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JUSTIÇA MILITAR
O Direito Militar adquiriu importância com avinda da família real português apara o Brasil em 1808, a partir do primeiro tribunal da nação, o Conselho Militar e de Justiça, que se transformaria no Superior Tribunal Militar, STM, atualmente com sede em Brasília, cuja jurisdição atinge todo o território nacional. De acordo com a constituição, o STM é considerado um Tribunal Superior, mas na prática funciona como um tribunal de segundo grau, já que não existe na estrutura judiciária nacional um Tribunal Regional Militar.
A Justiça Militar no Brasil está prevista e disciplinada na Constituição Federal, art. 92, inciso VI, ao dispor que "São órgãos do Poder Judiciário: (...) VI -Os Tribunais e juízes militares".
Trata-se de foro especial e, de acordo com o art. 124 da Constituição Federal, à Justiça Militar da União compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Por outro, segundo o art. 125, §4º, da Carta Magna, compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares.
Ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças, destacando o próprio estatuto processual penal militar prevê a possibilidade de os casos omissos serem supridos pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar (CPPM, art. 3º, alínea “a”).
A Justiça Militar exerce função típica, eminentemente jurisdicional, concernente às suas natureza e finalidade, além de outras funções atípicas, de natureza executivo-administrativa (organização de suas secretarias –art. 96, “b”, da CRFB –a concessão de licença e férias a seus membros, juízes e servidores imediatamente vinculados –art. 96, I, “f”).
O Processo Penal Militar brasileiro se desenvolve com base nos diplomas legais a seguir relacionados:
· Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1001, de 21.10.1969)
· Código de Processo Penal Militar (Decreto-Lei nº 1002, de21.10.1969);
· Lei de Organização Judiciária Militar da União -LOJMU (Lei nº 8457 de 04.09.1992) -existindo também a legislação militar que rege os integrantes das Forças Armadas e das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares, dentre a qual se destacam: O Estatuto dos Militares (Lei nº 6880, de 09.12.1980); O Conselho de Disciplina (Decreto nº 71.500, de 05.12.1972); O Conselho de Justificação (Lei nº 5.836, de 05.12.1972);
· Lei do Serviço Militar (Lei nº 4.375, de 17.08.1964) e os Regulamentos Disciplinares da Marinha (RDM –Decreto 88.545, de 26 de julho de 1983), do Exército (R-4 –Decreto 4.346, de 26 de agosto de 2002) e da Aeronáutica (RDAer –Decreto 76.322, de 22 de setembro de 1975), além dos seus similares nas Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares
Os crimes militares são classificados em duas espécies:
· Próprios: são os cometidos por militar, a exemplo, o motim e a revolta, a violência contra superior ou militar de serviço e a insubordinação, a deserção.
· Impróprios: são os cometidos por civil e quando tal conduta é prevista no ordenamento militar castrense (CPM), a exemplo de quando um civil invade uma instalação militar e comete o delito de furto ou roubo de armamento.
Os crimes militares impróprios são considerados quando praticados por militar:
· Em atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado;
· Em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
· Em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
· Durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
· Em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar
Enquadram-se também na tipificação de crime militar os atos praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, ocorridos nas circunstâncias seguintes:
· Contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;
· Em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério Militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo;
· Contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
· Ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior.
Quanto aos crimes dolosos contra a vida e cometidos pelo militar contra civil, serão da competência da justiça comum.
Em seu artigo “Crime Militar e Crime Comum”, o professor Jorge Cesar de Assis elenca algumas diferenças entre o tratamento em que a lei dá ao crime militar e crime comum. Vejamos algumas delas:
· No Código Penal comum é adotada a teoria objetiva, punindo a tentativa com uma pena mais branda de 1 a 2 terços, enquanto que Código Penal Militar, prevê a punibilidade da tentativa com a mesma pena do crime consumado, além do que a gravidade excepcional ali contida, com definição à critério do Juiz;
· No âmbito militar, o crime continuado recebe um tratamento mais severo, uma vez que as penas são unificadas. Se da mesma espécie, a pena única será o somatório de todas e se as penas atribuídas forem de espécies diferentes, a pena que se aplicará é a de maior gravidade com aumento pertinente à metade do tempo das menos graves;
· No Código Penal comum, em caso de ocorrer um erro sobre a ilicitude de determinado fato, que se inevitável, se excluirá o dolo e o autor será isentado de pena, enquanto que, no Código Penal Militar, esta circunstância é mais severa, pois incorrer em erro por ignorância ou errada compreensão da lei, a pena é atenuada ou substituída por outra menos grave e, ainda, em caso o crime ocorrer contra o dever militar, o erro de direito não lhe aproveita;
· O Código Penal Militar prescreve um tipo diverso de estado de necessidade em circunstância na qual o Comandante de navio, aeronave, ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade possa submeter os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes;
· Para o Superior Tribunal Militar as penas que restringem direito elencados no artigo 44 do Código Penal não tem aplicação na Justiça Militar da União, porém este questão é tema controvertido na doutrina;
· A Lei dos Juizados Especiais Criminais não se aplica na esfera da Direito Militar, entendo que inexistente infração de menor potencial ofensivo;
· O Código Penal Militar prevê a ocorrência de pena de morte em estado de guerra;
· Há previsão no Código Penal Militar de penas de acessórias, a declaração de indignidade para com o oficialato, bem assim, a declaração de incompatibilidade para com o oficialato;
· O Direito Penal Militar exige que o sentenciadonão seja reincidente em crime punido com pena privativa de liberdade, em caso de se postular o sursis, bem como, veda sua concessão por vários crimes sem violência, como de desrespeito ao superior, de insubordinação, de deserção;.
· O Código Penal Militar admite o estado de necessidade justificante e estado de necessidade exculpante como excludente da culpabilidade, enquanto que o Código Penal comum prevê tão somente o estado de necessidade justificante como excludente da ilicitude;
A Lei nº 13.491/2017, de 13-10-2017, inseriu modificações no direito processual e o direito penal militar, alterando o conceito de crime militar, um dos alicerces do direito penal castrense e ainda provocou transferências de competência da Justiça Comum para a Justiça Militar da União.
A nova redação inseriu o Código Penal Comum e a legislação penal extravagante para dentro da definição de crime militar em tempo de paz e, em razão da expressão “legislação penal”, é de consequência que se englobe na esfera dos crimes militares todo e qualquer delito previsto na legislação penal extravagante, a exemplo dos crimes de tortura, dos crimes de drogas; dos crimes de abuso de autoridade e o Estatuto do Desarmamento.
Contudo, somente serão considerados crimes militares se atrelados às circunstâncias previstas no Código Penal Militar, em especial: o militar estadual estar em serviço ou de folga atuando em razão da função (em qualquer local), ou, ainda, de folga, mas dentro de local sujeito à administração militar.
A redação do art. 9º do CPP, inserida Lei nº 13.491/2017, também, não incluiu no rol de possíveis infrações penais militares as contravenções penais previstas Decreto-Lei nº 3.688/1941, tanto, que o referido dispositivo continua a referir-se tão somente a crimes, de modo que as contravenções penais, espécies de infração penal, continuam excluídas da esfera das infrações penais militares.

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