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Transporte e sociedade APRESENTAÇÃO Os transportes se encontram diretamente relacionados ao desenvolvimento da humanidade, propiciando diversas evoluções ao longo da história e modificando profundamente a forma com que as pessoas se relacionam com espaço e tempo. Atualmente, grande parte da população mundial vive em cidades, que tendem a crescer cada vez mais. Esse crescimento demanda infraestrutura e planejamento de transportes adequados, que correspondam a essas novas necessidades no curto e longo prazo. Além disso, o desenvolvimento deve ocorrer de maneira responsável, atendendo a necessidades econômicas e sociais de forma sustentável, promovendo o bem-estar e a qualidade de vida da população. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber mais sobre os impactos dos transportes na sociedade, bem como discutir sua relevância. Também aprenderá a identificar os benefícios e desvantagens dos modais em transporte urbano e sua interação com os outros setores da sociedade, bem como relacionar intervenções técnicas para atingir desenvolvimento e bem-estar. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Discutir a importância dos transportes para a sociedade. • Enumerar impactos e benefícios dos modais em transporte urbano.• Relacionar intervenções técnicas para desenvolvimento e bem-estar.• DESAFIO Um dos papéis do planejamento de transportes é minimizar os impactos negativos que os sistemas de transporte possam causar à sociedade. Mas, para isso, é preciso compreender quais são esses impactos e de que forma eles podem ser mitigados para melhorar a vida das pessoas. Neste Desafio, você terá o papel de decidir sobre o futuro do Município de Porto Feliz e, para isso, terá que avaliar as vantagens e desvantagens de cada uma das intervenções propostas. Considere a situação a seguir: Sabendo que a Avenida Flores do Campo tem uma alta concentração de bares e restaurantes, quais seriam as implicações da implementação de um terminal de ônibus? c) Com base nas opiniões dos especialistas, qual é sua decisão de intervenção para solucionar o problema? Utilize elementos de ambas as opiniões para construir a sua. INFOGRÁFICO Diferentes modais possuem diferentes características fundamentais, como custo, capacidade e modo de operação. Essas diferenças estão intimamente ligadas à aplicabilidade de cada um deles e devem ser levadas em conta durante tomadas de decisão. Busca-se com isso tornar o modal mais integrado à cidade, otimizando seus impactos sociais. Neste Infográfico, você verá uma relação comparada de características de diferentes modais, que devem subsidiar a tomada de decisões. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO O transporte é um fator estratégico no desenvolvimento da sociedade, desde o inÍcio da humanidade até os dias atuais, de modo que o conhecimento de como esse processo se deu é de extrema importância para a compreensão do panorama atual do setor. Dessa forma, tem-se um embasamento melhor para que o planejamento possa atingir seus objetivos de melhorar a vida das pesoas. No capítulo Transportes e sociedade, da obra Planejamento de transportes urbanos, você verá um histórico dos transportes na sociedade e seu papel fundamental para a evolução da humanidade. Além disso, você aprenderá sobre os impactos do planejamento de transporte nos diversos setores da sociedade, bem como a importância de um planejamento responsável econômica e socialmente, aliado à sustentabilidade ambiental. Por fim, serão discutidos os diversos tipos de intervenções técnicas necessárias ao bem-estar e desenvolvimento da sociedade. Boa leitura. PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES URBANOS Douglas Zechin Transporte e sociedade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Discutir a importância dos transportes para a sociedade. Enumerar impactos e benefícios dos modais em transporte urbano. Relacionar intervenções técnicas para desenvolvimento e bem-estar. Introdução Os transportes evoluíram juntamente com a sociedade, modificando as noções de tempo e espaço e facilitando o dia a dia dos indivíduos. O crescimento das cidades é acompanhado de demandas relacionadas à infraestrutura e ao planejamento de transportes, cujos modais devem ser compatíveis com as características específicas de cada local. O pla- nejamento de transportes poderá gerar vantagens ou desvantagens, dependendo do foco escolhido para a realidade na qual os modais serão aplicados. Neste capítulo, você vai estudar a evolução dos transportes ao longo da história e sua relação com a sociedade, de forma a compreender de que forma os transportes modificam a maneira como lidamos com nosso meio. Você também vai compreender os principais impactos dos transportes na atualidade e vai conferir algumas tendências e soluções de transporte para diferentes contextos. Importância do transporte O transporte é defi nido como o deslocamento de pessoas ou mercadorias de um local a outro, de forma que está intimamente atrelado ao desenvolvimento da humanidade. Atualmente, praticamente todos os indivíduos dependem direta ou indiretamente dos transportes, seja para ir trabalhar, estudar, levar produtos para as lojas e mercados ou escoar a produção agrícola. Todas essas ações dependem de uma ou várias etapas de transporte. As primeiras formas de transporte foram a caminhada e a natação, pouco eficientes e limitadas à fisionomia humana. Com o advento da agricultura e a domesticação de animais, os seres humanos passaram gradativamente de uma sociedade nômade, em que o transporte servia para procurar abrigo e alimento, para uma sociedade sedentária. Assim, passou-se a utilizar animais domesticados para o transporte, uma vez que isso permitia carregar maiores cargas e alcançar maiores distâncias. Outro passo extremamente importante foi a invenção da roda e dos primeiros veículos de tração animal, que aumentaram ainda mais a capacidade de transporte, conforme Lay (1992). Uma vez que a agricultura começou a gerar excedentes de produção, foram iniciadas as primeiras formas de comércio, inicialmente sob forma de escambo; depois, com o advento da monetização, as trocas comerciais ganharam maior amplitude. Esse novo quadro impulsionou o maior alcance dos meios de transporte no globo, sendo esses meios uma variável fundamental para o crescimento do comércio mundial. O desenvolvimento do transporte fluvial se deu concomitante ao desenvol- vimento do transporte terrestre, inicialmente sob a forma de pequenas canoas ou embarcações maiores, geralmente movidas pelo vento ou com remos. Mesmo assim, ainda era bastante limitado, em função de técnicas construtivas pouco desenvolvidas. Foram necessários vários séculos até o desenvolvimento de embarcações capazes de carregar grandes cargas a longas distâncias, sendo estas uma das principais formas de transporte de cargas até o início da Re- volução Industrial. Esse é um dos motivos pelos quais as primeiras grandes cidades se desenvolveram perto de rios. No início do século XV, os países europeus que desejavam importar especia- rias, como pimenta, cravo, canela, noz moscada e outros temperos, dependiam dos comerciantes de Veneza ou Gênova, que detinham o monopólio desse tipo de mercadoria, que era revendida a preços altos para toda a Europa. Dada a onerosidade do comércio de especiarias, foram desenvolvidas novas tecnologias que viabilizaram viagens intercontinentais, o que permitiu a descoberta do caminho marítimo para as Índias e ampliou as formas e o alcance dos meios de transporte, conforme Le Couteur (2006). A busca por novas rotas comerciais, no período das grandes navegações, culminou no descobrimento de diversas novas terras e impulsionou a explo- ração europeia sobre a Ásia, a África, a América e a Oceania, em busca de domínio econômico e comercial. Mais uma vez,o comércio impulsionou uma onda de desenvolvimento nos meios de transporte, para adequá-los às novas necessidades e à nova proporção do mercado, segundo Stopford (2009). Transporte e sociedade2 De qualquer forma, o transporte continuava sendo demorado e caro. Mesmo as grandes navegações eram difíceis de serem realizadas, pois parte das tripulações marítimas não sobrevivia a longas jornadas, devido às precárias condições de higiene e ao escorbuto, doença causada pela falta de vitamina C. Isso fazia com que viagens particulares ficassem majoritariamente restritas aos meios de transporte terrestres tradicionais e de menor alcance. Foi com o início da Revolução Industrial que os transportes sofreram mudanças mais profundas. Com a invenção da máquina a vapor, o transporte sobre trilhos revolucionou a maneira de transportar cargas, reduzindo sig- nificativamente os custos de transporte e impulsionando a industrialização de vários países. A máquina a vapor transformou não apenas o transporte terrestre, como também o transporte aquático, tornando-o ainda mais eficiente. No início do século XIX, foi inaugurado o primeiro navio a vapor, gerando ainda mais eficiência aos meios de transporte dessa natureza. Outro efeito da industrialização foi o crescente fluxo de pessoas do campo para as cidades, como forma de suprir a crescente demanda de mão de obra da indústria. Um bom exemplo disso é a Inglaterra, que, de 1800 a 1925, viu o percentual de sua população vivendo em áreas urbanas subir de 20% para 70%. Esse processo foi ocorrendo de forma gradual em todo o mundo. Hoje, estima-se que cerca de 55,3% da população mundial viva em cidades, e a projeção da Organização das Nações Unidas (ONU) é que essa taxa suba para 60% até 2030 (UNITED NATIONS, 2018). O êxodo rural gerou um crescimento desordenado das cidades, que não estavam preparadas para receber tal quantidade de pessoas. Esse desloca- mento populacional gerou demandas de acesso a lazer, saúde, educação e infraestrutura. Uma grande parcela da população passou, então, a enfrentar uma realidade de exclusão e marginalização. A ausência de um planejamento urbano adequado para atender ao crescimento populacional desses espaços resultou no desamparo de uma grande parcela da população Outras necessidades foram configurando-se ao longo do tempo. Atualmente, embora o contingente populacional cresça cada vez mais na maioria das cida- des, essa não é a única questão a ser pensada quando se trata de planejamento urbano. A problemática do aumento populacional se relaciona a uma série de novas demandas, como os tipos de modais adequados dentro das caracterís- ticas específicas de uma população, com base no seu território e até mesmo no contexto econômico da região. A facilitação do acesso cria oportunidades de interação que afetam dire- tamente o dia a dia da população. Nesse sentido, abre-se um leque de opções viáveis para tratar a situação. A evolução das redes e dos modos de transporte 3Transporte e sociedade visa principalmente à redução do tempo de deslocamento. Isso implica dire- tamente em uma alteração na relação de tempo e espaço. A diminuição do tempo de deslocamento entre um ponto e outro da cidade está intimamente relacionada à diminuição da relevância da distância que os separa. Essa redução de tempo de deslocamento pode ser gerada por outros fatores indiretos, que vão além do aumento da velocidade do veículo. Fatores que ocasionam a diminuição do tráfego influenciam de forma direta a velocidade de deslocamento de um ponto a outro. Soluções tecnológicas Os avanços da tecnologia levam ao surgimento de novos meios de transporte, que acabam por se tornar novas confi gurações para pensar o transporte mo- derno. Um exemplo disso é a utilização, já consolidada, da mobilidade como serviço (mobility as a service), ou transporte sob demanda, que traz um au- mento de fl exibilidade e conforto ao passageiro, uma vez que são ofertadas viagens porta a porta a valores que costumam variar conforme a demanda. Contudo, a efetividade desse tipo serviço ainda é discutida, uma vez que a diminuição do uso do transporte coletivo e o aumento dos congestionamentos já foram observados em algumas cidades, tornando-se um grande desafi o para o planejamento de transportes moderno. Outra tecnologia recente são os veículos autônomos. Embora desenvol- vimentos ainda necessitem ser feitos, um veículo controlado por um sistema robótico tem o potencial de fornecer uma maior segurança, se considerarmos o número de acidentes de trânsito provocados por fatores humanos, e maximizar o tempo útil do passageiro, que poderá realizar outras atividades durante o trajeto. Esse tipo de tecnologia também maximiza a utilização do espaço, uma vez que, com a automação, os veículos podem viajar em comboios, minimizando a distância entre cada um deles de forma segura e aumentando a capacidade de vias. Nesse contexto, é de interesse dos planejadores de transporte a possibi- lidade de conexão desses veículos com a infraestrutura já existente, de modo que ambos possam interagir, dando origem a uma rede invisível de troca de informações que contribui para o tráfego. Apesar de essas tecnologias ainda não terem se popularizado, percebem- -se avanços significativos nas pesquisas sobre os impactos desses modais na nossa sociedade. Ainda, há uma infinidade de tendências em planejamento urbano sendo desenvolvidas, que consideram cada vez mais fatores como a sustentabilidade e os impactos econômicos e sociais. Transporte e sociedade4 Impactos dos transportes nas cidades Como vimos, os transportes têm infl uência direta no dia a dia da sociedade moderna. Nesta seção, abordaremos mais detalhadamente de que forma isso se dá, quais são as vantagens e desvantagens dos modais de transporte urbano e quais são as alternativas para mitigar os impactos negativos. Meio ambiente Todo tipo de transporte depende de uma fonte de energia para gerar o trabalho necessário para deslocar pessoas e cargas. Essas fontes de energia são variadas, mas cada uma infl uencia o ambiente de diferentes formas. A frota atual tem por base, principalmente, o uso de combustíveis fósseis, majoritariamente os derivados de petróleo, como gasolina, óleo diesel, querosene, entre outros. Segundo a ONU, o setor de transportes representa 31% do uso comercial de energia e 65% do consumo fi nal de petróleo (IEA, 2018). Os combustíveis fósseis são largamente utilizados porque são satisfato- riamente eficientes, gerando uma significativa quantidade de energia por unidade de peso. Sua extração e refino são relativamente simples, porém, são uma fonte de energia não renovável, e suas reservas são limitadas. Seu impacto ambiental mais perceptível são as emissões de gases de efeito estufa (GEEs), que, além de contribuírem para o aquecimento global, têm efeitos na saúde da população de grandes centros urbanos, dada a concentração maior de veículos. Segundo Guarieiro, Vasconcellos e Solci (2011, documento on-line): Em termos gerais, pode-se afirmar que nos grandes centros populacionais do país, os veículos automotores, fonte bastante significativa de emissão de contaminantes do ar, contribuem, às vezes, com níveis próximos de 100% dos poluentes emitidos para a atmosfera. É evidente que esse fato afeta a qualidade de vida da população com o agravamento da qualidade do ar e consequente- mente causando prejuízos à saúde ao ambiente, e ao bem-estar da população. Embora ainda seja muito difícil diminuir as emissões de GEEs oriundas de motores a combustão, com o uso de biocombustíveis é possível diminuir o balanço de emissões de carbono, dado que sua produção provém da captação de carbono disponível na atmosfera e transformado em compostos orgânicos pelo processo de fotossíntese. Dentre estes, destacam-se o etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, e o biodiesel, proveniente de óleos e gorduras de origem animal ou vegetal. 5Transporte e sociedade Outra forma dereduzir as emissões de GEEs é por meio do uso da energia elétrica. Amplamente utilizada em transporte guiado, como trens, metrôs e veículos leves sobre trilhos (VLTs), ela vem se popularizando em veículos não guiados, inclusive veículos individuais. Essa troca não é 100% sustentável, pois o aumento da demanda por energia elétrica ocasionada pela inserção desse tipo de veículo pode sobrecarregar a rede elétrica da região, demandando a criação de novas usinas ou a ampliação da capacidade das existentes, gerando impactos ambientais secundários. Além disso, no caso de transporte não guiado, a necessidade de estocar a energia em baterias gera maior produção de lixo, muitas vezes tóxico e não reciclável. Apesar de veículos gerarem a quase totalidade de emissões de carbono dentro das cidades, esse não é o único impacto ambiental causado. Seu descarte inadequado pode gerar impactos negativos, que vão de poluição visual e uso do solo até o surgimento de focos de mosquitos vetores de doenças. Isso é comum no caso de acúmulo de água dentro de pneus descartados indevida- mente, agravando problemas de saúde pública já existentes. O consumo de recursos e o espaço ocupado pela infraestrutura de transporte também são custos que podem ser associados ao transporte. A construção de infraestrutura de transporte e a sua utilização estão associadas a custos eco- lógicos decorrentes da fragmentação de ambientes e da alteração e destruição de habitats, condicionando a biodiversidade e mesmo as pessoas que habitam perto dessas regiões, conforme leciona Costa (2007). O trem que liga a cidade de Porto Alegre às demais cidades de sua região metropolitana é um bom exemplo de implementação de um modal de transportes que, apesar dos inegáveis benefícios para a população, com a facilitação da locomoção, cria uma barreira física que separa as regiões por onde passa no nível do solo. No centro da cidade se localiza um dos terminais da linha de trem, às margens do Rio Guaíba. A via férrea passa por essa região no nível do solo, impedindo o acesso direto da população às margens do rio. Ou seja, a cidade ganha com a existência de um meio de transporte eficiente, mas perde com a impossibilidade do acesso natural ao rio e a desvalorização do solo. No que tange à implementação dos modais de transporte, o principal impacto se dá pelo uso do solo, geralmente muito escasso no ambiente urbano, principalmente em grandes cidades e metrópoles. Para uma mesma capacidade, o transporte individual é o que demanda mais espaço, de forma que é muito comum a ocorrência de congestiona- mentos onde esse modal prevalece, reduzindo a mobilidade e aumentando a poluição atmosférica e sonora. Por isso, em grandes centros urbanos, deve-se melhorar a capacidade do transporte público, para que ele seja utilizado em detrimento do transporte individual. Transporte e sociedade6 Economia O setor de transportes tem papel fundamental na economia, uma vez que a maioria dos produtos e serviços depende diretamente do transporte de materiais, mercadorias e pessoas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE, 2017), o setor de transportes, os serviços auxiliares aos transportes e o correio tiveram receita operacional líquida de mais de R$ 449 bilhões em 2017, correspondendo a 29% do total receitado por empresas de serviços. A relevância econômica do setor é inegável, sendo fundamental para o bom funcionamento da economia. Para haver a expansão de mercado, é de suma importância a existência de meios de transportes eficientes, que garantam o deslocamento de bens de forma segura e eficiente, criando, assim, um ambiente propício à especialização dos agentes econômicos e gerando, por conseguinte, um maior rendimento. Um transporte caro, por exemplo, ocasionará um aumento no preço comum de determinado produto, acarretando uma baixa na sua demanda, gerando, assim, um menor rendimento. Além disso, uma infraestrutura precária acarreta risco maior de comprometimento da integridade da mercadoria transportada e dos prazos de entrega. Todos esses fatores implicam diretamente no bom funcionamento econômico de um país, tanto para o escoamento de mercadorias no mercado interno quanto em relação a exportações. As questões acima influenciam diretamente nas escolhas dos agentes econômicos e no desenvolvimento econômico de regiões. Uma cidade com uma boa infraestrutura de transporte é mais propícia a atrair empreendimentos que possibilitam o desenvolvimento econômico da região, bem como uma região com uma má infraestrutura pode acabar perdendo investimentos. As empresas, ao tomarem suas decisões de investimentos, consideram fatores que envolvem a infraestrutura de transportes, como a facilidade para o escoamento da produção e o recebimento de insumos, ou, ainda, a garantia de que sua mão de obra terá a mobilidade necessária para ir e voltar do trabalho. O setor de transportes não é relevante apenas para o transporte de merca- dorias; o transporte de pessoas também é fundamental para a circulação de serviços e a interação entre agentes econômicos. A viabilidade da migração da força de trabalho, por exemplo, impacta diretamente na oferta de mão de obra de muitas regiões. Um exemplo disso são cidades com maior circulação de bens e serviços. Trata-se de centros econômicos que demandam a locomoção de um número relevante de pessoas para atender à demanda por mão de obra. Assim, as cidades marginais a esses centros fornecem mão de obra de pessoas que, diariamente, migram até o local de trabalho. Disso decorre o fenômeno 7Transporte e sociedade das cidades dormitórios, que dependem economicamente de forma direta dos meios de transporte disponíveis. À questão do transporte de mercadorias e à oferta e à demanda de mão de obra soma-se, ainda, a geração de empregos dentro do próprio setor. Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o estoque de empregos formais no setor de transportes (que engloba os transportes terrestres, aquaviários e aéreo) girou em torno de 1,77 milhões no ano de 2018. Considerando o setor de transporte, armazenamento e correio, esse número chegou a 2,35 milhões de empregos formais (CNT, 2019) O desenvolvimento da economia de transportes comumente parte de inicia- tivas estatais, contando com verbas decorrentes do recolhimento de impostos. A efetividade dessas medidas depende, portanto, da correta alocação desses recursos, de modo a maximizar seus retornos socioeconômicos. Essas me- didas impactam diretamente em todos os setores da economia, uma vez que todos dependem de transporte em alguma medida. Embora seja vital para a economia, o investimento em infraestrutura de transportes é bastante oneroso para o Estado. Por conta disso, tem se tornado frequente o uso de parcerias público-privadas para sua construção e manutenção. Dessa maneira, o ente privado entra com os recursos necessários para a viabilização da infraestrutura ou a prestação de um serviço e tem como contrapartida a possibilidade de cobrar por sua utilização, conforme combinado com os órgãos reguladores e fiscalizadores. Sociedade As estratégias de desenvolvimento dos transportes atingem ainda outras questões de difícil mensuração econômica, mas de igual, ou até superior, relevância em relação às responsabilidades do Estado perante a sociedade. Como já dito, comumente é de competência do Estado o planejamento estra- tégico dos transportes, que atinge de maneira direta o dia a dia e o bem-estar da população. Nesse contexto, incluem-se questões como o tempo gasto pela população dentro do transporte público. A facilidade ou a difi culdade de mobilidade interferem diretamente na quanti- dade de tempo disponível para outros fi ns, como estar com a família, estudar e descansar. O acesso a eventos culturais e educacionais e a espaços de lazer e compras são demandas básicas e comuns da população. Um planejamento de transportes efetivo permite a conexão entre a oferta e a demandapor esses Transporte e sociedade8 serviços de modo orgânico, promovendo o aumento da satisfação da população e a fl uidez da economia. Uma das alternativas disponíveis para mitigar os efeitos do tempo gasto em viagem é melhorar sua qualidade, como com o uso de veículos que dispo- nibilizam condições favoráveis para a realização de outras atividades durante o trajeto. Um veículo com baixo ruído sonoro, por exemplo, pode permitir que seus passageiros leiam ou durmam durante o trajeto. Outro exemplo é o nível de segurança dos meios de transporte. Um ambiente com um nível de segurança razoável permite que seus passageiros utilizem dispositivos ele- trônicos, como um computador, para realizar atividades durante o percurso. Sendo assim, a melhora na qualidade do transporte também pode auxiliar na questão do tempo útil despendido em viagens, especialmente aquelas que são realizadas diariamente. Assim, a velocidade do transporte não é o único aspecto dos transportes que impacta na qualidade de vida de uma determinada população. Nesse contexto, é importante salientar o caráter inclusivo do planejamento de transportes, por meio do aumento da acessibilidade a pessoas com deficiência, doentes, idosos e gestantes. Dados do IBGE indicam que 88% dos municípios brasileiros descumprem a lei que disciplina a acessibilidade dos transportes públicos. Isso evidencia a importância de uma efetiva fiscalização, de modo que direitos estabelecidos em lei sejam, de fato, garantidos, e as normas vigentes sejam seguidas, conforme destaca Silveira (2018). Ainda que a qualidade e a velocidade dos veículos ofertados atinjam pata- mares que otimizem a qualidade de vida de seus passageiros, devemos pensar ainda na amplitude e na forma do sistema de transporte público. É importante que o sistema possua uma forma de rede, de modo a maximizar as possibili- dades de conexão entre todas as localidades da região coberta. Enquanto uma linha de transportes isolada possui apenas a capacidade de transporte entre dois pontos, se essa mesma linha integrar uma rede de transportes, também servirá como conexão entre outras origens e destinos. Desse modo, sua fun- cionalidade e sua utilidade são multiplicadas, e os recursos empregados para sua implementação são utilizados de modo mais eficiente (Figura 1). 9Transporte e sociedade Figura 1. Exemplo de boa integração dos diversos modais de transporte nas cidades. Fonte: Adaptada de Alberti (2017). O planejamento não deve se basear apenas na quantidade de passageiros que realizam viagens em uma determinada região em um certo momento no tempo. É preciso pensar estrategicamente no crescimento e na redução de zonas atratoras e produtoras de viagens, como lançar mão de instrumentos estatísticos para realizar previsões acerca de tendências de alteração nos padrões de viagem dentro de uma cidade. Esses estudos permitem que se planeje o transporte com base em sua demanda futura, fazendo-se ajustes na infraestrutura e, até mesmo, no tipo de modal que melhor se adapte às necessidades da população. Como já dito, a influência do planejamento de transportes na economia é extremamente relevante, o que pode alterar a situação econômica e social de determinada região. Uma das formas de planejamento desse tipo é a cria- ção de demanda induzida, a partir do desenvolvimento de infraestrutura em determinadas regiões. A criação de uma estrada em determinado ponto da cidade, por exemplo, poderá ocasionar o desenvolvimento da economia em Transporte e sociedade10 seus arredores, pois um maior número de veículos circulando significa um crescimento na demanda local por produtos e serviços. Medidas desse tipo afetam diretamente outras regiões, podendo ser usadas como solução para áreas com alta incidência de congestionamento, dado que podem resultar em uma redistribuição do tráfego. Intervenções técnicas para desenvolvimento e bem-estar Se pudéssemos imaginar um modelo de transporte ideal, como ele seria? Rápido, com certeza, muito rápido, indo ao limite, instantâneo. Obviamente, deveria ser barato, de preferência, gratuito. Deveria ter uma capacidade infi nita e uma frequência alta, de preferência, sempre disponível. Não esqueçamos do meio ambiente, afi nal, esse transporte ideal não pode destruir nosso único planeta. Mas isso fi ca apenas no mundo da imaginação. Imaginação essa que contempla as principais problemáticas que associamos ao planejamento de transportes: o tempo, o custo, a capacidade, a disponibilidade e a sustentabili- dade (Figura 2). Mas, se não podemos ter esse transporte ideal, como podemos melhorar essas restrições de forma a ter o melhor transporte possível? 11Transporte e sociedade Figura 2. Principais problemáticas associadas ao planejamento de transportes. Para responder a essa pergunta, precisamos analisar cada um dos pontos acima citados. O primeiro ponto evidencia um dos objetivos do transporte: o de transpor o espaço em um tempo aceitável, o menor possível. Da relação entre o espaço a percorrer e o tempo utilizado deriva o conceito de velocidade. De certa forma, tem-se aumentado a velocidade dos transportes ao longo da história, porém, ela está sujeita às limitações físicas e tecnológicas. Outro aspecto fundamental é o custo total do deslocamento. O trajeto entre um ponto de origem e um destino está intimamente relacionado a um determinado custo a pagar pela utilização do transporte, em grande parte, influenciado pela tecnologia adotada e por seu grau de maturidade. A terceira questão se refere à capacidade de transporte. Esta se configura como um problema que resulta da capacidade limitada das unidades de transporte, associada à disponibilidade de veículos ofertados. A limitação da capacidade de transporte resulta tanto da capacidade tecnológica disponível em um deter- minado momento como dos custos de investimento e de operação que estão associados à alteração da capacidade. Transporte e sociedade12 A quarta característica do transporte ideal diz respeito à disponibilidade. O ideal seria uma capacidade de oferta de transporte com uma frequência elevada, que permitisse o deslocamento de um passageiro, ou de uma mercadoria, de um ponto “a” a um ponto “b” a qualquer momento. As limitações que se associam a essa característica decorrem dos custos de operação associados às frequências elevadas e generalizadas, conforme Costa (2007). As intervenções para a melhoria da infraestrutura de transporte têm impacto direto no bem-estar dos indivíduos que habitam as cidades, independentemente do tamanho destas. Porém, os problemas e as respectivas soluções para diferen- tes tamanhos de cidade são muito diferentes. Não apenas são diferentes, como evoluem e se transformam conforme a cidade vai crescendo, e compreender isso é essencial para o planejamento, pois a grande maioria das cidades do mundo está em processo de crescimento. De acordo com a ONU, das 1.146 cidades com mais de 500 mil habitantes, apenas 21 apresentaram declínio da população no período de 2000 a 2018. Alguns desses casos se devem a desastres ambientais, como Nova Orleans, nos Estados Unidos, atingida pelo furacão Katrina em 2005, e Sendai, no Japão, vítima de terremoto e tsunami em 2011; outros decorrem de questões econômicas, como Buffalo e Detroit, ambas nos Estados Unidos, onde o declínio populacional se deve à perda de indústrias e empregos (UNITED NATIONS, 2018). Sob essa ótica, o planejamento de transportes é essencial para um bom crescimento das cidades, como destacam Campos e Melo (2005, documento on-line): Uma premissa básica do planejamento dos transportes é a de que usos diferentes do solo geram padrões de viagens diferentes. Se as viagens urbanas se fazem por meio do sistema viário urbano, então este também deve ser vinculado ao tipo de ocupação que ele serve. Esta visão, porém, não é considerada no planejamento das cidades brasileiras, que se baseia principalmente, na oferta de espaço, não no gerenciamentoda demanda, gerando custos sociais, econômicos e ambientais que hoje são inadmissíveis. Além disso, é importante ter em mente que as cidades devem ser projeta- das para as pessoas, e não para os veículos. Essa é uma onda de pensamento moderna que visa a gerar cidades que sejam mais eficientes do ponto de vista da relação do homem com os espaços. A ideia é tornar cidades mais adaptadas às dimensões e aos movimentos do corpo humano, de forma a possibilitar que a maioria das atividades exija pouco ou nenhum uso de veículos pessoais. Porém, poucas cidades seguem esse pensamento, muitas vezes contrários aos interesses econômicos, de forma que ainda temos muito a melhorar para atingir 13Transporte e sociedade esses objetivos. Nos próximos parágrafos, abordaremos diversos tamanhos de cidades, suas problemáticas de transporte mais comuns e medidas que podem ser tomadas de modo a melhorar questões de mobilidade que têm influência direta e indireta no desenvolvimento e no bem-estar da sociedade. Comecemos por cidades de pequeno porte, até 100 mil habitantes. Nessas cidades, grande parte do transporte pode ser realizada a pé. Distâncias maiores são vencidas com veículos individuais, sejam bicicletas, motocicletas e carros, e suas ruas têm pouco ou nenhum congestionamento. Contudo, isso gera uma limitação, pois não há acesso ao transporte para pessoas que não possuem veículo próprio ou que não possuem habilitação para dirigir. Algumas des- sas necessidades podem ser supridas pela administração do município, com serviços de transporte escolar e afins, e por serviços de táxi, transporte sob demanda ou mototáxi, de forma a garantir mobilidade a todas as pessoas por um custo relativamente baixo. Esses serviços geralmente são regulamentados pela administração pública, a fim de garantir um nível mínimo de qualidade. Cidades que estão na transição de pequenas para médias, por volta de 500 mil habitantes, já começam a ter volumes de tráfego maior, em função do maior número de pessoas que se deslocam dentro da cidade e do aumento das distâncias percorridas nas viagens. Esse tráfego nem sempre é comportado pela malha viária, gerando congestionamentos, inicialmente nos horários de pico da manhã e da tarde, mas podendo se estender a outros horários. Esses congestionamentos se localizam principalmente em ruas estreitas, que não têm capacidade suficiente para comportar a demanda de fluxo. Uma das formas de solucionar esse problema é aumentando o número de faixas de uma via, o que gera melhora no nível de serviço, diminuição do custo unitário de transporte e consequente estímulo ao crescimento econômico, conforme Vuchic (2007). Essas vias de maior capacidade, também chamadas de arteriais, são responsáveis pela acessibilidade às vias secundárias e locais, facilitando o trânsito entre as diferentes regiões da cidade. Porém, muitas vezes, a execução destas se torna muito complexa e custosa, exigindo altos investimentos, redução de áreas de passeio ou até desapropriação de imóveis. O aumento no número de faixas de uma via traz consigo alguns efeitos ne- gativos. Embora, em um primeiro momento, o nível de serviço possa melhorar, o efeito de demanda induzida — no qual ocorre um aumento da demanda por conta da melhoria da infraestrutura — pode resultar em congestionamentos ainda piores e na desvalorização da área, por se tornar menos propícia ao convívio. Portanto, é essencial que esse tipo de medida seja acompanhado de análises de impacto na demanda. Transporte e sociedade14 Esse cenário é bastante propício para a implementação de transporte público, que, com a utilização de veículos maiores, que comportam maior número de pessoas, reduzem o número de veículos pessoais na via. Dentre as vantagens dessa implementação estão o aumento da capacidade de transporte, a diminui- ção do custo de transporte por pessoa e o maior conforto ao dirigir, devido à diminuição do total de veículos que trafegam na rua, conforme Vuchic (2007). Em cidades de porte médio, com cerca de 2 milhões de habitantes, o trans- porte público por ônibus pode sofrer com o atrito gerado entre os diferentes tipos de veículos, pois ônibus param constantemente para embarque e desem- barque de passageiros, afetando o fluxo das vias e gerando congestionamentos. Como forma de solucionar esse entrave, uma ideia que tem apresentado bons resultados é a implementação de faixas exclusivas para determinados tipos de veículos, quase sempre priorizando o transporte público, dada a sua maior capacidade. Um exemplo são os corredores de ônibus, que permitem que estes trafeguem em uma velocidade maior e com menos interferências de outros veículos. Essa medida tem impactos muito positivos, como o aumento do nível de serviço e da eficiência do sistema de transportes, melhorando sua imagem e identidade perante a população e, consequentemente, atraindo mais usuários para esse modal. Outra possibilidade é a implementação de transporte semirrápido, como o Bus Rapid Transit (BRT), que, apesar de ser baseado em ônibus, possui veículos mais eficientes e com maior capacidade, além de outras facilidades. Dentre essas facilidades, destacam-se o embarque em plataformas no nível dos veículos e o sistema de bilhetagem eletrônica, de modo a facilitar o embarque e o desembarque, diminuindo o tempo destes e aumentando a velocidade operacional do sistema. Há também a possibilidade de implantação de VLTs, que possuem vanta- gens em relação ao ônibus, como custo operacional mais baixo, devido à alta capacidade. Por ser um tipo de transporte guiado (sobre trilhos), sua forma de alimentação é majoritariamente elétrica, que não apresenta emissões de GEEs e produz muito menos ruído, proporcionando um ambiente mais confortável aos passageiros. Além disso, esse tipo de sistema pode permitir o trânsito de outros veículos e de passageiros nos momentos em que o VLT não está operando, diferente de outros sistemas que utilizam faixas exclusivas. Porém, sua implementação requer um alto investimento, e o sistema apresenta menor compatibilidade com outros modais de transporte, além de pouca flexibilidade nas rotas, de acordo com Vuchic (2007). Em cidades de grande porte, com populações ultrapassando 2 milhões de habitantes, geralmente as ruas arteriais já não são suficientes para comportar os enormes volumes de veículos que transitam entre as regiões da cidade. Para 15Transporte e sociedade as rotas que necessitam comportar maiores tráfegos, podem ser implementadas autoestradas, comumente chamadas de freeways, que comportam tráfegos unidirecionais (os sentidos de tráfego são separados fisicamente), sem acessos externos, cruzamentos, sinaleiras e tráfego de pedestres, de forma que a entrada e a saída da autoestrada são feitas por meio de trevos ou rampas. Devido a essas características, os limites de velocidades são bem mais elevados do que em outras vias, de forma que a capacidade da autoestrada é bem maior. Porém, o investimento para implementação é bastante elevado, e a área requerida para sua construção é muito maior do que de outras, principalmente para os acessos, devido à necessidade de trevos que permitam uma transição suave e segura para a autoestrada. Além disso, deve-se ter em mente que a criação de uma autoestrada atrai um grande volume de tráfego para a cidade, então é uma solução que precisa ser muito bem planejada, para que esse público que acessa a cidade não cause problemas de congestionamento em outras localidades. Alternativamente, o transporte por modal metroviário é uma solução am- plamente utilizada em grandes cidades e que não demanda tanto espaço quanto autoestradas. Mas, nem por isso, sua implementação deixa de ser altamente onerosa. Há possibilidades de criação de linhas terrestres, mais baratas, porém, estas possuem mais desvantagens sob o ponto de vista urbanístico, tendo em vista a segregação de espaços que elas causam. Nesse sentido, o metrô subterrâneo é uma alternativa muitomais amigável à sociedade, embora as dificuldades técnicas de implementação e os custos sejam bem mais elevados. A ideia central do uso de metrôs é criar um sistema independente e, ao mesmo tempo, intimamente ligado à rede de transporte público, de forma a atender às necessidades de viagem de pontos que geram as maiores demandas, diminuindo a necessidade de carros e ônibus. Como vimos, independentemente do tamanho da cidade que estamos ana- lisando, sempre haverá demandas e necessidades a serem supridas, em função da constante evolução da humanidade. Entender a dinâmica de crescimento das cidades é de suma importância para que possamos fazer um planejamento de transportes efetivo e duradouro. Cidades e redes de transporte são catego- rizadas como sistemas complexos, assim como é o cérebro humano e o clima mundial. Dessa maneira, o papel do planejador urbano ou de transportes é encontrar a ordem em meio ao caos, de modo a otimizar os benefícios gerados por suas medidas para a sociedade. Transporte e sociedade16 ALBERTI, M. 5 motivos para você se apaixonar por Amsterdam. Viaje pelos nossos olhos, 2017. Disponível em: http://viajepelosnossosolhos.com.br/2017/09/04/5-motivos-para- -voce-se-apaixonar-por-amsterdam/. Acesso em: 14 out. 2019. CAMPOS, V. B. G.; MELO, B. P. Estratégias integradas de transporte e uso do solo visando a redução de viagens por automóvel. In: CONGRESSO DE TRANSPORTE E TRÂNSITO, 15., 2005, Goiânia. Anais [...]. Goiás, 2005. Disponível em: http://redpgv.coppe.ufrj.br/index. php/es/produccion/articulos-cientificos/2005-1/178-estrategiasintegradasxvcongres- sodetransportesetransito20052410/file. Acesso em: 14 out. 2019. CNT. Análises do transporte. 2019. Disponível em: https://cnt.org.br/analises-transporte. Acesso em: 14 out. 2019. COSTA, N. M. S. M. Mobilidade e transporte em áreas urbanas: o caso da área metropoli- tana de Lisboa. 2007. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Faculdade de Letras de Lisboa, Lisboa, 2007. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/handle/10451/556. Acesso em: 14 out. 2019. GUARIEIRO, L. L. N.; VASCONCELLOS, P. C.; SOLCI, M. C. Poluentes atmosféricos pro- venientes da queima de combustíveis fósseis e biocombustíveis: uma breve revisão. Revista Virtual de Química, v. 3, n. 5, p. 434-445, 2011. Disponível em: http://rvq.sbq.org. br/imagebank/pdf/v3n5a08.pdf. Acesso em: 14 out. 2019. IBGE. Dados econômicos de empresas de serviços. 2017. Disponível em: https://www. ibge.gov.br/estatisticas/economicas/servicos/9028-pesquisa-anual-de-servicos. html?=&t=destaques. Acesso em: 14 out. 2019. IEA. World energy balances statistics. Paris: IEA, 2018. LAY, M. G. Ways of the world: a history of the world's roads and of the vehicles that used them. New Brunswick: Rutgers University Press, 1992. LE COUTEUR, P. Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. SILVEIRA, D. 88% dos municípios que têm transporte por ônibus descumprem lei de acessibilidade, diz IBGE. G1, 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/ noticia/88-dos-municipios-que-tem-transporte-por-onibus-descumprem-lei-de- -acessibilidade-diz-ibge.ghtml. Acesso em: 14 out. 2019. STOPFORD, M. Maritime economics, 3. ed. New York: Routledge, 2009. UNITED NATIONS. Department of Economics and Social Affairs. The world´s cities in 2018: data booklet. [s. l.]: United Nations, 2018. Disponível em: https://www.un.org/ en/events/citiesday/assets/pdf/the_worlds_cities_in_2018_data_booklet.pdf. Acesso em: 14 out. 2019. VUCHIC, V. R. Urban transit systems and technology. New York: John Wiley & Sons, 2007. 17Transporte e sociedade DICA DO PROFESSOR Os transportes influenciam a vida em sociedade de muitas formas, de modo que em alguns casos passam despercebidos. Um bom exemplo é o transporte urbano de carga, responsável pelo transporte de mercadorias. Embora o uso direto desse tipo de serviço esteja relacionado a entregas de mercadorias e alimentos, por exemplo, ele é responsável pela disponibilização de produtos e serviços consumidos diariamente, afetando fortemente a vida em sociedade. Nesta Dica do Professor, você vai saber mais sobre o papel do transporte de carga urbano, os conceitos-chave por trás dele e as medidas para que contribua para o bem-estar social. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O planejamento das cidades deve ser feito pensando no longo prazo, visto que as cidades estão em constante processo de evolução. Sobre esse assunto, escolha afirmação correta: A) Um bom planejamento de transportes visa apenas a maximizar a eficiência do trânsito das cidades, sem se preocupar necessariamente com suas implicações econômicas. B) O planejamento de transportes visando ao crescimento das cidades nem sempre se faz necessário, uma vez que a tendência mundial é de manter constantes as proporções entre população urbana e rural. C) No planejamento de urbano de transportes, os fatores finais e decisivos são estéticos e funcionais, estando estes acima das questões sociais. D) O planejamento de transportes é o conjunto de ações mais adequadas na direção dos objetivos desejados pela sociedade, para melhorar a qualidade de vida dos habitantes da região. E) O planejamento de transportes tem como principal objetivo o gerenciamento da demanda por transportes, respeitando as características do local em que se insere. 2) Ônibus de trânsito rápido (em inglês: Bus Rapid Transit - BRT) é um tipo de sistema de transporte público baseado no uso de ônibus. Um verdadeiro sistema BRT geralmente tem design, serviços e infraestrutura especializados para melhorar a qualidade do sistema e remover causas típicas de atrasos. Sobre o BRT, assinale a alternativa correta: A) É um meio de transporte que demanda infraestrutura mais onerosa que um VLT, além de gerar maiores impactos ambientais devido a emissões de GEEs. B) Sua velocidade operacional é menor que a do sistema de ônibus comum com corredor exclusivo, porém, como o BRT utiliza veículos maiores e tem menores tempos de embarque, sua capacidade de transporte é maior. C) Cada rede de BRT tem suas especificidades, sendo que não existe uma padronização quanto às suas características. D) Seu uso não é recomendado em grandes cidades, pois verifica-se que nesse tipo de cidade seus benefícios não são plenamente alcançados. E) Seus veículos podem ser utilizados em outras situações, uma vez que são projetados para ter alta acessibilidade. 3) Após um estudo sobre as condições de transporte, foram sugeridas iniciativas para tornar a cidade de Rio Lindo mais sustentável. Dentre as alternativas apresentadas, indique a que de fato pode contribuir para esse fim: A) Criar uma zona para descarte de veículos a céu aberto, próxima a um bairro, para facilitar o descarte. B) Eliminar ciclovias para aumentar o número de faixas de rodagem para veículos motorizados, aumentando a capacidade e a velocidade das vias. C) Utilização de resíduos de pneus na mistura do concreto asfáltico em pistas que comportam menores tráfegos. D) Colocação de semáforos em todas as interseções, a fim de organizar melhor o tráfego. E) Proibir carga e descarga de mercadorias durante a noite, apenas. 4) Embora os combustíveis de origem fóssil tenham alta eficiência energética, representam um recurso natural escasso, de forma que seu uso deve ser racional e deve-se procurar alternativas viáveis. Dentre as afirmações abaixo, identifique a correta: A) Combustíveis fósseis representam uma parcela pequena das emissões de GEEs dentro das cidades. B) Biocombustíveis são uma boa alternativa aos de origem fóssil, pois não emitem GEEs. C) A energia elétrica é uma fonte renovável se sua origem também for. D) A utilização de catenárias em ônibus gera aumento da poluição do ar local. E) Baterias de veículos elétricos não podem ser recicladas. 5) Vias arteriais podem ser uma ótima solução de tráfego em grandes aglomeradosurbanos, sendo que em função de suas características pode apresentar benefícios interessantes. Dentre as alternativas, escolha a correta: A) Arteriais causam perturbações no trânsito, dificultando o acesso fácil e rápido às vias de menor volume. B) O bom planejamento de arteriais pode contribuir para a redução de emissões de GEEs. C) Sua implementação requer maiores investimentos em relação a sistemas de metrô. D) A criação de arteriais deve ser sempre priorizada em relação à de vias comuns. E) A criação de faixas exclusivas para ônibus em vias arteriais é desaconselhada. NA PRÁTICA O centro de uma cidade turística movimentada tem altos níveis de circulação de pedestres e carros, o que gera inúmeras problemáticas. Engarrafamentos nos horários de pico, poluição do ar e acidentes são alguns dos problemas em questão. Esses fatos geraram o interesse em estudos sobre a implementação da proibição de veículos no centro da cidade. Neste Na Prática, você irá conhecer a cidade de Alto Rio, suas características populacionais, territoriais e seu tráfego. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Documentário sobre transporte e sociedade No vídeo a seguir, você vai saber mais sobre a vida de Jane Jacobs e os embates envolvendo mudanças que foram propostas no trânsito de Nova Iorque no século passado e que ainda são muito pertinentes. Clique para assistir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Superquadras em Barcelona No vídeo a seguir, você vai conhecer o projeto que procurou proporcionar espaços públicos mais habitáveis para Barcelona e que também resultou na melhora no tráfego. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Zonas de baixa emissão No link a seguir, você vai aprender mais sobre zonas de baixa emissão e os impactos que elas geram para a sociedade, tendo como exemplo três casos de sua aplicação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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