Buscar

Argumentação Lógica na Pesquisa em Arquitetura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP 
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – FEC 
 
 
 
 
 
 
IC043 METODOLOGIA DE PESQUISA 
 
Profa. Dra. Lucila Chebel Labaki 
 
 
 
 
 
 
SEMINÁRIO 
Argumentação Lógica 
 
 
 
 
LOGICAL ARGUMENTATION 
GROAT, Linda; WANG, David. Architectural Researchs Methods. John Wiley 
& sons, 2002. Chapter 11, pp. 301-339. 
 
 
 
 
 
Grupo: Fábio de Almeida, 
Laetitia Reis Velloso Larsen, 
Lia Affonso Ferreira Barros, 
Paula Roberta Pizarro, 
Renata Spaziante do Val. 
 
Junho 2008 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO: 
 Sistemas de argumentação matemática 
 Sistemas de argumentação cultural / discursiva 
 Sistemas de argumentação matemático-cultural 
2. SISTEMA LÓGICO PRIMÁRIO 
3. CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DA ARGUMENTAÇÃO LÓGICA 
 Ampla aplicabilidade 
3.1.1. “Shape Grammar” 
3.1.2. Teoria de VITRUVIO 
3.2. Inovação paradigmática 
3.3. Possibilidade de ser testada 
4. TÁTICAS PARA CONSTRUÇÕES SISTÊMICAS DE ARGUMENTAÇÃO 
4.1. Def inição através de princípios quantitativos: 
4.2. Def inição através de princípios qualitativos: 
4.3. Def inição através de princípios de origem: 
4.4. Relação entre proposições: 
4.4.1. Por “necessidade” 
4.4.2. Por dedução / indução 
4.4.3. Por a priori / a posteriori 
5. TÁTICAS DE RETÓRICA EM SISTEMAS DE LÓGICA CULTURAL/DISCURSIVA 
5.1. Retórica com argumentos denominativos 
5.2. Retórica com argumentos associativos ou dissociativos 
5.3. Retórica com argumentos provenientes de um história 
5.4. Retórica com argumentos provenientes de imagens gráf icas 
5.5. Retórica com argumentos de apelo implícito ou explícito 
5.6. Retórica com argumentos em grupos de divisão 
5.7. Retórica com argumentos “de autoridade” 
6. TÁTICAS PARA ORDENAÇÃO SISTÊMICA DA ARGUMENTAÇÃO 
6.1. Pela Representação Matemática e/ou Modelagem Computacional 
6.2. Por Analogia 
6.3. Por Categorização e Elaboração 
6.4. Pela Categorização-Cruzada e Elaboração 
6.5. Por Argumentação da Tradição Metaf ilosóf ica 
6.6. Pela atualização no Foco de Novos Desenvolvimentos ou Dados 
7. CONCLUSÃO: VANTAGENS E LIMITAÇÕES 
8. LEITURAS RECOMENDADAS PARA COMPLEMENTAÇÃO AO TEMA 
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO: 
Argumentação lógica pode ser definida, inicialmente, como forma de dar sentido a alguns 
fenômenos do nosso universo, de modo racional e sistemático. 
A mente humana freqüentemente se depara com grupos aparentemente dispersos de fatores ou 
fenômenos, que podem ser interconectados através de sistemas de explicação que permitem que 
tais elementos, então dispersos, sejam enquadrados sob um mesmo tema central. 
Como metodologia, o autor propõe situar alguns fatores em um espectro classificador de 
fenômenos, separando aqueles que se explicam sob o ponto de vista quantitativo (matemático), 
daqueles que se apresentam coerentes sob o ponto de vista qualitativo (cultural). Entre esses dois 
extremos, encontram-se elementos que compartilham de ambos os universos de entendimento 
para estruturar sua coerência lógica (Figura 1). 
 
Figura 1: espectro classificador de fenômenos para argumentação lógica. 
 
 
1.1. Sistemas de argumentação matemática: 
Referem-se a estudos relacionados à análise de fenômenos de natureza quantitativa, 
como por exemplo, estudos sobre morfologia da arquitetura, que irão investigar a 
freqüência segundo a qual são encontradas plantas residenciais de determinada 
característica, entre determinados estratos de um grupo social. 
 
1.2. Sistemas de argumentação cultural / discursiva: 
De natureza qualitativa, esses sistemas apresentam característica persuasiva: captam uma visão 
global e transformam-na em argumentação lógica através da retórica. Sistemas dessa natureza 
utilizam-se da linguagem discursiva, através da análise sistemática dos fatos, de modo a se obter 
ampla aceitação de determinado conceito ou ponto de vista e criando-se, dessa forma, uma base 
normativa de definições. Como exemplo, tem-se Os dez livros de Arquitetura, de Marco Vitrúvio 
Polião (ano 40 a.C), exemplo de argumentação lógica em forma de tratado, que traz a definição 
de um padrão de “arquiteto e arquitetura ideais”. Os padrões de proporções e os princípios 
arquitetônicos por ele estabelecidos (utilidade, beleza e solidez) têm como base a arquitetura 
Matemático-
cultural 
(ex. modelos e 
ferramentas analíticas, 
que relacionam 
aspectos quantitativos 
e qualitativos ) 
clássica; através da sistematização de informações acerca da arquitetura clássica, Vitrúvio define 
padrões que se reproduzem na maior parte dos casos considerados “de boa qualidade”, 
transformando esses conceitos em “cânones” da arquitetura. 
Uma das características principais de um tratado é a tendência em se basear em esferas 
transcendentais amplas, tais como a natureza, a história, a cultura, etc., e a lógica de seu 
argumento está quase sempre conectada com esse tema mais amplo. No caso de Vitrúvio, o 
embasamento de seu trabalho reside na conexão da arquitetura com a natureza. Segundo ele, a 
natureza compôs o corpo humano de tal forma que seus membros, medidos até o extremo de sua 
configuração, se relacionassem com base em proporções: 
“As relações entre as medidas que parecem ser necessárias em todas as obras, basearam-se nas 
partes do corpo, como dedos, mãos, pés, braços, e a distribuíram segundo um número perfeito.” 
(Polião, 2002, pp. 93) 
 
1.3. Sistemas de argumentação matemático-cultural: 
Utilizam-se de esquemas, fatores numéricos, equações e proposições baseadas em regras 
(evidências), de forma que as conclusões obtidas venham a esclarecer valores sócio-culturais. 
Ex: Social Logic of Space (Bill Hillier & Julienne Hanson). Revela, através de ferramentas 
analíticas tais como gamma maps, a maneira como padrões de comportamento social configuram 
espaços. Por exemplo, os autores descobriram através desse mecanismo, que as residências 
inglesas em sua grande maioria apresentam a mesma hierarquia na disposição e conexão de 
seus espaços. Essa hierarquia traduz valores expressos pela “etiqueta social” que determina 
como ocorrem os contatos entre família e sociedade. 
 
 
Figura 2: “Gamma Maps”. The Social Logic of Space (Hi llier & Hanson, Cambridge Un. Press). 
Fonte: Groat et al., 2002. 
 
 
2. SISTEMA LÓGICO PRIMÁRIO 
Uma argumentação baseada na lógica faz parte de um sistema que confere grande valor à 
capacidade de explanação; tal sistema é denominado pelos autores de “sistema lógico 
primário”. 
O sistema lógico primário é a etapa que identifica e define termos técnicos internos e suas 
relações num determinado processo investigativo. As etapas seguintes geralmente não 
acrescentarão novos materiais ao sistema; mas sim, tenderão a aprofundar questões mapeadas 
no sistema primário. Refere-se sobretudo a questões de natureza universal, intrínsecas ao gênero 
humano de uma maneira geral, independentemente da cultura ou meio social (noções de feio/ 
bonito, proporcional/ desproporcional, etc.). 
 
2.1. Ao observarmos fluxogramas que demonstram como se dão as relações espaciais e 
sociais entre as diversos setores de residências pertencentes a um mesmo contexto social, (os 
“gamma maps” seriam nesse caso um sistema primário), é possível verificar como a síntese 
espacial, expressa através das plantas, é reveladora de atitudes e valores culturais (aplicação 
secundária). Estudos elaborados a partir da lógica proposta pelos “Gamma maps”, tais como a 
análise feita por Lara (2001)1 acerca de tipologias residenciais tradicionais e modernistas em Belo 
Horizonte, Minas Gerais, podem se definir como sistema secundário, derivado do sistema primário 
“Gamma Maps”, como ilustrado na figura 3 abaixo. 
 
Figura 3: 
Análise de relações espaciais em residências tradicionais e modernistas de Belo Horizonte, MG. 
Fonte: Groat et al., 2002. 
 
2.2. Um outro bom exemplo seria tomarmos como sistemalógico primário o Tratado de 
Vitrúvio (40 a.C). A partir do tratado de Vitrúvio, diversos trabalhos (sistemas lógicos secundários) 
foram desenvolvidos com base na relação entre a natureza, a anatomia humana e as formas 
clássicas da arquitetura. É o caso do trabalho de Leonardo da Vinci, que desenvolveu em 1490 o 
 
1 Fernando Lara, “Popular Modernism: An Analysis of the Acceptance of Modern Architecture in 1950’s Brazil” 
(Ph. diss., University of Michigan), 2001. In GROAT et al (2002). 
“homem vitruviano” – ou “o cânone das proporções”. Esse trabalho, elaborado a partir do livro 4º 
do Tratado, trata das relações proporcionais entre as medidas do corpo humano. A essência do 
Renascimento deve-se a esse redescobrimento das proporções matemáticas do corpo humano 
por Da Vinci, no século XV. A ilustração abaixo, fruto de sua investigação sobre o tratado de 
Vitrúvio, é considerado ainda como um símbolo da simetria. 
 
 
Figura 4: o homem vitruviano, de Leonardo da Vinci. 
 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_da_Vinci 
 
 
3. CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DA ARGUMENTAÇÃO LÓGICA 
 
3.1. Ampla aplicabilidade: 
 
3.1.1. “Shape Grammar” : 
Pesquisas feitas a partir de argumentação lógica tendem a apresentar como resultado uma 
estrutura conceitual de ampla aplicabilidade. A gramática das formas (Shape Grammar) é 
um exemplo que se enquadra nessa definição, apresentando ampla aplicabilidade, 
validada a partir da suposição de que relações numéricas e equações expressam de modo 
lógico condições universais que transcendem casos localizados. 
Foram criadas por George Stiny e James Gips no início da década de 1970. 
 
Figura 5: Esquemas formais do conceito da gramática das formas. Fonte: trabalho apresentado 
para a disciplina IC009- Metodologia de Projeto, na FEC-UNICAMP, em nov./ 2005. 
Fonte: www.fec.unicamp.br/~gelly/slides.pdf. 
 
Trata-se de regras de adição ou subtração para se produzir composições originais. É 
capaz de revelar conexões que podem ser programadas, por exemplo, através de um 
sistema computacional, para a obtenção de novas formas. Esse método foi aplicado na 
avaliação sistemática dos projetos de Frank Lloyd Wright para as “Casas de Pradaria”: 
 
 
 
Figuras 6 e 7: Exemplos de 2 “casas de pradaria”, com suas respectivas 
plantas. Fonte: www.fec.unicamp.br/~gelly/slides.pdf. 
 
Através dessa análise lógica, foi possível verificar certas convenções utilizadas na 
composição básica das casas de pradaria de Frank Lloyd Wright, em que a lareira e a 
área de estar das residências são sempre o centro lógico do desenho; os demais 
cômodos são adicionados a partir desse centro lógico. Essa verificação constituiu numa 
codificação / elaboração de regras formais tipológicas, que refletem a tendência constante 
de Wright de agrupar as demais zonas de uma residência à área de estar. 
 
 
3.1.2. Teoria de VITRUVIO: 
Além da lógica das proporções (ancoradas na “natureza”), há ainda o fato de que formas 
vinculadas a ordens masculinas ou femininas implicam em atributos de solidez, força, 
fragilidade, delicadeza, etc., ligadas a uma respectiva identidade cultural. Estilos 
arquitetônicos que conotam esses significados foram amplamente utilizados por séculos. 
As ordens clássicas constituem, por si só, num sistema de linguagem, e seu significado 
representava (e representa ainda) valores sociais de determinado contexto: 
Dórico: Empregado em templos dedicados a divindades masculinas. É a mais simples das 
3 ordens e representa um caráter de solidez, robustez; 
Jônico: Apresenta formas mais fluidas e leves, utilizado em templos dedicados a 
divindades femininas; 
Coríntio: Utilizado para substituir o capitel jônico, como uma variante mais luxuosa 
daquela ordem. 
 
Figura 8: representação esquemática das três ordens gregas, respectivamente a Dórica, a 
Jônica e a Coríntia. Fonte: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_arquitectonica#As_ordens_gregas 
 
As proporções são entendidas como sendo a busca pela harmonia entre as partes. E essa 
harmonia, segundo a lógica vitruviana, seria representada através da construção de partes 
proporcionais entre si. Ou seja, as proporções entre as partes de um edifício são funções 
aritméticas que se relacionam entre si. 
 
Figura 9: Villa Rotonda, de Andrea Palladio (1566). 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/CidadedeVicenzaeVillasdePalladionoVeneto 
 
Essa lógica foi amplamente empregada ao longo da história da arquitetura, sobretudo no 
período renascentista (por exemplo, as obras do arquiteto italiano Andrea Palladio). No 
Brasil, pode-se perceber diversos exemplos de composição de fachadas da arquitetura 
colonial religiosa, em que o método das grandezas proporcionais era amplamente 
adotado, como se vê na figura abaixo. 
 
 
Figura 10: Igreja de Santo Antônio, Penedo, Alagoas, Brasil. 
Fonte: trabalho acadêmico de Laetitia Velloso, 1996. 
 
 
3.2. Inovação paradigmática: 
Um sistema lógico primário é inovativo e estrutura um discurso em nível paradigmático. 
Se bem-sucedido, provê uma nova forma de observar fatos ou fenômenos já existentes. 
Como exemplo, tem-se novamente o tratado de Vitrúvio, que classifica a “boa arquitetura” 
como aquela vinculada às formas clássicas, através da sistematização de informações 
sobre a arquitetura clássica, definindo-se padrões que se reproduzem na maior parte dos 
casos considerados de “boa qualidade” e por conseguinte, estabelecendo-se “cânones” a 
serem seguidos. 
“A arquitetura consiste no ordenamento(...). Ordenamento é a definição das proporções 
justas e equilibradas para cada uma das partes da obra e de uma proporção geral próxima 
da simetria composta segundo a (...) adoção de medidas moduladas,(...) resultado 
harmonioso da obra como um todo, a partir de cada um dos elementos.” (Polião, 2002, 
Livro 1º, pp. 54-55). 
Já em outro contexto, mas ainda adotando-se aspectos formais de proporção a partir das 
dimensões humanas, podemos citar Le Corbusier, que também foi formador de uma 
escola estilística paradigmática de imensa importância na história da arquitetura; quando 
argumenta que a essência da “nova arquitetura” está no princípio das máquinas - é preciso 
olhos para ver! Le Corbusier inova em nível paradigmático, mostrando que a função 
deveria sempre prevalecer sobre o formalismo arquitetônico – a forma segue a função. 
 
3.3. Possibilidade de ser testada: 
Uma teoria deve ser apta a testes, normalmente através de métodos empíricos. Uma das 
funções de um método de pesquisa é conduzir determinada teoria a um teste que possa 
confirmá-la ou rejeitá-la. Esses testes podem ser aplicados através de: 
• Instrumentos quantitativos (sobretudo para sistemas matemáticos de argumentação). 
• Padrões normativos (sobretudo para sistemas de argumentação cultural-discursiva). Os 
próprios tratados podem se enquadrar nesse caso, a partir do momento que têm ampla aceitação 
ou fazem sentido (têm lógica) para uma audiência cultural maior do que os limites de um 
determinado “grupo social”. 
 
 
4. TÁTICAS PARA CONSTRUÇÕES SISTÊMICAS DE ARGUMENTAÇÃO 
 
4.1. Definição através de princípios quantitativos: 
Trata-se de um dos tipos de definição mais comuns da lógica da argumentação, tendo como 
objetivo construir um sistema conceitual que explique o escopo mais amplo do fenômeno em 
questão, através do menor número (o essencial) de princípios fundamentais que o caracterizam. 
Como Aristóteles já definia, sistemas mais simples encontram-se mais próximos da essência de 
alguma coisa do que sistemas mais complexos. 
Le Corbusier definia como 5 os pontos essenciais de uma boa arquitetura: apoios (para formar 
pilotis), cobertura em terraços-jardim (recuperando o solo ocupado pelo prédio), planta livre (livre 
locação das paredes, que não teriam mais função estrutural), grandes aberturas (relação 
desimpedida coma paisagem) e fachadas livres (possível devido à independência da estrutura do 
edifício). 
Para Vitrúvio os princípios fundamentais da arquitetura eram: ordem, arranjo, eurritmia, simetria, 
propriedade e economia. Para os gregos, os elementos essenciais eram: terra, ar, fogo e água. 
No oriente, os elementos essenciais eram 5: água, fogo, metal, madeira e terra. 
 
4.2. Definição através de princípios qualitativos: 
Intimamente relacionados com os princípios quantitativos. Determinada a quantidade, 
automaticamente determina-se a qualidade. Por exemplo, as partes essenciais para uma casa 
existir também são responsáveis pela beleza dessa casa. Aplicando-se os princípios quantitativos 
de Vitrúvio: ordem (exata medida das partes de uma obra consideradas separadamente); arranjo 
(distribuição das partes nos lugares próprios); eurritmia (beleza e acerto no ajuste das partes); 
simetria (harmonia entre as partes da obra e a relação com todo o conjunto); propriedade 
(perfeição do estilo que vem quando a obra é construída em princípios aprovados) e economia 
(gerenciamento dos materiais e do local, custos e trabalho de construção), certamente os 
princípios qualitativos serão satisfatórios. 
O argumento principal para a qualidade é a necessidade do ser humano de explicar porque 
alguma coisa é essencialmente boa. A aceitação, ou não, dessa explanação explicita a qualidade 
do que se avalia. 
John Ruskin define, a partir dessa lógica, os princípios de qualidade para uma boa arquitetura: 
“bons trabalhos de talha produzem bons edifícios, que por sua vez contribuem para uma 
sociedade feliz”. 
 
4.3. Definição através de princípios de origem: 
Os princípios de origem podem se dar no sentido genético, intrínseco. Como exemplo: a 
habitação como necessidade de proteção contra o meio externo - as cabanas primitivas. Para 
Vitruvio: a casa enquanto abrigo tem um sentido genético - a essência da arquitetura está 
associada à cabana que protege o fogo, que mantém o fogo acesso, aquecendo a família. A 
primeira habitação, a primeira casa seria resultado do fogo protegido. 
Se uma habitação, em seu sentido essencial e básico, é hoje de determinada maneira, é porquê 
ela se originou de tal modo – sem levar em consideração aspectos externos que interferirão na 
sua essência. 
 
4.4. Relação entre proposições: 
 
4.4.1. Por “necessidade”: 
São as informações que se encontram explícitas em uma proposição. Por exemplo: Vitrúvio 
argumentava que os edifícios deveriam ser simétricos devido ao fato de que a natureza fez o 
corpo humano simetricamente proporcional. Le Corbusier, em sua obra “Por uma arquitetura”, 
referia-se aos arquitetos que insistiam em conceber edifícios ainda presos a valores 
estilísticos ultrapassados como “olhos que não vêem”. Os olhos precisavam enxergar que, 
naquele contexto presente, uma “boa arquitetura” deveria necessariamente se desvincular dos 
tempos passados e recorrer aos verdadeiros recursos técnicos provenientes da revolução 
industrial. A função dos espaços deveria prevalecer sobre suas formas... as casas seriam 
comparadas a uma “máquina de morar”. 
 
 
4.4.2. Por dedução / indução: 
Dedução necessariamente envolve conexões. Em contraste, indução delineia generalizações 
de fatos apresentados, envolve contingências. 
Apesar de proposições contingenciais nunca serem suficientemente fortes para o 
estabelecimento de um sistema lógico, a indução pode possibilitar uma interpretação de 
determinada realidade de modo mais amplo do que apenas as instâncias observadas. Como 
um sistema baseado apenas em deduções apresenta tendência a se mostrar óbvio demais, e 
portanto, sem muita utilidade, conclui-se que em qualquer sistema lógico deve haver um 
equilíbrio – e um nexo essencial – entre projeções ou suposições indutivas e necessidades 
deduzidas. 
Dedução: raciocínio necessário – partir de hipóteses. 
Indução: raciocínio experimental – partir de uma teoria e observar se a experiência condiz 
com a teoria. 
Exemplo de sistema lógico arquitetônico, relacionado por dedução/ indução: “gamma map”, de 
Hillier & Hanson) – figura 2. Através desse estudo, os autores puderam afirmar que o sistema 
de fluxograma é uma ferramenta analítica que pode revelar, em larga escala, valores sócio-
culturais expressos através do desenho de plantas arquitetônicas (etapa indutiva). Caso as 
constatações tiradas dessa ferramenta possam ser aplicáveis a outras instâncias ou contextos 
sócio-culturais, estaremos aptos a deduzir padrões genéricos de comportamentos sócio-
culturais refletidos em plantas arquitetônicas. 
 
4.4.3. Por a priori / a posteriori: 
A priori precede a experiência, enquanto a posteriori refere-se aos fatos estabelecidos como 
resultados da experiência. Por exemplo: na teoria de Vitrúvio, a natureza é o argumento a 
priori – são as qualidades de simetria das formas da natureza que determinam as ordens e 
proporções na arquitetura. 
 
5. TÁTICAS DE RETÓRICA EM SISTEMAS DE LÓGICA CULTURAL/DISCURSIVA: 
 
Sistemas cultural-discursivos dependem tanto do poder da retórica quanto de uma lógica 
persuasiva para transmitir argumentos. Um determinado ponto de vista não será compreendido se 
ele não fizer sentido para uma determinada “audiência”. Já um sistema matemático que se baseia 
na lógica de números, é menos dependente desse “fazer sentido”. 
Em nossos modos cotidianos de pensar e tomar decisões, precisamos estar sempre deliberando 
sobre uma diversidade de fatores; essa adesão a determinados pontos de vista em detrimento de 
outros se baseia no “fazer sentido” que determinados argumentos apresentam sobre as decisões 
individuais e coletivas. Tais argumentos se classificam em: 
 
 
5.1. Retórica com argumentos denominativos: 
A identificação de vários elementos do objeto de discurso, ou a simples definição e explicação de 
termos técnicos podem ser persuasivas para que os argumentos sejam assimilados (capacidade 
de identificação psicológica ou cognitiva). Por exemplo: A explicação técnica de cada uma dos 
elementos construtivos de uma residência para explicar o sentido de habitação. As partes isoladas 
são distintas, mas a explicação técnica de todas fortalecem a argumentação por se relacionam 
com o objeto principal, a habitação. 
 
5.2. Retórica com argumentos associativos ou dissociativos: 
Outro modo de se obter sentido para determinado argumento seria através da associação desse 
argumento com outro elemento. Por exemplo: a associação que as ordens gregas têm com idéias 
antropomórficas (formas físicas) e questões de identidade humana (dórico evoca o masculino; 
jônico evoca o feminino; coríntio é uma sofisticação do dórico). 
 
 
 
 
Figura 11: Erecthium em Atenas. A explícita associação entre a 
forma humana e as ordens. 
 
 
 
Já a dissociação de um argumento com determinadas características tem em vista a não 
concordância com certa norma ou regra. Por exemplo: A discordância e conseguinte dissociação 
que os modernos fazem entre os princípios de proporção (de Vitrúvio) e a definição de uma boa 
arquitetura: para os precursores da arquitetura moderna, a base da boa arquitetura está na sua 
função e utilidade, muito mais que na forma: “a forma segue a função”. Passam a associar a “boa 
arquitetura” com uma máquina, enquanto exemplo de pura funcionalidade. 
Os Pós-modernistas dissociam-se da expressão modernista a “forma segue a função” e parodiam: 
“a forma segue o fiasco”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12: Dissociação da proporção de Vitruvius, associação da arquitetura moderna com a 
máquina e dissociação do pós-modernismo usando como argumento a casa projetada por Le 
Corbusier em Pessac (situação original e o resultado de sua adaptação pelos moradores). Fonte: 
imagens dos Autores. 
 
5.3. Retórica com argumentos provenientes de um história: 
Argumenta a origem de determinado sistema ou definição.Essa origem encontra-se em um tempo 
preferencialmente distante do tempo presente da argumentação, e sua “versão histórica” acaba 
assumindo um papel de tradição, diante de sua plena aceitação. 
 
5.4. Retórica com argumentos provenientes de imagens gráficas: 
“Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Uma imagem correta num contexto correto pode ter 
um peso enorme. Exemplo: Robert Venturi e seu trabalho “Aprendendo com Las Vegas”, que 
influenciou enormemente o movimento pós-moderno demonstra como imagens gráficas podem 
focar em um modo de vida que não pode ser descrito apenas por palavras. 
 
 
Figura 13: A embalagem gráfica substituindo a persuasão oral. Outdoor do bronzeador Tanya 
Las Vegas. Fonte: Venturi, 2003. 
 
5.5. Retórica com argumentos de apelo implícito ou explícito: 
A idéia é introduzir pontos concretos na argumentação, de modo a torná-la ressonante com 
sentidos identitários mais amplos do que a identidade individual, e compatível com a identidade de 
determinado grupo, ou regional, ou mesmo nacional. 
 
 
Por exemplo: 
• Vitrúvio argumentava, por exemplo, que seu tratado visava contribuir para uma sociedade 
coerente, baseada na premissa de que a autoridade expressada pelos edifícios de uma 
“nação” traduziria implicitamente a autoridade de seu governante. 
• Pugin argumentava acerca da identidade cultural de uma nação, em seu livro “Principles of 
pointed or Christian Architecture”: “O que uma casa em estilo italiano faz na Inglaterra? 
Existem similaridades entre nosso clima e o da Itália? De forma alguma ... somos ingleses, 
não italianos...” 
• Daniel Libiskind – Invoca sutilmente a identidade de grupo para explicar sua escolha de 
materiais para o museu Judaico em Berlin, ele diz que a idéia de usar o zinco nas nasceu 
após o conhecimento das obras de Schinkel, um arquiteto da extinta região da Prússia, 
que usou o material em várias de suas obras em Berlim, este arquiteto antes de morrer no 
final do século XIX recomendou que qualquer jovem arquiteto em Berlin deveria usar o 
zinco o máximo possível. 
Outra referência de identidade de grupo usada no museu é a estrela de Davi estilhaçada 
representada nas aberturas das fachadas, uma referência aos judeus e as ações do 
holocausto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 14: Museu Judaico - Berlin. Fonte: Gomes, 2008. 
 
 
 
 
 
 
Figura 15: Croqui representativo da relação triângulo-estrela de Davi-aberturas. 
Fonte: Gomes, 2008. 
 
 
Um outro exemplo é representado pelo Regionalismo Crítico, dentro do movimento pós-
moderno na arquitetura, que buscava evidenciar em suas obras uma identidade local, 
defendendo uma maior independência cultural, social e econômica. Opondo-se ao estilo 
internacional que tinha a intenção de padronização de materiais, processos construtivos e 
métodos projetuais com argumentos da alta cultura, do bom gosto, da pureza, da economia e 
abandono de práticas locais decorrentes de séculos realizadas em núcleos importantes da 
cultura dos povos. Neste movimento destacam-se os trabalhos de Tadao Ando no Japão, Luis 
Barragan no México, além Álvaro Siza e Mário Bota na Europa. 
 
5.6. Retórica com argumentos em grupos de divisão: 
A partir de um tema genérico (por ex: Os edifícios e a complexidade de seus problemas), 
seleciona-se grupos de argumentos afins e que se relacionam com o tema geral e em 
seguida procura rearranjar esses grupos através de uma seqüência lógica que 
fundamentará a argumentação. 
 
5.7. Retórica com argumentos “de autoridade”: 
A autoridade de qualquer sistema lógico depende, antes de qualquer coisa, da coerência 
de seus argumentos. Mas pode adquirir autoridade se, por exemplo, se associar à 
tendências valorizadas no momento em que a idéia é lançada ou se associar a 
representações (pessoas, símbolos, etc.) consideradas referências no respectivo meio. Por 
exemplo, um arquiteto argumentar a favor de um edifício desconstrutivista, na década de 
1990, baseando-se em estudos do descontrutivismo feitas pelo filósofo Jaques Derrida. 
 
6. TÁTICAS PARA ORDENAÇÃO SISTÊMICA DA ARGUMENTAÇÃO 
 
Como se constrói um sistema lógico a partir de um esboço? A seguir, encontram-se 
expostas algumas maneiras através das quais um sistema lógico pode ser estruturado: 
• Pela representação matemática e/ou computacional 
• Por analogia 
• Por categorização ou categorização-cruzada 
• Por argumentação da tradição metafilosófica 
• Pela atualização no foco de novos desenvolvimentos ou dados 
 
6.1. Pela Representação Matemática e/ou Modelagem Computacional 
Um sistema lógico pode ser estruturado pela captura do comportamento de uma realidade 
empírica em termos matemáticos. Por exemplo, na forma gramatical, plantas de 
arquitetura (e em alguns exemplos, elevações) são capturadas por ‘regras’ matemáticas 
que desvendam padrões não óbvios, mas de grande significado. Groat et al. (2002) 
menciona diversos trabalhos nesse caminho, como a Villa Malcontenta de Paládio. A figura 
16 apresenta subsistemas geométrico/aritmético desenvolvido por G. Stiny e W. Mitchel 
pra analisar jardins do paraíso Persa; a expressão regulamenta caminhos em que 
geometrias fundamentais estão ‘infectadas’. 
 
Figura 16: Subsistemas geométrico/aritmético. 
Fonte: Groat et al., 2002. 
 
Como outro exemplo, temos de Peponis et al: 
De um ponto de vista computacional, as bases para a integração computacional de um 
espaço é a formula (k - 2)(k - 2dmean – 1), onde k é o numero de elementos em um sistema, 
e dmean (significando profundidade) é a média do numero de transições mínimas de um 
espaço para outro, e que precisa alcançar todas as outras partes do sistema. 
O que o autor quer dizer é que arranjos espaciais podem ser descritos por meio de 
expressões numéricas, que uma vez descobertas, são capazes de descrevê-los e 
exemplificá-los de forma bastante satisfatória. Programas de computadores – tal como 
Spacialist de Peponi – puderam ser desenvolvidos de acordo com essa premissa. A chave 
neste tipo de formação é que sistema significa a representação de uma realidade empírica 
através de regras matemáticas e relacionamentos. 
Um grande expoente deste modelo é Christopher Alexander. Em seu primeiro trabalho 
notório, “Notes on the synthesis of form” Alexander transforma o conjunto de dados sobre o 
contexto em uma estrutura organizada. Seu objeto de estudo é uma aldeia na Índia. O 
método é a organização dos requisitos funcionais desta aldeia, gerando assim, a 
decomposição e recomposição dos elementos (Figura 17). 
 
Figura 17: Requisitos funcionais da aldeia na Índia. 
Fonte: Alexander (1964). 
 
Outro trabalho semelhante foi desenvolvido em conjunto por Chermayeff e Alexander, em 
1966, onde a decomposição da estrutura do programa de necessidades gerou um conjunto 
de sistemas. Desta forma, os requisitos funcionais trabalham de forma interdependente, a 
fim de permitir eventuais mudanças no entorno. 
 
 
Figura 18: Conjunto de sistemas 
Fonte: Chermayeff & Alexander (1963). 
 
 
A recomposição de sistemas gera os denominados patterns, descritos anteriormente como 
a “chave” do sistema. O pattern é um diagrama de representação modelo, sendo que, uma 
vez aplicado, pode gerar soluções diferentes em questões diferentes de projeto. 
Novamente Alexander é o responsável pela introdução dos patterns na linguagem dos 
arquitetos, em seu trabalho “Tha Pattern Language”. Hoje, diferentes autores desenvolvem 
patterns para diferentes tipologias seguindo os preceitos do trabalho de Alexander. 
Em “The language of School Design” (Figura 19), Nair e Fielding apresentam 25 patterns 
de ambientes escolares, baseado no trabalho de Alexander e em experiência própria no 
desenvolvimento de edifícios escolares de alto desempenho. 
 
 
Figura 19: Pattern de edifício escolar 
Fonte: Nair & Fielding (2007). 
 
6.2. Por Analogia 
Argumentação lógica pode obter uma ordem sistêmicaatravés de analogia. Um novo 
sistema pode ser previsto a partir da semelhança dos atributos e/ou comportamento de 
suas satisfações e dos atributos e/ou comportamento de algum outro meta-sistema, 
normalmente existente na natureza. Um bom exemplo é o paralelo entre biologia e 
arquitetura (a relação das ordens clássicas com referências antropomórficas já é um 
exemplo “biológico”). Mas se tomarmos um apelo à biologia a nível mais fundamental, a 
obra On Growth and Form de D’Arcy Thompson, traz um excelente exemplo desta 
aproximação (Figura 20). Rotacionando em 70º o mapeamento de uma espécie de peixe o 
autor encontra uma nova espécie, configurando um paralelo entre a matemática e a 
biologia. 
 
 
Figura 20: Rotação em 70 º do mapeamento da espécie 
 
Um exemplo mais próximo à arquitetura se apresenta no projeto do Estádio Nacional de 
Pequim, China. O projeto foi desenvolvido em um consórcio entre Arup, Herzog & De 
Meuron Architekten AG e China Architecture Design & Research Group (Figura 21). 
 
 
Figura 21: Estádio nacional de Pequim, China. 
 
Conhecido como Bird's Nest, "Ninho de Pássaro", o estádio tem sua arquibancada inteiramente 
recoberta por uma profusão aparentemente aleatória de vigas e treliças metálicas contínuas e 
entrelaçadas, exatamente como os gravetos de madeira que formam um ninho. De acordo com os 
arquitetos, a forma da rede metálica que envolve e cobre o anel de concreto dos assentos é 
baseada na lógica dos aparentes padrões aleatórios da natureza e inspirada nos conceitos de 
equilíbrio e harmonia do Yin e Yang da filosofia chinesa, onde se combinam o caos e a ordem. É 
exatamente essa interação de opostos a força do impacto da construção na cidade. 
Para muitos dos visitantes é difícil dizer onde termina a função estrutural da megamalha metálica 
e começa a pura representação estética e formal da fachada. De acordo com os profissionais 
responsáveis da Arup, o padrão de disposição das "pernas" metálicas é fruto de uma intensa 
pesquisa biométrica e matemática que resultou em uma repetitiva série de vigas e treliças em 
curvas ascendentes e descendentes que se interconectam com uma grande lógica estrutural e 
conceitual. O projeto segue os preceitos do Biomimetismo, ciência que estuda os modelos e 
padrões da natureza que podem ser aplicados na escala humana na resolução de problemas de 
diversas especialidades, entre elas o design. Embora o padrão pareça aleatório, existem diversos 
grupos de tramas metálicas, cada qual com suas ordens e regras particulares, difíceis de 
apreender ao olho humano comum. 
Sem a definição exata da geometria individual de cada peça e sua função na formação da trama 
coletiva seria impossível o máximo controle e segurança na construção da cobertura. A impressão 
de maior leveza do conjunto é derivada da busca por formas e características da seção e da 
espessura do aço que possibilitaram redução de peso e tornaram a construção realmente factível. 
Na A Evolução dos Designs de Philip Steadman, tirado de um trabalho anterior de 
Thompson, o autor estrutura uma sistemática de observações cuidadosas de arquitetura 
com uma serie de analogias, todas tendo a ver com a premissa biológica. Essas incluem 
morfologia e estrutura (a analogia anatômica), experiência e erro no progresso de desenho 
(a analogia “Darwiniana”), ferramentas como extensão do corpo físico, e processo de 
desenho como um tipo de crescimento biológico. 
 
6.3. Por Categorização e Elaboração 
Sistemas lógicos podem ser estruturados pela categorização da realidade a ser explanada. 
As categorias precisam ter alguma reivindicação com a universalidade; nessa essência 
encontra-se o propósito de identificar princípios de quantidade, qualidade, ou origens etc. 
Identificar categorias convincentes pode ser suficiente para formar a fundamentação de um 
sistema lógico a ser trabalhado. Por exemplo, os capítulos iniciais do Complexity and 
Contradiction in Architecture, de Venturi, mostra por categorias de design pós-moderno 
(isto é, “Ambigüidade”, “Ambos – E”, “Funcionalidade Dupla”); estas formas de categoria 
estruturam seu tratado. 
Categorização é também uma tática usada por Chistian Norberg-Schuls, para atrelar a 
noção de “habitar” (dwelling). Em sua obra The Concept of Dwelling, ele define que 
“quando o habitar é atingido, nosso desejo de pertencer e participar é preenchido”. Mas 
esse preenchimento é percebido apenas quando a arquitetura facilita tal relação: 
1) encontros para a troca de idéias, produtos e sensações; 
2) a habilidade de acordar um conjunto comum de valores; 
3) um sentido de “ter uma pequena escolha do mundo de nós mesmos. 
Estas categorias são, além disso, reduzidas a “modos” de habitat do coletivo, do público, e 
do privado. Finalmente, os três modos são nomeados formas-equivalentes de arquitetura 
do espaço urbano (o coletivo, ou o assentamento), instituição (edifícios públicos), e casa (o 
abrigo privado). A partir daí o autor elabora as categorias a se relacionarem com o habitar: 
quando nos aproximamos de um assentamento, o seu perfil é usualmente de importância 
decisiva. O que percebemos é a figura que se eleva do chão em direção ao céu em uma 
certa forma. É este levantar e subir que determinam nossas expectativas e nos diz onde 
estamos. Quando viajamos através da paisagem, estamos ‘sintonizados’ de certa maneira 
com esse elemento, e o assentamento deve nos oferecer uma resposta para nossas 
expectativas. 
Um exemplo relacionado à construção de programas de necessidades arquitetônicos está 
no trabalho de Hershberger (1999), como mostra a tabela da figura 22. O autor organizou 
os requisitos de um programa de necessidades de forma a contemplar os valores 
contemporâneos de projeto, denominado HECTTEAS. 
Ressalta-se que a chave da categorização encontra na taxonomia (classificação das 
palavras) o modo que se pretende descrever daquela determinada realidade. 
 
 
 
 
VALORES HUMANOS 
 
ATIVIDADES FUNCIONAIS PARA SER HABITÁVEL 
 
VALORES TEMPORAIS 
 
CRESCIMENTO 
 
RELAÇÕES SOCIAIS A SEREM MANTIDAS 
 
MUDANÇA 
 
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS USUÁRIOS 
 
PERMANÊNCIA 
 
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DOS USUÁRIOS 
 
VALORES ECONÔMICOS 
 
FINANCEIROS 
 
CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DOS USUÁRIOS 
 
CONSTRUÇÃO 
 
VALORES AMBIENTAIS 
 
TERRENO E VISITAS 
 
OPERAÇÃO 
 
CLIMA 
 
MANUTENÇÃO 
 
CONTEXTO URBANO 
 
ENERGIA 
 
RECURSOS NATURAIS 
 
VALORES ESTÉTICOS 
 
FORMA 
 
RESÍDUOS 
 
ESPAÇO 
 
VALORES CULTURAIS 
 
HISTÓRICO 
 
SIGNIFICADO 
 
INSTITUCIONAL 
 
VALORES DE SEGURANÇA 
 
ESTRUTURAL 
 
POLÍTICO 
 
INCÊNDIO 
 
LEGAL 
 
QUÍMICO 
 
VALORES TECNOLÓGICOS 
 
MATERIAIS 
 
PESSOAL 
 
SISTEMAS ESTRUTURAIS 
 
CRIMINOSO 
 
PROCESSOS CONSTRUTIVOS 
 
Figura 22: HECTTEAS 
Fonte: Hershberger (1999) 
 
6.4. Pela Categorização-Cruzada e Elaboração 
Um significado adicional para estruturação de sistemas lógicos é o que nós chamamos de 
categorização-cruzada. No livro A imagem da cidade de Kevin Lynch, cinco categorias - caminhos, 
borda/limites, distritos, nos e marcos – são colocados como os componentes fundamentais da 
imageabilidade da cidade. Mas Lynch atribui a sua “tração argumentativa” pela citação de 
exemplos de categorias abstratas em Los Angeles, Boston e Jersey City. Esses exemplos atuam 
como categorias-cruzadas em sua estrutura total. 
Um ordenamento mais sofisticado desta tática pode ser encontrado na estrutura lógica do 
livro Thermal Delight in Architecture, de Lisa Herschong. Seu sistema introduz os quatro 
termos técnicos (seus princípios fundamentais): necessidade, desfrute, afeição e sagrado, 
e estes atuam como categoria que “intersecta” com outro par de categorias: HEARTH lar 
(aquecer) e GARDEN jardim (refrescar). HEARTH é usado para descrever o domicilio 
interior, enquanto que GARDEN é usado para descrever a incorporação da natureza no 
habitar humano. Estes seis termos formam umagrade ortogonal sobre a qual ela posiciona 
os exemplo, conforme mostrado na figura 23. 
 
 
Figura 23: Diagrama da estrutura proposta por Herschong em sua obra Thermal Delight in 
Architecture. Fonte: Groat et al. (2002) 
 
Outro exemplo relacionado à arquitetura encontra-se no trabalho de Peña & Parshal 
(2001), onde as categorias Função, Forma, Economia e tempo são cruzadas com as 
categorias Metas, Fatos, Conceitos, Necessidades e Problemas. Um exemplo do uso da 
tabela como organização do processo de projeto pode ser encontrado no trabalho de 
Moreira (2007). 
 
6.5. Por Argumentação da Tradição Metafilosófica 
Um sistema lógico pode ser estruturado pelo desenho a partir de uma mais ampla tradição 
filosófica. Muito dos tratados que lidam com arte e arquitetura usam esta aproximação. No 
Ocidente, tradição metafilosófica tais como racionalismo, empirismo e idealismo está na 
base da maioria dos sistemas lógicos. Há também muitas mais estruturas tópicas, tais 
como filosofia da lingüística e fenomenologia. 
O sistema estético de Ernest Gombrish está largamente baseado em psicanálise. Muitos 
sistemas puxam da filosofia política, tal como Architecture and Utopia de Taffuri. Mas as 
grandes tradições metafilosoficas sozinhas provêm rico material para sistemas lógicos de 
construção. Racionalismo, que declara que a mente humana tem a priori poder que 
estrutura experiência empírica tem gerado uma riqueza do sistema lógico relevante para 
arquitetura. Este inclui o trabalho Essay on Man de Ernest Cassirer (no qual ele o direciona 
para arte). Philosophy in a New Key (Filosofia em novo tom) de Susanne Langer, e mais 
recente em Aesthetics of Architecture de Roger Scruton. 
Na base empírica, a qual dita que experiência é a fonte de todo conhecimento, o livro Art 
as Experience de John Dewey argumenta que arte não começa com relíquias em museus, 
mas ao invés disso emerge quando experiências diárias encontram preenchimento de 
plena expressão. Assim como idealismo, ele tem sido provavelmente a maior influencia de 
tradição metafilosófica para tratados arquitetônicos pelos últimos cem anos. Sua ênfase 
sobre a mente como gerador de realidade, ao lado da visão idealista de Hegel na historia 
(a de que uma mente corporativa move-se em direção do conhecimento absoluto), 
largamente influenciou manifestos modernistas. 
 
6.6. Pela atualização no Foco de Novos Desenvolvimentos ou Dados 
Um sistema lógico pode ser a atualização de um antigo sistema que necessita ser 
renovado focando-se em novos desenvolvimentos. O livro Sobre a Arte de Construir 
Edifícios em 10 Livros, de Alberti, atualiza os tratados de Vitruvio. A obra de Alberti 
evidencia a clara influência e o interesse em todas as coisas gregas no processo de 
estruturação renascentista – a tal ponto de ser mais “Grego” do que o trabalho de Vitruvio. 
Por exemplo, a noção de Alberti que lineamento reside puramente na mente está muito 
mais claramente ligada à filosofia de Platão do que qualquer coisa achada em Vitruvio. 
Pode-se também detectar a influencia da Republica de Platão na preocupação de Alberti 
sobre a polis – e da elevada posição do arquiteto com ela. 
Outro exemplo de atualização no foco de novos desenvolvimentos se dá no trabalho de 
Moreira (2007). O autor criou um aplicativo que reproduz a decomposição de sistemas 
(HIDECS) descrita por Alexander há 40 décadas atrás. Como resultado do trabalho, gera-
se o próprio sub-sistema de requisito funcional de acordo com dados levantados em um 
escudo de caso (Figura 24). 
 
 
Figura 24 : Sub-sistemas de requisitos funcionais 
Fonte: Moreira, 2007 
 
Outro exemplo é a expansão de Quatremère de Quincy na teoria do abrigo de Laugier. O 
trabalho de Quatremère apareceu cerca de 50 anos depois do de Laugier. O aumento do 
conhecimento de arqueologia, assim como o grande interesse da sociedade nesta área, 
acoplado com o emergente interesse em linguagens regionais, tudo isso contribuiu para a 
necessidade de mais teorias flexíveis sobre a origem arquitetônica, do que aquelas 
providas pela noção de simples abrigo primitivo. Assim, o sistema de Quatremère 
posiciona-se em origens primordiais múltiplas, simbolizado não só pelo abrigo, mas 
também pela tenda e caverna. 
 
7. CONCLUSÃO: VANTAGENS E LIMITAÇÕES 
A argumentação lógica estrutura-se em conceitos construídos que têm grande poder 
explanatório. Estes sistemas se moldam segundo o modo como nós entendemos o mundo 
em que vivemos. Por outro lado, a utilidade destes sistemas pode ser limitada, como 
mostra o quadro da figura 25. 
Sistemas lógicos tendem a tornarem-se fora de moda (shelf-life) com o progresso ou com 
as mudanças do ambiente empírico que os criou. Portanto, a maioria dos sistemas lógicos 
tem um limite quanto ao “período de vida”, após o qual se tornam artefatos históricos. 
Quanto aos sistemas matemático-formais, estes tendem a mudar à medida que novas 
evidências emergem e alteram paradigmas estabelecidos. Esse tema está 
sistematicamente direcionado a pensadores como Thomas Kuhn e Karl Popper. Em 
relação ao argumento cultural / discursivo, tratados que têm se “tornado históricos” são 
abundantes. Isso se deve ao fato que muitos sistemas desse tipo (Vitruvio, Alberti, Laugier, 
Ginzburg dentre outros) estão em posições confortáveis, sob o ponto de vista histórico ou 
teórico. 
Outra limitação para um sistema lógico é o fato que o mesmo pode não ter uma 
representação exata da realidade – o que se propõe explicar – apesar de ser consistente 
internamente do ponto de vista lógico. A teoria de Popper sobre falsificação acrescentou 
muito à literatura nessa área, em relação à medida como os sistemas matemático-formais 
estão envolvidos. Por exemplo, a lei da gravidade de Newton e as teorias de Einstein 
provaram ter lacuna em sua habilidade para descrever o comportamento do cosmo, 
mesmo que as equações de Newton tenham lógicas corretas. Paralelos a este problema 
podem também ser encontrados em sistemas cultural/discursivos. Muitos trabalhos (agora 
históricos) sobre a forma da cidade e planejamento, escritos na perspectiva modernista 
(por exemplo, The City of Tomorrow and its Planning, de Le Coubusier) têm sido 
desafiados por trabalhos posteriores, tal como Vida e Morte nas Grandes Cidades, de Jane 
Jacobs. O modo como um sistema lógico conecta-se com a realidade é fascinante e 
necessita de mais pesquisas em seu próprio campo. O ponto para uma pesquisa lógica é 
aquele relacionado a um sistema coerente interno, que por sua vez não garante uma 
descrição acurada de uma determinada realidade externa. 
 
Vantagens Limitações 
 
Das estratégias aqui descritas, a 
Argumentação Lógica é talvez a 
estratégia mais adequada em que 
qualquer estrutura conceitual precise 
exibir coerência lógica em algum 
sentido. Baseado nos princípios aqui 
esboçados pode ajudar a moldura de 
qualquer estrutura lógica. 
 
No primeiro item de vantagens, pode 
facilmente ser uma limitação: pode ser difícil 
agarrar-se porque ou como Argumentação 
Lógica é uma estratégia de pesquisa, desde 
que toda estrutura precise ter uma coerência 
lógica. Tentamos mostrar que Argumentação 
Lógica, como uma própria estratégia de 
pesquisa, envolve a moldura da estrutura que 
explica o grande escopo de determinada 
realidade. Alem disso, tendem a finalizar no 
sistema teórico em si como um resultado, ao 
invés de ter estrutura lógica ser um meio para 
outros resultados. 
 
Argumentação Lógica é muito útil para 
fornecer fundamentação teórica para 
larga faixa de manifestações empíricas. 
Alguns exemplos citados: estrutura de 
Hillier e Hanson revela padrões sócio-
culturais simples em disposições 
diversas de plantas baixas, ou a noção 
das formas empíricas dispares pode, 
todavia ser reduzida a “shape-
grammar”. 
 
Argumentação Lógica concebida como 
uma estratégia de pesquisa, é muito 
poderosa aoapresentar habilidade para 
situar uma grande e diversa quantidade 
da literatura teórica existente em um 
simples sistema conceitual. Alem disso, 
as ferramentas usadas para estruturar o 
sistema torna a explanação muito 
econômica. 
 
Uma limitação pode ser a falta de economia 
em termos técnicos. Em outras palavras, se 
um sistema prolifera em termos técnicos, é 
um indicador de que a fundamentação teórica 
não esta clara. 
 
Outra limitação pode ser que ao sistema fa l te 
a habilidade de explicar um amplo escopo de 
variedade. 
 
Na medida em que o resultado da 
explanação teórica esta baseado em 
consistência lógica interna, o sistema 
lógico pode ser difícil de refutar. 
 
Sistemas de Argumentação Lógica precisam 
ser constantemente avaliados em sua 
exatidão. Consistência interna lógica não 
garante poder explanatório exato. Por 
exemplo, categorias fundamentais propostas, 
enquanto todas relevantes, podem não ser 
exaustivamente descritivas – elas podem ter 
também categorias indefinidas. A teoria da 
Argumentação Lógica em si não tem um 
mecanismo auto-regulador, necessário, que 
pode alertar aos teóricos esta falta; precisa 
ser testada pela aplicação do sistema 
proposto em importantes locais com serviço 
de avaliação critica. 
 
O capitulo tentou mostrar que “lógico” 
pode transcender as fronteiras 
“matemáticas” (conhecimento baseado 
em números) e “discursiva” 
(conhecimento baseado na retórica) 
pela demonstração, focadas em 
argumentação tão diversas como a 
teoria da “shape-grammar”, e de um 
lado nas ordens clássicas de Vitruvio, e 
de outro, que podem todos ocupar um 
espectro da argumentação lógica. 
 
Também, como assinalado, alguns sistemas 
lógicos são dependentes do seu tempo, pois 
a passagem de uma era sócio-cultural pode 
render um sistema proposto mais de item 
histórico do que outro com poder explanatório 
aceito. 
Figura 25: Vantagens e Limitações 
Fonte: Groat et al. (2002) 
 
Outros problemas potenciais de sistemas lógicos têm a ver com sua economia e utilidade 
inerente. Um bom sistema lógico deve prover de grande escopo de cobertura explicativa, 
com número pequeno de termos técnicos. Sistemas lógicos tornam-se pouco úteis quando 
há um grande número de termos técnicos para explicar alguma coisa incerta ou com 
escopo limitado. 
 
8. LEITURAS RECOMENDADAS PARA COMPLEMENTAÇÃO AO TEMA 
 
Um trabalho muito útil e recomendado pelos autores é o The Logic of Architecture, de W. 
Mitchell (Cambridge, Mass: MIT Press, 1990), que tem forte espectro matemático–formal, 
em que o autor conduz à lógica computacional e sumariza a teoria do shape grammar. 
Para a referência geral sobre estratégias e táticas de persuasão retórica entendida como 
um exercício lógico, recomenda-se The New Rhetoric: A Treatise on Argumentation, 
C.Perelman & L.Olbrechts-Tyteca (Notre Dame,Ind.: Universit of Notre Dame Press). E o 
desenvolvimento posterior do trabalho de Hillier/Hanson, Space is the Machine: a 
Configurational Theory of Architecture (New York: Cambridge University Press, 1996). 
Os autores, nesse capítulo estudado, citam vários clássicos em Argumentação Lógica 
cultural-discursiva: Vitruvius, Alberti, Laugier, Loos, Wright, Venturi e outros. Para os 
leitores interessados em práticas de argumentação lógica, analisar estes trabalhos à luz 
das táticas aqui orientadas pode ser muito instrutivo. 
Há vários artigos de periódicos, sendo que o melhor exemplo de uso de categoria 
fundamental é o de J.Pine II & J.Gilmore: Welcome to the Experience Economy,(Harward 
Business review, July-August 1998), que usa o principio de quantidade (com qualidade 
agregada). O autor argumenta persuasivamente que atualmente estamos em uma 
economia de experiência, tendo progressivamente passado pela economia agrária, 
industrial, e pela economia de serviço. Ilustrando essa progressão através de um bolo de 
aniversario, mostra que em uma economia agrária, famílias faziam o bolo a partir da 
matéria-prima proveniente das commodities agrárias de seu próprio trabalho. Na economia 
industrial, o bolo é feito com ingredientes pré-misturados de uma caixa vinda de uma loja. 
Na economia de serviço, os pais encomendam um bolo pronto e o pegam no caminho para 
sua casa, vindos do trabalho. Em uma economia de experiência, a família inteira vai a um 
Buffet infantil em voga , e o bolo de aniversario esta incluído como parte de uma 
experiência de aniversario muito maior. O sistema lógico de Pine &.Gilmore ajuda a 
conectar inclusive formas construídas com fatores econômicos, na medida em que ilustra 
como a morada agrária é totalmente diferente da área comercial onde o Buffet infantil está 
localizado. 
Um outro artigo de periódico recomendado é o The Mechanical Body Versus the Divine 
Body de Alexander Tzonis e Diane Lefaivre. Mesmo não sendo um trabalho sobre tratado 
ou sistema lógico (talvez uma exemplo secundário de argumentação lógica), direciona 
para o momento de mudança de paradigmas, e como esta mudança resulta na 
necessidade de atualizar o sistema lógico. (Alexander Tzonis e Diane Lefaivre, “The 
Mechanical Body Versus the Divine Body: the Rise of Modern Design theory”, Journal of 
Architecture Education, September 1975, pp. 4-7). 
 
 
 
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
ALEXANDER, C. Notes on the synthesis of form. 9th. print. Cambridge: Harvard 
University Press, 1977. 216p. (1964). 
 
CHERMAYEFF, S.; ALEXANDER,C. Community and Privacity: Toward a new 
architecture of Humanism. Harmondsworth, UK: Penguim Books, 1966. 255p. (1963). 
 
COLIN, Silvio. Pós-modenismo: Repensando a arquitetura. Rio de Janeiro: UAPÊ (2004). 
 
GROAT, Linda; WANG, David. Architectural Researchs Methods. New York, John Wiley 
& sons, Inc.(2002) 
 
HERSHBERGER, R.G. Architectural Programming and Predesign Manager. New York: 
McGraw-Hill, 1999, 506p.(1999). 
 
MOREIRA, D.C. Os princípios da síntese da forma e a análise de projetos 
arquitetônicos. Tese de Doutorado (Engenharia Civil) – Universidade Estadual de 
Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. Campinas (2007) 
 
NAIR, P.; FIELDING, R. The language of school design: design patterns for 21th 
century schools. 2th. ed. The National Clearinghouse for Eduacional Facilities and The 
KnowledgeWorks Foundation. Índia (2007) 
 
PEÑA, W.M.; PARSHALL, S.A. Problem Seeking: An Architectural Programming 
Primer. 4th ed. New York: John Wiley and Sons, 2001. 224p. (1969) 
 
POLIÃO, M. Vitrúvio. Vitruvio: Da Arquitetura. São Paulo, Hucitec: Annablume. (2002). 
 
THOMPSON, D. On Growth and Form. London: Cambridge University Press (1971). 
 
VENTURI, Robert. Scott Brown, Denise. Aprendendo com Las Vegas. Tradução; Pedro 
maia Soares. São Paulo: Cosac & Naify (2003).

Continue navegando