Buscar

Ansiedade de Separação em Cães e Gatos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO EM CÃES E GATOS 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
LÍGIA HENZ SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA - PARANÁ 
2009 
LÍGIA HENZ SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO EM CÃES E GATOS 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Universidade 
Federal do Semi-Árido- UFERSA, 
Departamento de Ciências Animais, como 
requisito parcial para a obtenção do título 
de especialista em Clínica Médica de 
Pequenos Animais 
Orientadora: Dra. Carla Molento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA – PARANÁ 
2009 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta revisão tem como objetivos descrever a ansiedade por separação em cães e 
gatos; estabelecer os diagnósticos diferencial e definitivo, determinar os sinais 
precoces, definir o tratamento e discutir o manejo da síndrome. A ansiedade de 
separação afeta um considerável percentual de cães. Devido à complexidade e 
diversidade de sinais relacionados às reações à separação foi introduzido o termo 
síndrome de ansiedade por separação (SAS). A SAS prejudica o bem-estar dos cães 
e donos, por implicar em sofrimento para os cães e pelos problemas associados 
(destruição de pertences e queixas de vizinhos) que levam à rejeição, abandono e 
eutanásia. A SAS é caracterizada por sinais clínicos comportamentais que podem 
incluir destruição, vocalização, eliminação imprópria de urina e fezes, anorexia e 
salivação excessiva na ausência do dono. O diagnóstico da SAS e feito após 
descartar outras causas para esses sinais tais como falha na aprendizagem, tédio, 
causas metabólicas de eliminação inapropriada, marcação territorial, problemas 
cognitivos devido à idade avançada. A hipervinculação é um fator necessário para o 
diagnóstico da SAS. O tratamento mais eficaz para a SAS é a terapia 
comportamental aliada a um fármaco, pois faz com que o proprietário se envolva no 
tratamento, diminuindo o risco de desistência. 
Palavras-chave: cães, ansiedade, separação, gatos. 
ABSTRACT 
 
The present review has as objectives describe the separation anxiety in dogs and cats, 
establish the differential and definitive diagnosis, determine early signs, define the 
treatment and discuss the control of the illness. The separation anxiety affects a 
considerable percentage of dogs. Due to the complexity and diversity of signs related to 
the separation reactions the term separation anxiety syndrome (SAS) was introduced. 
The SAS harms the welfare of dogs and owners and cause suffering to the dogs and 
because of the associated problems (belongings destruction and neighbor complaint) 
that lead to rejection, abandon and euthanasia. The SAS is characterized by behavioral 
signs that include destruction, vocalization, urine and feces improper elimination, 
anorexia and excessive salivation in the absence of the owner. The diagnosis of SAS is 
done after discard other causes of these signs like learning fail, boring, metabolic causes 
of improper elimination, territory marking and age- related cognitive problem. The 
hypervinculation is a necessary factor for the diagnosis of SAS. The most efficient 
treatment for SAS is a behavior therapy allied to a drug because helps the involvement 
of the owner to the treatment, reducing the desistance. 
Key-words: dogs, anxiety, separation, cats. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 O comportamento é uma área que necessita de maior atenção por parte dos 
clínicos de pequenos animais. Muitos clientes acreditam que se trata de uma área que 
não compete ao médico veterinário. Entretanto, é do nosso conhecimento que um 
conceito mais amplo de saúde abrange mais do que somente a saúde física. 
 O estudo do comportamento animal, mais especificamente dos distúrbios de 
comportamento dos animais de companhia, é uma das áreas mais interessantes e 
instigantes da medicina veterinária. Embora a origem da observação e do estudo de 
comportamento dos animais domésticos se perca nos primórdios da história, só muito 
recentemente na medicina veterinária se iniciou o estudo sistemático, científico e em 
nível clínico dos distúrbios comportamentais dos animais de companhia. A população 
em geral e mesmo certo contingente de médicos veterinários, manifesta sua estranheza e 
até certo descrédito ao ouvir falar em terapia comportamental aplicada ao cão e ao gato, 
por se tratar de algo relativamente novo, sobretudo no Brasil (PEREIRA, 1996). 
 Nos últimos anos tem se tornado cada vez mais comum para os veterinários 
encontrarem na prática médica animais que apresentam problemas comportamentais 
(BEAVER, 2004). Tem-se estimado que na prática veterinária nos Estados Unidos um 
mínimo de 14% dos pacientes caninos exibem sinais de ansiedade de separação 
(OVERALL, 2001 b). Horwitz (2000) afirma que casos de ansiedade de separação 
ocupam de 5 a 21% dos casos clínicos. Mas, de acordo com Seksel e Lindeman (2001), 
esse percentual pode alcançar 40%, sendo um dos três problemas de comportamento 
mais freqüentes apresentados na Clínica de Comportamento Animal da Universidade de 
Cornell (EUA), juntamente com agressões aos proprietários e a estranhos (TAKEUCHI 
et al., 2001). Um estudo (SOARES, 2007) encontrou 59,22% dos cães acometidos por 
essa síndrome na população de cães de apartamento do bairro de Icaraí e de outros com 
as mesmas características em Niterói-RJ. 
 Embora o cão apresente uma elasticidade comportamental considerável, muitas 
vezes dele se exige mais que ele pode realizar. Surgem então os distúrbios que, na 
maioria das vezes, são comportamentos espécie-específicos normais, porém inaceitáveis 
para o ser humano. Assim, não é apropriado classificar esse tipo de comportamento 
como “anormal”, termo este que deve ser reservado para padrões comportamentais que 
são realmente decorrentes de má-adaptação e aparentemente sem finalidade (PEREIRA, 
1996). Em parte, isso reflete a mudança importante no papel do cão na sociedade, de um 
Formatado: Tabulações: 17 cm, À
esquerda + 18 cm, À esquerda + 
18,25 cm, À esquerda
animal de trabalho em fazenda ou habitante de quintal para um membro da família. Os 
proprietários podem não saber qual é o comportamento canino normal ou podem ter 
expectativas irreais em relação ao cão, pois eles só conheceram cães individuais como 
membros de família e não observaram os aspectos mais universais dos comportamentos 
caninos (BEAVER, 2004). Em conseqüência, a existência de um comportamento animal 
reputado como inaceitável pelo dono, leva a deterioração da relação “proprietário-
animal”, tornando o animal de companhia não uma fonte de prazer e bem-estar, mas sim 
uma “cruz que se é obrigado a carregar” (PEREIRA, 1996). 
 A ansiedade de separação é um problema comportamental comum em cães, pois 
cães são animais sociais e o apego é fundamental para a socialibidade do cão, e em 
conseqüência, para sua sobrevivência. Esse vínculo pode ser tão próximo que o cão se 
torna extremamente ansioso quando separado de seu dono ou outra figura de ligação 
(objeto de afeto) na família (HORWITZ, 2002). Esse problema ocorre quando o 
proprietário não está em casa, ou quando ele está, mas o acesso do cão a ele está 
bloqueado. É um problema comportamental aflitivo, com sérias conseqüências para o 
proprietário e para o animal (LANDSBERG et al., 2004). Embora não se saiba 
exatamente como os animais se sentem, a ansiedade de separação tem sido comparada 
com alguns comportamentos de dor em jovens crianças quando se perdem de seus pais 
em um shopping. Cães com ansiedade de separação apresentam verdadeiro sofrimento e 
requerem tratamento comportamental e possível intervenção médica (HORWITZ, 
2002). É uma doença mais comum do que boa parte dos clínicos tem conhecimento e 
que poderia ser melhordiagnosticada e tratada se a importância do aspecto psicológico 
para a saúde dos pacientes não fosse subestimada. 
 O presente trabalho busca a melhor compreensão da SAS, através da literatura 
atual sobre o assunto, na busca de meios para seu diagnóstico, prevenção e tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. DIAGNÓSTICO 
 
 
 O levantamento do histórico comportamental é o centro da terapia de 
comportamento de animais de companhia (LANDSBERG et al., 2004). Na maioria dos 
casos comportamentais, a maior parte das informações virá a partir da história. O 
objetivo principal é obter uma descrição precisa de todos os aspectos importantes do 
problema, incluindo informações relevantes acerca do animal de estimação, dos seres 
humanos associados e do ambiente (BEAVER, 2004). A descrição, feita por um 
membro da família, de como o animal passa um dia habitual pode ser relevante. O 
clínico deve perguntar onde o animal é mantido quando a família está em casa, fora ou 
dormindo, assim como onde ele passa o tempo quando há visitas e amigos. Se o animal 
fica confinado longe dos convidados, é importante descobrir por que isso é feito. Na 
maior parte dos casos, o animal é separado dos visitantes em razão de algum problema 
comportamental. Perguntar também sobre quanto exercício o animal faz, se ele tem 
brinquedos preferidos, quando e o que ele come, qual a natureza social do animal 
(incluindo como ele se dá com outros animais e se ele fica relaxado, nervoso ou 
agressivo quando encontra pessoas não familiares) (LANDSBERG et al., 2004). Pistas 
sutis, como alerta excessivo, agressão em direção a qualquer coisa que se mova, postura 
da cauda, interação entre proprietário e cão, marcha anormal e relutância em romper o 
contato visual, proporcionam muitas informações complementares. Podem-se armar 
situações para observar melhor as reações do cão. Pode-se tentar fazer o cão encontrar 
outro, fitar o cão e oferecer comida no chão. Até deixar que cães não agressivos vaguem 
na sala de exame fornece um discernimento sobre como eles se comportam e como seus 
proprietários reagem. Outro objetivo consiste em identificar as conseqüências imediatas 
do comportamento, compreender o desenvolvimento do comportamento, e descobrir 
outros problemas relacionados que podem estar presentes. No entanto, no caso dos 
problemas vistos tipicamente em uma situação de consulta, os proprietários geralmente 
descreverão o problema como eles o vêem. (BEAVER, 2004). O terapeuta pode ter de 
confiar em informações incompletas vindas de um proprietário emocionalmente 
envolvido, que pode ver o animal de uma forma antropomórfica demais e pode não ter 
estado presente quando boa parte do comportamento indesejável ocorreu. Isso pode 
dificultar um diagnóstico sólido em alguns casos e impossibilitá-lo em outros 
(LANDSBERG et al., 2004). 
 Pode ser útil começar essas discussões por perguntas aos proprietários acerca de 
onde eles adquiriram o animal de estimação e se eles sabem alguma coisa sobre seus 
pais. Depois, perguntar sobre a descrição da história vital do animal de estimação até o 
presente. As quatro questões gerais a serem respondidas em qualquer sessão de 
anamnese são o quê acontece, onde acontece, quando ocorre e quando começou 
(BEAVER, 2004). Outra pergunta pertinente é “Por que você acha que o animal faz 
isso?” Os proprietários devem fornecer um relato detalhado do que o animal faz, 
incluindo posturas corporais e expressões faciais (LANDSBERG et al., 2004). A 
filmagem do cão após a saída do proprietário pode ser útil para determinar a extensão 
verdadeira do problema (HORWITZ, 2002) e ajudar a descartar outras causas dos 
mesmos sinais (BEAVER, 2004). 
 A família deve descrever todos os métodos que têm sido usados para corrigir o 
problema e quais resultados foram observados (LANDSBERG et al., 2004). O 
conhecimento de que uma terapia específica já foi tentada apropriadamente significa 
que ela não precisa ser realizada novamente. Em alguns casos, essa informação pode 
descartar determinadas possibilidades em uma lista de diagnósticos diferenciais. Caso se 
tenha tentado uma terapia, mas ela foi interrompida antes que pudesse mostrar 
resultados ou se a obediência ao protocolo aceito foi fraca, pode-se tentá-la novamente 
com ênfase nos métodos corretos (BEAVER, 2004). 
 Perguntas sobre punição devem ser feitas de maneira cuidadosa. Se o terapeuta 
perguntar “Você já bateu no animal para corrigir o problema?”, o proprietário pode ficar 
relutante em admitir isso e responder “Não”. Pode ser melhor perguntar, de forma trivial 
“Bater no animal ajudou?” (LANDSBERG et al., 2004). 
 O histórico médico deve se concentrar nos sinais que podem ser indicativos de 
um processo patológico ou um estado de ansiedade crônica (como taquicardia, 
taquipnéia, salivação, distúrbios gastrintestinais, dermatopatias, comportamentos 
autolesivos, e evacuação induzida por estresse e excitação). Aumento de sede e micção, 
alteração no apetite, obesidade, perda de peso acentuada, alterações na higiene, 
diminuição de responsividade a estímulos e alterações no padrão de sono podem ser 
todos indicativos de distúrbios médicos ou comportamentais mais generalizados 
(LANDSBERG et al., 2004). Depois de se obter uma história completa, o passo 
seguinte é um exame físico completo. Como é normalmente feito, o animal deve ser 
avaliado com relação ao peso corporal, a temperatura, a respiração e o pulso. O abdome 
deve ser palpado e o tórax deve ser auscultado. Pode-se precisar colocar uma ênfase 
particular em uma avaliação neurológica, um exame ocular, uma avaliação 
musculoesquelética, um exame prostático e uma avaliação de qualquer lesão cutânea ou 
dos sacos anais. Os problemas físicos devem ser observados e avaliados no contexto 
total. As afecções médicas podem ser fatores de risco comuns em cães trazidos à clínica 
por problemas comportamentais. (BEAVER, 2004). Antes de realizar a consulta 
comportamental efetiva, é muito importante que se realize um exame físico completo e 
que afecções médicas subjacentes sejam descartadas ou tratadas. Por exemplo, o uso de 
modificação comportamental no caso de um gato com micção inapropriada seria contra 
produtivo se a causa subjacente fosse uma doença do trato urinário inferior 
(LANDSBERG et al., 2004). 
 
 
2.1. SINAIS CLÍNICOS 
 
 
 Segundo Overall (2001 b) a ansiedade é a antecipação apreensiva de perigo 
futuro acompanhado de um sentimento de disforia em humanos e sinais somáticos de 
tensão, tais como vigilância, hiperatividade, atividade motora aumentada e tensão. A 
autora aponta como condição necessária para o diagnóstico de ansiedade de separação 
sinais clínicos ou comportamentais de distresse exibidos pelo animal somente na 
ausência do dono ou na impossibilidade de acesso a ele. 
 Uma resposta natural dos cães ao abandono é o aumento na atividade de 
vocalização (VOITH, 1989), micção e defecação inapropriada, mastigação destrutiva e 
escavação. Outros sinais clínicos incluem comportamento medroso, tremores, vômito, 
diarréia, lambedura excessiva, automutilação, procura excessiva por atenção, agressão 
direcionada ao dono no momento em que este deixa a casa (BEAVER, 2004) salivação, 
eliminação e destruição exibidas somente na ausência real ou virtual do cliente 
(HORWITZ, 2002; OVERALL, 1997). Além dos comportamentos citados, podem se 
desenvolver comportamentos compulsivos, que caracterizam o transtorno compulsivo 
(TC) e são definidos como movimentos repetidos intensamente e fora de contexto, 
atribuídos a uma tentativa de reduzir a ansiedade (BEAVER, 2004). Estes 
comportamentos são mais severos no momento mais próximo da separação, e muitos 
comportamentos relacionados à ansiedade podem se tornar aparentes quando o dono 
demonstra que vai sair de casa (OVERALL, 2001 b). 
 Dos sinais, a vocalização excessiva é possivelmente um dos mais incômodos, 
pois afeta diretamentenão só aos proprietários como toda a vizinhança. O latido de um 
cão pode atingir mais de 100 decibéis (dB) e, mesmo com o cão latindo em área externa, 
para um ouvinte dentro de um ambiente fechado pode chegar a 55 dB, o que ainda é 
muito comparado a um nível de ruído aceitável, abaixo de 40 dB (BEAVER, 2004). 
Proprietários freqüentemente relatam que essas vocalizações são diferentes daqueles 
feitas pelo cão em outros momentos e descrevem os sons como tristes (HORWITZ, 
2000). O tom é tipicamente um pouco mais agudo que o observado em outros tipos de 
latido (LANDSBERG et al., 2004). Os donos de cachorros com ansiedade de separação 
geralmente não sabem que os seus cães vocalizam na hora da partida. Tipicamente, o 
dono parte muito depressa para ouvir ou há outros barulhos como o motor do carro ou a 
porta da garagem abrindo e fechando, que impedem o dono de ouvir as vocalizações do 
cachorro (HORWITZ, 2002). Um registrador auditivo ou vídeo podem ser úteis em 
casos nos quais o dono não saiba ao certo se a vocalização ocorre ou não (HORWITZ, 
2002). 
 Animais com síndrome de ansiedade de separação (SAS) em geral evacuarão na 
casa todas as vezes que o proprietário sair (LANDSBERG et al., 2004), sendo que a 
eliminação só ocorrerá quando o dono não estiver em casa (HORWITZ, 2002). Uma 
exceção a isso pode ocorrer quando o proprietário está fisicamente presente, mas 
mentalmente ausente. Isso pode acontecer quando o proprietário está ignorando o cão e 
prestando atenção a um novo bebê ou parceiro social (LANDSBERG et al., 2004). 
Tipicamente a eliminação acontece até 30 minutos após a partida do dono e não tem 
conexão a um período excessivamente longo desde o último acesso para o local de 
eliminação normal do cão. Quando ambas as formas de eliminação acontecem durante o 
mesmo episódio e só na ausência do dono, é provável que o diagnóstico seja ansiedade 
de separação porque poucas condições médicas resultam em tais sinais clínicos 
simultâneos. Entretanto, se o cão não é completamente treinado para ficar em casa, 
então micção e defecação podem ocorrer de forma concomitante (HORWITZ, 2002). 
 Em casos de SAS, a destruição acontece só na ausência da figura de ligação ou 
objeto de afeto (HORWITZ, 2002). Boa parte do comportamento destrutivo também 
começa logo após a saída do proprietário. Esse é um momento em que a ansiedade do 
animal e o nível de excitação são mais altos (LANDSBERG et al., 2004). Alguns 
proprietários estão convencidos de que os comportamentos de destruição são 
propositalmente direcionados a eles, pois o animal está “se vingando” por ter sido 
deixado sozinho ou confinado. Parte desse raciocínio se deve ao fato de que os objetos 
comumente danificados incluem itens pessoais do proprietário (como livros, roupas, 
sapatos e assentos de sofá). O que esses objetos têm em comum é o fato de serem 
manipulados pelo proprietário com freqüência e de conterem o odor do proprietário. O 
contato com esses itens pode servir para o animal lembrar-se do proprietário ausente, 
causando ansiedade, o que provoca comportamento de deslocamento destrutivo 
(LANDSBERG et al., 2004). Outros alvos comuns de destruição por parte do cão são 
pontos de saída da casa. Portas e bordas de janelas são arranhadas ou mastigadas, 
janelas podem ser quebradas e suas molduras arrancadas, tapetes e pavimentos podem 
ser arranhados. A destruição pode acontecer como resultado de tentativa do cão em se 
reunir com o dono (HORWITZ, 2002). 
 Nem todos os cães afetados pela síndrome exibem os mesmos sinais, ou exibem 
sinais com a mesma intensidade. Sialorréia ocorre em uma porcentagem pequena de 
cães que exibem SAS. O dono pode achar poças de saliva no chão ou o cão se apresenta 
molhado com sua própria saliva, ou ambos. Outros sinais às vezes associados à 
ansiedade de separação são: o cão tenta fisicamente bloquear a saída do dono; 
lambedura excessiva; perda do apetite; inatividade quando separado da figura de ligação 
(objeto de afeto); diarréia ou vômito. Muitos cães também têm ataque de pânico, 
durante os quais eles desesperadamente tentam escapar do local onde estão (HORWITZ, 
2002). Soares (2007) encontrou também uma alta incidência de quadros depressivos 
(31,15%). Beaver (2004) afirma que os quadros da SAS estão associados ao surgimento 
de comportamentos compulsivos em cães. 
 Uma alteração no padrão de comportamento foi observada (SOARES, 2007) nos 
animais mais velhos. O grupo de animais considerado positivo para SAS e com mais de 
sete anos de idade mostrou um padrão de reações à partida do dono diferente daquele 
apresentado pelo grupo de positivos para SAS com menos de sete anos. O grupo de 
idosos, ao antecipar a partida do proprietário, comportou-se de maneira mais passiva, se 
isolando em um local específico e remoto da casa, o que pode sugerir uma forma de 
adaptação a uma realidade imutável para esses animais. 
 Acredita-se que gatos também possam vir a desenvolver ansiedade de separação. 
Segundo Beaver (2005), alguns gatos demandam atenção particular desde a infância. 
Esses gatos podem perambular e vocalizar caso o dono não esteja prontamente 
disponível, até o ponto de interferir no sono do proprietário. O comportamento de apego 
excessivo pode aumentar à medida que o gato envelhece, sendo considerado uma das 
principais causas de eutanásia de gatos idosos, porém saudáveis (HOUPT, 2001). Um 
estudo (SCHWARTZ, 2003) realizado com 136 registros médicos coletados ao longo de 
dez anos, de gatos com sinais clínicos da síndrome (eliminação inapropriada, 
vocalização excessiva, destruição ou automutilação) foram analisados. Defecação 
inapropriada estava presente em uma percentagem maior em fêmeas castradas do que 
em machos. Setenta e cinco por cento dos gatos que apresentavam eliminação imprópria 
urinavam exclusivamente na cama do dono. A ansiedade decorrente da separação foi 
apenas recentemente definida como um problema em gatos, apesar de ser conhecida 
desde que foi descrita em cães (BEAVER, 2005). 
 O diagnóstico da SAS pode ser difícil porque os sinais mais óbvios, tais como 
vocalização, eliminação imprópria e destruição, podem ser vistos em muitas outras 
desordens comportamentais. Isso ficou evidente no estudo de Flannigan; Dodman 
(2001). Eles criaram e desenvolveram um índice para ajudar a diagnosticar a ansiedade 
por separação que não se encaixava nesses comportamentos óbvios. Em vez disso, os 
três comportamentos usados para gerar um índice foram: comportamento de recepção 
aumentado, ansiedade causada por sinais de despedida, e comportamento de 
acompanhar exageradamente o dono. Eles foram graduados em uma escala de 0 a 5 (0= 
ausente, 5=extremo). Os autores sugeriram que um diagnóstico de ansiedade por 
separação é viável para índices de 10 a 15. Mesmo assim, um bom julgamento clínico é 
indispensável. O índice é apenas um auxílio para se diagnosticar problemas 
comportamentais corretamente, com o propósito de assegurar o correto tratamento. 
Overall et al. (2001) também buscaram um meio de diagnosticar corretamente 
problemas comportamentais em seu estudo de caso comparando a presença de 
ansiedade por separação e fobias de barulho e de tempestades em cães. O estudo 
mostrou que cães acometidos por ansiedade de separação mais provavelmente teriam 
também fobia de barulho e de tempestades assim como cães com fobia de barulho e de 
tempestades eram aqueles que mais provavelmente teriam ansiedade de separação. Isso 
indica que para se tratar os cães corretamente e melhorar seu bem-estar, reduzindo medo 
e ansiedade, é uma boa idéia investigar as duas outras desordens se um cão é 
apresentado com uma das três. 
 Alguns animais podem apresentar sinais clínicos da SAS somente em algumas 
ocasiões e outros podem não exibir tais sinais por serem deixados sozinhos raramente 
ou nunca (SOARES, 2007). 
 
 
2.2. FATORES DE RISCO 
 
 
 As pesquisas sobre SAS têm se concentradona compreensão dos 
comportamentos e fatores de risco, prevenção de problemas comportamentais, detecção 
e tratamento precoces da ansiedade por separação com a terapia comportamental 
associada com a droga correta, quando é recomendável associar uma droga. As causas 
da SAS geralmente envolvem experiências negativas precoces (abandono e abrigo de 
animais), apego excessivo ao dono, experiências traumáticas que ocorreram quando o 
cão estava sozinho, uma mudança na família ou meio, a necessidade de convívio social 
inerente à espécie, ou uma alteração na quantidade de tempo que o proprietário e o cão 
gastam juntos. 
 
 
 
 
 
 
 
2.2.1 Necessidade de convívio social 
 
 
 Um fator que deve ser levado em consideração é a necessidade que o cão tem, 
desde seus ancestrais selvagens, de viver em grupo (BEAVER, 2004), bem como uma 
predisposição genética, haja visto que cães são criados para serem socialmente 
dependentes e devotados aos humanos. Além disso muitas vezes o comportamento 
dependente e infantilizado dos cães é, mesmo que de forma não intencional, encorajado 
e reforçado pelos donos. 
 
 
2.2.2. Idade 
 
 
 É comum filhotes apresentarem sinais de ansiedade de separação, pois estes 
estão se adaptando a uma nova realidade, já foram separados dos irmãos de ninhada, da 
mãe e dos primeiros humanos com que tiveram contato. Nesta fase também podem 
ocorrer as maiores dificuldades para o diagnóstico da SAS, pois esta pode estar 
associada a quadros de mastigação infantil e educação sanitária incompleta (BEAVER, 
2004). 
 A média de idade dos cães quando do surgimento dos sinais de SAS é de cerca 
de um ano e meio (TAKEUCHI et al., 2001). Um estudo (LUND et al., 1996)
 
realizado 
em 2.238 cães relatou que cerca de 80% dos problemas comportamentais foram 
relatados dentro dos três primeiros anos de vida. Para alguns cães, os primeiros sinais da 
SAS ocorrem ocasionalmente; então se intensificam com o passar do tempo – 
possivelmente quando o cão torna-se mais velho. Porém cães idosos são mais 
suscetíveis ao desenvolvimento da síndrome em virtude das alterações metabólicas 
decorrentes da idade. Distúrbios de eliminação decorrentes da perda (total ou parcial) de 
controle dos esfíncteres anal e uretral provocam reações dos donos, que passam a 
manter o cão preso em canil ou restringir seu acesso aos espaços de convívio mais 
íntimo com a família. Estudos sugerem que até 50% de cães idosos podem exibir algum 
comportamento de SAS (HORWITZ, 2001). Sabe-se também que existem mudanças 
idiopáticas que ocorrem em cães mais velhos e, sem nenhuma razão aparente, um cão 
que era capaz de permanecer sozinho por toda sua vida não pode mais ser deixado 
sozinho (OVERALL, 2001 b). 
 
 
2.2.3. Idade de adoção 
 
 
 De acordo com Beaver (2004), o aprendizado estável começa com oito a nove 
semanas de idade em cães e as experiências traumáticas para o cão nessa fase da vida 
não são esquecidas e podem afetar seu comportamento e bem-estar. Em certos casos, o 
comportamento começa pouco depois que o cão ingressa na família. Em outros casos, 
nenhuma causa pode ser identificada (HORWITZ, 2002). 
 Riva et al. (2008), comparando 20 cães ansiosos com um grupo controle de 13 
cães normais, observaram uma correlação significativa (P < 0.05) entre ansiedade e 
adoções tardias. Enquanto no grupo controle 77% dos cães foram adotados no período 
considerado correto - entre 60 e 90 dias (OVERALL, 1997), no grupo dos cães ansiosos 
40% desses cães foram adotados após três meses de idade. 
 No entanto Soares (2007) observou uma relação inversa a esta. Uma relação 
significativa entre a idade de aquisição e o desenvolvimento da SAS foi observada, 
mostrando assim que animais adquiridos até os três meses de idade mostraram-se mais 
predispostos para a síndrome. Outro achado foi a relação estatisticamente significativa 
entre ter pedigree e o desenvolvimento da SAS. Tal achado pode ser explicado pelo 
seguinte fato: dentre os 36 animais com pedigree, 29 (80,0%) foram adquiridos dentro 
do período de socialização primária (três primeiros meses de vida) e desses, 22 (61,1%) 
foram considerados positivos para SAS. 
 Apesar desses autores terem encontrado resultados opostos, ambos apontam para 
a importância do período de sociabilização primária nos cães, no qual os cães formam 
vínculos e são mais suscetíveis a traumas. Esses resultados conflitantes poderiam ser 
explicados pela diferente origem dos animais dos grupos de cães ansiosos em relação ao 
grupo de cães normais estudados por Riva et al. (2008). 
 
 
 
2.2.4. Origem dos animais 
 
 
 Riva et al. (2008) encontraram uma diferença significativa (P < 0.05) em 
relação a origem dos cães: 35% dos 20 cães ansiosos tinham vindo de um abrigo para 
cães ou canil ou foram encontrados por acaso contra 0% dos 13 cães não ansiosos do 
grupo controle. 
 Flannigan et al. (2001) descobriram que cães adotados da rua ou de um abrigo 
desenvolveram ansiedade de separação mais comumente do que cães adquiridos de um 
criador, amigo ou pet shop. Parte do risco de se relocar um cão proveniente de um 
abrigo em outro lar está provavelmente associado ao fato de que os sinais associados 
com a ansiedade de separação são um dos mais comuns motivos do abandono desses 
animais (BEAVER, 2005; FLANNIGAN; DODMAN, 2001; HORWITZ, 2000). 
Segurson (2003) desenvolveu um teste com o objetivo de determinar a adotabilidade de 
um cão, bem como para determinar se o cão é um risco à saúde publica e para 
[U1] Comentário: Como assim? Se 
fossem mais velhos, a incidência 
diminuiria? Então é uma correlação inversa 
à de Riva? É necessáiro explicar melhor 
este parágrafo. 
[U2] Comentário: Em geral, para 
porcentuais utiliza-se somente uma casa 
decimal. 
[U3] Comentário: Explique 
[U4] Comentário: Que vinha de onde? 
determinar quando pode ser feita alguma coisa para aumentar a adotabilidade de um 
cão. 
 Segurson et al. (2005) analisaram um questionário comportamental utilizado em 
abrigos animais quanto à presença de resultados equivocados. Proprietários que 
abandonaram seus cães e concordaram em completar o questionário comportamental 
foram alternadamente separados em dois grupos. Esses proprietários foram alertados se 
as informações por eles providas seriam confidenciais ou não. Os dados das 
informações confidenciais e não confidenciais foram comparados e os primeiros foram 
comparados com um grupo de cães domiciliados. Análises revelaram diferenças 
significativas em duas áreas do comportamento relatado entre o grupo de informações 
confidenciais e o de não confidenciais: agressão direcionada ao dono e medo 
direcionado a estranhos. Comparados aos dados de cães domiciliados, mais cães 
abandonados em abrigos no grupo de informações confidenciais foram relatados 
apresentando agressão direcionada ao dono, agressão direcionada a cães ou medo, 
agressão direcionada a estranhos, medo de estranhos, fobia não social e 
comportamentos relacionados à separação. Esses resultados sugerem que questionários 
comportamentais podem algumas vezes prover informação com pouca acurácia em um 
abrigo, mas as informações podem ainda ser úteis quando se avalia o comportamento de 
cães abandonados. 
 
 
 
 
 
 
2.2.5. Erros na educação do cão 
 
 
 A SAS geralmente é provocada por uma falha na socialização primária do cão, 
quando o vínculo primário não é quebrado como deveria naturalmente acontecer ou 
quando os proprietários reforçam comportamentos ansiosos dos cães. 
 Takeuchi et al. (2001) analisaram muitas variáveis em casos de problemas 
comportamentais em cães (78 casos de SAS). Descobriram que somente 36,6% tinham 
sido treinados para obediência. Beaver (2004) afirma que cães treinados para obediência 
apresentam uma incidência diferente de problemas comportamentais, incluindo a 
ansiedade de separação, do que cães sem treinamento. Takeuchi et al. (2001) apontamtambém que 70% dos cães com a doença receberam apenas punições verbais em seu 
processo de educação. Então pode-se concluir que a falta de uma educação correta e 
consciente é um fator predisponente para a ansiedade de separação. 
 
 
 
 
 
2.2.6. Relação ser humano-animal e hipervinculação 
 
 
 A maioria dos animais com SAS vive em apartamentos na área urbana 
(TAKEUCHI et al., 2001). Na maioria dos casos de ansiedade de separação, uma 
ligação muito íntima existe entre o cão e seu dono ou outro membro da família (objeto 
de afeto) (HORWITZ, 2002). Tal ligação exagerada tem sido chamada de 
hipervinculação (KING, 2000). Quando o proprietário está em casa, o animal pode 
mantê-lo continuamente dentro de seu campo de visão ou pode ficar o tempo todo ao 
seu lado. Porém, esse não é um achado consistente já que há alguns animais com 
ansiedade de separação que não buscam contato físico contínuo quando os membros da 
família estão em casa (LANDSBERG et al., 2004). O principal candidato a esse tipo de 
problema é um cão com temperamento ligeiramente ansioso, que solicita a atenção do 
proprietário com sucesso sempre que quiser, e é bastante sensível a alterações 
ambientais. A presença ou adição de outro animal de estimação não diminui os sinais de 
ansiedade de separação (HORWITZ, 2000). Quando a figura de ligação se prepara para 
partir, esse cão pode se tornar crescentemente ansioso e apreensivo, demonstrando 
sinais como ganido, procura de atenção do proprietário, ou postura imóvel. O animal 
pode também em vez disso, parecer triste ou deprimido, recusando-se a pegar petiscos, 
podendo apresentar ainda alterações físicas como vômito, taquicardia, sialorréia e 
ofegação (HORWITZ, 2002). Esses sinais ocorrem em resposta a dicas de partida 
reconhecíveis, como pegar a chave do carro, vestir um casaco, pegar uma maleta, dentre 
outras (LANDSBERG et al, 2004). Quando a figura de ligação retorna à casa, o cão 
demonstra excitação extrema por períodos prolongados. O comportamento extravagante 
[U5] Comentário: Melhorar a frase, 
escreva com mais cuidado... Exemplos em 
uma frase necessitam de formato coerente – 
ou sempre verbos no infinitivo, ou sempre 
verbos conjugados, ou sempre substantivos, 
etc. 
de saudação como correr, saltar e vocalizar pode persistir durante 10 minutos ou mais. 
O comportamento extremo de saudação pode eventualmente ocorrer quando a figura de 
ligação deixa a casa só brevemente. Freqüentemente, figuras de ligação exacerbam esse 
comportamento ao ceder uma quantia irregular de atenção ao cão no retorno, 
recompensando indevidamente o animal por seu comportamento entusiasmado. Em 
alguns casos, o cão não exibe sinais de ansiedade de separação todas as vezes que o 
dono deixa a casa (HORWITZ, 2002). 
 Riva et al. (2008) observaram mais cães ansiosos em relação ao grupo controle 
(50% vs. 10%; P < 0.05) vivendo com um casal ao invés de uma família com criança. A 
estrutura familiar parece, de fato, ter relação com distúrbios de comportamento ansiosos 
no cão, o que também pode interferir nos planos de tratamento (FLANNIGAN; 
DODMAN, 2001). Muitas vezes o cão pode ser tratado como um bebê. Este estudo de 
Riva et al. (2008) também mostrou uma diferença significativa (P < 0.005) em relação 
ao local onde o cão dorme. Dentro do grupo de cães ansiosos, 45% dormiam no sofá ou 
na cama, 45% na cesta própria para o cão e 10% em outros lugares comparados com 
todos os cães do grupo controle que dormiam na cesta. A cesta deveria representar um 
local relaxante e protetor para o cão. Outro achado no mesmo estudo (RIVA et al., 
2008) foi que cães do grupo controle não tinham sempre comida a disposição, enquanto 
35% dos cães ansiosos tinham comida continuamente à disposição (P<0.05). Acredita-
se distribuição de comida em séries de atos regulares e rítmicos permite uma clara 
hierarquia entre o cão e seu proprietário (HORWITZ, 2002). Soares (2007) encontrou 
um número elevado de animais (71,43%) caracterizado como negativo para a SAS, mas 
que apresentava hipervinculação. Embora essa característica seja necessária para o 
diagnóstico da SAS (HORWITZ, 2001) ela pode ocorrer sem que a síndrome ocorra. 
 A hipervinculação é uma característica da relação ser humano-cão e se torna um 
complicador para o tratamento da SAS por envolver o emocional do proprietário 
(SOARES, 2007). 
 
 
2.2.7. Níveis plasmáticos de hormônios e neurotransmissores 
 
 
 Hennessy et al. (2001) realizaram um estudo em cães de um abrigo, após a 
adoção desses cães, para procurar fatores predisponentes para problemas 
[U6] Comentário: Estudos não 
encontram... 
[U7] Comentário: Ou se põe o valor de 
P ou se fala "estatisticamente" – são duas 
formas de se expressar a mesma idéia. 
comportamentais. Eles usaram níveis de cortisol plasmático e um teste comportamental 
que seria útil para selecionar cães para a adoção e para aumentar o bem-estar detectando 
quais cães precisam de terapia comportamental. Os primeiros poucos dias em um abrigo 
para animais são supostamente muito estressantes para os cães, então os níveis de 
cortisol foram medidos nos dias dois e nove. Foram também testadas as reações de cada 
cão em relação a ficar sozinho, com pessoas e a vários estímulos. Questionários para 
acompanhamento foram entregues a novos proprietários duas vezes após a adoção. O 
primeiro questionário foi entregue duas semanas após a adoção e o segundo após seis 
meses de adoção. Foram realizadas análises estatísticas sobre todos os dados coletados. 
Descobriram que filhotes que tiveram contato com estímulos ameaçadores no teste 
tiveram os maiores problemas comportamentais em casa. Também se descobriu que 
cães com menores níveis de cortisol plasmático exibiram os comportamentos mais 
indesejáveis mais tarde. Uma correlação paralela a essa já havia sido feita na medicina 
humana envolvendo baixos níveis de cortisol e problemas comportamentais em 
crianças. Isto nos dá a primeira indicação de que seria possível usar uma mensuração 
endócrina para prever problemas comportamentais em cães incluindo a SAS. Entretanto 
precisam ser feitos mais trabalhos dentro desse conceito, com mais cães e 
acompanhamento mais detalhado. 
 Tem-se estudado a correlação entre problemas comportamentais e 
neurotransmissores. Dois dos neurotransmissores, serotonina e norepinefrina, são 
importantes no desenvolvimento de respostas emocionais. Níveis de serotonina 
aumentados em certas partes do cérebro reduzirão angústia e medo, sinais associados 
em cães com ansiedade de separação (HORWITZ, 2000). A correlação entre a 
serotonina e o comportamento agressivo foi experimentalmente obtida através de lesões 
na células serotoninérgicas da rafe em ratos de laboratório: animais foram se tornando 
irritáveis, reagindo de forma exagerada a estímulos leves (MICZEK e DONAT, 1989 
apud RIVA et al., 2008). Níveis de norepinefrina aumentados em certas partes do 
cérebro podem aumentar a capacidade de aprender de alguns cães, melhorarando o 
resultado da terapia de modificação de comportamento (HORWITZ, 2002). Acredita-se 
que dopamina esteja envolvida no processo cognitivo da memória do trabalho 
(BEAVER, 2004), e em padrões de comportamento ativo como comportamento sexual e 
agressão. Segundo Riva et al. (2008) níveis plasmáticos de dopamina e serotonina são 
significativamente maiores em cães ansiosos, enquanto os níveis de norepinefrina são 
semelhantes aos observados em cães não ansiosos. As concentrações plaquetárias de 
serotonina mostram uma tendência a menores níveis de concentração nos cães ansiosos 
em comparação aos cães controle. Tais resultados demostram que os sistemas 
serotoninérgico e dopaminérgico podem desempenhar um importante papel em relação 
a exibição de problemas relacionados a comportamentos de ansiedade. No entanto Riva 
et al.apontaram para o fato de não se saber ao certo a possibilidade de níveis 
plasmáticos dos neurotransmissoresavaliados refletirem o que está acontecendo em 
nível cerebral. Então essa hipótese precisa ser confirmada em uma amostra maior de 
cães na qual os níveis plaquetários de serotonina devam ser comparados aos níveis de 
serotonina no sistema nervoso central. 
 
 
 
2.2.8. Eventos predisponentes 
 
 
 A doença pode se desenvolver gradualmente, ou rapidamente quando 
associada a um evento traumatizante, como permanecer no meio de um incêndio, ou em 
casa durante um assalto. Cães nessas situações podem ter uma experiência pior do que 
aqueles cães nos quais a doença se desenvolve de forma gradual e podem se beneficiar 
de um tratamento imediato com medicamentos ansiolíticos combinados com 
modificação comportamental (OVERALL, 2001 b). 
 
 
2.2.9. Mudança no cotidiano 
 
 
 Em muitos casos de SAS, o comportamento inapropriado só é aparente após uma 
mudança no cotidiano. A princípio, o cão está bem até as 17h30 ou 18h00 quando o 
cliente está acostumado a chegar a sua casa. Se a rotina do cliente muda e ele agora não 
está em casa até as 20h00, o cão pode começar a exibir sinais de pânico as 18h00 
(OVERALL, 2001 b). Soares (2007) observou que dentre 45 cães avaliados como 
positivos para a SAS, sete (15,56%) apresentaram histórico de desenvolver os sinais de 
SAS apenas em condições específicas e quatro relataram que seus cães apresentavam os 
sinais quando havia mudanças na rotina. 
2.2.10. Raça e sexo 
 
 
 Acredita-se que haja predisposição genética para diversos problemas 
comportamentais e que esta possa estar relacionada aos níveis de neurotransmissores 
e/ou à eficiência de seus receptores no SNC, causando o surgimento de ansiedade, entre 
outros problemas (TAKEUCHI; HOUP, 2003). 
 Flannigan; Dodman (2001) também procuraram fatores predisponentes para a 
SAS em um estudo de caso de 200 cães afetados. Descobriram que dentre 131 raças 
puras com a síndrome, a maioria foi de Pastor Alemão, seguido por um número 
significativo de Labradores, Golden Retrievers, English Springer Spaniels e English 
Cocker Spaniels. Takeuchi et al. (2001) descobriram que um alto percentual de raças 
puras com ansiedade por separação eram raças de caça e tiro. Já Lund et al. (1996) 
encontraram resultados diferentes destes em seu um estudo de caso-controle. Nesse 
estudo compararam 13 raças ou grupos raciais incluindo raças mestiças com um grupo 
de referência formado unicamente por animais da raça Labrador Retriever e 
encontraram um maior risco para a ansiedade em Poodles e Fox Terriers, em relação ao 
grupo controle, de Labradores. Relataram também que Dachshunds, terriers com 
exceção do Fox Terrier e raças mestiças parecem ter menor risco para ansiedade e maior 
risco para problemas relacionados à falha de treinamento e todos os tipos de agressão. 
 Beaver (2004) afirma que ocorrem diferenças raciais com relação ao 
comportamento, no entanto, podem ocorrer problemas com uma raça particular, de 
acordo com a sua popularidade, sua localização geral e o tempo. Ocorrem tendências 
nacionais, mas o fato de que determinadas raças se posicionam no topo da lista de cães-
problema pode não ser significativo. A incidência relativa de um problema 
comportamental específico em uma raça pode variar com a localização. Uma razão é 
que, algumas vezes, uma raça é mais popular em uma área que em outras. A incidência 
de um problema comportamental dentro de uma raça pode variar com o tempo 
(BEAVER, 2004). 
 O que se pode concluir a respeito do alto percentual das raças acima citadas 
dentre os animais acometidos por SAS é que essas raças foram originalmente criadas 
para desempenhar um trabalho, como caça e tiro. Supõe-se que esses cães tornem-se 
estressados sem a atividade mental que eles naturalmente usariam se estivessem 
desempenhando tais funções. 
 Há descrição de um número maior de machos desenvolvendo SAS (KING et al., 
2000; TAKEUCHI et al., 2001). Entretanto Soares (2007) encontrou uma 
predominância estatisticamente significativa de fêmeas castradas em relação aos 
machos, em um estudo realizado em cães de apartamento em Niterói. 
 
 
2.2.11. Interação com o proprietário 
 
 
 Soares (2007) avaliou a interatividade a partir de dois parâmetros: a rotina de 
passeios e um índice que denominou interação mínima desejável. A interação 
considerada com a mínima desejável incluiu brincadeiras ou escovações diárias ou 
quatro passeios diários de 20 minutos. Foi observado que o número de casos de SAS foi 
menor no grupo de cães que passeavam diariamente e maior no grupo em que animais 
interagiam menos com seus “donos”. Tais achados sugerem que a interação com o 
proprietário interfere de forma positiva, diminuindo os riscos de desenvolvimento de 
problemas relacionados a separação. 
 
 
3. TRATAMENTO 
 
 
 De acordo com boa parte dos autores a melhor opção é usar a terapia 
comportamental e modificação ambiental em conjunção com uma droga (HORWITZ, 
2000; KING, 2000; LANDSBERG et al., 2005; SEKSEL; LINDEMAN, 2001; 
SIMPSOM, 2000, ; TAKEUSHI et al., 2000; ). Apesar da terapia comportamental 
sozinha, em médio e longo prazo, obter resultados positivos na redução dos sinais de 
SAS, o uso de medicamentos tem algumas vantagens. A terapia medicamentosa pode 
reduzir em até três vezes o tempo de tratamento e, com isso, estimular os proprietários a 
continuarem com a terapia comportamental (KING et al, 2003). Além disso, a terapia 
medicamentosa diminui o nível de ansiedade do paciente, favorecendo a resposta para 
terapia comportamental (HORWITZ, 2000). 
 Os princípios da terapia comportamental incluem não castigar (por exemplo, 
por destruição ou eliminação dentro de casa), incrementar o exercício, reduzir a emoção 
nos momentos de partida ou reuniões sociais, não associar nenhum evento com a saída 
do dono, bem como dessensibilizar o cão às saídas e ausências do dono (TAKEUSHI et 
al., 2000). A melhora quanto à destruição, defecação ou micção foi comunicada em 50-
57% dos cães dentro dos três primeiros meses da terapia comportamental (KING, 
2000). Uma dificuldade que se encontra é que os donos, na prática, muitas vezes não 
têm vontade ou condições de implementar programas completos de terapia 
comportamental (TAKEUSHI et al., 2000). Tais programas exigem tempo e disciplina 
dos proprietários. Outro fator a ser levado em consideração é o lado emocional do 
cliente. Pode ser traumático tanto para o cão quanto para o proprietário quebrar o 
vínculo excessivo. Uma vez que esses clientes são muito apegados ao seus animais, 
ignorá-los pode ser muito difícil para eles. 
 As medidas corretivas para os comportamentos indesejáveis devem ser baseadas 
nos fatores que os geraram. Não se obtém bons resultados simplesmente punindo o cão 
por ele latir, sujar ou destruir a casa. 
 As coleiras anti-latido contêm um dispositivo que gera um impulso elétrico ou 
desprende uma pequena porção de líquido como a citronela, ambos causam uma 
sensação desagradável no cão no momento em que este começa a latir. Nos casos de 
ansiedade de separação o uso dessas coleiras como técnica punitiva é contra-indicado. 
Apesar dessas coleiras serem eficientes em diminuir os latidos, elas aumentam 
significativamente o estresse do animal (BEAVER, 2004). 
 O simples confinamento do animal em uma caixa ou canil não constitui uma 
solução em curto ou longo prazo, pois esses cães podem ficar extremamente ansiosos e 
destruir o canil, podendo machucar suas patas ou boca tentando sair (BEAVER, 2004). 
 
 
3.1. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
 
 
 A intervenção farmacológica pode ser um tratamento auxiliar muito importante 
para cães com problemas graves. No caso de situações em que um proprietário frustrado 
não consegue mais tolerar o comportamento do animal, ela pode salvar a vida do cão. 
 Exames físicos e avaliações laboratoriais pré-tratamento são importantes, já que 
a maior parte das medicações psicoativas requer funções hepáticae renal normais para 
garantir um metabolismo apropriado (LANDSBERG et al., 2004). 
 No tratamento da ansiedade de separação canina, o objetivo do medicamento é 
reduzir o nível de ansiedade global do paciente. Quando o nível de ansiedade do 
paciente é diminuído, a resposta para terapia de comportamento deve ser maior e mais 
rápida (HORWITZ, 2000). 
 Em gatos, o tratamento da ansiedade de separação pode ser mais dependente de 
fármacos que o tratamento típico destinado aos cães. Segundo os proprietários, vários 
gatos afetados são muito ansiosos e nervosos, de modo que drogas como 
antidepressivos tricíclicos (TCA) e inibidores seletivos da recaptação da serotonina 
(SSRI) são apropriadas. A dessensibilização gradativa à saída do proprietário pode ser 
ensinada, podendo ser associada ao fornecimento de alimento, como um fator contra 
condicionador. É necessário descartar a possibilidade de desvio de ciclo sono-vigília, 
que pode ser tratado com melatonina, e disfunção cognitiva felina. Caso o diagnóstico 
seja de ansiedade de separação, a terapia comportamental pode propiciar ao gato 
tolerância aos curtos períodos de ausência do proprietário, podendo a duração de tais 
períodos ser aumentada gradativamente (BEAVER, 2005). 
 A droga mais comumente usada e documentada para o tratamento de cães com 
ansiedade de separação é o cloridrato de clomipramina, com a administração adicional 
de benzodiazepínicos em casos severos (KING, 2000). A dose da clomipramina é 1 a 2 
mg/kg PO BID, via oral (PETIT et al., 1999; KING, 2000). 
 Overall (2001 a) afirma que amitriptilina é usada com sucesso no tratamento de 
ansiedade de separação e ansiedade generalizada, mas pelo fato dessa droga ser menos 
seletiva na recaptação da serotonina ela se apresenta menos efetiva e com mais efeitos 
sedativos e anticolinérgicos (KING, 2000). A dose da amitriptilina é 1-4 mg/kg – BID 
ou SID, via oral (MENTZEL, 2000). 
 Outras drogas serotoninérgicas, como a fluoxetina (Reconsile®, Lilly, cujo uso 
foi aprovado pelo FDA no tratamento da ansiedade por separação) também têm 
indicação no tratamento da síndrome em conjunção com a terapia de modificação 
comportamental (OVERALL, 2001 b). A dose da fluoxetina é 1 mg /kg – SID, via oral 
(BEAVER, 2004). 
 De acordo com Overall (2001), benzodiazepínicos são essenciais para o 
tratamento de eventos esporádicos envolvendo profunda ansiedade ou pânico (por 
exemplo: trovoadas, fogos, pânico associado a sinais de despedidas, alarmes). Para 
essas drogas serem eficazes, elas devem ser administradas no mínimo uma hora antes do 
estimulo antecipado, e minimamente após os pacientes exibirem sinais de distresse 
(SIMPSON, 2000). Benzodiazepínicos são potentes ansiolíticos e seu efeito se dá 
através da potencialização do neurotransmissor inibidor ácido α-amino-butírico. Eles 
não devem ser usados em longo prazo no tratamento dessa doença devido a seu efeito 
sobre a memória, com o qual se imagina que seja diminuída a receptividade do cão à 
terapia comportamental (SIMPSON, 2000; KING, 2000). Beaver (2004) afirma que os 
benzodiazepínicos podem causar reações paradoxais. 
 O cloridrato de selegilina (Selgian ®) também conhecido como L-deprenyl 
(Anipryl®) é um inibidor da monoamina oxidase B e pode ajudar em alguns casos. 
Deve-se considerá-lo para uso em animais mais velhos, que também podem exibir sinais 
de disfunção cognitiva (LANDSBERG et al., 2005). King (2000) afirmou que não havia 
dados que provassem a eficácia do L-deprenyl na SAS. Apesar de o uso da selegilina 
em cães estar aprovado mundialmente , seu uso para tratar ansiedade de separação está 
aprovado apenas em alguns países da Europa. A dose do cloridrato de selegilina é 0,5-1 
mg /kg – SID, via oral (MENTZEL, 2000). 
 Já os fenotiazínicos podem proporcionar alguma sedação e reduzir a atividade, 
mas, em geral, não são escolhas eficazes contra a ansiedade. A dosagem exigida para 
interromper por completo comportamentos indesejáveis por parte de cães gravemente 
afetados causará, em geral, sedação excessiva (LANDSBERG et al., 2005). 
 O Dog Apeasing Pheromone (D.A.P) é um feromônio tranqüilizante canino que 
também pode ajudar a acalmar o cão e reduzir sua ansiedade (LANDSBERG et al., 
2005). É um produto com efeito calmante que se administra por meio de um difusor 
ambiental para uma superfície de 50-70 m2 (MENTZEL, 2000). 
 A droga mais comumente usada e mais indicada para o tratamento da SAS é o 
cloridrato de clomipramina. Seksel e Lindeman (2001) testaram uma terapia 
comportamental combinada com a clomipramina em 24 cães com ansiedade por 
separação. O uso da droga reduziu o medo, permitindo uma aprendizagem com sucesso 
em um estado não-ansioso. Lem (2002) relatou um caso de ansiedade por separação em 
um Pointer Cross de dois anos de idade, tratado com sucesso com o uso da 
farmacoterapia (Cloridrato de clomipramina) aliada a um programa de modificação 
comportamental. Um estudo clínico (PETIT et al., 1999) comparou a eficácia de quatro 
doses de Clomipramina- 0,25 a 0,5 mg/kg, 0,51 a 1 mg/kg, 1,1 a 2 mg/kg e 2,1 a 4 
mg/kg, em duas administrações diárias, contra um placebo em associação a terapia 
comportamental para ansiedade de separação. Foram incluídos cães de várias raças, 
sexo e idade. A ansiedade foi avaliada pelo veterinário e pelo proprietário nos dias 7, 
14, 21, 28 e 60, em relação aos sinais de ansiedade (vocalização, destruições e mau-
comportamento) e sua relação com o proprietário. A dose mais eficaz encontrada foi a 
de 2 a 4 mg/kg por dia em duas administrações. A taxa de remissão dos sinais clínicos 
foi de 70% nessa dose contra 20 a 30 % nos outros grupos. A tolerância ao tratamento 
foi muito boa, em todas as doses da droga. 
 Um estudo duplo-cego randomizado (KING et al., 2003) comparou a eficácia de 
uma dose padrão de clomipramina (1 a 2 mg/kg PO 12-12h) com uma dose reduzida da 
droga (0,5 a 1 ml/kg PO 12-12h) e um placebo (PO 12-12h). Os 95 cães randomizados 
entre os três grupos foram avaliados em quatro ocasiões (dias 0, 28, 56 e 84) após o 
início da terapia. Os cães que receberam a dose padrão de clomipramina mostraram 
progressos em relação a sinais de destruição, defecação e eliminação de urina. Não 
houve diferenças estatisticamente significativas quanto à vocalização. A dose reduzida 
não produziu efeitos estatisticamente significativos em relação ao placebo. Vômitos 
esporádicos e pouco severos foram os efeitos colaterais observados em um grupo 
pequeno de cães. 
 Overall (2001 a) relata que a maioria dos cães tratados com clomipramina 
alcançou níveis séricos estáveis em três a cinco dias, atingindo picos de concentração 
plasmática em aproximadamente uma a três horas, com meia-vida de 1-16 horas do 
componente primário e 1-2 horas dos metabólitos intermediários ativos, sugerindo que 
cães podem requerer maiores dosagens ou dosagens mais freqüentes do que humanos 
tratados com tais medicações. O uso de antidepressivos tricíclicos é contra-indicado em 
animais com histórico de retenção urinária, e arritmias severas e não-compensadas e 
uma consulta cardíaca, incluindo um eletrocardiograma (ECG), pode ser parte de um 
exame inicial padrão. Os efeitos colaterais comuns dos tricíclicos manifestados ao ECG 
incluem ondas T achatadas, intervalos Q-T prolongados e segmentos S-T mais baixos. 
Em animais mais velhos ou com problemas concomitantes avaliações laboratoriais 
completas são requeridas pois sabe-se que altas doses de tricíclicos alteram níveis de 
enzimas hepáticas. Doses extremamente altas são associadas com convulsões, 
anormalidades cardíacas e hepatotoxidade. Antidepressivos tricíclicos podem interferir 
com a medicação utilizada no tratamento dos distúrbios da tireóide, necessitando de 
monitorização consciente se ambas as medicações são administradas concorrentemente. 
Gatos são mais freqüentemente sensíveis a todos os tricíclicos do que os cães porque ostricíclicos são metabolizados via glucoronização (OVERALL, 2001 a). 
 Parece não haver uma necessidade de fazer uma diminuição gradual da dose de 
clomipramina no fim da terapia, já que a retirada súbita da droga depois de dois a três 
meses de tratamento não tem sido associado com algum efeito adverso. No entanto, 
tem-se observado a relação entre a retirada súbita dos tricíclicos, incluindo a 
clomipramina, e a piora das condutas estereotipadas em humanos. De acordo com esses 
dados, a redução gradual da dose depois de tratamentos prolongados é uma precaução 
prudente. Estudos clínicos tem mostrado que o índice de resposta é bom e o índice de 
recaída se apresenta quando a clomipramina é dada por dois a três meses e então 
retirada (KING, 2000; PETIT et al., 1999). Desse modo, pode-se recomendar um tempo 
de tratamento mínimo de dois meses, mas alguns cães podem requerer tratamentos mais 
longos. Se tratamentos em longo prazo forem necessários, pode ser necessário reduzir a 
dose até a mínima dose efetiva. Voith (1989) recomenda dividir pela metade a dose de 
drogas ansiolíticas depois de 15 a 20 saídas bem sucedidas do dono e retirar a droga 
uma vez que a dose seja tão baixa que possa provavelmente ser inefetiva. Simpson 
(2000) recomenda continuar com a Clomipramina por um a dois meses após os sinais 
terem sido controlados. 
 
 
3.2. MODIFICAÇÃO COMPORTAMENTAL 
 
 
 Em alguns cães com ansiedade de separação os comportamentos anormais 
podem cessar na presença de outra pessoa quando o seu dono encontra-se ausente. Tais 
cães podem ficar em creches para cães ou ter uma babá (BEAVER, 2004), mas tais 
ações não beneficiarão cães que precisam da presença de uma pessoa em especial e 
estes continuarão exibindo sinais de ansiedade mesmo na presença de outra pessoa 
(OVERALL, 2001 b). Alguns cães podem ser acalmados, durante o período em que o 
proprietário se ausenta, com objetos que contenham o odor do seu proprietário, como 
um pedaço de pano ou uma roupa que seu dono tenha usado (BEAVER, 2004). 
 A modificação comportamental é o principal meio de correção ou controle de 
comportamentos indesejáveis. Portanto, é fundamental que os terapeutas entendam os 
princípios básicos de aprendizado e motivação, caso pretendam realizar aconselhamento 
comportamental na clínica (LANDSBERG et al., 2004). O veterinário pode ajudar o 
proprietário a entender a técnica de modificação de comportamento usada na terapia 
(HORWITZ, 2002). É também importante só recompensar comportamentos não 
relacionados a um estado ansioso (BEAVER, 2004). Takeuchi et al. (2001) acreditam 
que quanto mais cedo o cão é apresentado melhores serão os resultados dos tratamentos. 
 Muitos cães com ansiedade de separação também exibem comportamento de 
chamar a atenção do proprietário constantemente. O proprietário é aconselhado a não 
responder as tentativas do cachorro de obter atenção. O cachorro não deve receber 
atenção ao mostrar comportamentos inadequados como ganidos ou bater com as patas 
no proprietário. O objetivo não é ignorar o cão, mas eliminar o comportamento 
indesejado. O cão só deve receber atenção quando estiver calmo, tranqüilo (HORWITZ, 
2000). De acordo com Beaver (2004), a dessensibilização sistemática constitui a melhor 
maneira de tratar essa doença, independentemente da utilização de uma terapia com 
drogas. 
 Outra técnica de modificação comportamental é a extinção. Determinados 
comportamentos podem ser extintos por meio da remoção de todos os reforçadores. Os 
cães aprendem rapidamente que podem conseguir atenção de um proprietário para um 
comportamento específico, e a obtenção de atenção então reforça o comportamento. 
Através de uma interrupção simples da atenção, o proprietário também pode fazer com 
que o comportamento pare gradualmente. Por exemplo, o cão que late à noite é 
freqüentemente alvo de gritos por parte do proprietário. O cão aprende que os latidos 
resultam em uma interação com o proprietário, e talvez mesmo o proprietário aparecerá 
ou deixará o animal entrar em casa. A maneira mais simples de parar os latidos é que o 
proprietário o ignore. Inicialmente, isso pode ser difícil, e o cão pode na verdade latir 
mais. Quando o animal de estimação aprende que o efeito desejado não acontecerá, a 
quantidade de latidos diminui para níveis normais (BEAVER, 2004). 
 Outra ferramenta útil é pedir que o cão responda a um comando, como “senta” 
antes de receber qualquer coisa. Todos os membros da família deveriam agir da mesma 
maneira nesse treinamento. Logo, o dono é instruído para chamar a atenção do cachorro 
quando o mesmo não estiver buscando atenção. Quando o cão responder aos comandos 
de “venha”, depois “senta” então o dono acaricia o cão. Desta maneira atenção é 
prestada ao cão quando o dono inicia a atenção, não quando o cão exige atenção 
(HORWITZ, 2002). 
 
 
 
 
 
3.2.1. Treinamento de independência 
 
 
 Geralmente, cachorros com ansiedade de separação são unidos fortemente aos 
seus donos. Esses cães constantemente seguem seus donos pela casa. Por isso, outro 
elemento do tratamento é treinar a “independência”. O proprietário é instruído para 
treinar o cachorro a permanecer a uma distância dele. Geralmente, o cão é treinado para 
ficar em outro quarto, longe do seu dono (HORWITZ, 2002). O animal deve se 
habituar a idéia de que nem sempre poderá estar com os membros da família 
(LANDSBERG et al., 2004). 
 O dono é instruído para começar o treinamento de independência ensinando o 
cachorro a tolerar o comando “fica” por períodos curtos. Gradualmente, o dono move-
se para mais longe pelo quarto do cão durante o “fica”. O cão é recompensado com 
comida e elogios por manter o “fica”. À medida que o cachorro obedece constantemente 
o comando o dono parte para outro quarto durante “fica”. Em tempos, é estendido o 
período durante o qual o cão é deixado sozinho no quarto por 15 a 30 minutos 
(HORWITZ, 2002). 
 
 
3.2.2. Aumento nas atividades 
 
 
 Os proprietários são encorajados a passarem o tempo com seus cães em 
atividades estruturais que provêem exercício e companhia para cão, mas de uma 
maneira que reforce que o dono controla a situação. Obediência, exercícios de 
treinamento, caminhadas com a guia e buscar objetos são exemplos de atividades úteis 
apropriadas a esta meta (HORWITZ, 2002). Sessões freqüentes de exercícios têm efeito 
calmante, reduzem a ansiedade e proporcionam interação social adequada 
(LANDSBERG et al., 2004). 
 
 
3.2.3. Habituação 
 
 
 A maior parte dos cães com ansiedade de separação aprendeu a associar dicas 
específicas com a saída do proprietário. A presença dessas dicas de saída normalmente 
criará ansiedade acerca de uma iminente ausência do proprietário. Até que o animal 
tenha se habituado a essas dicas, estas devem ser evitadas sempre que possível durante 
as saídas reais (LANDSBERG et al., 2004). 
 O proprietário é instruído para agir como se estivesse deixando a casa, mas não 
partindo de fato. O dono deve ir com precisão pela rotina de partida normal da mesma 
maneira como se realmente estivesse partindo (apanhar as chaves, vestir casaco, chapéu, 
caminhar para a porta), entretanto, guardar tudo e permanecer na casa. É importante 
incluir na sugestão de partida todos os sinais que o cão foi acostumado a presenciar (ver 
o dono se vestindo, sucessão de eventos, gestos físicos e sinais vocais, interação do 
proprietário com o animal). Quando o cão tem isso como um comportamento normal, o 
processo é repetido. O exercício inteiro deve ser feito três a cinco vezes pela noite 
(HORWITZ, 2002). 
 A repetição do exercício deve ser feita até o cão não exibir mais o 
comportamento de ansiedade relacionado à atividade de partida do dono. Nesse 
momento, o dono deve sair brevemente e então voltar pra casa. Se o cão não exibe o 
comportamento de ansiedade de separação o tratamento pode progredir para partidas 
mais longas(HORWITZ, 2002). 
 
 
3.2.4. Dessensibilização 
 
 
 Quando um cão exibe uma quantidade excessiva de medo, sensibilidade ou 
reatividade a um estímulo, ele pode ser dessensibilizado a esse estímulo por meio do 
aprendizado. A dessensibilização pode ser obtida em duas maneiras gerais. Uma técnica 
é a habituação, na qual o estímulo provocado de reação é repetido até que não dispare 
mais uma resposta. No caso do cão que corre latindo para a porta em resposta a uma 
campainha que toca, pode-se tocar essa campainha repetidamente até que o cão pare de 
latir. A segunda técnica de dessensibilização introduz o estímulo, mas em uma 
quantidade tão pequena que não ocorre nenhuma reação. Aumenta-se gradualmente a 
quantidade de estímulo, mas nunca demasiadamente rápido para disparar uma resposta. 
O cão que tem medo de trovão pode ser dessensibilizado por meio da execução de 
gravações de sons bastante suavemente em um ambiente não ameaçador. O volume 
deve ser aumentado bastante lentamente. Uma dessensibilização como essa pode estar 
acoplada com um contra condicionamento através da adição de uma brincadeira ou de 
um estímulo comestível ao mesmo tempo em que se está aumentando o volume 
(BEAVER, 2004). 
 
 
 
 
 
 
3.2.5. Contra condicionamento 
 
 
 
 Condicionamento é o tipo de aprendizado que começa quando um estímulo não-
condicionado (ENC), provoca um comportamento, chamado de resposta não-
condicionada (RNC). Um estímulo neutro (EN) que não tem influência na resposta é 
associado repetidamente (bem antes do ENC), até que se torne um estímulo 
condicionado (EC), o qual é capaz de provocar a resposta por si só. A resposta a um EC 
é referida como uma resposta condicionada (RC) (LANDSBERG et al., 2004). Os 
reforçadores são geralmente utilizados junto com o condicionamento para modificar o 
comportamento (BEAVER, 2004). Beaver (2004) denomina como reforço qualquer tipo 
de recompensa ou punição se ele reforçar positiva ou negativamente um comportamento 
específico. Para que o animal associe a recompensa com o comportamento, a 
conseqüência satisfatória deve ocorrer entre 5 e 20 segundos do comportamento 
desejado. É essencial lembrar que a recompensa deve seguir imediatamente o 
comportamento. Nenhum outro comportamento deve ocorrer entre o comportamento 
desejado e a recompensa; ou senão o outro comportamento mais recente será reforçado 
(HORWITZ, 2002). 
 Ansiedade com relação à rotina de partida pode ser diminuída por meio de 
contra condicionamento. O cão é treinado para sentar ou ficar em um local conhecido 
para que ele se sinta confortável enquanto o dono se prepara para partir. O dono sai 
então por alguns segundos e quando retorna, recompensa o cão por ficar (HORWITZ, 
2002). Mudanças devem começar com o padrão de comportamento do proprietário 
quando ele deixa e retorna à casa. O cão deve ser ignorado durante 20 a 30 minutos 
antes da partida rápida e silenciosa do dono, que deve evitar dar sinais de partida para o 
cão. O retorno deve ser também silencioso, e o cão deve ser ignorado novamente por 20 
a 30 minutos para que as recompensas por comportamento ansioso do animal sejam 
evitadas. Uma saudação entusiasmada e prolongada do cachorro não deve ser 
encorajada. Só o comportamento tranqüilo do cão deve ser recompensado. Todos os 
membros da família devem usar esse plano cada vez que deixam e retornam à casa 
(HORWITZ, 2002). 
 Outra forma de contra condicionar é prover o cão com um brinquedo de 
mastigar, cheio de comida, enquanto o dono se prepara para uma partida diária de 
rotina. Com isso, o animal pode ficar menos ansioso quando o dono se prepara para 
partir, porque normalmente comer é uma atividade anti-ansiedade para os cães. 
Também, o cão pode exibir uma diminuição ou ausência de ansiedade de separação 
quando o dono partiu. O brinquedo de mastigar só deve ser usado como uma 
recompensa para compensar a partida do dono e deve ser removido assim que ele 
retorne (HORWITZ, 2002). 
 
 
3. PREVENÇÃO 
 
 
 Quando o proprietário prevê uma alteração significativa na rotina ou na 
quantidade de tempo gasto com o animal, deve-se fazer a mudança de sistema o mais 
lentamente possível. As alterações devem ser feitas de forma muito gradual, de maneira 
que possa ser facilmente tolerada pelo animal. Pode-se considerar uma medicação como 
preventivo, mas ela deve ser iniciada pelo menos quatro semanas antes de alterações 
importantes. Um pouco de antecipação ajudará a evitar a ansiedade que pode se 
desenvolver em associação com alterações súbitas e importantes na vida do animal 
(LANDSBERG et al., 2004). 
 
 
4. EDUCAÇÃO DO PROPRIETÁRIO 
 
 
 Quando os clientes estão conscientes a respeito do que está acontecendo, 
percebem com mais clareza quais problemas têm maior probabilidade de serem 
eliminados por completo, quais provavelmente podem apenas ser reduzidos e quais não 
têm probabilidade de ser alterados. De acordo com um estudo realizado no Brasil 
(SOARES, 2007), os proprietários percebem os comportamentos característicos da 
síndrome, mas de forma equivocada. A maioria dos proprietários que percebe os sinais 
(58,7%) os associa à pirraça. Mesmo assim pode-se perceber que a SAS causa impacto 
na qualidade de vida dos proprietários, que em 50,8% dos casos positivos para SAS 
passaram a buscar recursos para que seus cães não ficassem sozinhos em casa, como, 
por exemplo, algum membro da família deixar de sair para fazer companhia ao cão. 
 Uma vez que a família seja bem informada sobre a situação e as opções de 
tratamento, pode decidir conviver com o problema em vez de se instituir passos 
necessários para sua correção, embora outros possam decidir que doar ou sacrificar o 
animal são escolhas mais apropriadas e seguras para suas circunstâncias (LANDSBERG 
et al., 2004). 
 
 
5. PROGNÓSTICO 
 
 
 Antes de se poder dar um prognóstico ou mesmo se desenvolver um plano 
terapêutico, é importante determinar o nível de compreensão do proprietário e da 
família. Para isso, é útil perguntar aos proprietários quais são os seus sentimentos acerca 
de seus cães e quais são seus objetivos para o programa de tratamento comportamental 
(BEAVER, 2004). Se a família tiver objetivos irreais ou se houver pouca cooperação, as 
chances de resolução satisfatória se reduzirão (LANDSBERG et al., 2004). Se o plano 
terapêutico envolver um comprometimento importante de tempo e esforço, o 
proprietário precisará saber disso antecipadamente em vez de percebê-lo posteriormente 
e ficar possivelmente desencorajado. Ele deve não somente querer, mas também ser 
capaz de realizar o trabalho do programa (BEAVER, 2004). O sucesso torna-se mais 
provável se a família tiver um comprometimento forte com o animal e uma boa 
memória no seguimento de instruções. A família deve ter a capacidade de entender as 
condições que influenciaram a existência do problema e os princípios básicos do 
programa de tratamento. (LANDSBERG et al., 2004). A duração do problema 
determina freqüentemente quanto tempo levará para tratar o problema (BEAVER, 
2004). Comportamentos que ocorrem com muita freqüência quase sempre se 
desenvolvem em hábitos que são difíceis de erradicar (LANDSBERG et al., 2004). Isso 
vale especialmente quando se envolve aprendizado, já que o animal terá de desaprender 
o comportamento inaceitável além de aprender o comportamento desejado. Se tiver uma 
duração longa, o comportamento levará mais tempo para ser desaprendido (BEAVER, 
2004). No entanto, problemas que têm ocorrido com baixa freqüência também podem 
ser complicados. Por exemplo, alguns problemas destrutivos ocorrem com tão pouca 
freqüência que descobrir a(s) causa(s) exata(s) para o comportamento pode ser bem 
difícil e o prognóstico permanece de reservado a ruim (LANDSBERG et al., 2004). Um 
outro fator crítico é a obediência do proprietário. Quando a terapia consiste em uma 
pílula por dia, a obediência é razoável.Quanto mais complexo um plano de modificação 
comportamental se torna, mais baixa será a taxa de sucesso global. O ambiente em que 
os membros da família vivem pode ser importante, assim como sua capacidade de 
controlá-lo ou modificá-lo. A incapacidade para se controlar tempestades fortes, 
freqüentes e imprevisíveis torna o tratamento de fobias de trovoadas um desafio maior. 
No caso de alguns ambientes domésticos, não é possível melhorar o problema do animal 
para a satisfação de todas as partes preocupadas. Nesses casos, o proprietário e o 
terapeuta precisarão determinar se o a melhor opção para o animal é permancer no lar 
ou se a melhor opção é removê-lo desse ambiente doméstico. Há casos em que pode ser 
possível procurar um lar mais adequado para o animal, mas quando há risco de lesões, 
quando o animal está sofrendo, quando os donos não podem ou não conseguem lidar 
com a situação e não é possível achar um lar alternativo apropriado, muitos sugerem 
que a eutanásia é a opção que resta (LANDSBERG et al., 2004). Segundo Lund (1996) 
apenas para 5,5% dos cães que apresentaram problemas comportamentais foi sugerida a 
eutanásia ou ela foi realizada de fato. Supõe-se que esses cães podem ter levados a 
eutanásia por representarem um perigo a saúde física de pessoas. O fato de esses 
comportamentos terem sido gerados na maioria das vezes pelos donos talvez seja um 
argumento válido para dissuadir clientes em vias de desistir de seus cães. 
 As expectativas do proprietário também são importantes. Algumas pessoas 
ficam agradecidas com uma melhora pequena, enquanto outras esperam milagres 
(BEAVER, 2004). A complexidade da situação é outro fator, já que um animal com um 
único problema comportamental tem melhores chances de ser tratado de forma bem-
sucedida que um animal com problemas múltiplos (LANDSBERG et al., 2004). No 
caso de problemas comportamentais, o exame minucioso do caso é importante. O 
acompanhamento com o proprietário proporciona uma experiência de aprendizado 
excelente para o veterinário acerca das respostas às várias terapias. Logo, pode 
aumentar o nível de experiência de um veterinário (BEAVER, 2004). O 
acompanhamento também é uma oportunidade importante para educar e interagir com a 
família. É essencial que o terapeuta continue a monitorar cada caso para se certificar de 
que a família está seguindo as recomendações de tratamento de maneira correta e que o 
caso está progredindo conforme o esperado. Isso proporciona também uma 
oportunidade para reunir mais informações sobre a situação em geral. Isso é 
particularmente importante quando há múltiplas opções de tratamento e o diagnóstico 
inicial foi feito de maneira experimental. Quando drogas foram administradas, torna-se 
essencial um acompanhamento regular. Em alguns casos, serão exigidos mais testes 
diagnósticos e informações do proprietário após consulta inicial, de forma que pode ser 
necessário uma consulta ou um acompanhamento telefônico formal. Na maioria dos 
casos, contatos de acompanhamento iniciais com duas, quatro e doze semanas 
proporcionam uma boa avaliação do progresso (LANDSBERG et al., 2004). Tais ações 
de acompanhamento asseguram ao proprietário que o veterinário se importa. Eles 
também fornecem um incentivo adicional para o proprietário continuar com o esforço 
(BEAVER, 2004). 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 Nos últimos anos os problemas comportamentais têm se tornado cada vez mais 
freqüentes. Apesar disso o comportamento dos animais no Brasil ainda não tem 
recebido a atenção que deveria por parte dos veterinários e seus clientes. A saúde de um 
indivíduo abrange também o seu bem-estar mental, e isso não é diferente nos animais. 
 A prática clínica veterinária no Brasil mostra certo atraso no que diz respeito ao 
comportamento animal em relação a outros países. Como consequência os proprietários 
e a população em geral também possuem menos conhecimento sobre a área. A 
participação do médico veterinário nos meios de comunicação tem sido fraca, em 
relação ao provimento de informações para prevenir problemas comportamentais. O 
veterinário deveria informar as pessoas e ajudar a formar opiniões. 
 Os donos precisam entender melhor a natureza do cão e respeitá-la, o que 
evitaria frustrações em ambas as partes, prevenindo distúrbios comportamentais. Essa 
consciência deveria existir nos proprietários mesmo antes da adoção de um animal. Tal 
medida ajudaria inclusive na escolha do animal, em relação a características típicas da 
espécie e raça ou a características do indivíduo. 
 Diferentemente do que muitos veterinários pensam, gatos também podem ser 
acometidos pela SAS. Embora gatos sejam sociáveis por natureza, quando adultos eles 
não requerem contato com humanos ou outros gatos para sobreviver. Além disso, existe 
uma variação individual muito maior na sociabilidade entre gatos que entre cães, na 
qual alguns gatos são de fato solitários e outros são mais socialmente dependentes. Essa 
variedade social pode ser explicada em parte pelo fato de os gatos não terem sido 
sistematicamente domesticados, comparados aos cães. 
 Da mesma forma que faz parte da natureza do cão se afeiçoar ao dono e sentir a 
sua falta, gostar de um animal que goste de nós e sinta nossa falta também faz parte da 
natureza humana. Alguns proprietários por desinformação ou desatenção permitem que 
se forme uma relação de dependência exagerada entre ele e seu animal, por meio de 
atitudes como satisfazer os desejos do animal o tempo todo e chamar o cão sempre que 
ele estiver fora de sua vista em vez de o estimular a ficar sozinho. É semelhante ao que 
acontece com as crianças mimadas. Grande parte dos cães com ansiedade de separação 
pertence a pessoas ansiosas, que se despedem calorosamente do cão e ao chegar em casa 
estimulam uma recepção calorosa. O cão é capaz de perceber que o dono está ansioso, o 
que por sua vez gera ansiedade no cão. 
 Levando em consideração que a maioria dos maus comportamentos do cão foi 
permitida ou incentivada pelo proprietário, ele tem o dever de buscar uma solução para 
o problema, particularmente se o seu animal está sofrendo. A menos que o cão 
represente uma ameaça à saúde física das pessoas, a eutanásia não deveria ser 
considerada. 
 Quando um cão é acolhido, o dono precisa saber que é responsável por toda a 
vida do animal, pois mesmo após atingir a idade adulta, o cão não é capaz de garantir 
sua adequada alimentação e segurança. A domesticação do cão trouxe como 
conseqüência a sua dependência em relação à espécie humana. Os seres humanos 
deveriam ser, de certa forma, considerados os responsáveis pelo bem-estar dos cães, em 
especial daqueles cães que eles abrigaram e educaram à sua maneira. 
 
REFERÊNCIAS 
BEAVER, B. V. Comportamento canino – um guia para veterinários. 1 ed. São 
Paulo SP: ROCA, 2004. 
BEAVER, B. V. Comportamento felino – um guia para veterinários. 2 ed. São Paulo 
SP: ROCA, 2005 
BORCHELT, P.L., VOITH, V.L. Diagnosis and treatment of separation-related 
behavior problems in dogs. Vet Clin North Am Small Anim Pract. v. 1, n. 4,p. 625-
635, 1982. 
FLANNIGAN, G.; DODMAN, N.H. Risk factors and behaviors associated with 
separation anxiety in dogs. Journal of the American Veterinary Medical 
Association. v. 219, n. 4, p. 460-466, 2001. 
HENNESSY, M.B., VOITH, V.L., MAZZEI, S.J, BUTTRAM, J., MILLER, D.D.; 
LINDEN, F. Behavior and cortisol levels of dogs in a public animal shelter, and an 
exploration of the ability of these measures to predict problem behavior after adoption. 
Applied Animal Behavior Science. n. 73, p. 217-233, 2001. 
HORWITZ, DF. Diagnosis and treatment of canine separation anxiety and the use of 
clomipramine hydrochloride (Clomicalm). J Am Anim Hosp Assoc. v.36, p. 107-109, 
2000. 
HORWITZ, D. F. Dealing with common behavior problems in senior dogs. Veterinary 
Medicine. v. 96, n. 11, p. 869-877, 2001. 
HORWITZ, D. F. Separation-Related

Continue navegando