante do texto. Para que esse desligamento não ocorra, temos de trabalhar com mecanismos de ligação entre os parágrafos. A utilização desses mecanismos chama-se transição ou coesão. Aliás, é o que também assegura a coerência textual. O emprego inadequado de um conectivo pode comprometer o entendimento da mensagem. Redação de Documentos Oficiais 12 Exemplos de algumas partículas e expressões de transição bem usuais: da mesma forma, aliás, também, mas, por fim, pouco depois, pelo contrário, assim, enquanto isso, além disso, a propósito, em primeiro lugar, no entanto, finalmente, em resumo, portanto, por isso, em seguida, então, já que, ora, daí, dessa forma, além do mais. Entretanto, a transição não é necessariamente feita por partículas ou expressões. Ela pode ocorrer, por exemplo, com a utilização do mesmo sujeito da oração precedente. O importante nos mecanismos de transição é manter a fluência do texto. 2.5. Formalidade e uniformidade A formalidade consiste na observância das normas de tratamento usuais na correspondência oficial. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no tratamento do assunto do qual cuida a comunicação. É importante salientar que a formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a Administração Pública (municipal, estadual, distrital ou federal) é una, é natural que suas comunicações sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão exige atenção a todas as características da redação oficial e cuidado com a apresentação dos textos. O uso de papéis e estruturas uniformes e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padronização das comunicações oficiais. 2.6. Impessoalidade A finalidade pública está sempre presente na redação oficial, daí a necessidade de ser ela isenta de interferência da individualidade de quem a elabora. O tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos constantes das comunicações oficiais decorre: a) da ausência de impressões individuais da pessoa que comunica: indepen- dentemente de quem assina um expediente, a comunicação é sempre feita em nome do serviço público; b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação: seja um cidadão, seja um órgão público, o destinatário é sempre considerado de forma homogênea e impessoal; Redação de Documentos Oficiais 13 c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: as comunicações oficiais restringem-se a questões referentes ao interesse público; não cabe nelas, portanto, qualquer tom particular ou pessoal. Desse modo, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. É importante salientar que o caráter impessoal do texto é mantido pela utilização do verbo na terceira pessoa do singular ou plural, ou ainda na primeira pessoa do plural. 3. Orientações básicas sobre o ato de escrever 3.1. Estilo Tudo que o ser humano faz tem a marca de sua individualidade. Essa maneira pessoal de cada um se expressar, dentro de uma determinada época, por meio da música, da literatura, da pintura, da escultura é o que se chama estilo. Em relação ao ato de redigir, estilo é, portanto, a maneira peculiar de cada escritor expressar os seus pensamentos. Também nos textos oficiais pode-se identificar o estilo de cada pessoa. Convém respeitá-lo, apenas requerendo do redator a observância das qualidades e características fundamentais da redação oficial. 3.2. Qualidades da harmonia e da polidez As qualidades tradicionalmente conhecidas da expressão verbal – a clareza, a coesão, a concisão, a correção gramatical, a harmonia, a polidez – adquirem proeminência indiscutível na redação. A clareza, a coesão, a concisão e a correção gramatical já foram comentadas nos tópicos anteriores; resta fazer breves observações a respeito da harmonia e da polidez. Harmonia: Uma mensagem é harmoniosa quando é elegante, ou seja, quando soa bem aos nossos ouvidos. Muitos fatores prejudicam a harmonia na redação oficial, tais como: a) a aliteração (repetição do mesmo fonema): Na certeza de que seria bem sucedido, o sucessor fez a seguinte asserção: (aliteração do fonema /s/); b) a emenda de vogais (ou hiatismo): Obedeça à autoridade; Redação de Documentos Oficiais 14 c) a cacofonia (encontro de sílabas em que a malícia descobre um novo termo com sentido torpe ou ridículo): Governo confisca gado de fazendas. Vou-me já! A boca dela é linda! d) a rima num texto em prosa: O diretor chamou, com muita dor, o assessor, dizendo-lhe que, embora reconhecendo ser o mesmo trabalhador, não lhe poderia fazer esse favor; e) a repetição excessiva de palavras: O presidente da nossa empresa é primo do presidente daquela transportadora, sendo um presidente muito ativo; f) o excesso de que: Solicitei-lhe que me remetesse o parecer que me prometera a fim de que eu pudesse concluir a análise que me fora solicitada. Obs.: Observe-se que esse excesso de que confere ao período um estilo arrastado e deselegante; além disso, demonstra que o autor não conhece bem o manejo do idioma quanto à substituição das orações desenvolvidas por expressões equivalentes. Polidez: O texto polido revela civilidade, cortesia. A finalidade, especialmente nas correspondências oficiais, é impressionar o destinatário de forma favorável, evitando frases grosseiras ou insultuosas, expressando respeito sem rebaixamento próprio. Expressar consideração pelo outro, sem ao mesmo tempo rebaixar-se, por vezes até compensa falhas nas outras qualidades fundamentais do texto antes examinadas. Correspondência é contato humano e, como tal, deve ser pautada pelos mesmos princípios de convivência pacífica da vida social. 3.3. Uso elegante de pronomes oblíquos e seu correto posicionamento Os pronomes oblíquos (me. lhe, nos) substituem elegantemente os possessivos [meu(s)/minha(s), seu(s)/sua(s), nosso(s)/nossa(s)] em frases como as seguintes: O barulho perturba-me as ideias (em vez de: O barulho perturba as minhas ideias). Ninguém lhe ouvia as propostas (em vez de: Ninguém ouvia as suas propostas). A solução do problema nos tomou o dia (em vez de: A solução do problema tomou o nosso dia). Redação de Documentos Oficiais 15 COLOCAÇÃO PRONOMINAL ÊNCLISE – posicionamento do pronome oblíquo átono depois do verbo. 1) Não se inicia frase com pronome oblíquo átono. Ex. Usa-se ênclise nesse caso. Obs. A ênclise é proibida nas formas do Futuro do Presente, do Futuro do Pretérito e do Particípio. PRÓCLISE – posicionamento do pronome átono antes do verbo. 2) Quando houver uma palavra atrativa*, posiciona-se o pronome átono antes do verbo. Nesse caso a próclise é obrigatória. Ex. Não se preocupem com a prova. * Palavras atrativas: a) palavras negativas (não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem – e não); b) advérbios (hoje, agora, amanhã, aqui, lá, definitivamente...); c) pronomes demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos; d) conjunções (embora, porque, que, contudo, visto que, quando...); Outras situações em que ocorre próclise: frases exclamativas, interrogativas, optativas e em construções formadas por EM + gerúndio = Em se tratando de processo administrativo, não se levam em conta alguns documentos. Obs.: se apalavra atrativa apresentar-se com vírgula, perde-se a propriedade de atração, e o pronome átono é posicionado depois do verbo. Ex. Aqui se faz a lei. Aqui, faz-se a lei. MESÓCLISE – posicionamento do pronome no meio do verbo 3) Ocorre mesóclise nas formas verbais do FUTURO DO PRESENTE e do FUTURO DO PRETÉRITO, desde que a próclise não seja obrigatória. Ex.: Divulgar-se-ão os resultados do Enem amanhã. Amanhã se divulgarão os resultados do Enem. 3.4. Cuidado com os cacófatos, chavões e pleonasmos Cacófato (ou cacofonia): É o som desagradável, ou a palavra obscena, proveniente da união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais da seguinte: “Concorre, concorre, e nunca ganha.” Eva e Adão. Uma prima minha esteve presente à sessão. Já que tinha resolvido... Só haverá cacofonia quando a palavra produzida for torpe, obscena, ridícula. Há quem considera infundado o exagerado escrúpulo de quem diz haver Redação de Documentos Oficiais 16 cacófato em “por cada”, “ela tinha”, “só linha”. No entanto, ao se deparar com som desagradável no discurso produzido, evite a construção em desalinho para preservar a harmonia da frase. Chavão: É lugar comum, clichê. É o que se faz, se diz ou se escreve por costume. De tanto ser repetido, o chavão perde a força original, envelhece o texto. Recorrer a eles poderá denotar falta de imaginação, preguiça ou pobreza vocabular. Por isso, deve-se procurar evitá-los. Exemplos de chavões: a cada dia que passa hora da verdade a olhos vistos inflação galopante acertar os ponteiros inserido no contexto abrir com chave de ouro mestre Aurélio (dicionário) ao apagar das luzes obra faraônica assolar o país óbvio ululante astro-rei (sol) parece que foi ontem baixar a guarda passar em brancas nuvens cair como uma bomba perda irreparável calor escaldante perder o bonde da história crítica construtiva pomo da discórdia depois de longo e tenebroso inverno silêncio sepulcral dizer cobras e lagartos singela homenagem em sã consciência tábua de salvação estar no fundo do poço voltar à estaca zero Pleonasmo Indica redundância de expressão, ou seja, repetição de uma mesma ideia, mediante palavras diferentes. Quando a repetição de ideia não traz nenhuma energia à expressão, o pleonasmo passa a ser vício, devendo, nesse caso, ser evitado. Exemplos de pleonasmos indesejáveis: acabamento final expressamente proibido a razão é porque fato real a seu critério pessoal há anos atrás certeza absoluta meu amigo particular comer com a boca multidão de pessoas conviver junto planejar antecipadamente criação nova relações bilaterais entre dois países descer para baixo sintomas indicativos destaque excepcional subir para cima elo de ligação surpresa inesperada em duas metades iguais todos foram unânimes empréstimo temporário ver com os olhos Redação de Documentos Oficiais 17 3.5. Problemas na construção de frases A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas principalmente pela construção adequada da frase. Alguns problemas mais frequentemente encontrados na construção de frases dizem respeito à utilização do sujeito da oração como complemento, à ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelismos e aos erros de comparação, conforme exemplificado a seguir. Uso indevido do sujeito como complemento 1 : Sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto, construções como: Errado: É tempo dos parlamentares votarem o projeto. Certo: É tempo de os parlamentares votarem o projeto. Errado: Antes desses requisitos serem cumpridos... Certo: Antes de esses requisitos serem cumpridos ... Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo... Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo... Ambiguidade: Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa. Outro tipo de ambiguidade decorre da dúvida sobre a que se refere a oração reduzida. Exemplos: Ambíguo: O Chefe de Gabinete comunicou ao Diretor que ele seria exonerado. (Quem seria exonerado? O Chefe de Gabinete? O Diretor?) Claro: O Chefe de Gabinete comunicou a exoneração dele ao Diretor. (O Chefe de Gabinete foi exonerado.) Claro: O Chefe de Gabinete comunicou ao Diretor a exoneração deste. (O Diretor foi exonerado.) 1 Fundamenta-se tal fenômeno – o de contração da preposição com o determinante do substantivo – pela lição de Bechara (2009, pp. 569-70), que o aceita como estilo, porém a maioria dos gramáticos e a orientação do Manual de Redação da Presidência da República não reconhecem a contração nessa circunstância. Redação de Documentos Oficiais 18 Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da República, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Estado, mas isso não o surpreendeu. (Discurso de quem? Estado de quem? Quem não se surpreendeu?) Claro: Em seu discurso, o Deputado saudou o Presidente da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente. (Discurso do Deputado. Estado do Deputado. O Presidente não·se surpreendeu.) Ambíguo: Sendo indisciplinado, o encarregado advertiu o funcionário. (Quem é indisciplinado?) Claro: O encarregado advertiu o funcionário por ser este indisciplinado. Erros de paralelismo: Uma das convenções estabelecidas na língua escrita consiste em apresentar ideias similares numa forma gramatical idêntica, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos. Exemplos: Errado: Pelo aviso circular, recomendou-se às unidades economizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas. Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se às unidades que economizassem energia e (que) elaborassem planos para redução de despesas. Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se às unidades economizar energia e elaborar planos para redução de despesas. Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não ser inseguro, inteligência e ter ambição. Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segurança, inteligência e ambição. Certo: No discurso de posse, mostrou ser determinado e seguro, ter inteligência e ambição. Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem sólida formação acadêmica. Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida formação acadêmica. Redação de Documentos Oficiais 19 Certo: O novo procurador é jurista renomado, que tem sólida formação acadêmica. Certo: O novo procurador é jurista renomado com sólida formação acadêmica. Errado: Sugere-se que o egrégio Plenário: I - tome conhecimento da (...); II - autorizar a devolução de (...); Certo: Sugere-se que o egrégio Plenário: I - tome conhecimento da (...); II - autorize a devolução de (...); Certo: Sugere-se ao egrégio Plenário: I - tomar conhecimento da (...); II - autorizar a devolução de (...); Erros de comparação: A omissão de certos termos ao se fazer uma comparação deve ser evitada ao redigir, pois compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A ausência indevida de um termo pode impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase: Errado: O salário de um professor é mais baixodo que um médico Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o salário de um médico. Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de um médico. Errado: A Secretaria de Educação dispõe de mais verbas do que as Secretarias do Governo. Certo: A Secretaria de Educação dispõe de mais verbas do que as outras Secretarias do Governo. Certo: A Secretaria de Educação dispõe de mais verbas do que as demais Secretarias do Governo. Exercícios na Parte IV. Redação de Documentos Oficiais 20 A importância da vírgula e outros sinais de pontuação Textos e Exercícios LEITURA A BATALHA QUE FOI PERDIDA Foi uma guerra, há muitos anos. Nessa época, não havia os meios de comunicação de hoje. Para recados, mesmo os mais urgentes, expedia-se um mensageiro que entregava um bilhete e voltava com a resposta, muitas vezes anotada por ele mesmo. Em compensação, também, não havia os mortíferos engenhos de guerra de hoje em dia, quando bombas destroem num instante populações inteiras. As batalhas eram, então, travadas corpo a corpo. Na guerra a que nos referimos, o general Alferbo concebera um excelente plano estratégico: mandaria um batalhão contra as tropas inimigas, tentando evitar o combate corpo a corpo e procurando apenas cansar o adversário. Quando isso acontecesse, daria ordem de retirada e um novo batalhão, descansado e bem aparelhado, cairia sobre o inimigo e o envolveria. Era grande a possibilidade de vitória. Trava-se a batalha. Avança o primeiro contingente e o segundo recebe ordens explícitas de só entrar na luta no momento marcado. No entanto... o que estava acontecendo? O inimigo – que também fizera seus planos, é claro – investe vigorosamente contra o primeiro batalhão do general Alferbo, infligindo pesadas perdas e envolvendo-o totalmente. Grador, oficial-comandante do segundo batalhão, que aguardava à grande distância, pois recebera ordem de esperar, vendo aquilo ficou preocupado. Enviou um mensageiro para a tenda do general com a seguinte mensagem: “Os inimigos atacam e dominam. Devo aguardar o momento marcado?” Acelerado, parte o mensageiro e muito antes do que esperava, já vem ele retornando com a resposta. A todo galope vai se aproximando do acampamento, quando... uma queda do cavalo, o mensageiro vai ao chão, bate com a cabeça numa pedra, morre instantaneamente. Grador acorre. Nada mais a fazer! Mas... na mão do mensageiro um papel em que ele mesmo escreve a resposta do general. “NÃO ATAQUE LOGO” Redação de Documentos Oficiais 21 O oficial estranha, mas não discute... ordens são ordens. Nesta altura, o inimigo, dizimando o primeiro batalhão do general Alferbo, vence velozmente a distância que o separa do segundo batalhão e derrota após sangrenta batalha. Poucos sobrevivem, embora com graves ferimentos. E assim mesmo porque o inimigo, talvez percebendo que a retaguarda do general Alferbo estava por perto e deveria acorrer logo, preferiu, prudentemente, fazer uma retirada estratégica, não massacrando os poucos sobreviventes que jaziam no chão. Chega o general com o restante das tropas. Recolhem-se os feridos. Entre eles, ensanguentado, roto, em frangalhos – Grador, o oficial. É levado à presença de Alferbo. _ O senhor será submetido a conselho de guerra e condenado por não cumprir ordens, sendo responsável pela derrota e pela carnificina que sofremos. Grador não entende. Está estupefato. _ Como? Não cumpri ordens? _ Não! Mandei-lhe ordens pelo mensageiro, que não foram cumpridas. Impossível! Estava havendo algum engano! Como provar ao general o contrário? Grador pensa. Lembra-se do bilhete. Sim! Devia ser isso! Pensando em transmitir o recado de viva voz, o mensageiro não pontuara. Escrevera, apenas porque havia ordens nesse sentido, mas deixara de lado algo importante (ou talvez nem soubesse como fazer!) Grador medita... Ali estava ele acusado de um crime que não cometera...Podia ser absolvido... mas... e os seus comandados? E os que morreram? Como era possível que a falta de uma vírgula pudesse causar tanto mal? Atividades: É provável que você já conheça a brincadeira que consiste em ler a seguinte frase: “Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também o pai do bezerro.” Da maneira como está, não há comunicação, não se percebe sentido, a não ser que se admita um disparate total. Redação de Documentos Oficiais 22 Mas se tomarmos uma pequena providência: pontuar adequadamente, a frase passa a ter sentido e desaparece o disparate: “Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe; do fazendeiro era também o pai do bezerro.” 1 – O Testamento (Leia primeiro silenciosamente. Procure ler, depois, em voz alta, dando a cada testamento a entonação exigida pela pontuação.) Um homem rico, sentindo-se morrer, pediu papel e pena e escreveu assim: “DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” Não teve tempo de pontuar – morreu. Eram quatro os concorrentes: o sobrinho, a irmã do morto, o alfaiate e os pobres. Reescreva a mensagem usando a pontuação de modo que cada um dos interessados fique com a fortuna do senhor. Para a irmã: “DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” Para o sobrinho: “DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” Para o alfaiate: “DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” Para os pobres: “DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” Redação de Documentos Oficiais 23 Pontuação - Os sinais de pontuação marcam, na escrita, recursos da fala, tais como pausas, ritmo, melodias, ou seja, a entonação. Ele assistiu ao filme sobre a vida do Tim Maia. Ele assistiu ao filme sobre a vida do Tim Maia? Ele assistiu ao filme sobre a vida do Tim Maia! - Assim, há algumas regras que devem ser observadas quanto ao uso dos sinais de pontuação: Na ordem direta, não há necessidade do uso de vírgulas ou outro sinal de pontuação, senão o ponto final. ORDEM DIRETA (sujeito + verbo + complementos + adjuntos adverbiais) Os funcionários pleitearam seus direitos naquela oportunidade. REGRA GERAL - Nunca separe, com nenhum sinal de pontuação, o sujeito do verbo, o verbo do complemento, o verbo do predicativo, exceto quando houver uma intercalação de algum termo ou expressão. O diretor recebeu a comissão. O diretor, contrariado, recebeu a comissão. O povo parece decepcionado com os políticos. O povo parece, definitivamente, decepcionado com os políticos. - O ponto é usado no fim da frase e nas abreviaturas. A promissória foi enviada. V.Sa. deve comparecer ao departamento de pessoal ainda hoje. Entregamos todos os documentos, materiais, equipamentos, etc. - Usamos os dois-pontos em citações, enumerações e introdução de diversos itens. O candidato, irado, exclamou: “Neste país tudo acaba em pizza”. Suas atribuições são as seguintes: manter a correspondência em dia, organizar a agenda e informar ao chefe as ocorrências diárias. Compete à diretoria: Redação de Documentos Oficiais 24 - administrar o evento; - coordenar o grupo de ação; - distribuir as tarefas. - Usa-se o ponto e vírgula para separar elementos coordenados muito extensos e os itens de enumerações. A educação se faz pelo exemplo; a cultura transmite-se por tradição. Constam do edital: a) prazo de inscrição; b) documentos necessários; c) programa e bibliografia. - O ponto de exclamação é empregado para indicar surpresa, admiração, susto, indignação e depois de interjeição. Quanto absurdo! Ah! Se eu pudesse...- As reticências significam interrupção de pensamento. Não sei se devo revelar... - As aspas são empregadas para indicar frase alheia, transcrever gíria ou palavra estrangeira, ou dar um sentido diferente às palavras. “Amor é fogo que arde sem se ver.” (Camões) Estamos aguardando o seu “feedback”. - O travessão dá ênfase a uma palavra ou expressão e indica as falas num diálogo. Estamos aguardando que esta decisão – a de não acatar dados inconsistentes – seja aceita pela diretoria. O presidente perguntou ao secretário: – Onde devo assinar? - Os parênteses encerram elementos explicativos. Continuávamos a pensar (e isso ocorria muitas vezes) que ele estava nos enganando. - O asterisco indica remissão para uma nota de pé de página que complementa uma informação. Devemos proceder como prevê o manual.* * páginas 28 a 32. - A vírgula indica uma pausa breve: a) separando palavras e orações de função idêntica (quando não vêm unidas pelas conjunções e, ou e nem): As cartas, as circulares e os relatórios constam do arquivo. Abriu a pasta, colocou os papéis sobre a mesa, sentou-se e começou a trabalhar. Redação de Documentos Oficiais 25 b) marcando intercalação, inversão ou omissão de termos: Exigimos, na mesma reunião, que se cumprisse o prometido. Na mesma reunião, exigimos que se cumprisse o prometido. Ele prefere sair e eu, ficar em casa. c) indicando quebra no sentido da frase: Esta questão, perdi a conta de quantas vezes mudei de ideia. (anacoluto) d) isolando o aposto ou qualquer elemento de valor meramente explicativo e o vocativo: É difícil tolerar esse seu comportamento, isto é, esse ar de indiferença. O Ministro Joaquim Barbosa, relator do referido processo, já está aposentado. Meus nobres colegas, aproximem-se. Uso de vírgulas na coordenação e subordinação: • Em relação às conjunções adversativas, mas emprega-se sempre no começo da oração; porém, todavia, contudo, entretanto e no entanto podem vir ora no início da oração, ora após um dos seus termos. No primeiro caso, põe-se uma vírgula antes da conjunção; no segundo, vem ela isolada por vírgulas: — Vá aonde quiser, mas fique morando conosco. — Vá aonde quiser, porém fique morando conosco. — Vá aonde quiser, fique, porém, morando conosco. Em virtude da acentuada pausa que existe entre as orações do exemplo anterior, podem ser elas separadas, na escrita, por ponto e vírgula. Ao último período é mesmo a pontuação que melhor lhe convém: — Vá aonde quiser; fique, porém, morando conosco. • Quando conjunção conclusiva, pois vem sempre posposta a um termo da oração a que pertence e, portanto, isolada por vírgulas: Os alunos foram bem aplicados na matéria; mereceram, pois, os melhores resultados. As demais conjunções conclusivas (logo, portanto, por conseguinte, etc.) podem encabeçar a oração ou pospor-se a um dos seus termos. À semelhança das adversativas, escrevem-se, conforme o caso, com uma vírgula anteposta, ou entre vírgulas. Redação de Documentos Oficiais 26 • Para isolar as orações intercaladas: — Se o alienista tem razão, disse eu comigo, não haverá muito que lastimar o Quincas Borba. (M. de Assis) • Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas: Os ofícios, que são correspondências oficiais, apresentam estrutura similar à carta comercial. • Para separar as orações subordinadas adverbiais, principalmente quando antepostas à principal: Embora tenham obtido boa votação, os candidatos em que votei não foram eleitos. • Para separar as orações reduzidas de gerúndio, de particípio e de infinitivo, quando equivalentes a orações adverbiais: Não obtendo resultado, indignou-se. (G. Ramos) Acocorado a um canto, contemplava-nos impassível. (E. da Cunha) Ao falar, já sabia da resposta. (J. Amado) Obs.: Antes da conjunção e, normalmente não se usa vírgula, exceto nos seguintes casos: a) quando há uma repetição da conjunção e, ou seja, um polissíndeto. “Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!” (Olavo Bilac) b) quando tal conjunção tem valor adversativo. “Tentei chorar, e não consegui.” (Renato Russo) c) quando o sujeito da frase coordenativa aditiva for diferente da oração anterior. O advogado de defesa fez sua preleção final, e o juiz lavrou a sentença. Redação de Documentos Oficiais 27 Pontue os períodos abaixo. 1 – O primeiro índice de inflação de outubro já sinaliza o que os técnicos previram no fim de setembro o custo de vida apresentará este mês uma ligeira alta em relação ao mês passado porém nada que modifique a tendência de estabilidade dos preços. 2 – Dentro de duas horas eles embarcarão rumo a São Paulo onde esperam reconstruir a vida. 3 – “Ele fez o céu e a terra e o mar e tudo quanto há neles.” 4 – Quando terminou a sessão os juízes retiraram-se do tribunal evitando falar com a imprensa. 5 – O diretor presidiu a reunião e o assessor recebeu os jornalistas. 6 – O Governo Federal admitiu ontem após reunião com os representantes das escolas que a legislação permite que as escolas recusem matrículas de alunos inadimplentes. 7 – Quando as empresas têm lucro investem na atividade quando dão prejuízo batem à porta do Tesouro. 8 – O Teatro da Universidade do Rio de Janeiro Tuerj promoverá nos dias 21 e 28 às 18 horas no Teatro Noel Rosa um ciclo de debates sobre cultura e universidade com a presença de vários intelectuais. 9 – O rádio o jornal a revista a televisão e os demais meios de comunicação social devem zelar para que a publicidade veiculada esteja em consonância com os valores éticos dos públicos leitores ouvintes ou espectadores não ofendendo os costumes as religiões a lei ou a ordem pública. Carta de São Paulo in Congresso Mundial de Publicidade 10 – O edital do concurso exige os seguintes documentos certidão de nascimento certificado de reservista título de eleitor e certificado de conclusão do 2º grau. 11 – A Assembleia deliberou sobre alterações no Regimento Interno demissões voluntárias promoções por merecimento 12 – Art. 3º O Instituto Nacional de Reforma Agrária Incra fica autorizado a promover a desapropriação dos imóveis rurais de que trata este Decreto na forma da Lei Complementar nº 76 de 6 de julho de 1993. Redação de Documentos Oficiais 28 PARTE II – A LINGUAGEM DA REDAÇÃO OFICIAL O ENTRELAÇAMENTO DAS IDEIAS 1. O tecido aparente do texto Um texto não é uma simples justaposição de frases corretas, uma após a outra. Exige um entrelaçamento rigoroso das ideias que estão sendo expostas para que o leitor não se perca e consiga interpretá-las corretamente. Ao escrever, nossa preocupação inicial é captar as ideias e ordená-las com uma determinada hierarquia, de modo que as principais sejam enfatizadas. Qual é nossa ideia central? Como podemos defendê-la? Que exemplos são mais interessantes? Quem devemos citar? Que palavras escolher?· Como devemos nos dirigir ao leitor? Em que medida devemos explicitar todas as ideias ou deixá- las implícitas? São questões a que respondemos inicialmente, ao escrever as primeiras versões de um texto. Após essa etapa, voltamo-nos para a sua superfície e procuramos refazê-lo, revisando várias vezes a linguagem e as estruturas gramaticais propriamente ditas. Vamos cuidar, então, de assegurar a compreensão exata daquilo que estamos escrevendo. A preocupação já não é apenas com nossas próprias ideias, mas principalmente com a maneira como essas ideias serão apreendidas pelo leitor, que está distante de nós, e para o qual não teremos oportunidade de explicar melhor ou retificar oralmente algum item mal expresso. Assim, é muito importante que a coesão textual esteja bem tecida, para que o leitor acompanhe a sequência, reconheça a progressão das informações e identifique as referências no texto. 2. Mecanismos decoesão textual Pode-se construir a coesão do texto por meio de vários recursos. A manutenção do tema é um desses recursos, mas não é suficiente em textos dissertativos. A ordem das palavras no período, as marcas de gênero e de número, as preposições, os pronomes pessoais, os tempos verbais, os conectivos funcionam também como elos coesivos. Cada um desses elementos gramaticais estabelece conexões, articulações, ligações, concatenando as ideias. Ou seja, a estrutura gramatical das frases trata de criar coesão entre os constituintes de um texto. Um exemplo disso é a concordância. Sempre que respeitamos a concordância, estamos reforçando a coesão. Observe o texto a seguir: Redação de Documentos Oficiais 29 De qualquer forma, o conhecimento ou saber científico distingue-se dos demais tipos: o popular, o filosófico e o religioso. Em sua essência, o conhecimento científico é real, racional, objetivo, transcendente aos fatos, analítico, claro, preciso, comunicável, verificável, dependente de investigação metódica, sistemático, acumulativo, falível, geral, explicativo, preditivo, aberto e útil. João Salvador Furtado. Expansão da informação científica. In: Anais do Seminário de Publicações Periódicas da Área da Educação. Brasília. INEP. MEC. 1983. Na segunda linha, os três elementos citados concordam com tipo de conhecimento e por isso estão no masculino. Nas linhas grifadas, a partir da terceira, todas as palavras estão sendo utilizadas em concordância com conhecimento científico, portanto, estão no masculino singular. Além dessas formas gramaticais sistemáticas de ligação entre palavras, existem quatro outras estratégias de coesão, que dependem das escolhas estilísticas do redator: • referencial • lexical • por elipse • por substituição Vejamos como funcionam essas formas de entrelaçamento dos elementos que constituem um texto. a) Coesão referencial: Na elaboração de um texto, a coesão referencial se realiza pela citação de elementos do próprio texto. Para efetivar essas citações são utilizados pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos ou expressões adverbiais que indicam localização (a seguir, acima, abaixo, anteriormente, aqui, onde). Esses recursos podem se referir, por antecipação, a elementos que serão citados na sequência do texto. Podem, ainda, se referir a elementos já citados no texto ou que são facilmente identificáveis pelo leitor, como no exemplo: A explosão da informação é uma das causas do stress do homem moderno. Ela pode provocar diversas formas de ansiedade. b) Coesão lexical: A manutenção da unidade temática de um texto exige certa carga de redundância. Assim, estabelecemos uma corrente de significados retomando as mesmas ideias e partes de ideias. Essa corrente é formada pela reutilização intencional de palavras, pelo uso de sinônimos, ou ainda pelo emprego de expressões equivalentes para substituir elementos que já são conhecidos do leitor, como no seguinte exemplo: Redação de Documentos Oficiais 30 O Doutor Fulano de Tal falou ao nosso repórter no intervalo do congresso. O cientista entrevistado reconhece que, a partir do emprego dos conhecimentos científicos, foi possível racionalizar os sistemas de produção. Agora esse estudioso quer contribuir para a democratização do saber. c) Coesão por elipse A estrutura gramatical dos períodos na língua portuguesa permite a omissão de elementos facilmente identificáveis ou que já foram citados anteriormente. Algumas vezes, essa omissão é marcada por uma vírgula. Pronomes, verbos, nomes e frases inteiras podem estar implícitos. Esse recurso tem o nome de elipse. Veja um exemplo de omissão de sujeito da oração: A metodologia científica é um conjunto de atividades sistematizadas, racionais, que, com segurança e economia, permite que os objetivos sejam atingidos. Implica a concepção das ideias quanto à delimitação do problema dentro do assunto, identificação de instrumentos, busca de soluções, análise, comprovação, proposição de uma teoria. No texto acima, o sujeito do verbo implica é a metodologia científica. Não precisa ser explicitado, pois é facilmente identificado pelo leitor. d) Coesão por substituição É possível substituir verbos, substantivos, períodos ou trechos de texto por conectivos ou expressões que resumem e retomam o que já foi dito. Alguns exemplos de expressões que servem a esse objetivo são: diante do que foi exposto; a partir dessas considerações; diante desse quadro; em vista disso; tudo o que foi dito; esse quadro... 1-Preencha as lacunas com palavras que apresentem a circunstância indicada entre parênteses: 1)________________de seu engano, realizaremos nossos sonhos. (concessão) 2) Estudou _____________ de realizar bom exame final. ( finalidade) 3) Faça a lição _____________________ o professor mandou.(conformidade) 4) Comeu tanto _________ se sentiu mal. (consequência) 5)____________quisesse entrar, não poderia. (concessão) 6)_____________ que envelhece, fica mais esbelto. (proporção) 7)_________________não fui atento, não fiz uma avaliação satisfatória. (causa) 8)____________souberem a matéria, farão boa prova. (condição) 9) Estudam, ___________________ possam passar de ano. (finalidade) 10) _____________o professor chegar, começaremos o debate. (tempo) 11) Ele é forte _____________ o pai. (comparação) 12) O desejo da morte é um mal, __________ o amor a ela é ainda pior. (adversidade) Redação de Documentos Oficiais 31 13)Trabalhamos muito, ______________devemos prosperar. (conclusão) 14)Tratemos de trabalhar, __________ o trabalho dignifica o homem. (explicação) 15) Estuda ______ trabalha. (adição) 16) Estuda ________ trabalha. (alternância) 17) O relógio é de ouro, não enferruja, ___________________ (conclusão) 18) Os ladrões não nos ofenderam _______________ nos ameaçaram. (adição) 19) O orador falou pouco, ___________ disse muita coisa. (adversidade) 20) _______ namora João, ____________namora Pedro. (alternância) 2- Faça a união das orações de conectores, atendendo às ideias solicitadas. a) O povo trabalha muito. Ganha pouco. (adversidade) ________________________________________________________ b) As florestas são preciosas aos homens. Não as desmatemos. (conclusão) _________________________________________________________ c) O aluno bom aprende. Ensina (adição) _________________________________________________________ d) Estude É necessário. (explicação) _________________________________________________________ e) Acabou a gasolina. Estamos a pé. (conclusão) _________________________________________________________ f) Ele gosta de trabalhar. Eu gosto de estudar. (adversidade) _________________________________________________________ 3- Organize as informações de cada item num só período. Faça as coesões necessárias para que haja clareza de ideias e coerência de raciocínio: a) O mestre foi extremamente atencioso com os alunos. Os alunos ficaram até impressionados ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ b) O templo foi construído há muito tempo. O forro e o assoalho estão em ruínas. Isso nos obrigará a fazer uma reforma de grandes proporções. _____________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ c) As transmissões ao vivo de jogos de futebol pela televisão apresentam um nível tecnicamente baixo. A audiência é garantida. As pesquisas do IBOPE atestam isso. ________________________________________________________________ _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________Redação de Documentos Oficiais 32 EMPREGO DO INFINITIVO Infinitivo Impessoal O Infinitivo Impessoal (aquele que não se flexiona) será empregado quando: a) tiver sujeito idêntico ao do verbo regente (locução verbal) Não ousaste encarar teu ofensor. Sujeito - tu Costumamos levantar cedo. Sujeito - nós Tomaram a resolução de resistir até o fim. Sujeito - eles b) tiver sentido passivo (vem depois de um adjetivo + preposição e funciona como complemento nominal) . Esses livros são bons de ler (de serem lidos) Tais coisas não são fáceis de perceber (de serem percebidas). c) tiver como sujeito um pronome pessoal oblíquo (iniciando uma oração que serve de objeto direto (OD) a um verbo causativo ou sensitivo): Mandou-os sair. v. causativo mandar + OD: os – também sujeito de sair = Mandou que eles saíssem. Viu-a fugir. v. sensitivo ver + OD: a – também suj. de fugir = Viu que ela fugiu. Infinitivo Pessoal O Infinitivo Pessoal (aquele que se flexiona) será empregado quando: a) tiver sujeito diferente daquele da oração principal: Vejo as crianças brincarem. suj.= eu suj = as crianças. O professor mandou os alunos estudarem. suj.= o professor suj.= os alunos Redação de Documentos Oficiais 33 Viveu muito bem sem lhe faltarem amigos. suj. = ele suj. = amigos . O juiz considerava não existirem provas suficientes para condenar o réu. suj. = o juiz suj. = provas Obs. No caso de se empregar, no lugar do verbo existir, o verbo haver, este, por ser impessoal, permanece sem flexão. O juiz considerava não haver provas suficientes para condenar o réu. b) tiver sujeito expresso: É perfeitamente possível os licitantes proporem valores mais baixos, desde que não sejam irrisórios ou que não comprometam a execução contratual. (suj. = os licitantes) c) vier preposicionado, sozinho, sem formar locução verbal, precedendo a oração principal. Para saberes, é preciso que estudes. Ao verem o acidentado caminhar, ficaram perplexos. Exercícios I – Preencha a lacuna com a forma correta: 1 - Observamos os políticos se __________ (retirar/retirarem) do plenário, antes que a sessão tivesse terminado. 2 - Nós não quisemos ________ (voltar/voltarmos) atrás, para não se ________ (abrir/abrirem) precedentes. 3 - Ficavam horas a _______ (ver/verem) os nadadores _________ (fazer/ fazerem) acrobacias. 4 - Ela sentiu _________ (tremer/tremerem) as pernas quando foi chamada à ordem. 5 - Naquela noite, até os astros pareciam __________ (brilhar/brilharem) com mais intensidade. 6 - Naquela noite, até os astros parecia __________ (brilhar/brilharem) com mais intensidade. 7 - Envelheceu sem lhe ___________(faltar/faltarem) alegrias. 8 - Estas ordens são fáceis de _______(dar/darem), no entanto são difíceis de __________ (executar/executarem). 9 - Ao __________(perceber/perceberem) que foram descobertos, decidiram logo ____________ (fugir/fugirem). 10 - Comunicamos __________ (estar/estarem) a caminho os visitantes. 11 - Deixei-os __________ (entrar/entrarem) no recinto. Redação de Documentos Oficiais 34 12 - Julgo _________ (ser/seres) tu o responsável. 13 - Dizia ____________ (existir/existirem) superstições. 14 - Dizia ____________ (haver/haverem) superstições. 15 - Tomaram a decisão de __________(persistir/persistirem) lutando. 16 - Vimos os carros ___________ (desfilar/desfilarem) na avenida. OBSERVAÇÃO Com flexão ou sem flexão: em alguns enunciados, apesar de se poder empregar tanto o infinitivo impessoal quanto o pessoal, não é de forma tão indistinta que assim se faz. Segundo Bechara (2009, p.286)2, “o infinitivo sem flexão revela que a nossa atenção se volta com especial atenção para a ação verbal; o flexionamento serve de insistir na pessoa do sujeito”. Ele usa como exemplo: “Estudamos para vencer na vida / para vencermos na vida”. Dessa maneira, é correto escrevermos os períodos abaixo. As pessoas boas, para mudar o mundo, devem unir esforços numa rede de solidariedade contagiante. As pessoas boas, para mudarem o mundo, devem unir esforços numa rede de solidariedade contagiante. Sabendo-se apenas que o foco, no primeiro enunciado, reside no verbo mudar e, no segundo, é o sujeito (as pessoas boas) que está em relevo. Exemplos: § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. (art. 24 da CF/88). 2 BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª edição revista, ampliada e atualizada, conforme o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. Redação de Documentos Oficiais 35 PRONOMES DE TRATAMENTO Ao fazer um convite, enviar uma carta, uma petição, um cumprimento, e na conversação em um evento social onde encontra autoridades, é comum a pessoa se perguntar qual o pronome de tratamento que deve empregar, em meio às dezenas de expressões que se convencionou considerar as mais respeitosas. Definidos no âmbito das boas-maneiras, os pronomes de tratamento são palavras que exprimem o distanciamento e a subordinação em que uma pessoa voluntariamente se põe em relação a outra, a fim de agradá-Ia e ensejar um bom relacionamento. Porém, seu emprego abusivo poderá afetar negativamente a dignidade da pessoa que os emprega. O dicionário Aurélio define os pronomes de tratamento como "palavra ou locução que funciona tal como os pronomes pessoais". Os gramáticos, por sua vez, ensinam que esses pronomes são da terceira pessoa, substituindo o "tu" da segunda pessoa. Isso é fácil de entender. A base desses pronomes são certos qualificativos como: Excelentíssimo, Reverendo, Magnífico, Eminente, etc. As formas pronominais diretas e indiretas respectivas a esses exemplos são: Vossa Excelência, Sua Excelência, Vossa Reverendíssima, Sua Reverendíssima, Vossa Magnificência, Sua Magnificência, e Vossa Eminência, Sua Eminência. Usando-as, não falo diretamente com a pessoa, mas, estando em sua presença, eu me dirijo a ela representada por aquilo que ela tem de notável; uma qualidade que é tomada pelo substantivo (ou nome) respectivo. Por exemplo, a uma pessoa bela, eu diria "Vossa Beleza gostaria de sentar- se ao meu lado?" dirigindo-me à sua beleza, como se dissesse "Ela, a tua beleza, gostaria de sentar-se ao meu lado?". Poderia também falar a respeito dela a uma terceira pessoa dizendo: "Sua Beleza já se foi!" ou "Sua Beleza está de mau humor". Quando reconheço na pessoa excelsas virtudes e excelência moral, falo dela: "Sua Excelência deu-me uma ordem" (A excelência dela deu-me uma ordem). Mas a questão, do ponto de vista gramatical, é um pouquinho complicada. Afinal, por que se diz "Vossa Excelência" e não "Tua Excelência" como segunda pessoa do singular? Ocorre que um modo de reconhecer ou afirmar com mais ênfase é empregar os pronomes no plural, substituindo "tu" por "vós", "tua" por "vossa", etc. Assim é na prece "Vós sois o Todo Poderoso", em lugar de ''Tu és o Todo Poderoso". Quando digo "Vossa Excelência", eu estou dizendo que, além de reconhecer na pessoa a sua excelência moral, também reconheço a grandeza da sua virtude. Então o significado "Ela, a tua excelência" passa a ser "Ela, a vossa (grandiosa) excelência". O verbo fica na terceira pessoa do singular porque a concordância é feita com a qualidade "excelência" e não com pronome possessivo “vossa". Redação de Documentos Oficiais 36 Você. No tempo dos governos por "Direito Divino", os cargos eram considerados sagrados e toda autoridade representava a autoridade divina. Então, o povo preferiu, de modo mais prático, enaltecer uma qualidade nos poderosos que lhe interessavamais de perto: a "misericórdia" ou "mercê" das autoridades. Daí dirigir-se o povo às pessoas mais importantes por "Vossa Mercê". O pronome "Você" é uma contração da alocução "Vossa Mercê", e é por essa razão que é usado como terceira pessoa, pois a concordância se dá com uma qualidade que representa a pessoa poderosa, sua magnanimidade ou "Mercê”. Concordância com os Pronomes de Tratamento Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “vosso... vossa...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. Emprego dos Pronomes de Tratamento Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular tradição. São de uso consagrado: Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: a) do Poder Executivo: Presidente e Vice-Presidente da República; Ministros de Estado3; Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais-Generais das Forças Armadas; Embaixadores; Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais. 3 Nos termos do Decreto no 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, art. 28, parágrafo único, são Ministros de Estado, além dos titulares dos Ministérios: o Chefe da Casa Civil da Presidência da República, o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Advogado-Geral da União e o Chefe da Corregedoria-Geral da União. Redação de Documentos Oficiais 37 b) do Poder Legislativo: Deputados Federais e Senadores; Ministros do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. c) do Poder Judiciário: Ministros dos Tribunais Superiores4; Membros de Tribunais; Juízes; Auditores da Justiça Militar. O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Senhor Ministro, Senhor Juiz, Senhor Governador. No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma: 4 Art. 19. O Procurador-Geral da República terá as mesmas honras e tratamento dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; e os demais membros da instituição, as que forem reservadas aos magistrados perante os quais oficiem. (LEI COMPLEMENTAR Nº 75, DE 20 DE MAIO DE 1993, que dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União.) Redação de Documentos Oficiais 38 Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação. Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é: Senhor Fulano de Tal, (...) No envelope, deve constar do endereçamento: Ao Senhor Fulano de Tal Rua ABC, no 123 12345-000 – Curitiba. PR Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo: Magnífico Reitor, Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são: Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre, (...) Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...) Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima Redação de Documentos Oficiais 39 para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos5. Algumas observações quanto ao tratamento dispensado a outras autoridades: 1. A Lei nº 8.625/93, no art. 41, I, estabelece que os membros do Ministério Público devem receber o mesmo tratamento jurídico e protocolar dispensado aos membros do Poder Judiciário, portanto os cargos ocupados por promotores e procuradores de justiça são de excelência. 2. De acordo com a Lei nº 12.830, de 20 de junho de 2013, que dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia, no art. 3º, “cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados”. 3. Segundo o site da Casa Civil do Governo do Estado do Paraná, http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9, atribui-se o tratamento de excelência para os embaixadores, e o de senhoria para os cônsules. 5 Texto compilado do Manual de Redação da Presidência da República. http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9 Redação de Documentos Oficiais 40 Texto: Trecho de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna SEVERINO Muito bem. Como é o nome de Vossa Senhoria? JOÃO GRILO Minha Senhoria não tem nome nenhum, porque não existe. Pobre tem lá senhoria, só tem desgraça. SEVERINO Diga então o nome de Vossa Desgracência. JOÃO GRILO João Grilo. SEVERINO Chega então agora a vez de Sua Desgracência, o Senhor João Grilo, o amarelo mais amarelo que já tive a honra de matar. Pode ir, a casa é sua. JOÃO GRILO Um momento. Antes de morrer, quero lhe fazer um grande favor. SEVERINO Qual é? JOÃO GRILO Dar-lhe esta gaita de presente. SEVERINO Uma gaita? Para que eu quero uma gaita? JOÃO GRILO Para nunca mais morrer dos ferimentos que a polícia lhe fizer. SEVERINO Queconversa é essa? Já ouvi falar de chocalho bento que cura mordida de cobra, mas de gaita que cura ferimento de rifle, é a primeira vez. JOÃO GRILO Mas cura. Essa gaita foi benzida por Padre Cícero, pouco antes de morrer. SEVERINO Eu só acredito vendo. JOÃO GRILO Pois não. Queira Vossa Excelência me ceder seu punhal. SEVERINO Olhe lá! JOÃO GRILO Não tenha cuidado. Pode apontar o rifle e se eu tentar alguma coisa para seu lado, queime. SEVERINO, ao Cangaceiro. Aponte o rifle para esse amarelo, que é desse povo que eu tenho medo. (Entrega o punhal a João sob a mira do Cangaceiro.) E agora? CHICÓ Na minha, não. JOÃO GRILO Deixe de moleza, Chicó. Depois eu toco na gaita e você fica vivo de novo! (Murmurando, a Chicó.) A bexiga, a bexiga! Acena para Chicó, mostrando a barriga e lembrando a bexiga, mas Chicó não entende. CHICÓ Muito obrigado, mas eu não quero não, João. JOÃO GRILO, novos acenos Mas eu não já disse que toco na gaita? CHICÓ Então vamos fazer o seguinte: você leva a punhalada e quem toca na gaita sou eu. JOÃO GRILO Homem sabe do que mais? Vamos deixar de conversa. Tome lá! Morra, desgraçado! Dá uma punhalada na bexiga. Com a sugestão, Chicó cai ao solo, apalpa-se, vê a bexiga e só então entende. Ele fecha os olhos e finge que morreu. JOÃO GRILO Está vendo o sangue? SEVERINO Estou. Vi você dar a facada, disso nunca duvidei. Agora, quero ver é você curar o homem. JOÃO GRILO É já. Começa a tocar na gaita e Chicó começa a se mover no ritmo da música, primeiro uma mão, depois as duas, os braços, até que se levanta como se estivesse com dança de São Guido. SEVERINO Nossa Senhora! Só tendo sido abençoada por Meu Padrinho Padre Cícero. Você não está sentindo nada? CHICÓ Nadinha. SEVERINO E antes? CHICÓ Antes como? SEVERINO Antes de João tocar na gaita. CHICÓ Ah, eu estava morto. SEVERINO Morto? CHICÓ Completamente morto. Vi Nossa Senhora e Padre Cícero no céu. SEVERINO Mas em tão pouco tempo? Como foi isso? CHICÓ Não sei, só sei que foi assim. Redação de Documentos Oficiais 41 A IMPESSOALIZAÇÃO DO TEXTO Um texto é pessoal e subjetivo quando pronomes pessoais e possessivos, verbos conjugados em primeira e em terceira pessoa contribuem para que o diálogo se estabeleça entre autor e leitor de forma explícita, evidente. Muitas vezes queremos adotar uma posição impessoal, aparentemente neutra, atenuando a dialogia e ocultando o agente das ações. Gramaticalmente há muitas maneiras de conseguir esse objetivo. Vejamos algumas delas. a) Generalizar o sujeito, colocando-o no plural Uma forma elegante de se distanciar relativamente da subjetividade é pluralizar o agente. O uso da primeira e da terceira pessoa do plural é a estratégia recomendada quando a intenção é atenuar a subjetividade da primeira pessoa, sem adotar a neutralidade absoluta. Frases como: procuramos demonstrar... os pesquisadores reconhecem... nossas conclusões... são menos subjetivas que procurei demonstrar... reconheço... minhas conclusões ... b) Ocultar o agente A expressão é preciso serve a esse propósito de neutralidade. Assim, também expressões como: é necessário, é urgente, é imprescindível, são utilizadas para ocultar o agente. Quem precisa? Quem necessita? Para quem é urgente? Para quem é imprescindível? Não podemos definir com clareza. Toma- se uma realidade geral, universal, neutra, objetiva. Os textos dissertativos, informativos, expositivos, científicos apresentam, muitas vezes, essa característica de ocultar o agente. Tudo é dito como se fosse uma realidade que se apresenta sem intermediários. c) Colocar um agente inanimado Outra maneira de impessoalizar o texto é colocar como agente um ser inanimado, um fenômeno, uma instituição ou uma organização. Quando escrevo frases como O Ministério decidiu... A diretoria ordenou... O governo protelou... a responsabilidade em relação à ação está diluída e não se pode identificar claramente de onde ou de quem emanou a iniciativa. É um recurso muito utilizado na administração pública e na política. d) Uso gramatical do sujeito indeterminado Como a própria nomenclatura indica, não se pode determinar com precisão quem realizou uma ação quando usamos a estrutura de sujeito indeterminado. Ela é muito útil quando queremos inserir uma informação da qual não sabemos a procedência exata. Vive-se esperando o aumento de preços. Acreditava-se em uma diminuição dos impostos. Fala-se muito em renovação dos quadros funcionais. Redação de Documentos Oficiais 42 e) O uso da voz passiva Enquanto na voz ativa temos um agente explícito, na voz passiva esse agente pode estar oculto. Assim, usar a passiva sem esclarecer seu agente é um recurso gramatical para impessoalizar a informação. Veja o exemplo: Novas descobertas foram realizadas em centros de estudo e laboratórios ao redor do mundo. Está sendo revelado ao mundo que o cérebro é um órgão mais fascinante, complexo e poderoso do que antes se imaginava. Quem realizou? Quem está revelando? A voz passiva oculta o agente. Como vimos, há diversas maneiras de tornar o texto impessoal, e todas elas utilizam recursos e possibilidades presentes no sistema gramatical da língua. Tópico Gramatical Concordância dos Verbos na Voz Passiva: o verbo na voz passiva (tanto analítica quanto sintética) concorda com o sujeito. A voz passiva é sempre formada com verbos transitivos diretos, ou seja, os verbos que se completam com objeto direto (complemento sem preposição). Há duas formas de voz passiva: 1) analítica – formada pelo verbo auxiliar ser e o particípio passado do verbo principal. Ex.: Somos amados por Deus. 2) sintética ou pronominal – formada pelo verbo principal e o pronome apassivador se. Ex.: Consideraram-se os resultados. (= Os resultados foram considerados.) Observe: Voz ativa: Aquele investidor aluga apartamento. (sujeito simples) (objeto direto) Voz passiva analítica: Apartamento é alugado por aquele investidor. (sujeito paciente) (agente da passiva) Voz passiva sintética: Aluga-se apartamento. (sujeito) Agora faça a concordância: Voz ativa: Aquele investidor __________ apartamentos. Voz passiva analítica: Apartamentos ____________ por aquele investidor. Voz passiva sintética: _____________ apartamentos. Redação de Documentos Oficiais 43 ATENÇÃO! De acordo com Bechara (2009, p. 286), “em geral, só pode ser construído na voz passiva verbo que pede objeto direto, acompanhado ou não de outro complemento”. No entanto, faz-se concessão, por força do uso, aos verbos: apelar, aludir, obedecer, pagar, perdoar e responder – admitindo-se construções do tipo: Os regulamentos devem ser obedecidos ou As cartas serão respondidas assim que possível. Concordância em Estruturas com SSuujjeeiittoo IInnddeetteerrmmiinnaaddoo: Em Língua Portuguesa, há duas estruturas que expressam indeterminação do sujeito. a) Com qualquer verbo na terceira pessoa do plural: Falaram bem de você na reunião. Antigamente, não faltavam com a palavra. Invadiram o estádio. a) Com verbos intransitivos ou transitivos indiretos na terceira pessoa do singular mais a partícula de indeterminação do sujeito se. Não se morre assim. Comenta-se muito sobre as novas medidas. Precisa-se de contadores. Quadro comparativo Estrutura de Voz Passiva Pronominal Verbo (transitivo direto) + pronome apassivador se Estrutura de Sujeito Indeterminado Verbo (transitivo indireto ou intransitivo) + índice de indeterminação do sujeito se O verbo,
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