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Fichamento Hannah Arendt

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Fichamento do filme "Hannah Arendt: ideias que chocaram o mundo", dirigido por
Margareth von Trotta
O filme “"Hannah Arendt: ideias que chocaram o mundo”, dirigido por Magareth von
Trotta, retrata um período da vida de Hannah Arendt relacionado ao julgamento de Adolf
Eichmann em Jerusalém. Hannah Arendt foi uma estudiosa da filosofia política, judia e nascida
na Alemanha no início do século XX. Durante o nazismo, foi para a França, onde esteve em um
campo de internação e, posteriormente, foi exilada nos Estados Unidos, onde trabalhou como
professora universitária.
Após o declínio do regime, houve o julgamento de vários líderes nazistas no julgamento
de Nuremberg pelos crimes contra a humanidade perpetrados pelo nazismo na 2ª Guerra
Mundial. Entretanto, após a derrota da Alemanha nazista e a morte de Adolf Hitler, alguns dos
nazistas conseguiram fugir com identidades falsas para outros países e não foram julgados em
Nuremberg, entre eles Adolf Eichmann, um dos líderes nazistas responsável pela deportação de
centenas de milhares de judeus para os campos de concentração.
Ocorre que em 1961, Adolf Eichmann foi encontrado foragido na Argentina e foi levado
a julgamento em Jerusalém. Hannah Arendt pediu para o jornal The New Yorker para
acompanhar e escrever sobre o julgamento para este jornal. Entretanto, ao presenciar Eichmann
no julgamento, não encontrou um nazista fanático, mas sim um homem aparentemente comum
que se dizia apenas um burocrata e que indicava que pessoamente não tinha nada contra os
judeus, estava apenas cumprindo ordens. Para Eichmann, a discussão sobre o que ele fez era
pautada apenas na lealdade com o juramento que ele prestou para o partido nazista e não na ideia
de mal e perversidade intrínsecos. Ele defendia que não tinha maltratado ou morto nenhum
judeu, apenas assinava papéis para sua deportação e, a partir do momento em que estes judeus
estavam nos trens, seu trabalho estava concluído, de forma que este não pensava no que
aconteceria com essas pessoas depois.
A partir do choque que Eichmann provocou em Arendt, esta escreveu uma matéria acerca
da natureza humana e da questão moral que envolvia o caso de Eichmann, se colocando de
maneira imparcial para analisar o caso e tentar entender as motivações do réu em questão. Nesse
seu texto, Hannah Arendt concluiu que os seres humanos são capazes de cometer atos atrozes
sem ter necessariamente uma inclinação ou intenção maligna intrínsecas, mas somente pela
incapacidade de pensar e de se posicionar criticamente acerca de suas atitudes o que ela chamou
de “banalização do mal”.
Para Arendt, como resultado de uma massificação de pensamentos na sociedade, se criou
uma gama de pessoas que foram incapazes de fazer julgamentos morais, apenas aceitando e
cumprindo as ordens que lhe eram dadas sem fazer quaisquer questionamentos. Eichmann, nesse
sentido, não foi tratado como um monstro, mas apenas como um funcionário desse sistema, que
era incapaz de contestar as ordens recebidas, independente do teor delas.
Esses pensamentos de Hannah Arendt chocaram a sociedade na época, principalmente
pois ela, como judia, deixou de tratar Eichmann como um monstro, a despeito das atrocidades
praticadas pelo nazismo contra os judeus, mas sim tratar a situação de uma forma filosófica, ao
indicar que o mal muitas vezes está na falta de pensamento crítico, em uma atitude de se
distanciar do caráter humano e não assumir a responsabilidade ou refletir acerca das atitudes
tomadas.
Além disso, o filme mostra as reações da sociedade aos pensamentos de Hannah Arendt e
as expectativas que a sociedade colocou nos pensamentos da filósofa. Também, aborda os
pré-conceitos e as mentiras propagadas através da falta de conhecimento, pois a maioria das
críticas feitas à matéria de Arendt no filme vieram de pessoas que sequer terminaram de ler o que
ela escreveu ou tentou entender as reflexões feitas, sendo reproduzidas de forma sensacionalista
e tendenciosa.

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