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CASO TED BUNDY

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CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
CENTRO UNIVERSITÁRIO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
_________________________________________________________________________________________ 
	
	Curso: Direito 
	
	Professor: Bruno André Silva Ribeiro 
	Disciplina: Direito Penal 
	Turma: CJU206-IESB OESTE
Matrícula: 
	Aluna: ALMERINDA LOPES PINTO VASCONCELOS 
	21111010048
Discorra sobre as principais características e diferenças entre a Escola Clássica e a Positiva. Na sua resposta esclareça sobre qual a melhor Escola Penal que, na sua opinião, explicaria o Caso Ted Bundy, em especial acerca dos psicopatas terem, ou não, livre arbítrio.
As Escolas Penais são agrupamentos de ideias trazidas por estudiosos no âmbito do Direito Penal em determinado período da história. O estudo dessas escolas penais se mostra importante para entender e analisar criticamente o Direito Penal como é hoje, uma vez que diversos institutos do nosso ordenamento jurídico trazem características de diferentes linhas de raciocínio que podem ser utilizadas na aplicação do Direito à realidade
A Escola Penal Clássica trata a visão de que a pena é algo imposto a um indivíduo que cometeu, voluntária e conscientemente, com livre arbítrio, ato grave (crime) e, portanto, merece um castigo. Complementando, os postulados consagrados pelo Iluminismo e sintetizados por Césare Beccaria, autor de “Dos delitos e Das penas”, refletiria minuciosamente assuntos que caracterizariam, posteriormente, o pensamento penal clássico, como a função da pena, a natureza do ato criminoso e o impacto da estrutura jurídica penal sobre a sociedade. Citava claramente que o contrato social pressupunha a igualdade absoluta entre todos os homens.
Esta linha de pensamento utilizava um método racionalista, partindo da observação geral para um fato específico, de forma que o ato-crime foi mais evidenciado do que o criminoso em si. Desenvolve-se o ideal de um sistema penal baseado na legalidade, onde o Estado deve punir, mas ao mesmo tempo se submeter às limitações legais. Quando uma lei é transgredida, a punição por parte do Estado restabelece a ordem social. Os classistas entendiam que infrator que rompesse o pacto social, cujos termos supõe-se que tinha aceitado, considerava-se que converteu em inimigo da sociedade. O crime é uma violação do pacto social. Dentro de uma sociedade em que eu tenho um infrator, logo rompe o pacto social. O infrator vai sofrer uma consequência do Estado. A pena.
O classicista leciona que “a pena é uma resposta do Estado visando a conservação da humanidade e a proteção dos seus direitos, com observância às normas de Justiça”. A pena era, para os clássicos, uma medida repressiva, aflitiva e pessoal, que se aplicava ao autor de um fato delituoso que tivesse agido com capacidade de querer e de entender. Logo, a ideia da Escola Penal Clássica entende que o crime é uma violação do Direito, de forma que a defesa contra este ato provém do próprio ordenamento. A pena como meio de tutela jurídica deve ser retributiva e não pode ser arbitrária ou desproporcional. Por fim, o criminoso não se mostra como objeto primordial de estudo, tendo em vista que realiza o ato conscientemente utilizando o livre-arbítrio.
No que tange a Escola Penal Positiva, que por sua vez, surgiu em meados do século XIX, sob forte influência dos estudos da biologia e da sociologia. Relativo ao abstrato individualismo da Escola Clássica, a Escola Positiva opôs a necessidade de defender mais enfaticamente o corpo social contra a ação do delinquente, priorizando os interesses sociais em relação aos individuais. Por isso, a ressocialização do delinquente passa a um segundo plano. A aplicação da pena passou a ser concebida como uma reação natural do organismo social contra a atividade anormal dos seus componentes. Diferentemente da Escola Clássica, o fundamento do direito de punir assume uma posição secundária, e o problema da responsabilidade perde importância, sendo indiferente a liberdade de ação e de decisão no cometimento do fato punível. Permitia o delito e o delinquente como patologias sociais, dispensava a necessidade responsabilidade penal fundar-se em conceitos morais. Além disso, a pena não reflete a natureza e a gravidade do crime, mas a personalidade do réu, sua capacidade de adaptação e especialmente sua perigosidade.
Essa Escola Penal passou por três fases mais definidas, cada uma com uma característica predominante e um autor de referência.
A primeira fase teve como expoente Cesare Lombroso, através da sua obra “O Homem Delinquente”. Com um foco antropológico, com inegável influência de Comte e Darwin, realiza estudos por meio de um método experimental e obteve como resultado e conclusão a existência de um criminoso nato (atávico), com características específicas, com um perfil físico padronizado. Observa-se nesse método e conclusão uma grande tendência à discriminação fundamentada, por exemplo, em características físicas, algo que não é aceito atualmente como justificativa para criminalizar as pessoas. O destaque se dá pela aplicação do método positivo de pesquisa e o resultado admissível para os padrões da época.
A segunda fase teve como expoente Enrico Ferri, com a sua obra “Sociologia Criminal”. De acordo com o autor, o delinquente estaria propenso às práticas criminosas em razão do meio em que vive, inexistindo o livre-arbítrio antes afirmado. Contrariando a doutrina de Lombroso e Garofalo, Ferri entendia que a maioria dos delinquentes eram readaptáveis. Considerava incorrigíveis apenas os criminosos habituais, admitindo, assim mesmo, a eventual correção de uma pequena minoria dentro desse grupo. 
A terceira fase teve como expoente Rafael Garofalo, com a sua obra “Criminologia”. Através de uma maior preocupação jurídica ele conseguiu sistematizar juridicamente os preceitos da Escola Positiva, abrindo caminho para as seguintes características basilares:
· Periculosidade como fundamento da responsabilidade do criminoso;
· Prevenção especial como fim da pena, que é uma característica comum da corrente positivista;
· Fundamentação do Direito de Punir sobre a Teoria da Defesa Social, deixando em segundo plano as metas de reabilitação;
· Formulação de uma definição sociológica do crime natural, com pretensão de superar a noção jurídica.
As contribuições de Garofalo, na verdade, não foram tão expressivas como as de Lombroso e Ferri e refletiam um certo ceticismo quanto à readaptação do homem criminoso. Esse ceticismo justificava suas posições radicais em favor da pena de morte.
O Caso Ted Bundy
Theodore Robert Bundy, nascido em 24 de novembro de 1946, na cidade de Burlington, nos Estados Unidos da América, foi um notório assassino e condenado por estuprar e matar várias mulheres em meados da década de 70, sendo que chegou a confessar 30 destes crimes. Estima-se, porém, que o número de vítimas extrapola a casa dos 100.
A vida de Ted antes de ser descoberto a respeito dos horrendos crimes que cometera parecia uma vida normal. Namorou uma jovem por certo tempo e era considerado gentil, educado e simpático. Vale ressaltar que Ted fazia uso desses atributos para conquistar a confiança de suas vítimas, que geralmente não suspeitavam de um homem bonito e carismático.
As técnicas utilizadas por Ted Bundy para atrair suas vítimas eram quase sempre as mesmas: ele fingia portar alguma incapacidade física, como um braço ou perna quebrada e pedia auxílio para suas vítimas. Desta forma, se aproxima da vítima em locais públicos, sempre mulher, jovem e de boa aparência, pedia auxílio para carregar algo para seu carro ou instalar algo no veículo. Em seguida a levava para lugar ermo, a estuprava e matava sufocada ou a pauladas. Muitas vezes voltava ao local do crime e praticava necrofilia com o cadáver em estado de putrefação. Outras, decapitava a vítima e guardava sua cabeça como troféu.
No ano de 1975 Ted Bundy foi preso pela primeira vez no estado de Utah e foi acusado de sequestro e tentativa de agressão. Desde então, passou a ser investigadopor homicídios em vários estados dos Estados Unidos da América. Ainda assim, Ted conseguiu escapar da prisão duas vezes, ocasião em que voltou a delinquir, assassinando 3 jovens no estado da Flórida, sendo que foi condenado a 3 sentenças de morte por esses crimes. Após, foi capturado em definitivo e levado a julgamento.
Durante seus julgamentos, Ted, que era graduado em psicologia e direito, atuou várias vezes em seu favor em papel equivalente ao de seu advogado e, ainda, fez uso da atenção midiática para se promover. Por fim, Ted foi condenado pelo assassinato de 36 mulheres. Bundy, por sua vez, afirmou que tal valor ultrapassa o número 100 em vítimas. Com suas duas sentenças de morte lavradas e, posteriormente, uma terceira, Ted ficou no corredor da morte por quase uma década.
Houve tentativas de sua defesa em mudar a sentença de morte para prisão perpétua, sob o principal argumento de que Ted possuía uma espécie de deformação cerebral que o impossibilitava de agir conforme sua vontade, traço comum da psicopatia. Sem sucesso, Ted foi eletrocutado na Flórida no ano de 1989 (RULE, 2019).
No decorrer dos processos criminais, Bundy foi submetido a diversos testes, como exames psiquiátricos, que divergem a opinião de cientistas até os dias de hoje. Dessa forma, são apontados sinais de bipolaridade e transtorno de personalidade múltipla, tudo baseado em comportamentos e depoimentos. Vale destacar também que o comportamento criminoso de Ted ainda se encaixa em alguns tipos de psicose, como o transtorno de personalidade antissocial. As principais características que indicam que Ted foi realmente um psicopata, além dos crimes cometidos, são o carisma superficial e forjado, a dificuldade em saber diferenciar certo de errado e a ausência de empatia, remorso e culpa.
À luz do ordenamento jurídico brasileiro, caso o magistrado tivesse optado por aderir à tese de que Ted era, de fato, psicopata, talvez sua pena não seria tão drástica e outra sanção poderia ter sido aplicada, como a medida de segurança, conforme defendido por este trabalho. Porém, não significa que Ted estaria apto a se isentar e voltar com sua vida normalmente. Pelo contrário, ele deveria ter sido retirado da vida em sociedade e submetido a exames e tratamentos com diversos especialistas, sendo que essa seria a única forma de apresentar melhora em seu quadro. Segundo o código penal, um indivíduo comprovadamente acometido de doença mental grave é considerado inimputável, ou seja, não pode responder por seus atos. Doenças como, por exemplo, a esquizofrenia, a demência senil, e em alguns casos, tumores cerebrais, podem levar o serial killer a ser considerado inimputável, pois são doenças que afetam sua percepção da realidade e do certo e errado.
Diante do cenário apresentado, não foi levada em consideração a inimputabilidade, nota-se a presença da Escola Positivista, respaldada pela busca de entender o criminoso e quais são os fatores que o circundam que o levam a ser um criminoso. O delito é tido como fato histórico e real que prejudica a sociedade, originando assim o delito e a natureza, tendo aqui como objetivo “cortar o mal pela raiz” com programas de prevenção, priorizando os estudos do delinquente independente dos delitos. Presença também das contribuições de Garofalo, na qual fica demonstrada pela pena de morte.
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