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APG 32 – O ÚLTIMO ZUMBI Kamilla Galiza Objetivos • Diferenciar os tipos de leishmaniose; • Relatar a epidemiologia da leishmaniose tegumentar; • Identificar os fatores de risco e etiologia leishmaniose tegumentar, destacando o ciclo de vida do protozoário e a transmissão; • Descrever a fisiopatologia da leishmaniose tegumentar, relacionando com sinais e sintomas, bem como as complicações; • Discorrer como se dá o diagnóstico da leishmaniose tegumentar, evidenciando os exames e seus achados; • Relatar a prevenção e a conduta terapêutica para o paciente com leishmaniose tegumentar. Tipos Visceral: mais conhecida como calazar, os parasitas invadem os macrófagos de todo o sistema fagocitário e sobrecarregam o SI. Seus principais sintomas são a febre persistente, linfoadenopatia, ou seja, aumento dos linfonodos, comprometimento da medula óssea (aplasia medular – redução das células da medula, como hemácias e os leucócitos), hepatoesplenomegalia, perda de peso. No Brasil geralmente é causada pela L. chagasi. Tegumentar: é dividida em três tipos, cutânea, mucocutânea e difusa. • Cutânea: afeta apenas ate a camada derme da pele e forma um tecido granuloso, seus sinais são úlceras com bordas esbranquiçadas, é uma lesão única, apenas no local da picada do mosquito, essa lesão pode crescer para os lados, mas não se espalha para outras partes do corpo, a ferida fica grande, pois os macrófagos dilatam. Geralmente causada pela L. braziliensis. • Mucocutânea: essa lesão é a mais profunda e passa da derme, as ulceras atingem as mucosas nasais, podendo atingir o palato e a nasofaringe, causando uma deformação são irreversíveis, além disso, depois de um tempo que as feridas cicatrizaram, elas podem reativar e voltar com as lesões. • Cutânea difusa: é caracterizada por vários nódulos que se espalham totalmente pelo corpo, tem pouca resposta ao tratamento, é uma forma rara, quase se torna uma forma visceral, a resposta imune dessa é mais eficiente do que a visceral, pois contem apenas na pele, já a visceral atinge o sistema. Epidemiologia A forma tegumentar é endêmica na América Latina. O Brasil, Peru e Bolívia são responsáveis por 90% dos casos. No brasil, a maior incidência é na região Norte e Nordeste. Tegumentar Leishmaniose APG 32 – O ÚLTIMO ZUMBI Kamilla Galiza Fatores de risco Os fatores de risco para infecção entre os moradores de áreas endêmicas incluem: • Idade < 5 anos • Coinfecção pelo HIV ou outra forma de imunodeficiência. • Desnutrição Etiologia O termo leishmaniose se refere às doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania. Essa doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito flebótomo. Conforme, a região, vários animais e até o homem pode atuar como reservatório. Agente etiologico Para a leishmaniose tegumentar temos como principais agentes etiológicos a L. braziliensis, L. guyanensis, L. amazonenses. As leishmanias são protozoários parasitas intracelulares obrigatórios de fagócitos mononucleares, possuindo uma forma flagelada, ou promastigota, e uma forma sem flagelo, ou amastigota. A forma promastigota fica nos vetores e as formas amastigotas nos organismos vertebrados. Ciclo do vetor O vetor se contamina sugando macrófago com Leishmania amastigotas. Os macrófagos se rompem no trato digestivo anterior das fêmeas e liberam as formas amastigotas, que se transformam em promastigotas – flageladas. Agora flageladas, a leishmania se prende ao epitélio. Essa forma promastigota é liberada quando a fêmea pica o hospedeiro vertebrado e é fagocitada por fagócitos mononucleares na epiderme, recomeçando o ciclo ao voltar para a forma amastigota. Assim, o ciclo é heteroxênico. Patogenese De forma simplificada, o ciclo da vida da Leishmania é resumido pela picada de um flebotomíneo infectado a um ser humano ou outro reservatório (especialmente o cão), infectando-o com promastigotas de leishmania que apresentam a capacidade de invadir macrófagos e sobreviver dentro deles. Nos macrófagos, a promastigota passa a forma amastigota, se replicando e posteriormente infectando outros macrófagos. Quando o flebotomíneo pica um reservatório infectado pela leishmania, ingere macrófagos infectados por amastigotas, que são então liberadas no intestino do flebotomíneo. As amastigotas passam então novamente à forma de promastigotas, e assim o ciclo deida da leishmania se inicia. Fiosiopatologia O exame histopatológico revela inflamação crônica e aguda, com alterações granulomatosas. Células mononucleares do sangue periférico de indivíduos com leishmaniose cutânea típica produzem interferon gama em resposta a antígenos de leishmania in vitro, e os pacientes apresentam reação de hipersensibilidade do tipo tardio. Na lesão, parece haver um equilíbrio entre uma imunidade celular protetora e uma exacerbadora da doença. Por fim, as células T com resposta Th1 (ação pró-inflamatória) predominam e ocorre a APG 32 – O ÚLTIMO ZUMBI Kamilla Galiza cura da lesão, deixando uma cicatriz atrófica no local. Sinais e sintomas Os sintomas da Leishmaniose Tegumentar (LT) são lesões na pele e/ou mucosas. As lesões de pele podem ser únicas, múltiplas, disseminada ou difusa. Elas apresentam aspecto de úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolor. As lesões mucosas são mais frequentes no nariz, boca e garganta. Quando atingem o nariz, podem ocorrer: • Entupimentos • Sangramentos • Coriza • Aparecimento de crostas • Feridas Na garganta, os sintomas são: • dor ao engolir • rouquidão • tosse Quadro clinico O período de incubação da leishmania tegumentar é de 1-3 meses. A leishmaniose cutânea inclui diversas formas de variação pode ir desde cutânea difusa, caracterizada por lesões cutâneas nodulares disseminadas, contendo um grande numero de macrófagos infectados com amastigotas. Essas lesões nodulares não evoluem para úlceras, uma vez que a resposta Th1 protetora não se desenvolve de forma adequada e a síndrome persistente indefinidamente; manifestando-se na forma de lesões destrutivas crônicas. Nas lesões típicas, que são ulceras indolores únicas, há evidencias de uma resposta Th1 intensa, produção de IL-10 diminuída e baixa resposta exógena de IL-10. O mesmo paciente pode apresentar apenas uma ou múltiplas lesões cutâneas. Formas clinicas Difusa • Nódulos isolados ou agrupados, máculas, pápulas e placas infiltradas. • As lesões se disseminam e têm limites imprecisos • Prova cutânea sempre negativa • Elevados títulos de anticorpos • Tratamento com resultados insatisfatórios, com recidivas constantes. Mucosas • Predileção por vias aéreas superiores, principalmente septo nasal • Evolução arrastada, desconforto, ardência, obstrução nasal, aumento de secreção, formação de crostas escuras e sangramento • Doença nas mucosas está associada à exacerbação da resposta celular • Resposta ao tratamento é satisfatória. Diagnostico Parasitológico: Biópsia da borda da lesão - Aspirado - Exame de esfregaços corados com Giemsa à amastigotas - Cultura em meio NNN (medula óssea, baço, fígado e linfonodo, através de esfregaços em lâmina de vidro, corados pelo Giemsa ou Panóptico B, inoculados em meio de cultura à promastigotas - Isolamento em animais apropriados Imunológico: intradermorreação de Montenegro. Apesar de não ser utilizado para fins diagnósticos, o teste intradérmico de Montenegro é usado para triagem. Ele é realizado com extrato de antígenos da leishmania – é semelhante ao PPD, que se baseia na “memoria imunológica” dos APG 32 – O ÚLTIMO ZUMBI Kamilla Galiza linfócitos Th1. O teste permanece positivo por um ano, mesmo após a resolução do quadro. - Reações de IFI e ELISA. Prevencao As principaisformas de prevenir a Leishmaniose Tegumentar (LT), segundo orientações do Ministério da Saúde, são as seguintes ações direcionadas: • População humana: adotar medidas de proteção individual, como usar repelentes e evitar a exposição nos horários de atividades do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde este habitualmente possa ser encontrado; • Vetor: manejo ambiental, por meio da limpeza de quintais e terrenos, para evitar o estabelecimento de criadouros para larvas do vetor; • Atividades de educação em saúde: devem ser inseridas em todos os serviços que desenvolvam as ações de vigilância e controle da LT, com o envolvimento efetivo das equipes multiprofissionais e multinstitucionais, para um trabalho articulado nas diferentes unidades de prestação de serviços. Tratamento A anfotericina B lisossomal é a droga que apresenta maior eficácia e segurança terapêutica como monoterapia. Há ainda a opção de uso da anfotericina B desoxicolato, no entanto, essa opção apresenta mais efeitos colaterais, com destaque para a nefrotoxicidade. Drogas pentavalentes antimoniais como o glucantime e pentostan foram usadas por muito tempo como a primeira linha de tratamento para leishmaniose, no entanto, devido a menor toxicidade da anfotericina, o papel dessas drogas como primeira escolha na monoterapia tem caído. Referencias BIREME / OPAS / OMS – MÁRCIO ALVES. Leishmaniose | Biblioteca Virtual em Saúde MS. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/leishmaniose-2/. BASANO, Sergio de Almeida; CAMARGO, Luís Marcelo Aranha. Leishmaniose tegumentar americana: histórico, epidemiologia e perspectivas de controle. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 7, p. 328-337, 2004. VASCONCELOS, Jairla Maria et al. American integumentary leishmaniasis: epidemiological profile, diagnosis and treatment. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Rio de Janeiro, v. 50, n. 3, p. 1-9, 2018. Neves, DP. Parasitologia Humana, 11ª ed, São Paulo, Atheneu, 2005. SILVA, Juliana et al. Dynamics of American tegumentary leishmaniasis in a highly endemic region for Leishmania (Viannia) braziliensis infection in northeast Brazil. PLoS neglected tropical diseases, v. 11, n. 11, p. e0006015, 2017. Aronson NE, Joya CA. Cutaneous Leishmaniasis: Updates in Diagnosis and Management. Infect Dis Clin North Am. 2019 Mar;33(1):101-117.
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