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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CÂMPUS SÃO LUÍS DE MONTES BELOS CURSO DE ZOOTECNIA BEM-ESTAR NA PRODUÇÃO DE ALEVINOS DE TILÁPIA-DO-NILO Acadêmico: Fábio de Freitas Paiva Orientadora: Profª Drª Raquel Priscila de Castro Oliveira São Luís de Montes Belos Agosto de 2015 ii FÁBIO DE FREITAS PAIVA BEM-ESTAR NA PRODUÇÃO DE ALEVINOS DE TILÁPIA-DO-NILO São Luís de Montes Belos Agosto de 2015 Monografia apresentada ao Curso de Zootecnia do Câmpus São Luís de Montes Belos, Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do grau em Bacharel em Zootecnia. iii iv DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus que mesmo em momentos difíceis sempre me acompanhou e me amparou com seu amor e graça. v AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, o Pai criador que me acompanha em todos os momentos de minha vida. A minha família, que sempre me apoiou e ajudou a conquistar meu sonho. A minha ‘’mãe, ‘chefa’, professora, amiga e colega de profissão ’’, Raquel Oliveira por toda compreensão, carinho e paciência infinita. A minha ‘’chefa’’, Milena Rizzia por sempre me incentivar e mostrar todo o potencial que tenho. Ao quadro de professores, por terem me instruído, ensinado e orientado durante estes incontáveis anos que passei na instituição. Aos funcionários da Universidade por fazerem um trabalho tão justo que nos propicia todos os dias condições para estudo. A Universidade Estadual de Goiás – Câmpus São Luís de Montes Belos pela oportunidade concebida a mim para realização do curso de Zootecnia. A todos os Docentes do curso de Zootecnia do câmpus São Luís de Montes Belos, deixo um muito obrigado por todo conhecimento adquirido durante esses anos, me preparando da melhor maneira possível para o mercado profissional. Aos meus supervisores de estágio Adriano patrão, João Barbosa e Ramon Amaral em nome da Piscicultura A3 por me receberem com tanto apresso e portas abertas o que demonstou confiança em meu trabalho. vi A toda equipe de funcionários da empresa Piscicultura A3, pela paciência e troca de conhecimentos de uma forma tão simples e proveitosa e as novas amizades feitas no período de estágio. A todos amigos que dividiram casa comigo e suportaram meus enjoos de alguma forma: Rafael Dias, Girlei Gonçalves, Leandro Arruda, Felipe Diniz, Thalles Bueno, Danilo Pires, Murilo Carlos, Iago Almeida, Anderson Catalão e Diogo Caetano. Ao meu grande amigo, irmão, uma das melhores pessoas que tive o prazer de conhecer durante esses anos e que pretendo levar comigo para o resto de minha vida, Georgios Bruno obrigado pelo companheirismo, amizade, cumplicidade, apoio Obrigado irmão! A minha grande amiga, irmã, companheira que me levou a ver um novo lado da zootecnia e que graças ao seu esforço e companheirismo tenho o prazer de defender este trabalho. Obrigado Emília Camargo. A minha grande amiga e companheira Bruna de Azeredo Bastos por fazer parte de minha vida e ter me aconselhado tanto durante esses anos de amizade. A minha amiga que sempre esteve comigo em dias bons e principalmente nos ruins, alguém que tive o prazer de conviver e caminhar. Obrigado Paulla Barbosa. A Claudinha Luz por toda paciência e zelo em realizar seu trabalho com tanta competência e por ter me ajudado tanto nestes anos. vii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS............................................................................ Ix LISTA DE QUADROS........................................................................... Xi RESUMO............................................................................................. Xii ABSTRACT.......................................................................................... Xiii 1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 1 2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................ 3 2.1 Tilápias................................................................................................. 3 2.1.1 Características da Tilápia-do-Nilo........................................................ 4 2.1.2 Monossexo........................................................................................... 5 2.2 Sistema Intensivo, Viveiros................................................................... 6 2.2.1 Características da qualidade da água em viveiros para criação de tilápias-do-Nilo...................................................................................... 7 2.2.1.1 Temperatura......................................................................................... 7 2.2.1.2 Transparência e produção de plânctons ............................................. 8 2.2.1.3 Potencial Hidrogênico (pH) e calagem................................................. 9 2.2.1.4 Oxigênio dissolvido (OD)...................................................................... 9 2.2.1.5 Amônia ................................................................................................ 10 2.2.2 Capacidade de suporte........................................................................ 11 2.3 Fator de Condição ................................................................................ 11 2.4 Conceitos de Bem-Estar na Produção Animal...................................... 11 2.4.1 Legislação brasileira para bem-estar animal........................................ 12 2.4.2 Senciência............................................................................................ 13 2.5 Conceitos de Bem Estar na Produção de Peixes................................. 13 2.5.1 Cinco liberdades................................................................................... 13 2.6 Cinco Liberdades Aplicadas a Peixe..................................................... 14 2.6.1 Liberdade fisiológica............................................................................. 15 2.6.2 Liberdade ambiental............................................................................. 17 2.6.3 Liberdade sanitária............................................................................... 17 2.6.4 Liberdade comportamental................................................................... 18 2.6.5 Liberdade psicológica......................................................................... 18 viii 3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO.................................................................. 19 3.1 Período de Estágio............................................................................... 19 3.2 Descrição da Empresa.......................................................................... 19 3.3 Descrição das Atividades Realizadas................................................... 19 3.3.1 Preparação dos viveiros ...................................................................... 19 3.3.2 Transporte dos alevinos....................................................................... 21 3.3.3 Recepção dos alevinos e aclimatação ................................................ 22 3.4 Seleção................................................................................................. 23 3.4.1 Seleção na recepção dos alevinos....................................................... 23 3.4.2 Biometria no arraçoamento.................................................................. 23 3.5 Ração Fornecida................................................................................... 24 3.6 Manejo Alimentar.................................................................................. 25 3.7 Qualidade de água............................................................................... 26 3.8 Transferência Para os Tanques-Rede..................................................27 3.9 Avaliação do Bem-Estar na Piscicultura............................................... 31 3.9.1 Cinco liberdades................................................................................... 31 3.9.1.1 Liberdade fisiológica ............................................................................ 32 3.9.1.2 Liberdade ambiental............................................................................. 32 3.9.1.3 Liberdade sanitária .............................................................................. 32 3.9.1.4 Liberdade comportamental................................................................... 33 3.9.1.5 Liberdade psicológica........................................................................... 32 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 34 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35 ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) com coloração desejada na espécie................................................................................................. 5 Figura 2 Viveiro com cal virgem em preparação para receber alevinos (vazio sanitário por sete dias)......................................................................... 20 Figura 3 Imagem A: Caixa de transporte para alevinos. Imagem B: retirada dos alevinos das caixas de transporte................................................. 21 Figura 4 Imagem A: coleta de água do viveiro. Imagem B: Água utilizada para aclimatação.......................................................................................... 22 Figura 5 Ração utilizada na alevinagem com teor de 40% de proteína bruta e granulometria 2mm............................................................................... 24 Figura 6 Arraçoamento de alevinos com ração extrusada 1.2mm 40% de PB em sistema intensivo de produção....................................................... 25 Figura 7 Despesca dos alevinos para transferência do viveiro aos tanques- rede realizada por colaboradores. Em cada despesca foram retirados aproximadamente 60 mil alevinos......................................... 26 Figura 8 Contagem de alevinos feita por colaboradores.................................... 27 Figura 9 Caixa de transporte com oxigenação................................................... 28 Figura 10 Retirada dos alevinos das caixas de transporte com auxilio de puçá levados ao duto de transporte............................................................ 29 Figura 11 Transferência de alevinos. Duto utilizado para recepção de alevinos nos tanques rede.................................................................................. 29 x Figura 12 Transferência de alevinos. Duto utilizado para recepção de alevinos nos tanque-rede................................................................................... 30 xi Lista de Quadro Quadro 1 Características das Tilápias mais cultivadas no mundo................ 4 xii RESUMO A avaliação do bem-estar animal é de suma importância à produção de alevinos para garantir o sucesso da produção, pois estes se tornarão os futuros animais a serem engordados e comercializados. Este trabalho foi elaborado com o intuito de abordar cuidados que devem ser realizados com os alevinos desde a concepção à transferência fornecendo bem-estar. São estes cuidados: recepção dos alevinos, alimentação, manejos gerais e despesca, tendo em vista aspectos sanitários, alimentares, estressores e ambientais. O estágio foi realizado na Piscicultura 3A integrada do grupo Ambar Amaral, localizada no município de Santa Fé do Sul São Paulo com inicio no dia 17 de dezembro de 2014 e fim no dia 06 de março de 2015 totalizou 312 horas. A produção de alevinos inicia-se com o planejamento da produção de pescado por ciclo em que há interesse pelo piscicultor, construção dos viveiros para estocagem destes animais, cuidados com a manutenção, arraçoamento, qualidade da água, prevenção à predadores ou agentes estressores, qualidade sanitária do ambiente em que os peixes são alocados, liberdade para expressar comportamentos típicos da espécie e qualidade de vida dos peixes. Desta forma, garantir por meio de práticas de bem-estar produtividade elevada e com baixa mortalidade sem diminuir a qualidade de vida destes animais. PALAVRAS-CHAVE: Cinco liberdades, qualidade de vida, produtividade, sistema intensivo e viveiros. xiii Abstract The assessment of animal welfare is of paramount importance to production fingerlings to ensure the success of production, since these will be the future animals to be fattened and marketed. This work was done with the intention of address care that should be performed with fingerlings from conception to transfer providing welfare. Are these precautions: The production of fingerlings is initiated with planning of fish production per cycle in which there is interest by the pisciculturist, construction of nurseries for in which these is interest by the maintenance, feeding, water quality, prevention of stocking of predators or stressors in the municipality Santa Fé do Sul – São Paulo commencing on December 17, 2014 and end on March 6, 2015, totaling 312 hours. Sanitary quality of the environment in which the fish are allocated, freedom to express typical behaviors of the specie and quality of life of fish. This way we ensure through welfare practices, high productivity and with low mortality without diminishing the quality of life of these animals. KEYWORDS: Five freedoms, quality of life, productivity, intensive system and nurseries. 1 INTRODUÇÃO No Brasil, a criação de peixes foi uma novidade introduzida pelos holandeses quando ocuparam parte do território nordestino, no século XVIII. No entanto, foi a partir da década de 30 que começou a se desenvolver com o povoamento de açudes públicos no Nordeste, destinados para armazenagem de água, e que permitiam atender às necessidades de pesca das populações circunvizinhas (Faria et al., 2013). A tilápia é um peixe de origem africana que vive em água doce, as primeiras espécies de tilápia foram introduzidas no Brasil por volta dos anos 50 (Barbosa et al., 2010). O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) realizou um censo no Brasil entre outubro de 2009 a outubro de 2011, e os dados foram registros de localização exata das atividades aquícolas e interações socioeconômicas. Foi identificado 15.469 produtores de pescado no continente, dentre estes produtores, 8.855 criavam tilápia, sendo, 22% na região Sudeste e 3% no Centro-Oeste (MPA, 2014). De acordo com dados do IBGE (2013), a produção de tilápias durante o período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2013 nos estados de São Paulo e Goiás foram respectivamente 24.329 e 7.371 toneladas. A cidade de Santa Fé do Sul, SP, produziu neste mesmo período, 6.486 toneladas de tilápia. Kubtiza (2015) estima que a produção atual de tilápia se aproxime de 210.000 toneladas/ano. A tilápia é produzida em praticamente todas as regiões do país, São Paulo se destaca no sudeste, com grande expansão nos cultivos nos últimos 10 anos. Este crescimento se deve primeiramente a grande aceitação do mercado aos produtos da tilápia cultivada. O mercado de tilápia e de pescado em geral no Brasil continua com demanda maior do que a oferta, a ponto do Brasil importar grande quantidade de pescado. Através de processos zootécnicos aplicados na piscicultura, tem-se a ideia de produzir o máximo ao menor custo. Está em crescimento técnicas aplicadas para a produçãocom saúde e bem-estar desses animais (Pedrazzani et al., 2007). O conceito de bem-estar animal está aplicado a peixes com controvérsias ligadas à capacidade de sofrimento, e foi caracterizado nos 2 peixes em contextos de interação social, memória espacial e aprendizagem (Galhardo & Oliveira R., 2006). Com o decorrer do tempo é previsto que da mesma forma que acontece com os outros animais, o consumidor começará a fazer considerações sobre o bem-estar dos peixes (Pedrazzani et al., 2007). Ao utilizar o conceito de Bem-Estar associado ao correto manejo na produção de alevinos, os animais estão aptos à expressar suas características genéticas, assim, é promovido o desenvolvimento satisfatório conforme as características da espécie. Objetivou-se com este trabalho discorrer sobre o bem-estar na produção de alevinos de tilápia-do-Nilo e garantir por meio de práticas de bem- estar produtividade elevada com baixa mortalidade sem diminuir a qualidade de vida destes animais. 3 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Tilápias De acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura (2014) o Brasil possui condições favoráveis para a produção aquícola, visto que disponibiliza 3,5 milhões de hectares de lâmina d’água em reservatórios de usinas hidrelétricas e em propriedades particulares no interior do país. A estratégia do Ministério da Pesca e Aquicultura para fortalecer a produção nacional de pescado incorpora a criação de parques aquícolas continentais e marinhos em águas de domínio da União. A tilápia foi introduzida no Brasil em 1953, quando a “Light”, em São Paulo, importou Tilápia Rendalli do Congo. Posteriormente, em 1971, o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca - (DNOCS) introduziu exemplares da espécie Tilápia Nilótica (Oreochromis niloticus) com o intuito de povoar os reservatórios públicos da Região Nordeste (Oliveira et al., 2007). Figueiredo Junior & Valente Junior (2008) corroboram e complementam o trabalho de Oliveira et al. (2007) informando que os Estados de São Paulo e Minas Gerais, através de suas companhias hidrelétricas, produziram na década de 70 alevinos para povoamento de seus reservatórios. Essa tentativa de dispersão da espécie fracassou devido à falta de conhecimento. No entanto, a tilapicultura firmou-se como atividade empresarial a partir de 1980, quando surgiram os empreendimentos pioneiros. Kubitza (2000) afirmou que existe mais de 70 espécies de tilápias, a maioria delas oriundas da África, quatro destacam-se na aquicultura graças as suas características, conforme observado no quadro 1. Cruzamentos entre espécies têm sido utilizados na obtenção de híbridos machos ou de híbridos em linhagens de tilápias vermelhas. As características destes híbridos e linhagens geralmente são intermediárias às das espécies que os originaram (Kubitza, 2011). 4 Oreochromis Niloticus Oreochromis aureus Oreochromis mossambicus Oreochromis u. hornorum Crescimento XXXXX XXXXX XXX XXX Tolerância à baixas temperaturas XXX XXXXX XXX XXX Tolerância à alta salinidade XXX XXXX XXXXX XXXXX Idade de maturação sexual 5-6 meses 4 meses 3meses 3-4 meses Produção de alevinos (prolificidade) XXXXX XXXX XXX XXX Legenda: Quanto maior o numero de X, melhor são os indicadores de características Fonte: Kubitza, 2000. Quadro 1. Características das Tilápias mais cultivadas no mundo. 2.1.1 Características da Tilápia-do-Nilo Oliveira et al. (2007) relataram que a tilápia nilótica apresenta hábito alimentar fitoplanctófago (alimenta-se de algas), aceita rações comerciais elaboradas à base de subprodutos da agropecuária. Kubitza (2000) acrescentou que a Tilápia-do-Nilo apresenta habilidade em se alimentar do plâncton, assim, quando cultivada em viveiros de águas verdes, supera em crescimento e conversão alimentar as demais espécies de tilápias. A Tilápia-do-Nilo possui dentes rudimentares nos lábios, intestino longo, respiração do tipo branquial e o corpo coberto por escamas (Oliveira et al., 2007). A coloração deste gênero geralmente é cinza escuro, com nadadeiras caudais, apresenta listras pretas delgadas e verticais. Os machos, durante o período reprodutivo, apresentam a superfície ventral do corpo e as nadadeiras anais, dorsais e pélvicas pretas, a cabeça e o corpo com manchas vermelhas (Pereira & Silva, 2012). 5 Fonte: Aquabel, (2013). Figura 1: Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) com coloração desejada na espécie. 2.1.2 Monossexo Lima (2011) relatou que o cultivo monossexual é uma técnica que consiste em cultivar indivíduos de mesmo sexo e apresenta algumas vantagens como: impedir a reprodução nos viveiros, maior rendimento de carcaça e controle da população. Um grande entrave existente com o cultivo de tilápia-do-Nilo está relacionado com a precoce maturidade sexual e elevada fecundidade, o que acarreta a elevação da população em condições de cultivo. Este fato pode provocar grandes prejuízos aos cultivos devido à redução das taxas de crescimento dos animais envolvidos na reprodução, competição pelo alimento e queda na qualidade da água devido à elevada população presente no sistema intensivo (Bombardelli et al., 2004). A Tilápia-do-Nilo apresenta crescimento superior no macho (aproximadamente 25%), maior ganho em peso e melhor conversão alimentar quando comparados às fêmeas. A reversão sexual de tilápias é empregada como biotecnologia para produção de monossexo, as tilápias do sexo 6 masculino, por meio de indução hormonal ou temperaturas elevadas, maximiza a produtividade e o crescimento da tilapicultura no Brasil (Lima, 2011). 2.2 Sistema intensivo em Viveiros Neste sistema utiliza-se maior nível técnico em comparação com o sistema semi-intensivo (onde a ração artificial é suplemento da alimentação). É necessário que a alimentação seja totalmente artificial, com rações balanceadas que podem propiciar a melhor performance aos peixes (Rural News, 2015). Na piscicultura intensiva em viveiros utiliza-se esses métodos para produção de peixes e para que o funcionamento desse sistema seja positivo são necessários alguns critérios, tais como: arraçoamento dos peixes com ração balanceada e adequada para cada espécie atenta para a fase de cultivo, manejo criterioso e espécies adaptadas à criação em alta estocagem (LOPES, 2012). Neste sistema de criação, os viveiros apresentam maior taxa de renovação de água em relação aos sistemas extensivos e semi-intensivos. Pode-se utilizar aeração suplementar para regular a disponibilidade de oxigênio dissolvido na água. Normalmente, a opção é pelo monocultivo, com densidades elevadas (assim as tilápias produzem acima de 20 mil alevinos por hectare), utiliza-se ração de qualidade e frequência de alimentação (Faria et al. 2013). Sanches & Hayashi (2001) recomendam para fase de alevinagem de tilápias, cinco arraçoamentos diários durante o período diurno, em intervalos de tempo semelhantes. Para Oliveira (2010) a densidade de estocagem está relacionada com a quantidade de peixes colocados por m2, dentre as técnicas de manejo empregadas na piscicultura para a produção de tilápia-do-Nilo, a densidade de estocagem é de extrema importância. Lopes (2012) definiu como taxa de estocagem ideal de um a três peixes/m². Viveiros para cultivo de peixes caracterizam-se pela ocorrência de densidade superior às encontradas na natureza. Esta superpopulação torna o ambiente instável, para a obtenção de produção é necessário o manejo adequado (Ostrensky & Boeger, 1998). 7 Oliveira (2010) complementa a ideia de Ostrensky & Boeger (1998) e afirmou que densidades elevadas podem acarretar alta taxa de mortalidade, redução no crescimento do animal, altos níveis de estresse, mudança no comportamento, redução na eficiênciada reversão sexual e aumento na transmissão de doenças, devido ao maior contato entre os peixes. 2.2.1 Características da qualidade da água em viveiros para criação de tilápias- do-Nilo Pereira & Silva (2012) relataram que para a criação racional dos peixes um dos passos principais é a análise da qualidade da água. Os peixes vivem em equilíbrio com o ambiente aquático, desta maneira os organismos bióticos e o meio abiótico devem estar inter-relacionados e interligados. No momento em que ocorre alguma variação, os peixes ficam estressados, o que aumenta a possibilidade de adquirirem doenças. A qualidade da água deve ser avaliada antes, durante e depois do desenvolvimento da atividade de piscicultura. A criação intensiva exige análise diária de algumas variáveis, tais como: temperatura e oxigênio dissolvido. Outros parâmetros de qualidade da água que recomenda-se analisar frequentemente são: transparência, pH e amônia (Faria et al., 2013). 2.2.1.1 Temperatura A temperatura corpórea dos peixes varia de acordo com a temperatura da água em que eles estão. O aumento da temperatura da água eleva a taxa de metabolismo dos animais (Embrapa, 2000). Os peixes são animais exotérmicos, a temperatura corpórea apresenta-se próxima à temperatura da água em que vivem. Os peixes tropicais apresentam faixa de conforto térmico situada entre 22 e 30°C (IABS, 2013). A temperatura da água é um dos fatores que deve ser objeto de constante monitoramento, pois é um dos parâmetros limitantes na alimentação, provoca a redução no consumo alimentar e estresse quando não estiver na faixa de conforto dos peixes (IABS, 2013). 8 A exigência em temperatura depende da espécie de peixe e fase de desenvolvimento em que este se encontra (ovo, larva, pós-larva ou juvenil). Temperaturas mínimas e máximas da água devem ser conhecidas de modo a determinar a viabilidade do cultivo de uma espécie em particular (Kubitza, 1998). 2.2.1.2 Transparência e produção de plânctons. A transparência é aferida com o Disco de Secchi, quando a coluna d’água medida com o disco apresentar mais de 30 cm indica baixa produtividade de plâncton, menor que 20 cm a produtividade de plâncton é alta, recomenda-se transparência entre 20 e 30 cm (Pereira & Silva, 2012). Plâncton é a comunidade de micro-organismos que vive em suspensão na coluna d’água, divididos basicamente em fitoplâncton e zooplâncton. O fitoplâncton é formado por pequenas algas que, a partir da luz do sol e do gás carbônico dissolvido na água produzem oxigênio utilizado na respiração dos peixes. Além disso, o plâncton é a base da cadeia alimentar, o zooplâncton é formado por diminutos organismos que se alimentam do fitoplâncton e extremamente importante para a nutrição dos peixes nos diferentes estágios de desenvolvimento, desde larvas até adultos (Faria et al. 2013). A produção planctônica em estações de piscicultura visa, principalmente, suprir a demanda de alimentos vivos para larvas e alevinos. As oscilações nos diversos parâmetros físico-químico destes viveiros definem, em linhas gerais, as condições da qualidade de água para a produção do plâncton, o que interfere na capacidade de produção assim como na qualidade dos organismos produzidos (Sá & Sipaúba, 1997). O plâncton contribui para o balanceamento da dieta da tilápia-do-nilo pois, fornece aminoácidos essenciais, ácidos graxos, minerais e vitaminas que pode estar ausentes ou em quantidades limitantes nas rações. Em viveiros com alta densidade de estocagem e com água verde esta contribuição ainda pode chegar a cerca de 30% (Kubitiza, 2006). 2.2.1.3 Potencial hidrogênico (pH) e calagem 9 O pH é representado por uma escala de 0 a 14 que indica a quantidade de íons de hidrogênio [H+] livres numa solução. A água quando está com pH igual a 7, diz-se que está neutra. Porém quanto maior a concentração de íons de hidrogênio, mais ácida fica a água e o pH diminui de 7 até 0. Se a concentração de [H+] diminuir, ela fica básica e o pH sobe de 7 até 14. É recomendável para a maioria das espécies de peixes que o pH se situe em faixa de 6,5 a 8,5 (Faria et al., 2013). Com a construção de viveiros em locais com solos ácidos a água pode apresentar valores baixos de pH e concentrações reduzidas de alcalinidade total, apresentar sedimentos ácidos no fundo dos viveiros, o que interfere indiretamente na produção de plânctons, o que resulta em baixa produção de peixes e de outras espécies cultivadas (Queiroz & Boeira, 2006). Em viveiros, a calagem pode ser usada para correção do pH, geralmente, água com pH menor que 6,5 deve receber calagem. Esta corrige os valores de pH e neutraliza a acidez de troca do solo do fundo dos viveiros. O calcário agrícola é o material mais utilizado em calagem, apresenta lenta reação na água suave elevação do pH seguro para aplicação em viveiros com peixes (Kubitza, 1998). 2.2.1.4 Oxigênio dissolvido (OD) O oxigênio é essencial à vida e baixas concentrações de OD na água podem causar atraso no crescimento, redução na eficiência alimentar dos peixes, aumento na incidência de doenças e mortalidade dos peixes (Kubitza, 1998). A taxa de difusão do oxigênio na água é muito lenta, isto faz com que a liberação de oxigênio pelas algas através da fotossíntese seja a principal fonte de OD nos ecossistemas aquícolas. Para a piscicultura é necessário ocorrer saldo positivo entre produção e consumo de oxigênio na água. A variação diária nos níveis de OD de um viveiro depende da quantidade de plânctons presente, assim uma correlação positiva: quanto menor a quantidade de plânctons, menor o teor de OD (Cyrino et al., 2011). 10 As concentrações de OD declinam durante o período noturno, este componente varia e pode causar danos à produção das 00:00 as 8:00 horas da manhã (Queiroz & Silveira 2006). O oxigênio dissolvido é um dos componentes da água que mais varia durante o dia. Para desenvolvimento da Tilápia-do-Nilo, são requeridos níveis mínimos de 2mg/L, o ideal é acima de 5mg/L. Níveis mais baixos comprometem o desenvolvimento, sobretudo, quando se mantêm por períodos prolongados (Barbosa et al. 2010). 2.2.1.5 Amônia É comum o enriquecimento de viveiros com nutrientes, principalmente o nitrogênio e o fósforo, que em geral, são oriundos do arraçoamento, adubos e fertilizantes que contêm tais elementos. O uso inadequado desses nutrientes podem ocasionar prejuízos tanto ambientais quanto financeiros (Mercante et al., 2007). O principal resíduo nitrogenado excretado por peixes é a amônia (NH3 forma não ionizada) mais tóxica aos peixes e pode causar mortalidade de peixes. Concentrações iguais ou superiores a 0,20 mg/L, servem como alerta no cultivo de tilápias, pois compromete diretamente à conversão alimentar, crescimento e tolerância a manejos (Kubitza, 2000). Macedo & Sipaúba-Tavares (2010) confirmaram o estudo de Mercante et al. (2007) e Kubitza (2000) afirmaram que amônia é o principal resíduo nitrogenado excretado pelos peixes, resultante do metabolismo protéico e contribui para o aumento da decomposição microbiana de resíduos orgânicos (restos de alimentos, fezes e adubos orgânicos). 2.2.2 Capacidade de suporte Attayde & Panosso (2011) afirmam que no contexto da piscicultura intensiva, a capacidade de suporte pode ser definida como a quantidade máxima de peixes que poderá ser produzida em um ecossistema sem deflagrar um processo de degradação ambiental pela carga de resíduos gerados. Araripe et al. (2006) complementam que a piscicultura é uma atividade que requer boas condições ambientais, pois esse ambiente é modificado com o 11 manejo dos peixes e seu metabolismo. O impacto da piscicultura no ambiente é a própria produção aquícola, desta forma gera resíduos e os leva para o ambiente uma quantidade de nutrientes compatível com o tipo de cultivo realizado. Para Kubitza(1999) a capacidade de suporte é quando os peixes param de ganhar peso, ou seja, quando o incremento em biomassa for nulo. Kubitza & Kubitza (2000) complementam e afirmam que qualquer tentativa de superar esse limite de biomassa sem incrementar a estratégia de cultivo, pode resultar em perda parcial ou total da produção. O conhecimento da carga máxima de nutrientes gerados pelo sistema de cultivo que o ecossistema é capaz de sustentar é fundamental para o desenvolvimento da atividade, pois é uma importante ferramenta para o controle e preservação da qualidade da água do ambiente e para a garantia da sustentabilidade ambiental da atividade (Attayde & Panosso, 2011). Para Kubitza & Kubitza (2000) é fundamental para o planejamento e a otimização da produção, o conhecimento e quantificação da capacidade de suporte. 2.3 Fator de Condição Segundo Araújo et al. (2011) o índice de fator de condição (K) é muito utilizado nos estudos de biologia pesqueira, o motivo é que o mesmo indica o grau de bem-estar do peixe em relação ao ambiente de produção. O fator de condição influencia os aspectos nutricionais recentes e/ou gastos de reservas em atividades cíclicas, que permite a relação das condições ambientais e os aspectos comportamentais das espécies. Gomiero et al. (2010) relataram que a relação peso-comprimento é uma maneira facilitada de descrever o crescimento, sem considerar a idade do peixe. É usada para estimar o peso através do comprimento, a partir do momento que se conhece o comprimento, ou vice e versa, uma das etapas para o estudo do fator de condição, usada como parâmetro no estudo da biomassa para estimativas de populações naturais ou em sistemas de produção. 12 2.4 Conceitos de Bem-Estar na Produção Animal O bem-estar animal é um conceito de difícil definição no meio científico, devido à complexidade do assunto e a grande divergência observada entre os cientistas atuantes na área (Mantenca et al., 2013). Broom & molento(2004) definem bem-estar animal como uma satisfeita qualidade de vida que englobam determinados aspectos referentes ao animal, tais como saúde física e mental, longevidade e felicidade. Galhardo & Oliveira (2007) descreveram que a área científica do bem-estar animal tem como objetivo a caracterização da qualidade de vida dos animais e o desenvolvimento de estratégias que permitam o seu incremento quando os animais se encontram sob a responsabilidade de humanos. Broom (2011) complementou que o bem-estar animal é um conceito científico que descreve qualidade de vida potencialmente mensurável de um ser vivo em determinado momento, no entanto, ressalta que a abordagem científica do tema deve estar amplamente separada da ética. Molento & Pont (2010) avaliou o bem-estar de um animal em sistema produtivo por três possibilidades, são elas: o animal está adaptado, porém apresenta uma função não significativa em seu ambiente atual; o ambiente oferece ao animal um desafio para o qual ele não tem condições de adaptar-se; o animal tem uma adaptação apropriada ao seu ambiente natural, mas tal adaptação se torna inadequada; 2.4.1 Legislação brasileira para o bem-estar animal Desde 1934 existe no Brasil a preocupação com o bem-estar animal, quando foram estabelecidas medidas de proteção animal, no qual, princípios de respeito aos animais já eram observados (MAPA, 2015). A legislação de bem-estar animal no Brasil teve início com o decreto n° 24.645 de julho de 1934, no seu artigo n°225 dota o poder público de competência para proteger a fauna, a flora e veda práticas que submetam animais a crueldade. Através da portaria n°185 de março de 2008 (Atualizada pela portaria n°524 de 2011) a Comissão Técnica Permanente de Bem-estar 13 Animal, com o objetivo principal de coordenar as mais diversas ações referentes a este tema na produção animal e fomentar a adoção das boas práticas para o bem-estar animal pela cadeia produtiva, sempre embasada na legislação vigente e no conhecimento técnico-científico disponível (MAPA, 2015). 2.4.2 Senciência Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA) (2009) define senciência como um conceito que combina os termos “sensibilidade” e “consciência”. O conceito chave para a compreensão do debate sobre os direitos animais. A senciência é definida como a presença de estados mentais que acompanhem as sensações físicas. Ela é um atributo fundamental para todos os animais, por estes estarem separados de sua fonte de alimentos. Por isso é considerada uma característica típica e definidora dos indivíduos do reino animal. De forma resumida é a capacidade de sentir, estar consciente de si ou apenas do ambiente que o cerca. Senciência é a capacidade de sentir e engloba os animais vertebrados (Luna, 2008). 2.5 Conceitos de Bem-Estar na Produção de Peixes Pedrazzani et al., (2007) definem a consciência como o que é percebido pelo animal em dado momento a respeito de sua situação imediata, observa com atenção às imagens ou representações de objetos e eventos, situações que os peixes enfrentam no presente, lembranças ou antecipações de ações futuras. Galhardo & Oliveira (2006) reforçam o trabalho de Pedrazzani et al., (2007) com seu estudo e afirmam que a formação de aspectos mentais declarativas é um pré-requisito para a existência de senciência e retratada em peixes em contextos de interação social, memória espacial e aprendizagem. Takahashi et al., (2006) afirmaram que o estresse pode ser compreendido como a reação biológica do peixe a estímulos ameaçadores, pode variar com a intensidade a exposição e diferentes estímulos, bem como 14 com a genética e a domesticação dos animais. O ambiente aquático é extremamente dinâmico, com mudanças rápidas ou extremas na concentração de OD e pH. O conceito de bem-estar animal tem-se aplicado a peixes com discussão relacionada à sua capacidade de sofrimento. A complexidade cognitiva dos peixes gera implicações relevantes para o seu estatuto moral e recomendações relacionadas com a manutenção em cativeiro (Galhardo & Oliveira 2006). Os animais que vivem nesse ambiente enfrentam essas e outras alterações, que podem ocasionar estresse e reduzir a habilidade na manutenção da homeostase (OBA et al., 2009). Certos procedimentos que implicam manipulação física, tais como: a captura para controle de doenças, a classificação dos animais por tamanho e a despesca são atividades causadoras de estresses físicos e psicológicos agudos (Pedrazzani et al., 2007). 2.5.1 Cinco liberdades De acordo com a Farm Animal Welfare Council - FAWC (2009) para que um animal possa demonstrar seu potencial de desempenho se faz necessário uma situação de conforto somado a de bem-estar. Assim, os animais precisam de vários fatores a sua disposição para que possam gozar das cinco liberdades citado pela primeira vez em 1965 pelo comitê Brambell (grupo denominado pelo Ministério da Agricultura da Inglaterra para avaliar as condições em que os animais eram mantidos no sistema de criação intensiva naquele país) e depois revisada em 1970 a qual se equipara a versão de 2009. Ainda de acordo com FAWC (2009) o comitê Brambell define o bem- estar animal como um termo que abrange tanto o bem-estar físico quanto o mental. Assim a avaliação ideal do animal deve se considerar desde aspectos físicos (fisiológicos) como mentais (comportamentais). A relação entre homem/animal no contexto do bem-estar animal é analisada e considera diferentes situações, desta forma, toma como referência o conceito das cinco liberdades, afirma-se que todos os animais devem ser livres de medo e angustia, livres de fome e sede, livres de desconforto, livres de dor, ferimentos e doenças e ter liberdade para expressar seu comportamento normal. 15 2.6 Cinco liberdades aplicadas a peixes A definição posta pelo Farm Animal WelfareCouncil (FAWC), do Parlamento Britânico em seu Código de Bem-estar para Animais de Produção, citada por Wesbter (1987) em sua publicação definiu as cinco liberdades que determinam o bem-estar animal. Chevillon (2000) as classificou e é amplamente aceita e utilizada, são elas: Liberdade fisiológica. Liberdade ambiental. Liberdade sanitária. Liberdade comportamental. Liberdade psicológica. 2.6.1 Liberdade fisiológica Na liberdade fisiológica os peixes devem estar livres de fome, a alimentação deve estar à disposição do animal, deve ser suficiente e apresentar quantidade e qualidade, permite crescimento, vigor e saúde normais de cada espécie, citado por (Webster 1987; Santana et al., 2014). Neto & Prado (s/d) complementam com a afirmativa de que peixes com peso médio de 1 a 20 gramas devem receber rações com teores de 40% de PB e cerca de 10% de seu peso total, já alevinos entre 22 a 50 gramas, devem ser arraçoados com ração 40% PB e 8% do seu peso vivo. Para peixes de 10 a 50g as rações devem ser oferecidas em pequenas partículas de modo que o peixe possa abocanhá-los. Kubitza (1999) descreveu que em condições naturais e em viveiros o primeiro alimento das pós-larvas de tilápias são o fitoplâncton, os copépodos e os cladóceros. Estes organismos possuem alto valor energético e podem conter níveis de proteína na matéria seca que varia de 20 a 60%. Kubitza (2003) complementa com a afirmação de que zooplâncton é o principal alimento durante as primeiras fases de desenvolvimento dos peixes, desta forma, a adubação feita de forma adequada, é fundamental para estimular e possibilitar o rápido crescimento de alevinos. 16 O apetite dos peixes é influenciado por variações na temperatura por ser é um animal exotérmico, deve-se observar diariamente a busca de alimento pelos peixes e ajustar as taxas de arraçoamento (Sussel, 2008). Kubitza (1999) relatou que devido à necessidade de moagem fina para obter partículas de tamanho inferior a 0,5mm as rações para pós-larvas estão sujeitas a maiores perdas de nutrientes por dissolução na água, principalmente os minerais, as vitaminas hidrossolúveis, proteínas e aminoácidos livres. Kubitiza (2009) complementa que as rações para pós-larvas geralmente contém entre 40 e 50% de proteína e teor de gordura entre 10 e 15%. Alevinos a partir de 0,5g já podem ser alimentados com rações na forma granulada. Alguns fatores como temperatura ambiente, tempo de estocagem, armazenamento com excesso de umidade, produtos amontoados, composição química, dentre outros, o aparecimento de fungos na ração pode afetar o consumo pelos animais e até mesmo provocar morte. É de suma importância que os produtos sejam conservados em perfeitas condições, com locais secos arejados e limpos, e que ofereçam condições adequadas durante o transporte para que não prejudiquem a qualidade (Custódio et al. 2005). Machado (2000) apresentou algumas práticas para estoque de rações e produtos, dentre as principais estão: Primeiro que vence primeiro que sai; o local de armazenagem deve ser fresco, ventilado e iluminado; as áreas de armazenagem devem ser mantidas limpas; o empilhamento deve ser bem alinhado, em blocos regulares, manter os paletes, com afastamento mínimo de 50cm das paredes para evitar umidade e facilitar a limpeza, os paletes devem respeitar afastamento de 30 cm entre si e 20 cm do piso. 2.6.2 Liberdade ambiental Para garantir a liberdade ambiental os peixes devem ester livres de desconforto térmico ou físico. As instalações devem ser adaptadas e fazer com 17 que o ambiente apresente conforto térmico, desta forma permite o descanso e atividades normais (Webster 1987; Santana et al., 2014). Segundo Hein & Brianese (2004) a temperatura ideal da água para produção de tilápia-do-Nilo que visa o bem-estar e conforto térmico é entre 22 e 30°C. Temperaturas superiores ou inferiores influenciam diretamente na produção de tilápias. Produção de tilápias em sistema intensivo pode-se trabalhar com densidades elevadas, acima de 20 mil alevinos por hectare, apresenta quantidade superior a 3 peixes por m² (Moraes et al., 2013). Produção eficiente é o peso que pode ser produzido com conversão alimentar adequada, em período razoavelmente curto e com peso final aceito, desta forma se adequa a normas de bem-estar animal (Paiva et al; 2008). 2.6.3 Liberdade sanitária Na liberdade sanitária os peixes devem estar livres de dor, ferimentos e doenças. As instalações devem apresentar-se de forma a minimizar o risco de doenças, fraturas e machucados, e quaisquer casos que ocorram devem ser reconhecidos e tratados imediatamente (Webster 1987; Santana et al., 2014). A densidade de estocagem nos sistemas de produção de peixes é fundamental, pois está associada ao bem-estar dos animais. Alta densidade influencia diretamente na qualidade da água, aumenta a agressividade dos peixes o que favorece o aparecimento de feridas, doenças e deformidades; pode aumentar o aparecimento de infestações parasitárias e gera altas taxas de mortalidade (Pedrazzani et al., 2007). Huntingford et al. (2006) destacam algumas atividades humanas que podem comprometer o bem-estar dos peixes, dentre elas estão: Privação de alimentos durante tratamentos de doenças ou despescas; manuseio e remoção de água durante procedimentos zootécnicos; falta de cuidados para se evitar a transmição de doenças através de animais selvagens. 18 2.6.4 Liberdade comportamental Essa liberdade visa a Possibilidade para expressar padrões de comportamento normais. O ambiente deve permitir e oferecer condições para que o animal expresse seus instintos e comportamentos normais, próprios à sua espécie (Webster 1987; Santana et al., 2014). A densidade ideal dos grupos depende das características comportamentais dos animais, em particular, a tendência para formar cardumes ou a territorialidade (Pedrazzani, 2007). 2.6.5 Liberdade psicológica: Os animais devem estar livres de medo e angustia não deve ser exposto a situações que lhe provoquem angústia, ansiedade, medo ou dor (Webster, 1987; Santana et al., 2014). Devido a grande produção de peixes, há muitos animais de pequeno porte e isto oferece uma atração maior para os predadores, peixes menores são mais predados por se tratar de animais com pouca sagacidade no momento de se livrarem do perigo (Huntingford et al., 2006). Lontras e ariranhas são os principais predadores de peixes em viveiros. O uso de telas para a cobertura de tanques e viveiros de piscicultura oferece alternativa na proteção contra o ataque por lontras, no entanto é necessário que a cobertura seja bem feita, utiliza-se tela de boa qualidade e malha adequada (Marchini et al., 2011). Dados recentes de cultivo mostram que a cobertura dos tanques com telas anti-pássaros contribuem sobremaneira para aumentar a sobrevivência dos alevinos (Kubitza, 2007). Recomenda-se fornecer de quatro a seis refeições ao dia, nas quais os peixes são alimentados à vontade (próximo da saciedade). Isso contribui para minimizar o tempo em que estes peixes jovens permanecem susceptíveis aos predadores (Kubitza, 2009), 3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO 19 3.1 Período de Estágio No dia 17 de dezembro de 2014 iniciou-se as atividades do estágio curricular supervisionado na Piscicultura A3. O mesmo encerrou no dia 06 de março de 2015, o que totalizou 312 horas, sob a supervisão do Sócio Proprietário Médico Veterinário Antônio Ramon do Amaral Neto. 3.2 Descrição da Empresa A Piscicultura A3 está localizada no município de Santa Fé do Sul – SP e situada no reservatório da Usina de Ilha Solteira, com extensão de 1.195km². Pertence ao Grupo Ambar Amaral, que conta com cinco empresas: Piscicultura A3, Rações Raguife, Brazilian Fish, Agropecuária 3A,loteamento Por do Sol. A piscicultura A3 dispõe de duas unidades. A unidade 1, no período do estágio supervisionado estava em reforma para ser ativada como unidade de pesquisas e experimentos. A unidade 2 era destinada a engorda de Tilápia-do- Nilo (Oreochromis niloticus) e dispõe de: Dez viveiros com 2.100m² cada, exclusivos para alevinagem; a água destinada para os viveiros eram proveniente de bombeamento mecânico diretamente do reservatório de Ilha Solteira; aproximadamente 60 tanques-rede de 126m³ 265 tanques-rede de 27 m³, usados para fase de engorda e terminação; 3.3 Descrição das Atividades Realizadas. 3.3.1 Preparação dos viveiros. Os viveiros após serem despescados, foram desinfetados e expostos ao sol para secarem, quando secos, realizava-se a aplicação de cal virgem na proporção de 50 g/m² e o vazio sanitário respeitado por sete dias ao sol. Posteriormente, receberam calcário dolomítico na proporção de 95 g/m². A 20 adubação não foi realizada. A figura 2 mostra viveiro em preparação para o início de um novo ciclo produtivo. Após sete dias, os viveiros receberam água bombeada diretamente do reservatório de Ilha Solteira. Fonte: arquivo pessoal, 2014. Figura 2. Viveiro com cal virgem em preparação para receber alevinos (vazio sanitário por sete dias). 3.3.2 Transporte dos alevinos. Os alevinos chegaram a propriedade em caixas de fibra de vidro utilizadas especificamente para o transporte de peixes vivos, proveniente de Santa Fé do Sul - SP, com densidade aproximada de 70 mil alevinos/3 m³, para o transporte os animais foram banhados em sal. Essas caixas de transporte possuiam oxigenação por cilindros de oxigênio monitorados e regulados por manômetros e fluxômetros a pressão de 8 mg/L. O oxigênio era injetado na água através de mangueiras microperfuradas de borracha e a água foi controlada com temperatura aproximadamente de 28 °C. A figura 3 A e 3 B mostram como era feito o transporte dos alevinos. 21 Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Figura 3. Imagem A: Caixa de transporte para alevinos Imagem B: retirada dos alevinos das caixas de transporte. 3.3.3 Recepção dos alevinos e aclimatação Os alevinos chegaram à fazenda com peso médio de 1,0g, constatado por meio de pesagem realizada com balança digital de gancho. A aclimatação nas caixas de transporte foi realizada com a água dos viveiros. Com auxílio de baldes, os colaboradores da piscicultura acrescentaram água nas caixas de transporte. O parâmetro adotado para a quantidade de água utilizada nessa aclimatação era a temperatura aferida nos viveiros preparados para recepção dos alevinos, esta aferição foi realizada com auxílio de um termômetro de bulbo de mercúrio. O acréscimo de água foi interrompido quando a temperatura da água nas caixas aproximou a temperatura aferida nos viveiros. No dia da recepção, a temperatura registrada da água dos viveiros foi 28°C. A figura 4 A e 4 B mostram o manejo de aclimatação na água das caixas de transporte realizada por colaboradores da Piscicultura A3. A aclimatação foi realizada de forma à assegurar o menor índice de mortalidade dos alevinos, foi realizado em horários que a temperatura ambiente estava mais amena no período matutino e no fim da tarde, dois períodos do dia em que se tem horários com temperaturas relativamente inferiores se comparadas a outros horários do dia. A B 22 Fonte: Arquivo Pessoal, 2014. Figura 4: Imagem A: coleta de água do viveiro. Imagem B: Água utilizada para aclimatação. 3.4 Seleção 3.4.1 Seleção na recepção dos alevinos A seleção era realizada da seguinte forma: com auxílio de uma peneira, os peixes foram coletados nas caixas de transporte e colocados em um recipiente feito de cano PVC com 20cm e 50mm de comprimento e diâmetro respectivamente, o cano foi perfurado para escoar a água. O recipiente foi utilizado para padronizar uma quantidade aproximada na contagem dos peixes. Realizou-se três coletas para contar a quantidade de alevinos e obtinha-se a um valor médio de peixes no recipiente. Os alevinos foram transferidos para os viveiros num total de 100.000 alevinos por viveiro e 47,62 peixes por m², essa era a densidade de estocagem adotada até a despesca destes viveiros. 3.4.2 Biometria no arraçoamento Para estimar a quantidade, tipo e granulometria de ração fornecida para os alevinos era realizada a biometria quinzenalmente, em que se verificava o peso dos peixes por amostragem aleatória nos viveiros. A B 23 Para a pesagem dos alevinos, os colaboradores capturavam quantidade aproximada de 200 peixes com auxilio de puçá. Os animais eram colocados em sacola de manejo para a pesagem em balança digital de gancho. A função tara da balança era selecionada a cada pesagem, desta forma, se considerava unicamente o peso dos alevinos. O peso médio dos peixes era estabelecido pela média aritmética, dessa forma foi possível verificar a quantidade de alevinos. 3.5 Ração Fornecida Na piscicultura A3 fornecia-se ração Top Fish, produzida pela empresa Raguife pertencente ao grupo Ambar Amaral, conforme a figura 5. A ração fornecida para alevinos variava em pó, 1.2 mm, 2.0 mm e apresenta 40% de proteína bruta total. Esta mesma composição para as diferentes granulometrias. Níveis de garantia por kg de produto: Umidade: máx. 120g; proteína bruta: min. 400g; extrato etéreo: min. 60g; matéria fibrosa: máx. 60g; matéria mineral: máx. 110g; fósforo: min. 12g; fósforo: máx. 16g; cálcio: min. 18g; cálcio: máx. 30g; vitamina A: 12.000UI; vitamina D3: 3.000UI; vitamina E: 150UI; vitamina K3: 15,00mg; vitamina B1-tiamina: 20,00mg; vitamina B2- riboflavina: 20,00mg; vitamina B6-piridoxina: 17,50mg; vitamina B12- cianocobalamina: 40,00mcg; vitamina C: 300,00mg; niacina: 100,00mg; pantotenato de cálcio: 50,00mg; biotina: 1,00mg; ácido fólico: 6,00mg; cobre: 17,50mg; ferro: 100,00mg; manganês: 50,00mg; zinco: 120,00mg. 24 Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Figura 5. Ração utilizada na alevinagem com teor de 40% de proteína bruta e granulometria de 2mm. 3.6 Manejo Alimentar Na fase inicial dos alevinos foi fornecido 22% de ração em relação ao peso vivo e no fim do ciclo, 7%. Essa relação peso vivo e fornecimento de ração sofreu variação conforme o desenvolvimento dos peixes. A ração pó e extrusada, assim como a granulometria da ração variou com o peso e idade desses alevinos. Era realizado quatro arraçoamentos diários, dois no período matutino e dois no vespertino durante os sete dias da semana. 25 O primeiro arraçoamento era iniciado as 09:00h e finalizado as 10:30h. Esperava-se um período de 1h após o término do arraçoamento para o início do próximo. O arraçoamento acontecia quando a oxigenação estava igual ou superior a très ppm. Em relação à quantidade de ração fornecida, era utilizado um software, em que o mesmo era alimentado com o peso médio dos alevinos e arraçoamento diário. Caso houvesse sobra de ração, era pesado à quantidade de sobra por trato e as informações repassadas ao responsável técnico que lançava esses valores no Software. A figura 6 mostra o momento do arraçoamento. Fonte: Arquivo pessoal 2014. Figura 6. Arraçoamento de alevinos com ração extruasada 1.2 mm 40% de PB em sistema intensivo de produção. 3.7 Qualidade da Água A empresa não dispunha de kit para análise de qualidade de água. Era necessário a visita técnica de um colaborador da empresa Raguife que fazia as análises quinzenais dos viveiros, avalia-se oxigênio dissolvido, temperatura, pH, turbidez e transparência. Nesses 15 dias, era feita análise de temperatura com termômetro digital e oxigênio dissolvido com oxímetro. Os valores encontrados de oxigênio dissolvido e temperaturas médias no período matutino26 eram três ppm e 27°C, respectivamente, já no período vespertino 10ppm e 30°C, respectivamente, pH 7 e a transparência não foi mensurada. Os níveis recomendados de oxigenação, amônia, temperatura, pH, turbidez e transparência para produção de Tilápias-do-Nilo são respectivamente: >4.0 mg/L, <10 mg/L, 22 a 30 °C, 6.5 a 8,0 20 a 30 cm (EMBRAPA,2013). 3.8 Transferência para os Tanques-Rede Os alevinos levaram aproximadamente 75 dias para atingirem o peso de transferência, os peixes foram transferidos para os tanques-rede quando atingiram peso médio de 30 gramas. Para o manejo foi utilizado uma rede de arrasto para a despesca do viveiro. O manejo iniciava por volta de 09:00h e com término às 13:00h. Esse manejo era realizado por colaboradores conforme mostrado nas figuras 7 e 8. Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Figura 7. Despesca dos alevinos para transferência do viveiro aos tanques rede realizada por colaboradores. Em cada despesca foram retirados aproximadamente 60 mil alevinos. 27 Fonte. Arquivo pessoal 2014. Figura 8 Contagem de alevinos feita por colaboradores. Para a transferência dos alevinos era feito a despesca dos viveiros, da seguinte forma: passava a rede de arrasto para retirada total ou parcial dos alevinos, os colaboradores coletavam os alevinos com auxilio de sacolas de transporte feitas de material plástico perfurado. Essas sacolas serviram tanto para transporte quanto para pesagem. Durante o processo de pesagem, as sacolas foram molhadas e com uma balança digital de gancho (em que utilizou a função tara) pesou os alevinos excluiu-se o peso das sacolas. Desta forma pode-se mensurar o peso médio dos peixes em cada coleta. Realizou três pesagens para se estimar o peso médio por quantidade de peixes. A cada pesagem, os colaboradores contaram a quantidade de alevinos por sacola. Este método permitiu chegar ao peso médio dos alevinos. Após a coleta utilizou caixas de transporte com oxigenação 8mg/L para a transferência dos peixes, conforme mostra a figura 9. Foi utilizado nesse deslocamento dos peixes, sal comum, na proporção de 2 kg/ m³. Essas caixas apresentavam densidades médias de 10 mil alevinos por 3m3. 28 Fonte: arquivo pessoal, 2014. Figura 9. caixa de transporte com oxigenação; Ao chegar no local de transferência, com auxilio de um motor-bomba, era realizado um processo de nivelamento na temperatura da água e aclimatação dos peixes alocados nas caixas de transporte com a água do reservatório de Ilha Solteira. Após constatado o aplanamento da temperatura das caixas de transporte e do reservatório (com auxilio de um termômetro de bulbo de mercúrio) o mesmo motor-bomba era instalado no duto de transporte para a água auxiliar na descida dos alevinos até os tanques-rede e, dessa forma, evitar lesões nesses animais. Os peixes foram retirados das caixas de transporte com auxilio de puçá e transferidos para os tanques-rede através de um duto. Esse duto levou os peixes das caixas até os tanques-rede instalados no outro lado do duto, conforme figuras 10, 11 e 12. Após esse manejo era administrado sal na proporção de 40g/m², nos alevinos. 29 Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Figura 10: Retirada dos alevinos da caixa de transporte com auxilio de puçá levados ao duto de transporte. Fonte, Arquivo pessoal, 2014. Figura 11. Os alevinos foram colocados em um duto que levou direto ao tanque rede. 30 Fonte: Arquivo pessoal, 2014. Figura 12. Transferência de alevinos. Duto utilizado para recepção de alevinos nos tanques rede. 3.9 Avaliação do Bem-Estar na Piscicultura 3.9.1- Cinco liberdades De acordo com Pinheiro & Brito (2009) a definição sobre o comportamento animal do Conselho do Bem-Estar de Animais de Produção do Reino Unido Farm Animal Welfare Council-FAWC, desenvolveu as ‘’cinco liberdades’’: Liberdade fisiológica. Liberdade ambiental. Liberdade sanitária. Liberdade comportamental. Liberdade psicológica. Baseado nos estudos sobre essas liberdades pode ser observado na produção dos alevinos: 31 3.9.1.1- Liberdade fisiológica Durante o arraçoamento, foi observado que não houve falta de alimento destinado aos peixes, o alimento com tamanho adequado a cada categoria e tamanho do peixe e apresentava dentro dos parâmetros recomendados por Gonçalves (2007) com valores entre 24 a 56% PB em função da fase de desenvolvimento, a ração fornecida na piscicultura apresentava 40% de PB. . 3.9.1.2- Liberdade ambiental As instalações apresentadas estavam dentro dos padrões adequados de acordo com a liberdade ambiental. A temperatura da água se mantinha dentro dos padrões de conforto térmico para produção dos peixes que foram produzidos nos viveiros. As temperaturas médias aferidas ao longo dos dias eram no período matutino em média de 27 °C e vespertino 30 °C, segundo SEBRAE (2008), as tilápias são predominantemente de águas quentes; a temperatura da água do cultivo pode variar de 20 a 30°C, embora possam tolerar temperaturas de aproximadamente 12°C. 3.9.1.3- Liberdade sanitária As instalações eram livres de quaisquer riscos de provocar traumas nos alevinos. No momento da biometria era feita avaliação de sanidade dos peixes, se necessário, adotava-se o protocolo de tratamento do lote no próprio viveiro. No período de estágio não foi constatado nenhuma enfermidade, dessa forma não houve nenhum acompanhamento de tratamento de doenças, utilizava-se sal comum para profilaxia de doenças. Após cada manejo era administrado sal na proporção de 40g/m². Os equipamentos utilizados para o manejo eram próprios para evitar fraturas e machucados. 32 3.9.1.4. Liberdade comportamental As instalações atendiam a critérios desejados para os animais expressarem seus comportamentos normais como nadar em cardume, apreensão do alimento e instintos de fuga na presença de ameaças. Os viveiros tinha profundidade média de 1,4 m. Desta forma pode-se observar que os peixes conseguiam se locomover livremente pelo viveiro sempre em forma de cardumes. 3.9.1.5. Liberdade psicológica Observou-se nas instalações, a presença de telas para proteção de pássaros dentre outros predadores, água com baixa transparência, propicia maior segurança contra possíveis predadores e consequentemente diminui o estresse e medo dos alevinos. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A fase de alevinagem é a mais importante dentro de um sistema de produção intensiva de peixes, o futuro da produção depende diretamente do bom funcionamento e desenvolvimento destes alevinos. A seleção de animais superiores geneticamente, aliado a todos os cuidados necessários na etapa de alevinagem, resulta em índices zootécnicos e produtivos satisfatórios dentro do sistema de produção. Com as boas praticas de manejo e a avaliação das cinco liberdades, verificou-se que houve bem estar na produção de alevinos de tilápia-do-Nilo, e propiciou, desenvolvimento satisfatório, baixos índices de mortalidade e consequentemente maior rentabilidade. O estágio supervisionado obrigatório realizado na Piscicultura A3, colaborou de forma direta para o aprendizado teórico e prático onde foi abordado todos os aspectos do sistema de produção de alevinos de tilápia-do- 33 Nilo, onde foram acompanhadas realidades diferentes de outras já observadas, colaborou assim, para o desenvolvimento técnico e profissional. 34 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DE DIREITOS ANIMAIS. 2009. Senciência. Disponível em: http://www.anda.jor.br/10/06/2009/senciencia Acesso em: 12 jun.2015. 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