Buscar

Apostila Aquicultura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Graduação em Medicina Veterinária 
Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Agrossocioambiental Sustentável 
Monitoria em Aquicultura: Iniciação a Docência em Aquicultura e Pesca 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE AQUICULTURA 
(Piscicultura, carcinicultura, ranicultura e malacocultura) 
 
 
 
 
 
 
BRUNA GUIMARÃES RANGEL 
 
 
NITERÓI, 
2013 
2 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Sumário 
CAPÍTULO I ............................................................................................................................10 
Piscicultura ...............................................................................................................................10 
1 Panorama da aquicultura .......................................................................................................11 
Introdução ..................................................................................................................................11 
Piscicultura .................................................................................................................................11 
Carcinicultura .............................................................................................................................12 
Malacocultura ............................................................................................................................12 
Ranicultura .................................................................................................................................12 
Produção de algas e plânctons ...................................................................................................12 
Produção aquícola ......................................................................................................................12 
Importância do médico veterinário no campo da Aquicultura ...................................................13 
2 Sistema de produção de peixes ..............................................................................................14 
Introdução ..................................................................................................................................14 
Sistema extensivo ......................................................................................................................14 
Maneiras para aumentar a produtividade ................................................................................14 
Sistema semi-intensivo ..............................................................................................................15 
Adubação inorgânica (química) e a orgânica (estercos) .........................................................15 
Adubos Inorgânicos x Adubos Orgânicos ..............................................................................16 
Sistema intensivo .......................................................................................................................16 
Sistema superintensivo ..............................................................................................................17 
Controle de desempenho zootécnico ........................................................................................18 
Cuidados a serem tomados ........................................................................................................18 
Sistema de produção aquícola ...................................................................................................20 
3 Cultivos de peixes nativos brasileiros ....................................................................................21 
Introdução ..................................................................................................................................21 
Características gerais dos peixes nativos....................................................................................21 
Principais espécies nativas do Brasil...........................................................................................22 
Pacu (Piaractus mesopotamicus) ...............................................................................................22 
Hábito alimentar .....................................................................................................................22 
Reprodução ............................................................................................................................22 
Sistema de produção...............................................................................................................23 
Alimentação e exigências nutricionais ...................................................................................23 
Tambaqui (Colossoma macropomum, CUVIER) ..........................................................................23 
3 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Hábito alimentar .....................................................................................................................23 
Reprodução ............................................................................................................................24 
Tambacu e Paqui ........................................................................................................................24 
Hábito alimentar .....................................................................................................................24 
Reprodução ............................................................................................................................24 
Sistema de produção...............................................................................................................24 
Alimentação e exigências nutricionais ...................................................................................25 
Curimba (Prochilodus lineatus) ..................................................................................................25 
Hábito alimentar .....................................................................................................................25 
Reprodução ............................................................................................................................26 
Sistema de produção...............................................................................................................26 
Alimentação e exigências nutricionais ...................................................................................26 
Piapara (Leporinus obtusideus) e Piavuçu (Leporinus macrocephalus) .......................................26 
Hábito alimentar .....................................................................................................................26 
Reprodução ............................................................................................................................26 
Sistema de produção...............................................................................................................27 
Alimentação e exigências nutricionais ...................................................................................27 
Piracanjuba (Brycon orbignyanus) e Matrinxã (B. cephalus) ......................................................27 
Hábito alimentar .....................................................................................................................27 
Reprodução ............................................................................................................................27 
Sistema de produção...............................................................................................................27 
Alimentação e exigências nutricionais ...................................................................................28 
Manejo de produção ...............................................................................................................28Dourado (Salminus maxiliosus) ..................................................................................................28 
Hábito alimentar .....................................................................................................................28 
Reprodução ............................................................................................................................28 
Sistema de produção...............................................................................................................29 
Alimentação e exigências nutricionais ...................................................................................29 
Manejo de produção ...............................................................................................................29 
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e Cachara (P. fasciatus) ..............................................30 
Hábito alimentar .....................................................................................................................30 
Reprodução ............................................................................................................................30 
Sistema de produção...............................................................................................................30 
Alimentação e exigências nutricionais ...................................................................................30 
4 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Manejo de produção ...............................................................................................................30 
Tucunaré (Cichla ocellaris) .........................................................................................................31 
Hábito alimentar .....................................................................................................................31 
Reprodução ............................................................................................................................31 
Sistema de produção...............................................................................................................31 
Alimentação e exigências nutricionais ...................................................................................32 
Manejo de produção ...............................................................................................................32 
Trairão (Hoplias lacerdae) e Traíra (H. malabaricus) ..................................................................32 
Hábito alimentar .....................................................................................................................32 
Reprodução ............................................................................................................................32 
Sistema de produção...............................................................................................................32 
Alimentação e exigências nutricionais ...................................................................................33 
Manejo de produção ...............................................................................................................33 
Pirarucu (Arapaima gigas) .........................................................................................................33 
Hábito alimentar .....................................................................................................................33 
Reprodução ............................................................................................................................33 
Outras espécies de peixes ..........................................................................................................33 
Jaú (Paulicea lutkeni) .............................................................................................................34 
Jundiá (Rhamdia quelen) ........................................................................................................34 
Lambari (Astyanax spp) .........................................................................................................34 
Considerações finais ...................................................................................................................34 
4 Cultivo de espécies exóticas ...................................................................................................35 
Criação de Tilápia .......................................................................................................................35 
Hábito alimentar .....................................................................................................................35 
Técnicas de cultivo de tilápia .................................................................................................35 
Criação de Salmonídeos .............................................................................................................37 
Reprodução ............................................................................................................................37 
Alevinagem ............................................................................................................................38 
Engorda ..................................................................................................................................38 
Exigências nutricionais ..........................................................................................................39 
Criação de Carpas .......................................................................................................................39 
Reprodução ............................................................................................................................39 
Sistema de produção...............................................................................................................40 
Criação de Black bass (Micropterus salmoides) ..........................................................................40 
5 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Reprodução ............................................................................................................................40 
Criação de Catfish Americano ....................................................................................................41 
Reprodução ............................................................................................................................41 
Sistemas de produção .............................................................................................................41 
Outras espécies ..........................................................................................................................41 
Bagre africano (Clarias gariepinus); ......................................................................................41 
Considerações finais ...................................................................................................................42 
5 Prática de Peixes .....................................................................................................................43 
Introdução ..................................................................................................................................43 
Superclasse Pisces ......................................................................................................................44 
Osteíctes, condrictes e suas diferenças ...................................................................................44 
Morfologia externa dos peixes ...................................................................................................45 
Pele ........................................................................................................................................45 
Tipos de escamas....................................................................................................................45Diferenças entre as escamas ...................................................................................................47 
Coloração ...............................................................................................................................48 
Células produtoras de muco ...................................................................................................48 
Cabeça ........................................................................................................................................48 
Membros - Nadadeiras ...............................................................................................................51 
Nadadeiras pares ....................................................................................................................51 
Nadadeiras ímpares ................................................................................................................52 
Tipos de nadadeiras dorsais ....................................................................................................53 
Tipos de nadadeiras caudais ...................................................................................................54 
Anatomia básica e suas funções .................................................................................................55 
Intestino..................................................................................................................................55 
Bexiga natatória .....................................................................................................................55 
Circulação ..............................................................................................................................56 
Osmorregulação .....................................................................................................................57 
Fatores que influenciam a reprodução ......................................................................................58 
Biometria dos peixes ..................................................................................................................59 
Diferenciação sexual ..................................................................................................................60 
Posicionamento para dissecação ...............................................................................................60 
Referências Bibliográficas .........................................................................................................61 
 
6 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
CAPÍTULO II ..........................................................................................................................62 
Carcinicultura...........................................................................................................................62 
1 Criação de camarão ................................................................................................................63 
Carcinicultura .............................................................................................................................63 
Aspectos biológicos do Litopenaeus vannamei ..........................................................................63 
Morfologia básica .......................................................................................................................63 
Muda e crescimento ..................................................................................................................64 
Princípios básicos da reprodução ...............................................................................................64 
Dimorfismo sexual......................................................................................................................65 
Controle hormonal da reprodução .............................................................................................65 
Formação de plantel de reprodutores Litopenaeus vannamei ...................................................66 
Fase de engorda ......................................................................................................................66 
Fase intermediária ..................................................................................................................66 
Fase final ................................................................................................................................66 
Seleção de reprodutores..........................................................................................................66 
Transporte de reprodutores .....................................................................................................67 
Manutenção dos reprodutores em laboratório.........................................................................67 
Parâmetros ambientais ideais .................................................................................................67 
Inseminação artificial .............................................................................................................68 
Avaliação da qualidade espermática .......................................................................................68 
Desova e eclosão ....................................................................................................................68 
Tratamento profilático e terapêutico dos ovos e larvas ...........................................................68 
Transporte dos náuplios .........................................................................................................69 
Larvicultura ................................................................................................................................69 
Sistemas de larvicultura..........................................................................................................69 
Densidade ...............................................................................................................................69 
Alimentação ...........................................................................................................................70 
Renovação da água .................................................................................................................70 
Amostragem e contagem ........................................................................................................70 
Características das pós-larvas .................................................................................................70 
Teste de estresse .....................................................................................................................71 
Despesca ................................................................................................................................71 
Transporte de pós-larvas ........................................................................................................71 
Povoamento dos viveiros ...........................................................................................................72 
7 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Viveiros berçários ..................................................................................................................72 
Densidade e arraçoamente ......................................................................................................72 
Aspectos zootécnicos .............................................................................................................73 
Transferência dos juvenis .......................................................................................................73 
Pré-berçários ..............................................................................................................................74 
Povoamento direto .................................................................................................................74Fase de engorda .........................................................................................................................74 
Preparo dos viveiros ...............................................................................................................74 
Fase inicial .............................................................................................................................75 
Fase intermediária ..................................................................................................................75 
Fase final ................................................................................................................................75 
Nutrição..................................................................................................................................75 
Despesca e pós-colheita .............................................................................................................76 
2 Prática de Crustáceos .............................................................................................................77 
Introdução ..................................................................................................................................77 
Classe Crustacea .........................................................................................................................77 
Morfologia dos Camarões e lagostins ........................................................................................77 
Divisão corporal .....................................................................................................................78 
Cabeça ....................................................................................................................................79 
Membros - patas .....................................................................................................................80 
Diferenciação sexual ..................................................................................................................81 
Morfologia dos siris e caranguejo ..............................................................................................82 
Diferenciação sexual ..............................................................................................................83 
Referências Bibliográficas: .........................................................................................................83 
Capítulo III .............................................................................................................................84 
Ranicultura ...............................................................................................................................84 
1 Criação de rãs .........................................................................................................................85 
Aspectos biológicos das rãs ........................................................................................................85 
Reprodução ................................................................................................................................86 
Tipos de criação .........................................................................................................................87 
Modelos de ranários ..................................................................................................................87 
Ranário sistema Anfigranja ........................................................................................................88 
Instalações do setor de reprodução ...........................................................................................88 
Baias de mantença ..................................................................................................................88 
8 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Baias de acasalamentos individuais ........................................................................................88 
Baias de acasalamentos coletivos ..........................................................................................89 
Instalações do setor de girinos ...................................................................................................89 
Recomendações para a construção .........................................................................................89 
Incubadora no setor de girinos ...............................................................................................90 
Seletor de imagos no setor de girinos .....................................................................................90 
Instalações do setor de recria ....................................................................................................90 
Baia inicial .............................................................................................................................90 
Baia de crescimento e terminação ..........................................................................................90 
Manejo no setor de reprodução ................................................................................................90 
Regras para bom manejo ...........................................................................................................90 
Densidade ...............................................................................................................................90 
Arraçoamento .........................................................................................................................91 
Controle do plantel .................................................................................................................91 
Controle de proles ..................................................................................................................91 
Controle dos acasalamentos ...................................................................................................91 
Seleção dos reprodutores ........................................................................................................91 
Indução ao acasalamento ........................................................................................................91 
Manejo de rotina........................................................................................................................92 
Limpeza..................................................................................................................................92 
Alimentação ...........................................................................................................................92 
Coleta das desovas e contagem dos ovos................................................................................92 
Controle zootécnico................................................................................................................92 
Manejo no setor de girinos ........................................................................................................92 
Regras para bom manejo ...........................................................................................................92 
Qualidade de água ..................................................................................................................92 
Alimentação ...........................................................................................................................93 
Densidade ...............................................................................................................................94 
Controle do plantel .................................................................................................................94 
Manejo de rotina........................................................................................................................94 
Incubação da desova...............................................................................................................94Limpeza..................................................................................................................................94 
Alimentação ...........................................................................................................................94 
Coleta dos girinos ...................................................................................................................94 
9 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Transporte dos girinos ............................................................................................................95 
Controle zootécnico................................................................................................................95 
Manejo no setor de recria ..........................................................................................................95 
Regras para bom manejo ...........................................................................................................95 
Densidade ...............................................................................................................................95 
Alimentação ...........................................................................................................................95 
Controle do plantel .................................................................................................................95 
Manejo de rotina........................................................................................................................95 
Limpeza..................................................................................................................................95 
Alimentação ...........................................................................................................................95 
Anotações ...............................................................................................................................96 
Coleta e transporte para o abate ..............................................................................................96 
Fonte: http://www.dta.ufv.br/ran/cria.htm ..............................................................................96 
Referências Bibliográficas .........................................................................................................97 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
 
Piscicultura 
 
 
 
 
11 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
1 Panorama da aquicultura 
Introdução 
Aquacultura ou aquicultura é a produção de organismos aquáticos, como a criação de 
peixes, crustáceos, anfíbios, moluscos e o cultivo de plantas aquáticas para o uso do 
homem. 
Ela está associada a segmentos como: a piscicultura, que é a criação de peixes marinhos 
e continentais; a carcinicultura, que é a produção de camarão tanto de água doce quanto 
de água salgada; a malacocultura que é a criação de moluscos bivalves; a ranicultura 
que é a criação de rãs; e a produção de algas/plânctons para a produção de cosméticos e 
gelatinas, por exemplo. 
Piscicultura 
A piscicultura pode ser continental, que é o processo de criação de peixes de água doce, 
pode ser uma piscicultura marinha, que é o processo de criação de peixes de água 
salgada, ou ainda, uma piscicultura ornamental, que são peixes tanto de água doce, 
quanto de água salgada. 
Dentre as espécies cultivadas na piscicultura continental, podemos citar a tilápia, carpa e 
a truta que são espécies exóticas, mas que se adaptaram bem ao sistema de criação 
nacional. A tilápia é a espécie mais produzida do mundo, pois se adapta a variações dos 
parâmetros de qualidade de água e a diferentes condições de cultivo. A truta necessita 
de água com temperatura mais baixa, em torno de 15°C para ter sucesso na sua 
piscicultura. A piscicultura continental é o principal segmento da aquicultura. 
As nossas espécies nativas são adaptadas ao nosso ambiente e por esse motivo 
provavelmente o cultivo das mesmas pode se tornar mais produtivo que de espécies 
exóticas, oriundas de outros países. 
A seguir temos algumas espécies importantes para a piscicultura nacional: Pacu 
(Piaractus mesopotamicus): peixe de importante valor comercial para pesca do Brasil, 
onívoro de fácil reprodução e manejo durante fase de engorda; Dourado (Salminus 
maxiliosus.): pode ultrapassar um metro de comprimento, sendo muito apreciado na 
pesca esportiva, tem ampla distribuição geográfica (quase toda América do Sul), seu 
principal problema é durante a fase de larvicultura; Pintado/Surubim (Pseudoplatystoma 
coruscans): excelente qualidade de carne (ausência de espinhos intramusculares), porém 
seu cultivo sempre foi limitado pela produção de juvenis (fase da produção mais difícil), 
porém atualmente técnicas especiais vêm sendo desenvolvidas para este peixe; 
Tambaqui (Colossoma macropomum): pode atingir até 1 metro de comprimento e 
alcançar 30 Kg, durante sua fase adulta a dieta é constituída principalmente de frutas e 
grãos. 
http://www.infoescola.com/zootecnia/especies-nativas-para-piscicultura-brasileira/
12 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Na piscicultura marinha, dentre os exemplos, pode-se citar a tainha e o robalo. As 
principais espécies deste tipo de cultivo geralmente têm um maior valor 
agregado.Porém, a maioria dos peixes marinhos ainda são oriundos da pesca 
extrativista. 
A piscicultura ornamental ainda é um mercado pequeno e os peixes são tanto de água 
doce, quanto de água salgada. 
Carcinicultura 
É a produção de camarão de água doce e salgada. As principais vantagens para o 
produtor de camarão são: curta duração dos cultivos, altos preços do produto no 
mercado e condições climáticas favoráveis para o cultivo. O principal camarão 
cultivado é o Litopeneus vannamei. A criação de camarão é uma atividade de alto 
retorno econômico, porém é essencial (como em qualquer outra criação) os rígidos 
controles de custos e decisões técnicas de qual melhor sistema de produção de acordo 
com cada propriedade. 
Malacocultura 
É a produção de moluscos como escargot (helicicultura), ostras (ostreicultura) e 
mexilhão (mitilicultura), por exemplo. 
Ranicultura 
É a produção de rãs em cativeiro e esse cultivo pode ser feito em vários sistemas de 
produções como galpões, inundado, em gaiolas. A rã-touro é a rã que geralmente é 
escolhida para cultivo, por ter um desenvolvimento melhor. 
Produção de algas e plânctons 
Esse tipo de produção é usado para áreas alimentícias e de cosméticos, por exemplo. 
Produção aquícola 
A pesca extrativista marinha e continental vem decrescendo com o passar dos anos, 
uma vez que a aquicultura vem crescendo e mostrando resultados satisfatórios. 
A maior demanda da produção aquícolavai para o comércio (cerca de 84%), em seguida 
para os pesque-pagues (cerca de 11%) e 5% não é comercializado. 
70% da parte comercial é destinado para a venda direta e 0,27% vai para a exportação. 
 
 
 
http://www.infoescola.com/zootecnia/carcinicultura-criacao-de-camaroes/
13 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Importância do médico veterinário no campo da Aquicultura 
O papel do médico veterinário é importante para a aquicultura, de maneira que, 
conhecendo a anatomia e fisiologia desses animais, possa fornecer o tipo de ração 
adequada para cada espécie, suprindo suas exigências nutricionais, diagnosticar 
doenças, tratá-las e, principalmente, preveni-las. Além da área de produção, este 
profissional pode trabalhar no campo de defesa sanitária animal (saúde pública/ 
inspeção de pescado), no bem estar e controle de espécies exóticas, assim como na 
sustentabilidade desta atividade produtiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
2 Sistema de produçãode peixes 
Introdução 
Basicamente, podemos qualificar os sistemas de produção de peixes em quatro grupos: 
extensivo, semi-intensivo, intensivo e superintensivo. Os peixes podem ser criados de 
várias maneiras dependendo das condições, da qualidade da água, da espécie, da 
densidade populacional e aceitação de mercado. Falaremos de cada um deles no 
decorrer deste capítulo. 
Sistema extensivo 
É um sistema praticado em águas represadas, lagoas naturais que não foram construídas 
diretamente para o cultivo de peixes, tem a piscicultura como atividade secundária. É 
uma atividade que visa o lazer, uma vez que o lucro é baixo nesse tipo de sistema. 
A intervenção do homem é inexistente, uma vez que se utiliza alimentos naturais, não 
há manejo de fertilização, e não fazem adubação para produzir algas e plânctons para a 
alimentação desses peixes. Não ocorre a troca de água, porque essa criação é feita em 
represas, não sendo possível manter os padrões de qualidade de água como, por 
exemplo, temperatura, pH, salinidade e oxigênio dissolvido. 
A densidade é de 500 a 1000 alevinos/ha e, por isso tem baixa produtividade com cerca 
de 150 a 500kg. 
A produção leva de 12 a 18 meses e não há controle de espécies naturais e predadores. 
Maneiras para aumentar a produtividade 
É possível aumentar um pouco mais a produtividade, aumentando a densidade de 
estocagem para 1000 a 5000 alevinos/ha, fornecendo fontes de alimentação, farelos e 
rações balanceadas, além de utilização de adubos para aumentar a produção de 
alimentos naturais como fitoplânctons e zooplânctons. 
Porém, mesmo com a utilização desses recursos para melhorar a produtividade, esse 
sistema não é muito praticado porque não visa diretamente o lucro, mas sim o lazer. 
Na Região Sul há um tipo de criação de peixes consorciada com suínos, onde trabalha-
se com 30 a 100 suínos (50 animais)/ha de lâmina de água. A produtividade é de 500 a 
2500kg/ha/ano. 
Nesse sistema, o piquete de suínos é construído em cima de represas onde os peixes são 
cultivados e os dejetos dos suínos caem diretamente na água, ajudando no surgimento 
de algas, plânctons (fitoplânctons e zooplânctons) que são alimentos primários 
utilizados por esses animais. 
15 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
A tilápia atinge cerca de 0,4 a 0,7kg em 8 a 12 meses, e a carpa também é utilizada 
para esse tipo de criação. A produção é destinada para feiras locais e pesqueiros. 
Deve-se ter muito cuidado com esse tipo de sistema, principalmente com a sanidade e 
controle de doenças por terem duas ou mais espécies sendo criadas juntas e pela 
utilização de dejetos e restos de ração, além do controle da qualidade da água deste 
sistema. 
Sistema semi-intensivo 
Nesse sistema já há a intervenção do homem na criação, ou seja, utiliza-se rações 
peletizadas e/ou fareladas com 20 – 28% de PB, ocorre a troca de água de 5 – 10% ao 
dia para melhorar essa qualidade. 
A estocagem é de 5000 a 25000 alevinos/ha, ou seja, já se coloca mais animais nesses 
viveiros, com isso se tem uma produtividade mais elevada, em torno de 2500 a 
12500kg/ha. Esse aumento na produtividade está relacionado com a alimentação 
fornecida, que procura atender as exigências nutricionais tanto com os alimentos 
naturais, quanto com a utilização de rações balanceadas. 
Para aumentar os alimentos primários como, algas e plânctons, utiliza-se fertilizantes 
químicos e/ou adubos nas águas. ; 
É feito também a análise da qualidade de água como temperatura, oxigênio dissolvido, 
pH, teor de amônia, nitrito e essa água é renovada para manutenção da sua qualidade. 
Pode ocorrer nesses sistemas de cultivo, animais que apresentem off-flavor, ou seja, o 
peixe com gosto de barro. Isso acontece por ação das cianofíceas, algas azuis, que 
produzem a Geosmina e o 2-metil-isoborneol (MIB). Esses compostos, quando 
ingeridos pelos animais, provocam esse gosto desagradável na sua carne. 
Para diminuir esse sabor, esses peixes são colocados em tanques de alvenaria, 
conhecidos como tanques de depuração, com alta renovação de água para limpar o trato 
digestório desses animais e minimizar o off-flavor. Essa é uma medida eficaz e quem 
vem sendo tomada desde então. 
Adubação inorgânica (química) e a orgânica (estercos) 
Antes de qualquer aplicação o ideal é que se faça a análise do solo para determinar as 
quantidades de nutrientes presentes. A partir desta análise, se faz a aplicação do adubo 
inorgânico ou orgânico nos viveiros de aquicultura. Na adubação inorgânica ou 
química, utilizam-se adubos a base de fosfato e nitratos NPK. Recomenda-se 10kg/ha 
de superfosfato simples juntamente com 44kg/ha de ureia. 
Já a adubação orgânica é a utilização de estercos de bovinos, aves e suínos, que são 
adubos naturais. Essa opção é mais barata, quando comparada ao uso de adubos 
inorgânicos, mas existem diversas vantagens e desvantagens quando comparados. 
16 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Deve-se tomar cuidado com a utilização em excesso de adubos para que não haja a 
eutrofização do tanque, ou seja, um aumento grande da quantidade de algas no viveiro 
acarretando na diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido na água, 
comprometendo a produção. 
Adubos Inorgânicos x Adubos Orgânicos 
A adubação inorgânica é preconizada, uma vez que é necessária uma quantidade muito 
maior de adubo orgânico para chegar aos mesmos resultados conseguidos com a 
adubação inorgânica. 
As vantagens da adubação inorgânica em relação à orgânica são: a quantidade a ser 
utilizada é menor; a quantidade de nutrientes é maior; a liberação desses nutrientes na 
água é imediata; e não consome oxigênio dissolvido na água. Por esses motivos que a 
adubação inorgânica deve ser recomendada preferencialmente, mesmo que o custo seja 
um pouco mais elevado. 
Para fazer a secagem do viveiro deve-se limpar e esvaziar os viveiros quando o ciclo de 
produção dos peixes acabar. Deixa o viveiro secar em torno de 5 dias ao sol, raspar o 
excesso de sedimento do fundo. Recomenda-se fazer também a calagem para melhorar 
o pH antes de realizar a adubação. Quando há a disseminação de doenças esvazia-se o 
viveiro e deve-se aplicar virgem. 
Sistema intensivo 
Neste sistema a intervenção do homem passa a ser direta e necessária. A produção de 
organismos aquáticos neste sistema de produção é maior, entretanto os cuidados quanto 
ao manejo geral também devem ser diretamente proporcionais. 
A densidade de estocagem deste tipo de sistema é de 25.000 a 100.000 alevinos/ha, 
com isso, há maior probabilidade de ocorrer problemas relacionados as doenças porque 
uma maior quantidade de animais por m², favorecerá ao estresse e sua disseminação. 
É feita a adubação química antes de começar a produção. Nesse tipo de sistema não é 
mais feito a adução orgânica, somente a inorgânica, pois ela é mais intensiva e a leva a 
resultados melhores e mais rápidos. Primeiramente deve-se esvaziar o viveiro, fazer a 
calagem quando necessária e adubar para aumentar a população de alimentos naturais e, 
posteriormente, inserir os animais nos viveiros. 
É imprescindível a utilização de ração balanceada peletizada ou extrusada com 32% de 
PB para atingir as exigências nutricionais desses animais. A ração peletizada é aquela 
que passa por um moedor e, ao ser oferecida aos animais afunda na água. A utilização 
dessa ração impossibilita observar se os peixes estão se alimentando, pois a ração vai 
para o fundo e não ficam na superfície. 
A ração extrusada é aquela que boia, tem ar dentro da ração. É melhor, porque o 
produtor consegue observar se os peixes estão se alimentando ou não. 
17 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
A nutrição constitui uma grande parcela dos custos totais de produção, alcançando 
valores na média de 60% destes gastos. A alimentação é feita em torno de 2 a 3 vezes 
ao dia nosadultos. Quando os peixes são pequenos (alevinos) a alimentação é feita em 
torno de 6 a 8 vezes ao dia, porque o trato digestório é de menor tamanho e eles estão 
em fase de crescimento, necessitando de maior quantidade de alimento. 
É importante, além de fornecer uma ração de qualidade e que atenda as exigências 
nutricionais dos animais, que essa ração seja armazenamento corretamente, porque 
senão a sua qualidade será influenciada. Manter as rações em locais arejados e 
protegidos de pássaros, ratos e outros animais, não se deve colocar os sacos de ração 
muito próximos a parede e do chão por causa da umidade, que favorece a proliferação 
de fungos e produção de aflatoxinas que são prejudiciais aos animais. 
Uma maneira de melhorar o nível de oxigenação na água é através da utilização de 
aeradores (2 a 4 CV/ha). Ele deve ser usado nos horários mais críticos do dia e alguns 
produtores adotam a utilização dos aeradores à noite ou na madrugada, quando os 
níveis de oxigênio estão mais baixos. 
Os aeradores podem ser de pás (superficiais) e difusores que são mais fundos e podem 
remover sedimentos. Deve-se evitar utilizar os tipos difusores em viveiros muito rasos. 
A troca de água nesse sistema é mais frequente, de 10 - 35% ao dia para que haja a 
renovação e manutenção da qualidade dessa água. Além disso, deve-se medir os 
parâmetros de qualidade de água como temperatura, oxigênio, pH, alcalinidade, dureza 
(íons dissolvidos), níveis de amônia, nitrito e nitrato periodicamente e ter anotações em 
planilhas para melhor organização. A medição da temperatura deve ser feita de manhã e 
a tarde, para se ter noção da temperatura mínima e uma máxima do dia. 
Um recurso adotado para avaliar a transparência da água é a utilização do disco de 
Secchi, que nada mais é que uma tampa de metal com 4 quadrantes, 2 pretos e 2 
brancos. Esse disco é colocado na água dos viveiros até que ele desaparecer. O ideal é 
que esse disco desapareça em torno de 30 - 50cm de profundidade. Quando esse disco 
desaparece antes de chegar nos 30 cm de profundidade, significa que a água está muito 
escura e ela precisa ser renovada. Já quando o disco demora a desaparecer, a mais de 60 
cm de profundidade, essa água está muito clara, isso também não é o ideal. Essa 
avaliação é feita, geralmente, após alguns dias da adubação. 
Sistema superintensivo 
Esse sistema é praticado em estufas, tanques em “V”, que é para a produção é em 
regiões mais frias ou em raceways, aonde a troca de água é constante. A utilização 
desses raceways vem diminuindo, uma vez que o gasto com água é muito grande e isso 
é um problema ambiental. 
Pode ser feito junto do cultivo a aquaponia, ou seja, a produção de hortaliças junto com 
a produção de peixes. Esse consórcio funciona como um sistema fechado e dinâmico 
18 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
onde os resíduos dos peixes servem de nutrição para as plantas, e estas, por sua vez, 
filtram a água devolvendo-a em boas condições para os peixes crescerem 
saudavelmente. 
A intervenção do homem é direta e completamente dependente, uma vez que eles 
dependem da ração, não tendo alimentos naturais. A ração é extrusada, completa e 
balanceada deve ser empregada neste sistema, pois é o único tipo de alimentação desses 
animais. 
Não há adubação neste sistema, porque a troca de água é constante e não dá tempo de 
ter formação de alimentos naturais. O custo da produção é mais elevado, uma vez que é 
um sistema mais fechado, completamente dependente do homem e de alimentação, por 
exemplo. 
Por ser um sistema com maior adensamento dos peixes, o estresse é muito maior, além 
de ser mais susceptível a disseminação de doenças. 
A qualidade da água é melhor na superfície. O normal é não ver os peixes, só os ver na 
hora da alimentação. Se os peixes estiverem muito na superfície significa que há baixa 
quantidade de oxigênio na água ou parasitose. 
Controle de desempenho zootécnico 
Deve-se fazer biometrias periódicas para ter controle da produção. É importante saber o 
seu ganho de peso diário e total, seu consumo diário e total de ração, sua taxa de 
crescimento, conversão alimentar e, principalmente, anotar essas informações. A 
biometria deve ser feita, pelo menos, de 2 em 2 meses, para caso tenha algum problema, 
ele seja resolvido a tempo. 
Monitoramento da qualidade da água é sempre importante, quantidade de oxigênio 
dissolvido, temperatura, pH, tudo influencia no desenvolvimento desses animais e, por 
ser um sistema superintensivo, o cuidado é muito maior. 
Além dessas anotações do desenvolvimento dos peixes que já estão no cultivo, é muito 
importante também ter anotação rotineira da entrada dos animais no local, de qual 
propriedade esses animais vieram para ter um controle desses novos animais na 
propriedade. 
Cuidados a serem tomados 
Água de abastecimento deve ser de local confiável, sem contaminação. No local de 
entrada e saída da água deve ter um filtro para impedir a entrada de outros tipos de 
organismos, matéria orgânica, folhas. 
Saber a procedência de ovos, larvas e alevinos é imprescindível, pois o custo de 
investimento é grande e a partir da boa qualidade deles que o produtor terá seu lucro. 
19 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Fazer a quarentena desses animais que estão chegando na produção para evitar a entrada 
e propagação de doenças também é muito importante. 
A manutenção da qualidade da água, como já citado anteriormente, é muito importante 
para o bom desenvolvimento desses animais e deve ser medida diariamente ou 
semanalmente. 
A dieta desses animais deve ser completa e balanceada, principalmente neste sistema 
superintensivo onde a ração é a única fonte de alimento. 
Cuidados com o armazenamento das rações, pois não adianta a ração ser de excelente 
qualidade se ela é estocada em locais úmidos que favorecem o crescimento de fungos, o 
que compromete o uso desta ração. 
A densidade de estocagem deve ser respeitada e adequada para este tipo de sistema de 
produção, porque o estresse e disseminação de doenças será maior se esses animais 
estivessem muito adensados. 
No fim de cada ciclo de produção os viveiros devem ser preparados e desinfectados, 
quando necessário, para que um novo ciclo recomece. 
Deve-se evitar a entrada de outros animais para não ter contaminação cruzada entre as 
espécies. Retirar os peixes mortos diariamente, pois eles são focos de infecção. Isolar os 
peixes moribundos e levar ao laboratório especializado para diagnóstico. 
Fazer a mínima manipulação possível dos peixes e, quando for necessário, fazer a 
manipulação com os animais em jejum. Deixar 24h em jejum para manipular para que 
ele fique menos estressado. O jejum é importante quando se está transportando os 
animais, ele feito em sacos plásticos ou caixas de transporte, ficam geralmente muito 
adensados e isso evita que eles defequem e prejudiquem a qualidade da água. 
Evitar o transporte e o manejo em épocas frias porque os peixes são pecilotérmicos, ou 
seja, sua temperatura corporal varia de acordo com a temperatura da água. Com a água 
em baixa temperatura, o animal abaixa o metabolismo, consequentemente o sistema 
imunológico vai estar mais lento, o animal vai estar mais susceptível a doenças. 
Assepsia dos equipamentos e utensílios usados para evitar a transmissão de doenças, 
também é importante. Se é utilizado um manejo de arrasto num viveiro, o ideal é que 
essa rede de arrasto seja utilizada somente naquele viveiro. Deve-se deixar a rede secar 
ao sol, colocar em solução desinfetante para que ela seja usada em outros viveiros. 
O Certificado ictiosanitário, que autentica a sanidade dos animais, e o programa de 
vacinação é da responsabilidade do veterinário e deve ser empregado nos sistemas de 
produção mais intensificados. 
 
 
20 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Sistemade produção aquícola 
Quanto mais intensifica a produção, mais susceptível os animais ficam as doenças. 
A base no sistema intensivo é sempre maior do que no extensivo porque as necessidades 
no intensivo são maiores como aeração, troca de água, produção, entre outros, como 
mostra a figura abaixo:. 
Figura 1: Principais diferenças biológicas/ambientais entre sistemas de produção 
extensivo, semi-intensivo e intensivo 
 Fonte: Delma Machado Cantisani Padua – Fundamentos de piscicultura, 2001 
 
 
 
 
21 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
3 Cultivos de peixes nativos brasileiros 
Introdução 
A nossa fauna é representada por um grande número de espécies de peixes. A pesca 
extrativista ainda é a maneira de se conseguir esses peixes nativos e mandá-los para o 
mercado consumidor, mas vem decrescendo a sua produção a cada ano, uma vez que 
tem diminuído o estoque pesqueiro nos rios e, por isso, preconiza-se que essa 
exploração seja com espécies exóticas e nativas de potencial para criação em cativeiro. 
A criação de espécies nativas só foi levada a diante através da descoberta da reprodução 
induzida, que tornou possível a produção de larvas e alevinos, posteriormente. Graças a 
reprodução induzida hoje consegue fazer a criação da maioria das espécies de peixes. 
Existem alguns peixes que fazem piracema, ou seja, quando os peixes sobem os rios até 
suas nascentes para desovarem e, no cultivo, esses animais ficam impossibilitados de 
manifestarem seus comportamentos naturais. O fenômeno acontece todos os anos, 
coincidindo com o início do período das chuvas, entre os meses de novembro e 
fevereiro. 
Ainda existem alguns problemas com o cultivo desses peixes, como, por exemplo, 
maior dificuldade na criação dos peixes carnívoros, uma vez que possuem elevado 
canibalismo na fase larvar. Com isso, alguns adquirem as larvas através da natureza, da 
pesca extrativista, não sendo possível ainda a sua criação em cativeiro. 
Em épocas de chuva é proibida a pesca extrativista porque eles estão fazendo a 
reprodução. As restrições da pesca durante o período da piracema têm como objetivo 
garantir que os peixes nativos da região possam procriar em seu período de reprodução. 
O período de piracema é fundamental para a reposição das espécies que vivem nos rios, 
barragens e represas do estado. 
Características gerais dos peixes nativos 
Esses peixes possuem uma carne de excelente qualidade, proteína altamente digestível e 
por isso são de boa aceitação no mercado consumidor. Por ter todas essas 
características, eles possuem um valor comercial elevado. 
As espécies da nossa fauna possuem uma característica importante que é a sua elevada 
participação na pesca esportiva. A larvicultura desses animais é complicada e precisa de 
mais estudos, principalmente quando se fala em peixes carnívoros, que apresentam 
elevado canibalismo nesta fase. 
22 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Outra grande dificuldade é a produção contínua e escalonada durante o ano inteiro 
desses peixes. A técnica da reprodução induzida já está dominada para a maioria das 
espécies de peixes. 
Dentre as espécies nativas pode-se destacar os peixes redondos cujo seu crescimento 
nos últimos anos está em média de 26,7%. A tilápia é o maior peixe produzido de água 
doce, porém a tilápia é um peixe exótico, assim como a carpa e a truta. 
No Brasil, cerca de 32% das espécies cultivadas são espécies nativas e 64% são espécies 
exóticas. As espécies exóticas ainda constituem a maior produção nacional de peixes, 
principalmente por causa da criação da tilápia do Nilo, uma vez que o conhecimento 
desta espécie em relação ao seu proceso produtivo esteja em partes dominado, 
principalmente quando comparados aos peixes nativos. 
Principais espécies nativas do Brasil 
Pacu (Piaractus mesopotamicus) 
É o principal peixe produzido pelo Brasil e é encontrado na Bacia do Prata. Possui 
cabeça relativamente pequena, corpo arredondado com escamas bem minúsculas, duas 
fileiras de dentes que ajudam na apreensão do alimento. Exigem uma temperatura mais 
elevada para seu cultivo. 
Hábito alimentar 
Possui hábito alimentar onívoro, mas também é frugívoro. Possui crescimento 
significativo, valor comercial elevado e adaptaram-se bem a alimentação artificial. É 
muito produzido na região Sudeste e Centro-Oeste também. 
Reprodução 
Esse animal não apresenta dimorfismo sexual e sua definição de machos e fêmeas é 
feita na época da reprodução com a observação de algumas características. As fêmeas 
quando preparadas para a reprodução apresentam o seu ventre mais abaulado, papilas 
mais avermelhadas, mais inchadas. Faz-se uma leve pressão em sentido cranial-caudal 
para que libere alguns óvulos, que possuem cor amarelada. Nos machos se faz uma 
massagem ventralmente, também no sentido cranial-caudal e é observada a saída de 
esperma da papila genital, que possui cor esbranquiçada. 
Suas larvas são obtidas facilmente através da reprodução induzida. A indução da 
reprodução pode ser feita com extrato hipofisário ou hormônios sintéticos. O extrato 
hipofisário tem que ser retirado na época de reprodução porque é nessa época que a 
hipófise tem uma concentração maior de hormônios reprodutivo. 
Na época das chuvas, os animais são separados e os que estão aptos são levados para o 
laboratório de reprodução, sendo pesados e acondicionados em tanques pequenos para 
que se possa fazer a reprodução induzida. 
23 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
O método utilizado é: nas fêmeas se faz 2 dosagens, uma de 0,5 a 1 mg/kg por peso do 
animal na 1ª dosagem. Na 2ª dosagem, que é feita 12 horas após a primeira, coloca-se 5 
mg/kg; nos machos vai fazer uma aplicação no momento da 2ª dosagem na fêmea. Após 
a 2ª dosagem, os animais são colocados de volta nos tanques de reprodução e aguarda o 
momento certo para realizar a extrusão dos ovos e espermatozoides, que vai depender 
da média da hora grau, ou seja, o somatório das temperaturas medidas de hora em hora. 
Para cada espécie de peixe já foi determinado a hora grau, ou seja, quando os animais 
estão aptos a realizar extrusão e reprodução artificial. 
Ao homogeneizar esses ovócitos com os espermatozoides deve-se evitar a formação de 
grumos. Após a homogeneização, esses ovos são hidratados, por meio da lavagem dos 
óvulos, 3 a 5 vezes antes de levá-los para a incubadora. Deve-se tomar cuidado para que 
essa água não incida diretamente nos ovos, para não lesioná-los. Esses ovos são levados 
até a incubadora onde haverá a eclosão. 
A reprodução é feita na época das chuvas com temperatura elevada e fotoperíodo longo 
que são necessários para o sucesso desse método. 
Sistema de produção 
Um dos sistemas mais usados é o extensivo com período de criação em torno de 18 a 24 
meses. Utiliza-se baixa taxa de arraçoamento, terminando os animais com 1 a 1,5 kg de 
peso vivo. 
No sistema semi-intensivo é preciso fazer a análise da qualidade da água, correção do 
solo, quando necessário e adubação para produção de plânctons para sua alimentação. 
Alimentação e exigências nutricionais 
A exigência dele não é tão grande, cerca de 28% de proteína bruta (PB). Quando 
alevinos a concentração de proteínas podem ser maiores (36 - 42% de PB) já que o 
animal está em crescimento. Já na fase de engorda, em torno de 28% de PB. 
A dieta balanceada pode ser fornecida a lanço, em comedouros tipo cocho ou mecânico, 
sendo usada a ração extrusada, fornecida pelo menos duas vezes ao dia, na proporção de 
3 a 5% da biomassa total na fase de engorda. 
Tambaqui (Colossoma macropomum, CUVIER) 
É dócil e se desenvolve rapidamente em cativeiro. É um peixe de piracema, nativo da 
Bacia Amazônica. São bastante parecidos com os pacus. São peixes redondos e crescem 
mais ou menos 1 kg por ano. Com 2 anos já consegue atingir a maturidadesexual 
desses animais e com 3 anos faz a reprodução. 
Possui um mercado forte na região Norte e Centro-Oeste. 
Hábito alimentar 
É um peixe onívoro e se alimenta de frutas, sementes, crustáceos e etc. Adpataram-se 
facilmente à alimentação artificial com ração. 
24 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Reprodução 
A reprodução induzida é bastante fácil de ser feita, assim como citada no pacu. Tem 
mercado muito importante, principalmente na região Norte porque esse peixe precisa de 
temperaturas mais elevadas para ser cultivado. 
Não tem dimorfismo sexual, assim como o pacu. Na época da reprodução se faz um 
arrasto no viveiro para adensar os peixes e cada animal é observado ventralmente para 
separação dos sexos, como já explicado acima. 
Tambacu e Paqui 
Do pacu e do tambaqui surgiram outras espécie (o nome da fêmea vem sempre na 
frente). 
O Tambacu é do cruzamento da fêmea do Tambaqui com o macho do Pacu. E o Paqui é 
do cruzamento da fêmea do Pacu com o macho do Tambaqui. 
Esss animais são híbridos e foram formados para tentar desenvolver peixes mais aptos, 
para melhorar o desenvolvimento na piscicultura, principalmente em relação aos 
parâmetros de desempenho produtivo. Essas espécies hibridas não foram muito para 
frente, principalmente o paqui. Foi observado que as espécies puras na mesma idade 
que os peixes híbridos, apresentavam desenvolvimento muito maior. 
Suas características estão relacionadas às características dos seus pais. Possuem ganho 
de peso bom, boa conversão alimentar e também é um peixe arredondado. 
Hábito alimentar 
Possui hábito alimentar onívoro, assim como seus pais, e também se adaptaram bem a 
alimentação artificial. 
Reprodução 
Em relação à hibridização, a grande questão é se esses animais vão conseguir se 
reproduzir naturalmente na natureza caso eles, por algum descuido, consigam sair da 
piscicultura e irem para um rio. A preocupação é se eles vão predar os peixes nativos da 
região. 
Eles são ovulíparos, ou seja, fazem incubação externa e reprodução também. São peixes 
que fazem piracema e seu período reprodutivo é na época das chuvas. É possível fazer a 
reprodução induzida desses animais em cativeiro. 
Sistema de produção 
Esses dois peixes, tambaqui e pacu, conseguem ser trabalhados nos mais diversos 
sistemas de produção, vai desde o sistema extensivo até o sistema superintensivo. Sendo 
assim, seus híbridos também acompanham essa característica. 
25 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Alimentação e exigências nutricionais 
Precisam de alimentos naturais na sua fase inicial como zooplânctons, fitoplânctons, 
assim como outros peixes. Quando não tem na natureza, quando trabalha-se em 
cativeiro esses alimentos naturais são conseguidos através da adubação orgânica ou 
inorgânica. Normalmente se faz a adubação uma semana antes de colocar os alevinos 
nesse viveiro para que a água se enriqueça com esses microrganismos e sirva de 
alimento para as larvas e alevinos. 
Depois são fornecidos os alimentos inertes, tanto o tambaqui, quanto o pacu e seus 
híbridos não tem problema com a aceitação de ração comercial. A granulometria é 
fundamental, ela deve ser do tamanho da boca dos peixes, para que a sua alimentação 
seja realizada corretamente e esse animal consiga ganhar peso. 
Após a absorção do saco vitelino esses animais já podem ser alimentados com ração, 
com peletes pequenos, do tipo ração farelada. 
Tanto o tambaqui quanto o pacu tem exigências nutricionais de 28% de PB quando 
adultos. Os jovem precisam cerca de 36 - 40% de PB porque eles necessitam de um 
nível de proteína mais elevado para o seu crescimento. 
A taxa de arraçoamento varia de acordo com o total de animais, é em torno de 3% da 
biomassa total nos adultos e nos alevinos é cerca de 8 - 10% da biomassa total. 
Deve-se fazer o somatório do peso de todos os animais, ou recolher amostras e fazer 
estimativas se forem muitos animais, retirar a porcentagem desse total e esse valor vai 
ser a quantidade de ração que deverá ser dada por dia para esses animais. No caso dos 
alevinos, que devem ser alimentados com maior frequência por dia, esse valor vai ser 
dividido de acordo com a frequência alimentar, que é cerca de 6 - 8 vezes ao dia. Já no 
caso dos adultos é de 2 - 3 vezes ao dia. 
Curimba (Prochilodus lineatus) 
Também chamado de papa-terra, curimbatá. Possui uma boca protáctil, ou seja, 
projetada para frente. É um peixe que se alimento dos detritos do fundo, ele projeta o 
lábio dele na superfície do sedimento nas camadas mais profundas. É um peixe 
alongado com escamas, mas sua maior característica é o lábio. É um animal dócil, 
rústico, com elevada taxa de crescimento e aceita ração com facilidade. 
Hábito alimentar 
É um peixe detritívoro ou iliófago, portanto ele se alimenta de sedimentos do fundo do 
viveiro. Ele possui baixo valor comercial por causa do gosto e cheiro de barro na sua 
carne, que é denominado off-flavor. Sendo assim, ele precisa passar por um tanque de 
depuração por 2 a 3 dias para que seu trato digestório seja limpo, e depois ser enviado 
para o comércio. Cresce em torno de 1 kg/ano. 
26 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Off-flavor – peixes são colocados em um tanque de depuração, tanques de alvenaria 
com alto fluxo de água por 2 a 3 dias para limpar o trato digestório e o animal apresente 
menor gosto de barro. 
Reprodução 
É uma espécie reofílica, ou seja, que faz piracema. Em cativeiro é possível fazer a sua 
reprodução induzida facilmente. 
Tem elevada prolificidade, mas as suas larvas têm valor de mercado baixo e, por isso, 
são utilizadas para alimentar os peixes carnívoros de mais alto valor comercial. Servem 
também como fonte de hipófises para serem usadas na reprodução induzida de outras 
espécies de peixes. 
Sistema de produção 
Esta espécie pode ser trabalhada nos vários sistemas de produção, porém o que se 
observa geralmente que em sistemas mais intensificados prefere-se a utilização de 
peixes de maior valor comercial. Geralmente eles são utilizados em sistema de 
consórcio com outros peixes ou também para alimentação de peixes carnívoros. 
Em Santa Catarina, por exemplo, algumas pisciculturas trabalham no consórcio peixes 
com suínos. Neste tipo de sistema, várias espécies de peixes são colocadas no mesmo 
viveiro com o intuito de atingir todas as cadeias tróficas dentro do viveiro, dentre elas o 
curimba que se alimenta do sedimento dos viveiros. 
Alimentação e exigências nutricionais 
Como todo peixe, precisa de alimentos naturais nas fases iniciais da criação, ou seja, nas 
fases larval e de alevinagem. Estes animais se alimentam facilmente com ração 
comercial. 
O curimba possui exigência de 26 - 28% de PB na fase adulta. No geral, os peixes com 
hábito alimentar onívoros aceitam facilmente rações trabalhadas com proteína bruta de 
origem vegetal e animal. 
Piapara (Leporinus obtusideus) e Piavuçu (Leporinus macrocephalus) 
Pertencem ao gênero Leporinus e são espécies amplamente preconizadas para a 
piscicultura, principalmente nos estados da região Sudeste e Sul do Brasil. Apresentem 
bom ganho de peso, cerca de 800g – 1 kg/ano, e boa conversão alimentar, sendo 
também valorizadas para a pesca esportiva. 
Hábito alimentar 
Também é um animal com hábito alimentar onívoro. 
Reprodução 
Também são espécies de piracema, mas é possível fazer a sua reprodução induzida em 
cativeiro por meio da utilização do extrato hipofisário. Ele não possui valor comercial 
27 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
muito grande, seu valor comercial é geralmente intermediário ao do pacu e do curimba, 
mas é usado para pesca esportiva porque é um peixe brigador. 
Sistema de produção 
Estas espécies podem ser criadas nos mais diversos sistemas de produção, assim como 
os já citados anteriormente. Possui crescimentode 1 kg/ano, peso comercial em que 
geralmente são abatidos. 
Tem uma carne de boa qualidade e um mercado consumidor considerável. 
Alimentação e exigências nutricionais 
Como os anteriores, também precisam de alimentos naturais na fase larval e de 
alevinagem. Aceitam bem os alimentos inertes na fase adulta. 
Alguns produtores jogam resto de frango, resíduos de subprodutos agrícolas no viveiro, 
mas pode estar disseminando algum tipo de doença. É ideal que forneçam rações 
balanceadas para atender as exigências nutricionais desses animais. Suas exigências 
estão em torno de 26 - 28% de PB. 
Piracanjuba (Brycon orbignyanus) e Matrinxã (B. cephalus) 
São espécies bastante predadoras e são utilizadas para pesca esportiva também. 
Matrinxã é da bacia amazônica e o Piracanjuba da bacia no Paraná-Uruguai. 
Hábito alimentar 
Possui hábito alimentar carnívoro, diferente de todos citados até o presente momento. 
Esses peixes apresentam um canibalismo muito grande nas fases iniciais. Peixes 
estressados requerem maiores cuidados. A taxa de mortalidade é grande quando se faz o 
manejo inadequado desses peixes, justamente por serem bastante estressados. 
A biometria desses animais deve ser feita rapidamente para que o estresse seja o menor 
possível, evitando a mortalidade desses peixes. 
Reprodução 
São espécies reofílicas, e também fazem reprodução induzida em cativeiro. Todos os 
peixes até agora fazem reprodução induzida em cativeiro. 
A maturação sexual desses peixes está em torno de 2 a 3 anos de idade e depois desse 
período pode utilizá-los para a reprodução. 
Sistema de produção 
Estas espécies podem ser utilizadas nos mais diferentes tipos de sistema de produção. 
No sistema semi-intensivo coloca-se cerca de 1 - 2 peixes/m². Esses peixes quando 
larvas e alevinos são muito vorazes. 
Possui elevado índice de canibalismo sendo este um grande entrave na época da 
larvicultura e alevinagem. Se não for feita uma adubação adequada, uma alimentação 
balanceada, pode ocorrer o canibalismo entre eles e a produção de larvas cai para 50%. 
28 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Geralmente utilizam-se larvas de outras espécies para sua alimentação, ou até mesmo a 
artemia (micro crustáceo) para a alimentação de larvas de valor comercial bastante 
elevado. 
Outra possibilidade dentro de sistemas de produção mais intensificados é o 
condiocionamento alimentar dos alevinos dos peixes carnívoros com a introdução 
gradativa do alimento inerte (ração comercial). 
Alimentação e exigências nutricionais 
Mesmo tendo hábito alimentar carnívoro, necessita como as outras espécies da 
alimentação natural nas primeiras fases de larvas e alevinagem, que por sinal, é a fase 
mais complicada do cultivo. 
Quando se trabalha com peixes carnívoros, os alevinos não têm uma aceitação imediata 
com relação à ração comercial. É necessário fazer treinamento alimentar desses animais 
em laboratório na larvicultura intensiva. 
Este treinamento alimentar pode ser realizado de várias formas e necessita de maiores 
estudos para a mais diferentes espécies carnívoras. Geralmente este condicionamento 
alimentar inicia-se com a utilização de um produto cárneo, sendo gradativamente 
substituído por ração comercial de qualidade e alto valor nutricional. 
Sua exigência nutricional ainda não está muito bem definida por falta de estudos, mas 
recomenda-se o que se emprega nas pisciculturas comerciais é uma ração comercial que 
tenha em torno de 42 - 46% de PB. Por serem carnívoros, esses animais necessitam de 
maior quantidade de proteína bruta na sua alimentação proteínas de alta digestibilidade 
e de preferência de origem animal. 
Manejo de produção 
Nesse caso, por ser um peixe carnívoro e com alto índice de canibalismo, deve-se tomar 
cuidado com a desuniformidade do lote. Sendo assim, deve-se separar os peixes maiores 
dos peixes menores. 
Dourado (Salminus maxiliosus) 
É um peixe de valor comercial bastante elevado. Tem coloração amarela-dourada, com 
reflexos prateados e está distribuído por toda Bacia do Prata. É utilizado para pesca 
esportiva por ser considerado um peixe agressivo. 
Hábito alimentar 
Possui hábito alimentar carnívoro e, como na espécie anterior, possui problemas com o 
canibalismo nas fases mais jovens de cultivo. 
Reprodução 
São espécies reofílicas, ou seja, fazem piracema, sobem a correnteza para se reproduzir. 
É possível fazer a sua reprodução em cativeiro, mas a grande complicação, além da 
29 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
larvicultura, é que esses peixes são muito estressados, muitas vezes eles não aguentam o 
estresse de manejo na reprodução e acabam morrendo depois de 2,3 dias. 
O estresse é tão elevado que o sistema imunológico cai severamente. Por esse motivo, 
esses peixes são usados apenas uma única vez na reprodução. Isso é ruim quando se fala 
em uma piscicultura comercial porque a renovação do cultivo deve ser constante. 
Sistema de produção 
Em relação ao sistema de produção, hoje ainda se trabalha muito no sistema semi-
intensivo. O que se observa em algumas pisciculturas intensivas que começaram a 
produzir esse tipo de peixe, que quando eles chegaram em torno de 50 a 100g eles não 
conseguem crescer mais e ainda não se sabe o porque disso. Provavelmente está 
relacionado com a nutrição. 
Lembrar que peixes carnívoros necessitam de uma ração com maior nível de proteína, 
em torno de 42-46% de PB. E mesmo colocando essa quantidade, muitas vezes ainda 
não estão conseguindo desenvolver o dourado para venda direta. 
O pouco que se consegue é jogado em pesque-pague ou no sistema extensivo. Muitas 
vezes os reprodutores são tirados da natureza e, para isso, os produtores devem pedir 
autorização do IBAMA para fazer a reprodução induzida neles. 
Alimentação e exigências nutricionais 
Com relação aos alimentos naturais, a artemia é fundamental e os alimentos naturais 
também. Não é porque eles são carnívoros que não precisam de alimentos naturais, 
muito pelo contrário, eles também necessitam. Os alimentos naturais acabam atendendo 
as exigências nutricionais no inicio da vida desses peixes, a partir do momento que eles 
se tornam alevinos, os alimentos naturais não serão mais suficientes. Os peixes 
carnívoros não conseguem mais filtrar depois de certa idade. 
Em relação a ração, quando se trabalha com peixes carnívoros, eles não tem uma 
aceitação tão boa à ração comercial. Por isso, recomenda-se fazer o treinamento 
alimentar, já citado anteriormente. 
Quanto a sua exigência nutricional, é importante lembrar que é um peixe carnívoro, e 
necessita ainda mais de proteína. Para isso, utilizam-se rações com alto valor de 
proteína. Hoje a melhor fonte de proteína é a farinha de peixe, um ração com maior 
concentração de farina de peixe é uma ração de melhor qualidade, porém isso aumenta o 
custo de produção. 
Manejo de produção 
O manejo alimentar nessa espécie é de grande importância, pois são animais que 
praticam canibalismo e são muito estressados. Como são peixes carnívoros que 
promovem o canibalismo o ideal é que de 15 em 15 dias ou semanalmente, 
principalmente no início da produção, promova a homogeneização dos lotes, separando-
os por tamanho. Deve-se fragmentar o máximo possível a alimentação desses animais, 
fracionar o alimentos várias vezes ao dia, ajuda na diminuição desse comportamento. 
30 
 
Bruna Guimarães Rangel – Apostila de Aquicultura - 2013 
 
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e Cachara (P. fasciatus) 
São considerados peixes de couro, não apresentando escamas. Possui carne de excelente 
qualidade e é uma das melhores carnes que se tem de água doce, porque tem poucas 
espinhas e podem ser vendidos tanto em postas, quanto inteiros. 
Pintado, cachara e dourado tem altos valores comerciais e vale a pena o custo maior na 
alimentação com artemia. São produzidos no Centro-Oeste como peixe

Continue navegando