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1ºAula Contextualização do PCP nos sistemas de produção Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender como os sistemas de produção são organizados; • identificar as atividades inerentes aos três níveis de planejamento; • classificar os sistemas de produção de acordo com suas características; • conhecer as atividades do PCP dentro de cada sistema de produção. Prezados(as) alunos(as), Vocês já pensaram em como as indústrias se organizam para atingir seus objetivos de entregar valor para os clientes e proporcionar retorno aos acionistas? A chave principal para isso está no planejamento, isso mesmo, no planejamento de longo, médio e curto prazo, traçados pela empresa com o auxílio de um departamento chamado de Planejamento e Controle da Produção (PCP). Para que os produtos e serviços sejam gerados de maneira eficiente, os sistemas produtivos são estruturados visando atender a critérios de desempenho importantes para a organização e às particularidades do processo produtivo ou produto. Você está pronto para aprender mais sobre a atuação do PCP em uma indústria? Pois bem, nesta aula trataremos a respeito da forma com que o PCP interfere nos planejamentos estratégico, tático e operacional e também, da maneira como se dá o fluxo de informações entre o PCP e os demais setores nos sistemas produtivos, estruturados de acordo com suas diferentes classificações. Bons estudos! 153 Planejamento e Controle da Produção 6 1. Os sistemas de produção e os níveis de planejamento 2. O fluxo de informações em um sistema de produção e o PCP 3. Como os sistemas de produção são classificados Para facilitar a compreensão e o estudo a respeito da operação de uma empresa, é comum tratá-la como um sistema que produz bens e/ou serviços, isto é, um sistema de produção. Os sistemas de produção são aqueles capazes de converter um recurso de entrada (input) em um recurso de saída (output), por meio de um processo de conversão/ transformação. Em outras palavras, um sistema de produção transforma insumos em produtos, estes produtos podem ser bens (no caso de uma indústria) ou serviços (no caso de empresas prestadoras de serviços). Um sistema de produção somente poderá converter insumos em produtos de maneira e ciente desde que seus objetivos sejam traçados e planejados levando em consideração prazos. Ou seja, para que a empresa consiga atender a demanda de seus clientes, é necessário que sejam elaborados planos com prazos determinados e que, a partir destes planos as ações sejam implementadas de acordo com os prazos estabelecidos, viabilizando a produção de bens ou serviços para seus clientes. O horizonte de planejamento de um sistema de produção pode ser dividido em três, sendo eles o longo prazo, o médio prazo e o curto prazo. Cada um destes prazos possui uma atividade correspondente que permite o planejamento do sistema de produção. O planejamento de longo prazo se dá no nível estratégico. Neste nível, os sistemas produtivos precisam elaborar um Plano de Produção. O Plano de Produção tem por objetivo equilibrar a capacidade produtiva da empresa com a demanda por produtos ou serviços por parte do mercado. De uma forma mais clara, um Plano de Produção é o documento constituído de informações referentes à fabricação de produtos e serviços de uma empresa, indicando a capacidade com que o sistema de produção deverá operar para o atendimento de seus clientes no longo prazo. Para que o Plano de Produção possa se concretizar tal como foi pensado quando de sua elaboração, faz-se necessário que a organização realize investimentos no sistema de produção, este é o motivo pelo qual o planejamento neste momento é chamado de estratégico. Pelo fato de se dar no longo prazo, considera-se que há tempo hábil para encaminhar o sistema produtivo em direção à estratégia produtiva que a empresa almeja alcançar. O planejamento de médio prazo se dá no nível tático. A esta altura, deve-se dispor de um sistema de produção, todo construído a partir de um Plano de Produção, elaborado para Seções de estudo 1 - Os sistemas de produção e os níveis de planejamento atender às estratégias da empresa. Assim, nesse nível será estruturado o chamado Plano-mestre de Produção (PMP). O PMP tem como objetivo alinhar a demanda por produtos e/ou serviços com a capacidade instalada. Ou seja, tomando como base um sistema produtivo já existente, o PMP buscará maneiras de utilizar a capacidade disponível no sistema, fornecendo assim, um planejamento voltado ao atendimento da previsão de vendas de médio prazo, e, de pedidos rmes em carteira já colocados pelos clientes. Nesse nível, o PMP deve considerar formas viáveis de se operar o sistema produtivo, de forma que este possa atender à demanda de maneira e ciente, fazendo uso de uma capacidade já planejada e instalada. Em outras palavras, o PMP precisa de nir táticas para viabilizar o atendimento das necessidades dos clientes a partir de um sistema produtivo com restrições de capacidade. Por esse motivo, o planejamento nesse nível é chamado de tático. O planejamento de curto prazo, por sua vez, se dá no nível operacional. Após alinhar o sistema produtivo ao planejamento estratégico da empresa e de nir as táticas de operação a serem implementadas no médio prazo, o planejamento de curto prazo passa para um nível mais detalhado de tomada de decisões, onde é concebida a chamada programação da produção. Nesse nível, o sistema produtivo deve realizar uma programação de curto prazo, a respeito dos bens e/ou serviços que devem ser produzidos, tendo como objetivo a sua entrega aos clientes, respeitando os prazos negociados e fazendo o melhor aproveitamento dos recursos produtivos disponíveis. A programação da produção opera em um sistema já estabelecido e com tática de nida, por esta razão o planejamento executado neste nível é chamado de operacional. A gura 1.1 apresenta a relação entre os prazos, atividades e objetivos para a tomada de decisão nas empresas. Figura 1.1: Prazos, atividades e objetivos para a tomada de decisão nas empresas. Fonte: Tubino (2017). Levando em consideração a individualidade dos diferentes tipos de empresas, cabe ressaltar que os horizontes dos prazos de planejamento nos níveis estratégico, tático e operacional podem variar em função do tipo de operação que a empresa comporta. Em geral, o longo prazo costuma ser medido em meses podendo abarcar até anos; o médio prazo, é medido em semanas podendo alcançar meses à frente e; o curto prazo costuma ter a abrangência de dias e até mesmo semanas. Para auxiliar na execução e controle das atividades 154 7 referentes ao planejamento nos níveis estratégico, tático e operacional, as organizações estruturam um setor especí co, chamado Planejamento e Controle da Produção (PCP), ou Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP). Esse setor tem por função principal dar apoio à produção para que a empresa consiga atingir seus objetivos, de longo, médio e curto prazo. 2 sistema de produção e o PCP Além de ser um departamento de apoio na indústria, o Planejamento e Controle da Produção (PCP) também é um importante campo de estudo da Engenharia de Produção. Dentre as dez áreas da Engenharia de Produção de nidas pela ABEPRO (Associação Brasileira de Engenharia de Produção), o PCP é uma das subdivisões da área de Engenharia de Operações e Processos da Produção. Justi ca, assim, a importância de seu estudo. Conforme a rma Tubino (2017, p. 3), o PCP como um departamento de apoio dentro da empresa: “[...] é responsável pela coordenação e aplicação dos recursos produtivos de forma a atender da melhor maneira possível aos planos estabelecidos nos níveis estratégico, tático e operacional”. O PCP relaciona-se com a maioria das áreas que compõem o sistema produtivo, desta forma o mesmo recebe e envia informações para estas áreas. As informações recebidas são importantesentradas para o seu processo de tomada de decisão, e as informações por ele enviadas simbolizam o apoio prestado aos demais departamentos da empresa. Dentre as áreas com que o PCP se relaciona, pode-se destacar a Engenharia do Produto, Engenharia de Processos, Marketing e Suprimentos. Conforme citado anteriormente, existem três níveis hierárquicos de planejamento e controle da operação de um sistema de produção. Assim sendo, o departamento de PCP desenvolve suas atividades nesses três níveis, ou seja, no nível estratégico, o PCP auxilia no desenvolvimento do Planejamento Estratégico da Produção, no nível tático o Planejamento-mestre da Produção é formulado, e no nível operacional, o departamento elabora a Programação da Produção e executa o Acompanhamento e Controle da Produção. As informações provenientes das várias áreas que compõem o sistema produtivo alimentam o departamento de PCP para que ele possa desempenhar as suas quatro funções principais, sendo elas: Planejamento estratégico da produção, planejamento-mestre da produção, programação da produção e acompanhamento e controle da produção. Planejamento Estratégico da Produção: Para Gaither e Frazier (2002, p. 38), a estratégia de produção “é um plano de longo prazo para a produção de produtos e serviços de uma empresa e constitui um mapa daquilo que a função de produção deve fazer se quiser que suas estratégias de negócios sejam realizadas”. No Planejamento Estratégico da Produção, o PCP participa da elaboração de um Plano de Produção. O Plano de Produção consiste num documento pouco detalhado, abordando normalmente as famílias de produtos comercializadas pela empresa. Para que o Plano de Produção seja montado, toma-se como informação básica uma previsão de vendas de longo prazo, que indica os tipos e quantidades de produtos que se pretende vender. Outra informação importante consiste na disponibilidade de recursos, físicos ou nanceiros, para viabilizar o atendimento à previsão de vendas. Ou seja, os recursos disponíveis irão subsidiar a estruturação de um sistema produtivo capaz de atender à necessidade de produção prevista. Planejamento-Mestre da Produção: Nessa função, o PCP desenvolve o chamado Plano-mestre da Produção (PMP), que é elaborado com base no Plano de Produção, em uma previsão de vendas de médio prazo e nos pedidos rmes em carteira (vide gura 1.1). De acordo com Tubino (2017), o PMP consiste em um plano de produção de itens nais, detalhado, período a período. Segundo o autor, o PMP tem como entrada principal os roteiros de fabricação e as estruturas de produtos, fornecidos pela engenharia, que permitem detalhar os itens que compõem cada família de produtos. A aula 4 aborda o PMP com maior detalhamento. Programação da Produção: A Programação da Produção é uma atividade desenvolvida a curto prazo, de forma que a principal decisão a ser tomada consiste na forma em que o sistema deve ser operado a m de se obter os itens nais que serão destinados ao mercado. Em outras palavras, com o sistema de produção já estruturado e um PMP a seguir, resta ao PCP, por meio da Programação da Produção, ordenar a produção dos itens, de nindo as quantidades, as datas, o sequenciamento das ordens de produção e quais as máquinas serão utilizadas, buscando otimizar a utilização dos recursos produtivos envolvidos. Para Corrêa, Gianesi e Caon (2013), a programação da produção deve de nir quais ordens de produção devem ser realizadas, em que momento (se há alguma prioridade na sua execução) e com quais recursos (matérias-primas, máquinas, operadores e ferramentas) visando atender a demanda informada, ou por meio das decisões do PMP ou diretamente da carteira de pedidos dos clientes. Acompanhamento e Controle da Produção: essa função do PCP consiste na realização de atividades voltadas para a avaliação de um sistema que já está em uso, ou seja, ela busca identi car se o programa de produção foi seguido, bem como apontar a ocorrência de possíveis desvios ou ine ciências. Para que isso seja possível, nessa fase, são coletados dados que caracterizam o resultado obtido durante a execução da produção com base nos planejamentos de longo, médio e curto prazo. Dados como índice de itens defeituosos, tempo de espera, quebra de máquina, horas/homens e horas/ máquina consumidas, consumo de materiais, entre outros, permitem identi car pontos a serem priorizados na próxima programação. Estas são as quatro atividades principais do PCP. É importante ressaltar que esse material abordou as características básicas de cada uma, de forma que dependendo tipo de empresa em que o PCP está operando estas atividades poderão apresentar algumas particularidades. 155 Planejamento e Controle da Produção 8 3 - Como os sistemas de produção Existem diferentes tipos de sistemas de produção e seu estudo se faz importante para compreender a atuação do PCP e as particularidades que envolvem os diferentes tipos de indústrias que dispõem desses sistemas. Conforme citado no início da aula, os sistemas de produção podem processar bens ou serviços, no caso de uma empresa que produza bens tangíveis, pode-se dizer que o sistema de produção se destina a fabricação de produtos manufaturados. Já no caso de uma empresa que entregue produtos intangíveis, ou seja, produtos que não podem ser estocados, a rmamos estar frente a um sistema de produção prestador de serviços. Por mais que as diferenças entre um sistema prestador de serviços e de manufatura de bens sejam evidentes e bem fáceis de identi car, é importante considerar que, atualmente, predominam as organizações que produzem e entregam no mercado um pacote completo, composto de bens e serviços. Essa característica extremamente recorrente no mercado, torna difícil uma desvinculação entre os sistemas produtores de bens e serviços. Tome como exemplo uma fábrica de móveis sob medida, que além de fabricar os móveis fornece ainda seus serviços de montagem e de assistência pós-venda. Ou ainda uma fabricante de produtos químicos que ofereça ao cliente o serviço de logística reversa de suas embalagens. Todas as empresas, se ainda não trabalham os dois sistemas simultaneamente, estão propensas a se adequar a esta prática. Tubino (2017) a rma que, para compreender a complexidade das funções do PCP, a classi cação mais signi cativa relaciona-se ao grau de padronização dos produtos e o volume de produção demandado pelo mercado. Os sistemas de produção dividem-se em contínuos e discretos (em massa, em lotes e sob encomenda). Essa classi cação não está relacionada ao produto em si, e sim à forma como os sistemas foram estruturados para atender à demanda. A seguir, serão apresentadas as características dos quatro tipos de sistemas de produção e como o PCP atua em cada um deles. 3.1 - Sistemas contínuos Esses sistemas têm por características principais o alto volume que pode ser processado e a baixa variedade de produtos que são destinados ao mercado. Dentre os quatro tipos de sistemas de produção, os sistemas contínuos estão entre os que processam o maior volume de produção. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002), esses sistemas, geralmente, podem operar por períodos muito mais longos, comparados aos demais sistemas. Segundo os autores, às vezes, eles são considerados literalmente contínuos, graças ao fato de que os produtos, além de serem inseparáveis, são produzidos em um uxo ininterrupto. Graças à interdependência entre as operações ao longo do processo, esses sistemas, predominantemente, possuem alto nível de automatização, o que faz com que a exibilidade do mesmo para fabricar uma maior variedade de produtos seja comprometida. A baixa exibilidade, juntamente com um processo automatizado, possibilita o processamento de um elevado volume de produção, tendo em vista que não são muitos os produtos que concorrem para a utilização dos equipamentos, reduzindo a necessidadede preparações de máquina e eliminando a necessidade programações, troca de lotes de produção e de sequenciamentos de ordens de produção, o que acaba também por diluir os altos custos xos, fazendo com que os custos de produção sejam baixos. Alguns exemplos de processos contínuos que podem ser citados são as re narias petroquímicas, instalações de eletricidade, siderúrgicas, entre outros. Com relação à atuação do PCP neste sistema, Tubino (2017) de ne as atividades desenvolvidas nos níveis estratégico, tático e operacional, apresentadas na sequência. O Plano de Produção é montado com o foco em atender a um critério de desempenho especí co, o de redução de custos. Já no nível tático-operacional, o PCP elabora um PMP, baseado nas previsões de demanda (obtida do histórico do consumo de produtos acabados), que será utilizado para analisar a carga futura do sistema e para controlar o uxo atual do processo produtivo. Conforme citado anteriormente, como o volume de produção é muito grande e a variedade de itens é baixa, não há necessidade de se realizar uma programação da produção de curto prazo, onde as ordens devem ser sequenciadas. O planejamento no nível tático-operacional, nesse caso, se resume na utilização do PMP para se de nir as necessidades de materiais. Normalmente, a de nição das necessidades de materiais a serem utilizados no sistema se dá por meio de um cálculo, sob a lógica do Material Requirements Planning (MRP) (vide aula 6), na qual se calcula a necessidade de itens de demanda dependente a partir da identi cação da necessidade de itens de demanda independente. Nesse caso, pode-se constatar que as principais atividades do PCP consistem em dimensionar os dois pontos extremos do processo, que, segundo Tubino (2017) são, o volume necessário de matérias-primas, por meio do cálculo das necessidades, e volume de produtos acabados, de nidos no PMP. Como são poucas atividades, é difícil encontrar uma empresa com processo contínuo com um departamento de PCP estruturado, normalmente, estas atividades cam a cargo de um departamento de logística. 3.2 - Sistemas em massa Assim como os sistemas contínuos, os sistemas em massa têm a capacidade de processar um alto volume de produção, com elevado grau de padronização. Nesse caso, os sistemas de produção são montados como se fossem uma linha por onde os produtos passam, de acordo com a sequência de operação. Por isso, é comum associar a produção em massa a empresas que possuem linhas de produção/montagem, como por exemplo, em montadoras de automóveis e frigorí cos (abate e bene ciamento de suínos, bovinos e aves), que é onde encontramos esses sistemas com mais frequência. Como o sistema produtivo é elaborado para que os produtos sejam submetidos a um uxo relativamente xo (com poucas alterações), a exibilidade deste sistema com relação à variedade de produtos é baixa. Em outras palavras, a necessidade de recursos físicos e nanceiros para se estruturar 156 9 sistemas, devidamente sequenciados, para o processamento de produtos com características muito distintas entre si, seria muito elevada e, fazer com que produtos com muita diferenciação concorram para a utilização dos mesmos centros de produtivos acaba por contrariar o princípio de produção em larga escala a que os sistemas em massa se propõem. O sistema em massa se popularizou no início do século 20, quando Henry Ford projetou o automóvel Ford Modelo T, para ser construído em uma linha de montagem, esse foi um grande marco da Administração cientí ca (vide sugestão de site). Ao contrário dos sistemas contínuos, não é possível automatizar os sistemas em massa de maneira contínua, sendo necessário o emprego de mão de obra especializada na linha de produção. De forma oposta a produção artesanal, onde o artesão fabricava o produto do início ao m, na produção em massa existe a divisão do trabalho. Nessa divisão, o trabalho é fragmentado em etapas e a mão de obra empregada em cada etapa deve ser altamente especializada para realizar repetidas vezes a mesma tarefa, obtendo ao nal da linha de montagem, produtos altamente padronizados. Além da padronização, é possível atingir uma elevada escala de produção, de forma que quanto maior for a escala de produção de um bem, menor será o seu custo unitário. Assim como nos sistemas contínuos, a atuação do PCP no planejamento estratégico de um sistema em massa consiste na elaboração de um plano de produção que tenha como objetivo principal a redução de custos no sistema. No planejamento-mestre da produção, o PCP desenvolve um PMP cujo objetivo é de nir a necessidade de materiais, ou seja, o volume de matérias-primas e peças componentes que adentrarão ao longo do processo é de nido por meio da lógica do MRP, a partir do volume de produtos acabados que se pretender obter, de nido nas previsões de vendas de médio prazo ou nos pedidos já negociados. Assim sendo, a responsabilidade do PCP nesses sistemas se concentra em: gerenciar o abastecimento de matérias-primas e materiais componentes para viabilizar a produção, emitir e sequenciar as ordens de fabricação e montagem, e disponibilizar os produtos acabados para o setor de expedição ou estoque de produtos acabados. 3.3 - Sistemas em Lote Os sistemas em lote se caracterizam por processar um volume médio de produtos e, como o próprio nome diz, o sistema processa este volume em lotes de produtos padronizados. Na produção em lote, os sistemas produtivos são organizados de um modo mais exível, onde, ao contrário dos sistemas contínuos e em massa, existe a capacidade de atender as necessidades dos clientes em diferentes tipos de produtos. Para que esses sistemas disponham de mais exibilidade para produzir diferentes produtos, absorvendo ainda utuações de demanda, os equipamentos utilizados são mais gerais, para poder processar uma gama maior de produtos. Normalmente, esses equipamentos são alocados em centros de produção, onde as máquinas são agrupadas de acordo com sua função, por exemplo, em um centro de produção, têm-se as máquinas de corte e no centro seguinte as máquinas de montagem. É comum veri car essa estrutura nas indústrias do ramo metal-mecânico, nas quais se dispõe de um setor para cada etapa do processo, em que se encontram os respectivos equipamentos responsáveis pela operação em questão, como por exemplo, os setores de fundição, usinagem, soldagem, fresagem, entre outros. Essa con guração, em centros de produção por etapa do processo, permite que a fábrica seja capaz de fabricar produtos com características diversas. Essa exibilidade com relação à variedade de produtos traz consigo uma desvantagem que se faz presente nos sistemas em lote, pois em cada lote é processado um tipo de produto por vez, e cada lote a ser produzido precisa ser programado, aumentando também a necessidade de con guração das máquinas. Além dessa desvantagem, tem- se a possibilidade de formação de estoque de produtos. A formação de estoques de produtos pode se dar pelo fato de que simplesmente a quantidade solicitada pelo cliente é insu ciente para viabilizar sua produção, assim, produz-se uma quantidade maior, que irá para o estoque. Outro fato que pode levar a formação de estoques se dá devido aos elevados tempos de preparação de máquina necessários para processar um lote, onde é preferível produzir um volume maior para estoque e reduzir a necessidade de preparação das máquinas e sequenciamento de ordens de produção. Em contrapartida a essas desvantagens, quase inexistentes em sistemas contínuos e em massa, os sistemas em lote permitem que a empresa atenda necessidades um pouco mais diversi cadas de seus clientes, possibilitando o alcance de um nicho de mercado maior, com produtos com maior valor agregado. No nível estratégico, o PCP deve participar do desenvolvimento de um plano de produção para sistemas em lote que priorize estratégias de modo a permitir quea empresa atenda às necessidades de seus clientes dentro de prazos estabelecidos, promovendo uma relação de con abilidade. Para tal, um sistema exível é de extrema importância, pois será necessário produzir lotes muito variados, compartilhando equipamentos e operadores polivalentes. Uma maior atenção do PCP deve ser dada a atividade de programação da produção, porque lotes de produtos com características diversas concorrerão para a utilização dos recursos do sistema produtivo. Assim, a atividade de programação em curto prazo deve ser realizada com cuidado para não comprometer o atendimento de prazos e nem acarretar altos custos preparação de máquinas. O PCP deve analisar cuidadosamente e decidir sobre a alocação de recursos produtivos, sendo que algumas das decisões que o PCP deve tomar no curto prazo seriam: quais ordens de produção tem prioridade para serem processadas; qual o sequenciamento ótimo; em quais máquinas; quais operadores; quanto produzir a mais, entre outras. 3.4 - Sistemas sob Encomenda Esses sistemas se dedicam fabricar produtos totalmente de acordo com as especi cações dos clientes, ou seja, os sistemas de produção sob encomenda devem ser estruturados 157 Planejamento e Controle da Produção 10 para serem exíveis. As demandas tendem a ser baixas, porém, os produtos acabados possuem um alto valor agregado. Funciona como uma produção por projeto, onde o cliente tem alta participação na formulação do produto, transmitindo as especi cações desejadas. Normalmente, uma data de entrega do produto é negociada entre empresa e cliente e a empresa apenas produz após o pedido por parte do cliente ser feito. Uma característica importante desses sistemas é que não é possível produzir para estoque, pois os pedidos dos clientes tendem a ser bastante especí cos. É muito importante que atenção especial seja dada ao atendimento das especi cações, pois uma vez que o produto não esteja de acordo com as necessidades do cliente e este o rejeitar, di cilmente, será possível vender o produto para outros clientes, quando a possibilidade de retrabalho do produto for inviável. Exemplos do emprego desses sistemas estão na execução de grandes projetos e na fabricação de navios, aviões, grandes equipamentos, entre outros. Quanto à atuação do PCP no nível estratégico é necessário estabelecer um plano de produção que tenha como foco o critério de desempenho de exibilidade, ou seja, estruturar um sistema de produção com capacidade de atender necessidades especí cas dos clientes. O sistema produtivo necessariamente deve manter bom relacionamento com seus fornecedores, já que nem sempre é possível adquirir materiais para estoque. Com muita frequência a compra dos materiais necessários somente será feita após o recebimento do pedido por parte do cliente, de forma que os fornecedores, bem como toda a cadeia produtiva, precisam estar preparados para atender o sistema produtivo. A programação deve ser feita com bastante acuracidade. Normalmente, é feito um calendário com o carregamento de recursos, utilizando ferramentas de gerenciamento de projetos como o Grá co de Gantt (vide aula 7). 1 - Os sistemas de produção e os níveis de planejamento Esta seção abordou a forma como as empresas realizam seu planejamento de modo a estruturar sistemas de produção capazes de transformar insumos em produtos para atender a demanda de seus clientes. Vimos que as organizações realizam seu planejamento em três níveis, no nível estratégico temos o planejamento de longo prazo, no nível tático temos o planejamento de médio prazo e, no nível operacional temos o planejamento de curto prazo. Respectivamente, os documentos gerados no longo, médio e curto prazo são: o plano de produção, o plano- mestre da produção e a programação da produção. Para Retomando a aula que o conteúdo abordado, sobre o PCP e os sistemas de produção, tenha agregado ao conhecimento de auxiliar a tomada de decisões com base nos dados disponíveis, as empresas estruturam um departamento de apoio, chamado de Planejamento e Controle da Produção. 2 - produção e o PCP Nesta seção vimos que como um departamento de apoio, o PCP recebe envia informações para vários setores da empresa, tais como, Engenharia do Produto, Engenharia de Processos, Marketing, Suprimentos e outras. Vimos, também, que o PCP desenvolve suas atividades dentro dos três níveis hierárquicos de planejamento dentro da empresa. Assim sendo, no nível estratégico, o PCP auxilia no desenvolvimento do Planejamento Estratégico da Produção, no nível tático o Planejamento-mestre da Produção é formulado e, no nível operacional o departamento elabora a Programação da Produção e executa o Acompanhamento e Controle da Produção. 3 - Nesta seção, vimos que os sistemas de produção podem receber diferentes classi cações, de acordo com as particularidades do produto e do processo para sua obtenção, bem como dos critérios de desempenho que são importantes para a empresa, tais como custos, volume de produção, exibilidade, entre outros. Classi camos os sistemas e também identi camos o foco das atividades do PCP em cada um deles. Os sistemas de produção podem ser classi cados em: sistemas contínuos, sistemas em massa, sistemas em lote e sistemas sob encomenda. O primeiro, diz respeito às empresas que processam um grande volume, com um processo totalmente automatizado (com elevado grau de interdependência entre as operações). Os sistemas em massa caracterizam-se também pelo elevado volume de produção que é processado em linhas de montagem/produção. Já os sistemas em lote são conhecidos por processar volumes médios de produção, em lotes de produtos padronizados. Por m, os sistemas sob encomenda apresentam uma alta exibilidade para atender a necessidades especí cas dos clientes, que participam da formulação do projeto do produto. O Fordismo e o modelo T. Disponível em: <http:// www.rhportal.com.br/artigos-rh/o-fordismo-e-o- modelo-t/>. Os princípios da Administração Científica. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/ academico/teoria-geral-da-administracao/104646/>. Vale a pena acessar Vale a pena 158 11 Filme: Tempos Modernos; Descrição: Retrata a produção industrial baseada na divisão e especialização do trabalho nas linhas de montagem, abordada na Teoria da Administração Científica. O Taylorismo e o Fordismo são modelos de produção em massa, baseados na divisão e especialização do trabalho. Vale a pena assistir Minhas 159
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