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Homicídio Qualificado: Motivos e Meios

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Emoção: Estado súbito e passageiro de instabilidade psíquica. Deve ser violenta, intensa,
absorvente- verdadeiro choque emocional.
➔ Homicídio qualificado (Art. 121, §2°, do CP)
Art. 121 §2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
As qualificadoras resultam de:
Motivos determinantes → (incisos I, II, VI, VII)
Meios empregados → (inciso III)
Modos ou formas → (IV)
Conexão com outro crime → (V)
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe:
Significa o motivo moralmente reprovável, adjeto, desprezível, que demonstra depravação
espiritual. A paga e a promessa de recompensa, são um exemplo de motivo torpe (Ex: Matar
para receber herança; ódio de classe; vaidade; inveja).
II - por motivo fútil:
É um motivo insignificante. Apresenta desproporção entre o crime e a sua causa. Motivo
frívolo,leviano. Ademais, motivo fútil é diferente de ausência de motivo, esta pode ser
considerada motivo torpe (Ex: matar porque a vítima recusa um cigarro, a vítima riu do
agente, uma fechada no trânsito).
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum
a) Homicídio cometido com emprego de meio insidioso: veneno.
b) Homicídio cometido com emprego de meio cruel: asfixia, tortura, fogo, explosivo.
c) Homicídio cometido com emprego de meio de que possa resultar perigo comum: fogo
(incêndio), explosivo (grande quantidade).
-Veneno: deve ser ministrado insidiosamente, ou seja,sem que a vítima saiba que o está
ingerindo.Se assim não for não incide a qualificadora do venefício, podendo qualificar-se por
emprego de meio cruel.
-Fogo: É meio cruel se for utilizado só no corpo da vítima. Constitui meio que causa perigo
comum se houver possibilidade de atingir outras pessoas, como no incêndio.
-Explosivo: É qualquer corpo capaz de se transformar rapidamente em gás a temperatura
elevada, provocando detonação que não atinge só a vítima, mas também pode atingir outros.
(Ex: atos terroristas) Também pode causar perigo comum.
-Asfixia: É o impedimento da função respiratória e consequente ausência de oxigênio no
sangue. Pode ocorrer pelos seguintes modos:
Esganadura: constrição do pescoço com as mãos do agente
Enforcamento: constrição do pescoço pelo peso do próprio corpo
Estrangulamento: constrição do pescoço com fios, arame, gravata, corda
Soterramento: submersão em meio sólido
Afogamento: submersão em meio líquido
Confinamento: preso em local que não penetre ar
Sufocação: provocada pela presença de um corpo estranho nas vias aéreas
-Tortura: É a inflição de mal desnecessário para causar a vítima dor, angústia, amargura e
sofrimento.
Obs: É necessário distinguir o dolo para não confundir-se o “homicídio qualificado pelo
emprego de tortura” e o “crime de tortura” (Lei 9.455). No primeiro o dolo é de matar,
utilizando como meio, a tortura. No segundo o dolo é de apenas torturar sem levar a vítima à
morte.
Art. 1º da Lei 9.455: Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento
físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou
grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal
ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
-Situações que podem ocorrer
Situação 1- Preterdolo: Dolo na tortura e culpa na morte → responderá por crime de tortura
com pena aumentada pelo resultado morte.
Art. 1° da Lei 9.455, §3° Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é
de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Situação 2- Dolo na morte: Direto ou eventual → responderá por homicídio qualificado pela
tortura, pois o agente tinha intenção de matar e não de torturar.
Importante: Durante a tortura o agente decide matar a vítima → dolos distintos e haverá
concurso material entre homicídio (simples) e tortura.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido
São circunstâncias que levam a prática do crime com maior segurança para o agente, que se
vale da boa fé ou da falta de prevenção da vítima para praticar o crime.
1. Traição: É a quebra de confiança depositada pela vítima no agente, que dela se
aproveita para matá-la, o crime é cometido mediante ataque súbito e sorrateiro,
atingindo a vítima descuidada e confiante (Exemplo físico: matar pelas costas/ moral:
atrair a vítima a um abismo).
2. Emboscada: É o ato de esperar oculto a vítima para atacá-la.
3. Tocaia: esconder-se para aguardar a passagem da vítima despreparada.
4. Dissimulação: É o emprego de recurso que distrai a atenção da vítima do ataque pelo
agente (Exemplo: disfarce, surpresa, dissimulação da borda de um poço)
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
Obs: Essa qualificadora exige uma vínculo com outro crime uma conexão teleológica ou
consequencial.
Assegurar a execução de outro crime: existe uma conexão teleológica. O que qualifica o
crime é a finalidade pela qual ele foi praticado (Ex: matar a empregada para sequestrar a
criança).
Assegurar a ocultação: o sujeito visa impedir a descoberta de um crime, existe uma conexão
consequencial (Ex:mata o perito que vai descobrir uma apropriação indébita)O crime ainda
não é conhecido e o agente mata para que este não venha a ser descoberto.
Assegurar a impunidade: Nesse caso o crime já é conhecido, embora sua autoria não o seja.
(Ex: mata a testemunha que pode lhe identificar como autor de um roubo)
Assegurar a vantagem: O propósito do agente é garantir a fruição de qualquer vantagem
patrimonial ou não,resultantes de outro crime (Ex:matar o parceiro de estelionato para ficar
com todo o produto do crime). Não é necessário que a vantagem seja patrimonial, podendo
ser moral.
Observações:
Se o homicídio for cometido para assegurar a prática de uma contravenção, não se aplica a
qualificadora. Pode responder, pela qualificadora de motivo fútil ou torpe, conforme o caso.
Se o crime conexo for impossível, aplica-se a qualificadora pela culpabilidade do sujeito que
na sua subjetividade praticou dois crimes.
Não é necessário que o delito que o agente pretende assegurar a execução chegue a ser
executado, pois, pune-se a censurabilidade da conduta, sem importar a realização da intenção
do agente, basta que haja tal intenção.
Não é preciso que o outro crime tenha sido ou venha a ser praticado pelo próprio agente do
homicídio, podendo ser por terceiro.
Em todos os exemplos dados o agente responde pelos dois crimes em concurso material
(homicídio qualificado + o crime conexo).
→ É possível homicídio privilegiado/ qualificado?
Sim, entretanto, por decorrência lógica as qualificadoras devem ser de natureza objetiva,
pois as privilegiadoras são de natureza subjetiva. (Exemplos: praticado por relevante valor
moral com emprego de veneno/ cometido por violenta emoção com esganadura/eutanásia por
asfixia)
Não poderá ser relevante valor moral e motivo fútil ou relevante valor social e motivo torpe
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino
§2°-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiarLei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Art. 5° Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar,
inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são
ou se consideram aparentados, unidos
por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com
a ofendida, independentemente de
coabitação.
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Aumento de pena em caso de feminicídio (Art. 121 §7°)
§7° A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto:
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com
deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou
de vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III
do caput do art. 22 da Lei no 11.340
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Dispositivos na Constituição Federal (Art. 142/ Art. 144).
➔ Homicídio Majorado (Art. 121 §4° parte final)
Art. 121 §4° parte final: Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se
o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
Art. 121 §6°: A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
➔ Homicídio Culposo (Art. 121 §3°)
Art. 121 §3°:Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos.
É a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz um resultado antijurídico não querido,
mas previsível, ou excepcionalmente previsto, de modo que devia, com a devida atenção, ser
evitado.
A falta de cuidado pode se manifestar por meio de:
→ Impudência
→ Negligência
→ Imperícia
Elementos do tipo culposo de homicídio
-Conduta humana voluntária de fazer ou
não fazer;
-Inobservância de cuidado objetivo
manifestado por imprudência, negligência
ou imperícia;
-Previsibilidade objetiva da morte;
-Ausência de previsão subjetiva;
-Exigibilidade da previsão subjetiva nas
condições concretas pessoais do agente
(culpabilidade);
-Resultado morte involuntário;
-Tipicidade;
Espécies de culpa no homicídio
Culpa Inconsciente: Não há previsão do
resultado. É a culpa “comum”.
Culpa Consciente: O resultado é previsto,
mas não querido. O agente confia na sua
não ocorrência.
Diferença entre culpa consciente e Dolo
Eventual: Naquela o agente, embora
prevendo
o resultado, não o deseja, e confia na sua
habilidade para que, mesmo prosseguindo
na ação, o resultado não se verifique.
Neste o agente prevê o resultado e, ainda
que não o deseje, mostra-se indiferente à
sua ocorrência, assumindo o risco de
produzi-lo.
➔ Homicídio Culposo Qualificado (Art. 121 §4°)
No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante.
I) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (Ex: Motorista profissional,
dirigindo veículo em serviço, mata transeunte deixando de observar regra de trânsito/ Erro
médico, quando o médico sabe a técnica e não a observa)
Obs: Não se confunde com Imperícia, que indica inabilidade de ordem profissional, com
incapacidade, na imperícia o agente sabe realizar e é capaz de realizar a técnica, entretanto,
não aplica.
II) Omissão de socorro à vítima (Ex: Se o sujeito, após deixar a arma ao alcance da vítima,
deixa de lhe prestar assistência, vindo esta a falecer, não responde ele por dois crimes
(homicídio culposo + omissão de socorro), mas sim por homicídio culposo qualificado pela
omissão de socorro.
III) Não procurar diminuir as consequências do seu comportamento (Ex: Não obstante
ter sido a vítima socorrida por terceiros, o sujeito que causou o evento,se nega a transportar a
vítima ao hospital).
IV) Fuga para evitar prisão em flagrante: Necessita-se do elemento subjetivo de “para
evitar prisão em flagrante” (Exemplo: Se o sujeito foge, para fins de evitar agressões ou
linchamento das pessoas que presenciaram o delito, não caracteriza-se a qualificadora).
-Perdão Judicial no homicídio culposo (Art. 121 §5°)
Art. 121 §5°: Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária. (Ex: causar a morte do filho e da esposa)
➔ Homicídio culposo no trânsito (Lei 9.503/97)
Art. 302 da Lei 9.503/97: Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor.
§1° No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de
1/3(um terço) à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros
§3° Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
- Pena e ação penal
HOMICÍDIO SIMPLES → reclusão de 6 a 20 anos
HOMICÍDIO QUALIFICADO → reclusão de 12 a 30 anos
HOMICÍDIO CULPOSO → detenção de 1 a 3 anos (cabe a suspensão condicional do
processo)
Ação Penal Pública incondicionada
AULA (15/08) Direito Penal - Crimes em espécie
➔ Induzimento instigação ou auxílio ao suicídio ou a automutilação
Art. 122 do CP: Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou
prestar-lhe auxílio material para que faça
Pena - reclusão de 6 meses a 2 anos (redação pela Lei 13.968 de 2019) + C/ a nova lei além
da proteção à vida também se protege a integridade física (não só a vida como bem jurídico).
- Punição de terceiro que induz, instiga ou auxilia outrem ao suicídio, num quadro em que o
suicida figura na qualidade de vítima.
Obs: a autolesão ou automutilação não é prevista em si como crime.
Elementos subjetivos do tipo:
É o dolo, consiste na vontade de induzir, instigar ou auxiliar a vítima ao suicídio ou à
automutilação.
Descrição típica permite que a finalidade do agente se direcione para duas possibilidades
SUICÍDIO DA VÍTIMA - Sua morte
AUTOMUTILAÇÃO - Lesão
O dolo poderá ser direto, normal ou até mesmo alternativo, inexistindo previsão de figura
culposa.
Observa-se que se o agente atua com vistas somente à automutilação, o art. 122 do CP não é
adequado como um “crime doloso contra a vida”. E ainda que resulte morte derivada dessa
automutilação, esse resultado mais gravoso se dará a título de preterdolo (ou seja, redundou
em resultado mais grave, embora a vontade do criminoso fosse dirigidaà prática menos
grave). Já quando a ocorrência de lesões graves ou gravíssimas no caso de automutilação,
essa poderão decorrer do dolo do agente ( ele visa, desde o início a lesão mais gravosa) ou
mesmo preterdolo (o agente visava uma lesão mais leve, porém ocorre uma mais grave).
-Quando o agente visa o suicídio da vítima e ocorre apenas a lesão (leve, grave ou
gravíssima), na verdade, seu dolo era superior ao que de fato acabou resultando. Mas esse
dolo é suficiente para configurar o crime do art. 122 CP, já que os resultados mais gravosos
não são exigência para punição, mas tão somente circunstâncias que qualificam o crime.
-CONSUMAÇÃO
Se alguém induz, instiga ou auxilia outrem a se suicidar ou automutilar, mesmo que não
ocorra resultado algum derivado da tentativa de suicídio ou automutilação ou ocorram apenas
lesões leves, estará configurado o artigo 122 CP “caput”(Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a
2 (dois) anos). A ausência, portanto, dos resultados lesões graves ou morte, não mais implica
atipicidade.
Em caso de auxílio material o crime estará consumado com o fornecimento da ajuda
material, venha ou não a vítima a suicidar-se ou automutilar-se.
-TENTATIVA
Quanto aos verbos induzir e instigar, a tentativa somente se daria por escrito, como é regra
nos crimes formais.
No caso do auxílio material, o crime estará consumado com o fornecimento de ajuda
material, venha a vítima ou não a suicidar-se ou automutilar-se. Mas a tentativa se trata de
conduta plurissubsistente, sendo plenamente possível que alguém impeça o infrator de
fornecer o auxílio à vítima.
➔ Qualificadoras:
Art. 122 do CP:
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Obs: Se resultar lesão leve a pena é a do caput.
➔ Lesões corporais
Art. 129 do CP:
Lesão corporal de natureza grave.
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º Se resulta: gravíssima
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Caso algum desses resultados decorrerem da tentativa de suicídio ou da tentativa de
automutilação: a pena passará a ser de reclusão de 1 a 3 anos
Caso se resulte em morte: reclusão de 2 a 6 anos.
➔ Majorantes: Motivo: egoístico/ torpe/ fútil.
Art. 122 do CP:
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de
2019)
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de
computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de
2019)
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede
virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019).
Obs: O induzimento, instigação ou auxílio para que haja tipificação devem ser vítimas
DETERMINADAS.
Responsabilização por outro crime tendo em vista a capacidade da vítima e não por
induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou a automutilação.
Art 122 do CP:
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza
gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo
crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código ( Pena: 2 a 8 anos)
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze)
anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime
de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
Qualificação doutrinária:
Um crime complexo, pois atinge mais de um bem jurídico (integridade física e a vida).
Comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.
Formal, porque basta a instigação, induzimento ou auxílio, mesmo não havendo resultado o
crime está consumado.
Instantâneo, pois se consuma em tempo real/ momento determinado.
De ação múltipla, pois pode ter instigação, induzimento ou auxílio mas a prática de todos os
verbos não muda o tipo penal ou a alterar a quantidade da pena.
Doloso.
- PENA
Tipo básico: reclusão de 6 meses a 2 anos (art. 122 caput)
Resultar em lesão corporal grave ou gravíssima: reclusão de 1 a 3 anos.
Resultar em consumação ou morte: reclusão de 2 a 6 anos.
➔ Ação penal: O crime previsto no art. 122 do CP, é de ação penal pública
incondicionada em todas as duas formas. Com a inclusão devida da automutilação em
um crime doloso contra a vida ao invés de alocar tal conduta no crime de lesão
corporal, surge uma alteração na competência para o processo e julgamento das
figuras do art. 122 do CP.
Se o induzimento, instigação ou auxílio se dirigir à prática do suicídio, pretendendo, portanto,
o agente atingir o bem jurídico VIDA, a competência para processo e julgamento será do
Tribunal do Júri.
Contudo, se o induzimento, instigação ou auxílio se voltar tão somente à automutilação, ainda
que dela resulte preterdolosamente a morte, porque o agente queria apenas a autolesão,
decorrendo desta a morte que não era objetivada, a competência será do Juiz Singular, tendo
em vista que claramente não se trata de um crime doloso contra a vida, embora alocado em
tal capítulo.
Será sempre necessário para fins de estabelecimento da competência para o processo de
julgamento do artigo 122 do CP, em qualquer de suas modalidades, a aferição DO DOLO
DO AGENTE (se informado pelo intento de provocar o suicídio ou de provocar autolesão.
AULA (04/08) Direito Penal - Crimes em espécie
➔ Infanticídio (art. 123 CP)
Matar sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após
Pena detenção, de dois a seis anos.
Estado Puerperal - passa a ganhar status de justificativa para que essa pena seja de 2 a 6 anos.
Tal estado tratado no art. 123 é o caso de responsabilidade diminuída.
Objetividade jurídica - Proteção ao direito à vida do neonato (aquele que acabou de nascer) e
a do nascente (aquele que está nascendo).
-Sujeitos ativo:
O infanticídio é crime próprio, praticado pela mãe (sujeito ativo) da vítima,
Infanticídio e concurso de agentes
Pode ocorrer a hipótese de terceiro concorrer para a prática do crime.
De acordo com o que preceitua o art. 30 do CP, “não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo elementares do crime”. Assim, nos termos da
disposição, a influência do estado puerperal (elementar) é comunicável aos
participantes. Respondendo por infantícidio, aquele ou aquela, que vier contribuir para
morte do nascente ou do neonato.
- Sujeito passivo:
É o recém nascido (neonato), e também o nascente (está nascendo)
Importante: O infanticídio é diferente do aborto, pois o primeiro ocorre durante o parto, isto
é, já se desencadeou o trabalho de parto. Antes do início do parto existe aborto, a partir do
seu início, infanticídio.
Início do parto: Com a dilatação do colo do útero, após vem a expulsão e por último a
expulsão da placenta; com a expulsão desta o parto está terminado. A morte do sujeito
passivo pode ocorrer em qualquer destas fases configurando infanticídio.
Prova do início do parto com feto vivo
No caso do feto nascente é indiferente se averiguara capacidade de vida autônoma.
Mais difícil é a prova da vida biológica no início do parto . O indício mais acreditado é a
constatação da bossa sero -sanguínea . A existência dessa bossa demonstra que o parto já se
iniciara, como também indica a reação vital do feto, portanto a sua presença faz se deduzir
que o feto ainda estava vivo no início da expulsão.

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