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Escola Estadual de
Educação Profissional - EEEP
Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Curso Técnico em Aquicultura
Aquicultura 1
Governador
Vice Governador
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Cid Ferreira Gomes
Francisco José Pinheiro
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Coordenadora de Desenvolvimento da Escola
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs
Thereza Maria de Castro Paes Barreto
UNIDADE I – INTRODUÇÃO À AQUICULTURA
A Aquicultura é a atividade que realiza o cultivo de organismos aquáticos, incluindo, a
piscicultura, carcinicultura, ranicultura e outras. É considerada uma metodologia antiga de
criação de insumos aquáticos em tanques ou em cercados no ambiente natural, que tem
crescido muito no Brasil.
Segundo Vinatea & Muedas (1998), esta pode ser considerada uma das alternativas
para enfrentar o desafio socioeconômico que ocorrerá no país no próximo século, desde que
preparada para atender às autênticas necessidades da realidade aonde a tecnologia vir a ser
aplicada.
1. Considerações gerais sobre a prática da aquicultura no Brasil e no mundo.
A procura por produtos pesqueiros cresce mundialmente, superando a oferta, o que vem
provocando manutenção e até mesmo a elevação de preço de vários pescados, notadamente
dos oriundos da pesca extrativista. As principais razões para o incremento do consumo são: o
incremento populacional, o aumento de renda, principalmente das classes médias emergentes
de países em desenvolvimento e os cuidados com a saúde, no primeiro mundo.
A disponibilidade média de peixes por pessoa vem diminuindo anualmente e a demanda
atual já não pode ser satisfeita. Uma vez que o consumo per capita nos países desenvolvidos
está estabilizado em torno de 20 a 25 kg ao ano, nos países em desenvolvimento esse
consumo vem crescendo muito. Passou de 9 kg/habitante/ano, em 1980, para 15 kg em 2000.
Uma das exceções foi o Brasil, onde o consumo seguiu estabilizado em cerca de 7
kg/habitante/ano, bem abaixo dos 12,0 kg recomendados, pela Organização Mundial da Saúde
- OMS. 
O mapa abaixo expõe as faixas de consumo por região do planeta.
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Figura 1 - Consumo per capita de pescado em nível mundial (adaptado de http://www.fao.org/).
1.1.1 Produção Mundial
O último relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(FAO) indica que, em 2004, 25% dos recursos pesqueiros mundiais estavam superexplorados
ou esgotados (17% super explorados, 7%, esgotados e 1% se recuperava do esgotamento) e
que 52% vinham sendo explorados no seu nível máximo. Isso significa que três quartos dos
recursos pesqueiros do mundo encontravam-se ameaçados, o que significa que eles não
possibilitam um incremento sustentável de suas capturas.
O relatório também ressalta que, em níveis mundiais, a aquicultura segue crescendo
mais rapidamente que qualquer outro setor de produção de alimentos de origem animal, numa
taxa média anual continuada de crescimento, desde 1970, de 8,8% ao ano. Enquanto os
demais sistemas de produção terrestre de proteína animal (suinocultura, bovinocultura,
ovino/caprinocultura e avicultura) cresceram, no mesmo período, uma média anual de 2,8% e
a pesca de somente 1,2%.
1.1.2 Produção no Brasil.
De cerca de um milhão de toneladas de pescado produzidas pelo Brasil em 2004, mais
de 260 mil toneladas vieram da aquicultura, ou seja, se comparadas as 48,9 milhões toneladas
da China, vemos que ainda há muito espaço para crescer. 
AQUICULTURA - Aquicultura I 2
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Dentre as vantagens comparativas que colocam o Brasil em situação privilegiada para
se tornar um grande produtor mundial no mercado do pescado citamos:
 Sua costa marítima de 8,4 mil quilômetros;
 Possuir a maior reserva (13% de toda a água doce superficial do planeta) do mundo;
 Dispor de reservatórios hidrelétricos que alagam 5,5 milhões de hectares e podendo ser
utilizados pela pesca e aquicultura em tanques- rede;
 Dispor de mão de obra e terras baratas e em grande quantidade, para a construção e
operação de viveiros escavados;
 Ser líder mundial e/ou país mais competitivo do mundo na produção de carnes suína, de
frango e bovina;
 Possuir abundância de grãos e fábricas para produção de rações de organismos aquáti-
cos;
 Dispor de ótimas condições climáticas para a criação de pescado, com a possibilidade
de produção durante os 365 dias do ano.
Nos últimos oito anos com estatística oficial publicada houve crescimento tanto da pesca
extrativa quanto da aquicultura brasileira. A Tabela abaixo mostra a produção total (t)
participação relativa (%) da pesca extrativa e da aqüicultura em águas marinhas e continentais,
1998 - 2004.
Fonte: IBAMA/DIFAP/CGREP, 2005.
A aquicultura é um setor que pode render excelentes frutos do ponto de vista do
desenvolvimento econômico através do aproveitamento de áreas de baixa ou nula aptidão
agrícola e pela agregação de valor à produção nacional de grãos. Dessa forma pode
desempenhar um papel importantíssimo na inclusão social de milhares de trabalhadores, pois é
uma atividade altamente demandadora de mão de obra, cerca de duas vezes superior a
fruticultura irrigada, e de micro e pequenos proprietários rurais e pescadores.
AQUICULTURA - Aquicultura I 3
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
1.2 Histórico e importância econômica da Aquicultura
Apesar do seu histórico milenar, a atividade aquícola e pesqueira mundial apresentou
seu grande progresso produtivo somente a partir de meados do século passado. No caso da
pesca extrativa, a produção mundial teve seu avanço a partir da década de 1950 com a
evolução da tecnologia de captura e dos métodos de conservação e processamento do
pescado. No caso da aquicultura esse avanço foi mais recente, notoriamente nas últimas
décadas do século XX, com o desenvolvimento do cultivo de inúmeras espécies marinhas e de
água doce.
De uma forma geral, a produção mundial de pescado vem apresentando taxas de
crescimento nos últimos 50 a 60 anos. Entretanto, comparando individualmente, vemos que a
pesca extrativa tem apresentado uma tendência de decréscimo ou quase nenhum crescimento
desde os anos 1990. Neste mesmo período, a aquicultura, atividade mais recente, vem
evoluindo vertiginosamente, garantido um aumento geral na oferta de pescado mundial.
A aquicultura moderna está embasada em três pilares: a produção lucrativa, a
preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Os três componentes são
essenciais e indissociáveis para uma atividade perene.
A produção deve ser encarada como um processo que envolve toda a cadeia produtiva,
visto que cada elemento que a compõe tem seu papel, razão pela qual qualquer elo fraco
limitará o desenvolvimento da atividade. Assim, a aquicultura pode ser uma grande alavanca de
desenvolvimento social e econômico, pois possibilita o aproveitamento efetivo de recursos
naturais locais e gera riqueza, com a formação de novos nichos econômicos, promovendo
oportunidade para investimentos externos. Além disso, cria postos de trabalho assalariado ou
auto-emprego, melhorando a qualidade de vida da população local, com ganhos significativos
para a economia regional e nacional.
A atividade, no entanto, deve ser bem planejada, considerando as características das
comunidades das áreas em que for implantada, harmonizando, assim, o processo produtivo
com a culturalocal, bem como considerando a preservação ambiental como parte do processo
produtivo. Não se pode conceber o desenvolvimento de técnicas de manejo, para aumentar a
produtividade, sem uma avaliação prévia dos impactos ambientais produzidos.(BORGHETTI e
OSTRENSKY, 2000; VALENTI, 2000).
A importância econômica da aquicultura no mundo é referendada pelo constante e
expressivo crescimento de sua produção, que, em 1997, atingiu 36,05 milhões de toneladas,
dos quais, 52,8% são de peixes, 24,5% de algas, 18,3% de moluscos, 4,1% de crustáceos e
AQUICULTURA - Aquicultura I 4
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0,3% de outros organismos. O valor dessa produção atingiu US$ 42.318.054,00, sendo 54,9%
correspondente a peixes, 17,4% a camarões, 13,8% a algas, 12,9% a moluscos e apenas 1%
aos demais organismos (OSTRENSKY et al., 2000). Hoje, a aquicultura é vista como a principal
alternativa para suprir a demanda mundial de produtos aquáticos. O principal mercado
consumidor de produtos marinhos cultivados são os Estados Unidos (259.552 t – 1998),
seguido do Japão (238.906 t – 1998) e da Comunidade Europeia (203.693 t – 1994). O
mercado asiático vem emergindo ao longo dos anos.
O Brasil obteve, pela primeira vez em sete anos, superávit na balança comercial de
pescado, que fechou o ano de 2001 com um saldo positivo de US$ 22,6 milhões. O camarão foi
o principal responsável por esse superávit, cuja exportação se elevou de US$ 33,8 milhões em
1996 para aproximadamente US$ 130 milhões em 2001. A realização de seu potencial tem
permitido que o Brasil suba no “ranking” dos produtores mundiais, reduzindo a distância que o
separa da China, atualmente, o líder mundial no comércio de produtos derivados da aquicultura
(OSTRENSKY et al., 2000).
No Brasil, em 1999, a produção total proveniente da aquicultura foi 115.398 t (VALENTI,
2000), o que representa uma receita de R$ 300 milhões, gerada, por cerca de 100.000
produtores espalhados por todo o país, em uma área total cultivada de 80.000 hectares. Em
relação a 1991, o aumento foi de 393%, com crescimento médio de 26% ao ano. 
1.3 Características desejáveis num organismo cultivado
Poucas espécies são aproveitadas para o cultivo. Uma espécie, dificilmente, costuma
reunir todos os requisitos que a recomende para o cultivo, isso se deve ao fato de que alguns
desses requisitos sejam eliminatórios ou possam desestimular o piscicultor em razão da baixa
margem de lucros.
Para que uma espécie possa ser utilizada em cultivo, essa deve apresentar algumas
características básicas, tais como:
a) Adaptação ao clima: é uma característica limitante, na qual norteia a distribuição das
espécies, consideradas no geral como de águas quentes ou frias. Como os peixes apresentam
praticamente a mesma temperatura da água, cada espécie possui limites máximo e mínimo,
além dos quais seu metabolismo fica comprometido, podendo sobrevir, inclusive, a morte. A
temperatura do meio e o teor de oxigênio dissolvido são fatores decisivos no desenvolvimento
do processo.
Os salmonídeos e as trutas são exemplos de espécies de águas frias com temperatura
variando entre 10°C e 20°C e, portanto, altamente oxigenadas. Caso essas espécies sejam
AQUICULTURA - Aquicultura I 5
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transferidas para ambientes acima de 20°C, as mesmas morreram não pelo fato da elevação
da temperatura, mas sim em razão da falta desse gás vital.
Já as espécies de clima tropical, por exemplo, o tucunaré e outras espécies das regiões
Norte e Nordeste do país, não suportam variações bruscas de temperaturas de algumas áreas
da região Sudeste. Com a queda da temperatura, os indivíduos tendem a se alimentar em
quantidades menores, tornando-se fracos e predispostos a doenças.
A carpa comum possui grande resistência à variação de temperatura, pois consegue
sobreviver a flutuações de 0°C a 40°C. 
b) Crescimento rápido: faz-se desejável que uma espécie consiga atingir peso e
comprimento comercial num menor período de tempo possível. A carpa comum e a tilápia do
Nilo são espécies altamente indicadas para o cultivo intensivo. A carpa consegue atingir 1Kg
em um ano e a tilápia de 700g a 1Kg, além de apresentar uma cadeia alimentar curta.
c) Reprodução no ambiente de cultivo: uma espécie só pode ser considerada
domesticada quando reproduz em cativeiro, de modo natural e fácil, produzindo quantidades
consideráveis de ovos e alevinos para a sustentação da produção.
Para as espécies que não se reproduzem naturalmente em tanques, utiliza-se um
método conhecido por hipofisação (aplicação de extrato da glândula hipófise de peixe e/ou
hormônios sintéticos em reprodutores machos e fêmeas próximos da reprodução).
d) Hábitos alimentares: para essa característica deve-se considerar as espécies que
possuem cadeia alimentar curta que abrangem os consumidores primários. Essas espécies
conseguem transformar diretamente os vegetais em proteína animal consumível pelo homem
com grande economia de energia. As espécies de cadeia alimentar intermediária possuem
regime alimentar misto (vegetais e animais invertebrados). Essas também conseguem
economia energética. Já as espécies de cadeia alimentar longa requerem alimento com teor
elevado de proteína animal. Elas reúnem as espécies que ocupam os níveis mais altos da
cadeia, cujo hábito alimentar leva a grande desperdício de energia.
Para as condições brasileiras, deve-se dar preferência às espécies de cadeia alimentar
curta, pois transformam alimentos pobres diretamente em proteína animal, oferecendo
elevadas produções a baixo custo.
e) Resistência ao superpovoamento: quando mais peixe puderem ser confinados em
um certo ambiente maior será o potencial de produção. Porém, elevadas taxas de povoamento
podem acarretar o surgimento de problemas diversos, tais como: diminuição ou paralisação de
crescimento e concentração de resíduos tóxicos em águas com pouca renovação (esses
problemas podem ser corrigidos ou contornados com o aumento da vazão, promovendo o
AQUICULTURA - Aquicultura I 6
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aumento no teor de oxigênio); maior facilidade de disseminação de doenças contagiosas;
canibalismo acentuado na fase inicial da vida. É de grande interesse econômico que as
espécies para o cultivo possuam resistência ao superpovoamento.
f) Rusticidade: refere-se à resistência dos peixes ao manuseio durante as fases da
criação, às variações de temperatura da água, ao ataque de doenças e tolerância aos baixos
teores de oxigênio dissolvido. Como exemplo de espécies que apresentam essa característica
pode-se mencionar as tilápias, o tambaqui e o pacu-guaçu.
g) Aceitação pelo mercado consumidor: não é interessante uma espécie apresentar
todas as características zootécnicas se sua carne não tiver aceitação no mercado consumidor.
A implantação de um cultivo intensivo de uma ou mais espécies deve ser precedida de uma
pesquisa de mercado. 
É difícil uma espécie apresentar todas as características desejáveis em sua totalidade.
Entretanto, a ponderação desses requisitos aliados ao bom senso, permite a escolha de
espécies adequadas ao cultivo.
1.4 Considerações gerais sobre os sistemas de cultivo
A aceitação dos sistemas de criação de organismos aquáticos como um ecossistema
proporciona condições adequadas para o seu manejo e para a compreensão holística de suas
interações com o ambiente. 
O sistema pode ser de cultivo intensivo ou extensivo. Desta definição dependem a
escolha do tipo de viveiro, o local e todas as decisões relacionadas às espécies e a produção.
O quadro abaixo apresenta uma comparação entre os dois sistemas de cultivo.AQUICULTURA - Aquicultura I 7
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Há ainda o sistema conhecido como semi-intensivo, comum por ser economicamente
mais viável para pequenos produtores rurais. Esse sistema é o mais difundido no mundo todo.
No Brasil, o mesmo é encontrado em mais de 95% das pisciculturas e se caracteriza pela
maximização da produção de alimento natural (fito e zooplâncton, bentos e macrófitas) para
servir como principal fonte de alimento dos peixes. Outra restrição é que a alimentação de água
do viveiro deve somente repor a água perdida por evaporação e infiltração, sem que ocorra
renovação. Isso porque a adubação dos viveiros implica em custos, e a renovação de água, por
sua vez, implica em perda desses nutrientes.
AQUICULTURA - Aquicultura I 8
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UNIDADE II – CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE AQUÁTICO
Na natureza, todos os seres vivos dependem do ambiente que os envolve e são por ele
influenciados, às vezes de modo bastante acentuado,como acontece nos ambientes aquáticos.
A presença de alimento em quantidade suficiente e qualidade adequada para o cresci-
mento e a reprodução de um organismo é uma das condições mais importantes para que um
ambiente possa ser considerado como propício à sua existência. 
No meio aquático, toda a vida animal está baseada na presença de vegetais microscópi-
cos, que constituem o fitoplâncton. Estes seres conseguem sintetizar compostos orgânicos,
simples, de elevado conteúdo energético, a partir do gás carbônico e de alguns sais minerais
dissolvidos na água.
Tal fato ocorre em presença da luz, através do processo de fotossíntese, cujo principal
agente é um pigmento verde, a clorofila, existente nas células vegetais. No desenvolvimento
desse processo, há liberação de oxigênio para o meio, que fica enriquecido desse gás.
Portanto, no ambiente aquático, o ciclo alimentar inicia-se com a síntese de compostos
orgânicos pelos seres clorofilados que compõem o fitoplâncton, principalmente as algas micros-
cópicas, na presença de luz e a partir do dióxido de carbono e dos sais minerais dissolvidos na
água.
A matéria orgânica sintetizada pode ser ingerida diretamente pelos peixes ou, então, ser-
vir de alimentos a animais microscópicos, principalmente protozoários e micro crustáceos, que
constituem o zooplâncton. Alem destes, há os consumidores intermediários, como larvas de in-
setos, vermes e crustáceos que, por sua vez, também figuram na alimentação de várias espéci-
es de peixes. Forma-se, assim, uma cadeia biológica alimentar, que se inicia na síntese orgâni-
ca e termina no peixe. Pela mineralização dos organismos mortos, fecha-se a cadeia, voltando-
se aos sais minerais e ao dióxido de carbono.
Conclui-se, então, que toda a vida animal, nela incluída a produção de peixes, tem por
suporte a produção vegetal. Esta varia de acordo com as propriedades físicas e químicas da
água, o que indica que, para o desenvolvimento de uma piscicultura racional, torna-se obrigató-
rio o conhecimento daquelas mais importantes.
Condições inadequadas de qualidade de água resultam em prejuízo ao crescimento, à
reprodução, à saúde, à sobrevivência, e à qualidade dos peixes, comprometendo o sucesso
dos sistemas aquaculturais. Inúmeros são as variáveis e os processos envolvidos com a quali-
AQUICULTURA - Aquicultura I 9
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dade da água. Sem a pretensão de abordar todos eles de forma exaustiva, este material didáti-
co se limitará à discussão das variáveis e processos físicos, químicos e biológicos mais rele-
vantes ao manejo econômico da qualidade da água em ecossistemas aquaculturais.
2.1 Alteração na composição física, química e biológica do ambiente de cultivo e
suas consequências.
Com o crescente desenvolvimento da aquicultura, a qualidade da água vem tomando im-
pulso de grande interesse nesta linha de atuação, visto que, água em condições inadequadas
acarretará problemas no cultivo, podendo levar os organismos à morte. A manutenção da quali-
dade de água em viveiros de piscicultura é requisito básico para o sucesso econômico do siste-
ma produtivo.
Esta qualidade pode ser influenciada por vários fatores como, por exemplo, a origem da
fonte de abastecimento de água e o manejo alimentar. O manejo inadequado em piscicultura
geralmente acelera o processo de eutrofização, deteriorando a qualidade da água, principal-
mente pela administração de altas doses de ração e pela fertilização (orgânica ou inorgânica).
O enriquecimento artificial do ecossistema aquático principalmente de nitrogênio e fósfo-
ro promove o crescimento excessivo de algas e plantas aquáticas muitas vezes ocasionando
mortandade de peixes devido ao déficit de oxigênio dissolvido na água.
Os viveiros e tanques de criação de peixes são ecossistemas dinâmicos que apresentam
baixa profundidade e fluxo contínuo de água, afetando diretamente as variáveis limnológicas ao
longo do dia e resultando em um balanço contínuo entre os processos fotossintéticos e respira-
tórios das comunidades aquáticas presentes no meio. 
Estes ambientes também possuem uma comunidade biótica composta por diversos or-
ganismos altamente dependentes da qualidade da água e do equilíbrio entre organismos planc-
tônicos e o meio ambiente, o que torna o monitoramento dos parâmetros limnológicos (variá-
veis físicas, químicas e biológicas) imprescindível para a produção de peixes.
As variáveis físico–químicas mais apropriadas à qualificação da água de viveiros são:
oxigênio dissolvido; pH; dióxido de carbono livre; alcalinidade total; dureza; condutividade elétri-
ca; temperatura; transparência; nutrientes; abundância de plâncton. Entretanto, para efetuar o
controle de qualidade de água em piscicultura, deve-se abordar um programa de monitoramen-
to condizente aos objetivos da investigação, ou seja, se para abastecer a piscigranja, assegurar
a saúde dos organismos, manter a produção primária ou controlar a descarga de efluentes, por
exemplo.
AQUICULTURA - Aquicultura I 10
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 Oxigênio dissolvido – exposição frequente à baixos níveis de O2:
 Reduz o crescimento;
  Piora a conversão alimentar;
 Aumenta a incidência de doenças e parasitoses
 Reduz a sobrevivência dos peixes.
 Para evitar problemas com baixos níveis de O2 dissolvido:
 Manter transparência da água acima de 35cm;
 Controlar níveis de arraçoamento;
 Uso de aeração.
 pH – problemas devido ao alto pH:
  Aumenta o potencial tóxico da amônia;
 Dificulta a excreção da amônia (auto-intoxicação por NH3): reduz o consumo do ali-
mento, reduz o crescimento, piora a conversão alimentar, aumenta a susceptibilidade á doen-
ças, reduz tolerância ao manuseio e transporte e aumenta a mortalidade.
 Correção de problemas com a excessiva elevação no pH:
 Calagem dos viveiros;
 Controle do fitoplâncton - pode ser conseguido com a diluição dos nutrientes através
de: 1. maior renovação de água, com a redução dos níveis de arraçoamento; 2. redução da dis-
ponibilidade de fósforo (aplicações de gesso ou sulfato de alumínio ou com o aumento da turbi-
dez por argila); 3. envenenamento total ou parcial com algicidas (sulfato de cobre AT/100 = gra-
mas de SC/m3 ou com Simazine: 0,25g/m3).
 Gás carbônico (CO2) – Ao longo do cultivo, a respiração pode exceder a fotossíntese
(importante mecanismo de remoção do CO2), aumentando consideravelmente a concentração
de CO2 no sistema, a qual pode ultrapassar facilmente valores de 25mg/L.
 Técnicas de manejo usadas para prevenir e controlar o acúmulo de quantidades inde-
sejadas de CO2 estão:
 Manter uma alcalinidade mínima na água de 20ppm usando calagem, se necessário;
 Prevenir uma estratificação térmica prolongadaatravés de aeração e agitação
mecânica;
 Adicionar água para diluir a concentração de CO2;
 Aeração e mistura mecânica para facilitar a difusão do CO2.
AQUICULTURA - Aquicultura I 11
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
  Alcalinidade total – águas com alcalinidade total inferior a 30mg CaCO3/L
apresentam reduzido poder tampão e podem apresentar significativas flutuações diárias nos
valore de pH em função dos processos fotossintéticos e respiratórios nos sistemas
aquaculturais.
 Correção da alcalinidade quando esta está abaixo do ideal:
 Calagem dos viveiros.
 Dureza – O ideal é que o valor da dureza esteja acima de 30mg de CaCo3/L,
acompanhando os valores de alcalinidade. A calagem também eleva a dureza da água.
 Temperatura – temperaturas mínimas e máximas da água devem ser conhecidas de
modo a determinar a viabilidade do cultivo de uma espécie em particular.
 Transparência – a visibilidade da água pode ser influenciada por partículas de solo
em suspensão (silte) em conjunto com, ou exclusivamente por fitoplâncton. A redução de
visibilidade causada por partículas do solo em suspensão pode ser ignorada se for condição
temporária durante 3 a 4 dias após fortes chuvas. A redução da visibilidade da água devido à
partículas de solo em suspensão causa redução do potencial produtivo e aumenta os ricos de
fracasso na produção.
2.2 Poluição sobre o ponto de vista da aquicultura
Sobre o desenvolvimento da aquicultura, é provável que seu maior entrave esteja nas
questões ambientais. Embora, em 2001, a atividade tenha gerado divisas da ordem de US$
107 milhões, a legislação da maricultura é ainda incipiente e inadequada (BORGHETTI e
OSTRENSKY, 2000; OLIVERA, 2002). Um histórico e comentários sobre a legislação relativa à
aquicultura no Brasil podem ser encontrados em SALDANHA NETO e PROENÇA (1996) e em
PROENÇA e OLIVEIRA NETO (2000).
A aquicultura tem sido divulgada como uma atividade não poluidora, mas o aquicultor
tem enfrentado sérios problemas burocráticos para conseguir permissões de desmatamento,
barramento e derivação de cursos d’água e escavação de viveiro. Para legalizar seu
empreendimento, necessita recorrer a várias instituições estaduais e a uma federal. Esse
procedimento, associado à necessidade de estudos hidrológicos e do preenchimento de uma
série de formulários, com as mais diversas informações sobre a propriedade e uso da água,
conduzem à contratação dos serviços de empresas (intermediários) que, nem sempre, estão
capacitadas para tal finalidade.
AQUICULTURA - Aquicultura I 12
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
De um modo geral, toda e qualquer atividade aquícola está intrinsecamente relacionada
com o ambiente circundante. O desenvolvimento acelerado, e algumas vezes desordenado, por
exemplo, da carcinicultura, tem causado inúmeros conflitos, levando a atividade a ser acusada
de impactar negativamente o ambiente. Basicamente, são três os tipos de interações que a
aquicultura mantém com o ambiente:
a) Impactos do ambiente na aquicultura: O enriquecimento dos corpos aquáticos com
nutrientes pode trazer benefícios à produção aquícola em alguns sistemas de cultivo extensivo.
Contudo, o carreamento excessivo de dejetos urbanos e industriais pode ter desastrosas
consequências na atividade, principalmente quando expõe a produção a contaminações com
poluentes tóxicos, patógenos ou fitotoxinas. O aumento da poluição aquática e a degradação
física do hábitat aquático por outros empreendimentos podem levar à ocorrência de altas
mortalidades dos estoques, à disseminação de enfermidades e à redução da disponibilidade do
estoque natural de possíveis reprodutores, impactando também na composição, abundância e
distribuição do estoque natural, que se refletem na produção do pescado.
b) Impactos da aquicultura no ambiente: A reciclagem dos nutrientes e da matéria
orgânica através dos sistemas de cultivo integrados é reconhecida como uma benesse
ambiental, assim como redutora dos riscos de eutrofização. As operações dos sistemas
intensivos, em que os animais são arraçoados e os viveiros fertilizados, promovem altas
produções; entretanto, o enriquecimento excessivo exige descargas e reposições de água mais
frequentes, causando riscos de eutrofização dos ambientes que recebem tais descargas.
c) Impactos da aquicultura na aquicultura: As altas densidades em tanques,
empregadas em sistemas intensivos, obrigam os aquicultores a utilizar a água liberada pela
instalação vizinha, e esta, podendo estar contaminada por fitotoxinas ou agentes patogênicos,
aumenta o risco de mortalidade ou de infecções extensivas.
Os impactos ambientais mais visíveis são aqueles causados pelas fazendas de cultivo
que ocupam áreas de mangue, somando-se a destruição dos manguezais àquela produzida
pela extração de madeira para uso como lenha, como matéria-prima para a fabricação de papel
ou para a extração de tanino para fins artesanais (ASSAD e BURSZTYN, 2000; SCHAEFFER-
NOVELLI, 1989).
No Brasil, os impactos ambientais ocasionados por fazendas de camarão são
insignificantes, quando comparados àqueles observados em outros países. A ocupação não
chega a 0,26% dos 1.012.376ha existentes no Brasil. Muitos dos viveiros instalados ocupam
áreas do litoral superior, caso das fazendas da Bahia e Pernambuco, áreas de apicum no
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Ceará e Piauí, áreas de antigas salinas e viveiros de peixes estuarinos no Rio Grande do Norte
e Paraíba. No litoral do Estado de Santa Catarina, os imensos parques de cultivo de mexilhões
já estão causando impacto, que se reflete principalmente na própria produção desses
moluscos. No litoral paulista ainda não se observam indícios de impactos negativos derivados
da maricultura. 
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UNIDADE III - QUALIDADE DA ÁGUA PARA AQUICULTURA
3.1 Importância da qualidade da água
Condições inadequadas de qualidade de água resultam em prejuízo ao crescimento, à
reprodução, à saúde, à sobrevivência, e à qualidade dos peixes, comprometendo o sucesso da
aquicultura. Inúmeros são as variáveis e os processos envolvidos com a qualidade da água.
Para a água utilizada na aquicultura, sugere-se que os criadores devam estabelecer
normas de conduta quanto a sua obtenção, uso e reuso a sua disposição e se preocupem em
aplicar métodos de avaliação e recuperação simples e objetivos.
Há três categorias na água utilizada pela aquicultura: a água de origem, a água de uso
e a água de lançamento. 
3.2 Qualidade da água em viveiros e tanques-rede
Diversos são os fatores que determinam a qualidade da água em viveiros utilizados em
piscicultura intensiva. Merecendo destaque:
 A biomassa de peixes nos peixes;
 A quantidade de ração aplicada diariamente;
 A qualidade da ração ou dos alimentos utilizados;
 A abundância de fitoplâncton;
 A qualidade da água de abastecimento;
 O uso de práticas de correção e condicionamento da qualidade da água (calagem, aera-
ção, adubação, controle do fitoplâncton, entre outras);
 O grau e controle da renovação da água;
 Condições climáticas (dias nublados, ventos, intensidade de chuvas);
 Características do solo do fundo dos viveiros, entre outros.
Para que o produtor possa realizar um bom monitoramento e correção da qualidade da
água é fundamental entender como estes fatores interagem entre si e o modo como eles
alteram os principais parâmetros de qualidade da água nos viveiros de produção.
Para os tanques-rede, a qualidade da água depende da qualidade da água do corpod’água à volta do tanque-rede. A qualidade da água no tanque-rede será sempre igual ou
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inferior à do ambiente a sua volta. Na qual está diretamente relacionado ao enriquecimento da
água por nutrientes, podendo ser classificados em eutróficos (rico em nutrientes), mesotróficos
(moderado em nutrientes) e oligotróficos (pobre em nutrientes).
Quanto menor o nível de enriquecimento da água, melhor é a qualidade dessa água e o
potencial produtivo do tanque-rede. A visibilidade da água pode ser influenciada por partículas
de solo em suspensão em conjunto, ou exclusivamente, por fitoplâncton. 
3.3 Parâmetros importantes da qualidade da água
As características físicas e químicas da água são fundamentais para os organismos que
nela vivem, pois determinam as condições ambientais que favorecem o crescimento e a sobre-
vivência de espécies vegetais e animais aquáticos. 
Os parâmetros mais importantes que devem ser monitoradas em cultivo de peixes são:
Temperatura 
A temperatura exerce profunda influência sobre a vida aquática e desempenha papel
preponderante na alimentação, respiração e reprodução dos peixes. Ela também influência di-
retamente na disponibilidade de oxigênio dissolvido regulando o apetite dos peixes. Essa é
uma das vantagens das regiões tropicais para a piscicultura, uma vez que nelas os peixes co-
mem praticamente durante todo o ano.
Os peixes ajustam sua temperatura corporal de acordo com a temperatura da água.
Cada espécie tem uma temperatura na qual melhor se adapta e se desenvolve, sendo essa
temperatura chamada de temperatura ótima. As temperaturas acima ou abaixo do ótimo
influenciam de forma a reduzir seu crescimento. Em caso de temperaturas extremas, podem
acontecer mortalidades. 
pH 
É a medida que expressa se uma água é ácida ou alcalina em escala que varia 0 a 14. O
pH intervém frequentemente na distribuição dos organismos aquáticos. A respiração, fotossín-
tese, adubação, calagem e poluição são fatores capazes de alterar o pH na água. Segundo Si-
paúba-Tavares, 1995, os valores de pH que atuam no desenvolvimento dos peixes estão lista-
dos na tabela abaixo:
pH Desenvolvimento
5,0 – 6,0 Crescimento lento
7,0 – 8,5 Crescimento adequado
> 10,0 Crescimento lento
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Oxigênio dissolvido 
O oxigênio da água é proveniente da atmosfera e dos vegetais que ocorrem submersos
e que liberam o oxigênio através da fotossíntese. O oxigênio é consumido pelos animais (como
os peixes) pelos vegetais (algas e plantas aquáticas submersas) e também, pelo processo de
decomposição da matéria orgânica.
Na tabela abaixo se verifica a variação do oxigênio dissolvido em um sistema de cultivo:
Concentração de OD Efeito
> 1,5 ou 2 mg/L Letal se permanecer exposto por poucas horas
2 ou 5 mg/L Crescimento lento se exposto continuamente
5 mg/L de saturação Melhor condição para um bom desenvolvimento
Acima da saturação Nocivo se a supersaturação ocorrer em todo o volume
 Fonte: Zimermann, 2001
Turbidez 
As águas naturais não são puras e apresentam uma série de materiais dissolvidos e em
suspensão, tais como partículas de argila, detritos orgânicos e os próprios microorganismos
que vivem na água. Esse conjunto de materiais dispersos na água reduz a penetração da luz,
impedindo que grande parte atinja as camadas mais profundas. Este efeito de redução de luz
ao atravessar a coluna d'água é chamada de TURBIDEZ. 
Sais Dissolvidos 
Muitas substâncias encontram-se dissolvidas na água. Enquanto algumas são essen-
ciais para a sobrevivência dos organismos, como o nitrogênio e o fósforo, outras são tóxicas,
como a amônia, e provocam mortalidade e insucesso nos cultivos.
Alcalinidade total: 
Este parâmetro se refere à concentração total de bases tituláveis na água. Embora a
amônia, os fosfatos, os silicatos e a hidroxila (OH-) se comportem como bases contribuindo
para a alcalinidade total, os íons bicarbonatos (HCO3-) e carbonatos (CO3=) são os mais
abundantes e responsáveis por praticamente toda a alcalinidade nas águas dos sistemas
aquaculturais. 
A alcalinidade total é expressa em equivalentes de CaCO3 (mg de CaCO3/L) está
diretamente ligada à capacidade da água em manter seu equilíbrio ácido-básico (poder
tampão). Águas com alcalinidade total inferior a 20 mg de CaCO3/L apresentam reduzido poder
tampão e podem apresentar significativas flutuações diárias nos valores de pH em função dos
processos fotossintético e respiratório nos sistemas aquaculturais. 
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Dureza total: 
A dureza total representa a concentração de íons metálicos principalmente os íons cálcio
(Ca2+) e magnésio (Mg2+) presentes na água. A dureza total da água é expressa em
equivalentes de CaCO3 (mg de CaCO3/L). Em águas naturais, os valores de dureza total
geralmente se equiparam a alcalinidade total, ou seja, Ca2+ e Mg2+, praticamente se encontram
associados aos íons bicarbonatos e carbonatos. No entanto, existem águas de alta alcalinidade
e baixa dureza, nas quais partes dos íons bicarbonatos e carbonatos estão associados aos
íons Na+ e K+ ao invés de Ca2+ e Mg2+. Em águas onde a dureza supera a alcalinidade, parte
dos íons Ca2+ e Mg2+ se encontram associados a sulfatos, nitratos, cloretos e silicatos.
3.4 Alimentação e qualidade da água
Em piscicultura intensiva, grande parte dos problemas de qualidade da água está
relacionada ao uso de alimentos de má qualidade e estratégias de alimentação inadequadas.
A incidência de doenças e parasitoses aumenta proporcionalmente à redução na
qualidade nutricional dos alimentos e na qualidade da água e podem causar significativas
perdas durante o cultivo. Boa qualidade da água e manejo nutricional garantem a saúde e o
desempenho produtivo dos peixes.
É incorreto afirmar que um alimento barato sempre reduz o custo de produção e faz
aumentar a receita líquida por área de cultivo. Alimentos de alta qualidade apresentam menor
potencial poluente, possibilitando um acréscimo de produção por unidade de área muito
superior ao aumento no custo de produção, resultando em incremento da receita líquida obtida
por área de cultivo. Quanto pior a qualidade nutricional e estabilidade do alimento na água,
maior a carga poluente e menor a produção de peixes.
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UNIDADE IV – PRODUTIVIDADE NATURAL E TOTAL DE VIVEIROS
4.1 Conceito de produção em aquicultura
Existe uma diferença entre produção e produtividade. A primeira é o total produzido e
contabilizado, por exemplo, a produção de tilápias em 2005 representou 1,7 milhões de tonela-
das. Produtividade é a capacidade de produção de determinada área ou volume. Ao adotar as
práticas aquícolas recomendadas a produtividade certamente irá aumentar, logo, aumento de
produtividade é aumento de eficiência.
4.2 Erradicação de espécies daninhas
Quando a piscicultura semi-intensiva ou extensiva é realizada em pequenos açudes,
muitos dos quais secam ou ficam quase secos, em determinada época do ano
(dezembro/janeiro, no Nordeste), construídos em diminutas bacias hidrográficas, pode ocorrer
que eles apresentem espécies predadoras (ditas daninhas) dos peixes cultivados. Entre elas,
pode-se citar piranhas, Serrasalmus nattereri e S. piraya; pirambeba, S. rhombeus; traíra,
Hoplias malabaricus; tucunarés; além de outras.
Nesse caso, torna-se necessária a erradicação daquelas espécies, pois além de
predarem os peixes criados, algumas destroem asartes de pesca e até mesmo atacam o
homem (caso das piranhas e da pirambeba). Isto diminui o rendimento da piscicultura e
aumenta os custos dela.
Existem dois processos de erradicar espécies daninhas. O primeiro se constitui no
esvaziamento do reservatório e tem emprego limitado às pequenas coleções de água,
localizadas em reduzidas bacias hidrográficas, que secam completamente durante a estiagem.
No Nordeste brasileiro entre os meses de agosto a janeiro, quase sempre. O esvaziamento do
reservatório pode ser feito com comporta, galeria, registro, sifão ou bombeamento.
O segundo processo de erradicação de espécies daninhas consiste no uso de
ictiotóxicos, existindo em nossa Região ampla tecnologia para tal, desenvolvida pelo DNOCS.
O ictiotóxico mais usado no Nordeste do Brasil é o pó-de-timbó, cujo princípio ativo é a
rotenona, alcaloide com fórmula química C23H22O6. Timbó ou tiingui é o nome vulgar de diversos
cipós, ocorrentes na floresta amazônica, pertencentes aos gêneros Derris, Tephrosia e
Lonchocarpus, todos da família Leguminosae. A rotenona ocorre no caule (baixa
concentração), folha (média concentração) e raiz (elevada concentração) daqueles cipós.
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Na elaboração do pó-de-timbó as plantas são desidratadas, trituradas e peneiradas. O
teor de rotenona no pó varia de 3 a 11%, dependendo da predominância de caule, folha e raiz
na sua composição. Contudo, um bom pó-de-timbó deve conter teor mínimo de 5% de
rotenona.
Pesquisas feitas pelo DNOCS indicaram que espécies carnívoras mostraram-se mais
sensíveis a aquele ictiotóxico e, entre elas, piranhas e pirambebas foram mais sensíveis ao pó-
de-timbó. Em estudos feitos in vitro estes Serrasamus não resistiram a concentração de 3ppm
do pó de timbó na água. Os peixes morreram 11 a 15 minutos após o contacto com o
ictiotóxico. Nesta concentração, as demais espécies foram preservadas, embora algumas
apresentassem ligeiros sintomas de asfixia, tais como taquipnéia e mudança de coloração.
Contudo, sobreviveram. Nestas pesquisas o teor de rotenona no pó-de-timbó foi de 5%. Com
este percentual, a dispersão do ictiotóxico na água, numa concentração de 5ppm, elimina todos
os peixes das diversas espécies ocorrentes nos reservatórios e rios nordestinos.
Desse modo, quando se deseja eliminar peixes predadores nos reservatórios destinados
a piscicultura semi-intensiva ou extensiva, realizada em pequenos açudes, deve-se tratar a
água dos mesmos com pó-de-timbó, contendo 5% de rotenona, na concentração de 5ppm, ou
seja, 5kg do ictiotóxico para 1.000 m3 de água.
4.3 Produtividade devida aos fertilizantes e à alimentação artificial
A fertilização ou adubação das águas dos tanques e viveiros de piscicultura, visa
incorporar nutrientes fundamentais para a produção vegetal básica das mesmas e,
consequentemente, para a produção de peixes. Os fertilizantes ou adubos podem ser
orgânicos ou químicos (também chamados minerais ou inorgânicos).
Alguns adubos orgânicos, como os estercos de animais, notadamente suínos e aves,
podem ser consumidos diretamente por alguns peixes, como as tilápias. Além do mais, os
estercos se constituem num ótimo fator de colmatagem (vedação) dos pisos dos viveiros de
piscicultura, dando-lhes boa estrutura coloidal.
Além dos efeitos favoráveis sobre a estrutura do solo, os adubos orgânicos contêm
quase todas as substâncias nutritivas indispensáveis para o ciclo biológico e favorecem a
multiplicação de bactérias, estimulando, em consequência, o desenvolvimento do zooplâncton.
Nas águas alcalinas, de pH elevado, ricas em cálcio, fica difícil o aproveitamento do
fósforo pelo fitoplâncton e macrófitas aquáticas, porquanto o excesso de cálcio precipita a
maior parte do fósforo, sob a forma de fósforo insolúvel. A matéria orgânica incorporada como
adubo (estercos e outros) provoca a liberação de CO2 e este reage com o cálcio, diminuindo a
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excessiva alcalinidade, ocasionando melhor fixação do fósforo. Por isto, nas áreas com solo e
água demasiadamente ricos em cálcio será conveniente aplicar o fósforo juntamente com os
fertilizantes orgânicos.
Os adubos orgânicos originam, na água dos tanques e viveiros, a produção de grande
quantidade de infusórios, rotíferos e micro crustáceos (cladóceros, copépodos, ostracodas e
outros), os quais se constituem magníficos alimentos para pós-larvas e alevinos e mesmo para
peixes adultos, quando plânctófagos. A produção de algas filamentosas também é
incrementada.
Os adubos químicos incorporam nas águas dos tanques e viveiros os minerais (N, P, K e
outros) necessários à produção primária, pois se constituem alimentos para os seres
autotróficos (bactérias fotossintéticas, fitoplâncton e macrófitas aquáticas).
O adubo orgânico em excesso provoca grande proliferação de bactérias, depleção na
taxa de O2D e incremento no CO2 livre. Isto poderá diminuir a produção de peixes cultivados ou
mesmo causar-lhes a morte, com grande prejuízo para a produção da piscicultura. Por isto, a
quantidade deste fertilizante deve ser bem calculada e a aplicação do mesmo se cercar dos
devidos cuidados, conforme referidos adiante.
O excesso de fertilizantes químicos poderá causar bloom de algas nos tanques ou
viveiros.
 Diferentes fertilizantes orgânicos e suas aplicações
Adubos verdes.- Consiste em plantas terrestres ou aquáticas, as quais lançadas nos
tanques e viveiros, se decompõem e liberam nutrientes minerais, retidos em seus tecidos, para
a água os quais são, em seguida, absorvidos pelos seres autotróficos, reintegrando-se ao ciclo
biológico.
Como adubo verde pode-se utilizar diversos vegetais não lenhosos, tais como
gramíneas, leguminosas, restolhos de culturas herbáceas e outros. Em alguns países europeus
e asiáticos semeiam-se cereais no fundo do viveiro (arroz, por exemplo), inundando-o após a
colheita da safra. Os resíduos da cultura se decompõem, servindo de adubo para a água do
viveiro, no cultivo de peixe que se segue.
Estercos de animais.- amplamente utilizados como adubo e mesmo como alimento
(aproveitamento direto dos excrementos dos suínos e de galináceos pelas tilápias). Os
estercos de bovinos, suínos, galináceos, marrecos, coelhos e de outros animais se constituem
num dos melhores métodos para incrementar a produção das águas de tanques e viveiros de
piscicultura.
Com base nisso, muitos países, inclusive o Brasil, adotam o cultivo consorciado
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peixes/suínos, peixes/galináceos, peixes/ marrecos e peixes/bovinos, graças a construção de
pocilgas, aviários,estábulos sobre ou nas margens dos viveiros de piscicultura, sendo os
excrementos dos animais terrestres carreados para o interior dos viveiros.
A quantidade de esterco a ser adicionado aos viveiros de piscicultura depende de muitos
fatores, entre outros, da espécie criada (alguns peixes são mais resistentes, como tilápias, e os
viveiros podem receber mais adubo), da qualidade da água (quando ácidas devem receber
menos adubo) e do solo e clima da região (solos ácidos e clima quente exigem menores
quantidades de estercos nos viveiros).
Deve-se realizar pesquisas sobre sobrevivência e crescimento da espécie que se deseja
criar em viveiro fertilizado com esterco de animais.
Algumas medidas podem ser adotadas para evitar a asfixia dos peixes em criação,
quando da aplicação os estercos ou de outros adubos orgânicos, exceto o verde, tais como:Aplicar o esterco parceladamente.- Por exemplo, se durante 1 mês o viveiro vai receber
400kg de esterco, deve-se aplicar 100kg/ semana ou 20kg/dia, de segunda a sexta-feira.
Fazer determinações diárias do O2D e do CO2 livre.- De preferência às 5 e 14h. Isto visa
detectar depleção do O2D e excesso do CO2 livre. Caso positivo, deve-se suspender as
adubações.
Quando da preparação do viveiro, isto é, quando ele estiver seco, a aplicação do esterco
é feita mediante seu espalhamento no piso. Se o viveiro contiver água, ou seja, nas adubações
de manutenção, o esterco pode ser aplicado mediante:
Ligeiro umedecimento e espalhamento na superfície da água do viveiro.- O
umedecimento é necessário para que o esterco afunde e não seja jogado nas margens do
viveiro, sob a ação do vento.
Adicionamento de bastante água no esterco.- Para que fique quase liquefeito e assim ele
é bombeado para a água do viveiro.
Lavagem de estábulos e pocilgas.- No caso do cultivo consorciado ou integrado
peixes/bovinos e peixes/suínos.
As quantidades de esterco utilizado nos viveiros do Nordeste brasileiro variam de 100 a
500g/m2/mês, dependendo da espécie criada (valores máximos para tilápias; médios para
tambaqui, pirapitinga e carpa comum; e mínimos para pescada do Piauí, por exemplo) e da
finalidade do viveiro, se para receber pós-larvas (quantidades mínimas), alevinos (quantidades
médias) ou peixes adultos (quantidades maiores). Isto dentro dos limites de cada espécie e
levando-se, ainda, em consideração as condições de água, solo e clima da região. Há
tendência em se usar mais esterco de bovinos do que de suínos e de aves. Quando bem
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curtido, a quantidade de adubo é maior do que quando o mesmo está fresco, pois este último
ainda vai se decompor no viveiro.
Na piscicultura de engorda tem-se utilizado, no Nordeste do Brasil, 200g/m2/mês de
estercos de suínos e de galináceos e 400g/m2/mês de esterco de bovinos. Ambos aplicados
parceladamente.
Composto.- É formado por matéria orgânica de origem animal e vegetal, decomposta em
fossos escavados no terreno natural ou em tanques cobertos. Para isto, cava-se uma vala, a
qual é cheia com animais mortos, vegetais, restos de culturas, estercos e outros materiais
orgânicos, e cobertos com terra. Após alguns dias, dependendo da temperatura local, toda a
matéria orgânica está decomposta e transformada no composto. O uso deste na fertilização de
tanques e viveiros de piscicultura é feito nos moldes descritos para os estercos.
Resíduo de biodigestor.- Se constitui num excelente adubo orgânico para tanques e
viveiros de piscicultura. Seu uso é idêntico ao descrito para os estercos.
Húmus de miocário.- O húmus produzido pelos oligoquetas (minhocas) pode ser usado
na adubação de tanques e viveiros de piscicultura, com excelentes resultados. Contudo, carece
de maiores estudos para seu emprego em nossa Região. No entanto, recomendam-se as
mesmas quantidades e técnicas de aplicação sugeridas para os estercos.
 Adubos químicos e suas aplicações
Os fertilizantes químicos ou inorgânicos têm ordinariamente nitrogênio (N), fósforo (P) e
potássio (K) e,algumas vezes, elementos menores. Existem diversas fórmulas comerciais
(adubos compostos), vendidas para culturas agrícolas. Assim, uma fórmula 4-8-2 significa que
100kg do adubo contém 4kg de N, 8kg de P (na forma de P2O5) e 2kg de K.
A literatura recomenda fórmulas completas de adubos para viveiros de piscicultura,
tendo em vista atender a determinada região ou país. No entanto, pesquisas efetuadas
mostraram que, de uma maneira geral, a produção era a mesma quando se aplicava a fórmula
completa ou aplicando-se somente o P, por exemplo.
Hoje, salvo casos especiais de deficiências comprovadas pela análise do solo e da água
do viveiro, recomenda-se aplicar apenas o P, na proporção de 46 a 138kg de P2O5/ha/ano, em
4 parcelas anuais, quase sempre. Como o fósforo se encontra, comercialmente, sob a forma de
superfosfato simples (16% de P2O5) ou de superfosfato triplo (46% de P2O5), pode-se usar 100
a 300kg/ha/ano deste último, divididos em 4 aplicações anuais.
Para o cálculo da quantidade de adubo fosfatado emprega-se, contudo, regra de três
simples. Por exemplo, se 100kg de superfosfato simples contém 16kg de P2O5, quantos kg do
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adubo serão necessários para se incorporar 46kg de P2O5 na água do viveiro? No caso,
287,5kg de superfosfato simples.
O adubo nitrogenado mais usado em viveiros de piscicultura é o sulfato de amônia, na
proporção de 100 a 200kg/ha/ano, aplicados em 4 parcelas anuais, geralmente. Utiliza-se,
também, a ureia. No que se refere ao adubo potássico, o mais empregado tem sido o cloreto
de potássio, na base de 120kg/ha/ano, em 4 aplicações anuais. O K2O tem sido também
usado.
Quando por análise do solo e da água se sabe, com certeza, que existem deficiência de
alguns elementos necessários para a produção básica do viveiro, pode-se aplicar adubos cujas
fórmulas os contenham. Nestes casos, quase sempre se aplica a fórmula completa uma única
vez e dai em diante o viveiro recebe apenas o adubo fosfatado.
Para aplicação do adubo mineral pode-se utilizar pequenas plataformas de madeira,
colocadas 0,50m abaixo da superfície da água. Também, coloca-se o adubo em cestas ou
sacos de algodão ralo, ambos mergulhados na água. Em todos os casos, o movimento da água
dissolverá o adubo, distribuindo-o no viveiro. Em tanques, o adubo poderá ser aplicado a lanço,
escolhendo-se, para tal, áreas pouco profundas.
A frequência de aplicação do adubo poderá ser indicada pela própria água do viveiro. A
fertilização faz com que ela seja enriquecida com plâncton, adquirindo coloração de acordo
com as algas que predominam. Boa produção de algas tornará difícil visualizar um objeto claro
submerso a 0,30m de profundidade. Quando a visibilidade aumenta, indica que a produção de
algas é insuficiente, havendo necessidade de nova adubação. Submergindo-se o braço até o
cotovelo e procurando-se ver as pontas dos dedos da mão, pode-se, a grosso modo, verificar
se há algas suficientemente ou se se necessita nova adubação. A aplicação do adubo deve se
repetir tantas vezes ao ano quantas sejam necessárias para manter boa produção de algas,
base da produção de pescado.
O superfosfato simples contém enxofre. Portanto, se este elemento estiver presente no
solo e na água, convirá aplicar o superfosfato triplo, que não contém enxofre.
Quando se fornece alimentos artificiais aos peixes, poderá ocorrer que o K necessário vá
com aqueles e ficará disponível para os seres autotróficos. Em viveiros de solo duro e de
reconhecida deficiência e nos tanques de alevinagem, os adubos potássicos deverão ser
aplicados. 
4.4 Variação da produtividade dos viveiros
A produtividade de um viveiro de peixe depende basicamente das técnicas de cultivo
empregadas, das espécies criadas, da disponibilidade e qualidade da água, das condições de
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solo, assim como do maior ou menor grau de dedicação do produtor ao cultivo.
UNIDADE V – CULTIVO DE PEIXES DE ÁGUA DOCE
5.1 Considerações sobre a piscicultura continental
A piscicultura é uma atividade zootécnica que visa ao cultivo racional de peixes,
exercendo particular controle sobre o crescimento, a reprodução e a alimentação destes
animais.
Suas origens são bastante remotas. Os chineses já a praticavam vários séculos antes de
Cristo. Baixos–relevos egípcios evidenciam atividades de pesca e piscicultura praticadas em
tanques artificiais.Os detalhes e a precisão de tais culturas permitem identificar as espécies de
peixes por eles criadas, dentre elas a tilápia do Nilo, Sarotherodon niloticus (Trewavas, 1973).
Esta espécie, hoje intensamente cultivada em todo o mundo, já o era por esse povo, por volta
do ano 2.500 a.C.
No Brasil, o pioneirismo da piscicultura cabe a Rodolfo von Ihering, que, em 1912, já
dizia que devíamos criar peixes com a mesma facilidade com que criamos galinhas.
Trabalhando com peixes de piracema nos rios Mogi-Guaçu, Tietê e Piracicaba, esse nobre
cientista utilizou, pela primeira vez, em 1931, hormônios hipofisários para provocar a desova do
dourado (Salminus maxillosus Vallencienes). Hoje, a hipofisação é técnica difundida no mundo
todo, para induzir a desova em inúmeras espécies adequadas à piscicultura. Antigamente, na
China, os alevinos de várias espécies de carpas chinesas eram pescados nos rios e recriados
e em tanques. Atualmente, as estações de piscicultura produzem esses alevinos em
quantidades muito maior, poupando, ainda, as despesas de captura e transporte e eliminando a
grande mortalidade devida a essas operações.
A piscicultura é o melhor meio para se incrementar a produção de alimentos ricos em
proteína de primeira qualidade, pois é a mais econômica das atividades zootécnicas. Dentre as
principais vantagens que apresenta, destacam-se pela sua repercussão econômica:
1 – Propicia o aproveitamento de áreas improdutivas ou de baixo rendimento
agropecuário, transformando-as e elevando sensivelmente sua produtividade;
2 – O peixe, especialmente das espécies tropicais, consegue transformar subprodutos e
resíduos agroindustriais em proteína animal de excelente qualidade, baixando
substancialmente o custo de produção;
3 - A eficiente conversão alimentar do peixe, potencialmente melhor que a dos
AQUICULTURA - Aquicultura I 25
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mamíferos e das aves, graças à grande economia de energia por ele realizada;
4 – Possibilidade de elevada produção por área, principalmente quando praticada em
nível intensivo;
5 – Rápido giro do capital investido, variável com a espécie e com o patrimônio genético.
A piscicultura não está limitada à produção de alimentos. Abrange, também, a criação de
espécies para outros fins, como pesca esportiva, saneamento, ornamentação, etc. Há séculos,
as pisciculturas de todo o mundo vêm produzindo peixes para a suplementação de estoques
naturais, com vistas à prática da pesca esportiva, que movimenta, anualmente, enormes
capitais. Também a piscicultura de povoamento e repovoamento de ambientes aquáticos é
muitíssimo praticada em várias partes do mundo, mas, sem dúvida, a criação de peixes para
consumo é a atividade mais desenvolvida de todas as demais.
5.2 Principais espécies cultivadas
 Aspectos das principais espécies de peixes nativos do Brasil, utilizadas em
pisciculturas comerciais.
 PACU (Piaractus mesopotamicus)
O pacu é uma espécie amplamente distribuída na Bacia do Prata, sendo apreciada
tanto para culinária quanto para pesca esportiva, principalmente quando se utilizam a
modalidade fly.
A pesca comercial do pacu tem sido intensa, por isso sua população natural está
bastante reduzida em diversos cursos d’água. O pacu em ambiente natural pode atingir mais
de 10 kg, porém seu peso ideal de abate está na faixa de 800 a 1.600g. 
Pacus muito pequenos não apresentam boa quantidade de carne e seus espinhos, por
serem pequenos, podem ser acidentalmente ingeridos. Já os peixes mais pesados e velhos
não apresentam boa conversão alimentar, além de seu custo de produção por unidade de peso
ficar muito elevado.
Esta espécie apresenta grande deposição de músculos, proporcionando um filé alto,
firme e branco, porém com um sabor característico que faz com que uma determinada parcela
dos consumidores o rejeite. Quando abatidos em tamanho adequado, os espinhos em Y são
grandes e podem ser removidos facilmente.
Esta espécie apresenta um bom crescimento em cativeiro e é adequada tanto para
criações em sistema semi intensivo, como para sistema intensivo ou mesmo tanque rede.
O pacu necessita de rações com teores de proteína não muito elevados e possui boa
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conversão alimentar, necessitando de 1.600g de ração para atingir um kg de peso vivo. Apesar
do seu rendimento de carcaça ser elevado, seu rendimento em filés é baixo e, por isso, o
processamento desta espécie deve prever a utilização do músculo restante na carcaça.
Apesar de não ser muito exigente em relação à qualidade da água, esta deve ser
criada em ambiente com boa quantidade de oxigênio dissolvido, preferencialmente acima de 3
mg/l. Mesmo podendo suportar temperaturas próximas a 14 C por curto período, o pacu não
deve ser criado em regiões onde a temperatura da água fique abaixo de 18 C, pois nessa
situação fica muito susceptível a doenças e seu crescimento é paralisado.
Esta espécie não apresenta caracteres sexuais secundários que permitam a sexagem.
Pessoas mais experientes conseguem identificar o sexo do pacu pelo exame visual do orifício
urogenital. Próximo à desova, a sexagem é bastante simples. O pacu é uma espécie que
realiza movimento migratório reprodutivo (piracema), subindo os rios, em cardumes, no período
das chuvas. O processo de desova ocorre com várias fêmeas simultaneamente. Os óvulos são
liberados na água e fertilizados pelos machos. De baixa densidade, os ovos são levados pela
correnteza e muitos atingem as áreas alagadas, ricas em nutrientes e em plâncton, que
servirão de alimento para as pós-larvas.
Nas primeiras fases de vida, o pacu se alimenta de zooplâncton. Nos indivíduos juvenis
e adultos, o hábito alimentar é onívoro, apreciando muito os frutos que caem das arvores nos
rios e lagos. O estudo dos rastros branquiais desta espécie, na fase de juvenil, indicou que,
nesta fase, ela não é mais capaz de se alimentar adequadamente apenas filtrando o
zooplâncton. 
Esta é possivelmente a mais estudada das espécies nativas. O processo de
reprodução induzida já é bastante difundido e algumas das exigências nutricionais, além de
diversas doenças que afetam a espécie tem sido alvo de estudos.
 TAMBAQUI (Colossoma macropomum)
Assim como o pacu, o tambaqui é um peixe da família Characidae e da sub-família
Myleinae. Originário da bacia amazônica, este peixe pode atingir mais de 25 Kg. Nas regiões
de onde procede, o tambaqui é uma das espécies mais apreciadas e mais intensamente
pescadas. Possui carne branca e firme, com espinhos grandes que podem ser removidos
durante o processamento industrial. 
Em cativeiro, esta espécie apresenta bom crescimento, sendo adequada tanto para
criações em sistema semi intensivo, como para sistema intensivo ou mesmo tanques-rede. 
O tambaqui não necessita de rações com teores de proteína muito elevados. O ideal é
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criá-lo com uso de rações com 28% a 22% de proteína, dependendo da fase de cultivo. Com
uso de rações comerciais, o tambaqui atinge mais de um kg em um ano de engorda e
consome, aproximadamente, 1,4 kg de ração para atingir um kg de peso vivo.
O tambaqui possui hábito alimentar semelhante ao do pacu, porém, pode filtrar o
zooplâncton mesmo quando adulto. Esta característica permite reduzir o seu custo de produção
com uso de adubação da água. Uma característica interessante é que a espécie possui
tamanha força na mordida que quebra facilmente sementes de palmeiras, comuns em seu
ambiente natural.
A água dos rios e lagos de onde o tambaqui nativa é, emgeral, ácida, estando na
maioria do ano com pH entre 5,2 a 6,8. Como sua ocorrência é tropical, esta espécie vive em
locais onde as temperaturas médias mensais variam de 25 a 27C.
Apesar de não ser muito exigente em relação à qualidade da água, esta não deve ter
pH superior a 7,2, assim como a temperatura nos meses mais frios não deve ser inferior a
18C. Caso contrário, pode ocorrer mortalidade dos peixes devido ao ataque de bactérias e
fungos. A temperatura ideal para o cultivo do tambaqui está na faixa de 26 a 32C.
Esta espécie possui uma adaptação à hipóxia. Nesta condição, seu lábio inferior incha
e, por ser intensamente vascularizado, permite alguma troca gasosa, porém, nesta condição o
peixe não se alimenta e perde peso. Em águas com teor de oxigênio dissolvido acima de 2,5
mg/l, o tambaqui tem seu crescimento normalizado.
A reprodução do tambaqui, assim como a do pacu, ocorre uma vez por ano e existe o
movimento migratório. A fêmea de tambaqui é extremamente prolífica. Na época da desova,
aproximadamente 11% do peso dela correspondem aos óvulos e estes pesam, cada um,
menos de um miligrama. Assim, uma fêmea de 9 kg irá liberar quase um milhão de óvulos que
serão fecundados pelos machos.
A reprodução induzida desta espécie já é amplamente dominada e os conhecimentos
sobre a nutrição e a alimentação são razoáveis. Além da exigência de temperaturas
relativamente altas, existe outro entrave à expansão do cultivo desta espécie, que é sua baixa
adaptação ao cultivo em alta densidade.
 PIAUS (Leponinus sp) 
O termo piau é usado para designar diversas espécies dos gêneros Leporinus e
Schizodon. Estes gêneros são da família Characidae, sub-família Anostomidae. As principais
espécies para cultivo estão no gênero Leporinus, como o piauçu (L. macrocephalus), a piapara
(L. elongatus) e o piau-vermelho (L. copellandii).
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Estas espécies ocorrem em diversos rios da região Sudeste e são muito apreciados
pelos pescadores locais. O piau-vermelho é considerado uma das melhores espécies nativas
para pesca esportiva.
Apesar de serem, em geral, de médio porte, os piaus podem atingir 5 kg, mas com
apenas 600 g já podem ser comercializados. Os piaus possuem uma musculatura muito
espessa e por isso seu rendimento de carcaça é elevado, o que é uma característica
importante para industrialização. A carne dos piaus é branca, muito firme e de sabor suave.
Das espécies citadas, o piauçu é a mais cultivada e que vem despertando maior
interesse dos pesquisadores, mesmo assim as informações sobre a alimentação destas
espécies são inconsistentes. Mesmo as informações sobre a reprodução limitam-se a poucos
trabalhos mas, mesmo assim, os produtores de alevinos de piauçu tem obtido sucesso, o que
faz com que hoje os alevinos dessa espécie sejam facilmente encontrados.
Diante da carência de informações, os produtores têm criado estas espécies em
tanques adubados e com ração suplementar. A ração varia desde 24 a 40% de proteína,
segundo cada produtor.
Em condições naturais são peixes onívoros e diversos vegetais fazem parte da sua
dieta. As características da água para cultivo não são bem conhecidas, mas sabe-se que se
trata de espécies exigentes em relação a quantidade de oxigênio dissolvido, mas são tolerantes
a temperaturas relativamente baixas, como 16 C.
 CURIMBATÁ (Prochilodus sp)
Pertencem à família Characidae e a sub-família Prochilodontidae. 
Desta sub-família, os peixes dos gêneros Prochilodus e Semaprochilodus têm sido
utilizados em cultivos, e três espécies merecem destaque: o P. scrofa, P. affins e P. marggravii,
sendo que todos são conhecidos pelos seguintes nomes vulgares: curimba, curimbatá e papa-
terra.
O nome papa-terra faz menção ao hábito que estas espécies possuem de apreender
pedaços do sedimento (iliófago), mas apenas grumos de algas e pequenos animais são
ingeridos. 
Estas espécies atingem aproximadamente 6 kg, exceto o P. marggravii que pode atingir
mais que 10 kg. São peixes muito consumidos pelas populações ribeirinhas, mas nos grandes
centros não são tão apreciados. 
Estas espécies são muito utilizadas em policultivo (criação conjunta de várias espécies
de peixes) devido ao seu hábito alimentar. 
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Dentre as espécies que necessitam de indução hormonal para desova, estas são as
que apresentam melhores índices de sobrevivência de ovos e alevinos, por isso se expandiram
no início dos anos 80. Em condições naturais, realizam migrações reprodutivas. Apesar da
citada expansão, as exigências nutricionais destas espécies não foram esclarecidas.
 SURUBIM (Pseudoplatistoma coruscans) e CACHARA (Pseudoplatystoma
fasciatum)
Pertencentes à ordem Siluriformes, estas espécies são as maiores da família
Pimelodidae. Elas encontram-se distribuídas pelas Bacias Amazônica, do Prata e do São
Francisco.
O surubim é um peixe de couro que pode atingir mais de 100 Kg, sendo considerado
um dos mais nobres do Brasil. Nas regiões de onde se origina, é uma das espécies mais
apreciadas e mais intensamente pescadas. Possui carne amarelada e firme, com poucos
espinhos, com sabor característico e pronunciado, que o torna muito procurado pela indústria e
pelos consumidores. 
A reprodução em cativeiro já foi dominada e os produtores de alevinos estão
concentrados nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Os alevinos que estão sendo
comercializados atualmente são na maioria de surubim ou híbridos das duas espécies.
Em cativeiro, as duas espécies apresentam bom crescimento, e são adequadas tanto
para criações em sistema semi intensivo ou tanque-rede. Estes peixes também podem ser
criados de forma extensiva, com o uso de peixes forrageiros.
Embora sejam espécies piscívoras, foram desenvolvidas estratégias para sua criação
com uso de rações. Apesar de possuir dentes muito pequenos (filiformes), esta espécie
necessita ser manejada com cuidado para evitar acidentes com o ferrão localizado na
nadadeira peitoral.
Os alevinos precisam ser treinados para que possam se alimentar de rações. Estas
devem possuir teores de proteína acima de 40% e terem alta proporção de proteína de origem
animal. Com uso de rações comerciais, o peso comercial (4Kg) pode ser alcançado em dois
anos.
Apesar do elevado custo de produção destas espécies, seu valor de mercado torna o
cultivo bastante rentável. Bastante resistentes a condições de hipóxia, estas espécie não são
criadas em sistema de alta densidade pela sua agressividade. Uma peculiaridade é serem de
hábitos noturnos, por isso o manejo alimentar deve prever arraçoamento ao entardecer.
A temperatura ideal para cultivo situa-se ao redor de 27C, entretanto, a faixa de
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temperatura para criação é muito ampla. Têm-se observado cultivos em locais onde a
temperatura da água no inverno atinge 17 C, com pouca incidência de doenças mas com
baixo crescimento. 
A comercialização de surubins e cacharas está sendo feita, principalmente, para
pesque-pagues, mas como seu custo de produção deve ser reduzido nos próximos anos, estas
espécies, provenientes de piscicultura, deverão ter preço competitivo com a pesca e com isso
poderão ser industrializadas. A redução no custo deverá ser decorrente da aplicação dos
resultados das pesquisas sobre nutrição que estão em andamento.
 PIRARUCU (Arapaima gigas)
O nome vulgar desta espécie é de origem Tupi e significa peixe (pira) vermelho (urucu).
Esta denominaçãofaz referência às bordas das escamas existentes na lateral de seu corpo,
principalmente próximo ao pedúnculo. 
Para a nomenclatura científica (sistemática), a presença, nesta espécie, da língua
óssea é uma característica mais marcante.
O pirarucu é o maior peixe de escamas do Brasil e um dos maiores do mundo. Existem
registros de exemplares capturados com peso superior a 200 kg e com mais de três metros de
comprimento. 
Sua carne é muito saborosa e bastante apreciada pelos moradores do Norte do Brasil,
por isso é intensamente pescado e sua população está muito reduzida nas áreas próximas a
Manaus e Belém. Os pirarucus são facilmente pescados, com uso de arpões, ao irem à tona
para realizarem a respiração aérea.
Sua ocorrência natural é restrita às Bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Nestas
regiões, as tentativas de produção comercial foram bem sucedidas, nas outras regiões a
espécie apresentou alta mortalidade devido à menor temperatura da água. 
A temperatura ideal para cultivo está na faixa de 27 a 32C e, aparentemente não
suporta temperaturas abaixo de 20C, que são comuns no inverno das demais regiões.
Em ambiente natural, os pirarucus se alimentam de peixes. Esta espécie caça suas
presas nadando, ou ficam à espera de que algum peixe se aproxime. Nos cultivos comerciais
ainda não foi possível seu treinamento para alimentar-se de ração, por isso seu cultivo é
associado ao de uma espécie forrageira de médio porte, como por exemplo a tilápia. 
Este aspecto é negativo, pois eleva o custo de produção da espécie. Novas pesquisas
podem contribuir para o desenvolvimento de técnicas de alimentação com uso de ração.
Apesar disto, os cultivos têm se mostrado economicamente viáveis pois o pirarucu tem bom
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valor comercial e elevado rendimento de carcaça (acima de 55%). 
 TRAÍRA (Hoplias malabaricus) e TRAIRÃO (H. lacerdae)
As duas espécies são pertencentes à família Erythrinidae e foram introduzidas na
piscicultura para controle da população de tilápias e outras espécies prolíficas.
Sua estratégia de caça consiste em ficar parado à espera de uma presa que passe
próxima, então dá um impulso vigoroso, um bote, e a captura. Seus dentes caninos impedem
que a presa tenha qualquer chance de se desvencilhar. Este hábito de caça, associado ao fato
de não se alimentar de peixes muito pequenos, fez com que fosse abandonada como espécie
controladora de superpopulação.
O treinamento alimentar nestas espécies ainda não foi tentado, mas como são de
crescimento lento a perspectiva de que participem de piscicultura empresarial é pequena.
A traíra atinge mais de 5 Kg, porém raramente chega a 500 g com um ano de cultivo.
Já o trairão é uma espécie de maior porte, chegando a mais de 18 Kg e pode atingir 800 g em
um ano de engorda.
A reprodução destas espécies é bem simples e pode-se obter elevada eficiência até a
fase de pós-larva. Na alimentação dos alevinos é que ocorrem as maiores perdas, inclusive por
canibalismo. 
A desova é feita em uma depressão na parede do viveiro e os ovos são protegidos pelo
casal.
A qualidade da água para cultivo destas espécies não significa um problema, pois são
muito resistentes à condição de hipóxia e às variações de pH. Em relação à temperatura para
criação, o ideal está na faixa de 26 a 32C, mas temos observado a sobrevivência destes
peixes em locais onde a temperatura da água no inverno esteve entre 14 e 18C por vários
dias.
 TUCUNARÉ (Cicla ocellaris)
Esta espécie pertence à família Ciclidae e foi uma das primeiras a ser introduzida na
piscicultura brasileira pelo fato de se reproduzir naturalmente em cativeiro.
Originário dos rios que formam a Bacia Amazônica, o tucunaré é muito apreciado para
pesca esportiva, principalmente quando atinge mais de 1kg.
Sua carne é considerada excelente e o fato de as espécies dessa família não
possuírem espinhos intramusculares é mais um fator que contribui para a boa aceitação pelo
consumidor.
O crescimento inicial desta espécie é bom, pois ela atinge rapidamente de 300 a 400 g.
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Mas como esse peso foi considerado pequeno pelos consumidores acostumados a tucunarés
provenientes da pesca, sua criação sofreu grande redução, uma vez que para atingir 1Kg o
tempo de engorda era muito longo e o custo de produção não a tornava competitiva.
Com a introdução das tilápias, passou-se a utilizar o tucunaré como controlador de
superpopulação. O problema é que o tucunaré causava um impacto maior que o desejado
sobre a população de tilápias.
O tucunaré, assim como outros ciclídeos, cuida dos ovos e da prole, que pode ser
retirada para venda ou recria quando estiver nadando em cardumes acompanhados pelos pais.
A separação por sexo é fácil. Além de apresentarem diferenças na região genital, os machos
apresentam uma protuberância na cabeça à época de reprodução, que ocorre sempre nos
meses mais quentes.
O tucunaré não se adapta a temperaturas abaixo de 20C, paralisando seu crescimento
e ficando susceptível a doenças. Seu cultivo deve ser feito em locais onde a temperatura da
água permanece acima de 24C na maior parte do ano. Em relação ao oxigênio dissolvido, não
são muito exigentes e toleram concentrações de até 1 mg/l durante períodos relativamente
longos.
 Principais espécies exóticas
TILÁPIA (Oreochromis niloticus)
Originária da África, esta espécie da família Ciclidade foi introduzida no Brasil há mais
de 40 anos. Nesta época, a tecnologia de produção não era bem conhecida e ela foi
considerada, então, um peixe sem valor para o cultivo. 
Por ser uma espécie muito prolífera, rapidamente os tanques ficavam superpovoados e
as tilápias não cresciam. 
A reprodução da tilápia é curiosa, pois a fêmea incuba os ovos e posteriormente as
larvas, na própria boca. A identificação do sexo pode ser feita pelo exame visual dos orifícios
urogenitais. Em geral, os machos também possuem a nadadeira dorsal mais longa e
pontiaguda, além de serem maiores e mais coloridos que as fêmeas.
Com as novas técnicas, introduzidas na década passada, pode-se obter, em cultivos,
monossexo de machos, com peso comercial de 450 g, em cinco meses. Isso, quando criadas
em temperatura próxima a 27 C. 
Outro fator que contribuiu para a expansão do cultivo de tilápias em diversos países foi
o desenvolvimento de linhagens mais produtivas. Estas linhagens são os primeiros frutos dos
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estudos em melhoramento genético dessa espécie. Algumas linhagens são puras, como a
chitralada, outras, como a tilápia vermelha, são híbridas (O. niloticus x O. aureus). Estas novas
linhagens permitiram uma redução no tempo de engorda e aumento no rendimento em filé, que
é o principal corte.
Sendo abatida com 400 a 450 g, dela é obtido um filé alto, branco, de sabor suave e
com pouca gordura. Assim como outros ciclídeos, a tilápia não possui espinhos
intramusculares. A sua carne hoje já pode ser encontrada nos principais mercados brasileiros e
vem sendo industrializada por frigoríficos particulares ou de cooperativas de produtores.
A tilápia deve ser criada com uso de rações com 28 a 24% de proteína, associada a
adubações para redução do custo de produção. Também pode ser cultivada em tanques-redes
ou mesmo em sistemas de alta densidade.
Apesar de se adaptar a temperaturas de 14 a 36C, deve-se preferencialmente criá-las
em locais onde a temperatura média seja de aproximadamente 27C. É uma espécie pouco
susceptível a doenças e muito resistente à falta de oxigênio, podendo suportar concentrações
de apenas 1 mg/l, durante longo

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