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Eloíse Werle Metodologia do ensino da natação U N O PA R M ETO D O LO G IA D O EN SIN O D A N ATA Ç Ã O Metodologia do ensino da natação Eloíse Werle Metodologia do ensino da natação Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Werle, Eloíse ISBN 978-85-8482-637-7 1. Natação – Estudo e ensino. I. Título. CDD 797.21 Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 184 p. W489m Metodologia do ensino da natação / Eloíse Werle. – © 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Alberto S. Santana Ana Lucia Jankovic Barduchi Camila Cardoso Rotella Cristiane Lisandra Danna Danielly Nunes Andrade Noé Emanuel Santana Grasiele Aparecida Lourenço Lidiane Cristina Vivaldini Olo Paulo Heraldo Costa do Valle Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro Revisão Técnica Márcia Cristina Aparecida Thomaz Editorial Adilson Braga Fontes André Augusto de Andrade Ramos Cristiane Lisandra Danna Diogo Ribeiro Garcia Emanuel Santana Erick Silva Griep Lidiane Cristina Vivaldini Olo 2017 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Unidade 2 | Adaptação ao meio líquido e apresentação da natação Seção 1 - A água, um ambiente desconhecido 1.1 | Densidade 1.1.1 | Densidade específica 1.2 | Massa e Peso 1.3 | Centro de massa (CM) e Centro de Gravidade 1.4 | Empuxo 1.5 | Centro de Volume 1.6 | Turbulência 1.7 | Fricção 1.8 | Pressão 1.9 | Velocidade 1.10 | Temperatura Seção 2 - Aprendizagem da natação 2.1 | Equilíbrio aquático e orientação corporal 57 61 61 61 63 63 64 65 66 66 66 67 67 69 69 Unidade 1 | Histórico e propostas pedagógicas da natação Seção 1 - Histórico da natação 1.1 | Origens e história 1.2 | Surgimento dos estilos 1.2.1 | Crawl 1.2.2 | Costas 1.2.3 | Peito 1.2.4 | Borboleta 1.3 | Surgimento da natação no Brasil 1.4 | Fatos curiosos sobre a natação mundial Seção 2 - Quem são nossos alunos 2.1 | Bebês 2.2 | Crianças 2.3 | Adolescentes 2.4 | Adultos 2.5 | Idosos Seção 3 - Fundamentos psicomotores da aprendizagem da natação 3.1 | Introdução ao desenvolvimento psicomotor 3.2 | Alguns subsídios metodológicos para a aprendizagem da natação por crianças Seção 4 - Propostas e estratégias pedagógicas para o ensino de natação 4.1 | Representação dos itens 9 13 13 14 14 16 17 18 19 21 25 25 27 28 29 30 33 33 35 41 41 Sumário Unidade 3 | Nados crawl e costas Seção 1 - Nado de lado 1.1 | Primeira etapa, virando-se na piscina 1.2 | Deslizando de lado 1.3 | Nado de lado Seção 2 - Crawl 2.1 | Movimento de braço por cima 2.2 | Como executar o movimento de braço por cima 2.3 | Nado crawl 2.4 | Como nadar estilo crawl 2.5 | Fatores que atrapalham o sucesso no nado crawl 2.6 | Aperfeiçoando o nado crawl 2.6.1 Como nadar o crawl de forma eficiente Seção 3 - Nado de costas 3.1 | Batimento de pernas no nado costas 99 103 103 105 106 111 111 111 114 114 117 118 118 125 125 2.2 | Respiração 2.3 | Motivação 2.4 | Estrutura de aula 2.5 | Materiais pedagógicos 2.6 | Exercícios pedagógicos - educativos e corretivos 2.7 | Adaptação Seção 3 - Aprendizagem dos fundamentos: saídas, viradas e chegadas 3.1 | Saídas 3.1.1 | Propostas metodológicas 3.2 | Viradas 3.2.1 | Virada olímpica do crawl 3.2.2 | Virada olímpica de costas 3.2.3 | Virada do nado borboleta 3.2.4 | Virada do nado peito 3.3 | Chegadas 71 75 76 77 78 78 81 81 82 84 84 87 88 90 92 Unidade 4 | Nados peito e borboleta Seção 1 - Nado peito 1.1 | O movimento de braço do nado peito 1.2 | Pernada de peito 1.3 | O nado de peito 1.4 | Correções do nado peito 1.5 | Filipina do nado peito Seção 2 - Nado borboleta 2.1 | Pernada do nado borboleta ou golfinho 2.1.1 | Detectando erros do batimento de pernas de golfinho 2.2 | Braçada do nado borboleta 2.2.1 | Detectando erros na braçada do borboleta 2.3 | Coordenando o nado borboleta 2.3.1 | Detectando erros na coordenação do nado borboleta 141 145 145 147 148 149 150 153 153 157 157 160 161 163 Seção 3 - Regras da Federação Internacional de Natação (FINA) 3.1 | Principais regras da natação 3.1.1 | Trajes de natação 3.2 | Regras do nado livre 3.3 | Regras do nado da costas 3.4 | Regras do nado peito 3.5 | Regras do nado borboleta 167 167 167 170 171 171 172 Apresentação Caro, aluno! Estaremos juntos na disciplina de Metodologia do Ensino da Natação. Neste livro, você vai encontrar uma diversidade de conteúdos, que vão desde a história desse esporte e de cada um dos nados, até as técnicas e regras específicas de cada um, além de estratégias pedagógicas para ensinar esse esporte. Você conhecerá, na Unidade 1, o histórico e as origens da natação. Analisaremos como surgiu a modalidade e cada nado, além de fatos históricos que marcaram esse esporte. Vamos analisar também, propostas e estratégias pedagógicas para o ensino da natação para os nossos alunos. Já, na Unidade 2, você verá um pouco das propriedades da água e como nosso corpo se comporta quando está submerso no meio líquido. Além disso, você conhecerá os processos de aprendizagem e de adaptação do aluno ao meio líquido, e, por fim, aprenderá os fundamentos da natação: saída, viradas e chegadas de cada nado. Na Unidade 3 e 4 deste livro, você conhecerá os quatro estilos de natação. Inicialmente, você aprenderá como é o nado de lado, uma proposta inicial para a aprendizagem de todos os outros nados. Saber virar-se na piscina é uma adaptação importante para se alcançar eficiência nos outros nados. Ainda na Unidade 3, você aprenderá os nados alternados da natação, e o primeiro será o nado crawl, o mais rápido desse esporte. O nado crawl e utilizado nas provas de livre por essa razão. Nesse nado, a coordenação da respiração é uma etapa importante e que você deve dominar. Em seguida, você conhecerá o nado costas, no qual o atleta fica o tempo todo com o rosto fora da água. Na Unidade 4, você conhecerá os nados simultâneos: o nado peito, que apresenta uma técnica mais complexa, e o nado borboleta, que exige mais força e por isso muitas vezes é o último a ser ensinado. Finalizando o livro, você conhecerá as principais regras da Federação Internacional de Natação. Essas regras regem a natação competitiva e padronizam o nado dos atletas. Nessa parte do livro, você compreenderá a importância dessas regras para que ensinemos aos nossos alunos as técnicas corretas dos nados. Esperamos que você possa aproveitar ao máximo a leitura desse conteúdo para melhor compreender como são os estilos da natação e como se dá o processo de adaptação ao meio líquido, que é uma etapa importantíssima e fundamental da aprendizagem desse esporte diferente e interessante para os nossos alunos. Desejamos a você uma ótima leitura! Unidade 1 HISTÓRICO E PROPOSTAS PEDAGÓGICAS DA NATAÇÃO Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade iremos conhecer o histórico e as origens da natação. Iremos analisar como surgiu a modalidade e cada nado, além de fatos históricos que marcaram esse esporte. Além disso, iremos analisar propostas e estratégias pedagógicas para o ensino da natação para os nossos alunos. Eloíse Werle Nesta seção estudaremos a origem da modalidade e de cada nado e conheceremos alguns fatos históricos que marcaram a modalidade. Nesta seção estudaremos as características dos grupos de alunos com quem poderemos trabalhar. Nesta seção trataremos de alguns subsídios metodológicospara a aprendizagem na natação. Nesta seção trataremos de uma forma mais prática e simplificada os conceitos teóricos discutidos na Seção 3 – fundamentos psicomotores da aprendizagem da natação. Seção 1 | Histórico da natação Seção 2 | Quem são nossos alunos Seção 3 | Fundamentos psicomotores da aprendizagem da natação Seção 4 | Propostas e estratégias pedagógicas para o ensino da natação Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 10 Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 11 Introdução à unidade Nesta unidade veremos inicialmente que a natação surgiu da necessidade do homem sustentar-se e deslocar-se na água. No momento histórico em que surgiu, o homem precisava fugir de animais, ou até mesmo caçar sua alimentação. Com o passar do tempo a natação foi tendo outros fins, como saúde, lazer, necessidade e esporte. A partir daí foram surgindo os quatro nados: crawl, peito, costas e borboleta. Conheceremos como surgiram os quatro nados e também os atletas brasileiros e do resto do mundo de grande destaque nesse esporte. Cada grupo etário tem diferentes características e com isso os objetivos e a forma de aprender a natação podem ser diferentes. Mas independentemente da idade, aprender a natação não é um processo natural do ser humano. É necessária uma intervenção mediatizada para o desenvolvimento das habilidades aquáticas. Com isso, veremos formas práticas de como realizar essa intervenção de uma maneira adequada e que vise ao desenvolvimento psicomotor relacionado ao desenvolvimento de habilidades aquáticas. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 12 Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 13 Seção 1 Histórico da natação Introdução à seção 1.1 Origens e história Nesta seção iremos conhecer a origem da modalidade e alguns fatos históricos que marcaram esse surgimento. Além disso, também iremos explorar a origem de cada nado e como a prática desse esporte se iniciou em nosso país. Relatos da literatura apontam que a natação é quase tão antiga quanto o homem, que aprendeu a sustentar-se na água por necessidade e instinto de sobrevivência ou também por observação dos animais. O homem primitivo precisava saber se deslocar na água, já que vivia às margens de rios e mares. Com a evolução do homem, sua postura passou de horizontal para bípede. Para nadar, ele precisava voltar a adaptar-se à postura de quadrupedia, que em alguns animais facilita a permanência estável na água (VELASCO; BERNINI, 2011). Além disso, naquele momento, muitas vezes o homem era “obrigado” a nadar por situações de fuga ou ataque a animais, ou pela busca de alimentos. E esse fator de sobrevivência e as quedas acidentais na água despertaram no homem uma habilidade latente que era nadar. Fonte: <https://universidadedanatacao.wordpress.com/2008/10/03/o-surgimento-da-natacao/>. Acesso em: 11 jul. 2016. Figura 1.1 | Surgimento da natação Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 14 Desenho descoberto numa das grutas do deserto da Líbia. É a mais antiga ilustração atualmente conhecida da arte de nadar. Os arqueólogos calculam que ela remonta a 9.000 anos antes da nossa era. Alguns dados históricos nos apresentam que os gregos já conheciam a natação 3.000 anos antes da nossa era. Tinham muito apreço por esse esporte e pela corrida, que segundo a literatura grega era sinônimo de força e beleza física. Na Idade Média, após a queda do Império Romano, a natação praticamente desapareceu, pois acreditavam na proliferação de epidemias. Com o Renascimento essa ideia perde força e em muitos países surgem as piscinas para banhos públicos. Na Segunda Guerra Mundial, aeronautas e militares aprendiam na escola a natação para evitarem morrer afogados, quando alguma embarcação viesse a cair no mar. Só o fato de saber flutuar já lhes dava a chance de sobreviver. Atualmente, discute-se que a aprendizagem da natação se faz pela repetição, que logo vira um hábito, e assim descobre-se em um determinado momento que se pode nadar. Para o homem moderno, aprende-se a nadar por quatro motivos principais (VELASCO, 1997): - Saúde: produção de efeitos benéficos ao organismo e ao físico. - Lazer: oportunidade de satisfações emocionais. - Necessidade: sobrevivência ou reabilitação. - Esporte: performance e resultados. 1.2 Surgimento dos estilos 1.2.1 Crawl Não existe um consenso na literatura quando e a ordem em que os estilos surgiram, no entanto, algumas bibliografias apontam ter sido o nado crawl (com pinturas rupestres) o primeiro a surgir e outros acontecimentos apontam ter sido o nado peito (VELASCO, 1997). No século XIX foram realizadas as primeiras provas em Londres (1837), onde os nadadores realizavam a braçada de peito, só que na lateral. Depois, devido à resistência imposta pela água, os atletas começaram a levar um dos braços à frente na superfície da água. Esse nado passou a ser nomeado de single overarm stroke (braçada única sobre a água). Mais tarde, outra modificação foi aplicada e os braços passaram a ser levados à frente alternadamente. A esse nado modificado foi dado o Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 15 nome de double overarm (braçada dupla sobre a a água). Esse estilo foi aperfeiçoado for um inglês chamado J. Arthur Trudgen, no ano de 1893, por meio das experiências com nativos da América do Sul. O movimento dos membros inferiores passou a ser de tesoura. Este estilo, por sua vez, foi ainda adaptado e evoluiu quando outro inglês, Frederick Cavill, foi para a Austrália, e observou os movimentos de indígenas, que movimentavam muito bem suas pernas na superfície da água. Esse estilo foi nomeado crawl australiano. O filho de Frederick, Richard, bateu o recorde mundial em 1900 das 100 jardas com esse estilo. O crawl moderno surgiu com o havaiano Duke Kahanamoku, vencedor da prova dos 100 metros nado livre, nas Olimpíadas de 1912 e 1920. No ano de 1924, nas Olimpíadas de Paris, um nadador chamado Johnny Weissmuller bateu o recorde de Duke, nadando o mesmo estilo crawl, consagrando-o como o estilo mais veloz (VELASCO, 1997). Fonte: <http://chroniclingamerica.com/lccn/sn83025121/1912-07-09/ed-1/seq-3/image_681x721_from_0,294_to_1984,2395. jpg>. Acesso em: 11 jul. 2016. Figura 1.2 | Duke Kahanamoku, recordista mundial do 100 m livre Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 16 1.2.2 Costas Inicialmente, o nado costas era realizado com o movimento simultâneo dos braços para trás e a pernada era um forte golpe de tesoura com o abdômen voltado para cima. Os braços eram levados para trás da cabeça com as mãos juntas e, ao encontrarem a água, iniciava-se a puxada em um semicírculo, em torno da articulação da cintura escapular até a palma da mão chegar próxima à coxa. Em 1912, nos Jogos Olímpicos, o norte-americano Harry Habner venceu os 100 m costas utilizado este tipo de puxada, denominada “crawlada”. Mais tarde, Adolph Kiefer altera o nado de costas, que já tinha movimentos de pernada “crawlada”, e modifica a entrada do braço na água, estendendo-o para melhor flutuação. Em 1935 seu estilo já era completo, com braçadas alternadas, e foi consagrado como um dos maiores nadadores de nado costas do mundo (VELASCO, 1997). Fonte: <http://www.notinat.com.es/images/noticies/Image/2007-05/AdolphKiefer_100Back_1936.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2016. Fonte: <http://footage.framepool.com/shotimg/320632231-adolf-kiefer-100-metre-backstroke-olympia-schwimmstadion- berlin-olympic-stadium-berlin.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2016. Figura 1.3 | Adolph Kiefer ganhando prova de 100 m nado costas nas Olimpíadas de 1936 Figura 1.4 | Adolph Kiefer, grande nadador de nado costas Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 17 1.2.3 Peito Em meados do século XVI, na Alemanha, Inglaterra e Suécia, foram escritos os primeiros trabalhos sobre natação. Nestes trabalhos era bastante citado o ensino do nado peito, já uma tradição, pois, naquela época, os soldados precisavam atravessarrios carregando seus armamentos e roupas, e deviam fazê-lo na cabeça ou nas costas. O nado peito foi a primeira forma encontrada pelo homem para ter propulsão na água. Principalmente a braçada era realizada com grande amplitude para os lados e para trás. Até 1837, em um campeonato de natação na Inglaterra, o movimento dos braços era chamado de “braçada inglesa”. Nos Jogos Olímpicos de Paris, em 1924, o alemão Erich Rademacher assumiu uma posição baixa dos joelhos, arredondando o movimento dos membros inferiores e também usava o mesmo processo para a braçada. Com as constantes mudanças no nado peito, surgiu a necessidade de regulamentação desse nado, até para a ideal designação do verdadeiro nome. O museu de Belas Artes, em Paris, tem em seu acervo uma estátua de um nadador grego, na posição do nado peito. Como esse nado vinha sendo realizado submerso, em 1957, novamente a regra foi modificada, permitindo-se apenas a submersão total apenas na saída e nas viradas, utilizando um movimento chamado “filipina” (VELASCO, 1997). Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000002294/md.0000027382.jpg>. Acesso em: 6 set. 2016. Figura 1.5 | Nado peito Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 18 1.2.4 Borboleta Em 1933, na cidade de Nova Iorque, o nadador Henry Myers, que apresentava certa dificuldade em realizar a braçada do nado peito, resolveu tirar seus braços por cima dos ombros, à frente, e manteve o movimento de pernas. Seu movimento de braços se tornou semelhante à figura de uma borboleta, dando assim este nome ao seu novo nado (VELASCO, 1997). No ano seguinte, 1934, o nadador Jack Silg, na Universidade de Lowa, realizava de maneira despretensiosa algumas ondulações, sem movimento de braços. Seu técnico, David Armbruster, a partir dessas ondulações, foi agrupando movimentos até encontrar a coordenação ideal para que o estilo fosse aceito, lembrando-se da braçada de Myers. Apesar de nas regras da FINA (Federação Internacional de Natação) constar a nomenclatura “borboleta”, esse estilo também é mundialmente conhecido como golfinho. Além disso, apesar do nado ser considerado cansativo em sua origem, é hoje utilizado, como os outros, nas sessões de aula e treinamento (VELASCO, 1997). Fonte: <http://corpoequilibrado.com.br/wp-content/uploads/2016/06/nata%C2%BA%C3%BAo-para-emagrecer.jpg>. Acesso em: 14 set. 2016. Figura 1.6 | Nado borboleta Para conhecer mais sobre a história da natação, e visualizar os quatro nados: crawl, costas, peito e borboleta, assistam ao vídeo no link: <https://www.youtube.com/watch?v=nkB-o2661I4>. Acesso em: 11 jul. 2016. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 19 1.3 Surgimento da natação no Brasil No Brasil a natação foi oficializada em 31 de julho de 1987, no Rio de Janeiro, com a fundação da União de Regras Fluminense, que hoje é a Federação Brasileira das Sociedades de Remo. No ano de 1898 foi realizado o primeiro campeonato brasileiro, entre a fortaleza de Villegaignon e a praia de Santa Luzia, no Rio de Janeiro, com a distância de 1500 metros nado livre e somente com a participação masculina. No ano de 1914, foi fundada a Confederação Brasileira de Desportos, que ficou com a responsabilidade da organização das competições nacionais (VELASCO, 1997). Fonte: <http://tudosobrenatacao.blogspot.com.br/2016/03/natacao-antes-durante-e-atraves-dos.html>. Acesso em: 11 jul. 2016. Figura 1.7 | Primeiro campeonato brasileiro A primeira piscina para competição foi construída em 1919, no Fluminense Futebol Clube, também no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a primeira piscina foi construída no ano de 1923, na Associação Atlética de São Paulo. O primeiro grande nadador vencedor brasileiro foi Abraão Salíture, nos anos de 1901 a 1920. A partir de 1935 iniciou-se a participação feminina em competições de natação. Maria Lenk foi o grande destaque, vencendo todas as provas: 100 m nado livre, 400 m nado livre, revezamento 4x100 nado livre, 200 m nado peito e 100 m nado costas. Nos Jogos Olímpicos de 1936, a nadadora brasileira Piedade Coutinho conquistou o quinto lugar nos 400 m livre, e repetiu esta colocação em 1948. No ano de 1939, Maria Lenk foi recordista mundial das provas de 200 m e 400 m nado peito. Nas Olimpíadas de 1952, o nadador brasileiro Tetsuo Okamoto ganhou medalha de bronze nos 1500 m nado livre e em 1960, Manoel dos Santos trouxe o bronze nos 100 m nado livre. No ano seguinte, Manoel estabeleceu o recorde mundial dessa prova. Em 1982, Ricardo Prado bateu o recorde Mundial nos 400 m nado medley (prova Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 20 com todos os estilos) e 10 anos depois houve a grande explosão do fenômeno Gustavo Borges, um dos maiores nadadores do nosso país, que conquistou medalha de prata nos 100 m nado livre nas Olimpíadas de Barcelona (VELASCO, 1997). Fonte: <http://imguol.com/blogs/87/files/2015/01/mulheres.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2016. Fonte: <http://images.jovempan.uol.com.br/-upEeH21B8CXRPXoIlLuyOsLU54=/media.jovempan.uol.com.br/archives/2015/12/02/25014957-. jpg>. Acesso em: 11 jul. 2016. Figura 1.8 | Maria Lenk, grande nadadora brasileira, que deu nome ao complexo de piscinas em que foram realizados os Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro Figura 1.9 | Gustavo Borges, com a medalha de prata nos 100 m livre nas Olimpíadas de Barcelona Para conhecer além da história da natação e outras características interessantes dessa modalidade, leia o livro O que é natação. VIEIRA, Silvia; FREITAS, Armando. O que é natação? Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2006. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 21 Atualmente, discute-se que a aprendizagem da natação se faz pela repetição, que logo vira um hábito, e assim descobre-se em um determinado momento que se pode nadar (VELASCO, 1997). Discuta e hipotetize com os demais colegas em sala de aula as maneiras que considerem mais adequadas para o ensino da natação. 1.4 Fatos curiosos sobre a natação mundial → Mark Spitz foi o primeiro nadador a conquistar mais medalhas de ouro em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos. Durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, ele conquistou sete medalhas de ouro em diversas provas da modalidade, quebrando o recorde mundial em todas elas. Esse recorde (mais medalhas de ouro conquistadas numa mesma olimpíada), que parecia imbatível, foi superado apenas por Michael Phelps, que conquistou oito vitórias e quebrou sete recordes mundiais nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Fonte: <http://www.history.com/s3static/video-thumbnails/AETN-History_VMS/21/137/History_Spitz_After_5th_Gold_Medal_ Speech_SF_still_624x352.jpg>. Acesso em: 23 jul. 2016. Figura 1.10 | Mark Spitz → Michael Fred Phelps nasceu no ano de 1985 na cidade de Baltimore, nos Estados Unidos. Ele é considerado um dos maiores nadadores de todos os tempos. Tem em seu currículo trinta e sete recordes mundiais. Além disso, é o atleta com o maior número de medalhas de ouro (oito) olímpicas em uma única edição, conquistadas nos Jogos de Pequim, na China, em agosto de 2008. Diante de seus resultados, Phelps superou as sete medalhas de ouro do compatriota Mark Spitz conquistadas nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 22 Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, ganhou sua 19ª medalha olímpica e se tornou o atleta mais medalhado da história dos Jogos Olímpicos, batendo o anterior recorde que pertencia a Larissa Latynina, ginasta da União Soviética, que detinha um total de dezoito. Ainda, quando ganhou os 200 metros medley, nos Jogos Olímpicos de 2012, tornou-se o primeiro nadador do mundo a conquistar o tricampeonato olímpico consecutivo em um prova individual, feito que já tinha realizado em prova coletiva, o revezamento 4 x 200 metros livres. Michael Phelps bateu todos os recordes que tinha a bater. Fonte: <https://goo.gl/MlGIcT>. Acesso em: 23 jul. 2016. Figura 1.11 | MichaelPhelps → Nos Jogos Olímpicos de Sidney, no ano 2000, o atleta guinéu-equatoriano Eric Moussambi Malonga conquistou fama internacional quando nadou sozinho a eliminatória dos 100 metros livres, já que os outros dois competidores, o nigerino Karim Bare e o Tajique Farkhod Oripov, queimaram a largada e foram desclassificados. Mesmo nadando sozinho conseguiu apenas o tempo de 1 minuto, 52 segundos e 72 centésimos, afinal ele tinha aprendido a nadar seis meses antes e nunca tinha competido em uma piscina olímpica, pois não havia alguma em seu país. Naquela edição dos jogos o medalhista de ouro da prova, Pieter Van Den Hoogenband, bateu o recorde mundial com o tempo de 47 segundos e 84 centésimos. Fonte: <http://pgb51.typepad.com/.a/6a00d8341c59dc53ef014e86bc2d1d970d-800wi >. Acesso em: 28 set. 2016. Figura 1.12 | Eric Moussambi Malonga Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 23 → César Cielo é considerado por parte da imprensa e por alguns comentaristas esportivos o maior nadador brasileiro dos últimos tempos. Nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, conquistou a medalha de ouro na prova dos 50 metros nado livre e bronze nos 100 metros nado livre. Foi campeão e recordista mundial nessas provas, 50 e 100 metros livre, e ganhou três medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro. Fonte: <http://www.noticiasbr.com.br/atletas-brasileiros-entre-as-12-principais-figuras-do-pan-24111.html>. Acesso em: 23 jul. 2016. Figura 1.13 | César Cielo 1. O nado de costas é basicamente um crawl invertido, e único estilo em que o nadador faz o movimento olhando para cima (decúbito dorsal). Para uma boa execução, o tronco e as pernas devem estar bem alinhados. Inicialmente, o nado costas era realizado com o movimento ____________ dos braços para trás e a pernada era um forte golpe de tesoura com o abdômen voltado para __________. Complete as lacunas e assinale a alternativa que corresponde aos termos corretos. a) simultâneo / cima b) simultâneo / baixo c) alternado / cima d) alternado / baixo e) único / baixo Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 24 2. Totalmente diferente dos outros estilos, o nado peito exige muita coordenação e técnica do praticante. Ele pode ser um estilo muito gostoso de nadar quando não aplicada tanta força e técnica, como acontecia no estilo clássico, que surgiu há décadas e servia apenas para o “lazer”. Hoje, a modalidade se tornou competitiva e sofreu modificações que a tornaram mais eficiente. O nado peito foi a primeira forma encontrada pelo homem para ter propulsão na água. Principalmente a braçada era realizada com __________ amplitude para os lados e para trás. Complete a lacuna e assinale a alternativa que corresponde ao termo correto. a) reduzida b) força c) limitada d) grande e) lateral Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 25 Seção 2 Quem são nossos alunos Introdução à seção 2.1 Bebês Para que o professor de educação física possa trabalhar o conteúdo de natação adequadamente, é preciso conhecer informações sobre o nível de desenvolvimento, os aspectos de personalidade, os objetivos e dados físico-socioemocionais dos seus alunos. Além disso, como o meio aquático produz uma grande quantidade de estímulos, é importante que o professor conheça seu aluno integralmente, para que possa aproveitar essas informações no enriquecimento do processo de aprendizagem. Sendo assim, nesta seção estudaremos as características dos grupos de alunos com quem poderemos trabalhar. Muitas vezes as atividades psicomotoras no meio terrestre-aéreo do bebê não são plenamente conhecidas nem exploradas ao máximo. Sabendo que um desenvolvimento harmonioso do bebê depende da quantidade e qualidade dos estímulos proporcionados pelo seu meio ambiente, as experiências aquáticas são atividades muito valiosas para progresso no plano psicomotor. Além disso, vivenciar experiências variadas pode tornar o corpo do bebê mais operacional. Situações que proporcionem diferentes posicionamentos e que utilizem diferentes partes do corpo na exploração das atividades motoras globais e finas são experiências importantes para consciência e noção corporal. As noções espaciais são vividas na exploração do meio aquático, utilizando o corpo do bebê estático ou em diferentes deslocamentos, em pequenas ou grandes quantidades de água, próximo ou longe de alguém. As noções temporais serão adquiridas conforme as ações em aulas realizadas. Estas se adaptarão ao ritmo e o tempo próprio do bebê. Por exemplo: para compreender o significado de “antes”, o bebê deverá vivenciar uma situação antes e depois de imergir, que pode ser uma situação qualquer. Essas experiências estimularão áreas cognitivas e promoverão a aquisição da noção de tempo. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 26 Com a movimentação produzida em contato com a água, surgirão relações sociais por meio de jogos dramáticos entre o bebê, a mãe, as outras crianças e o professor; por meio de estímulos visuais, sonoros, táteis, cinestésicos; por meio das cores do ambiente e dos materiais; do som da água e músicas utilizadas, do suporte da mãe e até da própria água. Nesse processo, os reflexos, que são as respostas automáticas do organismo, vão sendo gradativamente substituídos por movimentos voluntários e condicionados (VELASCO, 1997). Fonte: <http://www.circolare.com.br/uploads/2014/09/bebe-embaixo-d%C3%A1gua-2.jpg>. Acesso em: 14 set. 2016. Figura 1.14 | Natação para bebês Assim, é possível concluir que não temos natação para bebês, e sim um processo profilático e terapêutico para o desenvolvimento da psicomotricidade (coordenação geral e fina) para saúde, ajustamento e adaptação social (VELASCO, 1997). Para assistir a alguns momentos de uma aula de natação para bebês, e visualizar a adaptação deles, assista ao vídeo Natação para bebês no link: <https://www.youtube.com/watch?v=BlwcqHtDubw>. Acesso em: 20 jul. 2016. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 27 2.2 Crianças A criança pode ser caracterizada e definida como “ação”. O aprendizado se dá pelas brincadeiras, imitações e também fantasiando situações. Portanto, na natação, cabe ao professor respeitar as limitações de seu aluno e utilizar jogos e brincadeiras como estratégias de aprendizagem. A partir dos quatro anos de idade, todas as situações podem ser consideradas como estímulos para aprendizagem. Até os sete anos ainda é importante manter a variedade de experimentação corporal. A partir dessa idade até os dez anos as crianças já entendem e respeitam regras e dão feedback positivo ou negativo das propostas oferecidas. A percepção das crianças é bastante autêntica, já que ela não sofre interferências externas. Já nos adultos a percepção, muitas vezes, é prejudicada por circunstâncias sociais. O ato de nadar para uma criança é muito mais perceptível que qualquer outra faixa etária, pois ela está em constante movimentação e descobre diferentes formas de deslocamento. A técnica ocorrerá posteriormente e a competição nessa idade deve acontecer em forma de lazer. Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/foto/felizes-crian%C3%A7as-nadando-debaixo-d-%C3%A1gua-na-piscina-gm538602500- 95822425?st=_p_criana%20natao>. Acesso em: 14 set. 2016. Figura 1.15 | Natação para crianças Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 28 2.3 Adolescentes Em nosso contexto histórico e social, a adolescência vem começando mais cedo e terminando mais tarde. No século passado, por exemplo, as mudanças físicas da puberdade se iniciavam por volta dos 13 anos. Hoje, a pré-adolescência, que marca o fim da infância e o início da adolescência acontece por volta dos nove e dez anos de idade. Na pré-adolescência há uma melhor receptividade ao diálogo, por isso nessa fase é importante que o adulto busque conversar e compreender todas as mudanças psicofísicas que ele está enfrentando. Nessa fase ocorrem: - Primeiras alteraçõesfísicas, como o rápido crescimento em estatura, aumento dos seios e testículos, mudança do timbre de voz, dentre outras. Os adolescentes tendem a ter mais atenção para o próprio corpo e para questões de sexualidade; - Os conceitos de certo e errado são relativos e não rígidos como acreditavam; - Possuem novos interesses, o que às vezes pode atrapalhar o rendimento escolar; - Colocam em questão muitas das regras impostas pelos pais, questionando-as e criticando-as. Além disso, nesse momento os adolescentes querem e precisam ter seus segredos e sua privacidade respeitados. Em grande parte dos casos, os adolescentes reforçam os conflitos de comportamento porque os adultos os tratam como adultos diante de certas exigências e deveres e como criança na hora de terem direitos. Por isso o comportamento de adultos, como pais e professores não deve ser autoritário para não gerar rebeldia em seus filhos e alunos. A paixão é um ponto interessante nos adolescentes. Pode ser positiva para o desenvolvimento da afetividade e da capacidade de se relacionar. Então, a turma em que o aluno nessa idade se inserir é muito importante. Existirá troca de experiências com colegas da mesma idade, que estão vivenciando os mesmos tipos de emoções e descobertas. Baseados em todas essas características mencionadas podemos concluir que, durante a adolescência, toda aprendizagem adquirida poderá ser transformada em aperfeiçoamento, pois o jovem está em uma idade mental e cognitiva que lhe permite atitudes positivas e duradouras em relação às atividades esportivas regulares. O seu nível de maturidade já está adequado pelas experiências anteriores. Poderá ocorrer, além do aperfeiçoamento técnico, o nível competitivo. No entanto, devemos iniciar as competições com o espírito de lazer, participação das próprias capacidades, sem pressões e responsabilidades. Dessa forma, iremos preparar nossos alunos para vitórias e derrotas, pois estarão mentalmente produtivos Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 29 para melhores resultados e para a aceitação dos fracassos (VELASCO, 1997). 2.4 Adultos Na maturidade a fantasia é sobreposta pela realidade. A acomodação vence a disposição, o sentimento e o gosto pela aventura perde intensidade. Existe quem diga que não se envelhece simplesmente pelo passar dos anos, mas sim quando se abdica de sonhos e ideais. Assim como o envelhecimento biológico e cronológico se reflete no organismo, a falta de empolgação pode se refletir na mente e na alma. É importante que estimulemos os adultos a manter a admiração pelo belo, pelas novas ideias e acontecimentos. Praticar um esporte, como a natação, para o adulto deverá envolver as mesmas estratégias do professor em relação à criança. Lembrando apenas que o adulto quer e precisa saber “como” e o “porquê” de cada desempenho no meio líquido. É necessário sempre o diálogo explicativo, com incentivo e estímulo para que ele continue acreditando em suas potencialidades. Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/foto/mulher-nadando-freestyle-gm517381843-49148278?st=_p_adultos%20natao >. Acesso em: 14 set. 2016. Figura 1.16 | Natação para adultos Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 30 Para conhecer mais sobre a natação para os adultos, que fazem parte da categoria máster, e seus benefícios, assista ao vídeo: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oMfHsHH9XZI>. Acesso em: 26 jul. 2016. 2.5 Idosos A terceira idade é a fase da vida na qual a autoestima é um ponto fundamental para um bom desempenho em todas as atividades. A sociedade atual privilegia a parcela mais produtiva da população, desvalorizando, algumas vezes, os idosos. Esta situação pode enfatizar o sentimento de impotência dessas pessoas. É importante que não só os jovens, mas também os idosos saibam que estar nessa faixa etária não significa apenas o aumento de limitações. Mesmo que o vigor físico não seja o de jovem, as experiências de vida e a maturidade tornam os idosos sábios. Portanto, cabe a nós, professores, a proposta de atividades nas quais eles possam se sentir capazes e valorizados. Ainda, os profissionais de educação física têm uma missão primordial com essas pessoas: reativar o corpo e fazer com que redescubram sua autoestima. A prática de um esporte pode ser um bom meio para esse fim (VELASCO, 1997). Fonte: <http://www.jomi.org.br/noticias_imgs/26.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2016. Figura 1.17 | Natação para idosos À medida que os anos passam, é impossível evitar que o organismo sofra alterações de ordem física e cognitiva. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 31 Embora envelhecer seja um processo natural, manter-se em atividade é uma opção ao alcance de todos. Alguns exercícios auxiliam na adaptação ao novo estilo de vida, tornando o dia a dia mais agradável e proporcionando benefícios ao organismo. É o que ocorre, por exemplo, com a prática da natação para terceira idade. Discuta e hipotetize em sala de aula os benefícios que a prática da natação pode trazer para a terceira idade. 1. A criança pode ser caracterizada e definida como “ação”. O aprendizado se dá pelas brincadeiras, imitações e também fantasiando situações. Portanto, na natação, cabe ao professor: a) Respeitar as limitações de seu aluno e utilizar exercícios técnicos e educativos para aprendizagem. b) Respeitar as limitações de seu aluno e utilizar músicas para aprendizagem. c) Respeitar as limitações de seu aluno e utilizar jogos e brincadeiras como estratégias de aprendizagem. d) Impor as limitações para seu aluno e utilizar jogos e brincadeiras como estratégias de aprendizagem. e) Deixar seu aluno livre para adquirir experiências e aprendizagem. 2. Da puberdade à adolescência, toda aprendizagem já adquirida (ou não) poderá ser transformada em aperfeiçoamento, pois o jovem está numa idade mental que lhe permite atitudes positivas e duradouras em relação às atividades esportivas regulares. O seu nível de maturidade já está adequado pelas experiências anteriores. Poderá ocorrer, além de aperfeiçoamento técnico, o nível competitivo. A paixão é um ponto interessante nos adolescentes. Pode ser positiva para o desenvolvimento da _________ e da __________. Então, a turma em que o aluno nessa idade se Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 32 inserir é muito importante. Complete as lacunas e assinale a alternativa que corresponde aos termos adequados. a) maturidade / força b) maturidade / capacidade de se relacionar c) afetividade / capacidade de se relacionar d) afetividade / força e) afetividade / capacidade de evoluir Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 33 Seção 3 Fundamentos psicomotores da aprendizagem da natação Introdução à seção 3.1 Introdução ao desenvolvimento psicomotor A aprendizagem da natação para o ser humano, ao contrário de outras espécies, não é uma situação natural, que está geneticamente inscrita. As competências para a aprendizagem desse esporte serão adquiridas com a prática. Nesta seção trataremos de alguns subsídios metodológicos para a aprendizagem na natação. Algumas espécies de animais, como os peixes, anfíbios e répteis têm em suas competências inatas a adaptação ao meio aquático. Já na espécie dos primatas, na qual se inclui o ser humano, algumas pesquisas demonstram falta de afinidade com o meio líquido. Tendo em consideração essas ideias, ainda que o ser humano permaneça em meio líquido durante seu desenvolvimento intrauterino e possua o reflexo natatório (reflexo que faz com que os bebês consigam ficar debaixo da água sem se afogar, abrindo os olhos, trancando a respiração e batendo os braços e pernas para sair do lugar), ele precisa de algum tempo para aprender a nadar. A motricidade aquática exige que nosso organismo crie uma nova arquitetura psicomotora, diferente da motricidade terrestre. O contato com a água e a postura, que passa a ser horizontal, podem desencadear um conjunto de informaçõesvestibulares que podem criar estímulos cinestésicos diferenciados. Além disso, a mudança espacial e do padrão respiratório exige também novos esquemas de adaptação. Assim, quando se fala de comportamento aquático, entende-se que o cérebro da criança deve organizar inúmeras fontes de informação sensorial em um comportamento motor e em uma experiência integrada. As sensações percebidas na água convergem ao cérebro, que comunica ao corpo o que deve ser feito. A todo momento, na água, entram informações no cérebro provindas dos olhos, Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 34 dos ouvidos, da pele, dos músculos, da gravidade, da flutuação, da propulsão, dentre outros estímulos, que terão que ser organizados em termos de “tráfego” neurológico, para que se observe um resultado final adaptável e seguro. Caso contrário, a sua desorganização ou “engarrafamento”, vão produzir um comportamento aquático inadequado e desajustado (VELASCO, 1994). Dado que a densidade da água é maior que a densidade do ar, a motricidade aquática rege-se também por novas reorganizações posturais (flutuação) e locomotoras (propulsão). Essa reorganização pode ser complexa, já que andar e deslocar os braços assimetricamente na água e debaixo da água, ou produzir, inibir e reorientar novos padrões motores espontaneamente pode não ser uma tarefa fácil. Equilibrar, voltar, virar, baixar, levantar, saltar, correr ou apoiar, apanhar, prender na água implica uma expansão e uma ampliação do repertório motor da criança nadadora. Portanto, é significativa a intervenção pedagógica que ocorre com as crianças em sua fase de aprendizado da natação. Neste momento, eles ainda são inconclusos em sua organização psicomotora, os fatores da autoconfiança ainda não estão consolidados, nem nos movimentos em terra. E mesmo que o estejam, tais fatores não são suficientes para garantir segurança e disponibilidade na água. A experiência da aprendizagem mediatizada na água assume assim uma grande importância, quando se pretende preservar condições de segurança e conforto em um meio instável e inseguro. A qualidade dessa experiência pedagógica e interativa é, portanto, de extrema relevância, uma vez que as dificuldades inerentes ao meio devem ser geridas de forma segura e intencional. Assim, a aprendizagem da natação em bebês ou crianças não pode ser orientada como uma simples iniciação esportiva, na medida em que ela deve ser baseada no desenvolvimento psicomotor, no qual os fatores emocionais, motores e cognitivos devem ser respeitados para o desenvolvimento de uma dinâmica e ambiente onde os padrões de movimento são muito diferentes (VELASCO, 1994). Fonte: <http://www.caldense.com.br/UserFiles/Image/04-2010/Clinica_de_Natacao_para_Capacitacao_de_Professores_165. jpg>. Acesso em: 26 jul. 2016. Figura 1.18 | Aprendizagem de natação mediatizada Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 35 Para saber mais sobre o desenvolvimento psicomotor no meio aquático e a influência da faixa etária nesse desenvolvimento, leia o texto Desenvolvimento psicomotor em atividades aquáticas no link: <http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/4mostra/ pdfs/223.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2016. 3.2 Alguns subsídios metodológicos para a aprendizagem da natação por crianças De acordo com as perspectivas da psicomotricidade, há três fases para a aprendizagem da natação por crianças. Na primeira fase da aprendizagem da natação é importante ressaltar a questão da segurança e da adaptação a um novo meio, reforçando o papel crucial da mediatização nas primeiras experiências de aprendizagem na água. Não basta que as crianças estejam em segurança, é necessário que se sintam seguras, e este pressuposto de estabilidade emocional é indispensável a uma autonomia afetiva antecipadora da autonomia motora, que deve caracterizar os primeiros passos da aprendizagem num meio estranho, como é o aquático. Ganhar adaptabilidade na água não é o mesmo que reproduzir movimentos dos membros que permitam a manutenção à superfície ou o deslocamento na água. Adaptação na água, que se pode conseguir mesmo antes da adaptação à gravidade, implica a emergência de uma integração polissensorial complexa e de uma série de padrões motores adaptativos, subaquáticos, aquáticos e respiratórios que só podem ser alcançados em uma experiência mediatizadora, isto é, numa integração social intencional, que traga segurança, ludicidade e conforto (VELASCO, 1997). Apesar da água ser suportadora, saber pegar e dar suporte na água é algo complexo que os professores devem cuidar nessa fase. Atenção ao suporte à cabeça, atenção à segurança, vigiar as reações faciais e mímicas, segurar a criança face a face, tocar com as mãos, dar suporte vertical e horizontal e dar apoio à flutuação dorsal, são manobras essenciais da fase de adaptação ao meio líquido. Concebendo a aprendizagem da natação como uma estimulação precoce e como um processo facilitador do desenvolvimento neuropsicomotor da criança, exige que o mediatizador (professor, mãe, pai...) se inteire que a natação é um pretexto para atingir encorajamento, reforço, autoconfiança, além de adequar Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 36 o envolvimento e adaptá-lo às necessidades específicas de desenvolvimento da criança. Em suma, na primeira fase de aprendizagem da natação, o professor deve interagir com a criança em termos simples e didáticos, ou seja, explorar o meio aquático vestibular, tátil, cinestésica, proprioceptiva, visual, auditivamente etc. Deve- se buscar construir na criança um processamento sensorial diferenciado, que lhe coloque respostas adaptativas às diferentes condições e situações do meio aquático, proporcionando o ajustamento do seu corpo e do seu sistema nervoso na água (VELASCO, 1997). A resposta adaptativa é uma resposta intencional a uma experiência sensorial. Nadar é uma resposta adaptativa formada ao longo de um processo, no qual o sistema nervoso se desenvolve e se organiza. A criança aprende a nadar e organiza-se em termos neuropsicomotores, isto é, cria significados para as sensações proporcionadas pela motricidade aquática. A criança inicialmente não possui pensamentos ou ideias sobre as experiências na água. Ela está mais centrada em sentir a água e sentir o movimento do seu corpo nela. A sua resposta adaptativa é mais motora que emocional ou relacionada ao sistema nervoso. A integração sensorial inicial que ocorre na primeira fase de aprendizagem da natação é semelhante à do jogo. Trata-se de um suporte para uma integração sensorial mais complexa que vai ser necessária para a flutuação, a respiração e a propulsão na água. Se essa fase de aprendizagem for bem organizada, a criança terá uma autonomia motora aquática mais facilitada, mais eficiente, mais satisfatória e mais criativa. Nessa fase crucial de aprendizagem da natação, o prazer, o conforto, a segurança, a confiança e a satisfação na água devem ser persistentemente alcançados em termos dos objetivos pedagógicos. Desfrutar dessa experiência sensorial é, nem mais nem menos, promover o desenvolvimento psicomotor da criança (VELASCO, 1997). A segunda fase da aprendizagem da natação deve promover o enriquecimento adaptativo às provenientes do meio aquático. Antes que se observem os deslocamentos ativos e autônomos na criança nadadora, o corpo pode produzir respostas adaptativas desde que organize as sensações proprioceptivas e as sensações proporcionadas pelo ambiente do envolvimento aquático (VELASCO, 1997). A criança só poderá se adaptar ao meio líquido se o seu sistema nervoso conhecer que problemas e situações se colocam quando está mergulhada ou submersa. Quando a criança nada de uma forma adaptativa, sabemos que o seu cérebro está Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 37 organizado eficientemente às múltiplas sensações da gravidade, da impulsão, da respiração, dos membros, do corpo etc. Se tal resposta não for expressa,ou se for produzida de forma muito lenta, a criança experimentará desconforto, insegurança, bloqueios respiratórios, engolirá água e pode até engasgar-se ou afogar-se. O processo de aprendizagem da natação na criança é a conquista de segurança e independência no meio líquido inicialmente, para depois, com a evolução do nadador, o aprendizado do processo propulsivo dos nados. Além disso, aprender a nadar não significa simplesmente o aprendizado da técnica dos estilos, mas antes harmonizar movimentos relacionados a respiração, com movimentos dos nados e equilíbrio dentro da água para garantir à criança uma propulsão contínua, econômica e eficaz. É importante ainda ressaltar que no processo de aprendizagem da natação a organização dos espaços e materiais é fundamental, como a profundidade da piscina, a plataforma ou tablado que será necessário, os equipamentos lúdicos utilizados em aula. Também a organização pedagógica é imprescindível pelo professor, que precisa identificar o perfil de seus alunos, suas necessidades e potencialidade para adequar os procedimentos de ensino e motivação. O terceiro ponto é a preparação técnica, como a estruturação dos componentes de nado: flutuação, respiração e propulsão; compreensão dos movimentos relacionados aos quatro nados. (VELASCO; BERNINI, 2011). A sua demonstração supõe uma continuidade e uma frequência de experiências qualitativas e quantitativas, que visam à modificação do comportamento para com as relações da criança com o meio aquático. A terceira fase de aprendizagem da natação deve visar à realização da integração sensorial e a apropriação de um corpo transformador, que implique desenvolvimento de deslocamentos aquáticos coordenados. Isto é, um enriquecimento crescente da criança, no qual a dimensão e a profundidade lúdica das competências aquáticas sejam entendidas como prioritárias a uma iniciação esportiva e a uma plataforma pedagógica. Em síntese, a aprendizagem da natação é uma função do sistema nervoso. Consequentemente, a natação desde que tenha em atenção os pressupostos do desenvolvimento psicomotor da criança acima abordados, promove e concretiza a capacidade do seu cérebro para aprender. Esse princípio é, em uma última análise, a primeira finalidade de qualquer aprendizagem (VELASCO; BERNINI, 2011). Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 38 O desenvolvimento psicomotor é um processo contínuo durante o qual se dá a evolução da inteligência, da comunicação, da afetividade, da sociabilidade e da aprendizagem de forma global e simultânea. Decorre por etapas e depende da maturação do sistema nervoso central. Reflita sobre a individualidade das crianças nesse processo de desenvolvimento, e como isso pode interferir no ensino das habilidades de adaptação aquática. Para saber mais sobre o desenvolvimento psicomotor de uma maneira geral, leia o livro Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2007. 584p. 1. Crianças são encontradas em todas as partes: em cima de, embaixo de, dentro de, subindo em, balançando-se no, correndo em volta de, pulando para... Nessa fase, nós professores temos que ensiná-las sem nos esquecermos da parte lúdica, ela aprende brincando, imitando. Fantasiando situações. Na primeira fase da aprendizagem da natação é importante ressaltar a questão da segurança e da adaptação a um novo meio, reforçando o papel crucial da __________ nas primeiras experiências de aprendizagem na água. A segunda fase da aprendizagem da natação deve promover o __________________ às provenientes do meio aquático. Complete as lacunas e assinale a alternativa que corresponde aos termos corretos. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 39 2. Na natação cabe aos professores, durante o processo de ensino da natação, respeitar as limitações dos alunos e utilizar jogos e brincadeiras como estratégias de aprendizagem. A terceira fase de aprendizagem da natação deve visar à realização da ________________ e a apropriação de um corpo transformador, que implique desenvolvimento de deslocamentos aquáticos coordenados. Complete a lacuna e assinale a alternativa que corresponde ao termo correto. a) Integração social b) Integração cognitiva c) Integração aquática d) Integração sensorial e) Integração comunicativa a) Intervenção / enriquecimento adaptativo b) Mediatização / enriquecimento adaptativo c) Intervenção / interesse d) Mediatização / interesse e) Mediatização / enriquecimento cognitivo Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 40 Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 41 Seção 4 Propostas e estratégias pedagógicas para o ensino da natação Introdução à seção 4.1 Representação dos itens Nesta seção trataremos de uma forma mais prática e simplificada os conceitos teóricos discutidos na seção anterior. Faremos um planejamento de aula, no qual para cada proposta, teremos as fases e os objetivos e para cada estratégia, os procedimentos e as variantes. Ainda, teremos uma observação, com os cuidados e critérios adotados do ensino dessa habilidade. E finalizaremos cada proposta com exemplos simples para que possamos entender todo o planejamento. Propostas: diz respeito ao que será ensinado. Fase: etapa que o aluno se encontra. Objetivo: o que o aluno deverá atingir. Estratégias: que recursos serão utilizados. Procedimentos: experimentação corporal do aluno junto à água, respeitando-se as potencialidades de cada um e as condutas psicomotoras em relação ao corpo. No ensino de diversas modalidades coletivas existem estratégias para o ensino de habilidades relacionadas a esse esporte. Reflita sobre as possibilidades e estratégias que considera importante para o ensino da natação. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 42 Variantes: recursos físicos e materiais que poderão ser utilizados e modificações em relação à posição do corpo e suas partes, do espaço e do tempo na execução dos movimentos. Observações: preocupações especiais e importantes que o professor deverá ter em relação ao que está propondo ao aluno. Exemplos: modelos para aguçar a criatividade de cada profissional. Para saber mais sobre o ensino e a pedagogia do ensino da natação faça a leitura do texto: Pedagogia da natação: um mergulho para além dos quatro estilos, no link: <http://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/16609/18322>. Acesso em: 26 jul. 2016. Após realizar a leitura do texto proposto e das seções anteriores, e antes de conhecer as propostas trazidas nesta seção, procure elaborar uma atividade prática para o desenvolvimento psicomotor voltado para as habilidades aquáticas. Estratégias de Adaptação I A – PROPOSTA: ADAPTAÇÃO Fase - Ambientação. Objetivo - Soltura e descontração no meio líquido. - Exploração do meio aquático. B – ESTRATÉGIAS Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 43 Procedimentos - Deslocamentos dentro d’água (caminhar, saltar etc.). Variantes - Com e sem auxílios. - Com e sem apoios. - Diferentes direções. - Diferentes ritmos. C – OBSERVAÇÃO Ao propormos ao aluno reconhecer o novo ambiente, como o aquático, devemos oferecer-lhe diferentes situações de experimentação corporal, modificando as propostas iniciais do simples caminhar pela piscina, até criando obstáculos, dando- lhe ou não auxílio e intensificando ou não o ritmo de execução dessa ação. Enfim, diversificando o máximo essa vivência. D – EXEMPLOS 1. Todos de mão dadas, formando uma roda, caminhando juntos para um lado, depois para o outro, com diferentes posições de perna (joelhos flexionados, elevando calcanhar até o quadril) modificando o ritmo dos movimentos. 2. Correr segurando uma bola, soltando-a assim que a água estiver na altura do ombro; seguindo então a exploração da piscina segurando na borda e voltando da mesma maneira. Estratégias de Adaptação II A – PROPOSTA: ADAPTAÇÃO Fase - Adaptação polissensorial.Objetivo - Descontração do aluno em relação à agua no rosto. B – ESTRATÉGIAS Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 44 Procedimentos - Espirrar e jogar água pelo rosto. Variantes - Com e sem auxílios. - Com e sem materiais. - Diferentes posições dos segmentos corporais. C – OBSERVAÇÃO Há duas situações importantes para que essa adaptação ocorra bem. A primeira seria criar situações, impedindo que o aluno limpe o rosto, sacuda a cabeça, feche os olhos etc., quando a água escorre pelo rosto. Isso é possível de ser realizado de forma lúdica, descontraída e sem cobranças. A segunda seria evitar (ou proibir) que o aluno utilizasse óculos nessa fase, pois ele é um limitador do espaço visual. D – EXEMPLOS 1. Os alunos sentados na borda da piscina, o professor com um pequeno regador enche-o d’água, despejando-a sobre a cabeça do aluno de trás para frente, permitindo que a água escorra pelo rosto e demais partes do corpo. 2. O professor segura um bambolê na vertical, ao nível da água e o aluno terá como missão passar por dentro dele, em diferentes posições corporais. 3. O professor fará sinais subaquáticos com as mãos e caberá ao aluno identificar esses sinais, verbalizando ou demonstrando ao professor o que seria. Isso exigirá do aluno a abertura de seus olhos na água. Estratégias de Adaptação III A – PROPOSTA: ADAPTAÇÃO Fase - Processo respiratório. Objetivo - Respiração aquática. - Conscientização e importância do diafragma. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 45 B – ESTRATÉGIAS Procedimentos - Pegar o ar fora e soltá-lo dentro d’água. Variantes - Diferentes intensidades na expiração por boca, nariz e boca/nariz. - Com e sem materiais. C – OBSERVAÇÃO É bastante interessante iniciarmos essa conscientização do processo ativo da inspiração e passivo da expiração, dando alguns pontos de referências visuais, como olhando para os pés, na piscina, observando as borbulhas e sentindo seu efeito no rosto. Quando esse processo não é bem elaborado, pode gerar desequilíbrio corporal e talvez medo, quando em diferentes níveis de água. D – EXEMPLOS 1. O aluno com uma chupeta (especial) na boca irá assoprá-la tentando fazer com que ela vá ao fundo da piscina. 2. Com um canudo, o aluno começará assoprando fora da água, depois, flexionando o corpo, até o rosto e o canudo submersos. 3. Em duplas, mão dadas, executando movimento de “gangorra”, um abaixa, solta o ar enquanto outro sobe, pega o ar e observa o companheiro, analisando as diferenças da expiração. Estratégias de Adaptação IV A – PROPOSTA: ADAPTAÇÃO Fase - Imersão. Objetivo - O aluno deve permanecer por um pequeno tempo com o corpo imerso e Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 46 submerso na água. B – ESTRATÉGIAS Procedimentos - Agachar. - Sentar-se no fundo da piscina. - Deitar. Variantes - Com e sem auxílios. - Com e sem captura de objetos. - Diferentes profundidades de água. C – OBSERVAÇÃO Para que a imersão seja bem vivenciada e possa ocorrer até uma submersão total, é fundamental que o aluno saiba modificar sua posição corporal na água, da vertical para horizontal ou vice-versa, e consiga lidar bem com braços e pernas e saiba realizar corretamente os apoios plantares ou palmares ao imergir. D – EXEMPLOS 1. Com um material flutuante (por exemplo um cano de PVC), o aluno irá passar por baixo dele (imaginando-se passando sob uma ponte). 2. O aluno em pé, flexionará as pernas e tentará pegar os pés com as mãos. 3. O aluno irá caminhar submerso com apoios palmares no fundo da piscina. Estratégias de Adaptação V A – PROPOSTA: ADAPTAÇÃO Fase - Flutuação. Objetivo Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 47 - Dominar o corpo na água, horizontalmente, com certa descontração muscular. B – ESTRATÉGIAS Procedimentos - Passar da posição vertical para a horizontal, mantendo o corpo na superfície da água em decúbito ventral e dorsal. Variantes - Com e sem auxílios. - Com e sem apoios. - Com e sem materiais. - Com e sem deslize. - Diferentes posições dos segmentos corporais. - Diferentes tensões musculares. C – OBSERVAÇÃO Se respeitarmos as leis da Física, poucos terão dificuldades em vencer essa etapa. Mas há um fator muito importante: o emocional (o medo) e a falta de consciência de suas capacidades físicas e corporais. Caberá ao professor essa conscientização ao aluno para que este obtenha melhores resultados. D – EXEMPLOS 1. Em pé, com uma das pernas flexionadas e o pé apoiado na parede, os pés estendidos à frente, o aluno irá empurrar a parede para um pequeno deslize e posteriormente uma flutuação. 2. O aluno deitado sobre um tapete (que poderá ser de espessuras e densidades diferentes) tentará deslizar sobre a água sentindo a possibilidade da sua flutuação. 3. Deitado em decúbito ventral, braços e pernas estendidos e afastados, em seguida aproximar e flexionar as pernas por baixo do corpo abraçando-as (tartaruga). Estratégias de Adaptação VI A – PROPOSTA: ADAPTAÇÃO Fase Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 48 - Sustentação. Objetivo - Domínio corporal na água com movimentação livre. B – ESTRATÉGIAS Procedimentos - Manter o corpo na posição vertical ou diagonal, com a cabeça fora da água, sem apoios plantares ou palmares. Variantes - Com deslocamentos do corpo em relação a água para diferentes direções. - Com e sem materiais. C – OBSERVAÇÃO Seria interessante para vencer esta fase com mais eficiência, proporcionar ao aluno várias experiências de movimentos de membros superiores, pois estes serão mais eficazes e mais fáceis de serem utilizados, principalmente pelos iniciantes. Os movimentos de pernas poderão ser diferenciados, dependendo de cada aluno. D – EXEMPLOS 1. O aluno com a cabeça fora da água executa o movimento de braços e pernas, tentando deslocar-se pela piscina (cachorrinho). 2. O aluno, na parte funda da piscina, irá afundar seu corpo, batendo o pé no chão, estando na posição vertical; quando estiver subindo fará movimentos com os braços, imitando as “asas dos passarinhos”. 3. Sentado sobre um material flutuante, o aluno executará movimentos com os braços, na forma de “limpar o fundo da panela” (braçada do peito), percebendo uma sustentação diferente. Estratégias de Adaptação VII A – PROPOSTA: ADAPTAÇÃO Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 49 Fase - Propulsão de braços. Objetivo - Deslocamento no meio aquático com movimentos de braços. B – ESTRATÉGIAS Procedimentos - Movimentos dos braços em decúbito ventral e dorsal. Variantes - Com e sem auxílios. - Com e sem apoios. - Com e sem materiais. - Diferentes: ritmo, intensidade e amplitude. - Diferentes posições dos segmentos corporais. - Diferentes execuções dos movimentos (simultâneos, alternados e diferenciados). C – OBSERVAÇÃO Essa proposta será uma iniciação para o movimento preciso dos braços, em praticamente todos os nados. É o domínio de todas as possibilidades de movimentação dessa parte do corpo, objetivando uma boa propulsão na água. D – EXEMPLOS 1. O professor, segurando no quadril (e/ou pernas) irá propor ao aluno movimentar os braços, livremente, em decúbito ventral. 2. O aluno deverá realizar movimentos amplos de braços, simultaneamente, à frente como se fosse um “gigante”, com o rosto na água, andando pela piscina. 3. O aluno andando de ré, isto é, para trás, realizará movimentos de braços alternadamente e sequencialmente (por exemplo: 3 vezes com o direito e depois 3 vezes com o esquerdo, e assim por diante). Estratégias de Adaptação VIII A – PROPOSTA: ADAPTAÇÃO Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 50 Fase - Propulsão de pernas. Objetivo - Deslocamento no aquático com movimentos de pernas. B – ESTRATÉGIAS Procedimentos - Movimentar as pernas em decúbito ventral e dorsal. Variantes - Com e sem auxílios. - Com e sem apoios. - Diferentes: ritmo, intensidade e amplitude. - Diferentes posições dos segmentos corporais.- Diferentes execuções dos movimentos (simultâneos, alternados e diferenciados). C – OBSERVAÇÃO Um bom trabalho de pernas produz eficiência e equilíbrio corporal na execução completa do nado. Mas é necessário um bom embasamento desse movimento, pois realizá-lo corretamente facilitará ao aluno quando da respiração específica. D – EXEMPLOS 1. Com o apoio de um tapete vazado, o aluno realizará movimentos de pernas livremente em decúbito dorsal. 2. Segurando um objeto flutuante, com os braços estendidos à frente o aluno realizará movimentos de pernas e a cada inspiração modificará a execução dos mesmos, isto é, “perna de sapo”, alternados “minhoca” etc. 3. O aluno modificará o decúbito de dorsal para ventral sem cessar a movimentação das pernas e vice-versa, ao comando do professor. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 51 Assista ao vídeo para realizar uma reflexão sobre o aprendizado da natação. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=euGxLErKcFk>. Acesso em: 26 jul. 2016. 1. Na fase de imersão, cujo objetivo é o aluno permanecer por um pequeno tempo com o corpo imerso e submerso na água, para este fim alguns procedimentos devem ser adotados: I – Agachar. II – Sentar-se no fundo da piscina. III – Deitar. IV – Mudar da posição horizontal para vertical. Assinale a alternativa que contempla os procedimentos corretos: a) Somente I e II. b) Somente I e IV. c) Somente I, II e III. d) Somente I e III. e) Somente II. 2. Sobre a fase de sustentação, assinale a alternativa que corresponde ao objetivo dessa fase: a) Deslocamento no aquático com movimentos de pernas. b) Deslocamento no meio aquático com movimentos de braços. c) Dominar o corpo na água, horizontalmente, com certa descontração muscular. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 52 d) Domínio corporal na água com movimentação livre. e) Soltura e descontração no meio líquido. Nesta unidade vimos aspectos importantes relacionados à natação: - Como surgiu a modalidade e cada um dos nados. - Cada grupo ou população que iremos ensinar a natação tem características diferentes. Portanto, devemos adequar o processo de ensino às necessidades do nosso grupo de alunos. - O processo de aprendizagem pode ser dividido em fases nas quais os alunos devem adquirir determinados avanços motores. - Existem estratégias e uma estrutura que pode ser seguida para a organização das nossas aulas. Caro aluno, vimos nesta unidade pontos importantes da natação que podem nos auxiliar no ensino dessa modalidade. A água é um ambiente diferente do que os alunos estão acostumados, então o processo de aprendizagem desse esporte merece muita atenção por parte de nós, professores. Vocês podem buscar mais conhecimento em artigos científicos, como o link abaixo e também podem efetuar atividades práticas na água para vivenciarem a ambientação no ambiente aquático. ZULIETTI, Luis Fernando; SOUSA, Ive Luciana Ramos. A aprendizagem da natação do nascimento aos 6 anos: fases de desenvolvimento. Revista UNIVAP, São José dos Campos, v. 9, n. 17, p. 12-17, 2002. Disponível em: <http://www.aquabarra.com. br/artigos/adaptacao/A_APRENDIZAGEM_DA_NATACAO_DO_ NASCIMENTO_AOS_6_ANOS.pdf>. Acesso em: 6 set. 2016. Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 53 1. Atualmente, discute-se que a aprendizagem da natação se faz pela repetição, que logo vira um hábito, e assim descobre- se em um determinado momento que se pode nadar. Para o homem moderno, aprende-se a nadar por quatro motivos principais: a) Saúde, lazer, necessidade e esporte. b) Saúde, alimentação, necessidade e esporte. c) Saúde, lazer, cultura e esporte. d) Saúde, lazer, necessidade e cultura. e) Saúde, alimentação, cultura e necessidade. 2. Não existe um consenso na literatura quanto à ordem em que os estilos surgiram, no entanto, algumas bibliografias e pinturas rupestres apontam terem sido um dos dois nados: a) Crawl e costas. b) Crawl e peito. c) Crawl e borboleta. d) Costas e peito. e) Peito e borboleta. 3. Qual é o nadador recordista em medalhas de ouro em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos: a) Mark Spitz. b) César Cielo. c) Gustavo Borges. d) Maria Lenk. e) Michael Phelps. 4. Muitas vezes, as atividades psicomotoras no meio terrestre- aéreo do bebê não são plenamente conhecidas nem exploradas ao máximo. Sabendo que um desenvolvimento Histórico e propostas pedagógicas da natação U1 54 harmonioso do bebê depende da quantidade e qualidade dos estímulos proporcionados pelo seu meio ambiente, as experiências aquáticas são atividades muito valiosas para progresso no plano psicomotor. A partir disso, como devem ser as experiências do bebê na água? a) Deve vivenciar experiências com auxílio para tornar o corpo do bebê mais operacional. b) Deve vivenciar experiências repetitivas para tornar o corpo do bebê mais operacional. c) Deve vivenciar experiências variadas para tornar o corpo do bebê mais operacional. d) Deve evitar experiências aquáticas. e) Deve vivenciar experiências independentes para tornar o corpo do bebê mais operacional. 5. Equilibrar, voltar, virar, baixar, levantar, saltar, correr ou apoiar, apanhar, prender na água implica uma expansão e uma ampliação do repertório motor da criança nadadora. Portanto, é significativa a intervenção pedagógica que ocorre com as crianças em sua fase de aprendizado da natação. Como deve ser a intervenção pedagógica com essas crianças? a) Mediatizada. b) Voluntária. c) Involuntária. d) Cantada. e) Específica. U1 55Histórico e propostas pedagógicas da natação Referências FERNANDES, Josiane Regina Pejon; LOBO DA COSTA, Paula Hentschel. Pedagogia da natação: um mergulho para além dos quatro estilos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 20, n. 1, 2006. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rbefe/ article/view/16609/18322>. Acesso em: 26 jul. 2016. FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2007. 584p. VELASCO, C. G. Natação segundo a psicomotricidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1997. ______. Habilitações e reabilitações psicomotoras na água. 1. ed. São Paulo: Harbra Ltda., 1994. VELASCO, Cacilda Gonçalves; BERNINI, Regiane. Boas práticas psicomotoras aquática. São Paulo: Phorte, 2013. ZULIETTI, Luis Fernando; SOUSA, Ive Luciana Ramos. A aprendizagem da natação do nascimento aos 6 anos: fases de desenvolvimento. Revista UNIVAP, São José dos Campos, v. 9, n. 17, p. 12-17, 2002. Disponível em: <http://www.aquabarra.com.br/ artigos/adaptacao/A_APRENDIZAGEM_DA_NATACAO_DO_NASCIMENTO_AOS_6_ ANOS.pdf>. Acesso em: 6 set. 2016. WIKIPEDIA. Mark Spitz. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mark_Spitz>. Acesso em: 23 jul. 2016. ______. César Cielo. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9sar_ Cielo>. Acesso em: 23 jul. 2016. ______. Michael Phelps. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_ Phelps>. Acesso em: 23 jul. 2016. Unidade 2 ADAPTAÇÃO AO MEIO LÍQUIDO E APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade vamos conhecer aspectos relacionados à física da água e como nosso corpo se comporta quando está submerso no meio líquido. Além disso, conheceremos os processos de aprendizagem e de adaptação do aluno ao meio líquido, e, por fim, aprenderemos os fundamentos: saída, viradas de cada nado e chegada de cada nado. Eloíse Werle Nesta seção iremos conhecer as propriedades físicas da água para entendermos como o corpo se comporta nesse ambiente. Nesta seção iremos conhecer aspectos fundamentais para a aprendizagem da natação: o equilíbrio e a orientação corporal e a respiração. Nesta seção iremos conhecer como deve ser realizado cada um dos fundamentos em cada nado. Seção 1 | A água, um ambiente desconhecido Seção 2 | Aprendizagem da natação Seção 3 | Aprendizagem dos fundamentos: saídas, viradas e chegadas Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação U2 58 Adaptaçãoao meio líquido e aprendizagem da natação Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação U2 59 Introdução à unidade Nesta unidade veremos, inicialmente que a água é um ambiente desconhecido e com propriedades muito diferentes das propriedades do ar. Com isso, nosso corpo se comporta de forma diferente nesse ambiente. Forças atuam sobre o corpo submerso na água que faz com que precisemos nos adaptar para buscar e alcançar um equilíbrio nesse meio. Pensando nisso, veremos, em seguida, como é esse processo de adaptação ao meio líquido relacionado a dois aspectos mais importantes: equilíbrio e orientação corporal e a respiração. Na água e durante o nado, o padrão respiratório é completamente diferente da forma quando respiramos naturalmente. A inspiração acontece pela boca e a expiração deve ser forçada. Logo, teremos que ensinar ao nosso aluno como ele deve respirar enquanto nada. É um processo fundamental para que o aluno consiga aprender a natação. Por fim, na última seção veremos os fundamentos da natação: saída, viradas e chegadas. Esses aspectos dizem respeito a regras específicas, além de permitir ao aluno conectar seu nado e fazê-lo de forma ininterrupta e competitiva. Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação U2 60 Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação U2 61 Seção 1 A água, um ambiente desconhecido Introdução à seção 1.1 Densidade 1.1.1 Densidade específica Além de o processo de aprendizagem da natação ser complexo, o meio de ação para esse aprendizado também é rico em propriedades. Estar e agir no meio aquático é diferente de estar e agir no meio aéreo ou terrestre. Existem várias propriedades físicas da água que interferem nessas ações direta ou indiretamente. Nesta seção esclareceremos as propriedades da água para facilitar nosso conhecimento e justificar o que ocorre conosco quando imergimos nela. “A densidade é uma grandeza que mede a quantidade de massa (m) de um corpo por unidade de volume (v). ” (DUARTE, 2004, p. 7). Um objeto com muita massa, ou muito pesado, não necessariamente é mais denso que um objeto leve ou com menor quantidade de massa. Por exemplo, 1 kg de ferro e 1 kg de penas tem a mesma massa. Mas como o ferro é mais denso que as penas, o volume de 1 kg de penas é muito maior que de 1 kg de ferro (DUARTE, 2004). A densidade específica é a razão entre a densidade do corpo e a densidade da água. Podemos exemplificar esse conceito com uma situação comum: quando estamos dentro da água podemos perceber que ficamos mais leves. Isso acontece devido à ação de uma força vertical em direção para cima, chamada empuxo, que qualquer líquido exerce sobre um corpo nele mergulhado. O empuxo foi descoberto por Arquimedes (287 a.C. – 212 a.C. aproximadamente). Matemático e engenheiro grego, Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação U2 62 Arquimedes nasceu em Siracusa, na região da Magna Grécia. Diz a história que ele foi convidado pelo rei da sua cidade para resolver um problema: descobrir se a coroa que fora enviada para ser confeccionada por um ourives era de ouro maciço ou se tratava de uma mistura de outro metal. Arquimedes, em banho de imersão, descobriu a solução e, verificando que se tratava de um princípio geral, enunciou o seguinte princípio que leva o seu nome. (SILVA, 2016, [s.p.]) A teoria acerca desse princípio estabelece que, quando um corpo é submerso na água, ele experimenta uma força de empuxo igual à força peso produzida pelo líquido que ele deslocou. Assim, todo corpo com densidade menor que 1 pode flutuar (desde que a densidade relativa da água seja aproximada a 1) (SILVA, 2016). Teremos mais informações sobre o empuxo nesta seção. A densidade do corpo humano varia entre os indivíduos e também entre as partes do próprio corpo. Cada tecido do nosso corpo tem uma constituição diferente que influencia diretamente na densidade desse tecido. Por exemplo, o osso compacto tem uma densidade de 1,8 g/cm3, já a gordura é menos densa que a água. Além disso, cada pessoa tem uma constituição de tecidos diferentes. Por exemplo, indivíduos que têm uma maior proporção de massa muscular ou de tecido adiposo. A densidade dessas pessoas será diferente (DUARTE, 2004, p. 8). As pessoas com maior quantidade de gordura corporal e ossos mais esponjosos têm menor densidade corporal. A Tabela 2.1 apresenta a densidade de alguns tecidos do nosso corpo. Sólidos Densidade (g/cm3) Ar 0,0012 Água 0,998 Água do mar 1,026 Osso compacto 1,8 Gordura humana 0,9 Massa humana sem gordura 1,1 Fonte: Duarte (2004, p. 7). Tabela 2.1 | Densidade de tecidos humanos Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação U2 63 Pensando que as densidades dos tecidos do nosso organismo são diferentes, será que todos os nossos alunos irão flutuar da mesma forma? Será que isso fará diferença no momento de adaptação do nosso aluno ao meio líquido? 1.2 Massa e peso 1.3 Centro de Massa (CM) e Centro de Gravidade (CG) Massa é a quantidade de matéria de um corpo e será a mesma dentro ou fora da água, ou em qualquer outro ambiente. A unidade de medida da massa é o quilograma: 1 Kg = 1000g. Já a força peso constitui a força com que ele é atraído gravitacionalmente pela Terra. Assim, o peso, P, de um corpo de massa m é dado por: P = mg onde g é a força da gravidade, que corresponde a 9,81 m/s2 e pode ser aproximada para 10 m/s2. A unidade de medida do peso é o Newton (N). Por exemplo, se a massa de uma pessoa é 50Kg, seu peso será 500N, considerando que ela está em terra, e, portanto, a força da gravidade é 10 m/s2. É frequente a confusão entre essas duas medidas. No entanto, elas são diferentes uma da outra. O Centro de Massa (CM) é a região do corpo em torno da qual a massa está distribuída em todas as direções. Já o Centro de Gravidade (CG) é o ponto em torno do qual o peso está igualmente distribuído. Essas forças podem ser consideradas iguais, já que a força da gravidade é a mesma para todos os pontos do nosso corpo (DUARTE, 2004). Fonte: <http://fisicaevestibular.com.br/novo/wp-content/uploads/migracao/peso/i_fee20cabeb7c0bd9_html_acd55547. png>. Acesso em: 2 jan. 2017. Figura 2.1 | Massa e peso Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação U2 64 1.4 Empuxo Como percebemos anteriormente, o empuxo é a força que a água exerce sobre um corpo imerso. Sua intensidade será igual ao peso do volume de água deslocado por esse corpo, e o sentido dessas forças será oposto, sendo o peso para baixo e o empuxo para cima. Daí sua relação com a flutuação do corpo na água. Podemos exemplificar esse conceito com uma situação cotidiana: quando caminhamos em uma piscina com diferentes profundidades, temos a sensação que nosso peso diminui conforme vamos para uma parte mais funda. Ou se boiamos em uma piscina com maior profundidade nos sentimos mais leves. O empuxo pode ser expresso por: E= d H2O . V. g Onde, d H2O = densidade da água (fluido) V = volume do objeto que está submerso (volume do fluido que está deslocado) g = gravidade Analisando essa teoria podemos entender situações curiosas: um grande iceberg flutua, enquanto uma moeda afunda. E isso acontece porque a intensidade do empuxo que um iceberg recebe é maior do que seu peso, enquanto a intensidade do empuxo que uma moeda recebe é menor que o seu peso. Sendo assim, para um objeto ser mantido sem equilíbrio na água, a resultante das forças exercidas sobre ele deve ser nula. Ou seja, o peso deve ser equilibrado pelo empuxo. Fonte: <https://amigopai.files.wordpress.com/2015/06/drawing1.jpg>. Acesso: 16 ago. 2016. Figura 2.2 | Empuxo Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação Adaptação ao meio líquido e aprendizagem da natação U2 65 1.5 Centro de volume O centro de volume (CV) é a região do corpo em torno da qual o volume está igualmente distribuído em
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