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3 2 Interação transporte e uso do soloFerramenta externa

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Interação transporte e uso do solo
APRESENTAÇÃO
O Desenvolvimento Orientado pelo Transporte (DOT) é uma política 
de desenvolvimento urbano que visa a concentrar a densidade urbana em regiões em que já 
existe rede de infraestrutura de transporte, principalmente transporte público. 
O uso do solo, ou seja, a utilização da edificação (residencial, comercial, etc.) e a ocupação do 
solo, ou seja, a forma como o solo 
é ocupado (a porcentagem de solo utilizado, o gabarito de altura da edificação, etc.) são fatores 
determinantes no planejamento urbano 
e, quando bem pensados, podem diminuir a demanda pelo sistema 
de transporte.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver a importância e 
os impactos dos sistemas de transporte urbano, qual a relação do sistema de transporte 
principalmente com o uso do solo e, 
com isso, vai entender a importância dos DOTs.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Analisar o contexto e a importância dos sistemas 
de transporte urbano.
•
Discutir os impactos relacionados aos sistemas de transporte.•
Relacionar efeitos do sistema de transporte com o uso do solo.•
DESAFIO
Jane Jacobs (2011) defende que o uso do solo é fator essencial para o estímulo da 
caminhabilidade em uma área urbana. Além disso, o uso do solo apropriado é fator determinante 
para a adequação da infraestrutura urbana, principalmente de transporte.
Observe:
Seguindo as informações fornecidas, indique propostas de uso e ocupação do solo para a região 
1 e para a região 2.
INFOGRÁFICO
O uso do solo urbano está diretamente relacionado com a demanda dos sistemas de transportes. 
Quando o uso do solo é definido por zoneamento funcionalista, a demanda por sistemas de 
transportes tende a aumentar; por outro lado, quando o uso do solo é misto, a demanda por 
sistemas de transportes tende a diminuir.
No Infográfico a seguir, você vai ver a relação do uso do solo urbano com os sistemas de 
transportes.
CONTEÚDO DO LIVRO
O sistema de transportes está muito relacionado com o uso e a ocupação do solo, sendo que, se o 
uso e a ocupação do solo forem planejados de forma integrada com o sistema de transportes, a 
demanda pelos sistemas de transportes diminui e o sistema é otimizado, facilitando, assim, a 
implementação de transporte público e transportes alternativos, como a pé ou de bicicleta.
No capítulo Interação transporte e uso do solo, da obra Planejamento de transportes urbanos, 
base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre os sistemas de 
transportes, os impactos urbanos relacionados aos sistemas de transportes e os efeitos do sistema 
de transportes no uso do solo urbano. Você também vai ver um exemplo de Plano Diretor 
Estratégico elaborado com o objetivo de otimizar o sistema de transportes da cidade.
Boa leitura.
PLANEJAMENTO 
DE TRANSPORTES 
URBANOS 
Carolina Girotti
Interação entre transporte 
e uso do solo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar o contexto e a importância dos sistemas de transporte urbano.
  Discutir os impactos relacionados aos sistemas de transporte.
  Relacionar efeitos do sistema de transporte ao uso do solo.
Introdução
A população urbana mundial cresce rapidamente e gera impactos sig-
nificativos no meio ambiente. As áreas urbanas tendem a crescer de 
forma espraiada e horizontal, e vários problemas são associados a esse 
padrão. O crescimento horizontal é um obstáculo para a implantação 
de infraestrutura urbana, em especial de transporte público, pois resulta 
em distâncias maiores. E, por aumentar as distâncias a serem percorridas 
até o centro da cidade, o crescimento horizontal aumenta também os 
impactos de emissão de dióxido de carbono (CO
2
) e consumo de energia.
Assim, pode-se afirmar que o uso e a ocupação do solo têm influência 
relevante nos ambientes urbanos e no padrão de crescimento das ci-
dades. Quando aplicados de forma pontual e descontínua, ocasionam 
vazios e rompimentos da dinâmica urbana. Para evitar esses prejuízos, 
o uso e a ocupação do solo devem ser planejados de forma integrada 
com outros instrumentos urbanos.
Neste capítulo, você vai estudar os sistemas de transportes urbanos, 
compreendendo sua importância e complexidade no contexto das cida-
des. Você também vai compreender a importância da integração entre o 
uso e a ocupação do solo e os sistemas de transportes. Por fim, você vai 
estudar os impactos urbanos relacionados aos sistemas de transportes 
e sua relação com a densidade urbana e a cidade periférica. 
Sistemas de transporte urbano: contexto
O termo transporte se refere ao deslocamento de uma pessoa ou mercadoria. 
Os deslocamentos mais comuns dos indivíduos no contexto atual envolvem 
o local de residência, o local de trabalho e os locais de lazer. Segundo Ma-
galhães, Aragão e Yamashita (2014), esses deslocamentos podem ser es-
quematizados como: casa–trabalho, trabalho–casa, casa–lazer, lazer–casa e 
casa–trabalho–lazer–casa. 
Magalhães, Aragão e Yamashita (2014) trazem a definição de sistema 
proposta por Bunge (1979), composta por três itens: 
  elementos inter-relacionados; 
  objetos de entrada e saída; 
  relações binárias, ou seja, relações matemáticas que possuem um con-
junto de pares ordenados. 
Dessa forma, assume-se que um sistema é um elemento complexo, que 
possui elementos inter-relacionados e conta com um objeto de entrada e um de 
saída. Entende-se, então, que o sistema de transporte é complexo e deve ligar 
a infraestrutura urbana e o fluxo de pessoas e possuir um sistema de conexão. 
O sistema de transporte necessita possuir entrada e saída, o que permite que 
os atores (pessoas e mercadorias) vençam o deslocamento de forma eficiente. 
A Figura 1 simplifica o sistema de transporte ideal, ou seja, aquele que 
possui objetos de entrada e de saída ligados da forma mais simplificada pos-
sível; no exemplo, o deslocamento é casa–trabalho.
Figura 1. Esquema do sistema de transporte ideal, com objeto de entrada (casa) e objeto 
de saída (trabalho).
Interação entre transporte e uso do solo2
Porém, compor um sistema de transportes de maneira simplificada nem 
sempre é uma tarefa fácil, já que, em muitos cenários, o deslocamento possui 
obstáculos. Como exemplo, podemos citar os obstáculos topográficos, como 
desníveis muito íngremes ou, até mesmo, um rio. Em um sistema de transportes, 
o deslocamento deve sempre ter conexão; ou seja, o deslocamento não pode 
ser interrompido, mesmo quando existem obstáculos. A Figura 2 simplifica 
o sistema de transporte com obstáculos, ou seja, aquele que possui objetos de 
entrada e de saída ligados da forma mais simplificada possível, mesmo quando 
existem obstáculos; no exemplo, o deslocamento é casa-trabalho.
Figura 2. Esquemas do sistema de transporte com obstáculos, com objeto de entrada 
(casa) e objeto de saída (trabalho).
Além dos obstáculos existentes em um cenário, o sistema de transportes é 
complexo: na prática, existem inúmeros atores e diversos objetos de entrada e 
saída, e cada ator possui um deslocamento distinto, conforme ilustra a Figura 3. 
3Interação entre transporte e uso do solo
Figura 3. Sistema de transporte complexo, com diversos objetos de entrada (casa) e de 
saída (trabalho).
Impactos relacionados aos sistemas de 
transporte urbano 
A partir da Revolução Industrial, passou a existir distinção entre residência e 
trabalho; com isso, surgiu a necessidade diária de deslocamento das pessoas, 
em horários defi nidos, conforme lecionam Nunes, Rosa e Moraes (2015). 
Existem diversos modos de vencer a necessidade de deslocamento da popu-
lação, e cada modo gera impacto na organização da cidade. Dessa forma, a 
mobilidade não se reduz, apenas, ao deslocamento das pessoas e das coisas 
(cargas), abrangendo também o impacto que o sistema de transporte gera no 
meio ambiente, na organização das cidades e nas atividades nelasexecutadas.
Interação entre transporte e uso do solo4
Sistemas de transportes e os impactos urbanos
A mobilidade urbana necessita ser compreendida como um todo, a partir 
de uma perspectiva sustentável; porém, seu entendimento não pode ocorrer 
pontualmente, de forma isolada. Por exemplo, o entendimento da mobilidade 
urbana não pode ser reduzido aos aspectos tecnológicos, como a redução da 
poluição causada pelos automóveis ou o aumento da efi ciência do consumo 
energético desses automóveis. Isso porque, associados aos aspectos tecnológi-
cos, estão o uso e a ocupação do solo e o acesso democrático de seu consumo, 
conforme apontam Nunes, Rosa e Moraes (2015).
É notório que o uso do solo sem planejamento e, consequentemente, a 
periferização têm efeitos diretos sobre o padrão de viagens e sobre a eficiência 
da rede de transportes. O modelo de expansão do espaço urbano baseado 
na horizontalização origina cidades espraiadas e periféricas, que acarretam 
maiores distâncias de deslocamento, o que prejudica consideravelmente os 
sistemas coletivos de transporte.
Enganam-se aqueles que pensam que os sistemas coletivos de transporte 
dependem da baixa densidade. Na verdade, os sistemas coletivos de trans-
porte dependem da aglomeração da demanda, ou seja, de ambientes densos, 
pois existe relação inversa entre a capilaridade (ou cobertura) do serviço 
de transporte ofertado e sua capacidade, conforme destacam Nunes, Rosa 
e Moraes (2015) e Waltonet al. (2007). Dessa forma, cidades pouco densas 
não conseguem sustentar sistemas de transportes de alta capacidade, como o 
metrô. Porém, as redes de transportes de baixa capacidade, como linhas de 
ônibus, exigem várias baldeações para acessos específicos. 
Nota-se, assim, que, em uma cidade pouco densa, o sistema de transporte 
coletivo é pouco eficiente; logo, existirá uma preferência pelo transporte 
motorizado individual. Esse tipo de transporte gera tráfego intenso nas zonas 
centrais ou que possuem grandes concentrações comerciais. Por isso, a análise 
do sistema de transporte está diretamente relacionada com a densidade urbana 
da cidade (residencial e comercial, principalmente), além do uso do solo.
A Figura 4 mostra a comparação da densidade populacional, da densidade 
de empregos e da densidade urbana entre Rio de Janeiro e Londres. 
5Interação entre transporte e uso do solo
Figura 4. Comparativo de densidade urbana, populacional e de empregos — Rio de 
Janeiro e Londres.
Fonte: Adaptada de LSE CITIES ([2015]).
A partir da Figura 4, é possível concluir que:
1. o Rio de Janeiro possui densidade populacional maior do que Londres;
2. apesar da densidade populacional mais baixa, a densidade populacional 
de Londres é mais concentrada do que a do Rio de Janeiro;
3. Londres possui densidade de empregos maior do que o Rio de Janeiro;
4. Londres possui uma área específica da cidade que possui alta concen-
tração de empregos que, felizmente, coincide com a maior densidade 
urbana da cidade, o que tende a gerar menor deslocamento de pessoas;
5. apesar de o Rio de Janeiro possuir empregos em toda a sua área, é notória 
a concentração de empregos em determinada região, que, infelizmente, 
não coincide com a maior densidade urbana da cidade, o que tende a 
gerar maior deslocamento de pessoas.
Interação entre transporte e uso do solo6
Sistemas de transportes e os impactos ambientais
Em 2016, 50% da polução mundial vivia nas cidades; em 2018, essa porcen-
tagem aumentou para 55% da polução mundial. Espera-se que em 2030 essa 
porcentagem aumente para 60% da população. No Brasil, a situação é ainda 
mais marcante: cerca de 85% da população vive nas cidades, segundo dados 
da Organização das Nações Unidas (UNITED NATIONS, 2016, 2018).
Em 2000, havia 371 cidades com até 1 milhão de habitantes no mundo. Até 
2018, o número de cidades com pelo menos 1 milhão de habitantes cresceu para 
548, e a perspectiva para 2030 é que 706 cidades terão pelo menos 1 milhão 
de habitantes. O número de cidades com mais de 10 milhões de habitantes 
(megacidades) também tende a aumentar; em 2018, havia 33 megacidades no 
mundo, e a perspectiva é que esse número aumente para 43 em 2030, segundo 
a ONU (UNITED NATIONS, 2018).
Com grande parte da população vivendo nas zonas urbanas, a ocupação 
desses centros foi aumentando de forma caótica e sem planejamento. Por 
abrigarem grande parcela da população mundial, as zonas urbanas consomem 
grande quantidade de recursos, incluindo consumo de energia, e emitem mais 
CO2. A emissão de CO2 em sistemas de transportes responde por cerca de 
1/4 do total de emissões globais, sendo os veículos motorizados individuais 
(automóveis) responsáveis pela maior parte dessas emissões, conforme lecionam 
Andrade, D’agosto e Leal Junior (2013). Assim, o sistema de transporte gera 
impactos nas mudanças climáticas, as quais estão relacionadas, principalmente, 
ao consumo de energia e à emissão de CO2 no deslocamento de pessoas e 
cargas nas cidades.
Nos modelos de cidades existentes, grandes deslocamentos diários são 
necessários, e esses deslocamentos são realizados, muitas vezes, por meios 
de transporte ineficientes, como veículos motorizados individuais movidos a 
combustíveis fósseis, que emitem gases poluentes (Figura 5). Assim, reduzir 
a necessidade de longos deslocamentos diários é sinônimo de reduzir os 
impactos da mobilidade urbana nas mudanças climáticas. 
7Interação entre transporte e uso do solo
Figura 5. Transporte motorizado individual e a poluição.
Fonte: Quarta/Shutterstock.com.
Efeitos do sistema de transporte no uso do solo 
Em cidades de países em desenvolvimento, como o Brasil, a urbanização e a 
metropolização cresceram de forma não planejada e desenfreada, principal-
mente nas últimas décadas. Segundo Jabareen (2006), no Brasil, dentre as 
consequências do crescimento da urbanização, destacam-se:
  aumento do consumo de energia (principalmente pelo sistema de 
transportes);
  maiores emissões de gases poluentes;
  periferização urbana;
Interação entre transporte e uso do solo8
  segregação urbana;
  falta de espaços verdes;
  falta de infraestrutura adequada;
  congestionamento viário;
  falta de acesso ao sol; e
  especulação imobiliária, que adensa as cidades sem estudos apropriados.
O sistema de transporte e o uso e a ocupação do solo são interligados. A 
periferização urbana, isto é, o modelo de expansão do espaço urbano baseado 
na horizontalização, gera intervenção na eficiência dos sistemas de transportes, 
conforme destaca Lamour (2018). Quanto mais espraiada a cidade for, mais 
distante será o deslocamento a vencer até o centro da cidade, o que afeta 
diretamente o sistema de transporte público, que se torna mais difícil de ser 
implantado e operacionalizado. Além disso, o consumo de energia e a emissão 
de CO2 são maiores nesse tipo de urbanização, principalmente pelo uso do 
transporte motorizado individual, conforme ilustra a Figura 6. 
Figura 6. Esquema de cidade periférica: a zona residencial comumente é localizada na 
periferia da cidade, e a zona comercial fica no centro, o que aumenta a demanda por 
transporte motorizado individual.
Segundo Miana (2010), como estratégia de eficiência no desenvolvimento 
urbano e nos sistemas de transportes, é necessária a minimização do uso do 
solo. Nesse sentido, destaca-se o conceito de uso misto, que está relacionado 
com a compacidade. O modelo de expansão do espaço urbano baseado na 
horizontalização dá origem às cidades periféricas. Já o desenvolvimento urbano 
baseado no uso misto está associado à cidade densa e compacta. 
A densidade e a compacidade incidem na morfologia urbana (forma urbana) 
e na sua funcionalidade, minimizando as redes de infraestrutura urbana, 
especialmente de mobilidade e transporte, conforme lecionam Walton et al. 
(2007). O uso misto apresenta como benefício principal a redução das neces-
sidades de deslocamento em um ambiente urbano, ao aproximar o trabalho, 
o comércio e os serviços da moradia.9Interação entre transporte e uso do solo
Segundo Jacobs (2011, p. 167), “[...] o distrito […] deve atender a mais de 
uma função principal e tais funções devem garantir que as pessoas saiam de 
casa em horários diferentes e estejam nos locais por motivos diferentes, mas 
sejam capazes de utilizar boa parte da infraestrutura (urbana)”. Ao aproximar 
o trabalho da moradia, o uso misto tende a reduzir a demanda pelo uso do 
transporte individual motorizado, além de estimular o uso do transporte 
público associado a modos de transportes ativos, ou seja, a pé e de bicicleta, 
conforme ilustra a Figura 7.
Figura 7. O transporte alternativo (caminhada e bicicleta) é estimulado com o uso misto do 
solo, principalmente quando é implantada a fachada ativa com uso comercial e de serviço.
O uso misto também favorece a diversidade de usos e reforça a vitalidade 
urbana. Ou seja, por meio do aumento da caminhabilidade, aumenta o que 
Jacobs (2011) chama de vigilância, e, consequentemente, aumenta a sensação 
de segurança de um bairro, oferecendo qualidade de vida para seus habitantes. 
De acordo com Walton et al. (2007), o uso misto possui os seguintes benefícios:
  acesso facilitado à infraestrutura urbana, como rede elétrica e transporte;
  redução do congestionamento urbano;
  maiores oportunidades de interação social, por conta da maximização 
da caminhabilidade;
  comunidades socialmente diversas, já que a cidade não é mais dividida;
  estimulação visual, por conta de diferentes edifícios na mesma área 
urbana;
  maior sensação de segurança, por conta da maximização da vitalidade 
urbana;
  maior eficiência energética e uso mais eficiente de espaços e edifícios, 
por conta dos ambientes mais densos.
Interação entre transporte e uso do solo10
Jacobs (2011) levantou os benefícios do uso misto e sua relação com as redes de 
transporte em 1961, no livro Morte e Vida nas Grandes Cidades. Jacobs e a obra se 
somaram às críticas contra o urbanismo de zonificação funcionalista; até hoje, o livro 
é um dos mais influentes do urbanismo. O desenvolvimento urbano atual, orientado 
pelo transporte, possui bastante semelhança com o pensamento de Jacobs.
Desenvolvimento orientado pelo transporte
O desenvolvimento orientado pelo transporte (DOT) é uma metodologia 
atual de desenvolvimento urbano e possui como principal objetivo direcionar 
o desenvolvimento urbano para onde já existe transporte público de massa, 
conforme Lamour, Morelli e Marins (2019). Ou seja, o DOT é uma estratégia 
de planejamento urbano que integra o uso e a ocupação do solo e o sistema 
de transportes. Ele objetiva aumentar a densidade populacional em áreas com 
acesso facilitado ao transporte público, conforme destaca Lamour (2018).
De acordo com a Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana 
(2015), as políticas de DOT se configuram em oito regras, descritas a seguir.
1. Caminhar: estimular vias para pedestres desobstruídas, bem iluminadas 
e de alta qualidade.
2. Pedalar: desenvolver um plano cicloviário que aumenta a segurança dos 
ciclistas ao reduzir a velocidade nas faixas de rodagem e apresentar 
pistas separadas para as bicicletas.
3. Conectar: estimular uma rede densa para trajetos a pé ou de bicicleta, 
a qual resulta em conexões mais curtas, variadas e diretas.
4. Promover o transporte coletivo: desenvolver um sistema de transporte 
coletivo rápido, frequente, confiável e de alta capacidade.
5. Compactar: desenvolver a reorganização ou a requalificação da malha 
urbana existente.
6. Misturar: estimular o uso misto.
7. Adensar: estimular o adensamento de usos residencial e comercial no 
entorno das estações de transporte público de massa.
11Interação entre transporte e uso do solo
8. Promover mudanças: estimular tarifas adequadas de estacionamento e a 
redução da oferta geral de vagas em vias públicas e em áreas privadas.
A revisão do plano diretor estratégico do município de São Paulo, em 2014, vai de 
encontro com as políticas de DOT, principalmente por estimular o uso misto e o 
adensamento próximo ao transporte público de massa, conforme mostra a Figura 8.
Figura 8. Nova estruturação urbana do plano diretor estratégico do município de São 
Paulo, de 2014, e sua relação com o sistema de transporte.
Fonte: São Paulo ([2019], documento on-line).
ANDRADE, C. E. S.; D’AGOSTO, M. D. A.; LEAL JUNIOR, I. C. Avaliação do ganho na redu-
ção de CO2 devido a disponibilidade de um sistema metroviário: aplicação no Metrô 
do Rio de Janeiro. Transportes, v. 21, n. 2, p. 5-12, 2013. Disponível em: https://www.
revistatransportes.org.br/anpet/article/view/653. Acesso em: 21 out. 2019.
JABAREEN, Y. R. Sustainable urban forms. Journal of Planning Education and Research, 
v. 26, n. 1, p. 38-52, 2006.
Interação entre transporte e uso do solo12
JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
LAMOUR, Q. Avaliação da estratégia dos eixos de estruturação da transformação urbana, 
do município de São Paulo, frente à teoria do desenvolvimento orientado pelo transporte 
(DOT), estudo de caso: área de influência da estação Belém do metrô. 2018. Dissertação 
(Mestrado em Ciências) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. 
Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-17072018-135405/
publico/QuetinLamourCorr18.pdf. Acesso em: 21 out. 2019.
LAMOUR, Q.; MORELLI, A. M.; MARINS, K. R. D. C. Improving walkability in a TOD context: 
spatial strategies that enhance walking in the Belém neighbourhood, in São Paulo, Brazil. 
Case Studies on Transport Policy, v. 7, n. 2, p. 280-292, 2019. Disponível em: https://www.
sciencedirect.com/science/article/pii/S2213624X18301408. Acesso em: 21 out. 2019.
LSE CITIES. Urban age. [2015]. Disponível em: https://urbanage.lsecities.net/. Acesso 
em: 21 out. 2019.
MAGALHÃES, M. T.; ARAGÃO, J. J. G.; YAMASHITA, Y. Definição de transporte: uma re-
flexão sobre a natureza do fenômeno e objeto da pesquisa e ensino em transportes. 
Transportes, v. 22, n. 3, p. 1-11, 2014.
MIANA, A. C. Adensamento e forma urbana: inserção de parâmetros ambientais do 
processo de projeto. 2010. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade 
de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
NUNES, T.; ROSA, J. S.; MORAES, R. F. Sustentabilidade urbana: impactos do desenvolvi-
mento econômico e suas consequências sobre o processo de urbanização em países 
emergentes: textos para as discussões da Rio+20 2012. Brasília: Ministério do Meio 
Ambiente, 2015.
SÃO PAULO (cidade). Gestão Urbana de São Paulo. Onde estão localizados? [2019]. 
Disponível em: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/estruturacao-territorial/
eixos-de-transformacao/localizacao/. Acesso em: 21 out. 2019.
UNITED NATIONS. The world’s cities in 2016: data booklet. New York: Department of Econo-
mics and Social Affaris, 2016. Disponível em: https://www.un.org/en/development/desa/
population/publications/pdf/urbanization/the_worlds_cities_in_2016_data_booklet.
pdf. Acesso em: 21 out. 2019.
UNITED NATIONS. The world ’s cities in 2018: data booklet. New York: Department of Eco-
nomics and Social Affaris, 2018. Disponível em: https://www.un.org/en/events/citiesday/
assets/pdf/the_worlds_cities_in_2018_data_booklet.pdf. Acesso em: 21 out. 2019.
WALTON, D. et al. Urban design compendium. 2nd ed. London: English partnerships, 2007.
Leituras recomendadas
BRASIL. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana. PlanMob: caderno 
de referência para elaboração de plano de mobilidade urbana. Brasilia: Ministério das 
Cidades, 2015.
13Interação entre transporte e uso do solo
ESTRADA, J. D. J.; DUARTE, F. Transporte e mercado imobiliário: uma lógica urbana 
sustentável? Estudo sobre o Transmilênio, Bogotá. Transportes, v. 13, n. 2, p. 5-20, 2005. 
Disponível em: https://www.revistatransportes.org.br/anpet/article/view/101/90. Acesso 
em: 21 out. 2019.
EWING, R.; CERVERO, R. Travel and the built environment. Journalof the American 
Planning Association, v. 76, n. 3, p. 265-294, 2010.
LAMOUR, Q.; MARINS, K. R. C. C. Análise dos eixos de estruturação da transformação 
urbana de São Paulo, segundo indicadores selecionados. In: ENCONTRO NACIONAL 
DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 16., 2016, Santa Maria. Anais [...]. Rio 
Grande do SUL: SOBRAC, 2016.
SÃO PAULO (cidade). Plano diretor estratégico do Município de São Paulo ilustrado. 2014.
Interação entre transporte e uso do solo14
DICA DO PROFESSOR
O estímulo à mobilidade urbana sustentável nas cidades depende do planejamento do uso e da 
ocupação do solo de forma integrada aos sistemas de transportes. A mobilidade urbana 
sustentável visa a diminuir a demanda pelos transportes.
Nesta Dica do Professor, você verá qual a relação entre o uso e a ocupação do solo e os sistemas 
de transportes e quais as alternativas para diminuir a demanda por transportes mediante 
o planejamento urbano.
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EXERCÍCIOS
1) A intensificação do fenômeno da urbanização, observada em escala global a partir da 
segunda metade do século 20, em seus níveis mais expressivos nos países emergentes, 
tem acarretado graves pressões e problemas no domínio dos transportes e da mobilidade. 
(NUNES; ROSA; MORAES, 2015, p. 14)
Pode-se afirmar sobre a relação entre o fenômeno da urbanização e os problemas de 
transporte e mobilidade:
A) Quanto maior o número de pessoas vivendo nas cidades, maiores serão os problemas dos 
transportes e da mobilidade.
B) A urbanização não planejada gera a cidade espraiada, a qual causa problemas 
significativos em relação aos sistemas de transportes.
C) A urbanização aumenta a densidade das cidades, e cidades densas causam problemas nos 
sistemas de transportes.
D) Quanto maior a oferta de empregos na cidade, maior será o deslocamento dentro dela, e o 
transporte será pouco eficiente.
E) A urbanização causa problemas significativos no sistema de transportes, pois concentra 
muitas pessoas em pouco espaço.
2) O sistema de transportes é um sistema complexo que tem como objetivo o 
deslocamento. Os deslocamentos mais comuns em um sistema de transportes são os 
de carga, passageiros ou serviços.
Sobre os sistemas de transportes, é correto afimar:
A) O sistema de transportes não apresenta função sem conexão.
B) O sistema de transportes deve ser o mais simples possível, mesmo que necessite ser 
interrompido para vencer algum obstáculo.
C) É comum que ocorram interrupções no deslocamento em um sistema de transportes, mas 
elas devem ser evitadas.
D) O sistema de transportes tem função a partir do momento em que há deslocamento entre 
dois ou mais objetos. O deslocamento pode ser interrompido quando há obstáculos.
E) O principal objetivo do sistema de transportes é a funcionalidade.
A mobilidade urbana e as mudanças climáticas se relacionam principalmente pelo 
consumo excessivo de energia para o deslocamento nas cidades.
O desenvolvimento das cidades atuais exige grandes deslocamentos diários, que são 
realizados, muitas vezes, por meios de transporte ineficientes – como os veículos 
motorizados individuais – e movidos a combustíveis fósseis, os quais são responsáveis 
por elevada emissão de gases de efeito estufa.
3) 
Reduzir a necessidade de longos deslocamentos diários e promover meios de 
transporte eficientes são passos fundamentais para reduzir os impactos da 
mobilidade urbana nas mudanças climáticas.
Quais medidas as cidades devem tomar para reduzir os impactos da mobilidade 
urbana nas mudanças climáticas?
A) Reduzir a poluição causada pelos automóveis.
B) Aumentar a eficiência do consumo energético dos veículos.
C) Estimular o uso de veículos elétricos.
D) Desenvolver medidas associadas ao transporte, como o uso e a ocupação do solo 
orientados para o transporte.
E) Aumentar os sistemas de transporte público de massa.
4) O distrito [...] deve atender a mais de uma função principal e tais funções devem 
garantir que as pessoas saiam de casa em horários diferentes e estejam nos locais por 
motivos diferentes, mas sejam capazes de utilizar boa parte da infraestrutura (urbana). 
(JACOBS, 2011, p. 167)
Sobre a relação entre as funções (zoneamento) e o sistema de transportes de uma 
cidade, é correto afirmar:
A) A cidade deve ser dividida por zonas (residenciais, comerciais, etc.), pois assim o 
planejador conhece o deslocamendo do indivíduo e o sistema de transportes é otimizado.
B) A cidade deve ser dividida por zonas (residenciais, comerciais, etc.), pois zonificação 
urbana funcionalista é sinônimo de planejamento, e o sistema de transporte necessita de 
planejamento.
C) A cidade deve ser dividida por zonas (residenciais, comerciais, etc.), pois a zonificação 
urbana funcionalista aumenta o número de pessoas que utilizam o transporte público, o que 
justifica a implantação do transporte público de massa.
D) A cidade deve ser dividida por zoneamento misto, pois este facilita o acesso à 
infraestrutura urbana, inclusive de transporte, diminuindo assim o congestionamento 
urbano.
E) A cidade deve ser dividida por zoneamento misto, pois este diminui o número de pessoas 
que utilizam o transporte público, aumentando assim o conforto dos usuários.
5) O entendimento dos sistemas de transportes deve ser feito como um todo e de 
maneira sustentável, ou seja, o sistema de transporte não pode ser compreendido de 
forma pontual. Nota-se que o uso e a ocupação do solo sem planejamento causam a 
periferização, o que interfere diretamente sobre o padrão de viagens e, 
consequentemente, sobre a eficiência da rede de transporte. Dessa forma, o 
planejamento dos sistemas de transportes deve ser feito considerando outros 
elementos do desenvolvimento urbano. 
O desenvolvimento urbano orientado pelo transporte é aquele que considera quais 
elementos principais?
A) Planejamento de cidades com densidade urbana e uso do solo apropriados.
B) Eficiência dos transportes.
C) Maior implantação de ciclovias.
D) Planejamento de cidades baseado na horizontalização.
E) Planejamento de cidades baseado no conceito de zonificação urbana funcionalista.
NA PRÁTICA
O uso do solo e a densidade urbana apresentam interferência direta sobre os sistemas de 
transporte. Por isso, chama a atenção o conceito das políticas de DOT (Desenvolvimento 
Orientado pelo Transporte). 
O principal objetivo das políticas de DOT é justamente orientar o desenvolvimento urbano onde 
já existe infraestrutura de transporte público de massa.
Veja na prática como o Plano Diretor Estratégico de São Paulo – PDE 2014 foi desenvolvido.
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
WRI explica: DOTS - Desenvolvimento orientado ao transporte sustentável (2018)
Neste vídeo, você verá uma apresentação do WRI Brasil sobre o DOTS, o planejamento que alia 
a mobilidade e o uso do solo para construir cidades mais eficientes e sustentáveis.
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Urbanidade & mobilidade: saídas para a mobilidade urbana (2014)
Neste vídeo gráfico-didático baseado na apresentação do urbanista Carlos Leite no evento 
Urbanismo e Jornalistas (São Paulo, 2013), você verá 4 problemas urbanos relacionados à 
mobilidade e suas possíveis soluções.
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Mobilidade urbana 1 - Sustentabilidade urbana: impactos do desenvolvimento econômico 
e suas consequências sobre o processo de urbanização em países emergentes (2015)
Caderno de mobilidade urbana que faz parte de um projeto de cooperação técnica internacional, 
resultado da parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério das Cidades, o 
Ministério das Relações Exteriores e o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos 
Humanos (ONU-Habitat).
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Análisedos Eixos de Estruturação da Transformação Urbana de São Paulo, segundo 
indicadores selecionados (2016)
Artigo apresentado em congresso brasileiro que analisa os Eixos de Transformação Urbana 
previstos no Plano Diretor Estratégico do município de São Paulo (2014) e suas consequências 
ambientais e sociais.
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