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Custos Empresariais Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPEP) Emilio Antonio Francischetti Pró-Reitoria de Administração Acadêmica (PROAC) Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch CATALOGAÇÃO NA FONTE NÚCLEO DE COORDENAÇÃO DE BIBLIOTECAS – UNIGRANRIO P289c Passos, Dayse de Lima. Custos Empresariais / Dayse de Lima Passos. – Duque de Caxias, RJ: UNIGRANRIO, 2020. 209 p.: il. ; 23 cm Referências: p. 207. ISBN: 978-65-89635-28-4 1. Ciências contábeis. 2. Análise de custos. 3. Avaliação de materiais. 4. Tomada de decisão. I. Título. CDD – 657 Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Dayse de Lima Passos 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) Virginia Genelhu de Abreu Francischetti Pró-Reitoria de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão (PROPEX) Nara Pires Sumário Apresentação ..................................................................................... 07 Objetivos Gerais ................................................................................. 09 Análise de Custos e a Origem da Contabilidade de Custos Para início de conversa… ................................................................... 11 Objetivo ............................................................................................ 13 1. Definição Genérica ................................................................ 15 2. Escopo da Contabilidade de Custos ......................................... 18 3. Terminologias ...................................................................... 26 3.1 Desembolso ......................................................................... 26 3.2 Gasto .................................................................................. 26 3.2.1 Investimento ........................................................................ 27 3.2.2 Custo .................................................................................. 27 3.2.3 Despesa .............................................................................. 28 3.3 Perda .................................................................................. 29 Referências ........................................................................................ 31 Classificação de Custos Para início de conversa… ................................................................... 33 Objetivo ............................................................................................ 35 1. Custos Diretos e Custos Indiretos ............................................. 37 2. Custos Fixos e Variáveis ......................................................... 43 3. Integração da Análise do Comportamento e da Classificação dos Custos ........................................................ 48 Referências ........................................................................................ 53 Métodos de Custeio e Critérios de Avaliação dos Estoques Para início de conversa… ................................................................... 55 Objetivo ............................................................................................ 57 1. Painel Básico da Contabilidade de Custos ................................. 59 1.1 Métodos de Valoração de Estoques ......................................... 60 2. Métodos de Custeamento ...................................................... 66 2.1 Formas de Custeio ................................................................ 85 Referências ........................................................................................ 87 Departamentalização Para início de conversa… ................................................................... 89 Objetivo ............................................................................................ 91 1. Unidades de Acumulação de Custos ......................................... 93 2. Estrutura do Produto ............................................................. 105 3. Processo de Fabricação ......................................................... 110 Referências ........................................................................................ 115 Análise da Relação Custo-Volume-Lucro Para início de conversa… ................................................................... 117 Objetivo ........................................................................................... 119 1. Custos (e Despesas) Fixos e Variáveis ..................................... 121 2. Ponto de Equilíbrio, Margem de Segurança, Alavancagem Operacional e Comprar ou Produzir ........................................ 123 3. Pontos de Equilíbrio Contábil, Econômico e Financeiro ................ 141 Referências ........................................................................................ 147 Custo-padrão Para início de conversa… ................................................................... 149 Objetivo ............................................................................................ 151 1. Finalidades do Custo-padrão e Tipos de Padrão ......................... 153 2. Custo-padrão, Custeamento por Absorção e Orçamento .............. 155 3. Construção do Padrão ........................................................... 166 Referências ........................................................................................ 175 Análise de Variação-Custo Indireto Para início de conversa… ................................................................... 179 Objetivo ............................................................................................ 181 1. Variação Total de CIP ............................................................. 183 2. Variação de Volume dos CIP ................................................... 189 3. Variação de Custo ................................................................. 190 Referências ........................................................................................ 193 Critérios de Avaliação de Materiais Para início de conversa… ................................................................... 195 Objetivo ............................................................................................ 197 1. Variação de Materiais Diretos ................................................. 199 2. Variação de Quantidade e Variação de Preço ............................. 199 3. Variação Mista ..................................................................... 201 Referência ......................................................................................... 207 Considerações Finais .......................................................................... 209 Apresentação No dia a dia de uma empresa, desafios cada vez maiores surgem constantemente. Por isso, os profissionais de cada organização devem estar prontos para enfrentá-los. A área de Custos é uma das mais importantes dentro de uma empresa. O entendimento dos custos empresariais é crucial para os gestores manterem as organizações lucrativas e saudáveis. Eles devem estar preparados para tomar diversas decisões quanto aos custos, por exemplo: se devem diversificar os produtos fabricados ou reduzir a variedade deles, se é necessário comprar alguns tipos de insumos ou produzi-los etc. Com a atual concorrênciaacirrada e o maior conhecimento e conscientização dos consumidores, as empresas devem controlar os custos de produção e as mais variadas despesas que envolvem o cotidiano corporativo. Este livro servirá de guia para que você interprete informações básicas úteis no processo da tomada de decisão e pratique procedimentos necessários para analisar a estrutura patrimonial das empresas. 7Custos Empresariais Objetivos Gerais Interpretar informações básicas úteis no processo de tomada de decisão em empresas e no uso de procedimentos necessários para análise da estrutura patrimonial. 9Custos Empresariais Análise de Custos e a Origem da Contabilidade de Custos Para início de conversa… Como em todo assunto novo, devemos começar conhecendo os jargões próprios do tema. Em se tratando de custos, não é diferente. Neste capítulo, serão discutidos os conhecimentos básicos necessários sobre custos empresariais e, mais a frente, veremos os assuntos mais complexos a serem aprofundados. Entenderemos, a princípio, a origem da Contabilidade de Custos. Reconheceremos, também, a diferença entre Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos e Contabilidade Gerencial. Na sequência, veremos as nomenclaturas específicas para entendermos como se classificam os gastos de uma empresa: custos, despesas ou perdas, identificando igualmente os investimentos realizados para obter suas receitas e, consequentemente, o tão esperado lucro. Este capítulo é muito importante para o entendimento dos demais conteúdos de nossa disciplina. Não deixe de consultar todos os demais recursos deste capítulo, pois eles se complementam e reforçam o seu conhecimento. 11Custos Empresariais Objetivo Entender a origem dos custos. 13Custos Empresariais 1. Definição Genérica Atualmente, vivemos em um mundo globalizado, com as informações sendo geradas de modo rápido. Antigamente, as informações chegavam com um atraso de tempo, pois os meios de comunicação (jornais, revistas, noticiários de TV) eram mais lentos. Atualmente, continuamos tendo tais fontes, mas elas são atualizadas com tanta rapidez, que não damos conta de ler ou assistir a tantas notícias novas, pois chegam via internet: Facebook, Instagram, Twitter, Linkedin, jornais e revistas eletrônicas etc. Com todo esse volume de informações e tomadas de decisões que mudam a todo instante, a rotina do cotidiano das empresas é quase inimaginável. Torna-se difícil controlar a lucratividade de uma empresa em meio a tantas mudanças ocorridas no mundo corporativo. As cotações de Dólar, do Euro e de outras moedas mudam frequentemente, concorrentes melhoram seus controles e conseguem baixar os preços de seus produtos, empresas que mudam de território para angariar incentivos fiscais e melhorar seus transportes (recebimentos e entregas) etc. Tudo isso influencia no dia a dia de uma empresa. O controle dos custos de uma empresa é de extrema importância para que ela se mantenha bem-sucedida em seus negócios. Mas, por quê? Por meio do controle de custos da empresa, os gestores poderão tomar decisões que impactam diretamente no lucro, adicionando, assim, valor às organizações. Utilizando a cadeia de valor e as informações a respeito de custos de atividade, as empresas podem identificar vantagens estratégicas no mercado em que atuam. Se uma empresa puder eliminar atividades que não agregam valor, poderá reduzir custos sem ter de reduzir sua margem de lucratividade. Ao reduzir custos, ela pode baixar o preço que cobra dos consumidores, passando a ter uma vantagem sobre seus concorrentes. Ou, ainda, pode utilizar os recursos economizados eliminando atividades que não adicionam valor para aprimorar o serviço prestado à clientela. (FERREIRA, 2007, p.16) A contabilidade de custos surgiu com a Revolução Industrial, na Inglaterra, no final do século XVIII, pela necessidade de gerar informações 15Custos Empresariais contábeis próprias para as indústrias que auxiliassem na determinação do valor dos produtos fabricados, auferindo os insumos utilizados para tal e também a mão de obra empregada nessa atividade. Antes da Revolução Industrial, a maioria das empresas eram comerciais (compravam e vendiam), e as poucas pessoas ou grupos de pessoas que produziam (transformavam) algum tipo de bem não eram pessoas jurídicas. Nessa época, a contabilidade era essencialmente financeira (ou geral) e estava bem estruturada para atender às empresas comerciais, uma vez que estas viviam basicamente do comércio e não da fabricação. A apuração dos custos era feita mediante a verificação do montante pago pela compra dos produtos. Utilizava-se da contagem física dos itens por intermédio de inventário para prover a apuração do custo do período, conforme o esquema abaixo: (+) Estoques iniciais (+) Compras (-) Estoques finais (=) Custo das mercadorias vendidas no período Entretanto, um dos principais problemas decorrentes da evolução do sistema produtivo (fabril) reside na avaliação dos estoques, fator essencial à determinação do resultado das empresas, havendo a primazia da avaliação dos estoques por meio da apuração dos custos envolvidos na produção dos bens estocados, exigindo que sejam conhecidos os montantes de material, de mão de obra e dos gastos gerais de fabricação, aplicados na produção de cada um dos bens. As empresas comerciais se limitam a revender as mercadorias compradas; empresas industriais compram matérias-primas (materiais diretos), as transformam em produtos diferentes e depois os vendem, conforme o fluxo comparativo demonstrado no Quadro 1. EMPRESA COMERCIAL EMPRESA INDUSTRIAL Compra ⇉ Vende Compra MP* ⇉ Transforma ⇉ Vende *MP - Matéria-prima Quadro 1: Fluxo comparativo entre empresa comercial e empresa industrial. Fonte: Elaborado pela autora. 16 Custos Empresariais Dessa forma, as empresas comerciais e industriais têm suas Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE) estruturadas com algumas diferenças, conforme o Quadro 2. Empresa Comercial Empresa Industrial = Receita Bruta (-) Deduções (impostos sobre vendas, vendas canceladas, devoluções de vendas etc.) = Receita Líquida (Vendas) (-) Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) = Lucro Bruto (-) Despesas Administrativas Comerciais (+/-) Receitas/Despesas Financeiras = Lucro antes do IR* e da CSLL** (-) Despesas Tributárias = Lucro Líquido do exercício = Receita Bruta (-) Deduções (impostos sobre vendas, vendas canceladas, devoluções de vendas etc.) = Receita Líquida (Vendas) (-) Custo dos Produtos Vendidos (CPV) = Lucro Bruto (-) Despesas Administrativas Comerciais (+/-) Receitas/Despesas Financeiras = Lucro antes do IR e da CSLL (-) Despesas Tributárias = Lucro Líquido do exercício *IR - Imposto de Renda **CSLL - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Quadro 2: DRE de uma empresa comercial e de uma empresa industrial. Fonte: Elaborado pela autora. Nas empresas comerciais, como pode ser visto no Quadro 2, são computados os custos das mercadorias vendida. Nas empresas industriais, são registrados os custos dos produtos vendidos, englobando os valores das matérias-primas utilizadas na transformação desse produto, bem como os Custos Indiretos de Fabricação (CIF). 17Custos Empresariais 2. Escopo da Contabilidade de Custos Atualmente, em um cenário de extrema competitividade, a contabilidade de custos tem como objetivo atender às duas mais recentes e, provavelmente, mais importantes tarefas: 1. Auxiliar a administração das empresas no controle de seus gastos internos. 2. Propiciar uma série de informações para a tomada de decisão quanto ao preço, corte de produtos, adoção de novas linhas de produção, fabricação interna ou compra de determinados componentes etc. Segundo Megliorini (2012), os custos de uma empresa resultam da combinação de diversos fatores, entre os quais: ▪ A capacidade tecnológica e produtiva em relação aos processos, aos produtos e à gestão.▪ O nível de atualização da estrutura operacional e gerencial. ▪ A qualificação da mão de obra. O cerne da questão da Contabilidade de Custos está, portanto, na adoção do método de custeio que indique quais custos devem fazer parte da apuração do custo dos produtos e está ligado a duas questões: 1. Quais custos devem fazer parte da apuração do custo dos recursos, produtos, serviços, atividades ou departamento. 2. Quais os custos de um recurso, produto ou serviço final que devam ser ativados enquanto esses bens estão em estoque (enquanto não vendidos), com o objetivo de apurar o custo de uma unidade do produto fabricado. Com base nas informações anteriores, é possível entender a diferença entre Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos e Contabilidade Gerencial. 18 Custos Empresariais A Contabilidade Financeira ou Contabilidade Geral surgiu com o desenvolvimento do comércio. Seu objetivo fundamental é o controle do patrimônio da empresa e suas variações, que são resultantes da apuração do resultado das atividades mercantis (comércio), por meio da identificação do lucro ou prejuízo. A Contabilidade Financeira se concentrava em servir às empresas que, na época, se limitavam a revender as mercadorias que adquiriam de seus fornecedores, empresas também comerciais. Com a Revolução Industrial e a consequente multiplicação das empresas industriais, a contabilidade se deparou com o desafio de se adaptar para resolver os problemas voltados a tais empresas e, assim, desenvolver procedimentos necessários para as empresas industriais. Antes disso, a maioria das empresas eram comerciais e apenas vendiam as mercadorias compradas já prontas. Já as empresas industriais tinham o procedimento de comprar matérias-primas e transformá-las em novos produtos, que seriam o objeto de venda dessas empresas industriais. A solução para tal situação foi substituir o item “Compras”, que seria somente as mercadorias compradas para revenda, pelos fatores que entraram na produção/fabricação, na empresa industrial: matéria-prima consumida no processo de produção, salário dos trabalhadores que atuaram na produção e a energia elétrica consumida na fábrica no período de produção, portanto, todos os gastos utilizados na atividade industrial e que foram chamados de Custos de Produção. O ramo da contabilidade que controlava esses gastos passou a se chamar Contabilidade de Custos. A Contabilidade de Custos mensura e relata informações financeiras e não financeiras relacionadas à aquisição e ao consumo de recursos pela organização, voltados para a transformação de produtos e/ou serviços. Ela fornece informação tanto para a Contabilidade Financeira quanto para a Contabilidade Gerencial. A Contabilidade de Custos é o ramo da contabilidade que se destina a produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxílio às funções de determinação de desempenho, de planejamento e controle das operações e de tomada de decisões. É uma técnica utilizada para identificar, mensurar e informar os custos dos produtos e/ou serviços. Ela faz parte da Contabilidade Gerencial e tem por finalidade mostrar os fatos 19Custos Empresariais ocorridos por meio do controle das operações e dos custos, apresentando soluções aos problemas típicos ou específicos da empresa. Entre os seus objetivos, estão: ▪ A determinação de rentabilidade e do desempenho das diversas atividades da entidade. ▪ Controlar os custos das operações de cada atividade (minimizar por meio da constante comparação dos dados preestabelecidos). ▪ Fornecer informações para a tomada de decisões. ▪ Necessidade de se conhecer os custos do produto fabricado. ▪ Necessidade de avaliar estoques. ▪ Necessidade de apurar o resultado das indústrias. O objeto da Contabilidade de Custos é o próprio custo. Os custos são os gastos relativos aos bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços. Entre os seus usuários estão todas entidades públicas ou privadas. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018), a Contabilidade de Custos irá determinar nas empresas industriais: ▪ o custo dos produtos vendidos; ▪ o estoque de produtos em elaboração (também chamados produtos em fabricação); ▪ o estoque de produtos acabados (ou prontos); ▪ o estoque de insumos (matérias-primas, materiais de embalagem, almoxarifado etc.). Nas empresas comerciais a contabilidade de custos é simples, direta e sem complexidades, determinando: ▪ o custo das mercadorias vendidas; ▪ o estoque de mercadorias; ▪ o estoque de bens não destinados à revenda (como materiais de consumo etc.). 20 Custos Empresariais Igualmente, podemos falar em contabilidade de custos em empresas prestadoras de serviços, que possibilita determinar: ▪ o custo dos serviços vendidos; ▪ o estoque de serviços em andamento; ▪ o custo de materiais adquiridos e não incorporados a serviços em andamento. A preocupação inicial de contadores, auditores e fiscais em relação à contabilidade de custos foi utilizá-la como uma forma de resolver seus problemas de mensuração monetária dos estoques. Um eficiente sistema de custos deve constituir-se em prioridade de qualquer administração, ter instrumentos que a auxilie nos controles e nas tomadas de decisão. A contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos gestores de empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. A contabilidade de custos tinha a função inicial de fornecer subsídios para avaliação dos estoques e apuração do resultado, mas posteriormente passou, nos últimos tempos, a propiciar duas funções muito importantes na contabilidade gerencial: a utilização dos dados de custos para auxílio ao controle e tomada de decisões. No que diz respeito à função administrativa de controle, a contabilidade de custos fornece informações para que padrões sejam preestabelecidos por meio de orçamentos ou previsões e, posteriormente, possa haver o acompanhamento do que realmente ocorreu, havendo a comparação do que foi previsto com o que foi realizado efetivamente (real x previsto). Com relação à utilização dos dados da contabilidade de custos para a tomada de decisões, estes podem ser muito úteis para o administrador mensurar as consequências de questões, tais como, segundo Viceconti e Neves (2018, p.24): 1. Se a capacidade de produção da fábrica é insuficiente para atender a todos os pedidos dos clientes, qual produto ou linha de produtos deve ser cortado? 2. Como fixar o preço de venda de um produto? 3. Deve-se continuar comprando matérias-primas de terceiros ou interessa fabricá-las na empresa? 21Custos Empresariais 4. Deve-se comprar equipamento novo ou reformar o antigo? 5. Deve-se aceitar um pedido de compra do exterior a um preço inferior ao de venda no mercado interno? 6. Quais são os produtos da empresa que lhe dão lucro ou prejuízo? A contabilidade gerencial mensura e relata informações financeiras, bem como outros tipos de informações que ajudam os gerentes a atingir as metas da organização. Vale a pena relembrar que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio das organizações, e as contabilidades financeira, de custos e gerencial são desdobramentos desta contabilidade. Sendo assim, a contabilidade de custos segue alguns princípios importantes da contabilidade, como: o princípio da entidade, o princípio da continuidade, o princípio da oportunidade, o princípio do registro pelo valor original, o princípio da competência e o princípio da prudência. A Resolução 750/93, que trata dos princípios de contabilidade, foi revogada, porém, os princípios de contabilidade são mencionados dentro dos Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), então, continuam tendo validade para a contabilidade e seus devidos registros. O princípio da entidade reconhece o patrimônio como objeto da contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de umpatrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a uma sociedade ou a instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesse ponto de vista, o patrimônio não se confunde com aquele de seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2018, p.6), há dois pontos cruciais para a compreensão e o uso correto do conceito de entidade: 1. Uma vez definida uma entidade, não se devem misturar seus recursos, direitos e obrigações com os de outras entidades. Por exemplo: uma empresa e seus sócios são entidades distintas. Não se deve confundir o caixa do dono com o da empresa. Importante 22 Custos Empresariais 2. Devem-se olhar todos os fenômenos patrimoniais do ponto de vista da entidade. Se uma empresa compra mercadorias de seu fornecedor, sua contabilidade vai registrar uma obrigação ou dívida a saldar; a do fornecedor, por outro lado, terá um direito ou crédito a receber. Cada uma terá, como se deduz, registros contábeis diferentes. O princípio da continuidade pressupõe que a entidade permanecerá em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta essa circunstância. A continuidade ou não da entidade, bem como sua vida estabelecida ou provável, deve ser considerada quando da classificação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas. Influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da entidade tem prazo determinado, previsto ou previsível. A observância do princípio da continuidade é indispensável à correta aplicação do princípio da competência, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. Quando se faz a contabilidade de uma entidade, parte-se do pressuposto de que ela continuará existindo por tempo indeterminado. O princípio da oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso, é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação. Refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro das mutações patrimoniais, determinando que este seja feito no tempo certo e com a extensão correta. O princípio do registro pelo valor original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: 23Custos Empresariais 1. Custo histórico: Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações. 2. Variação do custo histórico: Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores: Custo corrente: Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis. Valor realizável: Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa não descontados que se espera que fossem pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da entidade. Valor presente: Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera que seja gerado pelo item no curso normal das operações da entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera que seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da entidade. Valor justo: É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre as partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos. 24 Custos Empresariais Atualização monetária: Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. O princípio da competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. A fim de atingir seus objetivos, as demonstrações contábeis são preparadas conforme o princípio contábil de competência. Segundo esse regime, os efeitos das transações e outros eventos são reconhecidos quando ocorrem (e não quando caixa ou outros recursos financeiros são recebidos ou pagos) e são lançados nos registros contábeis e reportados nas demonstrações contábeis dos períodos a que se referem. As demonstrações contábeis preparadas pelo regime de competência informam aos usuários não somente sobre transações passadas envolvendo o pagamento e recebimento de caixa ou outros recursos financeiros, mas também sobre obrigações de pagamento no futuro e sobre recursos que serão recebidos no futuro. Dessa forma, apresentam informações sobre transações passadas e outros eventos que sejam as mais úteis aos usuários nas tomadas de decisão econômicas. O regime de competência pressupõe a confrontação entre receitas e despesas. Para todos os efeitos, as Normas Brasileiras de Contabilidade elegem o regime de competência como único parâmetro válido, portanto, de utilização compulsória no meio empresarial. Segundo determinações da Lei no 6.404/76, art. 187, o resultado deverá ser apurado segundo o regime de competência, isto é, as receitas e os rendimentos ganhos no período deverão ser computados no resultado, independentemente de sua realização em moeda. Serão também computados os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. É de fundamental importância, quanto ao regime de competência, o princípio da competência. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.10) 25Custos Empresariais O princípio da prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais. 3. Terminologias Toda ciência tem seus termos próprios que, para alguns assuntos, podem significar uma coisa e, para outros, podem ter significado diferente. Assim sendo, vamos determinar alguns conceitos e algumas nomenclaturas aplicáveis à contabilidade de custos. 3.1 Desembolso O desembolso corresponde à saída de numerário, que seria a saída de dinheiro da empresa para aquisiçãode bens ou serviços, podendo, também, ser para a remuneração de capitais de terceiros. Exemplo: ▪ Aquisição de bens: pagamento de matéria-prima ▪ Aquisição de serviços: pagamento de mão de obra (funcionário) ▪ Remuneração de capitais de terceiros: pagamento do aluguel da fábrica O desembolso pode ser imediato no ato da aquisição (à vista), após a aquisição (a prazo) ou antes da aquisição (antecipado). 3.2 Gasto O gasto é todo sacrifício patrimonial para aquisição de bens ou serviços, bem como para remuneração de capitais de terceiros. 26 Custos Empresariais Existe um gasto quando há alteração patrimonial pela redução das disponibilidades financeiras da empresa, que pode ser no Caixa, no Banco ou nas aplicações de curto prazo. Existe, também, um gasto quando a empresa registra uma compra a prazo aumentando o seu passivo (suas obrigações), adquirindo bens ou serviços, bem como tendo que remunerar capitais de terceiros. Os gastos, quanto à sua aplicação, podem ser: Investimentos, Custos ou Despesas. 3.2.1 Investimento Investimento é todo o gasto na obtenção de bens, os quais, no caso de uma indústria, de uma empresa comercial ou de uma empresa prestadora de serviços, integrarão seus respectivos Ativos. Dessa forma, espera-se que, por meio desse investimento, sejam geradas receitas futuras. Exemplos: ▪ Se uma empresa comercial adquire mercadorias para revenda, ela espera gerar receitas (lucro) com a venda dessas mercadorias - Ativo Circulante, na conta de Estoques. ▪ Se uma empresa adquire matéria-prima para a fabricação de um produto, ela enseja que, pela venda de tal produto, sejam recebidos benefícios futuros (receitas) - Ativo Circulante, na conta de matéria-prima. ▪ Se uma empresa adquire uma máquina, ela espera que a mesma gere benefícios futuros, como produzir diversos produtos que serão vendidos pela empresa e consequentemente gerarão receitas - Ativo não Circulante, no grupo Imobilizado, na conta Máquinas e Equipamentos. 3.2.2 Custo Custo é todo o gasto na aquisição de bens ou serviços (ou na remuneração de capitais de terceiros) para a produção de outros bens e produtos. 27Custos Empresariais De acordo com Martins (2015), o custo também é um gasto, todavia, ele somente é reconhecido como tal no momento em que há o efetivo consumo dos fatores produtivos no processo de produção. Vamos a um exemplo: aquela compra de matéria-prima que foi um gasto, que gerou um desembolso e que é um investimento (ativado no Balanço Patrimonial, em Ativo Circulante, na conta Matéria-Prima), que trará benefícios futuros para a empresa, no momento em que está sendo usada no processo produtivo, passa a ser um custo. Vamos considerar mais um exemplo para esclarecer o assunto. Suponhamos que uma empresa industrial no ramo de sapatos precise comprar couro para a fabricação desse produto (sapatos). Quando há a compra do couro, é gerado um gasto para a empresa, que acarretará em um desembolso de numerário (dinheiro). Quando o couro chega nas dependências da indústria com a devida nota fiscal eletrônica, este produto vai ser ativado (registrado) no Ativo Circulante da empresa, que pode ser visto pelo Balanço Patrimonial da empresa, na conta contábil “Matéria-Prima”. No linguajar da contabilidade de custos, essa matéria-prima é considerada um investimento para a empresa, pois ela trará receitas, lucros para a empresa. Esse couro, ao ser retirado do estoque de matéria- prima e ser empregado no processo de fabricação dos sapatos, passa a ser considerado um custo, se integrando ao custo de fabricação dos sapatos. Uma empresa que é de prestação de serviços também tem custos envolvidos em suas atividades, como por exemplo as empresas de aviação, que precisam ter pilotos, comissárias de bordo etc., portanto, os gastos referentes aos salários desses funcionários compõem o custo dos serviços prestados de aviação. Não vamos explorar os custos envolvidos nas empresas prestadoras de serviços, mas não poderíamos deixar de comentar sobre eles. 3.2.3 Despesa Despesa é todo gasto no consumo de bens ou serviços após a produção dos bens (fora da fábrica), os quais consideramos os gastos na administração da empresa, envolvendo as pessoas ou insumos que não estão ligados diretamente à produção, como por exemplo na administração de vendas, na administração financeira, na administração de marketing etc. 28 Custos Empresariais Pode-se dizer, também, que Despesa é o consumo de bem ou serviço, o qual direta ou indiretamente, visa à obtenção direta ou indireta de receitas, o que não acontece com o custo de produção, o qual representa consumo de bem ou serviço para obtenção de outro bem ou serviço. Exemplos: Em uma empresa metalúrgica o salário do soldador compõe o custo de produção, no entanto o salário do vendedor é uma despesa, sendo essa comercial. Em uma empresa metalúrgica, o gasto com energia elétrica da fábrica é um custo de produção, mas o gasto com energia elétrica do escritório é uma despesa administrativa. Todo produto vendido e todo serviço ou utilidade transferidos geram despesa. Costumamos chamá-lo de Custo do Produto Vendido e, assim, fazemo-lo aparecer na Demonstração de Resultados; o significado mais correto seria: Despesa, que é o somatório dos itens que compuseram o custo de fabricação do produto vendido. Cada componente que fora custo no processo de produção, agora, na baixa, torna-se despesa (no Resultado, existem Receitas e Despesas – às vezes Ganhos e Perdas – mas não Custos.) A mercadoria adquirida pela loja comercial gera um gasto (genericamente), um investimento (especificamente), que se transforma em uma despesa no momento do reconhecimento da receita trazida pela venda, sem passar pela fase de custo. Logo, o nome Custo das Mercadorias Vendidas não é, em termos técnicos, rigorosamente correto. 3.3 Perda Perda é todo gasto involuntário. É um gasto relativo ao consumo de um bem ou de um serviço que se deu de forma anormal ou involuntária. Por exemplo, em um incêndio ou inundação havendo a perda involuntária de matérias-primas (insumos). Algumas pequenas perdas no processo de fabricação são previstas e tratadas também como custo de fabricação, porém, as perdas involuntárias, anormais e de valores expressivos são considerados como despesas. 29Custos Empresariais Exemplo: Uma empresa que fabrica perfumes tem algumas perdas previstas com a evaporação dos perfumes, assim as considerando como custos de produção. Se a mesma empresa por acaso tiver perdas por vazamento dos perfumes estocados, essas perdas deverão ser consideradas como despesas. A legislação do Imposto de Renda não faz distinção entre as perdas normais e as anormais, impondo que qualquer perda na área fabril seja computada como custos de produção e não como despesas. Se essa perda for computada como despesa, o Fisco a considera como despesa indedutível tanto para o Imposto de Renda (IR) quanto para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), tendo, assim, que adicionar tal despesa para a apuração desses tributos. Vimos que a contabilidade de custos originou-se na época da Revolução Industrial, pois anteriormente a contabilidade financeira atendia às necessidades das empresas que eram até aquele momento, na maioria, comerciais. Evidenciamos que a contabilidade gerencial surgiu da contabilidade de custos realçando a importância da tomada de decisões dos gestores originada pelos custos empresariais e os devidos controles e ações envolvidos para a manutenção e melhoria das empresas, tendo como foco a lucratividade e continuidade das mesmas. Compreendemos que as empresas possuem gastos que podem ser custos, despesas ou perdas e que estes gastos geram desembolsos de recursos e que muitos deles são considerados investimentos, pois trarão benefícios futuros para essas empresas. Importante 30 Custos Empresariais Referências CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de custos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2018. FERREIRA,J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2015. MEGLIORINI, E. Custos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. VICECONTI, P.; NEVES, S. Contabilidade de custos: um enfoque direto e objetivo. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 2018. 31Custos Empresariais Classificação de Custos 33Custos Empresariais Para início de conversa… Para apurarmos corretamente os custos que uma empresa teve para produzir seus produtos, precisamos compreender como eles são classificados e em que momento deverão ser considerados custos de fato, além de como serão apropriados ao custo final do produto. Os custos podem ser classificados como diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, podem estar ligados diretamente ao custo primário do produto ou, ainda, podem se unir no momento da transformação de tal produto. Assim sendo, os custos podem ser classificados de várias maneiras, de acordo com a forma, com a distribuição e com a apropriação, conforme será visto neste capítulo. É importante quantificar e alocar corretamente os custos que envolvem a produção/transformação de determinado produto, pois isso afeta diretamente o resultado das empresas. 35Custos Empresariais Objetivo Classificar os custos. 37Custos Empresariais 1. Custos Diretos e Custos Indiretos Custos são gastos relacionados a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços. Eles podem gerar desembolso ou não, pois pode haver permuta (troca) entre empresas ou doação ou aporte dos sócios em matéria-prima. Os custos serão reconhecidos no instante da fabricação ou transformação (quando efetivamente entrar em produção) do produto ou prestação de um serviço, refletindo os valores gastos com a geração dos produtos. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p.20), “a classificação dos custos vai depender do enfoque que for atribuído a ela, podendo ser determinada quanto à natureza, à função, à contabilização, ao produto e à formação ou produção”. Assim, temos os seguintes exemplos de custos: matéria-prima, mão de obra direta utilizada na produção, ou ainda, mão de obra indireta, energia elétrica etc. Verifica-se que a classificação dos custos em diretos e indiretos é feita quanto ao produto que está sendo fabricado (a apropriação do custo tem que ser específica àquele produto que está sendo analisado). É necessário realizarmos a classificação correta dos custos, pois eles impactam no resultado da empresa, mostrando se haverá lucro ou prejuízo. Desta forma, devemos controlar todas as operações que envolvem a alocação dos custos e, consequentemente, a tomada de decisões quanto a qual matéria-prima adquirir, de qual fornecedor, o preço de aquisição, qual o salário dos nossos funcionários que trabalham na produção, quanto pagamos de energia elétrica, quanto desembolsamos de material de embalagem etc. Estes custos devem ser exaustivamente controlados e medidos para não termos surpresas quando apurarmos o resultado da empresa por meio da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), ao final do exercício (geralmente ao final do ano). Tal relatório, de forma gerencial, deve ser consultado também periodicamente, sempre que necessário (mensal, trimestral, semestral etc.). 38 Custos Empresariais Podemos ter uma visão geral da classificação dos custos conforme o Quadro 1. Classificação de Custos Quanto à apropriação aos produtos Custos diretos Custos indiretos Quanto ao nível de atividade Custos fixos Custos variáveis Custos semivariáveis ou semifixos Quadro 1: Classificação dos Custos. Fonte: Crepaldi (2009, p.8) Os termos custos e despesas são facilmente encontrados nas Demonstrações de Resultado de Exercício (DRE) das empresas industriais, comerciais e de serviços, além das receitas, resultando no lucro ou prejuízo das empresas. Segundo Megliorini (2012, p.5) “as despesas são consideradas esforços realizados para gerar receita e administrar a empresa. Os valores de despesas lançados na demonstração de resultados correspondem ao período a que a demonstração se refere”. Como exemplo de despesas, temos a aquisição de material de escritório, de limpeza, salários dos funcionários administrativos, manutenção de equipamentos do escritório, entre outros. As despesas se referem aos gastos relacionados à administração da empresa. A administração da empresa engloba os departamentos administrativos, como os recursos humanos, contabilidade, financeiro, tecnologia da informação etc. Temos também o departamento comercial, que envolve os serviços de atendimento ao cliente, vendas, marketing etc., que geram igualmente despesas e não custos. 39Custos Empresariais Os custos ocorrem na fábrica onde os produtos são produzidos. Temos como exemplos a usinagem, montagem, pintura, controle de produção etc. A diferença entre custo e despesa, segundo Crepaldi (2009, p.7), é: a. Custo: é o gasto com a fabricação do produto (processo produtivo). O custo só afetará o resultado da parcela do gasto correspondente aos produtos vendidos. b. Despesa: é o gasto que não está relacionado ao processo produtivo. São todos os demais fatores identificáveis na administração, financeiras e relativas às vendas, que reduzem a receita. A despesa afetará diretamente o resultado do exercício. Na demonstração dos resultados, o Custo dos Produtos Vendidos (CPV) corresponde à quantidade vendida em empresas industriais. Já nas empresas comerciais, existe a figura do Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), que refere-se ao custo das mercadorias compradas para revenda e já vendidas pela empresa. Assim, temos também o Custo dos Serviços Prestados (CSP) para empresas prestadoras de serviços com os materiais a serem aplicados na execução dos serviços. Para encontrarmos corretamente o Custo dos Produtos Vendidos, precisamos saber como classificar os custos das empresas, ou seja, os custos em relação ao objeto que está sendo estudado, que podem ser diretos ou indiretos. O Custo Direto é aquele que facilmente pode ser quantificado e identificado diretamente no produto. Não precisa de critérios de rateio para ser alocado ao custo de determinado produto. “Custos diretos são custos apropriados aos produtos conforme o consumo em cada produto”. (MEGLIORINI, 2012, p.12). Entre os custos diretos, temos os materiais diretos e a mão de obra direta. Entre os materiais diretos, podemos destacar as matérias-primas, os materiais de embalagem daquele produto e quaisquer materiais necessários à produção, acabamento e apresentação final do produto. 40 Custos Empresariais Materiais diretos são os materiais que incorporam (se identificam) diretamente aos produtos e, a mão de obra direta representa os custos relacionados com o pessoal que trabalha diretamente na elaboração dos produtos. Como material direto, temos a matéria-prima, o material secundário e as embalagens. A matéria-prima é o principal material que utiliza-se na composição do produto final (podemos ter diversas matérias-primas para um único produto), sofrendo transformação no processo industrial em conjunto com o material secundário, que utiliza-se também diretamente no produto final, mas em menor quantidade (deve ser de fácil identificação ao produto). Por fim, temos a embalagem dos produtos, que serve para seu acondicionamento. EXEMPLO Ao fabricarmos um doce gourmet do tipo “brigadeiro de Nutella” para termos uma renda extra no mês, teremos alguns custos envolvidos na produção dessa deliciosa guloseima, começando com as matérias-primas: leite condensado, manteiga, chocolate, Nutella e granulado de chocolate. Também devemos ter gás para cozinhar o brigadeiro e forminha de papel (embalagem) para cada doce produzido. Todos estes materiais são custos diretos. Quando se trata de uma indústria especializada na fabricação de sapatos, teremos como materiais diretos: o couro cru ou couro sintético, borracha para o solado, linha para a costura, cola paraos acabamentos. Estes são os materiais diretos que vão compor o custo direto da fabricação do sapato. Englobando o custo direto, também devemos incluir a mão de obra de quem fez o doce no primeiro exemplo e quem costurou o sapato no segundo exemplo. A mão de obra direta é o trabalho aplicado diretamente na confecção do produto. Então, estamos falando do salário dos empregados, encargos sociais, provisões de férias etc. dos funcionários que trabalharam diretamente na transformação de determinado produto. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p.23): Custos diretos são os custos incorridos em determinado produto, identificando-se como parte do respectivo custo. São também os custos diretamente associados com o produto ou serviço que está sendo orçado, ou seja, o custo dos insumos que entram na execução do referido produto ou serviço. Podem ser diretamente (sem rateio) apropriados aos produtos, bastando existir para isso uma medida de consumo (quilos, horas de mão de obra ou de máquina, quantidade 41Custos Empresariais de força consumida etc.). De maneira geral, associam-se a produtos e variam proporcionalmente à quantidade produzida. Já o Custo Indireto é aquele não identificado no produto, necessitando de critérios de rateios para alocação no produto. Rateios: São a distribuição proporcional dos custos pelos recursos envolvidos (DICIONÁRIO INFORMAL, 2018). Rateio é uma divisão proporcional por uma base que tenha dados conhecidos em cada uma das funções em que se deseja apurar custos. Tal base deve constituir-se de dados que guardem estreita correlação com o custo, ou seja, o custo ocorre em condições semelhantes aos dados da base. (DUTRA, 1994) O rateio é um processo convencional de distribuição dos custos indiretos aos setores da produção e serviços. A importância do critério de rateio está intimamente ligada à manutenção ou à uniformidade em sua aplicação. Devemos lembrar que a simples mudança de um critério de rateio afeta o custo de produção e, consequentemente, o resultado da empresa. Algumas normas práticas, como as que apresentamos a seguir, podem reduzir os problemas decorrentes de rateio: (i) gastos irrelevantes não necessitam ser rateados, porque podem não justificar o trabalho envolvido; (ii) gastos cujo rateio seja extremamente arbitrário devem ser lançados diretamente contra o resultado do exercício. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.27) Segundo Megliorini (2012, p.12-13): Custos indiretos - são os custos apropriados aos produtos de acordo com uma base de rateio ou algum critério de apropriação. Essa base de rateio deve guardar uma relação próxima entre o custo indireto e o seu consumo pelo produto. Em geral são empregados como bases de rateio: o período (em horas) de emprego de mão de obra; o período (em horas) de utilização das máquinas na fabricação dos produtos; a quantidade (em quilos) de matéria prima consumida etc. Glossário 42 Custos Empresariais EXEMPLO Quando uma máquina, que trabalha diretamente na produção de alguns produtos diferentes (produto A, produto B e produto C), se deprecia (evidenciação da perda de valor de mercado de um bem), havendo o devido registro na contabilidade da empresa, o valor dessa depreciação deverá ser rateada pelos produtos que essa máquina transformou ao longo do período. Em contrapartida, se uma indústria aluga o espaço onde ela desenvolve sua produção e tem diversos produtos sendo produzidos no mesmo local, o valor do aluguel do galpão, por exemplo, deverá ser rateado como custo indireto para os diversos produtos que foram produzidos no período de um mês, se o aluguel é pago mensalmente. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2018, p.23): Custos indiretos são os custos de natureza mais genérica, não sendo possível identificá-los imediatamente como parte do custo de determinado produto ou serviço. Para serem incorporados aos produtos ou serviços, necessitam da utilização de algum critério de rateio. Precisam ser rateados ou alocados entre departamentos ou centros de custo, portanto, o custeio é realizado por meio de critérios subjetivos. Exemplos: aluguel, iluminação, depreciação, salário de supervisores etc. São gastos não diretamente relacionados aos produtos ou serviços, portanto, não são mensuráveis de maneira clara e objetiva. Nesse caso, torna-se necessário adotar um critério de rateio (distribuição) para alocar tais custos aos produtos fabricados ou serviços prestados, tais como aluguel, manutenção e supervisão da fábrica etc. Então, podemos dizer que a mão de obra indireta, materiais indiretos, outros custos indiretos (seguro da fábrica, depreciação das máquinas utilizadas na produção, aluguel da fábrica) são custos indiretos. A mão de obra indireta é representada pelo trabalho realizado nos departamentos auxiliares das indústrias ou prestadoras de serviços e que não são mensuráveis em nenhum produto ou serviço único. Os materiais indiretos são os materiais empregados na fabricação do produto, mas em virtude da dificuldade de cálculo quanto à quantidade utilizada em cada produto fabricado, são considerados materiais indiretos. 43Custos Empresariais EXEMPLO Pessoal do setor de manutenção que atende diversos setores e diferentes máquinas. Também podemos citar a mão de obra do supervisor de produção, que inspeciona a produção de diversos produtos. 2. Custos Fixos e Variáveis Os custos podem ser classificados quanto ao comportamento dos gastos em relação ao volume de produção: custos fixos ou variáveis. Se o volume da produção aumentar, o consumo de alguns elementos de custos vai aumentar; o de outros não. Os custos que sempre permanecerão os mesmos, independentemente do volume de produção, são os chamados custos fixos. Os que variam de acordo com o volume da produção são chamados de custos variáveis. Somando os custos fixos e os custos variáveis, temos o custo total. (MEGLIORINI, 2012, p.13) O Custo Variável depende da quantidade produzida. Os custos variáveis aumentam à medida que aumenta a produção. Ex.: combustível, matéria-prima consumida, material de embalagem etc. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p.25): Custos variáveis são custos que são uniformes por unidade, mas que variam no total na proporção direta das variações da atividade total ou do volume de produção relacionado. Exemplos: matéria-prima, embalagem. Custo variável é o custo cujo total apresenta variação diretamente proporcional ao volume de produção ou serviço; seu custo unitário é fixo. Já o custo fixo é o custo cujo total permanece constante, ou seja, que não varia proporcionalmente ao volume de produção ou serviço dentro de determinada capacidade instalada; seu custo unitário é variável. Os custos são variáveis em relação à produção total, pois quanto mais se produz mais custos temos, conforme pode ser visto na Figura 1. 44 Custos Empresariais Em relação a um único produto, o custo variável é fixo, pois a quantidade de matéria-prima que se gasta para produzir um determinado produto será sempre a mesma, desde que não haja nenhuma perda (involuntária) no processo de transformação. Custos Custo variável Quantidade 10 t0 Figura 1: Comportamento do custo variável conforme varia o volume de produção. Fonte: Megliorini (2012, p.14). Voltando ao exemplo do brigadeiro, vimos que é necessário leite condensado para realizar a produção do doce. Nesse caso, o leite condensado é um custo variável, pois quanto mais se produz doces, mais haverá o consumo desse ingrediente para sua fabricação. Ao mesmo tempo sabemos que, para cada doce pronto, utiliza-se 10 ml de leite condensado (hipoteticamente), então o custo, que é variável em relação à quantidade produzida, é fixo em relação à produção unitária. Já o Custo Fixo independe da quantidade produzida e ocorrerá independentemente do nível de atividade, de acordo com a Figura 2. Ex.: aluguel da fábrica, depreciação etc. Custos Quantidade 10 t0 Custo fixo Figura 2: Comportamento do custo fixo varia conforme o volumede produção. Fonte: Megliorini (2012, p.14). 45Custos Empresariais Independentemente da empresa produzir ou não, ela terá de pagar o aluguel da fábrica, por isso este custo é considerado um custo fixo. A depreciação também é fixa, sendo contabilizada mensalmente no Balanço Patrimonial da empresa; sempre vai ocorrer mesmo a máquina sendo utilizada ou não. O salário do supervisor da produção deverá ser pago independentemente da fábrica estar produzindo algum produto ou não. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 24): Custos fixos: um custo que, em determinado período e volume de produção, não se altera em seu valor total, mas vai ficando cada vez menor em termos unitários com o aumento do volume de produção. O custo total não varia proporcionalmente ao volume produzido. Um aspecto importante a ressaltar é que os custos são fixos dentro de determinada faixa de produção e, em geral, nem sempre são fixos, podendo variar em função de grandes oscilações no volume de produção. Quanto mais se produzir, menor será o custo por unidade. Inversamente ao que foi dito sobre os custos variáveis, custos fixos o são em relação à produção total do produtos e são variáveis de acordo com a produção unitária. Se um custo é fixo para todos os produtos da empresa, quanto mais produtos forem produzidos, mais esse custo vai se diluir nos produtos unitariamente, como pode ser visto no Quadro 2. Meses Horas trabalhadas Custo total de material Custo unitário de material Custo fixo do aluguel da fábrica Custo do aluguel (unitário) Janeiro 2.000 R$ 4.000,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,50 Fevereiro 2.050 R$ 4.100,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,44 Março 1.800 R$ 3.600,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,78 Abril 1.700 R$ 3.400,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,94 Maio 1.900 R$ 3.800,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,63 Junho 2.100 R$ 4.200,00 R$ 2,00 R$ 5.000,00 R$ 2,38 Quadro 2: Análise do custo variável e fixo de acordo com as horas trabalhadas. Fonte: Adaptado de Leone e Leone (2010, p.40). 46 Custos Empresariais Conforme o Quadro 2, o custo unitário não se modificou, sendo R$ 2,00, porém, de acordo com as horas trabalhadas, havendo maior ou menor produção, o custo total de material variou em todos os meses. O contrário ocorreu com o custo fixo, que é o mesmo em todos os meses, mas que varia de acordo com as horas trabalhadas, sendo unitariamente variável. Quando houve maior produção de quantidades em junho, o custo fixo unitariamente ficou em R$ 2,38 e em abril, que houve a menor produção da empresa, o custo fixo unitário ficou maior, em R$ 2,94. EXEMPLO Se existe um custo de aluguel da fábrica a ser pago mensalmente, este custo é fixo, mas ele será alocado a 100 produtos fabricados. O custo fixo será dividido para 100 produtos. Cada produto absorverá uma parte do custo fixo total, mas se, ao invés de 100 produtos, forem fabricados 1.000, este custo fixo de aluguel será dividido agora para 1.000 produtos, diminuindo o custo, pois a divisão está sendo feita para mais produtos confeccionados. “Custos fixos são aqueles que decorrem da manutenção da estrutura produtiva da empresa, independentemente da quantidade que venha a ser fabricada dentro do limite da capacidade instalada”. (MEGLIORINI, 2012, p.13) Existe também o Custo Semivariável ou Semifixo, que varia com o nível da atividade, porém não direta e proporcionalmente. O custo semivariável ou semifixo apresenta uma parte que é fixa e uma parte que é variável. Até certa quantidade o custo é fixo, sendo constante, mas, a partir de determinada quantidade, o custo passa a ser variável, pois vai crescendo de acordo com a quantidade a mais que está sendo produzida. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 25): Custos semivariáveis ou semifixos são os custos que variam em função do volume de produção ou venda, mas não exatamente nas mesmas proporções. São considerados fixos até determinada parcela e a partir desse ponto passam a ser variáveis. Exemplos: remuneração por meta de produtividade aos empregados; horas extras do controle de qualidade para lotes de produção que extrapolarem o limite de análise em período normal; manutenção preventiva para atender à demanda de utilização de horas de máquinas e equipamentos. 47Custos Empresariais Alguns autores consideram os custos semifixos como sendo diferentes dos custos semivariáveis. Megliorini (2012, p.14) afirma que: Custos semifixos são os elementos de custos classificados como fixos, mas que se alteram em decorrência de mudanças na capacidade de produção instalada. Imagine que a produção cresceu tanto que precisamos alugar mais um galpão e adquirir novas máquinas. Os custos com o aluguel e com a depreciação dessas máquinas são classificados como fixos, como já vimos, mas eles aumentarão devido ao aumento da capacidade de produção e permanecerão constantes nesse novo patamar. Se ocorrer outro aumento de capacidade, o processo se repetirá. Assim, os custos semifixos crescem patamares. O oposto também ocorre: quando a capacidade de produção é reduzida, os custos semifixos também diminuem, e isso também acontece em patamares. Conseguimos visualizar esse processo por meio da Figura 3. Custos Quantidade 10 t0 Custo semifixo 15 t Figura 3: Comportamento do custo semifixo varia conforme o volume de produção. Fonte: Megliorini (2012, p.15). Por outro lado Megliorini (2012, p. 14) considera: Custos semivariáveis são os elementos de custos que possuem, em seu valor, uma parcela fixa e outra variável. Em outras palavras, têm um comportamento de custo fixo até certo momento, mas depois se comportam como custo variável. Bons exemplos desse tipo de custo são a energia elétrica e água. Quando não há utilização desses 48 Custos Empresariais recursos, ou quando o consumo fica abaixo de um valor mínimo estipulado, então paga-se uma taxa fixa (parte fixa do custo). À medida que a utilização cresce com o aumento da produção, o valor da conta se eleva (parte variável do custo). Esse esquema pode ser melhor visualizado por meio da Figura 4. Custos Quantidade Custo semivariável Figura 4: Comportamento do custo semivariável varia conforme o volume de produção. Fonte: Megliorini (2012, p.15). Raramente em empresas em pleno funcionamento (produção frequente) ocorrem as cobranças somente das taxas fixas (consumo mínimo), pois o consumo de energia elétrica é sempre superior a elas, dadas as produções diárias. 3. Integração da Análise do Comportamento e da Classificação dos Custos Ainda existem algumas nomenclaturas importantes a serem abordadas, pois a uniformidade de informações se faz necessária para o devido controle dos custos das empresas. Os custos também podem ser classificados em relação à funcionalidade, como custos de fabricação, custos comerciais e custos de serviços. 49Custos Empresariais O Custo de Fabricação é o resultante da transformação de matérias- primas (insumos) em produtos acabados pelo uso de mão de obra e instalações. Já os Custos Comerciais advêm da compra de mercadorias ou matérias-primas que serão revendidas sem sofrer nenhuma modificação, sem mudar sua forma básica. Os Custos de Serviços, por sua vez, são os resultantes da prestação de serviço para as empresas contratantes. Exemplo: uma determina empresa presta serviços de limpeza e, para isso, fornece os produtos que serão utilizados para tal, como desinfetante, sabão, cera líquida etc., além da mão de obra que será utilizada nesta prestação de serviço. Todos este itens comporão os custos dos serviços prestados. Além disso, os custos podem ser classificados em relação ao produto, podendo ser custos primários ou custos de transformação. O Custo Primário é a soma da matéria-prima mais a mão de obra direta. Crepaldi e Crepaldi (2018, p.26) enfatizam que os custos primários: Compreendem a soma da matéria-prima e da mão de obra direta e não incluem os demais custos diretos. Também não são iguais a custos diretos, uma vez que nos custos primários só estão incluídosaqueles dois itens. Assim, a embalagem é um custo direto, mas não é um custo primário. (grifo nosso) Ainda conforme Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 26), os custos de transformação também podem ser chamados de custos de conversão. Sendo assim: Representam o esforço empregado pela empresa no processo de fabricação de determinado produto (mão de obra direta e indireta, energia, horas de máquina etc.). Não incluem matéria-prima nem outros produtos adquiridos prontos para consumo ou industrialização. Também chamados custos de conversão, compreendem a soma de todos os custos para transformar as matérias-primas em produtos acabados. Representam o valor do esforço da própria empresa no processo de elaboração de determinado produto. (grifo nosso) Relacionado também ao produto, podemos ter custos comuns entre alguns deles. Como o próprio termo sugere, esses são custos comuns para vários produtos até determinado ponto da produção e, depois disso, os custos são específicos para cada um dos produtos. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 26) são: 50 Custos Empresariais Comumente encontrados na fabricação de produtos farmacêuticos, onde durante o processo produtivo até uma determinada fase os custos incorridos são os mesmos e, a partir de um ponto chamado ponto de segregação, tornam-se vários produtos acabados diferentes. Ponto de segregação: É o ato de segregar, de pôr de lado, de separar, isolar ou apartar. (SIGNIFICADOS, 2019) Os custos também são classificados em relação ao grau de medida, como custos totais ou custos unitários. Os Custos Totais são todos os custos de determinado objeto ou atividade (macro), e envolvem os custos fixos e os custos variáveis para produzir determinado lote de produtos, por exemplo. O Custo Unitário é um indicador representado por uma fração (individual). Vimos no início deste capítulo que a classificação correta dos custos e o seu controle ajudam a empresa a saber se os custos incidentes não estão ultrapassando suas projeções, causando prejuízo, e enfatizando a importância do controle dos custos e a necessidade de tomadas de decisões periódicas relacionadas aos custos. Os custos corretamente classificados trarão benefícios para as empresas, pois eles serão a base para construir o preço que será cobrado aos clientes pelos produtos fabricados e vendidos e a determinação da margem de lucro que será aplicada sobre eles. Se a alocação dos custos estiver incorreta, todo o processo seguinte de formação do preço de venda será impactado, podendo gerar grandes prejuízos à empresa. Sendo assim, segundo Ferreira (2007, p.48), alguns critérios para a classificação dos custos devem ser estabelecidos, como: 1. Período de contabilização a que os custos se referem. 2. Natureza dos bens ou serviços consumidos. 3. Funções ou serviços a que se referem. 4. Grau de variabilidade relativamente a certos fatores. Glossário 51Custos Empresariais 5. Forma de imputação. 6. Possibilidade de serem evitados ou reduzidos. Outro assunto importante é saber se os produtos fabricados e vendidos estão cobrindo os custos e as despesas da empresa. Igualmente importante é reconhecer se o negócio está sendo viável ou se deve ser feita uma alavancagem na produção, troca de fornecedores de matéria-prima, redução ou ampliação de mão de obra, ou até mesmo, a substituição de produtos que serão fabricados pela empresa. Podemos observar que há várias nomenclaturas que envolvem os custos de uma empresa. Vimos que existem custos que podem ser alocados diretamente aos produtos e custos que precisamos fazer algum tipo de rateio para alocá-los, sendo chamados, respectivamente, de custos diretos e custos indiretos. Depois, vimos que os custos, quanto ao volume de produção, podem ser classificados como custos fixos ou variáveis, e que são inversamente proporcionais quando se fala de custo total ou custo unitário. Identificar corretamente cada forma de custo é importante para que o custeamento se dê de forma correta. Utilizar uma terminologia única e homogênea simplifica o entendimento e a comunicação interna e externa das empresas. 53Custos Empresariais Referências CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2009. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de custos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2018. DICIONÁRIO INFORMAL. Rateio. 2018. Disponível em: https:// www.dicionarioinformal.com.br/significado/rateio/1492/. Acesso em: 12 maio 2019. DUTRA, R. G. Critérios de rateio e distribuição de custos. I Congresso Brasileiro de Gestão Estratégica de Custos. São Leopoldo, 1994. FERREIRA, J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. LEONE, G. S. G.; LEONE, R. J. G. Curso de contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2010. MEGLIORINI, E. Custos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. SIGNIFICADOS. Significado de Segregação. 2019. Disponível em: https:// www.significados.com.br/segregacao/. Acesso em: 19 maio 2019. https://www.dicionarioinformal.com.br/significado/rateio/1492/ https://www.dicionarioinformal.com.br/significado/rateio/1492/ https://www.significados.com.br/segregacao/ https://www.significados.com.br/segregacao/ Métodos de Custeio e Critérios de Avaliação dos Estoques 55Custos Empresariais Para início de conversa… A contabilidade de custos tem muitas especificidades peculiares deste ramo da contabilidade que variam desde os métodos de controle de estoques, até aos sistemas de custeamento, as formas de controles gerenciais etc. Nesta unidade de aprendizagem, veremos os métodos de valoração de estoque: custo específico, Primeiro que Entra, Primeiro que Sai (PEPS), Último que Entra, Primeiro que Sai (UEPS) e custo médio. Assim, veremos os métodos que são aceitos no Brasil e os que não são e como eles se comportam. Na sequência, estudaremos os sistemas de custeamento: custeio variável, custeio por absorção, custeio ABC e custeio RKW. Igualmente você compreenderá quais são aceitos em nosso país e quais não são aceitos, mas que são grandes ferramentas gerenciais e, por consequência, importantes para os gestores nas tomadas de decisões. Por fim, você terá uma breve introdução sobre o custo padrão, também conhecido como custo orçado, e o custo real, também conhecido como custo histórico. 57Custos Empresariais Objetivo Compreender os métodos de custeio e critérios de avaliação de estoques. 59Custos Empresariais 1. Painel Básico da Contabilidade de Custos A fabricação dos produtos é um processo de transformação da matéria-prima e outros materiais em produtos finais ou acabados, assim sendo, temos a matéria-prima no início desse processo. A contabilidade irá registrar a compra da matéria-prima que permanecerá no estoque até o início da fabricação propriamente dita, quando esta será transferida para o estoque de matéria-prima em elaboração. Após a finalização da produção, este produto se tornará estoque de produtos acabados, estando pronto para a etapa de vendas, como pode ser visto na Figura 1. Após a venda, o estoque de produtos acabados se torna Custo dos Produtos Vendidos (CPV), sendo evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Figura 1: Fluxo de estoques industriais. Fonte: Adaptado de Padoveze (2010). Nesse processo, também temos a utilização de mão de obra, de gastos gerais de fabricação etc. ALMOXARIFADOS Envia materiais para fábrica Expede os produtos acabados (vendas) (Em processo) Incorpora aos materiais; Mão de obra, gastos e depreciação Estoca materiais não requisitados Estoca produção inacabada Estoca produtos acabados não vendidos Requisição de materiais Produção acabada Custo dos Produtos Vendidos PRODUTOS ACABADOS FÁBRICA PRODUÇÃO EM ELABORAÇÃO 60 Custos Empresariais As empresas possuem vários formulários/procedimentos específicos para o controle de materiais, desde sua compra até o final do processo. Para a compra de materiais, temos o pedido de compras, depois ascotações feitas junto aos fornecedores, a autorização de compra pela cotação mais vantajosa para a empresa, a nota fiscal eletrônica de venda dos materiais pelo fornecedor, a verificação dos itens pelo setor de almoxarifado, o registro efetivo dos materiais no estoque de matéria-prima da empresa por meio da ficha de controle de estoques, a requisição de materiais pelo setor de fabricação (Figura 1), o envio e registro do estoque de produtos acabados (há, também, o formulário de conformidade do produto de acordo com o setor de qualidade) e, por fim, a baixa do estoque de produtos acabados, mediante a emissão de nota fiscal eletrônica de venda e o reconhecimento do Custo do Produto Vendido (CPV). 1.1 Métodos de Valoração de Estoques Quando a empresa recebe os materiais, estes devem ser registrados em fichas de controle de estoque que podem ser movimentadas pelos seguintes métodos: ▪ Custo Específico. ▪ Primeiro que Entra, Primeiro que Sai (PEPS) ou também conhecido como First In, First Out (FIFO). ▪ Último que Entra, Primeiro que Sai (UEPS), conhecido como Last in, First Out (LIFO). ▪ Custo médio ou média ponderada. Os métodos de avaliação de estoques objetivam exclusivamente separar o custo dos produtos entre o que foi vendido e o que permaneceu em estoque. Representa uma parcela extremamente importante no processo de controle de custos. Por fim, o que se denomina método de avaliação de estoque engloba, exclusivamente, procedimentos necessários ao registro da movimentação dos estoques. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.54) 61Custos Empresariais O custo ou preço específico é utilizado quando o valor unitário real de aquisição pode ser especificado e dado baixa no correto momento. Exemplo: Quando uma concessionária de veículos compra vários veículos da montadora ela registra cada veículo adquirido pelo custo específico, pois um pode possuir características básicas, outro pode ter acessórios diversos. Quando um dado veículo entra na concessionária ele é registrado na ficha de estoque pelo seu custo específico e quando ele é vendido, este item é baixado e podemos evidenciar o Custo do Produto Vendido pelo seu próprio custo específico. Em se tratando de matéria-prima, este procedimento exige mais controle, geralmente é utilizado quando a empresa trabalha com projetos personalizados (um para cada cliente de acordo com suas especificidades). Este tipo de método de avaliação de estoque é utilizado quando é possível fazer a determinação do preço específico de cada unidade do estoque e pode-se dar baixa, em cada venda, por esse valor. Dessa forma, no estoque final, seu valor será a soma de todos os custos específicos de cada unidade existente. Geralmente, esse método é usado em empresas que fabricam veículos, tratores, máquinas de grande porte etc. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.54) Esse método pelo excesso de controle deve ser utilizado em empresas que movimentam materiais com aplicações específicas e de grande valor, de preferência que movimentam pequenas quantidades em estoque, geralmente por encomenda. A indústria naval, por exemplo, utiliza esse método para controlar seus materiais. Esse método é altamente recomendável pelos princípios contábeis e aceito pela legislação fiscal brasileira. Quando se trata de PEPS os estoques têm sua movimentação registrada de acordo com o registro de entrada dos materiais, que serão os primeiros a saírem para o devido processo seguinte. O critério PEPS pressupõe que os itens de estoque que foram comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos em primeiro lugar e, consequentemente, os itens que permanecerem em estoque no fim do período sejam os comprados ou produzidos mais recentemente, conforme o CPC 16 – Estoques. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.52) 62 Custos Empresariais Assim, podemos ver na Tabela 1 como se comporta as compras e vendas de materiais controlados pelo método PEPS. DATA COMPRA VENDA SALDO QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL 03/06/2019 100 25,00 2.500,00 100 25,00 2.500,00 03/06/2019 50 25,10 1.255,00 50 25,10 1.255,00 04/06/2019 30 25,00 750,00 70 25,00 1.750,00 50 25,10 1.255,00 05/06/2019 50 25,00 1.250,00 20 25,00 500,00 50 25,10 1.255,00 Tabela 1: Compras e vendas de materiais controlados pelo método PEPS. Fonte: Elaborado pela autora. Na Tabela 1, verificamos que a primeira mercadoria comprada e registrada na ficha de estoque é a que está sendo dada baixa pelas devidas vendas. O método PEPS é admitido pela legislação fiscal segundo o Parecer Normativo CST nº 6, de 26 de janeiro de 1979. Já no UEPS o último material comprado é o primeiro material vendido ou a ir para a produção/transformação. [...] o custo do estoque é determinado como se as unidades mais recentes adicionadas ao estoque (últimas a entrar) fossem as primeiras a sair. Supõe-se, portanto, que o estoque final consiste nas unidades mais antigas e é avaliado ao custo dessas unidades. Segue- se que, de acordo com o método, o custo dos itens vendidos/saídos tende a refletir o custo dos itens mais recentemente comprados (ou produzidos) e, assim, os preços mais recentes. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.57) Na Tabela 2, podemos verificar o mesmo exemplo da Tabela 1, mas com o controle pelo método UEPS. 63Custos Empresariais DATA COMPRA VENDA SALDO QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL 03/06/2019 100 25,00 2.500,00 100 25,00 2.500,00 03/06/2019 50 25,10 1.255,00 50 25,10 1.255,00 04/06/2019 30 25,10 753,00 100 25,00 2.500,00 20 25,10 502,00 05/06/2019 20 25,10 502,00 30 25,00 750,00 50 25,00 1.750,00 Tabela 2: Exemplo de método de valoração pelo UEPS. Fonte: Elaborado pela autora. O método UEPS não é aceito pelo Fisco, visto que, ao optar por esse método, a empresa pagaria menos imposto em relação a outros métodos que poderia adotar. Portanto, o método não é admissível nem pela ótica fiscal nem pelas normas de contabilidade. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.58) Isso pode ser visto em comparação com as duas tabelas (1 e 2) quando observamos que na primeira tabela, o custo do material vendido foi de R$ 750,00 e, na segunda, foi de R$ 753,00 relativos à primeira venda realizada pela empresa. Dessa forma, o lucro da empresa irá diminuir e, consequentemente, a base de cálculo dos tributos também (em se tratando do regime tributário Lucro Real, cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL), recolhendo menos para o Fisco. O custo médio indica que o material será valorado por um valor médio do saldo existente em estoque. É o método mais usado no Brasil e consiste em avaliar o estoque pelo custo médio de aquisição apurado em cada entrada de material, ponderado pelas quantidades adicionadas e pelas anteriormente existentes. 64 Custos Empresariais Segundo a Resolução CFC no 1.170, pelo critério do custo médio ponderado, o custo de cada item é determinado a partir da média ponderada do custo de itens semelhantes no começo de um período e do custo dos mesmos itens comprados ou produzidos durante o período. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.59) O valor do material segundo o custo médio ou custo médio ponderado é determinado pela divisão do valor do saldo pela quantidade após cada entrada de material, como pode ser visto na Tabela 3. DATA COMPRA VENDA SALDO QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL 03/06/2019 100 25,00 2.500,00 100 25,00 2.500,00 03/06/2019 50 25,10 1.255,00 150 25,03 3.755,00 04/06/2019 30 25,03 750,90 120 25,03 3.004,10 05/06/2019 20 25,03 1.251,50 70 25,04 1.752,60 Tabela 3: Exemplo de método de valoração pelo Custo Médio. Fonte: Elaborado pela autora. Na tabela acima, podemos verificar o custo do material vendido na primeira venda, que, agora, ficou em R$ 750,90, valor este que ficou entre o resultado do PEPS
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