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1 2 Transporte e sociedadeFerramenta externa

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Transporte e sociedade
APRESENTAÇÃO
Os transportes se encontram diretamente relacionados ao desenvolvimento da humanidade, 
propiciando diversas evoluções ao longo da história e modificando profundamente a forma com 
que as pessoas se relacionam com espaço e tempo. Atualmente, grande parte da população 
mundial vive em cidades, que tendem a crescer cada vez mais. Esse crescimento demanda 
infraestrutura e planejamento de transportes adequados, que correspondam a essas novas 
necessidades no curto e longo prazo. Além disso, o desenvolvimento deve ocorrer de maneira 
responsável, atendendo a necessidades econômicas e sociais de forma sustentável, promovendo 
o bem-estar e a qualidade de vida da população.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber mais sobre os impactos dos transportes na 
sociedade, bem como discutir sua relevância. Também aprenderá a identificar os benefícios e 
desvantagens dos modais em transporte urbano e sua interação com os outros setores da 
sociedade, bem como relacionar intervenções técnicas para atingir desenvolvimento e bem-estar.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Discutir a importância dos transportes para a sociedade. •
Enumerar impactos e benefícios dos modais em transporte urbano.•
Relacionar intervenções técnicas para desenvolvimento e bem-estar.•
DESAFIO
Um dos papéis do planejamento de transportes é minimizar os impactos negativos que os 
sistemas de transporte possam causar à sociedade. Mas, para isso, é preciso compreender quais 
são esses impactos e de que forma eles podem ser mitigados para melhorar a vida das pessoas. 
Neste Desafio, você terá o papel de decidir sobre o futuro do Município de Porto Feliz e, para 
isso, terá que avaliar as vantagens e desvantagens de cada uma das intervenções propostas.
Considere a situação a seguir:
Sabendo que a Avenida Flores do Campo tem uma alta concentração de bares e restaurantes, 
quais seriam as implicações da implementação de um terminal de ônibus?
c) Com base nas opiniões dos especialistas, qual é sua decisão de intervenção para solucionar o 
problema? Utilize elementos de ambas as opiniões para construir a sua.
INFOGRÁFICO
Diferentes modais possuem diferentes características fundamentais, como custo, capacidade e 
modo de operação. Essas diferenças estão intimamente ligadas à aplicabilidade de cada um deles 
e devem ser levadas em conta durante tomadas de decisão. Busca-se com isso tornar o modal 
mais integrado à cidade, otimizando seus impactos sociais.
Neste Infográfico, você verá uma relação comparada de características de diferentes modais, que 
devem subsidiar a tomada de decisões.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
CONTEÚDO DO LIVRO
O transporte é um fator estratégico no desenvolvimento da sociedade, desde o inÍcio da 
humanidade até os dias atuais, de modo que o conhecimento de como esse processo se deu é de 
extrema importância para a compreensão do panorama atual do setor. Dessa forma, tem-se um 
embasamento melhor para que o planejamento possa atingir seus objetivos de melhorar a vida 
das pesoas.
No capítulo Transportes e sociedade, da obra Planejamento de transportes urbanos, você verá 
um histórico dos transportes na sociedade e seu papel fundamental para a evolução da 
humanidade. Além disso, você aprenderá sobre os impactos do planejamento de transporte nos 
diversos setores da sociedade, bem como a importância de um planejamento responsável 
econômica e socialmente, aliado à sustentabilidade ambiental. Por fim, serão discutidos os 
diversos tipos de intervenções técnicas necessárias ao bem-estar e desenvolvimento da 
sociedade.
Boa leitura.
PLANEJAMENTO 
DE TRANSPORTES 
URBANOS
Douglas Zechin
Transporte e sociedade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Discutir a importância dos transportes para a sociedade.
  Enumerar impactos e benefícios dos modais em transporte urbano.
  Relacionar intervenções técnicas para desenvolvimento e bem-estar.
Introdução
Os transportes evoluíram juntamente com a sociedade, modificando as 
noções de tempo e espaço e facilitando o dia a dia dos indivíduos. O 
crescimento das cidades é acompanhado de demandas relacionadas à 
infraestrutura e ao planejamento de transportes, cujos modais devem 
ser compatíveis com as características específicas de cada local. O pla-
nejamento de transportes poderá gerar vantagens ou desvantagens, 
dependendo do foco escolhido para a realidade na qual os modais serão 
aplicados.
Neste capítulo, você vai estudar a evolução dos transportes ao longo 
da história e sua relação com a sociedade, de forma a compreender 
de que forma os transportes modificam a maneira como lidamos com 
nosso meio. Você também vai compreender os principais impactos dos 
transportes na atualidade e vai conferir algumas tendências e soluções 
de transporte para diferentes contextos.
Importância do transporte
O transporte é defi nido como o deslocamento de pessoas ou mercadorias de 
um local a outro, de forma que está intimamente atrelado ao desenvolvimento 
da humanidade. Atualmente, praticamente todos os indivíduos dependem 
direta ou indiretamente dos transportes, seja para ir trabalhar, estudar, levar 
produtos para as lojas e mercados ou escoar a produção agrícola. Todas essas 
ações dependem de uma ou várias etapas de transporte.
As primeiras formas de transporte foram a caminhada e a natação, pouco 
eficientes e limitadas à fisionomia humana. Com o advento da agricultura e 
a domesticação de animais, os seres humanos passaram gradativamente de 
uma sociedade nômade, em que o transporte servia para procurar abrigo e 
alimento, para uma sociedade sedentária. Assim, passou-se a utilizar animais 
domesticados para o transporte, uma vez que isso permitia carregar maiores 
cargas e alcançar maiores distâncias. Outro passo extremamente importante foi 
a invenção da roda e dos primeiros veículos de tração animal, que aumentaram 
ainda mais a capacidade de transporte, conforme Lay (1992).
Uma vez que a agricultura começou a gerar excedentes de produção, foram 
iniciadas as primeiras formas de comércio, inicialmente sob forma de escambo; 
depois, com o advento da monetização, as trocas comerciais ganharam maior 
amplitude. Esse novo quadro impulsionou o maior alcance dos meios de 
transporte no globo, sendo esses meios uma variável fundamental para o 
crescimento do comércio mundial.
O desenvolvimento do transporte fluvial se deu concomitante ao desenvol-
vimento do transporte terrestre, inicialmente sob a forma de pequenas canoas 
ou embarcações maiores, geralmente movidas pelo vento ou com remos. Mesmo 
assim, ainda era bastante limitado, em função de técnicas construtivas pouco 
desenvolvidas. Foram necessários vários séculos até o desenvolvimento de 
embarcações capazes de carregar grandes cargas a longas distâncias, sendo 
estas uma das principais formas de transporte de cargas até o início da Re-
volução Industrial. Esse é um dos motivos pelos quais as primeiras grandes 
cidades se desenvolveram perto de rios.
No início do século XV, os países europeus que desejavam importar especia-
rias, como pimenta, cravo, canela, noz moscada e outros temperos, dependiam 
dos comerciantes de Veneza ou Gênova, que detinham o monopólio desse tipo 
de mercadoria, que era revendida a preços altos para toda a Europa. Dada a 
onerosidade do comércio de especiarias, foram desenvolvidas novas tecnologias 
que viabilizaram viagens intercontinentais, o que permitiu a descoberta do 
caminho marítimo para as Índias e ampliou as formas e o alcance dos meios 
de transporte, conforme Le Couteur (2006).
A busca por novas rotas comerciais, no período das grandes navegações, 
culminou no descobrimento de diversas novas terras e impulsionou a explo-
ração europeia sobre a Ásia, a África, a América e a Oceania, em busca de 
domínio econômico e comercial. Mais uma vez,o comércio impulsionou uma 
onda de desenvolvimento nos meios de transporte, para adequá-los às novas 
necessidades e à nova proporção do mercado, segundo Stopford (2009).
Transporte e sociedade2
De qualquer forma, o transporte continuava sendo demorado e caro. Mesmo 
as grandes navegações eram difíceis de serem realizadas, pois parte das 
tripulações marítimas não sobrevivia a longas jornadas, devido às precárias 
condições de higiene e ao escorbuto, doença causada pela falta de vitamina C. 
Isso fazia com que viagens particulares ficassem majoritariamente restritas 
aos meios de transporte terrestres tradicionais e de menor alcance.
Foi com o início da Revolução Industrial que os transportes sofreram 
mudanças mais profundas. Com a invenção da máquina a vapor, o transporte 
sobre trilhos revolucionou a maneira de transportar cargas, reduzindo sig-
nificativamente os custos de transporte e impulsionando a industrialização 
de vários países. A máquina a vapor transformou não apenas o transporte 
terrestre, como também o transporte aquático, tornando-o ainda mais eficiente. 
No início do século XIX, foi inaugurado o primeiro navio a vapor, gerando 
ainda mais eficiência aos meios de transporte dessa natureza.
Outro efeito da industrialização foi o crescente fluxo de pessoas do campo 
para as cidades, como forma de suprir a crescente demanda de mão de obra 
da indústria. Um bom exemplo disso é a Inglaterra, que, de 1800 a 1925, viu 
o percentual de sua população vivendo em áreas urbanas subir de 20% para 
70%. Esse processo foi ocorrendo de forma gradual em todo o mundo. Hoje, 
estima-se que cerca de 55,3% da população mundial viva em cidades, e a 
projeção da Organização das Nações Unidas (ONU) é que essa taxa suba para 
60% até 2030 (UNITED NATIONS, 2018).
O êxodo rural gerou um crescimento desordenado das cidades, que não 
estavam preparadas para receber tal quantidade de pessoas. Esse desloca-
mento populacional gerou demandas de acesso a lazer, saúde, educação e 
infraestrutura. Uma grande parcela da população passou, então, a enfrentar 
uma realidade de exclusão e marginalização. A ausência de um planejamento 
urbano adequado para atender ao crescimento populacional desses espaços 
resultou no desamparo de uma grande parcela da população
Outras necessidades foram configurando-se ao longo do tempo. Atualmente, 
embora o contingente populacional cresça cada vez mais na maioria das cida-
des, essa não é a única questão a ser pensada quando se trata de planejamento 
urbano. A problemática do aumento populacional se relaciona a uma série de 
novas demandas, como os tipos de modais adequados dentro das caracterís-
ticas específicas de uma população, com base no seu território e até mesmo 
no contexto econômico da região.
A facilitação do acesso cria oportunidades de interação que afetam dire-
tamente o dia a dia da população. Nesse sentido, abre-se um leque de opções 
viáveis para tratar a situação. A evolução das redes e dos modos de transporte 
3Transporte e sociedade
visa principalmente à redução do tempo de deslocamento. Isso implica dire-
tamente em uma alteração na relação de tempo e espaço. A diminuição do 
tempo de deslocamento entre um ponto e outro da cidade está intimamente 
relacionada à diminuição da relevância da distância que os separa. 
Essa redução de tempo de deslocamento pode ser gerada por outros fatores 
indiretos, que vão além do aumento da velocidade do veículo. Fatores que 
ocasionam a diminuição do tráfego influenciam de forma direta a velocidade 
de deslocamento de um ponto a outro.
Soluções tecnológicas
Os avanços da tecnologia levam ao surgimento de novos meios de transporte, 
que acabam por se tornar novas confi gurações para pensar o transporte mo-
derno. Um exemplo disso é a utilização, já consolidada, da mobilidade como 
serviço (mobility as a service), ou transporte sob demanda, que traz um au-
mento de fl exibilidade e conforto ao passageiro, uma vez que são ofertadas 
viagens porta a porta a valores que costumam variar conforme a demanda. 
Contudo, a efetividade desse tipo serviço ainda é discutida, uma vez que a 
diminuição do uso do transporte coletivo e o aumento dos congestionamentos 
já foram observados em algumas cidades, tornando-se um grande desafi o para 
o planejamento de transportes moderno.
Outra tecnologia recente são os veículos autônomos. Embora desenvol-
vimentos ainda necessitem ser feitos, um veículo controlado por um sistema 
robótico tem o potencial de fornecer uma maior segurança, se considerarmos o 
número de acidentes de trânsito provocados por fatores humanos, e maximizar o 
tempo útil do passageiro, que poderá realizar outras atividades durante o trajeto.
Esse tipo de tecnologia também maximiza a utilização do espaço, uma vez 
que, com a automação, os veículos podem viajar em comboios, minimizando a 
distância entre cada um deles de forma segura e aumentando a capacidade de 
vias. Nesse contexto, é de interesse dos planejadores de transporte a possibi-
lidade de conexão desses veículos com a infraestrutura já existente, de modo 
que ambos possam interagir, dando origem a uma rede invisível de troca de 
informações que contribui para o tráfego.
Apesar de essas tecnologias ainda não terem se popularizado, percebem-
-se avanços significativos nas pesquisas sobre os impactos desses modais na 
nossa sociedade. Ainda, há uma infinidade de tendências em planejamento 
urbano sendo desenvolvidas, que consideram cada vez mais fatores como a 
sustentabilidade e os impactos econômicos e sociais.
Transporte e sociedade4
Impactos dos transportes nas cidades
Como vimos, os transportes têm infl uência direta no dia a dia da sociedade 
moderna. Nesta seção, abordaremos mais detalhadamente de que forma isso 
se dá, quais são as vantagens e desvantagens dos modais de transporte urbano 
e quais são as alternativas para mitigar os impactos negativos.
Meio ambiente
Todo tipo de transporte depende de uma fonte de energia para gerar o trabalho 
necessário para deslocar pessoas e cargas. Essas fontes de energia são variadas, 
mas cada uma infl uencia o ambiente de diferentes formas. A frota atual tem 
por base, principalmente, o uso de combustíveis fósseis, majoritariamente os 
derivados de petróleo, como gasolina, óleo diesel, querosene, entre outros. 
Segundo a ONU, o setor de transportes representa 31% do uso comercial de 
energia e 65% do consumo fi nal de petróleo (IEA, 2018).
Os combustíveis fósseis são largamente utilizados porque são satisfato-
riamente eficientes, gerando uma significativa quantidade de energia por 
unidade de peso. Sua extração e refino são relativamente simples, porém, 
são uma fonte de energia não renovável, e suas reservas são limitadas. Seu 
impacto ambiental mais perceptível são as emissões de gases de efeito estufa 
(GEEs), que, além de contribuírem para o aquecimento global, têm efeitos na 
saúde da população de grandes centros urbanos, dada a concentração maior de 
veículos. Segundo Guarieiro, Vasconcellos e Solci (2011, documento on-line):
Em termos gerais, pode-se afirmar que nos grandes centros populacionais 
do país, os veículos automotores, fonte bastante significativa de emissão de 
contaminantes do ar, contribuem, às vezes, com níveis próximos de 100% dos 
poluentes emitidos para a atmosfera. É evidente que esse fato afeta a qualidade 
de vida da população com o agravamento da qualidade do ar e consequente-
mente causando prejuízos à saúde ao ambiente, e ao bem-estar da população. 
Embora ainda seja muito difícil diminuir as emissões de GEEs oriundas 
de motores a combustão, com o uso de biocombustíveis é possível diminuir o 
balanço de emissões de carbono, dado que sua produção provém da captação 
de carbono disponível na atmosfera e transformado em compostos orgânicos 
pelo processo de fotossíntese. Dentre estes, destacam-se o etanol, produzido 
a partir da cana-de-açúcar, e o biodiesel, proveniente de óleos e gorduras de 
origem animal ou vegetal.
5Transporte e sociedade
Outra forma dereduzir as emissões de GEEs é por meio do uso da energia 
elétrica. Amplamente utilizada em transporte guiado, como trens, metrôs e 
veículos leves sobre trilhos (VLTs), ela vem se popularizando em veículos não 
guiados, inclusive veículos individuais. Essa troca não é 100% sustentável, pois 
o aumento da demanda por energia elétrica ocasionada pela inserção desse 
tipo de veículo pode sobrecarregar a rede elétrica da região, demandando a 
criação de novas usinas ou a ampliação da capacidade das existentes, gerando 
impactos ambientais secundários. Além disso, no caso de transporte não 
guiado, a necessidade de estocar a energia em baterias gera maior produção 
de lixo, muitas vezes tóxico e não reciclável.
Apesar de veículos gerarem a quase totalidade de emissões de carbono 
dentro das cidades, esse não é o único impacto ambiental causado. Seu descarte 
inadequado pode gerar impactos negativos, que vão de poluição visual e uso 
do solo até o surgimento de focos de mosquitos vetores de doenças. Isso é 
comum no caso de acúmulo de água dentro de pneus descartados indevida-
mente, agravando problemas de saúde pública já existentes. 
O consumo de recursos e o espaço ocupado pela infraestrutura de transporte 
também são custos que podem ser associados ao transporte. A construção de 
infraestrutura de transporte e a sua utilização estão associadas a custos eco-
lógicos decorrentes da fragmentação de ambientes e da alteração e destruição 
de habitats, condicionando a biodiversidade e mesmo as pessoas que habitam 
perto dessas regiões, conforme leciona Costa (2007). 
O trem que liga a cidade de Porto Alegre às demais cidades de sua região metropolitana 
é um bom exemplo de implementação de um modal de transportes que, apesar dos 
inegáveis benefícios para a população, com a facilitação da locomoção, cria uma barreira 
física que separa as regiões por onde passa no nível do solo. No centro da cidade se 
localiza um dos terminais da linha de trem, às margens do Rio Guaíba. A via férrea passa 
por essa região no nível do solo, impedindo o acesso direto da população às margens 
do rio. Ou seja, a cidade ganha com a existência de um meio de transporte eficiente, 
mas perde com a impossibilidade do acesso natural ao rio e a desvalorização do solo.
No que tange à implementação dos modais de transporte, o principal impacto se dá 
pelo uso do solo, geralmente muito escasso no ambiente urbano, principalmente em 
grandes cidades e metrópoles. Para uma mesma capacidade, o transporte individual é o 
que demanda mais espaço, de forma que é muito comum a ocorrência de congestiona-
mentos onde esse modal prevalece, reduzindo a mobilidade e aumentando a poluição 
atmosférica e sonora. Por isso, em grandes centros urbanos, deve-se melhorar a capacidade 
do transporte público, para que ele seja utilizado em detrimento do transporte individual.
Transporte e sociedade6
Economia
O setor de transportes tem papel fundamental na economia, uma vez que a 
maioria dos produtos e serviços depende diretamente do transporte de materiais, 
mercadorias e pessoas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a 
e Estatística (IBGE, 2017), o setor de transportes, os serviços auxiliares aos 
transportes e o correio tiveram receita operacional líquida de mais de R$ 449 
bilhões em 2017, correspondendo a 29% do total receitado por empresas de 
serviços. A relevância econômica do setor é inegável, sendo fundamental para 
o bom funcionamento da economia. 
Para haver a expansão de mercado, é de suma importância a existência 
de meios de transportes eficientes, que garantam o deslocamento de bens de 
forma segura e eficiente, criando, assim, um ambiente propício à especialização 
dos agentes econômicos e gerando, por conseguinte, um maior rendimento. 
Um transporte caro, por exemplo, ocasionará um aumento no preço comum 
de determinado produto, acarretando uma baixa na sua demanda, gerando, 
assim, um menor rendimento. Além disso, uma infraestrutura precária acarreta 
risco maior de comprometimento da integridade da mercadoria transportada 
e dos prazos de entrega. Todos esses fatores implicam diretamente no bom 
funcionamento econômico de um país, tanto para o escoamento de mercadorias 
no mercado interno quanto em relação a exportações.
As questões acima influenciam diretamente nas escolhas dos agentes 
econômicos e no desenvolvimento econômico de regiões. Uma cidade com 
uma boa infraestrutura de transporte é mais propícia a atrair empreendimentos 
que possibilitam o desenvolvimento econômico da região, bem como uma 
região com uma má infraestrutura pode acabar perdendo investimentos. As 
empresas, ao tomarem suas decisões de investimentos, consideram fatores que 
envolvem a infraestrutura de transportes, como a facilidade para o escoamento 
da produção e o recebimento de insumos, ou, ainda, a garantia de que sua mão 
de obra terá a mobilidade necessária para ir e voltar do trabalho. 
O setor de transportes não é relevante apenas para o transporte de merca-
dorias; o transporte de pessoas também é fundamental para a circulação de 
serviços e a interação entre agentes econômicos. A viabilidade da migração 
da força de trabalho, por exemplo, impacta diretamente na oferta de mão de 
obra de muitas regiões. Um exemplo disso são cidades com maior circulação de 
bens e serviços. Trata-se de centros econômicos que demandam a locomoção 
de um número relevante de pessoas para atender à demanda por mão de obra. 
Assim, as cidades marginais a esses centros fornecem mão de obra de pessoas 
que, diariamente, migram até o local de trabalho. Disso decorre o fenômeno 
7Transporte e sociedade
das cidades dormitórios, que dependem economicamente de forma direta dos 
meios de transporte disponíveis.
À questão do transporte de mercadorias e à oferta e à demanda de mão de 
obra soma-se, ainda, a geração de empregos dentro do próprio setor. Segundo a 
Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o estoque de empregos formais 
no setor de transportes (que engloba os transportes terrestres, aquaviários e 
aéreo) girou em torno de 1,77 milhões no ano de 2018. Considerando o setor 
de transporte, armazenamento e correio, esse número chegou a 2,35 milhões 
de empregos formais (CNT, 2019)
O desenvolvimento da economia de transportes comumente parte de inicia-
tivas estatais, contando com verbas decorrentes do recolhimento de impostos. 
A efetividade dessas medidas depende, portanto, da correta alocação desses 
recursos, de modo a maximizar seus retornos socioeconômicos. Essas me-
didas impactam diretamente em todos os setores da economia, uma vez que 
todos dependem de transporte em alguma medida. Embora seja vital para a 
economia, o investimento em infraestrutura de transportes é bastante oneroso 
para o Estado. Por conta disso, tem se tornado frequente o uso de parcerias 
público-privadas para sua construção e manutenção. Dessa maneira, o ente 
privado entra com os recursos necessários para a viabilização da infraestrutura 
ou a prestação de um serviço e tem como contrapartida a possibilidade de 
cobrar por sua utilização, conforme combinado com os órgãos reguladores 
e fiscalizadores.
Sociedade
As estratégias de desenvolvimento dos transportes atingem ainda outras 
questões de difícil mensuração econômica, mas de igual, ou até superior, 
relevância em relação às responsabilidades do Estado perante a sociedade. 
Como já dito, comumente é de competência do Estado o planejamento estra-
tégico dos transportes, que atinge de maneira direta o dia a dia e o bem-estar 
da população. Nesse contexto, incluem-se questões como o tempo gasto pela 
população dentro do transporte público.
A facilidade ou a difi culdade de mobilidade interferem diretamente na quanti-
dade de tempo disponível para outros fi ns, como estar com a família, estudar 
e descansar. O acesso a eventos culturais e educacionais e a espaços de lazer 
e compras são demandas básicas e comuns da população. Um planejamento 
de transportes efetivo permite a conexão entre a oferta e a demandapor esses 
Transporte e sociedade8
serviços de modo orgânico, promovendo o aumento da satisfação da população 
e a fl uidez da economia.
Uma das alternativas disponíveis para mitigar os efeitos do tempo gasto 
em viagem é melhorar sua qualidade, como com o uso de veículos que dispo-
nibilizam condições favoráveis para a realização de outras atividades durante 
o trajeto. Um veículo com baixo ruído sonoro, por exemplo, pode permitir 
que seus passageiros leiam ou durmam durante o trajeto. Outro exemplo é o 
nível de segurança dos meios de transporte. Um ambiente com um nível de 
segurança razoável permite que seus passageiros utilizem dispositivos ele-
trônicos, como um computador, para realizar atividades durante o percurso. 
Sendo assim, a melhora na qualidade do transporte também pode auxiliar na 
questão do tempo útil despendido em viagens, especialmente aquelas que são 
realizadas diariamente.
Assim, a velocidade do transporte não é o único aspecto dos transportes que 
impacta na qualidade de vida de uma determinada população. Nesse contexto, 
é importante salientar o caráter inclusivo do planejamento de transportes, por 
meio do aumento da acessibilidade a pessoas com deficiência, doentes, idosos 
e gestantes. Dados do IBGE indicam que 88% dos municípios brasileiros 
descumprem a lei que disciplina a acessibilidade dos transportes públicos. 
Isso evidencia a importância de uma efetiva fiscalização, de modo que direitos 
estabelecidos em lei sejam, de fato, garantidos, e as normas vigentes sejam 
seguidas, conforme destaca Silveira (2018).
Ainda que a qualidade e a velocidade dos veículos ofertados atinjam pata-
mares que otimizem a qualidade de vida de seus passageiros, devemos pensar 
ainda na amplitude e na forma do sistema de transporte público. É importante 
que o sistema possua uma forma de rede, de modo a maximizar as possibili-
dades de conexão entre todas as localidades da região coberta. Enquanto uma 
linha de transportes isolada possui apenas a capacidade de transporte entre 
dois pontos, se essa mesma linha integrar uma rede de transportes, também 
servirá como conexão entre outras origens e destinos. Desse modo, sua fun-
cionalidade e sua utilidade são multiplicadas, e os recursos empregados para 
sua implementação são utilizados de modo mais eficiente (Figura 1).
9Transporte e sociedade
Figura 1. Exemplo de boa integração dos diversos modais de transporte nas cidades.
Fonte: Adaptada de Alberti (2017).
O planejamento não deve se basear apenas na quantidade de passageiros 
que realizam viagens em uma determinada região em um certo momento no 
tempo. É preciso pensar estrategicamente no crescimento e na redução de 
zonas atratoras e produtoras de viagens, como lançar mão de instrumentos 
estatísticos para realizar previsões acerca de tendências de alteração nos 
padrões de viagem dentro de uma cidade. Esses estudos permitem que se 
planeje o transporte com base em sua demanda futura, fazendo-se ajustes 
na infraestrutura e, até mesmo, no tipo de modal que melhor se adapte às 
necessidades da população.
Como já dito, a influência do planejamento de transportes na economia 
é extremamente relevante, o que pode alterar a situação econômica e social 
de determinada região. Uma das formas de planejamento desse tipo é a cria-
ção de demanda induzida, a partir do desenvolvimento de infraestrutura em 
determinadas regiões. A criação de uma estrada em determinado ponto da 
cidade, por exemplo, poderá ocasionar o desenvolvimento da economia em 
Transporte e sociedade10
seus arredores, pois um maior número de veículos circulando significa um 
crescimento na demanda local por produtos e serviços. Medidas desse tipo 
afetam diretamente outras regiões, podendo ser usadas como solução para 
áreas com alta incidência de congestionamento, dado que podem resultar em 
uma redistribuição do tráfego.
Intervenções técnicas para desenvolvimento e 
bem-estar
Se pudéssemos imaginar um modelo de transporte ideal, como ele seria? 
Rápido, com certeza, muito rápido, indo ao limite, instantâneo. Obviamente, 
deveria ser barato, de preferência, gratuito. Deveria ter uma capacidade infi nita 
e uma frequência alta, de preferência, sempre disponível. Não esqueçamos 
do meio ambiente, afi nal, esse transporte ideal não pode destruir nosso único 
planeta. Mas isso fi ca apenas no mundo da imaginação. Imaginação essa que 
contempla as principais problemáticas que associamos ao planejamento de 
transportes: o tempo, o custo, a capacidade, a disponibilidade e a sustentabili-
dade (Figura 2). Mas, se não podemos ter esse transporte ideal, como podemos 
melhorar essas restrições de forma a ter o melhor transporte possível?
11Transporte e sociedade
Figura 2. Principais problemáticas associadas ao planejamento de transportes.
Para responder a essa pergunta, precisamos analisar cada um dos pontos 
acima citados. O primeiro ponto evidencia um dos objetivos do transporte: 
o de transpor o espaço em um tempo aceitável, o menor possível. Da relação 
entre o espaço a percorrer e o tempo utilizado deriva o conceito de velocidade. 
De certa forma, tem-se aumentado a velocidade dos transportes ao longo da 
história, porém, ela está sujeita às limitações físicas e tecnológicas. 
Outro aspecto fundamental é o custo total do deslocamento. O trajeto 
entre um ponto de origem e um destino está intimamente relacionado a um 
determinado custo a pagar pela utilização do transporte, em grande parte, 
influenciado pela tecnologia adotada e por seu grau de maturidade. A terceira 
questão se refere à capacidade de transporte. Esta se configura como um 
problema que resulta da capacidade limitada das unidades de transporte, 
associada à disponibilidade de veículos ofertados. A limitação da capacidade 
de transporte resulta tanto da capacidade tecnológica disponível em um deter-
minado momento como dos custos de investimento e de operação que estão 
associados à alteração da capacidade.
Transporte e sociedade12
A quarta característica do transporte ideal diz respeito à disponibilidade. O 
ideal seria uma capacidade de oferta de transporte com uma frequência elevada, 
que permitisse o deslocamento de um passageiro, ou de uma mercadoria, 
de um ponto “a” a um ponto “b” a qualquer momento. As limitações que se 
associam a essa característica decorrem dos custos de operação associados às 
frequências elevadas e generalizadas, conforme Costa (2007).
As intervenções para a melhoria da infraestrutura de transporte têm impacto 
direto no bem-estar dos indivíduos que habitam as cidades, independentemente 
do tamanho destas. Porém, os problemas e as respectivas soluções para diferen-
tes tamanhos de cidade são muito diferentes. Não apenas são diferentes, como 
evoluem e se transformam conforme a cidade vai crescendo, e compreender 
isso é essencial para o planejamento, pois a grande maioria das cidades do 
mundo está em processo de crescimento. De acordo com a ONU, das 1.146 
cidades com mais de 500 mil habitantes, apenas 21 apresentaram declínio 
da população no período de 2000 a 2018. Alguns desses casos se devem a 
desastres ambientais, como Nova Orleans, nos Estados Unidos, atingida pelo 
furacão Katrina em 2005, e Sendai, no Japão, vítima de terremoto e tsunami 
em 2011; outros decorrem de questões econômicas, como Buffalo e Detroit, 
ambas nos Estados Unidos, onde o declínio populacional se deve à perda de 
indústrias e empregos (UNITED NATIONS, 2018).
Sob essa ótica, o planejamento de transportes é essencial para um bom 
crescimento das cidades, como destacam Campos e Melo (2005, documento 
on-line):
Uma premissa básica do planejamento dos transportes é a de que usos diferentes 
do solo geram padrões de viagens diferentes. Se as viagens urbanas se fazem 
por meio do sistema viário urbano, então este também deve ser vinculado 
ao tipo de ocupação que ele serve. Esta visão, porém, não é considerada 
no planejamento das cidades brasileiras, que se baseia principalmente, na 
oferta de espaço, não no gerenciamentoda demanda, gerando custos sociais, 
econômicos e ambientais que hoje são inadmissíveis.
Além disso, é importante ter em mente que as cidades devem ser projeta-
das para as pessoas, e não para os veículos. Essa é uma onda de pensamento 
moderna que visa a gerar cidades que sejam mais eficientes do ponto de vista 
da relação do homem com os espaços. A ideia é tornar cidades mais adaptadas 
às dimensões e aos movimentos do corpo humano, de forma a possibilitar 
que a maioria das atividades exija pouco ou nenhum uso de veículos pessoais. 
Porém, poucas cidades seguem esse pensamento, muitas vezes contrários aos 
interesses econômicos, de forma que ainda temos muito a melhorar para atingir 
13Transporte e sociedade
esses objetivos. Nos próximos parágrafos, abordaremos diversos tamanhos de 
cidades, suas problemáticas de transporte mais comuns e medidas que podem 
ser tomadas de modo a melhorar questões de mobilidade que têm influência 
direta e indireta no desenvolvimento e no bem-estar da sociedade.
Comecemos por cidades de pequeno porte, até 100 mil habitantes. Nessas 
cidades, grande parte do transporte pode ser realizada a pé. Distâncias maiores 
são vencidas com veículos individuais, sejam bicicletas, motocicletas e carros, 
e suas ruas têm pouco ou nenhum congestionamento. Contudo, isso gera uma 
limitação, pois não há acesso ao transporte para pessoas que não possuem 
veículo próprio ou que não possuem habilitação para dirigir. Algumas des-
sas necessidades podem ser supridas pela administração do município, com 
serviços de transporte escolar e afins, e por serviços de táxi, transporte sob 
demanda ou mototáxi, de forma a garantir mobilidade a todas as pessoas por 
um custo relativamente baixo. Esses serviços geralmente são regulamentados 
pela administração pública, a fim de garantir um nível mínimo de qualidade. 
Cidades que estão na transição de pequenas para médias, por volta de 500 
mil habitantes, já começam a ter volumes de tráfego maior, em função do 
maior número de pessoas que se deslocam dentro da cidade e do aumento das 
distâncias percorridas nas viagens. Esse tráfego nem sempre é comportado 
pela malha viária, gerando congestionamentos, inicialmente nos horários de 
pico da manhã e da tarde, mas podendo se estender a outros horários. Esses 
congestionamentos se localizam principalmente em ruas estreitas, que não 
têm capacidade suficiente para comportar a demanda de fluxo.
Uma das formas de solucionar esse problema é aumentando o número de 
faixas de uma via, o que gera melhora no nível de serviço, diminuição do custo 
unitário de transporte e consequente estímulo ao crescimento econômico, 
conforme Vuchic (2007). Essas vias de maior capacidade, também chamadas 
de arteriais, são responsáveis pela acessibilidade às vias secundárias e locais, 
facilitando o trânsito entre as diferentes regiões da cidade. Porém, muitas 
vezes, a execução destas se torna muito complexa e custosa, exigindo altos 
investimentos, redução de áreas de passeio ou até desapropriação de imóveis.
O aumento no número de faixas de uma via traz consigo alguns efeitos ne-
gativos. Embora, em um primeiro momento, o nível de serviço possa melhorar, 
o efeito de demanda induzida — no qual ocorre um aumento da demanda por 
conta da melhoria da infraestrutura — pode resultar em congestionamentos 
ainda piores e na desvalorização da área, por se tornar menos propícia ao 
convívio. Portanto, é essencial que esse tipo de medida seja acompanhado de 
análises de impacto na demanda.
Transporte e sociedade14
Esse cenário é bastante propício para a implementação de transporte público, 
que, com a utilização de veículos maiores, que comportam maior número de 
pessoas, reduzem o número de veículos pessoais na via. Dentre as vantagens 
dessa implementação estão o aumento da capacidade de transporte, a diminui-
ção do custo de transporte por pessoa e o maior conforto ao dirigir, devido à 
diminuição do total de veículos que trafegam na rua, conforme Vuchic (2007).
Em cidades de porte médio, com cerca de 2 milhões de habitantes, o trans-
porte público por ônibus pode sofrer com o atrito gerado entre os diferentes 
tipos de veículos, pois ônibus param constantemente para embarque e desem-
barque de passageiros, afetando o fluxo das vias e gerando congestionamentos. 
Como forma de solucionar esse entrave, uma ideia que tem apresentado bons 
resultados é a implementação de faixas exclusivas para determinados tipos 
de veículos, quase sempre priorizando o transporte público, dada a sua maior 
capacidade. Um exemplo são os corredores de ônibus, que permitem que 
estes trafeguem em uma velocidade maior e com menos interferências de 
outros veículos. Essa medida tem impactos muito positivos, como o aumento 
do nível de serviço e da eficiência do sistema de transportes, melhorando 
sua imagem e identidade perante a população e, consequentemente, atraindo 
mais usuários para esse modal. Outra possibilidade é a implementação de 
transporte semirrápido, como o Bus Rapid Transit (BRT), que, apesar de ser 
baseado em ônibus, possui veículos mais eficientes e com maior capacidade, 
além de outras facilidades. Dentre essas facilidades, destacam-se o embarque 
em plataformas no nível dos veículos e o sistema de bilhetagem eletrônica, de 
modo a facilitar o embarque e o desembarque, diminuindo o tempo destes e 
aumentando a velocidade operacional do sistema. 
Há também a possibilidade de implantação de VLTs, que possuem vanta-
gens em relação ao ônibus, como custo operacional mais baixo, devido à alta 
capacidade. Por ser um tipo de transporte guiado (sobre trilhos), sua forma de 
alimentação é majoritariamente elétrica, que não apresenta emissões de GEEs 
e produz muito menos ruído, proporcionando um ambiente mais confortável 
aos passageiros. Além disso, esse tipo de sistema pode permitir o trânsito 
de outros veículos e de passageiros nos momentos em que o VLT não está 
operando, diferente de outros sistemas que utilizam faixas exclusivas. Porém, 
sua implementação requer um alto investimento, e o sistema apresenta menor 
compatibilidade com outros modais de transporte, além de pouca flexibilidade 
nas rotas, de acordo com Vuchic (2007).
Em cidades de grande porte, com populações ultrapassando 2 milhões de 
habitantes, geralmente as ruas arteriais já não são suficientes para comportar 
os enormes volumes de veículos que transitam entre as regiões da cidade. Para 
15Transporte e sociedade
as rotas que necessitam comportar maiores tráfegos, podem ser implementadas 
autoestradas, comumente chamadas de freeways, que comportam tráfegos 
unidirecionais (os sentidos de tráfego são separados fisicamente), sem acessos 
externos, cruzamentos, sinaleiras e tráfego de pedestres, de forma que a entrada 
e a saída da autoestrada são feitas por meio de trevos ou rampas. Devido a 
essas características, os limites de velocidades são bem mais elevados do que 
em outras vias, de forma que a capacidade da autoestrada é bem maior. Porém, 
o investimento para implementação é bastante elevado, e a área requerida 
para sua construção é muito maior do que de outras, principalmente para os 
acessos, devido à necessidade de trevos que permitam uma transição suave e 
segura para a autoestrada. Além disso, deve-se ter em mente que a criação de 
uma autoestrada atrai um grande volume de tráfego para a cidade, então é uma 
solução que precisa ser muito bem planejada, para que esse público que acessa 
a cidade não cause problemas de congestionamento em outras localidades. 
Alternativamente, o transporte por modal metroviário é uma solução am-
plamente utilizada em grandes cidades e que não demanda tanto espaço quanto 
autoestradas. Mas, nem por isso, sua implementação deixa de ser altamente 
onerosa. Há possibilidades de criação de linhas terrestres, mais baratas, porém, 
estas possuem mais desvantagens sob o ponto de vista urbanístico, tendo 
em vista a segregação de espaços que elas causam. Nesse sentido, o metrô 
subterrâneo é uma alternativa muitomais amigável à sociedade, embora as 
dificuldades técnicas de implementação e os custos sejam bem mais elevados. 
A ideia central do uso de metrôs é criar um sistema independente e, ao mesmo 
tempo, intimamente ligado à rede de transporte público, de forma a atender às 
necessidades de viagem de pontos que geram as maiores demandas, diminuindo 
a necessidade de carros e ônibus.
Como vimos, independentemente do tamanho da cidade que estamos ana-
lisando, sempre haverá demandas e necessidades a serem supridas, em função 
da constante evolução da humanidade. Entender a dinâmica de crescimento 
das cidades é de suma importância para que possamos fazer um planejamento 
de transportes efetivo e duradouro. Cidades e redes de transporte são catego-
rizadas como sistemas complexos, assim como é o cérebro humano e o clima 
mundial. Dessa maneira, o papel do planejador urbano ou de transportes é 
encontrar a ordem em meio ao caos, de modo a otimizar os benefícios gerados 
por suas medidas para a sociedade.
Transporte e sociedade16
ALBERTI, M. 5 motivos para você se apaixonar por Amsterdam. Viaje pelos nossos olhos, 
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CAMPOS, V. B. G.; MELO, B. P. Estratégias integradas de transporte e uso do solo visando 
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em: 14 out. 2019.
VUCHIC, V. R. Urban transit systems and technology. New York: John Wiley & Sons, 2007.
17Transporte e sociedade
DICA DO PROFESSOR
Os transportes influenciam a vida em sociedade de muitas formas, de modo que em alguns casos 
passam despercebidos. Um bom exemplo é o transporte urbano de carga, responsável pelo 
transporte de mercadorias. Embora o uso direto desse tipo de serviço esteja relacionado a 
entregas de mercadorias e alimentos, por exemplo, ele é responsável pela disponibilização de 
produtos e serviços consumidos diariamente, afetando fortemente a vida em sociedade.
Nesta Dica do Professor, você vai saber mais sobre o papel do transporte de carga urbano, os 
conceitos-chave por trás dele e as medidas para que contribua para o bem-estar social. 
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EXERCÍCIOS
1) O planejamento das cidades deve ser feito pensando no longo prazo, visto que as 
cidades estão em constante processo de evolução. Sobre esse assunto, escolha 
afirmação correta:
A) Um bom planejamento de transportes visa apenas a maximizar a eficiência do trânsito das 
cidades, sem se preocupar necessariamente com suas implicações econômicas.
B) O planejamento de transportes visando ao crescimento das cidades nem sempre se faz 
necessário, uma vez que a tendência mundial é de manter constantes as proporções entre 
população urbana e rural.
C) No planejamento de urbano de transportes, os fatores finais e decisivos são estéticos e 
funcionais, estando estes acima das questões sociais.
D) O planejamento de transportes é o conjunto de ações mais adequadas na direção dos 
objetivos desejados pela sociedade, para melhorar a qualidade de vida dos habitantes da 
região.
E) O planejamento de transportes tem como principal objetivo o gerenciamento da demanda 
por transportes, respeitando as características do local em que se insere.
2) Ônibus de trânsito rápido (em inglês: Bus Rapid Transit - BRT) é um tipo de sistema 
de transporte público baseado no uso de ônibus. Um verdadeiro sistema BRT 
geralmente tem design, serviços e infraestrutura especializados para melhorar a 
qualidade do sistema e remover causas típicas de atrasos. 
Sobre o BRT, assinale a alternativa correta:
A) É um meio de transporte que demanda infraestrutura mais onerosa que um VLT, além de 
gerar maiores impactos ambientais devido a emissões de GEEs.
B) Sua velocidade operacional é menor que a do sistema de ônibus comum com corredor 
exclusivo, porém, como o BRT utiliza veículos maiores e tem menores tempos de 
embarque, sua capacidade de transporte é maior.
C) Cada rede de BRT tem suas especificidades, sendo que não existe uma padronização 
quanto às suas características.
D) Seu uso não é recomendado em grandes cidades, pois verifica-se que nesse tipo de cidade 
seus benefícios não são plenamente alcançados.
E) Seus veículos podem ser utilizados em outras situações, uma vez que são projetados para 
ter alta acessibilidade.
3) Após um estudo sobre as condições de transporte, foram sugeridas iniciativas para 
tornar a cidade de Rio Lindo mais sustentável. Dentre as alternativas apresentadas, 
indique a que de fato pode contribuir para esse fim:
A) Criar uma zona para descarte de veículos a céu aberto, próxima a um bairro, para facilitar 
o descarte.
B) Eliminar ciclovias para aumentar o número de faixas de rodagem para veículos 
motorizados, aumentando a capacidade e a velocidade das vias.
C) Utilização de resíduos de pneus na mistura do concreto asfáltico em pistas que comportam 
menores tráfegos.
D) Colocação de semáforos em todas as interseções, a fim de organizar melhor o tráfego.
E) Proibir carga e descarga de mercadorias durante a noite, apenas.
4) Embora os combustíveis de origem fóssil tenham alta eficiência energética, 
representam um recurso natural escasso, de forma que seu uso deve ser racional e 
deve-se procurar alternativas viáveis. Dentre as afirmações abaixo, identifique a 
correta:
A) Combustíveis fósseis representam uma parcela pequena das emissões de GEEs dentro das 
cidades.
B) Biocombustíveis são uma boa alternativa aos de origem fóssil, pois não emitem GEEs.
C) A energia elétrica é uma fonte renovável se sua origem também for.
D) A utilização de catenárias em ônibus gera aumento da poluição do ar local.
E) Baterias de veículos elétricos não podem ser recicladas.
5) Vias arteriais podem ser uma ótima solução de tráfego em grandes aglomeradosurbanos, sendo que em função de suas características pode apresentar benefícios 
interessantes. Dentre as alternativas, escolha a correta: 
A) Arteriais causam perturbações no trânsito, dificultando o acesso fácil e rápido às vias de 
menor volume.
B) O bom planejamento de arteriais pode contribuir para a redução de emissões de GEEs.
C) Sua implementação requer maiores investimentos em relação a sistemas de metrô.
D) A criação de arteriais deve ser sempre priorizada em relação à de vias comuns.
E) A criação de faixas exclusivas para ônibus em vias arteriais é desaconselhada.
NA PRÁTICA
O centro de uma cidade turística movimentada tem altos níveis de circulação de pedestres e 
carros, o que gera inúmeras problemáticas. Engarrafamentos nos horários de pico, poluição do 
ar e acidentes são alguns dos problemas em questão. Esses fatos geraram o interesse em estudos 
sobre a implementação da proibição de veículos no centro da cidade.
Neste Na Prática, você irá conhecer a cidade de Alto Rio, suas características populacionais, 
territoriais e seu tráfego. 
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Documentário sobre transporte e sociedade
No vídeo a seguir, você vai saber mais sobre a vida de Jane Jacobs e os embates envolvendo 
mudanças que foram propostas no trânsito de Nova Iorque no século passado e que ainda são 
muito pertinentes. Clique para assistir.
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Superquadras em Barcelona
No vídeo a seguir, você vai conhecer o projeto que procurou proporcionar espaços públicos 
mais habitáveis para Barcelona e que também resultou na melhora no tráfego.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Zonas de baixa emissão
No link a seguir, você vai aprender mais sobre zonas de baixa emissão e os impactos que elas 
geram para a sociedade, tendo como exemplo três casos de sua aplicação.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

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