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DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS

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Christiane Novais- 4º semestre medicina 
SAÚDE SEXUAL DA MULHER- RESUMO PARA PROVA DE PMSUS
Você já parou para pensar que muitas mulheres não decidem com autonomia sobre se querem ou não ter filhos(as), quantos filhos(as) querem ter e a cada quanto tempo?
DIREITOS REPRODUTIVOS:
Direito das pessoas decidirem se querem ou não terem filhos, a quantidade e em que momento da vida.
Direito a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos.
Direito de exercer a sexualidade e reprodução livre de discriminação, imposição e violência.
Incluindo o direito:
· Individual de mulheres e homens em decidir sobre se querem ou não, ter filhos/as, em que momento de suas vidas e quantos/as filhos/as desejam ter.
· De tomar decisões sobre a reprodução, livre de discriminação, coerção ou violência.
· De homens e mulheres participarem com iguais responsabilidades na criação dos/as filhos/as.
· A serviços de saúde pública de qualidade e acessíveis, durante todas as etapas da vida.
· À adoção e ao tratamento para a infertilidade. 
Decida sobre seu corpo, é seu direito! 
DIREITOS SEXUAIS
Direito de viver e expressar a sexualidade sem violência, discriminações e imposições, com respeito pleno pelo corpo do parceiro.
Direito de escolher o parceiro.
Direito de viver a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças.
Direito de viver a sexualidade independente de estado civil, idade ou condição física.
Direito de escolher se quer ou não ter relação sexual.
Direito de expressar sua orientação sexual.
Direito de ter relação sexual independente de reprodução, com direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez indesejada e de DST/ HIV/ AIDS.
Direito aos serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e atendimento de qualidade e sem discriminação;
Os direitos reprodutivos tiveram o seu termo expressado em público pela primeira vez no ano de 1984, no IV Encontro Internacional de Saúde da Mulher, realizado na Holanda. 
E os direitos sexuais começaram a ser discutidos no final da década de 80, principalmente devido à epidemia de HIV/Aids, por ser uma doença sexualmente transmissível, mas, foi apenas mais tarde que o termo direitos sexuais foi utilizado em um documento internacional pela primeira vez, na Declaração de Beijing, após a realização da IV Conferência Mundial sobre a Mulher, em 1995.
No documento, os direitos reprodutivos são tidos no artigo 213 como:
“Direitos básicos de todos os casais e indivíduos a decidir livre e responsavelmente o número, a frequência e o momento para terem seus filhos e de possuir as informações e os meios para isso, bem como do direito a alcançar o mais elevado nível de saúde sexual e reprodutiva”. 
Em relação aos direitos sexuais, no artigo 96 é declarado que:
“Os direitos humanos das mulheres incluem seus direitos a ter controle sobre as questões relativas à sua sexualidade, inclusive sua saúde sexual e reprodutiva, e a decidir livremente a respeito dessas questões, livres de coerção, discriminação e violência”.
A ONU não se posicionou, pois há o entendimento por parte da comunidade internacional que esses direitos estão abraçados nos já existentes documentos internacionais sobre os direitos das mulheres, como a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW).
No caso do Brasil, os direitos sexuais e reprodutivos são protegidos pela Constituição Federal de 1988, sendo que os direitos sexuais estão relacionados ao conceito de autodeterminação sexual, que consiste na liberdade do indivíduo de fazer suas próprias escolhas no que se refere ao exercício de sua sexualidade. São eles:
•	Direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e imposições e com respeito pleno pelo corpo do(a) parceiro(a);
•	Direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual; 
•	Direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças; 
•	Direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual; 
•	Direito de viver a sexualidade independentemente de estado civil, idade ou condição física; 
•	Direito de ter relação sexual independente da reprodução; 
•	Direito de expressar livremente sua orientação sexual;
•	Direito à informação e à educação sexual; 
•	Direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez indesejada e de infecções sexualmente transmissíveis (IST); 
•	Direito aos serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e atendimento de qualidade e sem discriminação.
Os direitos reprodutivos no Brasil, por sua vez, asseguram a livre tomada de decisão sobre a própria fecundidade, gravidez, educação dos filhos e saúde reprodutiva, com base em informações seguras e livre de discriminação, coerção ou violência. São eles:
•	Direito das pessoas de decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas; 
•	Direito a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos;
•	Direito de exercer a reprodução livre de discriminação, imposição e violência;
É importante ressaltar que por se tratar de direitos que envolvem o controle e a integridade do próprio corpo da mulher, os direitos sexuais e reprodutivos buscam proteger as mulheres de violências sexuais e envolvem esforços para eliminar a mortalidade materna e neonatal. Incluindo questões sobre a fertilidade da mulher, garantindo o acesso a meios de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis e métodos e serviços contraceptivos.
SEXO X GÊNERO
Sexo é biológico, fixo, já gênero é uma distinção sociológica, que muda em tempo e espaço.
Sexo está relacionado com o órgão sexual que a pessoa possui, mas muitas vezes, o indivíduo possui sistema reprodutor feminino, no entanto se identifica como homem, então possui o sexo feminino e o gênero masculino! O mesmo pode ocorrer ao inverso, da mesma forma que o gênero pode coincidir com o sexo.
Já orientação sexual é o mesmo que “opção sexual”, ou seja, não é uma escolha, e sim, desenvolvida ao longo da vida, estando relacionada com diferentes formas de atração afetivas e sexuais.
Existem diversas identidades de gênero diferentes, incluindo masculino, feminino, transgênero, gênero neutro, não-binário, agênero, pangênero, genderqueer, two-spirit, terceiro gênero e todos, nenhum ou uma combinação destes.
CISGÊNERO: Pessoa que se identifica em todos os aspectos com seu gênero de nascença;
TRANSGÊNERO: Pessoas que não se identificam com o gênero imposto ao nascimento;
NÃO-BINÁRIO: Pessoas que não se percebem como pertencentes a um gênero exclusivamente. Isso significa que sua identidade de gênero e expressão de gênero não são limitadas ao masculino e feminino.
AGÊNERO: Pessoas que não se identificam com nenhum gênero;
DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE
DESENVOLVILMENTO PSICOSSOCIAL
De modo genérico, define-se desenvolvimento como um processo dinâmico, de diferenciação e maturação, que ocorre durante toda a vida. Por que então é mais complexo na adolescência? A adolescência é conceituada como uma fase de desenvolvimento do ser humano situada entre a infância e a idade adulta que, apesar de transitória, é extremamente importante, uma vez que, neste período, são obtidas as características físicas, psicológicas e sociais de adulto.
A busca da identidade adulta é a principal tarefa da adolescência e, para que isto aconteça, é necessário que o jovem vivencie três grandes perdas: 
1) luto pela perda do corpo infantil; 
2) luto pela perda dos pais da infância; 
3) luto pela perda da identidade e do papel infantil.
- Adolescência inicial – dos 10 aos 13 anos 
- Adolescência média – dos 14 aos 16 anos 
- Adolescência final – dos 17 aos 20 anos 
Síndrome da Adolescência Normal (SAN):
Constituída de dez itens, dos quais faz parte a evolução sexual, desde o auto-erotismo até o exercício da sexualidade genital adulta.
DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE
De acordo com Freud, o desenvolvimento segue por meio da idade: no primeiro ano de vida, na boca (fase oral); de 18 meses até 3 ou 4 anos, na região anal e perineal (fase anal); dos 3 aos 5 ou 6 anos,nos genitais (fase genital infantil); dos 6 ou 7 anos até a puberdade, na atividade muscular e intelectual (fase de latência).
Na pré-adolescência, o sexo biológico, baseado em cromossomos, gônadas e hormônios já está determinado e a identidade de gênero, ou senso de masculinidade e feminilidade, está estabelecida. Com o início da puberdade, a energia sexual polarizada até então para regiões definidas, passa a se transformar juntamente com as mudanças físicas, caracterizando a etapa genital adulta. 
ADOLESCÊNCIA INICIAL:
A adolescência inicial distingue-se pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários, pela curiosidade acerca dessas mudanças e pelas fantasias sexuais, que são comuns e que podem vir acompanhadas de sentimento de culpa. A prática masturbatória começa neste período e os jovens envolvem-se em muitas atividades não genitalizadas, como falar ao telefone ou bater papo na Internet com seus amigos.
ADOLESCÊNCIA MÉDIA:
Na adolescência média, completa-se a maturação física e a menstruação inicia-se nas meninas; a energia sexual está mais desenvolvida e ocorre maior ênfase ao contato físico. O comportamento sexual é de natureza exploratória, as relações casuais com o corpo são comuns e a negação das consequências da atividade sexual é uma atitude típica.
ADOLESCÊNCIA TARDIA:
O término do crescimento físico e da maturação genital acontece na adolescência tardia, onde o comportamento sexual torna-se mais expressivo e menos explorador, com relações íntimas mais desenvolvidas.
MASTURBAÇÃO
A masturbação é definida como a procura solitária do prazer sexual, através da auto-estimulação. No início da adolescência a atividade masturbatória apresenta caráter basicamente explorador, sendo acompanhada de curiosidade, experimentação e avaliação do desempenho, principalmente no sexo masculino. Na medida em que vai ocorrendo o amadurecimento, a masturbação passa a se direcionar para a busca do orgasmo, com o objetivo de saciar a necessidade sexual.
Apesar de se saber que a normalidade não é medida numericamente, é importante ficar atento para aqueles casos onde a frequência é muito grande. Em algumas situações, o jovem pode estar tentando compensar frustrações ou descarregar tensões, através da masturbação.
Outros aspectos a serem considerados dizem respeito, no caso das meninas, à utilização de objetos masturbatórios na vagina e, em ambos os sexos, a questão da privacidade, condição a ser respeitada tanto pelo adolescente, como por seus familiares. Finalmente, vale ressaltar que, embora a masturbação tenha sofrido uma série de recriminações morais e religiosas no decorrer dos tempos e de, ainda hoje, ser motivo de vários tabus, raramente sua prática na adolescência traz algum dano ao desenvolvimento normal.
POLUÇÃO NOTURNA
A polução noturna acontece quando os espermatozóides já formados não são eliminados através da masturbação ou da relação sexual e buscam uma saída durante o sono. Isso ocorre porque um estímulo cerebral para sonhos eróticos que levariam ao orgasmo; daí a denominação popular de “sonhos molhados”. Apesar de se tratar de uma particularidade fisiológica, esta ejaculação noturna involuntária às vezes causa constrangimento ao adolescente, que deve ser tranquilizado quanto a sua normalidade.
JOGOS SEXUAIS
Na segunda etapa do desenvolvimento, quando existe uma tendência maior ao contato físico e o comportamento ainda é basicamente explorador, podem surgir atividades sexuais entre adolescentes do mesmo sexo. É a chamada fase pubertária homossexual do desenvolvimento. Um dos jogos sexuais praticados pelos meninos é o vulgarmente conhecido como “troca-troca” que, quando descoberto pelos adultos, costuma gerar dúvidas e preocupações quanto a uma possível identificação homossexual na vida adulta.
A possibilidade de dano só é real quando existe diferença de idade ou de fase de desenvolvimento entre os participantes ou quando, por pressão do grupo ou por vontade própria, o jovem passa a ser sempre o passivo; a permanência nessa passividade pode tornar o púbere um homossexual
FICAR
O “ficar” é definido como o namoro corporal sem compromisso social. Pode incluir carícias, beijos, abraços, toques e até relação sexual, sendo que, na maioria das situações, o grau de intimidade depende do consentimento da menina.
Como aspecto positivo, identifica-se a descoberta da sexualidade ocorrendo entre jovens da mesma faixa etária, porém, o que preocupa é o fato do “ficar” iniciar-se exatamente na fase exploratória do desenvolvimento, onde, além da ausência de compromisso, a onipotência, a negação e os comportamentos de risco são aspectos característicos
ATIVIDADE SEXUAL
A maior parte das adolescentes experimenta o desejo sexual de modo diferente dos rapazes; enquanto para os meninos o impulso é urgente, eminentemente genital, e separado da noção de amor, nas meninas, ele é difuso e associado a outros sentimentos.
Quanto ao início, a primeira relação sexual tem ocorrido cada vez mais precocemente. A idade média situa-se entre 15 e 16 anos, com uma tendência a acontecer mais cedo entre os adolescentes de classes sociais menos favorecidas. Existem algumas condições consideradas como necessárias para que a experiência sexual seja enriquecedora: o indivíduo deve estar informado a respeito dos aspectos biológicos e preventivos da sexualidade, deve ser capaz de lidar com eventuais pressões familiares, sociais e com o aprofundamento da relação, e deve estar apto a exercer essa atividade de maneira agradável para ambos, livre de culpa e consciente. Ou seja, não induzida pelo medo de perder o outro ou pela incapacidade de dizer não.
PLANEJAMENTO REPRODUTIVO E CONTROLE DE NATALIDADE
O que é planejamento familiar? É um conjunto de ações em que são oferecidos todos os recursos, tanto para auxiliar a ter filhos, ou seja, recursos para a concepção, quanto para prevenir uma gravidez indesejada, ou seja, recursos para a anticoncepção.
O Planejamento Familiar é uma espécie de controle da taxa natalidade mais sutil e flexível exercida pelos governos de diversos países. Ao invés de se estabelecer controles rígidos sobre o crescimento da população, essa é uma medida voltada para educar os casais e convencê-los de que o melhor é ter menos filhos, ensinando a eles questões sobre os custos de se ter uma criança e sobre os métodos contraceptivos existentes.
Esses recursos devem ser cientificamente aceitos e não colocar em risco a vida e a saúde das pessoas, com garantia da liberdade de escolha. O planejamento familiar é um direito sexual e reprodutivo e assegura a livre decisão da pessoa sobre ter ou não ter filhos.
Os países desenvolvidos registram taxas de natalidade muito menores que a dos países subdesenvolvidos e, por isso, pressionam para que eles também diminuam esses índices. Na conferência de Bucareste, realizada na Romênia em 1974, os países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos, tentaram fechar um acordo que exigisse das autoridades mundiais um maior controle sobre o crescimento populacional. Entretanto, os países subdesenvolvidos produziram a chamada Carta de Bucareste, na qual os signatários argumentavam que os problemas da fome e da miséria eram resultantes das limitações econômicas impostas pelas nações ricas sobre as nações pobres.
O Brasil, no entanto, desde 1974 adota medidas para educar e incentivar a prática do Planejamento Familiar para fins de controle das taxas de natalidade. Estabeleceu-se, através da mídia principalmente, que uma família ideal teria o número máximo de dois filhos por casal. Além disso, acontece até hoje a distribuição de pílulas anticoncepcionais e camisinhas, bem como a venda desses produtos a preços acessíveis e sem controle médico.
O planejamento familiar é um direito das pessoas assegurado na Constituição Federal e na Lei n° 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que regulamenta o planejamento familiar, e deve ser garantido pelo governo.
Na sociedade em que vivemos, as questões relacionadas à anticoncepção são tradicionalmente vistas como de responsabilidade exclusiva das mulheres. Entretanto,ninguém faz filho sozinho. Para o pleno desenvolvimento de homens e mulheres, é importante a construção de parcerias igualitárias, baseadas no respeito entre os parceiros e em responsabilidades compartilhadas.
Os(as) adolescentes e os(as) jovens têm direito de ter acesso a informações e educação em saúde sexual e saúde reprodutiva e de ter acesso a meios e métodos que os auxiliem a evitar uma gravidez não planejada e a prevenir-se contra as doenças sexualmente transmissíveis/HIV/ AIDS, respeitando-se a sua liberdade de escolha.
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
A taxa de gestação na adolescência no Brasil é alta para a América Latina, com 400 mil casos/ ano.1 Quanto à faixa etária, dados do Ministério da Saúde revelam que em 2014 nasceram 28.244 filhos de meninas entre 10 e 14 anos e 534.364 crianças de mães com idades entre 15 e 19 anos. Esses dados são significativos e requerem medidas urgentes de planejamento e ações.
Em 2015, 18% dos brasileiros nascidos vivos eram filhos de mães adolescentes. Quanto à distribuição demográfica, a região com maior número de mães adolescentes é a região Nordeste, concentrando 180 mil nascidos ou 32% do total. Segue-se a região Sudeste, com 179,2 mil (32%), a região Norte com 81,4 mil (14%), a região Sul (62.475 – 11%) e a Centro Oeste (43.342 – 8%).
Ficar grávida é o desejo de muitas mulheres, inclusive adolescentes. No entanto, a gravidez na adolescência pode transformar esse momento vital em muitas crises e riscos para a adolescente, para o recém-nato (RN), para a família e para a sociedade, aumentando os custos associados ao evento para o sistema de saúde e, elevando as taxas de mortalidade, além de impactar no futuro de várias gerações.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a gestação nesta faixa etária é uma condição que eleva a prevalência de complicações maternas, fetais e neonatais, além de agravar problemas socioeconômicos existentes. Como em outras condições de saúde, o prognóstico da gravidez na adolescência depende da interação de fatores biológicos, sociais, psicológicos, culturais e econômicos.
Diversos fatores concorrem para a gestação na adolescência. No entanto, a desinformação sobre sexualidade, sobre direitos sexuais e reprodutivos é o principal motivo. Questões emocionais, psicossociais e contextuais também contribuem, inclusive para a falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, incluindo o uso inadequado de contraceptivos, como métodos de barreira e preservativos.
A falta de um projeto de vida e expectativas de futuro, educação, pobreza, famílias disfuncionais e vulneráveis, abuso de álcool e outras drogas, além de situações de abandono, abuso/violência e a falta de proteção efetiva às crianças e aos adolescentes, também fazem parte desse quadro. Ocorre também a adoção do RN pelos avós ou familiares, como substitutos da maternagem do RN e retirando esse direito dessas adolescentes. Ou ainda o RN é deixado em abrigo para adoção. Muitas vezes, a gravidez é desejada pela jovem, inclusive como uma resposta ao meio que a circunda ou como forma de exercer a sexualidade, de ser incluída e aceita socialmente. Ou ainda por gerar benefícios financeiros futuros para a família. Todos esses fatores também contribuem para a reincidência da gravidez ainda na adolescência.
Pesquisas sobre mudanças na vida social revelam que as gestantes adolescentes indicam a interrupção dos estudos como a mais frequente e preocupante.
No entanto, a gravidez na adolescência não é um fenômeno homogêneo e depende do contexto social no qual a garota está inserida. Nas camadas sociais média e alta, a ocorrência de gestação na jovem tende a não prejudicar tanto o percurso de escolarização e profissionalização. Por outro lado, em classe social baixa, a adolescente tem maior dificuldade em continuar e finalizar os estudos, encontrando mais obstáculos na sua profissionalização, até porque, na maioria das vezes, não pode contar com o apoio familiar e social.
Um dos mais importantes fatores de prevenção é a educação, fato indubitável para a saúde plena, tanto individual quanto coletiva. Nesse sentido, é importante considerar a educação abordando sexualidade e saúde reprodutiva, tanto no meio familiar quanto na escola, com abordagem científica, e nos programas de promoção à saúde. Não apenas quanto aos eventos biológicos, mas em relação ao convívio de respeito entre meninos e meninas, atividades sexuais com responsabilidade e proteção – métodos contraceptivos - principalmente durante a adolescência.
– A Lei 7398/2019, que acrescenta o artigo 8°A ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), para instituir a Semana de Prevenção de Gravidez na Adolescência é mais uma das ações preventivas de gravidez inesperada, visando a proteção da vida da jovem adolescente. Essas iniciativas ocorrerão nos primeiros dias de fevereiro e serão de responsabilidade do poder público em conjunto com a sociedade civil.
– Garantir o desenvolvimento integral na adolescência e juventude é uma responsabilidade coletiva, que precisa articular família, escola e sociedade, e articulando com políticas públicas de atenção integral à saúde em todos os níveis de complexidade.
– Trabalhar pela saúde de adolescentes exige empatia e visão holística do ser humano, no seu ciclo de vida, com abordagem sistêmica de suas necessidades, não se restringindo à prevenção de doenças e agravos ou ao atendimento clínico, mas incluindo também a prevenção da gravidez.
– Cabe principalmente ao pediatra, como profissional de saúde comprometido e especializado no crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, o papel de prevenção, atendimento, acompanhamento e assistência da gravidez que ocorre durante a adolescência, desde antes dessa gestação, como durante os períodos de pré-natal, parto e neonatal, assim como o acompanhamento dessa mãe adolescente e de seu filho, no sistema de saúde, a seguir.
– A saúde de adolescentes está diretamente relacionada à promoção do protagonismo juvenil e do exercício da cidadania, ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, à educação em saúde e prevenção de agravos; está ainda correlacionada aos projetos de vida e espiritualidade, no seu mais amplo sentido.
– Implica também a articulação entre órgãos e instituições, públicas e privadas, embasando-se em situações epidemiológicas, indicadores e demandas sociais, respeitando os princípios do Sistema Único de Saúde, SUS.
– Investir nos adolescentes/jovens exige recursos que influenciem tanto no presente quanto no futuro, uma vez que os comportamentos nessa idade serão cruciais para toda a vida. Afinal, cuidar de adolescentes e jovens é investir no futuro com mais saúde, produtividade, felicidade e qualidade de vida das gerações.

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