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LICENCIATURA EM PEDAGOGIA Governo Federal República Federativa do Brasil Ministério da Educação República de Moçambique Ministério de Educação TÉCNICAS DE EXPRESSÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA República de Moçambique Ministério de Educação G963t Guimino Júnior, Ernesto Luís. Técnicas de expressão em Língua Portuguesa / Ernesto Luís Guimino Júnior, Jerónimo Simão, Nobre Roque dos Santos, Orlando Bahule. - Brasília: Ministério da Educação; Moçambique: Ministério da Educação: Universidade Pedagógica; Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010. 158p.; 18 x 24,5 cm. ISBN: 978-85-7648-714-2 1. Língua Portuguesa. 2. Língua Portuguesa - Estudo e ensino. I. Simão, Jerónimo. I. Santos, Nobre Roque. III. Bahule, Orlando. IV. Título. CDD: 469 Referências Bibliográfi cas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT. UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA ELABORA ÇÃO DE CONTEÚDO Ernesto Luís Guimino Júnior Jerónimo Simão Nobre Roque dos Santos Orlando Bahule DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL Teresa Miguel Enós Jamal-Dine REVISÃO LINGUÍSTICA Paula Cruz EDIÇÃO Anilda Ibrahimo Khan PROGRA MAÇÃO VISUAL Eugénio David Langa FUNDAÇÃO CECIERJ/CONSÓRCIO CEDERJ COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL Cristine Costa Barreto SUPERVISÃO DE DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL Paulo Vasques de Miranda DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL Paulo Cesar Alves REVISÃO LINGUÍSTICA Paulo Cesar Alves COORDENAÇÃO EDITORIAL Fábio Rapello Alencar PROGRA MAÇÃO VISUAL André Guimarães de Souza ILUSTRA ÇÃO Equipe CECIERJ UNIVERSIDADE FEDERA L DE GOIÁS DESIGN GR ÁFICO − PROJETO EDITORIAL Cleomar de Souza Rocha Yannick Aimé Ferreira Taillebois Copyright © 2011, Fundação CECIERJ / Universidade Pedagógica Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização. DIREITOS DO AUTOR Este módulo de Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa não pode ser reproduzido para fi ns comerciais. No caso de reprodução, deve ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos autores deste módulo. APRESENTAÇÃO À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na produção dos Módulos. Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados. Ao Magnífi co Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento da Universidade Pedagógica, pelo apoio prestado em todo o processo. ÍNDICE VISÃO GERAL .................................................................................................... Bem-Vindo às Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa .......................... Objectivos da cadeira ................................................................................................ Como está estruturado este Módulo? ................................................................... Acerca dos ícones ....................................................................................................... Habilidades de estudo .............................................................................................. Precisa de apoio? ........................................................................................................ Tarefas (avaliação e autoavaliação) ......................................................................... Avaliação ...................................................................................................................... UNIDADE I – TOMADA DE NOTAS .................................................... Lição 1 - Registros de Informações Importantes ................................................ UNIDADE II – RESUMO ............................................................................... Lição 1 .......................................................................................................................... Lição 2 .......................................................................................................................... UNIDADE III – AS FICHAS DE TRABALHO .................................. Lição 1 – A Ficha Bibliográfi ca ............................................................................... Lição 2 – Ficha de Leitura ........................................................................................ UNIDADE IV – TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO ............ Lição 1 .......................................................................................................................... Lição 2 .......................................................................................................................... Lição 3 .......................................................................................................................... 9 9 9 10 11 12 12 13 14 15 17 33 35 43 55 57 65 75 77 85 101 UNIDADE V – TEXTOS DIDÁCTICO-PROFISSIONAIS ........ Lição 1 – Circular e convocatória ........................................................................... Lição 2 – Acta ............................................................................................................. Lição 3 – O Regulamento ........................................................................................ Lição 4 – O Relatório ................................................................................................ Lição 5 – O Sumário ................................................................................................. Referências Bibliográfi cas ........................................................................................ 109 111 119 125 137 151 157 Visão Geral 9 VISÃO GERAL BEM-VINDO ÀS TÉCNICAS DE EXPRESSÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA Pretende-se com esta cadeira exercitar a compreensão e expressão oral e escrita, em diferentes situações de comunicação, e fornecer instru- mentos que permitam a manipulação de diferentes tipos de textos, tendo em conta o público a que se destinam. Considerando que a Língua Portuguesa organiza os saberes curricu- lares das outras disciplinas, o presente Módulo de Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa privilegia, por uma lado, a aquisição de determina- das técnicas de expressão e, por outro, o desenvolvimento de capacidades e aptidões que permitam ao sujeito de aprendizagem uma compreensão crítica das outras matérias de estudo dos diferentes cursos leccionados na Universidade Pedagógica. Objectivos da cadeira Ao concluir esta cadeira, esperamos que você seja capaz de: desenvolver a compreensão oral e escrita em diferentes situações de • comunicação; desenvolver a competência comunicativa em Língua Portuguesa, na • oralidade e na escrita, de forma apropriada a diferentes situações de comunicação; fornecer instrumentos que permitam a manipulação de diferentes tipos • de textos, tendo em conta o público a que se destinam; adquirir orientações lógicas, metodológicas e técnicas com vista à • formação de hábitos de estudo, de leitura, de uso de instrumentos de trabalho académico, de produção e sistematização do conhecimento; 10 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa refl etir sobre a gramática da língua, tendo em conta a textualidade;• produzir textos de natureza diversa em função do objectivo/intenção • de comunicação. COMO ESTÁ ESTRUTURADO ESTE MÓDULO? Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagó- gica encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo Uma visão geral detalhada da cadeira, resumindo os aspectos-chave de que você precisa para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do Módulo O Módulo está estruturada em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, objectivos e conteúdo da unidade, incluindo actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais actividades para autoavaliação. Outrosrecursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para explorar. Estes recursos podem incluir li- vros, artigos ou sites na Internet. Tarefas de avaliação, autoavaliação e actividades. As tarefas de avaliação para esta cadeira encontram-se no fi nal de cada unidade e serão desenvolvidas na própria lição. Visão Geral 11 Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo deste módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar a apresentação dos conteúdos. ACERCA DOS ÍCONES Ao longo deste Módulo, você irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identifi car diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específi ca do texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Os ícones usados neste Módulo são símbolos africanos, conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ociden- tal, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia. Você pode ver o conjunto completo de ícones a seguir, cada um com uma descrição do seu signifi cado e da forma como nós interpretamos esse signifi cado para representar as várias actividades ao longo deste Módulo. Comprometimento/ perseverança Actividade Resistência, perseverança Autoavaliação “Eu mudo ou transformo a minha vida” Objectivos “Qualidade do trabalho” (excelência/autenticidade) Avaliação/teste Vigilância/preocupação Tome Nota! “Aprender através da experiência” Exemplo/ Estudo de caso “Pronto a enfr entar as vicissitudes da vida” Refl exão Paz/harmonia Debate 12 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa HABILIDADES DE ESTUDO Caro estudante! Para frequentar com sucesso este Módulo, terá de buscar, através de uma leitura cuidadosa, das fontes de consulta a maior parte da informação ligada ao assunto abordado. Para o efeito, no fi m de cada unidade apresenta- se uma sugestão de livros para leitura complementar. Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, você deve certifi car- se de ter compreendido a questão colocada. É importante questionar se as informações colhidas na literatura são relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas. Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias apre- sentadas no texto. Desejamos-lhe muitos sucessos! PRECISA DE APOIO? Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em caso de dúvida numa matéria, tente consultar os manuais sugeridos no fi m da lição e disponíveis nos Centros de Ensino à Distância (CEAD) mais pró- ximos. Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure estudar os exemplos semelhantes apresentados neste Módulo. Se a dúvida persistir, consulte a orientação que aperece no fi m dos exercícios e/ou veja a resolu- ção do exercício. “Nó da sabedoria” Terminologia Apoio/encorajamento [Ajuda-me] deixa-me ajudar-te Dica Leitura Unidade/relações humanas Actividade de grupo Visão Geral 13 Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que está à sua disposição no centro mais próximo. Não se esqueça de consultar também colegas da escola que tenham feito a cadeira de Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa, vizinhos e até estudantes de universidades que vivam na sua zona e tenham ou estejam a fazer cadeiras relacionadas com Técnicas de Expressão. TAREFAS (AVALIAÇÃO E AUTOAVALIAÇÃO) Ao longo deste Módulo, você irá encontrar várias tarefas que acom- panham o seu estudo. Tente sempre solucioná-las. Consulte a resolução para confrontar o seu método e a solução apresentada. Você deve promover o há- bito de pesquisa e a capacidade de selecção de fontes de informação, tanto na Internet como em livros. Consulte manuais disponíveis e referenciados no fi m de cada lição para obter mais informações acerca do conteúdo que esteja a estudar. Se usar livros de outros autores ou parte deles na elaboração de algum trabalho, deverá citá-los e indicar esses livros na bibliografi a. Não se esqueça que usar um conteúdo, livro ou parte do livro em algum trabalho, sem referenciá-lo é plágio e pode ser penalizado por isso. As citações e re- ferências são uma forma de reconhecimento e respeito pelo pensamento de outros. Estamos cientes de que você não gostaria de ver uma ideia sua a ser usada sem que fosse referenciado, não é? Na medida do possível, procure alargar competências relacionadas com o conhecimento científi co, as quais exigem um desenvolvimento de competências, como autocontrole da sua aprendizagem. As tarefas colocadas nas actividades de avaliação e de autoavaliação deverão ser realizadas no corpo das lições. Você deve produzir documentos sobre as tarefas realizadas em su- porte diverso, nomeadamente, usando as novas tecnologias e enviá-los ao respectivo Departamento quer através da Internet, quer dos serviços de Correios de Moçambique. 14 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa AVALIAÇÃO O Módulo de Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa terá dois testes e um exame fi nal que deverá ser feito no Centro de Recursos mais próximo, ou em local a ser indicado pela administração do curso. O calen- dário das avaliações será também apresentado oportunamente. A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu desempenho nas li- ções, mas também estimular-lhe a rever alguns aspectos e a seguir em frente. Durante o estudo deste módulo, você será avaliado com base na rea- lização de actividades e tarefas de autoavaliação previstas em cada Unidade, dois testes escritos e um exame. 1 TOMADA DE NOTAS Ernesto Luís Guimino Júnior Jerónimo Simão Nobre Roque dos Santos Orlando Bahule Objectivos da unidade Ao terminar esta unidade, esperamos que você seja capaz de: 1. identifi car a motivação/importância da tomada de notas; 2. apontar os procedimentos para tomada de notas numa exposição oral/ escrita; 3. tomar notas, a partir da leitura do texto “Memória e Aprendizagem”; 4. elaborar pequenos resumos/levantar palavras-chave; 5. detectar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades/ parágrafos; 6. organizar as informações, a partir das relações sintácticas e lógico - semânticas entre as unidades; 7. reconstituir textos orais ou escritos. Introdução da unidade No nosso dia a dia, somos sempre levados, por força da acção profi s- sional a tomar notas, ou seja, fazer apontamentos de forma reduzida. Como nas atividades a nível superior recorremos a ditados e resu- mos, constantemente, a prática de tomada de notas no ensino à distância, é de extrema importância não só por permitir corrigir falhas de memória, como também por constituir a base para a redacção de resumos, notas de síntese, relatórios de apreciação de uma leitura, etc. Estrutura Esta unidade é composta por duas aulas correspondentes a 120 mi- nutos. As lições desta unidade abordam os seguinetes tópicos da Tomada de Notas: Tomada de Notas, a partir de um texto oral; • Tomada de Notas no próprio texto;• Levantamento de palavras-chave/unidades de signifi cação; • Reconstituição de textos, a partir das notas tomadas.• Tomada de Notas 17 LIÇÃO 1 – REGISTROS DE INFORMAÇÕES IMPORTANTES Objectivos Ao terminar esta unidade, esperamos que você seja capaz de: 1. identifi car a motivação/importância da tomada de notas; 2. apontar os procedimentos para tomada de notas numa exposição oral/ escrita; 3. tomar notas, a partir da leitura do texto “Memória e Aprendizagem”; 4. elaborar pequenos resumos/ levantar palavras-chave; 5. detectar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades/ parágrafos; 6. organizar as informações, a partir das relações sintácticas e lógico - semânticas entre as unidades; 7. reconstituir textos orais ou escritos. 1. Introdução No exercício da nossa actividade profi ssional, como docentes/estu- dantes, somos confrontados com a necessidade de tomar notas.Não sendo um privilégio exclusivo do professor/estudantes, este exercício também pode ser realizado por um quadro de qualquer área, um asssalariado, uma secetária, um jornalista, etc. As situações em que se tomam notas, como veremos no decurso desta unidade/lição, são variadas e surgem nos mais diversos momentos da vida quotidiana, profi ssional ou pessoal. De um modo particular, as aulas a nível superior não se socorrem de ditados, resumos, etc., por isso, a exercitação da tomada de notas, quer nos casos de ensino presencial, quer nos de ensino à distância, é de extrema 18 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa importância não só por permitir corrigir falhas de memória, como também por constituir a base para a redacção de resumos, notas de síntese, relatórios de apreciação de uma leitura, etc. Porém, a tomada de notas não deve ser encarada como a transcrição de palavra por palavra de uma mensagem. Aliás, a rapidez com que o enun- ciador apresenta os assuntos não permite essa prática. Deste modo, as notas servem muitas vezes como ponto de partida para redigir escritos, cuja carac- terística comum é a de serem uma redução de textos muito mais longos. É o que procuraremos praticar nesta unidade. 2. O QUE É A PRÁTICA DE TOMADA DE NOTAS? Consiste na redução do texto, seleccionando, portanto, de forma sinté- tica determinadas informações de um texto básico (veiculado quer na forma oral quer na forma escrita), mantendo o seu sentido inicial, aliás, esta técnica tem por objectivo retransmitir um conjunto de informações, preservando o sentido da mensagem numa reformulação mais precisa e económica. Figura 1.1: Registros no bloco de notas. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/25415 – Gokhan Okur Tomada de Notas 19 2.1 Motivação para a tomada de notas Na vida diária, profi ssional ou estudantil, temos a necessidade de fi - xar o pensamento do outro. Acontece que às vezes prestamos atenção em aspectos de menor importância. Imaginemos então que estamos numa aula/palestra, o professor/orador limitar-se a expor, fazendo alguns gestos, elevando a voz de vez em quando, repetindo o que achar pertinente, às vezes fazendo registos no quadro, e chamando a atenção dos participantes para determinadas passagens da sua exposição. Então, que devemos fazer para racionalizarmos o tempo, de modo a não perdermos as informações consideradas importantes? A não perdermos tempo na tentativa de registarmos tudo o que orador disse? (registe a sua resposta num papel à parte, sem pressa, refl icta nos mais variados procedi- mentos necessários). Muito bem! É isso mesmo, devemos prestar a atenção nos seguin- tes aspectos: • tom de voz do orador; • palavras/frases que chamam a atenção; • repetição de ideias; • tempo dedicado a cada assunto; • registos feitos no quadro (se for o caso); • indicações expressas pelo orador; • entoação de voz - voz pausada ou alta; • uso de abreviaturas/símbolos; • registos no bloco de notas/caderno das anotações feitas no quadro ou no caderno. Óptimo! Se não apontou todos esses aspectos poderá acrescentar o que estiver em falta e refl icta na sua pertinência na realização desse exercício. 20 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 2.2 Abreviaturas e Símbolos Na resposta à questão colocada em (1), afi rmàmos que uma das téc- nicas de economia de texto é o recurso a abreviaturas e símbolos. Então, lembre-se de alguns desses símbolos, pode até recorrer aos sinais usados na Matemática para expressar relações de implicação, supressão/conjunto vazio, ideias mais importantes, menos importantes, etc. Faça a sua proposta num papel à parte. Agora, sim! Lembre-se de que a tomada de notas é uma actividade pes- soal, como tal as abreviaturas e símbolos que podem ser usados podem variar de indivíduo para indivíduo, mas por ser uma técnica de economia de texto muito usada no dia a dia generalizou-se o uso de alguns símbolos e abreviatu- ras. Confronte a sua proposta com a que lhe apresentamos a seguir. ______ Ideias principais; + mais ………. Ideias secundárias - menos X Não concordo = igual Def. Defi nição Ñ negação/não/nunca ⇒ Implicação/causalidade % por cento § Parágrafo * agramatilidade/desvio Ø Supressão ≠ diferente Se dentre outros símbolos e abreviaturas abarcou todos, isto signifi ca que está no bom caminho. Mas, se não focou nenhum, não desanime, releia esta lição e tente sozinho lembrar-se de outras abreviaturas. Deve assistir a au- las dos colegas e participar mais nos debates, conferências, palestras, a fi m de exercitar esta habilidade tão importante para a vida de estudos superiores. Mas note que também tomam-se notas noutros contextos. Vamos refl ectir juntos: 2.3 Tomada de notas no próprio texto A nossa vida profi ssional exige muito de nós e, muitas vezes, somos obrigados a participar em eventos que dependem de informações a que só podemos ter acesso por via da leitura. De que maneira preparamos nossas intervenções/participação? De que materiais nos socorremos nesses casos? De facto, podemos recorrer a uma grande diversidade de meios. Dê exem- Tomada de Notas 21 plos de fontes usadas nesses casos. E quais são os procedimentos que adop- tamos nessas circunstâncias? (Tem pelo menos cinco minutos para pensar e tentar esboçar uma resposta!). Óptimo! A partir da leitura de um jornal, de uma revista, de um livro, etc. tomam-se notas quer para organizar fi chas, quer para preparar uma in- tervenção num debate, conferência, estudo, etc. 2.4 Reconhecimento de ideias e sua redução “É pela memória que a pessoa adquire o sentimento da própria iden- tidade. Com o efeito, a memória não é a simples conservação de algo que ocorreu no passado. A simples conservação do passado não é ainda memó- ria, esta tem também uma função psicológica de integração pela qual o que aconteceu no passado é referido ao sujeito: a memória é antes de mais o reconhecimento das experiências passadas como elemento, como parte da vida do sujeito. Se eu não tivesse a capacidade de sentir e viver como mi- nhas, como fazendo parte do meu património pessoal tudo o que já vivi, a ideia de mim mesmo seria extraordinariamente pobre e fragmentária. Que seria de cada um de nós se fosse amputado de toda a experiência passada, do já sido, já vivido?” Memória= função Integração/reconhecimento/recuperação expe- riência passada. Actividade I Passos de uma estratégia para a tomada de notas no próprio texto. Leia o texto abaixo, pelo menos duas vezes, de modo a compreender o seu conteúdo. 22 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Aprendizagem e Memória Desde o seu nível mais elementar que a memória está implicada em qualquer fe- nómeno de aprendizagem. Aliás, a simples defi nição da aprendizagem como uma modifi cação sistemática da conduta, isto é, uma mudança que se traduz num hábito, numa reacção habitual, pressupõe já necessariamente a memória como condição de conservação da resposta aprendida. A memória é uma função biológica e psicológica absolutamente indispensável. Todo o ser vivo, em maior ou menor escala, faz uma experiência, que é o per- curso de toda uma vida. O que é ter experiência senão estar apetrechado com aquisições anteriormente feitas, não estar em branco em face das situações que se deparam, ser capaz de tirar proveito do já feito, do já vivido? É pela memória que a pessoa adquire o sentimento da própria identidade. Com o efeito, a memória não é a simples conservação de algo que ocorreu no passa- do. A simples conservação do passado não é ainda memória, esta tem também uma função psicológica de integração pela qual o que aconteceu no passado é referido ao sujeito: a memória é antes de mais o reconhecimento das ex- periências passadas como elemento, como parte da vida do sujeito. Se eu não tivesse a capacidade de sentir e viver como minhas, como fazendo parte do meu património pessoal tudo o que já vivi, a ideia de mim mesmo seria extraordina- riamente pobre e fragmentária. Quer seria cada um denós se fosse amputado de toda a experiência passada, do já sido, já vivido? É por isso que a memória é uma função essencial para a continuidade da vida individual ou colectiva. E isso implica que o hábito enquanto conduta aprendida e que se realiza sem esforço e quase sem darmos por isso não tenha o simples sentido negativo de rotina, de algo caduco ou de um automatismo psíquico, mas que ele tenha também um sentido positivo de potencial, de riqueza do passado cujo efeito se mantém no presente. O importante não é lutar contra os hábitos, mas impedir a sua cristalização, utilizá-los para aquilo que mais podem contribuir: libertar energias que podem ser utilizadas criadoramente. Assistimos na actualidade a uma desclassifi cação da memória. Esta é entendi- da como o contrário da inovação, da criatividade, da imaginação criadora. Esta reacção contra a memória é, em grande medida, justa, pois visa ultrapassar a Tomada de Notas 23 identidade memorizar-aprender. Aprendizagem pressupõe a memória, mas é mais que isso: produção do novo, construção de algo nunca visto ou feito antes. Aprender não é simplesmente memorizar. Mas isso não signifi ca que a memória se oponha à inovação, à criação nos seus diferentes domínios e aspectos. Muito pelo contrário, a memória é um instrumento muito importante do progresso. Também aqui é válido o provérbio de que o saber não ocupa lugar, isto é, de que o saber anterior não difi culta a aquisição de novos saberes. Quantas vezes não sentimos a falta de bases de noções ou de experiências prévias que facilitariam a aprendizagem presente? Quantas vezes o fracasso, o insucesso escolar e na vida não é o resultado de falhas na aprendizagem e na experiência em certas fases da vida! Cardoso, A., Fróis, A.: Fachada A – Rumos da Psicologia (10°/11°- 2v.), Lisboa, 1989 (adaptado) 1. Agora, usando algarismos árabes (1,2,3,4), numere os parágrafos do texto, que acabou de ler. 2. Faça uma nova leitura silenciosa do texto, e procure, a lápis, dividi-lo em partes de acordo com o sentido dos diferentes parágrafos. Tenha sempre em atenção as relações lógico-semânticas e sintácticas entre as partes (palavras de ligação entre os parágrafos, sentido de cada parte, etc.). 3. Passe as notas tomadas (palavras-chave, expressões, pequenos resumos, citações, es- tabelecendo relações entre notas tomadas). Tenha sempre presente a hierarquização das informações no texto, em estudo. Resposta Comentada Então, quantos parágrafos(§) encontrou? Oito (8). É claro!1. Optimo! Você deve ter identifi cado três partes.2. Destaque, 3. sublinhando/marcando a cores, fazendo anotações nas margens/no próprio texto, as ideias principais e/ou as palavras-chave de cada parte/parágrafo. Veja como proceder? Siga o exemplo. 24 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Aprendizagem e Memória aprendizagem = modifi cação sistemática conduta = formação hábitos novos => memória condição conservação aprendido memória = função biológica+psicológica (2°,3°,4°§) Integração = reconhecimento/recuperação experiência passada, Por isso, memória função essencial continuidade vida individual/colectiva Hábitos encarado sentido positivo, riqueza passada c/ efeito presente. memória vs aprendizagem (5°,6°,7°,8°§) Importante não combater hábitos; Usar hábito p/ libertar energias = ultrapassar identidade aprender, memorizar Sucesso escolar => conhecimentos prévios; logo, memória importante na aprendizagem. Muito bem, notou de facto que as notas são pessoais! Mas para o sucesso desta ope- ração precisámos de cultivar a economia de texto (de palavras). Este aspecto é obtido por diferentes processos. Vamos então resumir o que fi zemos: Supressão de certos elementos: certos determinantes, o verbo “ser” exprimindo uma função. Ex: “…a memória é uma função essencial para continuidade da vida individual ou colectiva.” memória Ø função essencial Ø continuidade Ø vida. Supressão de palavras por nominalizações. Ex: “ Desde o seu nível mais elementar que a memória está implicada em qualquer fenómeno de aprendizagem. Aliás, a simples defi nição da aprendizagem como uma modifi cação sistemática da conduta, (…)”. Aprendizagem = modifi cação conduta 2.5 A interpretação memória vs aprendizagem (5°,6°,7°,8°§) Importante não combater hábitos; Usar hábito libertar energias = ultra- passar identidade: aprender, memorizar. Sucesso escolar => conhecimentos prévios; logo, memória impor- tante aprendizagem. Tomada de Notas 25 2.6 Tomada de notas a partir de texto oral Como você sabe, durante um exposição (palestra, conferência, expli- cação do professor) é muito útil tirar notas do que se diz. Umas notas bem tomadas servem depois para recordar a explicação/exposição completa. Propomo-lhe um exercício de tomada de notas, a partir de textos orais, mas antes, vamos recordar determinados passos importantes: (i) anote as ideias mais importantes sobre o tema, deixando de lado as secundárias; (ii) resuma de forma pessoal essas ideias, só escreva textualmente in- formações como notas bibliográfi cas, fórmulas, esquemas, etc. (iii) se se perder, deixe um espaço em branco e continue. No fi m da exposição, poderá completar os seus apontamentos com os que tomaram os seus colegas. (iv) ordene com clareza as diferentes partes da exposição, atribuin- do números ou letras; (v) utilize abreviaturas ou símbolos para as palavras ou expressões mais frequentes, com o fi m de poupar espaço e tempo; (vi) após a exposição aperfeiçoe as notas tomadas, passando os apontamentos a limpo. Figura 1.2: Exposição oral de um facto, propiciando a Tomada de Notas. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1031856 – Sachin Ghodke 26 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Actividade 2 Escolhendo uma disciplina do seu currículo. Opte por uma determinada disciplina do seu currículo e aplique as regras relati- vas à tomada de notas com base num assunto exposto por seu colega ou amigo, num intervalo de cinco minutos. Depois, aperfeiçoe e complete o texto: a) passando as abreviaturas a palavras; b) construindo frases; c) articulando as frases em períodos; d) ordenando a sequência, segundo a lógica das ideias expostas. No fi m, apresente o trabalho, junto com as folhas onde inicialmente tomou as notas, ao seu colega. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Resposta Comentada Se o resultado for satisfatório, prepare outra actividade de exercitação. Se teve muitas difi culdades, tais como omissões, deturpações, etc. deve rever a técnica de tomada Tomada de Notas 27 de notas, a fi m de identifi car as causas das falhas. Exercite-se mais! Vá assistir agora a uma aula de uma disciplina que não seja a que lecciona. O tema, a linguagem, se calhar parecer-lhe-ão estranhos. Não se importe, preste a atenção à aula e procure compreender o teor da aula e registe as ideias principais, as palavras chave, notas que o professor for registando no quadro,etc.Então, no fi m da aula, com mais vagar procure (re)organizar as notas tomadas. Fazem sentido? Estão compreensíveis? Agora lembra-se da exposição do professor? Claro que sim! Parabéns, conseguiu! SUMÁRIO Tomada de notas: Procedimentos numa exposição oral/aula;• Técnicas de economia de texto (palavras-chave; abreviaturas; pe-• quenos resumos/interpretação; nominalizações); Organização das notas tomadas a partir do texto “Memória e • aprendizagem”. Actividade 3 Tomada de Notas – Nominalização Ao longo da aula, você se deparou coma nominalização como uma das formas de economia de textos/palavras, agora vamos exercitar esta habilidade, com frases relacionadas com o texto “Aprendizagem e memória”. Siga exemplo: • “Falha de memória” – Esquecimento frase/expressão nome 28 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 1. Conduta aprendida que realiza sem esforço. ____________________________________________________ 2. Algo que se realiza com rotina. ____________________________________________________ 3. Construção de algo nunca visto ou feito antes. ____________________________________________________ 4. Conservação de algo que ocorreu no passado. ____________________________________________________ 5. Aquele que frequenta um estabelecimento de ensino. ____________________________________________________ 6. Qualquer acto de espírito ou operação da inteligência. ____________________________________________________ 7. Estado de actividade de animais e plantas. ____________________________________________________ 8. Órgãos que nos permitem apreender as formas e as cores. ____________________________________________________ Confronte as suas respostas com a chave que lhe aprestamos. Resposta 1. hábito 2. rotineiro 3. aprendizagem Tomada de Notas 29 4.memorização 5.estudante 6. pensamento 7. vida 8. olhos Óptimo! Viu que é fácil reduzir expressões a nomes? Se teve difi culdades, não desista, recorra ao dicionário e resolva os exercícios que se seguem, e, se não as teve, resolva-os sem recurso ao dicionário. Bom trabalho! Actividade 4 Nesta lição, você deparou-se com a prática da nominalização como uma das formas de economia de textos. Agora faça a nominalização dos verbos abaixo. verbo nome rever ___________________________________ ouvir ___________________________________ cantar ___________________________________ escrever ___________________________________ nadar ___________________________________ oferecer ___________________________________ aceitar ___________________________________ conectar ___________________________________ reagir ___________________________________ 30 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Actividade 5 Cultura Geral Vamos dar-lhe mais uma actividade de Cultural Geral. 1. Aparelho que aumenta o tom de voz. ____________________________________________________ 2. Canal subterrâneo por onde circulam águas de chuvas e de despejos. ____________________________________________________ 3. Aquele que escreve peças de teatro. ____________________________________________________ 4. Aquele que faz escrituras. ____________________________________________________ Resposta verbo nome rever revisão ouvir audição cantar canto/canção escrever escrita nadar natação/nado oferecer oferecimento aceitar aceitação/aceitabilidade conectar conecção reagir reacção Tomada de Notas 31 5. Ele cria abelhas. ____________________________________________________ 6. Colecciona notas e moedas antigas. ____________________________________________________ 7. Colecciona selos de correio. ____________________________________________________ 8. Medicina das crianças. ____________________________________________________ 9. Medicina da velhice. ____________________________________________________ 10. Aquele que escreve ensaios. ____________________________________________________ Óptimo, agora, compare as suas respostas com as soluções abaixo. Resposta 1. microfone 2. esgoto 3. dramaturgo 4. escriturário 5. apicultor 6. numismata 7. fi latelista 8. pediatria 9. geriatria 10. ensaista 2 RESUMO Ernesto Luís Guimino Júnior Jerónimo Simão Nobre Roque dos Santos Orlando Bahule Objectivo da unidade Ao completar esta unidade, esperamos que você seja capaz de resumir textos orais ou escritos, usando as técnicas de Tomada de Notas. Introdução da unidade Para darmos seguimento à abordagem do conteúdo desta unidade temática, desejamos, antes, chamar à sua atenção para o facto de haver rela- ção entre a unidade temática 1 “A tomada de notas” e esta. Na verdade, você já sabe que ao tomarmos notas pretendemos reter as ideias principais de um texto. Ora, o resumo vai usar algumas técnicas da tomada de notas, que você vai descobrir, nesta unidade temática. Antes apresentamos-lhe os conteúdos que vamos tratar nesta unidade: • conceito de resumo; • fases de preparação do resumo; • cuidados a ter na produção de um resumo; • produção do resumo. É o que veremos nas lições seguintes. Resumo 35 LIÇÃO 1 Objectivos Ao término desta lição, você deverá sere capaz de: identifi car as palvras-chave, ideias nucleares, conectores lógico-semânti-• cos, no texto lido. destacar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades • textuais; analisar o texto “ A Linguagem dos animais”, destacando as palavras-• chave, as relações sintácticas e lógico-semânticas entre os parágrafos; resumir o texto lido• 1. DO CONCEITO DE RESUMO Neste momento, queremos solicitá-lo a refl ectir sobre o conceito de resumo. Para tal, formulamos a pergunta seguinte: O que é resumir? Ou o que é o resumo? Para darmos resposta a estas questões, vamos fornecer-lhe algumas defi nições, todas elas válidas, que refl ectem vários estudos já reali- zados sobre esta temática. (i) O resumo é um texto que apresenta as ideias ou factos essenciais de um outro texto, de um modo abreviado. (ii) “Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitando o sentido, a estrutura e o tipo de enunciação, isto é, os tempos e as pessoas, com a ajuda do vocabulário do aluno. É, assim, reter as linhas de um raciocínio, o essencial dos dados de um proble- ma, as características de uma situação, as conclusões de uma análise, sem o mais pequeno comentário.” REI (1986). (iii) Resumir signifi ca criar um novo texto mais condensado, que utiliza as informações mais importantes do texto-base. Quer dizer que o resumo é um texto que reelabora o escrito de base, 36 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa reduzindo-lhe o comprimento, mantendo-se o autor em segun- do plano, esforçando-se por ser objectivo, na tentativa de criar uma síntese coerente e compreensível do texto de partida. – SE- RA FINI (1986). (iv) Resumir, em poucas palavras, é pegar num texto pelos seus pontos principais, pelos seus dados de conjunto e transmiti-lo, através de um outro, que é a redução do original. – BASTOS (1989). Vistas as defi nições de resumo/acto de resumir, vamos a seguir ver as fases a percorrer para produção do resumo: 1.1. Fases de preparação do resumo Estimado estudante, como já se apercebeu, para resumir um texto é necessário ler muito bem o texto. Por isto, esta actividade deve ser dividida em duas fases principais: leitura e compreensão do texto original;• produção do novo texto (o resumo).• Passamos, de seguida, a descrever as actividades que você deverá re- alizar em cada uma das fases: 1ª fase – Leitura e compreensão do texto original: fazer a leitura atenta do texto (em causa está saber de que fala o tex-• to, qual o seu sentido geral. Recomenda-se que a leitura seja feita tantas vezes quantas necessárias); dividir o texto em partes;• dar um título - resumo a cada parte;• “desmontar” o texto em palavras–chave e articuladores do discurso;• Resumo 37 fazer a síntese / organização das ideias.• 2ª fase – Produção do novo texto (o resumo): Selecção: destacar todas as principais unidades de signifi cação • (ideias); Supressão:omitir as unidades de signifi cação (ideias) que se refe-• rem a pormenores, a informações secundárias; Generalização: substituir duas ou mais unidades de signifi cação • (ideias) por uma unidade geral. Construção: organizar um novo texto em função da selecção, da • supressão e da generalização. Nesta segunda fase, há cuidados que você deverá ter na elaboração do novo texto (o resumo). De seguida, apresentamos-lhe um quadro que melhor poderá facilitar a sua aprendizagem: Tabela 1.1 - Cuidados a ter na produção do resumo. Você deve: Não deve: Seguir a ordem do texto original / manter o fi o condutor do texto original; Inverter a estrutura do texto original; Referir apenas as ideias ou os factos princi- pais do texto original; Usar as mesmas palavras do texto; Usar frases curtas e directas, sempre com o propósito de ser conciso e claro; portanto, compreensível; Copiar nem reproduzir; Dar preferência a construções impessoais; Utilizar expressões como: o autor disse, o autor falou, segundo o autor, este livro/o artigo ou documento; Considerar as palavras sublinhadas e as anotações à margem do documento; Reduzir o texto original a um 1/3 da sua extensão; Exceder o número de linhas proposto ou entre um 1/4 e 1/5 do texto original. Fazer a transcrição do documento, quando absolutamente necessária, com aspas e referência completa à fonte; Fazer a referenciação completa do docu- mento de base antes ou depois do resumo. 38 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Depois da leitura atenta do texto sobre o resumo (conceito, as fases de elaboração, os cuidados a ter e a produção), vamos avaliar o seu nível de assimilação destas matérias. Para isto, realize a seguinte actividade. Actividade 1 1. Leia o texto “A linguagem dos animais” . 1.1 Faça o levantamento das palavras-chave. 1.2 Elabore o resumo do texto” A linguagem dos animais” A Linguagem dos animais... “A utilização dos códigos não é só própria do homem (nem das máquinas que ele constrói): fala-se muitas vezes da linguagem dos animais. Sabe-se que uma abelha, de regresso à colmeia, pode indicar às outras com muita precisão o local onde se encontra uma fonte de alimento e a sua natureza e quantidade. A na- tureza é transmitida pelo odor de que a abelha se impregna; a quantidade, pela frequência dos sons que emite ao dançar, e a localização, por uma dança. A dança é circular, para uma distância superior: a abelha percorre um círculo que atraves- sa, em diâmetro, em diâmetro, e cuja orientação, em relação à vertical, marca a direcção do alimento em relação ao Sol. Enquanto percorre este diâmetro, agita o abdómen: a duração do bater de asas (o ritmo da dança) exprime a distância. Actualmente, há também um grande interesse pela linguagem dos golfi nhos: os golfi nhos emitem sons para comunicarem uns aos outros a destreza, o pedido de ajuda, a alegria, etc. O diálogo com os golfi nhos, que se orientam perfei- tamente na obscuridade total e circulam facilmente a profundidades variadas, poderia fornecer-nos informações de uma utilidade prática evidente. Procura-se também fazer “falar” os chimpanzés, mandar-lhes construir “frases”, etc. Em suma, os sistemas de comunicação utilizados pelos animais e os sistemas não verbais utilizados pelo homem, podem ser muito elaborados e é, fi nalmente uma pura questão terminológica ou de defi nição, saber se se trata de “linguagens”.” Texto traduzido e adaptado de F. Dubois-Charlier “Comment s’initier à la lin- guistique”, livret 1, Larousse, pp 9 e 10. Resumo 39 _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Confronte as suas respostas com as que a seguir lhe propomos. Resposta 1. Palavras-chave: homens, animais, linguagem, comunicação. 2. Resumo do texto “A linguagem dos animais” Os Homens utilizam o código verbal e o não verbal para se comunicarem entre si. Os animais usam outros códigos: as abelhas usam a dança para transmitirem às outras a localização de uma fonte de alimentos. Os golfi nhos comunicam-se através de sons. Há tentativas de fazer “falar” os chimpanzés e de levar a construírem frases. Actividade 2 1) Com base no que você estudou, faça o que se pede: a) O que é linguagem? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 40 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa b) Quais são as duas modalidades básicas de linguagem? Caracterize-as. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ c) Dê dois exemplos para cada uma delas. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ d) Existe a possibilidade de num mesmo processo de comunicação haver a associação destas duas modalidades de linguagem? Exemplifi que. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Resposta Comentada 1.a) É o uso da língua como forma de expressão e comunicação entre as pessoas. Agora, a linguagem não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas também de gestos e imagens. Afi nal, não nos comunicamos apenas pela fala ou escri- ta, não é verdade? Então, a linguagem pode ser verbalizada e daí vem a analogia ao verbo. Assim, a lin- guagem verbal é que se utiliza de palavras quando se fala ou quando se escreve. 1.b) Linguagem verbal – aquela que utiliza todas as virtualidades da palavra e seus signifi cados. Já a linguagem não verbal, ao contrário da verbal, não utiliza o vocábulo. O objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer dizer ou o que se está pensando, mas de utilizar outros meios comunicativos, como: placas, fi guras, gestos, objetos, cores, ou seja, os signos visuais. 1.c) Linguagem verbal – um texto escrito ou falado, uma carta, o diálogo, uma entre- vista, uma reportagem no jornal ou na televião, um bilhete, etc. Linguagem não verbal - o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identifi cação de “feminino” e “masculino” através de fi guras na porta da casa de banho, as placas de trânsito. 1.d) A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo tempo, como nos casos de cartoons e anúncios publicitários. Resumo 41 Actividade 3 2) Interprete as imagens: a) ____________________________________________________ b) Charge do autor Tacho ____________________________________________________ c) ____________________________________________________ d) ____________________________________________________ 42 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa e) ____________________________________________________ f) ____________________________________________________ Fotos de Sabrina Vilarinho Graduada em Letras, Equipe Brasil Escola Resposta Comentada 2. a) Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. b) Exemplo de linguagem verbal (óxente – expressão popular brasileira) e não verbal (sol, cactus, pinguim). c) Placas de trânsito – à frente “proibido andar de bicicleta”, atrás “quebra-molas”. d) Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitáriomasculino”. e) Imagem indicativa de “silêncio”. f) Semáforo com sinal amarelo, advertindo “atenção”. SUMÁRIO Conceito de resumo;• Fases de elaboração de resumo;• Exercícios de autoavaliação.• Resumo 43 LIÇÃO 2 Objectivos Ao completar esta lição, esperamos que você seja capaz de resumir o texto “Uso de portanto”. 1. A CONJUNÇÃO PORTANTO Leia com atenção o texto. O uso de portanto Hoje toda a gente diz portanto. Toda a gente é talvez um exagero, uma falta de rigor, mas toda a gente já reparou que muita gente diz portanto, a torto e a direito. Sobretudo gente culta, ou tida como culta, vá-se lá saber em muitos casos, por que bulas, mais nas cidades do que no campo polí- ticos, militares, advogados, médicos, engenheiros, professores, estudantes, jornalistas, escritores, todos dizem portanto, dando a ideia de que se trata de palavra indispensável, ou pelo menos útil á comunicação. Uma qualquer gramática da língua portuguesa ensina que portanto é uma conjunção coordenativa conclusiva e acrescenta a lista que, noutros tempos era debitada de cor e salteado ao menor aceno do professor: logo, pois, portanto, por conseguinte, por consequência. Simples, portanto. As coisas só se complicam (complicam é um modo de dizer…) com a crescente fre- quência da palavra utilizada a propósito e a despropósito, mais a despropó- sito, acrescente-se já a bem da verdade, inevitável como um tique, irritante como uma espera na paragem de autocarro. Afonso Praça, in Um Monumento de Ternura e Nada Mais, Lisboa, Editorial Notícias, 1995. 44 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Actividade 1 Agora que compreendeu o texto, resuma-o para, mais ou menos, 1/4 de dimen- são do texto-fonte, tenha em conta as instruções transmitidas no início desta unidade e observe os itens abaixo. Na aula passada, vimos a técnica de resumo. Você tem agora uma oprtunidade de treinar o que aprendeu. Tenha sempre presente os aspectos seguintes: • conservar a ordem sequencial das ideias do texto original; • salvaguardar o sistema de enunciação; • reformular o discurso sem tomar posição, nem acrescentar algo; • não copiar frases integrais do texto. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Resumo 45 Muito bem! Confronte o seu trabalho com a proposta que lhe apresentamos abaixo. Resposta Comentada A primeira etapa de um trabalho de resumo, como sabe, é a leitura do texto-fonte. Causa perplexidade o actual uso despropriado que pessoas consideradas cultas, em meios citadinos, fazem do portanto. Esta palavra parece ser indispensável, quando, a maior parte das vezes, é inútil. É fácil compreender que se trata de uma conjunção conclusiva e que só com esta função deve ser usada: no entanto, o erro tornou-se compulsivo e incontrolado. • Se chegou a um texto parecido, está no bom caminho. Mas se teve um texto muito diferente, não desanime! Reveja os seguintes aspectos: - Retire a maioria dos pormenores, exemplos poucos signifi cativos, que servem para explicar ou ilustrar os dados e as opiniões; - Suprima as repetições e tudo que se insere no estilo pessoal do autor do texto; - Mantenha apenas as conexões que exprimem a linha de raciocínio mais impor- tante; - Não empregue expressões como “ o autor pensa que…” ; o texto quer dizer que…”; “ o autor mostra que…”; “ …diz que..”, etc. Muito bem! Sublinhe os aspectos que não fazem parte do resumo e, em seguida , (re) escreva o texto-resumo. 46 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Refl exão Sistema de enunciação corresponde aos mecanismos de construção tex- tual que defi nem a tipologia textual. Ex. argumentação, exposição, narração, exposição-explicação.. 2. CONECTORES Os conectores, que muitas vezes são facilmente visíveis, no início dos parágrafos, permitem captar o encadeamento lógico ou cronológico das ideias do texto. Para trabalhar com os conectores na compreensão de um texto, você deve conhecê-los bem. Então vai aí uma ajuda: Assim como estas uniões na ewstrutura, há na Língua Portuguesa pa- lavras que fazem a mesma função: conectar. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/611874 - Julian Thomas Os conectores podem ser: • Conjunções coordenativas: pois, e, mas, ou, contudo… • Conjunções subordinativas: como, quando, que(integrante), porque… Resumo 47 • Advérbios/Locuções adverbiais : seguidamente, em vão, de facto… • Locuções conjuncionais: enquanto que, dado que, não obstante… • Preposições: a, depois, antes, com, até, desde, excepto, salvo… • Locuções prepositivas: pelo contrário, em favor de, perto de, a res- peito de… De certo, você notou que estas palavras, muito numerosas, têm sen- tidos muito diferentes, entre os quais destacaremos: temporal, consecutivo, concessivo, causal, copulativo. Vamos em conjunto rever esses aspectos: (a) Temporal (o tempo) • ao mesmo tempo; no momento em que; no momento de; depois; em primeiro lugar; em segundo lugar; daí; enfim; em seguida; logo que; quando… Ex: Em primeiro lugar, ela aprendeu Inglês e, em seguida, conseguiu arranjar um emprego em Londres. (b) Consecutivo (consequência) • De modo…que; de tal sorte…que; tanto…que; de maneira…que; tão…que; eis a razão por que…; por consequência… Ex: o resumo é um exercício difícil; eis por que é necessário treiná-lo. (c) Concessivo (oposição/restrição) • Pelo contrário, se bem que; no entanto; não obstante; apesar de; a menos que; embora; ainda que; por mais que; ao passo que; posto que… Ex: Por mais que se façam Leis para proteger as fl orestas, estas não são respeitadas. (d) Causal (causa) 48 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa • Porque; por causa de; com efeito; dado que; visto que; já que; por esta ra- zão: pois que; visto isso; por conseguinte; como; porquanto; por isso que… Ex: Dado que o seu estado de saúde se agravou, ele não pôde fazer viagem longa, pois que o médico lhe tinha proibido qualquer deslocação. (e) Copulativo (adição de elementos) • E, além disso; de mais; sobretudo; também… Ex: Eles têm grandes despesas a fazer, sobretudo com a mudança de casa no próximo mês. Actividade 2 1) Identifi que o valor dos conectores, utilizados nos períodos abaixo: a) Tristeza e alegria não moram juntas. _________________________________________________________ b) Os livros ensinam e divertem. _________________________________________________________ c) Saímos de casa, quando amanhecia. _________________________________________________________ d) O agricultor colheu o trigo e o vendeu. _________________________________________________________ Resumo 49 e) Não aprovo, nem permitirei essas coisas. _________________________________________________________ f) Os livros não só instruem, mas também divertem. _________________________________________________________ g) As abelhas não apenas produzem mel e cera, mas ainda polinizam as fl ores. _________________________________________________________h) Querem ter dinheiro, mas não trabalham. _________________________________________________________ i) Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia. _________________________________________________________ j) Não vemos a planta crescer, no entanto ela cresce. _________________________________________________________ k) O exército do rei parecia invencível, não obstante foi derrotado. _________________________________________________________ l) Os seqüestradores deviam render-se ou seriam mortos. _________________________________________________________ m) As árvores balançam, logo está ventando. _________________________________________________________ n) Você é o proprietário do carro, por conseguinte é o responsável. _________________________________________________________ 50 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa o) Não solte balões, pois podem causar incêndios. _________________________________________________________ p) Sofrem duras privações e não se queixam. _________________________________________________________ q) “Quis dizer mais alguma coisa e não pôde.” (Jorge Amado) _________________________________________________________ Resposta 1) a) copulativo/aditivo; b) copulativo/aditivo; c) temporal; d) copulativo/aditivo; e) copulativo/aditivo; f) copulativo/aditivo; g) copulativo/aditivo; h) adversativo; i) adversativo; j) adversativo k) adversativo; l) alternativo; m) conclusivo; n) conclusivo; o) explicativo; p) adversativo; q) adversativo 2) Agora continue treinando o uso dos conectores e crie pequenos exemplos diversifi cados. Resumo 51 SUMÁRIO • Resumo do texto: “O uso do portanto” ; • Uso de conectores discursivos; • Resoluçao de exercícios. Autoavaliação Agora que recapitulou o sentido dos conectores, vai, nas frases abaixo, identifi - car o conector, estabelecer o sentido que tem em cada frase (tempo, causa,etc.) usando palavras equivalentes. Reescreva cada uma das frases ( se necessário altere a sua construção, mas mantenha o sentido). Olhe, siga o modelo: Modelo: Não fi quei a conhecer a cidade da Maxixe, se bem que lá tenha estado, porque a minha estada foi muita curta. • Se bem que = oposição/restrição; • Porque=causa • Não fi quei a conhecer bem Maxixe, apesar de lá ter estado, visto que a minha estada foi muito curta. 1. (a) Os rapazes chegaram ao estádio uma hora antes do jogo começar, porque estavam demasiadamente ansiosos de ver jogar a selecção. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ (b) Recordava alguns momentos da sua infância, enquanto ia vendo o fi lme cujas personagens eram crianças. ________________________________________________________ 52 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa _________________________________________________________ ________________________________________________________ (c) Ganhava bom dinheiro, além de se sentir feliz, com o trabalho que fazia. ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ (d) Cumprida a pena, enfi m seria livre. ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ (e) Logo que abri os olhos, tive a sensação de que tudo à minha volta era totalmente desconhecido. ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ (f) Era muito perspicaz: eis a razão por que dominava a situação. ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ Resposta Muito bem .Vamos rever as soluções. Se não chegou a estas resposta, não se afl ija, releia a lição e tente de novo. 1. (a) porque = causal • Os rapazes chegaram uma hora antes do jogo começar, dado que estavam dema- siadamente ansiosos por ver a selecção jogar. (b) enquanto = temporal • Recordava alguns momentos da sua infância, no momento em que ia vendo o fi lme cujas personagens eram crianças. Resumo 53 (c) além de = copulativa (também conhecida como aditiva) Ganhava bom dinheiro, e sentia-se feliz, com o trabalho que fazia. (d) enquanto = temporal cada vez que = temporal Cumprida a pena, enfi m seria livre. • Após ter cumprido a pena, seria livre. • Enquanto leio poesia, recupero o equilíbrio emocional. Cada vez que eu penso, te sinto, te vejo... (e) logo que = temporal • Assim que abri os olhos, tive a sensação de que tudo à minha volta era totalmente desconhecido. (f) eis a razão por que = consecutiva • Era tão perspicaz, que dominou a situação. 3 AS FICHAS DE TRABALHO Ernesto Luís Guimino Júnior Jerónimo Simão Nobre Roque dos Santos Orlando Bahule Objectivo da unidade Ao completar esta unidade, esperamos que você seja capaz de: 1. elaborar a Ficha Bibliográfi ca e Ficha de Leitura. Introdução da unidade Na Unidade 1, vimos que a Tomada de Notas tem por objectivo re- transmitir um conjunto de informações, preservando integralmente o senti- do da mensagem numa reformulação mais precisa e económica. Na Unidade 2, aprendemos a técnica de resumo, que consiste em criar um novo texto mais condensado, que utiliza as informações mais importantes do texto de base, quer dizer, o resumo é uma técnica que reelabora o escrito de base, reduzindo-lhe o cumprimento, mas esforçando-se por ser mais objec- tivo, ou seja, consiste em pegar num texto pelos seus pontos principais, pelos seus dados de conjunto e transmiti-lo, através de um outro, que é a redução do original. Assim, depreende-se que na nossa vida estudantil ou profi ssional te- mos a necessidade de elaborar trabalhos ou documentos que até certo ponto dependem de fontes já existentes: é necessário, pois, recolhê-las, seleccioná- las e sistematizá-las. Estrutura Nas quatro aulas que compõem esta unidade, você terá a oportunida- de de aprender a Ficha Bibliográfi ca e de Leitura, etc. As fi chas de trabalho 57 LIÇÃO 1 – A FICHA BIBLIOGRÁFICA Objectivos Ao completar esta lição, esperamos que você seja capaz de: • identifi car os elementos de uma publicação/da fi cha bibliográfi ca; • elaborar fi cha bibliográfi ca de livros, de artigos de livros e de revistas, etc. 1. A FICHA BIBLIOGRÁFICA É UM INSTRUMENTO UTILIZADO NA REDAÇÃO DE TESES E OUTROS TRABALHOS, E CONTÉM INFORMAÇÕES DE CADA REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CONSULTADA Seu objetivo é facilitar a localização de informações sobre cada refe- rência que será utilizada na redação do trabalho. Através dos dados coleta- dos, pode-se, por exemplo, comparar a casuística, os resultados e as conclu- sões de diversos autores sem a necessidade de manipular um grande volume de revistas, livros ou cópias. As fi chas bibliográfi cas devem ser confeccionadas à medida que os textos são lidos, evitando acumulá-los e facilitando as inevitáveis compara- ções entre os resultados e conclusões de cada trabalho lido, que sejam rele- vantes para a pesquisa. Actualmente o computador pode facilitar bastante esta fase do traba- lho, por permitir a criação de fi chas da mesma forma que com papel e cuja consulta é extremamente rápida. Para começarmos esta lição, tentemos responder à questão a seguir: 58 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 2. QUE ELEMENTOS PERMITEM IDENTIFICAR UM LIVRO OU UMA PUBLICAÇÃO? • Veja a capa, a folha de rosto, leia as “orelhas”, vá à fi cha técnica do livro e procure nesses espaços os elementos que lhe permitem identifi car o livro. • Anote-os numa folha à parte. • Muito bem! De certo que chegou aos seguites elementos: Elementos da fi cha bibliográfi ca de um livro: Título - subtítulo da obra;• n° de edição;•nome e apelido do autor;• data de edição (ano);• local de edição (cidade);• editor;• volume; • colecção.• Se não conseguiu chegar a estes elementos, não desanime, pois a se- guir terá um exemplo na actividade um. Refl exão Ficha Técnica vem a ser os elementos constantes no verso da página do rosto da obra, contendo informações diversas, tais como: o número de exemplares, a ofi cina gráfi ca, o autor, a editora, o número de edição, ano da publicação, cidade etc.. As fi chas de trabalho 59 Actividade 1 Imaginemos que os dados abaixo sejam referentes à obra A Escrita infi nita: título da obra: A Escrita Infi nita;• n° edição – 1ª;• nome e apelido do autor – Francisco Noa;• ano de edição – 1998 ;• local de edição – Maputo;• editor – Imprensa Universitária da UEM; • Agora sequencialize-os em forma de Ficha Bibliográfi ca. _________________________________________________________ _________________________________________________________ Resposta Comentada Lembre-se das normas, de certo que sabe que se começa com APELIDO, Nome(s)... É isso mesmo, continue. Terminou? Agora confronte com a Ficha Bibliográfi ca abaixo. NOA, Francisco. Escrita infi nita. Maputo. Imprensa Universitária da UEM, 1998. Actividade 2 Que regras se podem deduzir da fi cha do livro que acabámos de escrever, no concernente à ordenação desses itens e aos sinais de pontuação empregues? _________________________________________________________ 60 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Resposta Comentada Apresentação de referências de livros, folhetos, relatórios, etc. considerados no todo (obras de um só autor): (i) APELIDO (maiúsculas), Nome. (ii) Título: subtítulo (se houver) com caracteres destacados (itálico). (iii) Número da edição (a partir da segunda edição, indicado em algarismos arábicos, seguido de ponto e abreviatura da palavra edição). (iv) Cidade de publicação (se não consta: SL). (v) Editora (sem a indicação ou abreviatura da palavra edição), (vi) Número do volume. (vii) Ano da edição. (viii) Número de páginas(facultativo). As fi chas de trabalho 61 Refl exão No caso de serem até três autores, o formato é: lista dos apelidos dos autores, confrome a sequência apresentada na publicação, seguidos pelos respectivos nomes ou abreviaturas destes, se na publicação aparecerem abreviados. O resto é semelhante ao formato de um só autor. Ex: CARLTON,J.T., SMITH, R. e WILSON, R.B.. Light’s Manual: intertidal Invertebrates of the Central California Coast. 3ed. California, University of Calfornia Press.1975. 1. no caso de serem mais de três, o formato é: Apelido do primeiro autor seguido pela respectiva abreviatura e acrescenta-se et. al. o resto é também semelhante aos casos anteriores. Exemplo: PIRES, C., et al.. Pit-building and food ressources of antlions (Myrmeleontidae). Zoology 101. Rostock University Press, Suppl. I, 1998. 3. PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS CONSIDERADAS COMO UM TODO • NOME da REVISTA ou JORNAL (em maiúsculas). Editor da re- vista. Número do volume. Local de publicação (cidade). Ano de publicação. periodicidade. Ex: CONTACTO. Revista Especializada em Assuntos Educacionais. MINED (Ed.). Vol. II. Maputo. 1998 (Revista Semestral). Vezes há em que não lemos o livro/revista todo (a,) mas apenas artigos ou capítulos do mesmo autor responsável pelo livro/revista, ou doutro autor, inserido na publicação. Preste atenção ao que lhe apresentamos a seguir. Ficha de artigos/capítulos de livros, no caso de o autor do artigo 1. ser diferente do responsável pelo livro, o formato é: APELIDO, Nome (nome(s) do autor do artigo), “Título do arti-• go/capítulo” (entre aspas). in: Apelido, (do responsável pelo livro e seguido de nome). Título do livro. Subtítulo do livro (se for o caso). Edição. Local de publicação (cidade). Editora. número do volume. ano de publicação. página inicial e fi nal do artigo/capítulo. 62 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Ex: BUENDIA, Miguel. “Democracia, Cidadania e Educação”. In: Mazula, Brazão (ED): Eleições, Democracia e Desenvolvimento. 2ed. Maputo. Livraria Universitária-UEM.1995. pp343-374. 2. Artigos de revistas/publicações periódicas: APELIDO, Nome (abreviatura do nome do autor do artigo). “Título • do artigo” (entre aspas ), in: NOME da REVISTA ou JORNAL (em maiúsculas). Editor da revista. Número do volume. Local de publica- ção (cidade). Ano de publicação. periodicidade, número das páginas em se insere o artigo, eventual número da série. Ex: SIMÕES, Oliveira. “As casas para operários. In: A VOZ DO OPERÁRIO. Lisboa 1913. semanário, p.1. O que é, então, uma fi cha bibliográfi ca? Baseando-nos nas actividades realizadas nesta aula, podemos de-• duzir que: 3.1 Ficha Bibliográfi ca É o conjunto de elementos devidamente ordenados, que permitem a identifi cação da publicação no todo ou em parte. 3.2 Referências bibliográfi ca São citadas em lista própria, incluindo nelas fontes efectivamente utilizadas na elaboração do trabalho. 3.3 Bibliografi a É uma lista de documentos que, embora não citados ao longo do tex- to, foram consultados e dão uma informação suplementar sobre o tema. As fi chas de trabalho 63 Autoavaliação Você tem agora uma oportunidade de verifi car até que ponto compreendeu e fi xou o que acabámos de discutir. Para isto, resolva o que lhe propomos. Atividade de aplicação 1. Escreva a fi cha bibliográfi ca dos documentos abaixo, utilizados na produção de um relatório por um estudante da Universidade Pedagógica. (i) Emília Amor; Lisboa; 1999; texto Editora; Didáctica do Português, Funda- mentos e Metodologias; 5ª edição. (ii) Maputo; Português no Ensino Básico; INDE; Estratégias e exercícios; Per- pétua Gonçalves e Maria João Carrilho; 1ªedição; 2004. Organização: Inês Duarte e Isabel Leiria “A importância dos materiais curricula-• res em contextos de ensino-aprendizagem do Português”; por Fátima Sequeira; pp-59-76; Congresso internacional sobre o Português. Actas; Lisboa, Volume II; 1996, Edição- APL e Edições Colibri. __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 64 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Resposta Muito bem! Vai conferir, no quadro abaixo, as suas respostas. Note que no primeiro caso tratava-se de um livro de uma só autora; no segundo um livro de dois autores; e no último caso um artigo de livro de duas organizadoras/coordenadoras.1) AMOR, Emília. Didáctica do Português, Fundamentos e Metodologias. 5ª ed.. Lisboa. Texto Editora.1999. 2) GONÇALVES, Perpétua & DINIZ, Maria João. Português no Ensino Básico: Estraté- gias e exercícios. Maputo. INDE. 2004. 3) SEQUEIRA, Fátima. “ A importância dos materiais curriculares em contextos de ensino-aprendizagem do Português”. In: DUARTE, Inês. & LEIRIA, Isabel. Congresso internacional sobre o Português. Actas. Lisboa. APL e Colibri. V.II, 1996,pp59-76. Óptimo! caso tenha ainda algumas dúvidas releia a lição acabada de estudar e prati- que com os seus colegas. SUMÁRIO Estudo da Ficha Bibliográfi ca de livros e de artigos de livros e revistas. As fi chas de trabalho 65 LIÇÃO 2 – FICHA DE LEITURA Objectivos Ao completar esta lição, esperamos que você seja capaz de: identifi car a motivação e os elementos da Ficha de Leitura;• elaborar Ficha de Leitura de acordo com as normas estabelecidas. • Introdução Ao dar início a sua vida universitária, certamente que você já se aper- cebeu de que o seu sucesso depende do domínio de um conjunto de técni- cas de estudo e de exigências específi cas. Novas posturas diante de novas tarefas serão solicitadas a você. Daí a necessidade de assumir prontamente essa situação e de tomar medidas adequadas para enfrentá-las. É óbvio que o conjunto das suas posturas de estudo devem mudar radicalmente, embora explorando tudo o que de correcto aprendeu nas clas- ses anteriores. Assim, refere-se, geralmente, a seis problemas na iniciação ao Ensino Superior, na óptica do estudante, a saber: i) como organizar o tempo; ii) a leitura; iii) como sublinhar e tirar apontamentos; iv) esquematizar e memorizar; v) fazer pesquisa; vi) as apresentações públicas. 66 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa Como se pode ver, o saber ler e fazer notas/apontamentos (sobre- tudo no caso de ensino à distância) constitui a base de sucesso dos estudos universitários. Uma das técnicas que permite facilitar a busca/recuperação do material lido, do conteúdo seleccionado como fundamental, é a elabora- ção da chamada fi cha de leitura ou a de documentação. Todavia, como vere- mos no desenvolvimento desta lição, a elaboração deste tipo de fi chas exige o domínio da técnica de tomada de notas (vista na unidade 1), a técnica de resumo (unidade 2) e ainda a correcta referenciação bibliográfi ca (unidade 3). Por isto, antes de entrarmos para esta lição releia, de forma rápida, o que aprendemos nessas unidades. 1. FICHAMENTO É o registo (feito em fi chas ou caderno) que indica todas as referên- cias sobre a obra, como o nome do(s) autor(es), título e subtítulo, edição, editora, ano de publicação e outros dados, e também anotações de interesse para o trabalho, como resumos, sínteses das ideias e citações literárias rele- vantes. É um instrumento importante, pois é resultado da leitura realizada, do entendimento da obra (ou parte dela) e é o registo do que vai ser utiliza- do na redacção fi nal do trabalho. Muito bem! Viu que na lição anterior nos referimos, dentre outros aspectos, à importância da produção de fi chas. Na altura, sublinhámos que estas permitiam salvaguardar as fontes consultadas, reler, aprofundar de- terminados assuntos e, ainda, permitiam a busca da obra, etc. Nesta lição, vamo-nos debruçar sobre o estudo da fi cha de leitura. 2. QUE ELEMENTOS FAZEM PARTE DA FICHA DE LEITURA? COMO OS DISPOR? Vamos, em primeiro lugar, analisar um exemplar de Ficha de Leitura:• As fi chas de trabalho 67 Referências a) Tema: Pg. Notas/Resumo Observações 2.1 Classifi cação da obra (conto, romance, ensaio, etc.) • Muito bem! Da observação do esquema, certamente que você foi capaz de identifi car os seguintes elementos: - Referência bibliográfi ca; - Classifi cação da obra (científi co, romance, ensaio, etc.); - Tema/unidade/ capítulo; - pg/pp consultada(s) - notas/resumo/palavras-chave - observações. • Óptimo! Você está no bom caminho. Refl exão Na Ficha de Leitura, também designada de Ficha de Conteúdo, devem reproduzir-se as notas tomadas, seguindo a sequência do texto original, se for um livro/texto científi co.. 68 Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 3. DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Num artigo de divulgação científi ca, que apresenta aspectos secun- dários, deve-se tirar as ideias principais, agrupando as ideias que normal- mente não estão ordenadas e não seguem a sequência do texto. Leia o texto abaixo: A Documentação como Método de Estudo Pessoal O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são plenamente efi cazes somente quando criam condições para uma contínua e progressiva assimilação pessoal dos conteúdos estudados. A assimilação, por vezes, precisa ser qualitativa e inteligentemente selectiva, dada a com- plexidade e a enorme diversidade das várias áreas do saber atual. Daí a grande difi culdade encontrada pelos estudantes, cada dia mais confrontados com uma cultura que não cessa de complexifi car-se e se utilizar de acanhados métodos de estudo que não acompanham, no mesmo ritmo, a evolução global da cultuara e da ciência. Alguns acreditam que é possível encontrar na própria tecnologia os recursos que possibili- tam superar tais difi culdades da aprendizagem. Os recursos milagrosos da tecnologia, no entanto, estão ainda para ser criados e testados; os métodos académicos tradicionais, baseados na assimilação passiva, já não fornecem nenhum resultado efi caz. O estudante tem de se convencer de que sua aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal; tem de se transformar num estudioso que encontra no ensino escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a partir do qual constitui toda uma actividade de estudo e de pesquisa, que lhe pro- porciona instrumentos de trabalho criativo em sua área. É inútil retorquir que isto já é óbvio para qualquer estudante. De fato, nunca se agregou tanto como hoje a importância da criatividade nos vários momentos da vida esco- lar. Mas o facto é que os hábitos correspondentes não foram instaurados e, na prática de ensino, os resultados continuam insatisfatórios. Fonte: SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do trabalho científi co. 22ª ed. rev. ampl. S.Paulo. Cortez. 2002.pp35-36 As fi chas de trabalho 69 Actividade 2 Após a leitura do texto anterior, vamos produzir a respectiva Ficha de Leitura. Para o efeito, podemos tomar notas/apontamentos no próprio texto, subli- nhando as palavras-chave, as ideias mais importantes, escrevendo nas margens títulos-resumos/pequenas sínteses. Exemplifi quemos com o próprio texto (1° parágrafo). O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são plenamen- te efi cazes somente quando criam condições para uma contínua e progressiva assimilação pessoal dos conteúdos estudados. A assimilação, por vezes, precisa ser qualitativa e inteligentemente selectiva, dada a complexidade e a enorme diversidade das várias áreas do saber actual. Óptimo! Continue até ao fi m do texto. Agora, confronte com a proposta abaixo: Daí a grande difi culdade encontrada pelos estudantes, cada dia mais confron- tados com uma cultura que não cessa de complexifi car-se e se utilizar de aca- nhados métodos de estudo que não acompanham, no mesmo ritmo, a evolução global da cultuara e da ciência. Alguns acreditam que é possível encontrar na própria tecnologia os recursos que possibilitam superar tais difi culdades da aprendizagem. Os recursos milagrosos da tecnologia, no entanto, estão ainda para ser criados e testados; os métodos académicos tradicionais, baseados na assimilação passiva, já não fornecem nenhum resultado efi caz. O estudante tem de se convencer de que sua aprendizagem é uma tarefa emi- nentemente pessoal; tem de se transformar num estudioso que encontra no en- sino escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a partir do qual constitui toda uma actividade de estudo e de pesquisa, que lhe proporciona instrumentos de trabalho criativo em sua área. É inútil retorquir que isto já é óbvio
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