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Internet das Coisas e Aplicações Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Artur Ubaldo Marques Junior Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities • IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities; • Alguns Cases de Cidades Inteligentes pelo Mundo. · Apresentar as tecnologias e definições referentes às smart cities e ao emprego de Internat das coisas (IoT) para sensoriamento e atuação. OBJETIVO DE APRENDIZADO IoT Defi nições e Aplicações Para Smart Cities Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities Contextualização Imagine que você pode estar com pressa de ir de um lugar para outro na cidade onde vive e precisa pegar um metrô para isso. Você tem um compromisso e já está atrasado e, para não o perder, você precisará correr. Conforme você se desloca, a informação do lugar que você vai, enviada pelo seu celular, alimentou uma série de algoritmos que, baseados no perfil de tráfego e de tempo dos transportes coletivos, informa que o metrô não é a melhor escolha e que você deveria, para chegar no tempo previsto, utilizar um serviço de aplicativo de táxi – tipo 99 ou Uber, por exemplo. Sim, uma cidade inteligente pode lhe dar esse tipo de informação, assim como pode acionar a polícia com o máximo de eficiência em eventos de massa baseados na aglomeração de pessoas em locais onde isso, pela média dos dias, incluindo feriados e finais de semana, não ocorre, ou seja, apresenta comportamento atípico – isso funciona também para situações de assalto, entre outros. O quê? Acha que é sonho? Não, não é, a cidade inteligente tenta melhorar a vida do cidadão em todos os aspectos possíveis, principalmente nos que nós brasileiros mais reclamamos, por exemplo: transporte e segurança, entre outros. Uma cidade inteligente nasce exatamente na capacidade de sensoriamento de eventos, antecipação baseada na análise de sensores e otimização baseada na análise de dados. Uma smart city é construída camada a camada e serve para muita coisa útil ao cidadão. Todavia, também pode ser usada para outras finalidades. Por exemplo, se tenho dados coletados de todas as fontes possíveis, como smartphones, smart TV, eletrodomésticos inteligentes, sensores de ruas e outros, alguma empresa dessas que têm ajudado a instalar infraestrutura de redes pelas cidades para poder interco- nectar dispositivos via IoT, poderá se apoderar desses dados. Lembre-se que atualmente um dos grandes problemas de IoT é a segurança e o acesso quase sem barreiras aos dados transmitidos sem encriptação, entre outras coisas. Se essas empresas (sabemos de casos recentes de venda desses dados por gigantes do setor) se apoderam desses dados para influenciar os cidadãos a comprarem produtos, a votarem nas pessoas que os outros querem, entre outras coisas, a liberdade terá tempos muito negros pela frente. Ou seja, como você já deve ter percebido, há duas faces nessa moeda, uma que aponta para um futuro maravilhoso da interação social promissora, enquanto outro se mostra sombrio, num mundo em que o governo e as grandes corporações controlam e influenciam, muitas vezes de forma totalmente antiética, usando técnicas psicológicas para que você faça o que os outros querem. 8 9 Portanto, é necessário mais do que nunca a responsabilidade de utilizar os dados coletados por IoT de forma responsável em benefício do cidadão. Pois, se escolhermos o caminho pior, estaremos cultivando milhares de zumbis – e, como você deve saber, em qualquer filme sobre zumbis, eles sempre se voltam contra seus criadores ou resolvem comê-los. IoT possui um poder quase ilimitado de fazer o bem para as pessoas, mas sua outra face demonstra igual poder para o controle e a destruição em massa. Como essas tecnologias vieram para ficar, vamos aproveitar o momento para aprender um pouco mais e também refletir sobre isso?! 9 UNIDADE IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities Estamos vivendo num século dominado pela tecnologia, onde os dados são os tijolos e as informações as moedas de troca dessa sociedade que acabou de emergir para o século XXI. Juntamente com essa tecnologia, temos toda uma problemática social para resolver. Dentre os grandes temas que movem esse século, podemos citar: • Explosão populacional nos grandes centros urbanos; • Rarefação populacional nos recônditos afastados dos países e zonas remotas pelo mundo; • Zonas rurais extremamente vazias de pessoas; • Necessidade de racionalização de recursos; • Uso inteligente de habitações e instalações; • Aumento da eficiência; • Nascimento de novos empregos e extinção dos já existentes; • Aumento de poluição; • Falta de moradia; • Dificuldade de acesso (serviços, saúde, educação, segurança); • Inovações tecnológicas são rápidas demais, não deixando tempo para a população mais velha aprender e se adaptar; • Desemprego alto; • Desemprego funcional altíssimo. Entre tantos outros que poderíamos citar. Aliás, outro tema que vivemos escutando por aí é: “Minha cidade possui semáfo- ros inteligentes...”. Suponhamos que isso fosse verdade e que eles funcionassem; se o semáforo é inteligente, ele sabe, em tempo real, conforme o trânsito aumenta ou diminui, a quantidade de pedestres aumenta ou diminui, como controlar o trânsito de forma a evitar que se forme o trânsito! Mas não é isso que acontece, não é? E por quê? Simples, porque, na verdade, o que chamamos de semáforos inteligentes nada mais é do que um hardware que não está integrado a nada, cujas informações, às vezes, são coletadas, muito raramente analisadas, e onde esse não toma nenhuma decisão sobre os dados que possui no ambiente em que está atuando. Portanto, resumindo, o semáforo não é inteligente, ele é apenas automatizado e, além disso, é passivo. Esse conceito pode ser extrapolado para a cidade inteligente versus a cidade automatizada. O que vemos por aí, grandemente no Brasil, são áreas da cidade que estão automatizadas, mas nunca toda a cidade. 10 11 Tonon (2013) coloca uma definição bastante leiga sobre cidades inteligentes para que possamos começar a entenderesse conceito: O conceito de smart cities, ou cidades inteligentes, se define pelo uso da tecnologia para melhorar a infraestrutura urbana e tornar os centros urbanos mais eficientes e melhores de se viver. A ideia ganhou força nos últimos cinco anos e foi impulsionada pela construção do zero de cidades inteligentes como Songdo, na Coreia do Sul, e Masdar, em Dubai. Esse conceito é disseminado a partir desses laboratórios para as outras cidades, começando do zero ou reformando as que existem, mas há 5 pilares para tal: • Qualidade de vida: foca em habitação, saúde e segurança; • Mobilidade: semáforos auto ajustáveis, carros com tamanho variável e compartilhamento de carros; • Interação cidadão/governo: uso maciço de aplicativos em smartphones para que o cidadão possa interagir quase que em tempo real sobre temas de importância na sua cidade; • Meio ambiente: foco aqui é a sustentabilidade; • Economia e pessoas criativas: grandes aglomerações humanas nas cidades geram grande conhecimento e riqueza. Para você entender a dificuldade em se definir smart city, transcreveremos as partes mais importantes do relatório recente de outubro de 2017 realizado pelo Transparency International. Perceba como estamos com uma ideia de smart sem um alinhamento social básico, levando em consideração que, em sua própria de- finição mais simples, smart city leva em consideração o uso da tecnologia para a melhoria da qualidade de vida para o cidadão. Há 5 pontos cruciais a se levar em consideração: Não há uma definição unívoca de cidade inteligente. O termo foi cunhado pela IBM em 2008. Para o documento, há tantas descrições do que é, que o enfoque dado à definição, nesse caso, estaria atrelado mais a que tipo de dispositivo os vendedores estão interessados em vender. As concepções criadas pelo Banco Mundial giram em torno da participação dos cidadãos e da coleta de dados por dispositivos para alcançar maior eficiência na entrega de serviços. Empresas de tecnologia moldam o conceito. O papel das corporações provedoras de infraestrutura e serviços para as cidades é definidor na visão de cidade inteligente que se executa. Empresas como IBM, Micro- soft, Oracle, SideWalk Labs (da Alphabet, holding que também é dona do Google), Cisco e Hitachi fornecem a tecnologia necessária para cen- tralizar e processar grandes volumes de dados por meio de “machine learning” (aprendizado de máquina). No caso da IBM, sua liderança nesse setor de mercado faz com que o entendimento global que se tem hoje de cidade inteligente tenha sido (e continue sendo) em grande parte moldado por ela. A visão da empresa se baseia no uso de sensores (componentes 11 UNIDADE IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities eletrônicos que detectam mudanças no ambiente como temperatura, mo- vimento, luz e som, e que, distribuídos pela cidade, geram dados para o uso do município), câmeras (que monitoram, por exemplo, o tráfego), e medidores digitais do consumo de água e energia. Também criou o con- ceito de um “cérebro”, um centro de comando controlado pelo governo local, que processa e analisa essas informações. O que ‘inteligente’ quer dizer para iniciativas já existentes. As ini- ciativas já em processo têm em comum o entendimento de que ser uma cidade inteligente significa coletar dados. Muitas delas possuem um foco destacado em segurança. Mesmo bem-intencionadas, as tecnologias podem ser invasivas Os da- dos gerados por sensores podem não ser pessoais, mas sua interpretação e processamento podem revelar informações muito detalhadas sobre os hábitos de um indivíduo. O exemplo dado é o de que um sensor usado para detectar o uso de energia de um habitante pode, por exemplo, revelar sua prática religiosa. Quando se sabe que um domicílio não usa energia elétrica aos sábados, isso pode remeter à prática do sabá, descanso semanal judai- co. Em Cingapura, o programa “Virtual Singapore” não só agrega dados vindos dos espaços públicos da cidade, captados por sensores e câmeras, como permite que oficiais governamentais deem “zoom” em apartamentos para analisar seu consumo de energia e detectar vazamentos de gás. Unida- des criadas para moradores da terceira idade podem acompanhar sensores de movimento para notificar quando um idoso sofre um acidente ou queda. O governo é capaz de monitorar, com a tecnologia, quem joga lixo do alto de um prédio ou fuma em zonas proibidas. Na legislação atual, todos esses dados podem ser usados pelo Estado sem a necessidade de aprovação de um tribunal, ou mesmo a permissão dos cidadãos. O avanço da ‘internet das coisas’ gera dados valiosos para os governos. A expansão de objetos conectados à internet (não só computadores e celu- lares, mas, cada vez mais, relógios, TVs, geladeiras) influencia a concepção das cidades inteligentes. Cada um desses objetos se torna uma fonte de dados que podem ser potencialmente explorados pelo governo local. Nesse sentido, ainda que não haja a implementação de sensores pelo município, o celular no bolso de cada um já é um sensor, que fornece dados valiosos, em tempo real, sobre o funcionamento dos sistemas da cidade (LIMA, 2017). Como você pode notar, o maior problema de IoT nas cidades inteligentes está no uso ou mau uso dos dados, e muitas dessas cidades veem uma oportunidade em usar esses dados para prestarem serviços e poderem vender os dados dos cidadãos para empresas que estão implementando isso. Leia este o artigo a seguir: Ele trata sobre o Wi-Fi gratuito em toda a cidade de São Paulo, iniciativa da prefeitura desde 2017. Para poder prestar esse serviço, utiliza-se da parceria público-privada, porém haverá uso dos dados caso ninguém faça nada. https://goo.gl/XnmbKW Ex pl or 12 13 Se você acha esses fatores irrelevantes, faremos algumas perguntas básicas para você refletir enquanto lê esse texto: • Quando a polícia tem o direito de hackear seu computador? • Quando eles podem introduzir um trojan? • Quando a polícia pode ligar remotamente a câmera ou o microfone do seu laptop ou celular, ou até mesmo de sua smart TV? • Quando a polícia pode usar International Mobile Subscriber Identify Catcher (IMSI), captadores para identificar telefones em uma área específica? • Que tipo de técnicas de datamining a polícia e as agências de inteligência podem usar nos dados de comunicação? Apenas um parêntese aqui, porque o assunto é relevante. Como sabemos, nosso smartphone é um sensor, portanto, ele também faz parte de dispositivos IoT. Aliás, provavelmente seja ele o mais sofisticado desses dispositivos, estando agora no seu bolso, ou muito perto de você. O governo, se quiser, pode saber o que quiser de você, mesmo que seu celular esteja desligado. Quando falamos que a polícia pode usar captadores International Mobile Subscriber Identify Catcher (IMSI) – ou, em português, captador do identificador internacional do assinante móvel –, ela pode coletar diretamente dados de sua localização, ou simplesmente espionar suas comunicações. Deixaremos um link nos materiais complementares para você ler com calma e aprender um pouco mais sobre seu amigo inseparável, “o smatphone”. Veja algumas frentes em que o smartphone atua para ajudar a tornar uma cida- de inteligente, mediante o uso de apps ou até mesmo, de forma passiva, apenas passando dados: • Fluxo de veículos; • Fluxo de pessoas; • Serviços urbanos; • Emergências; • Denúncias; • Reclamações; • Agendamentos; • Estacionamentos municipais em vias públicas; • Registros digitais; • Fiscalização cidadã (colaborativa); • Calamidades. Veja um exemplo de uso simples do smartphone para tratamento de emergência da Nearbee. 13 UNIDADE IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities “Estado da arte” no socorro emergencial, na página 14 observe a figura que representa o processo: https://goo.gl/b37MSHEx pl or Refletiremos mais um pouquinho. Convidamos você a assistir este vídeo mostrando como IoT automatiza as coisas até mesmo em supermercados. Éum vídeo da Expo 2015 em Milão, na Itália, intitulado Dentro do supermercado do futuro. Você acha esse nível de automação benéfico para a sociedade ou trata-se de uma forma de exclusão social? Porque, afinal, da mesma forma que você teve que se alfabetizar para saber ler e entender, as populações mais carentes que não tiveram acesso ao estudo pode ter analfabetos em suas fileiras, com o alto grau de automação, estabelecendo a necessidade de nos alfabetizarmos em IoT no que diz respeito à automação e interação homem/máquina – ah, só lembrando, o que você viu no vídeo, existe mesmo, está em fase piloto. https://youtu.be/CTArXgMtu4Q Ex pl or Depois dessa nossa leitura, até aqui você já deve ter tomado algumas decisões e definições sobre o que é uma cidade inteligente. Há uma definição bastante adequada colocada no Business Dictionary 2010, onde se lê o seguinte: “Uma área urbana desenvolvida que cria desenvolvimento econômico sustentável e alta qualidade de vida, destacando-se em várias áreas-chave; economia, mobilidade, meio ambiente, pessoas, vida e governo”. A excelência nessas áreas-chave pode ser feita por meio de forte capital humano, capital social e/ou infraestrutura de Tecnologia da Informação e Telecomunicação (TIC). A demanda por investimentos pesados em infraestrutura das cidades exigirá tecnologias emergentes e profissionais cujas profissões sequer foram criadas. Claro que, quando falamos de cidades inteligentes, pensamos na infraestrutura de TIC, todavia os desafios para as cidades são bem maiores, por exemplo: • Cidades grandes no mundo consomem cerca de 75% da energia do mundo; • Cidades são responsáveis atualmente por produzir 80% das emissões de efeito estufa no mundo; • Transporte das megacidades deve tornar-se mais inteligente para evitar condi- ções perpétuas de congestionamento; • Megacidades precisam de gestão mais inteligente e mais responsiva de desas- tres e crises; • Megacidades precisam planejar a governança de populações cidadãs muito grandes; • Megacidades precisam ser mais inteligentes na gestão de recursos valiosos, como a água. Não é de se assustar que as cidades estão ficando cada vez maiores, cada vez mais pessoas saem do campo em busca das falsas promessas de saúde, bom em- prego e fonte de renda sustentável. Como essa tendência de crescimento das cida- 14 15 des não diminuirá com o tempo, só nos resta embarcar em tecnologias para que elas se tornem o mais responsivas possível, mesmo porque há um limite para que se possa por pessoas numa administração e, acima desse limite, a gestão de abso- lutamente tudo numa cidade ficará inviável. Teríamos que acabar quebrando essa cidade em subcidades, como muitas capi- tais como São Paulo fazem hoje, criando subprefeituras que, se estivessem inte- gradas, poderiam ter um efeito benéfico incrível sobre todos os cidadãos e sobre a gestão de recursos. Como não são integradas e não há tecnologias de middleware para a passagem de dados e para as tomadas de decisão coletivas, acabam sendo mais um gargalo do que um ponto positivo de descentralização, não trazendo os benefícios que em teoria traria. Portanto, se olharmos pelo ponto de vista operacional, a cidade inteligente se torna uma das poucas maneiras viáveis para gerirmos o caos urbano que lentamente se ins- tala e se percebe pela falta de controle e priorização, como vemos hoje na segurança do Rio de Janeiro ou no trânsito de São Paulo, entre exemplos em outros estados. Como fazer frente a isso? Obviamente se faz necessária uma arquitetura de infraestrutura que possa abra- çar a cidade e trabalhar para resolver os seguintes desafios: • O acesso móvel é a norma esperada para o acesso a informações e serviços fornecidos pelos municípios; • As operações da cidade estão adotando uma abordagem mais holística para alcançarem eficiências e otimizações na escala urbana. Cada vez mais, dife- rentes departamentos nos governos municipais estão percebendo que a cola- boração é vital; • Conhecendo a interdinâmica necessária para construir ambientes urbanos da próxima geração, os governos municipais estão identificando maneiras de se- parar os serviços de infraestrutura a fim de terem mais agilidade no forneci- mento de recursos digitais inovadores e integrados; • Para acompanhar o rápido nível de mudança, a dependência de meios mecâni- cos de monitoramento de fatores ambientais urbanos está sendo substituída por computação para permitir a captura e o processamento de dados em tempo real; • Silos de dados pertencentes a diferentes entidades municipais estão dando lu- gar a uma plataforma de dados mais aberta que permite uma integração mais perfeita e um potencial de geração de valor. Conforme Compea (2017), os fatores desafiantes das cidades inteligentes permi- tem criarmos uma arquitetura eficiente baseada no que já possuímos de tecnologia e pessoas, de tal forma que ele descreve o papel de cada peça nesse ambiente dinâmico: Os sensores de IoT capturam dados em tempo real de muitas fontes, como qualidade da água, qualidade do ar, condições de tráfego, utilização da rede de energia e operações de equipamentos, por exemplo. 15 UNIDADE IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities Funções executadas por diferentes departamentos são digitalizadas na forma de serviços em nuvem separados, incluindo governança, transporte, energia e outros. Os serviços em nuvem podem ser combinados com novas ofertas. As aplicações móveis são os condutores para serviços digitais que ofe- recem acessos inovadores com a plataforma de cidade inteligente para melhorar significativamente a qualidade de vida. A segurança é um componente crítico para manter os dados dos cidadãos e o acesso seguro através do uso de perfis e reivindicações. Uma base de dados aberta oferece suporte a algoritmos de aprendizado de máquina que criam insights e recursos em tempo real atraente para os cidadãos em movimento. A análise de Big Data sobre essas represas de dados que armazenam infor- mações históricas de cidades inteligentes que foram processadas por meio de canais de IoT podem fornecer análise de tendências e recursos preditivos. Com a plataforma de cidade inteligente, as operações podem monitorar, automatizar, otimizar e prever melhor um amplo espectro de parâmetros sobre as atividades na cidade, proporcionando ótimas experiências e uma qualidade de vida muito maior para seus cidadãos (COMPEAN, 2017). Figura 2 – Visão arquitetônica no nível macro de uma cidade inteligente Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images IoT está, portanto, sendo adotada em diferentes domínios de aplicação e é reconhecida como um dos principais facilitadores da construção da smart city. Apesar dos esforços de padronização e ampla adoção de padrões da Web e tecnologias de computação em nuvem, a construção dessas plataformas para as cidades inteligentes em larga escala ainda é um desafio – é só você pensar em cidades do tamanho de São Paulo, Cidade do México, Cingapura ou Calcutá. 16 17 O ambiente de IoT que muda dinamicamente e exige que esses sistemas sejam capazes de escalar e evoluir com o tempo, adotando novas tecnologias e requisitos. Uma das alternativas seria a adoção, dentro da arquitetura que acabamos de ver, da associação de microsserviços. Alguns Cases de Cidades Inteligentes pelo Mundo Barcelona (COMPEAN, 2017) • Barcelona empreendeu uma iniciativa de transformação de cidade inteligente e desenvolveu serviços inovadores, como iluminação inteligente, ônibus inteli- gentes, estacionamento inteligente e gerenciamento inteligente de água; • A iniciativa também forneceu serviços digitais para capacitar seus cida- dãos inteligentes; • Os novos serviços e capacidades geram receita, permitem experiências inteligentes aos cidadãos, aumentam a produtividade e permitem evitar custos desnecessários; • Algumas estimativas colocam a criação de valor da cidade inteligente de Bar- celona em cerca de US$ 3 bilhões; • Como benefício direto, a prefeituracita economia de US$ 58 milhões em água, aumento de US$ 50 milhões em receitas de estacionamento por ano, 47.000 novos empregos diretos e indiretos e, através de sua iluminação inte- ligente, uma economia de energia anual de US$ 37 milhões. Genebra (GARFIELD, 2017) • Tem priorizado a infraestrutura eficiente em termos energéticos em seus edifí- cios e transporte público. Até 2020, a cidade planeja reduzir suas emissões de dióxido de carbono em 21% abaixo dos níveis de 2005. Tóquio (RESPONSIBLE BUSINESS, 2017) • O sistema ferroviário em Tóquio, no Japão, lida com mais de 100 linhas de trem e 14 bilhões de passageiros por ano; • Metrópole mais ecológica de amanhã. A capital do Japão está integrando sustentabilidade e planejamento urbano nos Jogos Olímpicos, que deve sediar em 2020; • As operadoras ferroviárias também estão atualizando as instalações com o ob- jetivo de tornar Tóquio uma cidade com uma das redes de transporte público mais acessíveis do mundo; • A cidade também ocupa uma posição alta em estacionamentos inteligentes, hotspots Wi-Fi e foi transformada em uma “ilha verde” ao atingir uma meta estabelecida anteriormente de plantar um milhão de árvores até 2015. 17 UNIDADE IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities Singapura (GARFIELD,2017) • Apresenta uma das redes de transporte público mais econômicas do mundo, de acordo com um estudo de 2014 da Siemens; • Possui um dos melhores ecossistemas de negócios, sucessos no planejamento urbano, qualidade da internet e seus esforços em direção à energia limpa. Seul (RESPONSIBLE BUSINESS, 2017) • É um dos melhores exemplos de como o e-Government pode ser usado com eficácia. Sob o conceito de “cidade onipresente”, Seul está usando infra- estrutura de alta tecnologia para integrar digitalmente os serviços da cidade. Além de sediar a próxima rede 5G, a capital da Coréia do Sul está entre as líderes mundiais na utilização de tecnologia inteligente em habitação pública, mobilidade e transporte. Copenhagen (GARFIELD, 2017) • Possui um ecossistema de inicialização saudável, um grande número de hotspots Wi-Fi e uma quantidade relativamente baixa de congestionamentos de tráfego. A cidade também está investindo em energia limpa, com o objetivo de ser 100% neutra em carbono até 2025. Amsterdã (RESPONSIBLE BUSINESS, 2017) • Uma das cidades mais inovadoras da Europa, graças a uma variedade de novas iniciativas. Os esforços da cidade para utilizar energia renovável incluem caminhões elétricos que coletam lixo, além de painéis solares que acionam paradas de ônibus, outdoors e iluminação. Milhares de empresas e residências também foram modificadas com isolamento de coberturas energeticamente eficiente, interruptores de luz de dimerização automática, medidores inteligentes e luzes LED de baixíssima energia. Boston (RESPONSIBLE BUSINESS, 2017) • Se concentra no urbanismo participativo – que está incentivando mais envolvimento dos cidadãos em sua comunidade por meio da tecnologia. O principal aplicativo da cidade é o premiado BOS:311, uma ferramenta que “substitui” os residentes locais, permitindo que eles denunciem buracos, pichações e outras questões de qualquer lugar da cidade. Bristol (RESPONSIBLE BUSINESS, 2017) • Superou Londres na área de desenvolvimento sustentável. Anteriormente conhecida por sua cultura rica e cena underground, a cidade se desenvolveu em um lugar onde soluções sustentáveis não são apenas ideias, mas realidade. Tecnologia como carros sem motoristas, conectividade 5G e big data – ou seja, usando o crescente número de dispositivos conectados para obter novos insights, transformou a cidade na cidade mais habitável do Reino Unido. 18 19 Olhando todos esses casos, nos recai a seguinte pergunta: quais as aplicações e os segmentos que mais utilizam IoT hoje? Levando em consideração que numa cidade existe residências, indústrias e comércio, portanto, todos os seguimentos, incluindo educação, saúde, segurança, agricultura etc. Figura 2 – A maioria dos projetos de uso de IoT são para smart city, segundo Padraig Scully (2018). Fonte: movilfi rst.org As cidades inteligentes têm usado intensivamente aplicações para o tráfego inteligente e isso inclui sistemas de estacionamento, monitoramento e controle de tráfego. Figura 4 – Aplicações IoT por segmento dentro de smart cities segundo Padraig Scully (2018). Fonte: movilfirst.org Visualizando de forma um pouco mais aprofundada esse gráfico, os campos de investimento para IoT dentro das cidades inteligentes está focado nas seguin- tes aplicações: 19 UNIDADE IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities • Estacionamento inteligente: monitoramento da disponibilidade de vagas de estacionamento na cidade; • Saúde estrutural: monitoramento das vibrações e condições materiais, edifícios, pontes e monumentos históricos; • Mapas de ruído urbano: monitoramento do som em bares e zonas centralizadas em tempo real; • Detecção de smartphone: detectar dispositivos iPhone e Android e, em geral, qualquer dispositivo que funcione com interfaces Wi-Fi ou bluetooth; • Níveis de campo eletromagnético: medição da energia irradiada por estações de célula e roteadores Wi-Fi; • Congestionamento de tráfego: monitoramento de veículos e pedestres para otimizar rotas de condução e de pedestres; • Iluminação inteligente: iluminação adaptável inteligente e temporizada em luzes de rua; • Gestão de resíduos: detecção de níveis de lixo em recipientes para aperfeiçoar as rotas de coleta de lixo; • Estradas inteligentes: rodovias inteligentes com mensagens de aviso e desvios de acordo com as condições climáticas e eventos inesperados, como acidentes ou congestionamentos de trânsito. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Cidades inteligentes: os casos brasileiros - Anderson Tomaiz, Huawei [Futurecom 2015] https://youtu.be/1OEV38gJhck Laguna Residencial, a cidade inteligente feita para o público de baixa renda https://youtu.be/H4Wugi3kjB8 Ranking das cidades inteligentes do Brasil https://youtu.be/gQQ13AOv7dM Leitura Cidades inteligentes como nova prática para o gerenciamento dos serviços e infraestruturas urbanos: a experiência da cidade de Porto Alegre WEISS, M. C. Cidades inteligentes como nova prática para o gerenciamento dos serviços e infraestruturas urbanos: a experiência da cidade de Porto Alegre, URBE. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), v. 7, n. 3, p. 310-324, set./dez/ 2015. https://goo.gl/QghorU O problema com os celulares Surveillance self-defense. https://goo.gl/AQa8K2 21 UNIDADE IoT Definições e Aplicações Para Smart Cities Referências BUSINESS DICTIONARY. Cidade Inteligente. 2010. Disponível em: <http://www. businessdictionary.com/definition/smart-city.html>. Acesso em: 27 mar. 2018. COMPEAN, S. Smart City IoT Design e Arquitetura. 2017. Disponível em: <http:// labs.sogeti.com/smart-city-iot-design-architecture/>. Acesso em: 29 mar. 2018. LIMA de, J. D. A utopia e a realidade das cidades inteligentes hoje, segundo este relatório. Nexo Jornal. 2017. Disponível em: <https://www.nexojornal.com. br/expresso/2017/11/09/A-utopia-e-a-realidade-das-cidades-inteligentes-hoje- segundo-este-relat%C3%B3rio>. Acesso em: 19 mar. 2018. PRIVACY INTERNATIONAL. Smart Cities: Utopian Vision, Dystopian Reality. 2017. Disponível em: <https://privacyinternational.org/sites/default/ files/2017-12/Smart%20Cities-Utopian%20Vision%2C%20Dystopian%20 Reality.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018. RESPOSIBLE BUSINESS. Top 10 Smart Cities of 2017. 2017. Disponível em: <http://www.responsiblebusiness.com/channels/cities-urbanisation-news/top- 10-smart-cities-2017/>. Acesso em: 30 mar. 2018. TONON, R. Cidades Inteligentes. Revista Galileu. 2013. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI338454-17773,00- CIDADES+INTELIGENTES.html>. Acesso em: 27 mar. 2018. 22
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