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O filme conta a história da Professora Hannah Arendt, uma imigrante alemã e judia que chega aos Estados Unidos acompanhada de seu marido, após ambos terem conseguido fugir de um campo de internação francês. Diante de tudo que foi vivenciado pela mesma, ao saber que Mossad, tinha conseguido prender um dos oficiais nazistas, e que seu julgamento seria em Jerusalém, a filósofa se sente na obrigação de ir fazer a cobertura desse acontecimento, e então, resolve pedir a permissão do editor da The New Yorker, William Shawn, para poder ir ao julgamento, o mesmo fica receoso, pois “filósofos não obedecem prazos”, porém acaba aceitando. No ano de 1961, Hannah parte para Israel, mesmo contra a vontade do seu marido, que receava sobre como ela absorveria as informações e que isso poderia perturba-la e trazer lembranças indesejadas. Ao chegar lá, depara-se com a notícia de que o réu Adolf Eichmann, seria interrogado dentro de uma cela de vidro, com o argumento de que seria para a proteção do mesmo. Durante o julgamento, Hannah começa a se questionar sobre a competência de Israel para julgar uma pessoa por crimes que de fato não foram cometidos lá, isso fica mais evidente quando a filósofa percebe a forma com que as testemunhas se portavam perante o nazista, as mesmas se mostravam sem medo e programadas ao descrever o que havia ocorrido, deixando Hannah com uma interpretação de que o julgamento não era sobre os crimes que Eichmann tinha cometido e sim sobre um fato histórico, tornando o julgamento teatral. Durante o interrogatório, Hannah passa a perceber que Eichmann, não acreditava ter colaborado para a morte dos judeus, tendo o mesmo repetido inúmeras vezes que “não havia matado ninguém, pois apenas fazia o transporte” que estava “cumprindo ordens” e portanto, não se sentia responsável pelo genocídio. Quando foi questionado se faria o mesmo contra seu pai, Eichmann diz que se o pai tivesse desobedecido as ordens ele teria o matado. O julgamento levantou a questão de que líderes judeus teriam trabalhado com os nazistas, e que talvez eles teriam facilitado a morte de milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Após o julgamento ela volta para os Estados Unidos levando as cópias dos depoimentos para leitura e uma análise aprofundada do caso em questão. Ela começa a escrever e dar aulas, até que sai o veredito o qual o acusado é condenado. Decisão que é muito discutida em uma reunião entre amigos em sua casa, os quais discordam dos posicionamentos da mesma, já que a Arendt defendia a ideia que Eichmann era um mero cumpridor de ordens, defendo que ele deveria pagar pelo mal que fez, mas, que ele era uma pessoa normal assim como tantos outros que cumprem ordens sem questionar o certo ou errado. Depois de um tempo a filósofa termina o artigo e entrega a William Shawn, que mesmo receoso sobre algumas parte, decide publicar. Quando foi publicado o artigo de Arendt poucas pessoas entenderam a sua abordagem ao relatar a complexidade que envolvia todo o julgamento de Eichmann. Para explicação do seu pensamento ela desenvolveu dois raciocínios para exemplificar o acontecido intitulados de “mal radical” e a “banalidade do mal institucionalizado”, neste último, ela tentava usar as justificativas nazistas para desenvolver uma espécie de desculpa adotada pelos mesmos em relação aos crimes cometidos, uma vez que eram culpados indiretos, pois só cumpriam ordens. Sendo assim, muito criticada, inclusive pelos seus amigos mais próximos, os quais achavam que a mesma estaria defendendo um nazista. Os ataques sofridos por Hannah baseados muitas das vezes em um prejulgamento, sem pelo menos uma análise dos seus argumentos, a fez perder amigos importantes, apenas por não compreenderem o seu modo de pensar. Porém mesmo sofrendo pelas perdas e ameaças feitas por Siegfried, ela não recua e enfatiza que "entender é a responsabilidade de qualquer pessoa que tenta colocar a ponta da caneta no papel sobre esse assunto", porque "tentar entender não é o mesmo que perdoar". Durante toda a polêmica causada pela publicação do artigo, a faculdade na qual Arendt lecionava, tentou afastá-la das suas atividades acadêmicas com a justificativa de falta de alunos nas turmas dela, porém o que eles realmente queriam era que a filósofa não disseminasse aos seus alunos a visão que ela tinha, tendo em vista que suas aulas eram as mais cobiçadas pelos discentes. Ponto alto do filme que vai se finalizando, é quando a mesma enfrenta a direção da instituição e diz que vai fazer uma análise de seu artigo para seus alunos. Ela se dirige ao auditório lotado de alunos, e alguns membros da instituição e mostrou a todos como interpretar verdadeiramente o seu artigo. Hannah deixa claro que não estava defendendo um nazista, e que apenas estava mostrando que o pensamento, ou a falta dele, pode levar a uma destruição, como foi o nazismo. Demonstrando que o acusado não tinha a virtude do pensar e do questionamento, sendo assim, não conseguia desenvolver o senso crítico, ou fazer uma ponderação dos valores, ele apenas cumpria as ordens. Hannah então, dirige para a plateia o questionamento de que se os judeus também pensassem e agissem diferente as coisas poderiam ter sido diferentes, e reforça que o fato de entender o ocorrido, não significa dizer que está perdoando todo o mal que o grupo causou. Sendo assim, ao analisar toda a situação, Hannah foi imparcial, não realizou nenhum juízo de valor e assim chegou à conclusão de que para o acontecimento de todo o extermínio de seu povo era imprescindível a participação de seus líderes judeus, o que causou espanto em toda a sociedade, pois todos esperavam uma postura condenatória por parte da Hannah aos nazistas, e ao invés disso, ela mostrou os dois lados da história. Naquele dia, no meio de seus alunos, se fazia presente um amigo da Alemanha de Hannah que não aceitou as explicações dadas pela mesma e a renegou, pois muitos contemporâneos dela ainda sofriam com as feridas deixadas pelo holocausto. E o filme termina da mesma forma que começou, com Hannah Arendt fumando seu cigarro e pensando, demonstrando que não sente arrependimento pelo que foi abordado em seu artigo, tendo em vista que, posteriormente veio a publicação de seu livro intitulado de “Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal”. Após a exibição do filme pode-se concluir que, Hannah Arendt foi uma importante filósofa e professora, a qual trouxe algumas reflexões sobre o mal, a importância do pensamento para as atitudes e a responsabilidade humana existentes. Tendo em vista que havia pouco tempo do fim do holocausto os questionamentos e apontamentos feito por ela foram considerados como muito polêmicos para a sua época. Além de viver numa sociedade predominantemente machista, Arendt ainda se deparava com o senso comum de pessoas que não buscavam se questionar sobre o porquê das coisas. Diante disso,ela assume um importante papel de fazer com que as pessoas reflitam e busquem suas próprias verdades, fazendo com que abandonem o tão conhecido mito e sigam em direção da luz, do conhecimento. O filme traz a inclusão de imagens e vídeos do arquivo original do julgamento de Eichmann, enquanto ele garante não ter responsabilidade sobre a morte de 6 milhões de judeus, o que o torna ainda mais cativante e emocionante. Após ver o filme, fica claro o quão atual são as questões levantadas por Hannah no nosso dia a dia, é preciso enxergar como a falta do pensamento, do questionamento levam as pessoas as fazerem coisas impensadas, e que geram consequências graves por atitudes egoístas, e uma frase célebre de Hannah define bem isso: “Nada é mais difícil que pensar”. O pensamento pode mudar as coisas, pode melhorar as soluções, mas isso é difícil pra quem não quer enxergar o outro. Para o direito, essa ciência que o pensamento se faz presente em todas as atividades, as atividades de Hannah Arendt foram importantes parao Direito Humano, desde o início quando ela já viu a gaiola de vidro como um excesso, também ao reconhecer que o julgamento era ilegal, uma vez que não se julgava a pessoa, e sim um fato histórico.
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