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Redação Oficial 2019 revisada

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Prévia do material em texto

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
------------------------------------------------------------------- 
REDAÇÃO DE DOCUMENTOS OFICIAIS 
------------------------------------------------------------------- 
 
FLÁVIA ANDREA DE ALBUQUERQUE MELO 
 
 
 
 
 
COORDENADOR DOS CURSOS DE LÍNGUA PORTUGUESA 
PAULO CESAR BESSA NEVES 
 
 
 
 
DOCENTES 
 
FLÁVIA ANDREA DE ALBUQUERQUE MELO 
PAULO CESAR BESSA NEVES 
RENATA DE OLIVEIRA RAZUK 
 
 
 
 
 
ANO 2019 
 
 
 
 
 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 2 
 
FUNDAMENTOS LEGAIS 
 
O servidor público está submetido às leis, estatutos e outros diplomas legais que exigem 
correção e lisura em seus atos. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 37, dispõe que “a 
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência.” Além destes, há princípios fundamentais que devem 
nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais, a fim de atender à disposição 
constitucional, bem como outras normas que tratam da matéria, como as abaixo elencadas: 
 
 
-Lei nº 220, de 18 de julho de 1975 e atualizações posteriores vigentes. 
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do 
Rio de Janeiro. 
 
Aprova o Regulamento do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do 
Estado do Rio de Janeiro. 
 
Estabelece as normas dos processos administrativos no âmbito da Administração Pública 
Estadual. 
 
Estabelece normas sobre atos e processos administrativos no âmbito do Estado do Rio de 
Janeiro e dá outras providências. 
 
Regulamenta a Lei Estadual nº 5.427, de 01 de abril de 2009, no que dispõe sobre a 
informatização de documentos e processos administrativos na Administração Pública 
Estadual e dá outras providências. 
 
Dispõe sobre a criação do Sistema de Arquivos do Estado do Rio de Janeiro - SIARQ - e dá 
outras providências. 
 
Aprova o Manual de Gestão de Protocolo no âmbito do Poder Executivo Estadual e 
determina outras providências. 
 
Aprova o Manual de Gestão de Documentos e institui a padronização do procedimento para 
atendimento à lei de acesso a informação e dá outras providências. 
 
Dá nova redação ao Decreto Estadual nº 43.897, de 16 de outubro de 2012, que aprova o 
Manual de Gestão de Protocolo no âmbito do Poder Executivo Estadual e determina outras 
providências. 
 
Dispõe sobre a obrigatoriedade da utilização do Manual de Gestão de Protocolo pelos 
órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta. 
 
 (Manual de Redação Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2ª ed., 2014. p. 12-13) 
 Redação de Documentos Oficiais 
 3 
 
SUMÁRIO 
 
 
Parte I - Aspectos gerais da redação oficial 
1. Redação oficial p. 
 
2. Características fundamentais da redação p. 
2.1. Clareza p. 
2.2. Concisão p. 
2.3. Correção gramatical p. 
2.4. Coesão p. 
2.5. Formalidade e uniformidade p. 
2.6. Impessoalidade p. 
 
3. Orientações básicas para o ato de escrever. p. 
3.1. Estilo p. 
3.2. Qualidades da harmonia e da polidez p. 
3.3. Uso elegante de pronomes oblíquos p. 
3.4. Cuidado com os cacófatos, chavões e pleonasmos p. 
3.5. Problemas na construção de frases 
3.6. A Importância da Vírgula e Outros Sinais de Pontuação p. 
 
Parte II - A linguagem da redação oficial 
O entrelaçamento das ideias 
Elementos de Coesão p. 
Emprego do Infinitivo p. 
Pronomes de tratamento p. 
A impessoalização do texto p. 
Uso do vocabulário p. 
Representações, destaques e diagramação p. 
Padronização p. 
 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 4 
 
PARTE III - Modelos de redação oficial 
 
ATOS DECLARATÓRIOS 
Atestado p. 
Declaração p. 
Certificado p. 
Certidão p. 
Procuração p. 
 
CORRESPONDÊNCIAS 
Carta p. 
Circular p. 
Comunicação Interna ou Memorando p. 
Ofício p 
Correio Eletrônico (e-mail) p 
Fax p 
 
DISPOSITIVOS LEGAIS p. 
Decreto p. 
Deliberação p. 
Lei p. 
Lei Complementar p. 
Resolução p. 
 
ATOS ADMINISTRATIVOS 
Apostila p. 
Ata p. 
 Relato de Reunião p. 
 Pauta de Reunião p. 
Ato Executivo p. 
Ato Normativo p. 
 Redação de Documentos Oficiais 
 5 
Despacho p. 
Edital p. 
Ordem de Serviço p. 
Portaria p. 
 
ATOS REIVINDICATÓRIOS 
Requerimento p. 
Petição p. 
Abaixo-Assinado p. 
 
 
PARTE IV – Atividades de Linguagem 
 
PARTE V – Links Úteis p 
PARTE VI – Bibliografia p 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 6 
PARTE I – ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL 
 
 
 
1. Redação oficial 
 
O que é? 
 
 “Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual 
o Poder Público redige atos normativos e comunicações. 
[...] 
 A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do 
padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.” 
 
(Manual de Redação da Presidência da República) 
 
 
Redação oficial é a maneira de redigir própria da Administração Pública. 
Sua finalidade básica é possibilitar a elaboração de comunicações e normativos 
oficiais claros e impessoais, pois o objetivo é transmitir a mensagem com eficácia, 
permitindo entendimento imediato. 
 
A eficácia da comunicação oficial depende basicamente do uso de 
linguagem simples e direta, chegando ao assunto que se deseja expor sem passar, 
por exemplo, pelos atalhos das fórmulas de refinada cortesia usuais no século 
passado. Antigamente o estilo tendia ao rebuscamento, aos rodeios; hoje, a vida 
moderna nos obriga a elaborar uma redação mais objetiva e concisa. 
 
Considere-se, entretanto, que não há uma forma específica de linguagem 
administrativa, mas sim qualidades comuns a qualquer bom texto, seja ele oficial 
ou literário, aplicáveis à redação oficial: clareza, coesão, concisão, correção 
gramatical. Além disso, merecem destaque algumas características peculiares 
identificáveis na forma oficial de redigir: formalidade, uniformidade e 
impessoalidade. 
 
 
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no 
artigo 37: "A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência (...)". Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais 
de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a 
elaboração dos atos e comunicações oficiais. 
 
 
 
 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 7 
 
Conceituação do Manual de Redação do Poder Executivo do Estado 
do Rio de Janeiro: 
 
A Redação Oficial é o recurso utilizado pelo Poder Público para redigir atos 
normativos e comunicações. Desse modo, a finalidade principal da Redação 
Oficial é comunicar com impessoalidade e clareza para que a mensagem 
transmitida seja compreendida por todos os indivíduos que acessarem o 
documento. Em resumo, a Redação Oficial, sob o ponto de vista da linguagem, 
deve atender a requisitos como: correção, impessoalidade, objetividade, 
clareza, concisão, coerência, coesão textual e padronização, tanto na sua 
elaboração textual quanto na visual, pois facilita a consulta, a leitura e o acesso 
à informação por qualquer indivíduo, além de refletir unidade e integração entre 
órgãos e entidades que compõem a Administração Pública. 
Manual de Redação do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, 2ª ed., 2014, pág. 7. 
 
A seguir, apresenta-se análise de cada uma dessas características. 
 
 
2. Características fundamentais da redação oficial 
 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 8 
 
2.1. Clareza 
 
 
Clareza é a qualidade do que é inteligível, facilmente compreensível. Já quese busca, então, com a clareza, fazer-se facilmente entendido, é preciso que o 
pensamento de quem comunica também seja claro, com as ideias ordenadas; as 
palavras, bem dispostas na frase; a pontuação, correta; as intercalações, 
reduzidas a um mínimo; a precisão vocabular, uma constante. 
 
Da mesma forma, a indispensável releitura do texto contribui para obtenção 
da clareza. A ocorrência de trechos obscuros e de erros gramaticais em textos 
oficiais provém principalmente da falta dessa releitura, que torna possível sua 
correção. 
 
Além disso, a falsa ideia de que “escreve bem quem escreve difícil" também 
contribui para a obscuridade do texto. Ora, quem escreve assim dificilmente é 
compreendido. Cada palavra dessa natureza é um tropeço para a leitura e só 
pode desvalorizar o que se escreve. 
 
 
Alguns preceitos para a redação de textos claros: 
 
a) utilizar preferencialmente a ordem direta ou lógica (sujeito, verbo, 
complementos) – às vezes essa ordem precisa ser alterada em benefício da 
própria clareza; 
 
b) usar as palavras e as expressões em seu sentido mais comum; 
 
c) evitar períodos com negativas múltiplas; 
 
d) transformar as orações negativas em positivas, sempre que possível; 
 
e) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto; 
 
f) escolher com cuidado o vocabulário, evitando o jargão técnico; 
 
g) evitar neologismos (palavras, frases ou expressões novas, ou palavras antigas 
com sentidos novos), preciosismos (delicadeza ou sutileza excessiva no escrever) 
e regionalismos; 
 
h) utilizar palavras ou expressões de língua estrangeira somente quando 
indispensável. 
 
 
Exemplos de textos obscuros, que devem ser evitados: 
 
a) mudança de sentido com a mudança da pontuação: 
 Redação de Documentos Oficiais 
 9 
 – Reprovas? Não aceito. (Compare-se: Reprovas? Não! Aceito.) 
 
b) má disposição das palavras na frase: 
A Defesa Civil pede, neste ofício, cobertores para casal de lã. 
(Compare-se: A Defesa Civil pede, neste ofício, cobertores de lã para casal.) 
 
c) ambiguidade: 
Maria pensava no tempo em que estudara com João e concluía que a sua falta 
de visão teria contribuído para o insucesso no concurso. 
(Ambiguidade ocasionada pelo emprego do pronome sua – que é válido tanto 
para ela como para ele; ou seja, falta de visão dele ou dela?) 
 
d) excesso de intercalações: 
O planejamento estratégico, que é um instrumento valioso para a gestão da 
empresa pública, e esta, uma alavanca indispensável ao desenvolvimento 
econômico-social, deve periodicamente passar por um processo de revisão, 
que o atualiza perante as velozes mudanças do mundo moderno. 
(Compare-se: O planejamento estratégico deve periodicamente passar por um 
processo de revisão.) 
 
2.2. Concisão 
 
 
A concisão consiste em expressar com um mínimo de palavras um máximo 
de informações, desde que não se abuse da síntese a tal ponto que a ideia se 
torne incompreensível. Afinal, o tempo é precioso, e quanto menos se rechear a 
frase com adjetivos, imagens, pormenores desnecessários ou perífrases (rodeios 
de palavras), mais o leitor se sentirá respeitado. Busca-se com isso a objetividade. 
 
Para que se redija um texto conciso, é fundamental que se tenha, além de 
conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o tempo necessário para 
revisá-Ia depois de pronto. É nessa revisão que muitas vezes se percebem 
eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias. Veja-se, por 
exemplo, o seguinte texto: 
 
A partir desta década, o número cada vez maior e, por isso mesmo, mais alarmante de 
desempregados, problema que aflige principalmente os países em desenvolvimento, 
tem alarmado as autoridades governamentais, os guardiães perenes do bem-estar 
social, principalmente pelas consequências adversas que tal fato gera na sociedade, 
desde o aumento da mortalidade infantil por desnutrição aguda até o crescimento da 
violência urbana que aterroriza a família, esteio e célula-mãe da sociedade. 
 
Se esse mesmo trecho for reescrito sem a carga informativa desnecessária, 
obtém-se um texto conciso: 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 10 
O número cada vez maior de desempregados tem alarmado as autoridades 
governamentais, pelas consequências adversas que tal fato gera na sociedade, 
desde o aumento da mortalidade infantil por desnutrição aguda até o 
crescimento da violência urbana. 
 
Vê-se, assim, como é fácil de compreender um texto enxuto, somente com 
o essencial. Economizar palavras traz benefícios ao texto: o primeiro é errar 
menos; o segundo, poupar tempo; o terceiro, respeitar a paciência do leitor. Pode-
se adotar como regra não dizer mais nem menos do que precisa ser dito. Isso não 
significa tornar breves todas as frases, nem evitar todo o detalhe, muito menos 
tratar os temas com superficialidade; significa, apenas, que cada palavra deve ser 
importante para a elaboração do discurso. 
 
 
Procedimentos para redigir textos concisos: 
 
a) eliminar palavras ou expressões desnecessárias: 
ato de natureza hostil => ato hostil; 
decisão tomada no âmbito da diretoria => decisão da diretoria; 
pessoa sem discrição => pessoa indiscreta; 
neste momento nós acreditamos => acreditamos; 
travar uma discussão => discutir; 
na eventualidade de => se; 
com o objetivo de => para; 
 
b) evitar o emprego de adjetivação excessiva: 
o difícil e alarmante problema da seca => o problema da seca; 
 
c) dispensar, nas datas, os substantivos dia, mês e ano: 
no dia 5 do mês de agosto do ano de 2016 => em 5 de agosto de 2016; 
 
d) trocar a locução verbo + substantivo pelo verbo: 
fazer uma viagem => viajar; 
fazer uma redação => redigir; 
pôr as ideias em ordem => ordenar as ideias; 
pôr moedas em circulação => emitir moedas; 
 
e) eliminar, sempre que possível, os indefinidos um e uma: 
A comissão quer (um) inquérito rigoroso e rápido. 
Timor-Leste tornou-se (uma) terra de ninguém. 
A cultura da paz é (uma) iniciativa coletiva. 
 
f) usar o aposto em lugar da oração apositiva: 
O contrato previa a construção da ponte em um ano, que era prazo mais do que 
suficiente => O contrato previa a construção da ponte em um ano, prazo mais do 
que suficiente. 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 11 
g) empregar o particípio do verbo para reduzir orações: 
Agora que expliquei o título, passo a escrever o texto => Explicado o título, 
passo a escrever o texto. 
Depois de terminar o trabalho, vamos almoçar => Terminado o trabalho, vamos 
almoçar. 
Quando concluir o preâmbulo, passarei ao assunto principal => Concluído o 
preâmbulo, passarei ao assunto principal. 
 
 
 
2.3. Correção gramatical 
 
Correção gramatical é a utilização do padrão culto de linguagem, ou seja, é 
escrever sem desrespeitar os fatos particulares da língua e as regras apropriadas 
para o seu perfeito uso. As incorreções gramaticais desmerecem o redator e põem 
em dúvida sua autoridade para falar sobre qualquer assunto. 
 
Além disso, conhecer a própria língua não é privilégio de gramáticos, senão 
dever de todos aqueles que dela se utilizam. É displicência acreditar que só os 
escritores profissionais têm a obrigação de saber escrever. Saber escrever na 
língua materna faz parte dos deveres de qualquer cidadão. A língua é a mais viva 
expressão da nacionalidade. 
 
Para aperfeiçoar a escrita e evitar erros gramaticais, recomenda-se 
consultar as gramáticas e os dicionários. Tenha cuidado ao buscar informações 
em sítios na internet que não são confiáveis. No capítulo V – Links úteis, há 
algumas sugestões de sítios, os quais se pode acessar com tranquilidade e 
segurança, para tirar dúvidas quanto à grafia e significado das palavras e a outras 
questões referentes à norma culta da Língua Portuguesa e à Redação Oficial. 
 
 
2.4. Coesão 
 
 
O termo coesão pode ser conceituado como a união das partes de um todo. 
Assim, o texto coeso é aquele em que as palavras, as orações, os períodos e os 
parágrafos estãointerligados e coerentemente dispostos. 
 
Às vezes, o cuidado com a estrutura do parágrafo pode induzir ao equívoco 
de encará-lo como redação autônoma, bastante em si mesmo. Apesar de ser uma 
unidade lógica completa (começo, meio e fim), não pode estar solto do restante do 
texto. 
 
Para que esse desligamento não ocorra, temos de trabalhar com 
mecanismos de ligação entre os parágrafos. A utilização desses mecanismos 
chama-se transição ou coesão. Aliás, é o que também assegura a coerência 
textual. O emprego inadequado de um conectivo pode comprometer o 
entendimento da mensagem. 
 Redação de Documentos Oficiais 
 12 
 
Exemplos de algumas partículas e expressões de transição bem usuais: 
 
da mesma forma, aliás, também, mas, por fim, pouco depois, pelo contrário, 
assim, enquanto isso, além disso, a propósito, em primeiro lugar, no entanto, 
finalmente, em resumo, portanto, por isso, em seguida, então, já que, ora, daí, 
dessa forma, além do mais. 
 
Entretanto, a transição não é necessariamente feita por partículas ou 
expressões. Ela pode ocorrer, por exemplo, com a utilização do mesmo sujeito da 
oração precedente. O importante nos mecanismos de transição é manter a 
fluência do texto. 
 
 
2.5. Formalidade e uniformidade 
 
 
A formalidade consiste na observância das normas de tratamento usuais na 
correspondência oficial. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto 
emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo 
nível; mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no 
tratamento do assunto do qual cuida a comunicação. 
 
É importante salientar que a formalidade de tratamento vincula-se, também, 
à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a Administração Pública 
(municipal, estadual, distrital ou federal) é una, é natural que suas comunicações 
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão exige atenção a todas 
as características da redação oficial e cuidado com a apresentação dos textos. O 
uso de papéis e estruturas uniformes e a correta diagramação do texto são 
indispensáveis para a padronização das comunicações oficiais. 
 
 
2.6. Impessoalidade 
 
A finalidade pública está sempre presente na redação oficial, daí a 
necessidade de ser ela isenta de interferência da individualidade de quem a 
elabora. O tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos constantes das 
comunicações oficiais decorre: 
 
a) da ausência de impressões individuais da pessoa que comunica: indepen-
dentemente de quem assina um expediente, a comunicação é sempre feita em 
nome do serviço público; 
 
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação: seja um cidadão, seja um 
órgão público, o destinatário é sempre considerado de forma homogênea e 
impessoal; 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 13 
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: as comunicações oficiais 
restringem-se a questões referentes ao interesse público; não cabe nelas, portanto, 
qualquer tom particular ou pessoal. 
 
Desse modo, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, 
como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo 
assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. É importante salientar que o 
caráter impessoal do texto é mantido pela utilização do verbo na terceira pessoa 
do singular ou plural, ou ainda na primeira pessoa do plural. 
 
 
3. Orientações básicas sobre o ato de escrever 
 
3.1. Estilo 
 
Tudo que o ser humano faz tem a marca de sua individualidade. Essa 
maneira pessoal de cada um se expressar, dentro de uma determinada época, por 
meio da música, da literatura, da pintura, da escultura é o que se chama estilo. Em 
relação ao ato de redigir, estilo é, portanto, a maneira peculiar de cada escritor 
expressar os seus pensamentos. 
 
Também nos textos oficiais pode-se identificar o estilo de cada pessoa. 
Convém respeitá-lo, apenas requerendo do redator a observância das qualidades 
e características fundamentais da redação oficial. 
 
3.2. Qualidades da harmonia e da polidez 
 
As qualidades tradicionalmente conhecidas da expressão verbal – a clareza, 
a coesão, a concisão, a correção gramatical, a harmonia, a polidez – adquirem 
proeminência indiscutível na redação. A clareza, a coesão, a concisão e a 
correção gramatical já foram comentadas nos tópicos anteriores; resta fazer 
breves observações a respeito da harmonia e da polidez. 
 
Harmonia: 
 
Uma mensagem é harmoniosa quando é elegante, ou seja, quando soa 
bem aos nossos ouvidos. Muitos fatores prejudicam a harmonia na redação oficial, 
tais como: 
 
 
a) a aliteração (repetição do mesmo fonema): 
Na certeza de que seria bem sucedido, o sucessor fez a seguinte asserção: 
(aliteração do fonema /s/); 
 
b) a emenda de vogais (ou hiatismo): Obedeça à autoridade; 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 14 
c) a cacofonia (encontro de sílabas em que a malícia descobre um novo termo 
com sentido torpe ou ridículo): Governo confisca gado de fazendas. Vou-me já! 
A boca dela é linda! 
 
d) a rima num texto em prosa: 
O diretor chamou, com muita dor, o assessor, dizendo-lhe que, embora 
reconhecendo ser o mesmo trabalhador, não lhe poderia fazer esse favor; 
 
e) a repetição excessiva de palavras: 
O presidente da nossa empresa é primo do presidente daquela transportadora, 
sendo um presidente muito ativo; 
 
f) o excesso de que: 
Solicitei-lhe que me remetesse o parecer que me prometera a fim de que eu 
pudesse concluir a análise que me fora solicitada. 
 
Obs.: Observe-se que esse excesso de que confere ao período um estilo 
arrastado e deselegante; além disso, demonstra que o autor não conhece bem o 
manejo do idioma quanto à substituição das orações desenvolvidas por 
expressões equivalentes. 
 
 
Polidez: 
 
O texto polido revela civilidade, cortesia. A finalidade, especialmente nas 
correspondências oficiais, é impressionar o destinatário de forma favorável, 
evitando frases grosseiras ou insultuosas, expressando respeito sem 
rebaixamento próprio. Expressar consideração pelo outro, sem ao mesmo tempo 
rebaixar-se, por vezes até compensa falhas nas outras qualidades fundamentais 
do texto antes examinadas. Correspondência é contato humano e, como tal, deve 
ser pautada pelos mesmos princípios de convivência pacífica da vida social. 
 
 
3.3. Uso elegante de pronomes oblíquos e seu correto posicionamento 
 
Os pronomes oblíquos (me. lhe, nos) substituem elegantemente os possessivos 
[meu(s)/minha(s), seu(s)/sua(s), nosso(s)/nossa(s)] em frases como as seguintes: 
 
O barulho perturba-me as ideias (em vez de: O barulho perturba as minhas ideias). 
 
Ninguém lhe ouvia as propostas (em vez de: Ninguém ouvia as suas propostas). 
 
A solução do problema nos tomou o dia (em vez de: A solução do problema tomou 
o nosso dia). 
 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 15 
COLOCAÇÃO PRONOMINAL 
 
ÊNCLISE – posicionamento do pronome oblíquo átono depois do verbo. 
1) Não se inicia frase com pronome oblíquo átono. 
Ex. Usa-se ênclise nesse caso. 
 
Obs. A ênclise é proibida nas formas do Futuro do Presente, do Futuro do Pretérito e do 
Particípio. 
 
PRÓCLISE – posicionamento do pronome átono antes do verbo. 
2) Quando houver uma palavra atrativa*, posiciona-se o pronome átono antes do 
verbo. Nesse caso a próclise é obrigatória. 
Ex. Não se preocupem com a prova. 
 
* Palavras atrativas: 
a) palavras negativas (não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem – e não); 
b) advérbios (hoje, agora, amanhã, aqui, lá, definitivamente...); 
c) pronomes demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos; 
d) conjunções (embora, porque, que, contudo, visto que, quando...); 
Outras situações em que ocorre próclise: frases exclamativas, interrogativas, optativas e em 
construções formadas por EM + gerúndio = Em se tratando de processo administrativo, não 
se levam em conta alguns documentos. 
 
Obs.: se apalavra atrativa apresentar-se com vírgula, perde-se a propriedade de atração, e o 
pronome átono é posicionado depois do verbo. 
Ex. Aqui se faz a lei. Aqui, faz-se a lei. 
 
MESÓCLISE – posicionamento do pronome no meio do verbo 
3) Ocorre mesóclise nas formas verbais do FUTURO DO PRESENTE e do FUTURO DO 
PRETÉRITO, desde que a próclise não seja obrigatória. 
Ex.: Divulgar-se-ão os resultados do Enem amanhã. 
 Amanhã se divulgarão os resultados do Enem. 
 
 
 
3.4. Cuidado com os cacófatos, chavões e pleonasmos 
 
Cacófato (ou cacofonia): 
 
É o som desagradável, ou a palavra obscena, proveniente da união das 
sílabas finais de uma palavra com as iniciais da seguinte: 
 
“Concorre, concorre, e nunca ganha.” Eva e Adão. Uma prima minha esteve 
presente à sessão. Já que tinha resolvido... 
 
Só haverá cacofonia quando a palavra produzida for torpe, obscena, 
ridícula. Há quem considera infundado o exagerado escrúpulo de quem diz haver 
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 16 
cacófato em “por cada”, “ela tinha”, “só linha”. No entanto, ao se deparar com som 
desagradável no discurso produzido, evite a construção em desalinho para 
preservar a harmonia da frase. 
 
Chavão: 
 
É lugar comum, clichê. É o que se faz, se diz ou se escreve por costume. 
De tanto ser repetido, o chavão perde a força original, envelhece o texto. Recorrer 
a eles poderá denotar falta de imaginação, preguiça ou pobreza vocabular. Por 
isso, deve-se procurar evitá-los. Exemplos de chavões: 
 
a cada dia que passa hora da verdade 
a olhos vistos inflação galopante 
acertar os ponteiros inserido no contexto 
abrir com chave de ouro mestre Aurélio (dicionário) 
ao apagar das luzes obra faraônica 
assolar o país óbvio ululante 
astro-rei (sol) parece que foi ontem 
baixar a guarda passar em brancas nuvens 
cair como uma bomba perda irreparável 
calor escaldante perder o bonde da história 
crítica construtiva pomo da discórdia 
depois de longo e tenebroso inverno silêncio sepulcral 
dizer cobras e lagartos singela homenagem 
em sã consciência tábua de salvação 
estar no fundo do poço voltar à estaca zero 
 
 
Pleonasmo 
 
Indica redundância de expressão, ou seja, repetição de uma mesma ideia, 
mediante palavras diferentes. Quando a repetição de ideia não traz nenhuma 
energia à expressão, o pleonasmo passa a ser vício, devendo, nesse caso, ser 
evitado. Exemplos de pleonasmos indesejáveis: 
 
acabamento final expressamente proibido 
a razão é porque fato real 
a seu critério pessoal há anos atrás 
certeza absoluta meu amigo particular 
comer com a boca multidão de pessoas 
conviver junto planejar antecipadamente 
criação nova relações bilaterais entre dois países 
descer para baixo sintomas indicativos 
destaque excepcional subir para cima 
elo de ligação surpresa inesperada 
em duas metades iguais todos foram unânimes 
empréstimo temporário ver com os olhos 
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 17 
 
3.5. Problemas na construção de frases 
 
A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas principalmente pela 
construção adequada da frase. Alguns problemas mais frequentemente 
encontrados na construção de frases dizem respeito à utilização do sujeito da 
oração como complemento, à ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de 
falsos paralelismos e aos erros de comparação, conforme exemplificado a seguir. 
 
Uso indevido do sujeito como complemento
1
: 
 
Sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter 
complemento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto, construções como: 
 
Errado: É tempo dos parlamentares votarem o projeto. 
Certo: É tempo de os parlamentares votarem o projeto. 
 
Errado: Antes desses requisitos serem cumpridos... 
Certo: Antes de esses requisitos serem cumpridos ... 
 
Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo... 
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo... 
 
 
Ambiguidade: 
 
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza 
é requisito básico de todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que possam 
gerar equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de 
identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na 
terceira pessoa. Outro tipo de ambiguidade decorre da dúvida sobre a que se refere a oração 
reduzida. 
 
Exemplos: 
 
Ambíguo: O Chefe de Gabinete comunicou ao Diretor que ele seria exonerado. 
(Quem seria exonerado? O Chefe de Gabinete? O Diretor?) 
Claro: O Chefe de Gabinete comunicou a exoneração dele ao Diretor. (O Chefe 
de Gabinete foi exonerado.) 
Claro: O Chefe de Gabinete comunicou ao Diretor a exoneração deste. 
 (O Diretor foi exonerado.) 
 
1
 Fundamenta-se tal fenômeno – o de contração da preposição com o determinante do substantivo – 
pela lição de Bechara (2009, pp. 569-70), que o aceita como estilo, porém a maioria dos gramáticos e a 
orientação do Manual de Redação da Presidência da República não reconhecem a contração nessa 
circunstância. 
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 18 
 
Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da República, em seu discurso, e 
solicitou sua intervenção no seu Estado, mas isso não o surpreendeu. 
(Discurso de quem? Estado de quem? Quem não se surpreendeu?) 
 
Claro: Em seu discurso, o Deputado saudou o Presidente da República. No 
pronunciamento, solicitou a intervenção federal em seu Estado, o que 
não surpreendeu o Presidente. (Discurso do Deputado. Estado do Deputado. 
O Presidente não·se surpreendeu.) 
 
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o encarregado advertiu o funcionário. (Quem 
é indisciplinado?) 
Claro: O encarregado advertiu o funcionário por ser este indisciplinado. 
 
Erros de paralelismo: 
 
Uma das convenções estabelecidas na língua escrita consiste em apresentar ideias similares 
numa forma gramatical idêntica, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se em erro 
ao conferir forma não paralela a elementos paralelos. Exemplos: 
 
Errado: Pelo aviso circular, recomendou-se às unidades economizar energia e 
que elaborassem planos de redução de despesas. 
 
Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se às unidades que economizassem 
energia e (que) elaborassem planos para redução de despesas. 
Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se às unidades economizar energia e 
elaborar planos para redução de despesas. 
 
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não ser inseguro, 
inteligência e ter ambição. 
 
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segurança, inteligência e 
ambição. 
Certo: No discurso de posse, mostrou ser determinado e seguro, ter 
inteligência e ambição. 
 
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem sólida formação 
acadêmica. 
 
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida formação 
acadêmica. 
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 19 
Certo: O novo procurador é jurista renomado, que tem sólida formação 
acadêmica. 
Certo: O novo procurador é jurista renomado com sólida formação 
acadêmica. 
 
Errado: Sugere-se que o egrégio Plenário: 
I - tome conhecimento da (...); 
II - autorizar a devolução de (...); 
 
Certo: Sugere-se que o egrégio Plenário: 
I - tome conhecimento da (...); 
II - autorize a devolução de (...); 
 
Certo: Sugere-se ao egrégio Plenário: 
I - tomar conhecimento da (...); 
II - autorizar a devolução de (...); 
 
 
Erros de comparação: 
 
A omissão de certos termos ao se fazer uma comparação deve ser evitada ao redigir, pois 
compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, qual o 
termo omitido. A ausência indevida de um termo pode impossibilitar o entendimento do 
sentido que se quer dar a uma frase: 
 
Errado: O salário de um professor é mais baixodo que um médico 
 
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o salário de um médico. 
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de um médico. 
 
 
Errado: A Secretaria de Educação dispõe de mais verbas do que as 
Secretarias do Governo. 
 
Certo: A Secretaria de Educação dispõe de mais verbas do que as outras 
Secretarias do Governo. 
Certo: A Secretaria de Educação dispõe de mais verbas do que as demais 
Secretarias do Governo. 
 
 
Exercícios na Parte IV. 
 Redação de Documentos Oficiais 
 20 
 
A importância da vírgula e outros sinais de pontuação 
 
 Textos e Exercícios 
 
LEITURA 
 
A BATALHA QUE FOI PERDIDA 
 
Foi uma guerra, há muitos anos. Nessa época, não havia os meios de 
comunicação de hoje. Para recados, mesmo os mais urgentes, expedia-se um 
mensageiro que entregava um bilhete e voltava com a resposta, muitas vezes 
anotada por ele mesmo. Em compensação, também, não havia os mortíferos 
engenhos de guerra de hoje em dia, quando bombas destroem num instante 
populações inteiras. As batalhas eram, então, travadas corpo a corpo. 
 
Na guerra a que nos referimos, o general Alferbo concebera um excelente plano 
estratégico: mandaria um batalhão contra as tropas inimigas, tentando evitar o 
combate corpo a corpo e procurando apenas cansar o adversário. Quando isso 
acontecesse, daria ordem de retirada e um novo batalhão, descansado e bem 
aparelhado, cairia sobre o inimigo e o envolveria. Era grande a possibilidade de 
vitória. 
 
Trava-se a batalha. Avança o primeiro contingente e o segundo recebe ordens 
explícitas de só entrar na luta no momento marcado. 
 
No entanto... o que estava acontecendo? 
 
O inimigo – que também fizera seus planos, é claro – investe vigorosamente 
contra o primeiro batalhão do general Alferbo, infligindo pesadas perdas e 
envolvendo-o totalmente. 
 
Grador, oficial-comandante do segundo batalhão, que aguardava à grande 
distância, pois recebera ordem de esperar, vendo aquilo ficou preocupado. Enviou 
um mensageiro para a tenda do general com a seguinte mensagem: 
 
“Os inimigos atacam e dominam. Devo aguardar o momento marcado?” 
 
Acelerado, parte o mensageiro e muito antes do que esperava, já vem ele 
retornando com a resposta. A todo galope vai se aproximando do acampamento, 
quando... uma queda do cavalo, o mensageiro vai ao chão, bate com a cabeça 
numa pedra, morre instantaneamente. 
 
Grador acorre. Nada mais a fazer! Mas... na mão do mensageiro um papel em que 
ele mesmo escreve a resposta do general. 
 
“NÃO ATAQUE LOGO” 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 21 
O oficial estranha, mas não discute... ordens são ordens. 
 
Nesta altura, o inimigo, dizimando o primeiro batalhão do general Alferbo, vence 
velozmente a distância que o separa do segundo batalhão e derrota após 
sangrenta batalha. 
 
Poucos sobrevivem, embora com graves ferimentos. E assim mesmo porque o 
inimigo, talvez percebendo que a retaguarda do general Alferbo estava por perto e 
deveria acorrer logo, preferiu, prudentemente, fazer uma retirada estratégica, não 
massacrando os poucos sobreviventes que jaziam no chão. 
 
Chega o general com o restante das tropas. Recolhem-se os feridos. Entre eles, 
ensanguentado, roto, em frangalhos – Grador, o oficial. É levado à presença de 
Alferbo. 
 
_ O senhor será submetido a conselho de guerra e condenado por não cumprir 
ordens, sendo responsável pela derrota e pela carnificina que sofremos. 
 
Grador não entende. Está estupefato. 
 
_ Como? Não cumpri ordens? 
 
_ Não! Mandei-lhe ordens pelo mensageiro, que não foram cumpridas. 
 
Impossível! Estava havendo algum engano! Como provar ao general o contrário? 
 
Grador pensa. Lembra-se do bilhete. 
 
Sim! Devia ser isso! Pensando em transmitir o recado de viva voz, o mensageiro 
não pontuara. Escrevera, apenas porque havia ordens nesse sentido, mas deixara 
de lado algo importante (ou talvez nem soubesse como fazer!) 
 
Grador medita... Ali estava ele acusado de um crime que não cometera...Podia ser 
absolvido... mas... e os seus comandados? E os que morreram? Como era 
possível que a falta de uma vírgula pudesse causar tanto mal? 
 
 
Atividades: 
 
É provável que você já conheça a brincadeira que consiste em ler a seguinte frase: 
 
“Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também o pai do 
bezerro.” 
 
Da maneira como está, não há comunicação, não se percebe sentido, a não ser 
que se admita um disparate total. 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 22 
Mas se tomarmos uma pequena providência: pontuar adequadamente, a frase 
passa a ter sentido e desaparece o disparate: 
 
“Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe; do fazendeiro era também o pai do 
bezerro.” 
 
1 – O Testamento 
 
(Leia primeiro silenciosamente. Procure ler, depois, em voz alta, dando a cada 
testamento a entonação exigida pela pontuação.) 
 
Um homem rico, sentindo-se morrer, pediu papel e pena e escreveu assim: 
 
“DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS 
SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” 
 
Não teve tempo de pontuar – morreu. 
 
Eram quatro os concorrentes: o sobrinho, a irmã do morto, o alfaiate e os pobres. 
 
Reescreva a mensagem usando a pontuação de modo que cada um dos 
interessados fique com a fortuna do senhor. 
 
Para a irmã: 
 
“DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO 
JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” 
 
Para o sobrinho: 
 
“DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO 
JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” 
 
Para o alfaiate: 
 
“DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO 
JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” 
 
Para os pobres: 
 
“DEIXO OS MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO 
JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO ALFAIATE NADA AOS POBRES” 
 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 23 
 
Pontuação 
 
- Os sinais de pontuação marcam, na escrita, recursos da fala, tais como 
pausas, ritmo, melodias, ou seja, a entonação. 
 
Ele assistiu ao filme sobre a vida do Tim Maia. 
Ele assistiu ao filme sobre a vida do Tim Maia? 
Ele assistiu ao filme sobre a vida do Tim Maia! 
 
- Assim, há algumas regras que devem ser observadas quanto ao uso dos 
sinais de pontuação: 
 
Na ordem direta, não há necessidade do uso de vírgulas ou outro sinal de 
pontuação, senão o ponto final. 
 
ORDEM DIRETA 
(sujeito + verbo + complementos + adjuntos adverbiais) 
Os funcionários pleitearam seus direitos naquela oportunidade. 
 
 
REGRA GERAL 
 
- Nunca separe, com nenhum sinal de pontuação, o sujeito do verbo, o verbo 
do complemento, o verbo do predicativo, exceto quando houver uma intercalação 
de algum termo ou expressão. 
 
O diretor recebeu a comissão. 
 O diretor, contrariado, recebeu a comissão. 
 O povo parece decepcionado com os políticos. 
 O povo parece, definitivamente, decepcionado com os políticos. 
 
 
- O ponto é usado no fim da frase e nas abreviaturas. 
 A promissória foi enviada. 
 V.Sa. deve comparecer ao departamento de pessoal ainda hoje. 
 Entregamos todos os documentos, materiais, equipamentos, etc. 
 
- Usamos os dois-pontos em citações, enumerações e introdução de 
diversos itens. 
 O candidato, irado, exclamou: “Neste país tudo acaba em pizza”. 
 Suas atribuições são as seguintes: manter a correspondência em dia, 
organizar a agenda e informar ao chefe as ocorrências diárias. 
 Compete à diretoria: 
 Redação de Documentos Oficiais 
 24 
 - administrar o evento; 
 - coordenar o grupo de ação; 
 - distribuir as tarefas. 
 
- Usa-se o ponto e vírgula para separar elementos coordenados muito 
extensos e os itens de enumerações. 
 A educação se faz pelo exemplo; a cultura transmite-se por tradição. 
 Constam do edital: 
 a) prazo de inscrição; 
 b) documentos necessários; 
 c) programa e bibliografia. 
 
- O ponto de exclamação é empregado para indicar surpresa, 
admiração, susto, indignação e depois de interjeição. 
 Quanto absurdo! Ah! Se eu pudesse...- As reticências significam interrupção de pensamento. 
 Não sei se devo revelar... 
 
- As aspas são empregadas para indicar frase alheia, transcrever gíria 
ou palavra estrangeira, ou dar um sentido diferente às palavras. 
 “Amor é fogo que arde sem se ver.” (Camões) 
 Estamos aguardando o seu “feedback”. 
 
- O travessão dá ênfase a uma palavra ou expressão e indica as falas 
num diálogo. 
 Estamos aguardando que esta decisão – a de não acatar dados 
inconsistentes – seja aceita pela diretoria. 
 O presidente perguntou ao secretário: 
 – Onde devo assinar? 
 
- Os parênteses encerram elementos explicativos. 
 Continuávamos a pensar (e isso ocorria muitas vezes) que ele estava nos 
enganando. 
 
- O asterisco indica remissão para uma nota de pé de página que 
complementa uma informação. 
 Devemos proceder como prevê o manual.* 
 * páginas 28 a 32. 
 
- A vírgula indica uma pausa breve: 
 
a) separando palavras e orações de função idêntica (quando não vêm unidas 
pelas conjunções e, ou e nem): 
 
As cartas, as circulares e os relatórios constam do arquivo. 
Abriu a pasta, colocou os papéis sobre a mesa, sentou-se e começou a trabalhar. 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 25 
b) marcando intercalação, inversão ou omissão de termos: 
 
Exigimos, na mesma reunião, que se cumprisse o prometido. 
Na mesma reunião, exigimos que se cumprisse o prometido. 
Ele prefere sair e eu, ficar em casa. 
 
c) indicando quebra no sentido da frase: 
 
Esta questão, perdi a conta de quantas vezes mudei de ideia. (anacoluto) 
 
d) isolando o aposto ou qualquer elemento de valor meramente explicativo e 
o vocativo: 
 
É difícil tolerar esse seu comportamento, isto é, esse ar de indiferença. 
O Ministro Joaquim Barbosa, relator do referido processo, já está aposentado. 
Meus nobres colegas, aproximem-se. 
 
 Uso de vírgulas na coordenação e subordinação: 
 
• Em relação às conjunções adversativas, mas emprega-se sempre no 
começo da oração; porém, todavia, contudo, entretanto e no entanto podem 
vir ora no início da oração, ora após um dos seus termos. No primeiro caso, 
põe-se uma vírgula antes da conjunção; no segundo, vem ela isolada por 
vírgulas: 
 
— Vá aonde quiser, mas fique morando conosco. 
— Vá aonde quiser, porém fique morando conosco. 
— Vá aonde quiser, fique, porém, morando conosco. 
 
Em virtude da acentuada pausa que existe entre as orações do exemplo 
anterior, podem ser elas separadas, na escrita, por ponto e vírgula. Ao último 
período é mesmo a pontuação que melhor lhe convém: 
 
— Vá aonde quiser; fique, porém, morando conosco. 
 
• Quando conjunção conclusiva, pois vem sempre posposta a um termo da 
oração a que pertence e, portanto, isolada por vírgulas: 
 
Os alunos foram bem aplicados na matéria; mereceram, pois, os melhores 
resultados. 
 
As demais conjunções conclusivas (logo, portanto, por conseguinte, etc.) 
podem encabeçar a oração ou pospor-se a um dos seus termos. À 
semelhança das adversativas, escrevem-se, conforme o caso, com uma 
vírgula anteposta, ou entre vírgulas. 
 
 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 26 
• Para isolar as orações intercaladas: 
 
 — Se o alienista tem razão, disse eu comigo, não haverá muito que lastimar 
o Quincas Borba. (M. de Assis) 
 
• Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas: 
 
 Os ofícios, que são correspondências oficiais, apresentam estrutura similar 
à carta comercial. 
 
• Para separar as orações subordinadas adverbiais, principalmente 
quando antepostas à principal: 
 
 Embora tenham obtido boa votação, os candidatos em que votei não foram 
eleitos. 
 
• Para separar as orações reduzidas de gerúndio, de particípio e de 
infinitivo, quando equivalentes a orações adverbiais: 
 
Não obtendo resultado, indignou-se. (G. Ramos) 
 Acocorado a um canto, contemplava-nos impassível. (E. da Cunha) 
 Ao falar, já sabia da resposta. (J. Amado) 
 
 
Obs.: Antes da conjunção e, normalmente não se usa vírgula, exceto nos seguintes 
casos: 
a) quando há uma repetição da conjunção e, ou seja, um polissíndeto. 
 “Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!” (Olavo Bilac) 
b) quando tal conjunção tem valor adversativo. 
 “Tentei chorar, e não consegui.” (Renato Russo) 
c) quando o sujeito da frase coordenativa aditiva for diferente da oração 
anterior. 
O advogado de defesa fez sua preleção final, e o juiz lavrou a sentença. 
 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 27 
 
Pontue os períodos abaixo. 
 
1 – O primeiro índice de inflação de outubro já sinaliza o que os técnicos previram 
no fim de setembro o custo de vida apresentará este mês uma ligeira alta em 
relação ao mês passado porém nada que modifique a tendência de estabilidade 
dos preços. 
 
2 – Dentro de duas horas eles embarcarão rumo a São Paulo onde esperam 
reconstruir a vida. 
 
3 – “Ele fez o céu e a terra e o mar e tudo quanto há neles.” 
 
4 – Quando terminou a sessão os juízes retiraram-se do tribunal evitando falar 
com a imprensa. 
 
5 – O diretor presidiu a reunião e o assessor recebeu os jornalistas. 
 
6 – O Governo Federal admitiu ontem após reunião com os representantes das 
escolas que a legislação permite que as escolas recusem matrículas de alunos 
inadimplentes. 
 
7 – Quando as empresas têm lucro investem na atividade quando dão prejuízo 
batem à porta do Tesouro. 
 
8 – O Teatro da Universidade do Rio de Janeiro Tuerj promoverá nos dias 21 e 28 
às 18 horas no Teatro Noel Rosa um ciclo de debates sobre cultura e universidade 
com a presença de vários intelectuais. 
 
9 – O rádio o jornal a revista a televisão e os demais meios de comunicação social 
devem zelar para que a publicidade veiculada esteja em consonância com os 
valores éticos dos públicos leitores ouvintes ou espectadores não ofendendo os 
costumes as religiões a lei ou a ordem pública. 
Carta de São Paulo in Congresso Mundial de Publicidade 
 
10 – O edital do concurso exige os seguintes documentos certidão de nascimento 
certificado de reservista título de eleitor e certificado de conclusão do 2º grau. 
 
11 – A Assembleia deliberou sobre 
alterações no Regimento Interno 
demissões voluntárias 
promoções por merecimento 
 
12 – Art. 3º O Instituto Nacional de Reforma Agrária Incra fica autorizado a 
promover a desapropriação dos imóveis rurais de que trata este Decreto na forma 
da Lei Complementar nº 76 de 6 de julho de 1993. 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 28 
 
PARTE II – A LINGUAGEM DA REDAÇÃO OFICIAL 
 
 
O ENTRELAÇAMENTO DAS IDEIAS 
 
 
1. O tecido aparente do texto 
 
Um texto não é uma simples justaposição de frases corretas, uma após a 
outra. Exige um entrelaçamento rigoroso das ideias que estão sendo expostas 
para que o leitor não se perca e consiga interpretá-las corretamente. 
 
Ao escrever, nossa preocupação inicial é captar as ideias e ordená-las com 
uma determinada hierarquia, de modo que as principais sejam enfatizadas. Qual é 
nossa ideia central? Como podemos defendê-la? Que exemplos são mais 
interessantes? Quem devemos citar? Que palavras escolher?· Como devemos 
nos dirigir ao leitor? Em que medida devemos explicitar todas as ideias ou deixá-
las implícitas? São questões a que respondemos inicialmente, ao escrever as 
primeiras versões de um texto. 
 
Após essa etapa, voltamo-nos para a sua superfície e procuramos refazê-lo, 
revisando várias vezes a linguagem e as estruturas gramaticais propriamente ditas. 
Vamos cuidar, então, de assegurar a compreensão exata daquilo que estamos 
escrevendo. A preocupação já não é apenas com nossas próprias ideias, mas 
principalmente com a maneira como essas ideias serão apreendidas pelo leitor, 
que está distante de nós, e para o qual não teremos oportunidade de explicar 
melhor ou retificar oralmente algum item mal expresso. 
 
Assim, é muito importante que a coesão textual esteja bem tecida, para que 
o leitor acompanhe a sequência, reconheça a progressão das informações e 
identifique as referências no texto. 
 
 
2. Mecanismos decoesão textual 
 
Pode-se construir a coesão do texto por meio de vários recursos. A 
manutenção do tema é um desses recursos, mas não é suficiente em textos 
dissertativos. A ordem das palavras no período, as marcas de gênero e de número, 
as preposições, os pronomes pessoais, os tempos verbais, os conectivos 
funcionam também como elos coesivos. Cada um desses elementos gramaticais 
estabelece conexões, articulações, ligações, concatenando as ideias. Ou seja, a 
estrutura gramatical das frases trata de criar coesão entre os constituintes de um 
texto. Um exemplo disso é a concordância. Sempre que respeitamos a 
concordância, estamos reforçando a coesão. Observe o texto a seguir: 
 
 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 29 
 
De qualquer forma, o conhecimento ou saber científico distingue-se dos demais 
tipos: o popular, o filosófico e o religioso. Em sua essência, o conhecimento científico é 
real, racional, objetivo, transcendente aos fatos, analítico, claro, preciso, comunicável, 
verificável, dependente de investigação metódica, sistemático, acumulativo, falível, geral, 
explicativo, preditivo, aberto e útil. 
João Salvador Furtado. Expansão da informação científica. In: Anais do Seminário de Publicações Periódicas da Área da Educação. 
Brasília. INEP. MEC. 1983. 
 
Na segunda linha, os três elementos citados concordam com tipo de 
conhecimento e por isso estão no masculino. Nas linhas grifadas, a partir da 
terceira, todas as palavras estão sendo utilizadas em concordância com 
conhecimento científico, portanto, estão no masculino singular. 
 
Além dessas formas gramaticais sistemáticas de ligação entre palavras, 
existem quatro outras estratégias de coesão, que dependem das escolhas 
estilísticas do redator: 
 
• referencial • lexical • por elipse • por substituição 
 
Vejamos como funcionam essas formas de entrelaçamento dos elementos 
que constituem um texto. 
 
 
a) Coesão referencial: 
 
Na elaboração de um texto, a coesão referencial se realiza pela citação de 
elementos do próprio texto. Para efetivar essas citações são utilizados pronomes 
pessoais, possessivos, demonstrativos ou expressões adverbiais que indicam 
localização (a seguir, acima, abaixo, anteriormente, aqui, onde). Esses recursos 
podem se referir, por antecipação, a elementos que serão citados na sequência do 
texto. Podem, ainda, se referir a elementos já citados no texto ou que são 
facilmente identificáveis pelo leitor, como no exemplo: 
 
A explosão da informação é uma das causas do stress do homem moderno. Ela 
pode provocar diversas formas de ansiedade. 
 
 
b) Coesão lexical: 
 
A manutenção da unidade temática de um texto exige certa carga de 
redundância. Assim, estabelecemos uma corrente de significados retomando as 
mesmas ideias e partes de ideias. Essa corrente é formada pela reutilização 
intencional de palavras, pelo uso de sinônimos, ou ainda pelo emprego de 
expressões equivalentes para substituir elementos que já são conhecidos do leitor, 
como no seguinte exemplo: 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 30 
O Doutor Fulano de Tal falou ao nosso repórter no intervalo do congresso. O 
cientista entrevistado reconhece que, a partir do emprego dos conhecimentos 
científicos, foi possível racionalizar os sistemas de produção. Agora esse estudioso quer 
contribuir para a democratização do saber. 
 
 
c) Coesão por elipse 
 
A estrutura gramatical dos períodos na língua portuguesa permite a 
omissão de elementos facilmente identificáveis ou que já foram citados 
anteriormente. Algumas vezes, essa omissão é marcada por uma vírgula. 
Pronomes, verbos, nomes e frases inteiras podem estar implícitos. Esse recurso 
tem o nome de elipse. Veja um exemplo de omissão de sujeito da oração: 
 
A metodologia científica é um conjunto de atividades sistematizadas, racionais, que, 
com segurança e economia, permite que os objetivos sejam atingidos. Implica a 
concepção das ideias quanto à delimitação do problema dentro do assunto, 
identificação de instrumentos, busca de soluções, análise, comprovação, proposição de 
uma teoria. 
 
No texto acima, o sujeito do verbo implica é a metodologia científica. Não 
precisa ser explicitado, pois é facilmente identificado pelo leitor. 
 
 
d) Coesão por substituição 
 
É possível substituir verbos, substantivos, períodos ou trechos de texto por 
conectivos ou expressões que resumem e retomam o que já foi dito. 
 
Alguns exemplos de expressões que servem a esse objetivo são: diante do 
que foi exposto; a partir dessas considerações; diante desse quadro; em vista disso; 
tudo o que foi dito; esse quadro... 
 
1-Preencha as lacunas com palavras que apresentem a circunstância indicada 
entre parênteses: 
1)________________de seu engano, realizaremos nossos sonhos. (concessão) 
2) Estudou _____________ de realizar bom exame final. ( finalidade) 
3) Faça a lição _____________________ o professor mandou.(conformidade) 
4) Comeu tanto _________ se sentiu mal. (consequência) 
5)____________quisesse entrar, não poderia. (concessão) 
6)_____________ que envelhece, fica mais esbelto. (proporção) 
7)_________________não fui atento, não fiz uma avaliação satisfatória. (causa) 
8)____________souberem a matéria, farão boa prova. (condição) 
9) Estudam, ___________________ possam passar de ano. (finalidade) 
10) _____________o professor chegar, começaremos o debate. (tempo) 
11) Ele é forte _____________ o pai. (comparação) 
12) O desejo da morte é um mal, __________ o amor a ela é ainda pior. 
(adversidade) 
 Redação de Documentos Oficiais 
 31 
13)Trabalhamos muito, ______________devemos prosperar. (conclusão) 
14)Tratemos de trabalhar, __________ o trabalho dignifica o homem. (explicação) 
15) Estuda ______ trabalha. (adição) 
16) Estuda ________ trabalha. (alternância) 
17) O relógio é de ouro, não enferruja, ___________________ (conclusão) 
18) Os ladrões não nos ofenderam _______________ nos ameaçaram. (adição) 
19) O orador falou pouco, ___________ disse muita coisa. (adversidade) 
20) _______ namora João, ____________namora Pedro. (alternância) 
 
 2- Faça a união das orações de conectores, atendendo às ideias solicitadas. 
 
a) O povo trabalha muito. Ganha pouco. (adversidade) 
________________________________________________________ 
b) As florestas são preciosas aos homens. Não as desmatemos. (conclusão) 
_________________________________________________________ 
c) O aluno bom aprende. Ensina (adição) 
_________________________________________________________ 
d) Estude É necessário. (explicação) 
_________________________________________________________ 
e) Acabou a gasolina. Estamos a pé. (conclusão) 
_________________________________________________________ 
f) Ele gosta de trabalhar. Eu gosto de estudar. (adversidade) 
_________________________________________________________ 
 
3- Organize as informações de cada item num só período. Faça as coesões 
necessárias para que haja clareza de ideias e coerência de raciocínio: 
 
a) O mestre foi extremamente atencioso com os alunos. Os alunos ficaram até 
impressionados 
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________ 
b) O templo foi construído há muito tempo. O forro e o assoalho estão em ruínas. 
Isso nos obrigará a fazer uma reforma de grandes proporções. 
_____________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 ____________________________________________________________________ 
 
c) As transmissões ao vivo de jogos de futebol pela televisão apresentam um nível 
tecnicamente baixo. A audiência é garantida. As pesquisas do IBOPE atestam 
isso. 
________________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________Redação de Documentos Oficiais 
 32 
EMPREGO DO INFINITIVO 
 
Infinitivo Impessoal 
 
O Infinitivo Impessoal (aquele que não se flexiona) será empregado quando: 
 
a) tiver sujeito idêntico ao do verbo regente (locução verbal) 
 
Não ousaste encarar teu ofensor. 
Sujeito - tu 
 
Costumamos levantar cedo. 
Sujeito - nós 
 
Tomaram a resolução de resistir até o fim. 
Sujeito - eles 
 
b) tiver sentido passivo (vem depois de um adjetivo + preposição e funciona como 
complemento nominal) . 
 
Esses livros são bons de ler (de serem lidos) 
 
Tais coisas não são fáceis de perceber (de serem percebidas). 
 
c) tiver como sujeito um pronome pessoal oblíquo (iniciando uma oração que 
serve de objeto direto (OD) a um verbo causativo ou sensitivo): 
 
Mandou-os sair. 
v. causativo mandar + OD: os – também sujeito de sair = Mandou que eles 
saíssem. 
 
Viu-a fugir. 
v. sensitivo ver + OD: a – também suj. de fugir = Viu que ela fugiu. 
 
 
Infinitivo Pessoal 
 
O Infinitivo Pessoal (aquele que se flexiona) será empregado quando: 
 
a) tiver sujeito diferente daquele da oração principal: 
 
Vejo as crianças brincarem. 
suj.= eu suj = as crianças. 
 
O professor mandou os alunos estudarem. 
suj.= o professor suj.= os alunos 
 Redação de Documentos Oficiais 
 33 
Viveu muito bem sem lhe faltarem amigos. 
suj. = ele suj. = amigos . 
 
O juiz considerava não existirem provas suficientes para condenar o réu. 
suj. = o juiz suj. = provas 
 
Obs. No caso de se empregar, no lugar do verbo existir, o verbo haver, este, por ser 
impessoal, permanece sem flexão. 
O juiz considerava não haver provas suficientes para condenar o réu. 
 
b) tiver sujeito expresso: 
 
É perfeitamente possível os licitantes proporem valores mais baixos, desde 
que não sejam irrisórios ou que não comprometam a execução contratual. (suj. 
= os licitantes) 
 
c) vier preposicionado, sozinho, sem formar locução verbal, precedendo a oração 
principal. 
 
Para saberes, é preciso que estudes. 
 
Ao verem o acidentado caminhar, ficaram perplexos. 
 
Exercícios 
 
I – Preencha a lacuna com a forma correta: 
 
1 - Observamos os políticos se __________ (retirar/retirarem) do plenário, antes 
que a sessão tivesse terminado. 
2 - Nós não quisemos ________ (voltar/voltarmos) atrás, para não se ________ 
(abrir/abrirem) precedentes. 
3 - Ficavam horas a _______ (ver/verem) os nadadores _________ (fazer/ 
fazerem) acrobacias. 
4 - Ela sentiu _________ (tremer/tremerem) as pernas quando foi chamada à 
ordem. 
5 - Naquela noite, até os astros pareciam __________ (brilhar/brilharem) com 
mais intensidade. 
6 - Naquela noite, até os astros parecia __________ (brilhar/brilharem) com mais 
intensidade. 
7 - Envelheceu sem lhe ___________(faltar/faltarem) alegrias. 
8 - Estas ordens são fáceis de _______(dar/darem), no entanto são difíceis de 
__________ (executar/executarem). 
9 - Ao __________(perceber/perceberem) que foram descobertos, decidiram logo 
____________ (fugir/fugirem). 
10 - Comunicamos __________ (estar/estarem) a caminho os visitantes. 
11 - Deixei-os __________ (entrar/entrarem) no recinto. 
 Redação de Documentos Oficiais 
 34 
12 - Julgo _________ (ser/seres) tu o responsável. 
13 - Dizia ____________ (existir/existirem) superstições. 
14 - Dizia ____________ (haver/haverem) superstições. 
15 - Tomaram a decisão de __________(persistir/persistirem) lutando. 
16 - Vimos os carros ___________ (desfilar/desfilarem) na avenida. 
 
 
 
OBSERVAÇÃO 
 
 
Com flexão ou sem flexão: em alguns enunciados, apesar de se poder empregar 
tanto o infinitivo impessoal quanto o pessoal, não é de forma tão indistinta que 
assim se faz. Segundo Bechara (2009, p.286)2, “o infinitivo sem flexão revela que a 
nossa atenção se volta com especial atenção para a ação verbal; o flexionamento 
serve de insistir na pessoa do sujeito”. Ele usa como exemplo: “Estudamos para 
vencer na vida / para vencermos na vida”. 
 
Dessa maneira, é correto escrevermos os períodos abaixo. 
 
As pessoas boas, para mudar o mundo, devem unir esforços numa rede de 
solidariedade contagiante. 
 
As pessoas boas, para mudarem o mundo, devem unir esforços numa rede de 
solidariedade contagiante. 
 
Sabendo-se apenas que o foco, no primeiro enunciado, reside no verbo mudar e, no 
segundo, é o sujeito (as pessoas boas) que está em relevo. 
 
Exemplos: 
 
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência 
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. (art. 24 da CF/88). 
 
 
 
 
 
 
2
 BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª edição revista, ampliada e 
atualizada, conforme o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. 
 Redação de Documentos Oficiais 
 35 
PRONOMES DE TRATAMENTO 
 
Ao fazer um convite, enviar uma carta, uma petição, um cumprimento, e na 
conversação em um evento social onde encontra autoridades, é comum a pessoa 
se perguntar qual o pronome de tratamento que deve empregar, em meio às 
dezenas de expressões que se convencionou considerar as mais respeitosas. 
 
Definidos no âmbito das boas-maneiras, os pronomes de tratamento são 
palavras que exprimem o distanciamento e a subordinação em que uma pessoa 
voluntariamente se põe em relação a outra, a fim de agradá-Ia e ensejar um bom 
relacionamento. Porém, seu emprego abusivo poderá afetar negativamente a 
dignidade da pessoa que os emprega. 
 
O dicionário Aurélio define os pronomes de tratamento como "palavra ou 
locução que funciona tal como os pronomes pessoais". Os gramáticos, por sua 
vez, ensinam que esses pronomes são da terceira pessoa, substituindo o "tu" da 
segunda pessoa. 
 
Isso é fácil de entender. A base desses pronomes são certos qualificativos 
como: Excelentíssimo, Reverendo, Magnífico, Eminente, etc. As formas 
pronominais diretas e indiretas respectivas a esses exemplos são: Vossa 
Excelência, Sua Excelência, Vossa Reverendíssima, Sua Reverendíssima, Vossa 
Magnificência, Sua Magnificência, e Vossa Eminência, Sua Eminência. Usando-as, 
não falo diretamente com a pessoa, mas, estando em sua presença, eu me dirijo a 
ela representada por aquilo que ela tem de notável; uma qualidade que é tomada 
pelo substantivo (ou nome) respectivo. 
 
Por exemplo, a uma pessoa bela, eu diria "Vossa Beleza gostaria de sentar-
se ao meu lado?" dirigindo-me à sua beleza, como se dissesse "Ela, a tua beleza, 
gostaria de sentar-se ao meu lado?". Poderia também falar a respeito dela a uma 
terceira pessoa dizendo: "Sua Beleza já se foi!" ou "Sua Beleza está de mau 
humor". Quando reconheço na pessoa excelsas virtudes e excelência moral, falo 
dela: "Sua Excelência deu-me uma ordem" (A excelência dela deu-me uma 
ordem). 
 
Mas a questão, do ponto de vista gramatical, é um pouquinho complicada. 
Afinal, por que se diz "Vossa Excelência" e não "Tua Excelência" como segunda 
pessoa do singular? Ocorre que um modo de reconhecer ou afirmar com mais 
ênfase é empregar os pronomes no plural, substituindo "tu" por "vós", "tua" por 
"vossa", etc. Assim é na prece "Vós sois o Todo Poderoso", em lugar de ''Tu és o 
Todo Poderoso". 
 
Quando digo "Vossa Excelência", eu estou dizendo que, além de 
reconhecer na pessoa a sua excelência moral, também reconheço a grandeza da 
sua virtude. Então o significado "Ela, a tua excelência" passa a ser "Ela, a vossa 
(grandiosa) excelência". O verbo fica na terceira pessoa do singular porque a 
concordância é feita com a qualidade "excelência" e não com pronome possessivo 
“vossa". 
 Redação de Documentos Oficiais 
 36 
Você. No tempo dos governos por "Direito Divino", os cargos eram 
considerados sagrados e toda autoridade representava a autoridade divina. Então, 
o povo preferiu, de modo mais prático, enaltecer uma qualidade nos poderosos 
que lhe interessavamais de perto: a "misericórdia" ou "mercê" das autoridades. 
Daí dirigir-se o povo às pessoas mais importantes por "Vossa Mercê". O pronome 
"Você" é uma contração da alocução "Vossa Mercê", e é por essa razão que é 
usado como terceira pessoa, pois a concordância se dá com uma qualidade que 
representa a pessoa poderosa, sua magnanimidade ou "Mercê”. 
 
Concordância com os Pronomes de Tratamento 
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam 
certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. 
Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou 
a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É 
que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo 
sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o 
assunto”. 
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de 
tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu 
substituto” (e não “vosso... vossa...”). 
 Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical 
deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que 
compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa 
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, 
“Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. 
 
Emprego dos Pronomes de Tratamento 
 Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular 
tradição. São de uso consagrado: 
 Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: 
a) do Poder Executivo: 
Presidente e Vice-Presidente da República; 
Ministros de Estado3; 
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; 
Oficiais-Generais das Forças Armadas; 
Embaixadores; 
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de 
natureza especial; 
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; 
Prefeitos Municipais. 
 
3 Nos termos do Decreto no 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, art. 28, parágrafo único, são Ministros de Estado, além dos 
titulares dos Ministérios: o Chefe da Casa Civil da Presidência da República, o Chefe do Gabinete de Segurança 
Institucional, o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Advogado-Geral da União e o Chefe da 
Corregedoria-Geral da União. 
 Redação de Documentos Oficiais 
 37 
b) do Poder Legislativo: 
Deputados Federais e Senadores; 
Ministros do Tribunal de Contas da União; 
Deputados Estaduais e Distritais; 
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; 
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. 
 
c) do Poder Judiciário: 
Ministros dos Tribunais Superiores4; 
Membros de Tribunais; 
Juízes; 
Auditores da Justiça Militar. 
 
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de 
Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: 
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, 
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, 
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
 
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do 
cargo respectivo: 
Senhor Senador, Senhor Ministro, 
Senhor Juiz, Senhor Governador. 
 
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades 
tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma: 
 
 
 
 
 
4
 Art. 19. O Procurador-Geral da República terá as mesmas honras e tratamento dos Ministros do 
Supremo Tribunal Federal; e os demais membros da instituição, as que forem reservadas aos magistrados 
perante os quais oficiem. (LEI COMPLEMENTAR Nº 75, DE 20 DE MAIO DE 1993, que dispõe sobre a 
organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União.) 
 Redação de Documentos Oficiais 
 38 
 
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo 
(DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto para 
que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação. 
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para 
particulares. O vocativo adequado é: 
Senhor Fulano de Tal, 
(...) 
No envelope, deve constar do endereçamento: 
Ao Senhor 
Fulano de Tal 
Rua ABC, no 123 
12345-000 – Curitiba. PR 
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do 
superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa 
Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. 
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título 
acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o 
apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem 
concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por doutor os 
bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais 
casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações. 
 
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por força da 
tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o 
vocativo: 
Magnífico Reitor, 
 
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia 
eclesiástica, são: 
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo 
correspondente é: 
Santíssimo Padre, 
(...) 
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações 
aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: 
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou 
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, 
(...) 
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a 
Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima 
 Redação de Documentos Oficiais 
 39 
para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é 
empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos5. 
 
Algumas observações quanto ao tratamento dispensado a outras autoridades: 
 
1. A Lei nº 8.625/93, no art. 41, I, estabelece que os membros do Ministério 
Público devem receber o mesmo tratamento jurídico e protocolar dispensado aos 
membros do Poder Judiciário, portanto os cargos ocupados por promotores e 
procuradores de justiça são de excelência. 
 
2. De acordo com a Lei nº 12.830, de 20 de junho de 2013, que dispõe sobre a 
investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia, no art. 3º, “cargo de 
delegado de polícia é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser 
dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os 
membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados”. 
 
3. Segundo o site da Casa Civil do Governo do Estado do Paraná, 
http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9, 
atribui-se o tratamento de excelência para os embaixadores, e o de senhoria para 
os cônsules. 
 
5
 Texto compilado do Manual de Redação da Presidência da República. 
http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9
 Redação de Documentos Oficiais 
 40 
 
Texto: Trecho de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEVERINO Muito bem. Como é o nome de Vossa Senhoria? 
JOÃO GRILO Minha Senhoria não tem nome nenhum, porque não existe. Pobre tem lá senhoria, só 
tem desgraça. 
SEVERINO Diga então o nome de Vossa Desgracência. 
JOÃO GRILO João Grilo. 
SEVERINO Chega então agora a vez de Sua Desgracência, o Senhor João Grilo, o amarelo mais 
amarelo que já tive a honra de matar. Pode ir, a casa é sua. 
JOÃO GRILO Um momento. Antes de morrer, quero lhe fazer um grande favor. 
SEVERINO Qual é? 
JOÃO GRILO Dar-lhe esta gaita de presente. 
SEVERINO Uma gaita? Para que eu quero uma gaita? 
JOÃO GRILO Para nunca mais morrer dos ferimentos que a polícia lhe fizer. 
SEVERINO Queconversa é essa? Já ouvi falar de chocalho bento que cura mordida de cobra, mas 
de gaita que cura ferimento de rifle, é a primeira vez. 
JOÃO GRILO Mas cura. Essa gaita foi benzida por Padre Cícero, pouco antes de morrer. 
SEVERINO Eu só acredito vendo. 
JOÃO GRILO Pois não. Queira Vossa Excelência me ceder seu punhal. 
SEVERINO Olhe lá! 
JOÃO GRILO Não tenha cuidado. Pode apontar o rifle e se eu tentar alguma coisa para seu lado, 
queime. 
SEVERINO, ao 
Cangaceiro. 
Aponte o rifle para esse amarelo, que é desse povo que eu tenho medo. (Entrega o 
punhal a João sob a mira do Cangaceiro.) E agora? 
CHICÓ Na minha, não. 
JOÃO GRILO Deixe de moleza, Chicó. Depois eu toco na gaita e você fica vivo de novo! 
(Murmurando, a Chicó.) A bexiga, a bexiga! 
Acena para Chicó, mostrando a barriga e lembrando a bexiga, mas Chicó não entende. 
CHICÓ Muito obrigado, mas eu não quero não, João. 
JOÃO GRILO, 
novos acenos 
Mas eu não já disse que toco na gaita? 
CHICÓ Então vamos fazer o seguinte: você leva a punhalada e quem toca na gaita sou eu. 
JOÃO GRILO Homem sabe do que mais? Vamos deixar de conversa. Tome lá! 
Morra, desgraçado! 
Dá uma punhalada na bexiga. Com a sugestão, Chicó cai ao solo, apalpa-se, vê a bexiga e só então entende. 
Ele fecha os olhos e finge que morreu. 
JOÃO GRILO Está vendo o sangue? 
SEVERINO Estou. Vi você dar a facada, disso nunca duvidei. Agora, quero ver é você curar o 
homem. 
JOÃO GRILO É já. 
Começa a tocar na gaita e Chicó começa a se mover no ritmo da música, primeiro uma mão, depois 
as duas, os braços, até que se levanta como se estivesse com dança de São Guido. 
SEVERINO Nossa Senhora! Só tendo sido abençoada por Meu Padrinho Padre Cícero. Você não 
está sentindo nada? 
CHICÓ Nadinha. 
SEVERINO E antes? 
CHICÓ Antes como? 
SEVERINO Antes de João tocar na gaita. 
CHICÓ Ah, eu estava morto. 
SEVERINO Morto? 
CHICÓ Completamente morto. Vi Nossa Senhora e Padre Cícero no céu. 
SEVERINO Mas em tão pouco tempo? Como foi isso? 
CHICÓ Não sei, só sei que foi assim. 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 41 
A IMPESSOALIZAÇÃO DO TEXTO 
 
Um texto é pessoal e subjetivo quando pronomes pessoais e possessivos, 
verbos conjugados em primeira e em terceira pessoa contribuem para que o 
diálogo se estabeleça entre autor e leitor de forma explícita, evidente. 
 
Muitas vezes queremos adotar uma posição impessoal, aparentemente 
neutra, atenuando a dialogia e ocultando o agente das ações. Gramaticalmente há 
muitas maneiras de conseguir esse objetivo. Vejamos algumas delas. 
 
a) Generalizar o sujeito, colocando-o no plural 
 
Uma forma elegante de se distanciar relativamente da subjetividade é 
pluralizar o agente. O uso da primeira e da terceira pessoa do plural é a estratégia 
recomendada quando a intenção é atenuar a subjetividade da primeira pessoa, 
sem adotar a neutralidade absoluta. Frases como: procuramos demonstrar... os 
pesquisadores reconhecem... nossas conclusões... são menos subjetivas que 
procurei demonstrar... reconheço... minhas conclusões ... 
 
b) Ocultar o agente 
 
A expressão é preciso serve a esse propósito de neutralidade. Assim, 
também expressões como: é necessário, é urgente, é imprescindível, são 
utilizadas para ocultar o agente. Quem precisa? Quem necessita? Para quem é 
urgente? Para quem é imprescindível? Não podemos definir com clareza. Toma-
se uma realidade geral, universal, neutra, objetiva. Os textos dissertativos, 
informativos, expositivos, científicos apresentam, muitas vezes, essa característica 
de ocultar o agente. Tudo é dito como se fosse uma realidade que se apresenta 
sem intermediários. 
 
c) Colocar um agente inanimado 
 
Outra maneira de impessoalizar o texto é colocar como agente um ser 
inanimado, um fenômeno, uma instituição ou uma organização. Quando escrevo 
frases como O Ministério decidiu... A diretoria ordenou... O governo protelou... a 
responsabilidade em relação à ação está diluída e não se pode identificar 
claramente de onde ou de quem emanou a iniciativa. É um recurso muito utilizado 
na administração pública e na política. 
 
d) Uso gramatical do sujeito indeterminado 
 
Como a própria nomenclatura indica, não se pode determinar com precisão 
quem realizou uma ação quando usamos a estrutura de sujeito indeterminado. Ela 
é muito útil quando queremos inserir uma informação da qual não sabemos a 
procedência exata. 
Vive-se esperando o aumento de preços. 
Acreditava-se em uma diminuição dos impostos. 
Fala-se muito em renovação dos quadros funcionais. 
 Redação de Documentos Oficiais 
 42 
 
e) O uso da voz passiva 
 
Enquanto na voz ativa temos um agente explícito, na voz passiva esse 
agente pode estar oculto. Assim, usar a passiva sem esclarecer seu agente é um 
recurso gramatical para impessoalizar a informação. Veja o exemplo: 
 
Novas descobertas foram realizadas em centros de estudo e laboratórios ao 
redor do mundo. Está sendo revelado ao mundo que o cérebro é um órgão mais 
fascinante, complexo e poderoso do que antes se imaginava. 
 
Quem realizou? Quem está revelando? A voz passiva oculta o agente. 
 
Como vimos, há diversas maneiras de tornar o texto impessoal, e todas elas 
utilizam recursos e possibilidades presentes no sistema gramatical da língua. 
 
Tópico Gramatical 
 
Concordância dos Verbos na Voz Passiva: o verbo na voz passiva (tanto 
analítica quanto sintética) concorda com o sujeito. 
 
A voz passiva é sempre formada com verbos transitivos diretos, ou seja, os verbos 
que se completam com objeto direto (complemento sem preposição). 
 
Há duas formas de voz passiva: 
1) analítica – formada pelo verbo auxiliar ser e o particípio passado do verbo 
principal. Ex.: Somos amados por Deus. 
2) sintética ou pronominal – formada pelo verbo principal e o pronome 
apassivador se. Ex.: Consideraram-se os resultados. (= Os resultados foram 
considerados.) 
 Observe: 
 
Voz ativa: Aquele investidor aluga apartamento. 
 (sujeito simples) (objeto direto) 
 
Voz passiva analítica: 
Apartamento é alugado por aquele investidor. 
 (sujeito paciente) (agente da passiva) 
 
Voz passiva sintética: 
Aluga-se apartamento. 
 (sujeito) 
Agora faça a concordância: 
 
Voz ativa: Aquele investidor __________ apartamentos. 
Voz passiva analítica: Apartamentos ____________ por aquele investidor. 
Voz passiva sintética: _____________ apartamentos. 
 
 Redação de Documentos Oficiais 
 43 
 
ATENÇÃO! 
De acordo com Bechara (2009, p. 286), “em geral, só pode ser construído na voz 
passiva verbo que pede objeto direto, acompanhado ou não de outro 
complemento”. No entanto, faz-se concessão, por força do uso, aos verbos: 
apelar, aludir, obedecer, pagar, perdoar e responder – admitindo-se construções 
do tipo: 
Os regulamentos devem ser obedecidos 
ou 
As cartas serão respondidas assim que possível. 
 
Concordância em Estruturas com SSuujjeeiittoo IInnddeetteerrmmiinnaaddoo: 
 
Em Língua Portuguesa, há duas estruturas que expressam indeterminação do 
sujeito. 
 
 
a) Com qualquer verbo na terceira pessoa do plural: 
Falaram bem de você na reunião. 
Antigamente, não faltavam com a palavra. 
Invadiram o estádio. 
 
a) Com verbos intransitivos ou transitivos indiretos na terceira pessoa do 
singular mais a partícula de indeterminação do sujeito se. 
Não se morre assim. 
Comenta-se muito sobre as novas medidas. 
Precisa-se de contadores. 
 
 
Quadro comparativo 
Estrutura de Voz Passiva Pronominal 
 
Verbo (transitivo direto) + pronome 
apassivador se 
 
Estrutura de Sujeito Indeterminado 
 
Verbo (transitivo indireto ou intransitivo) + 
índice de indeterminação do sujeito se 
 
O verbo,

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