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Linguagem e Argumentação Jurídica

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LÍNGUA, LINGUAGEM, INTERAÇÃO E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
  
O que é língua?
Língua é uma convenção linguística imposta a uma nação que teve a sua cultura modificada por povos invasores. A língua portuguesa no Brasil decorre de fatores históricos, culturais e sociais. No início da colonização brasileira, os portugueses tiveram de criar uma língua geral, também conhecida como nheengatu (nheeng significa ‘falar’ e katu, ‘boa’), uma espécie de fusão entre o tupi-guarani e o português de Portugal. Até meados do século XIX, essa era a língua utilizada na comunicação entre os europeus e os índios. O nheengatu foi, por imposição de Portugal, proibido e decretou-se a língua portuguesa da colônia como língua oficial do Brasil.
O nheengatu, língua indígena da família tupi-guarani modificada por influências europeias, foi durante algum tempo e até o século XIX a mais utilizada no Brasil, tanto pelos portugueses como pelos nativos. A presente obra é um ensaio sobre esta língua, com um vocabulário vernaculizado para o português falado em São Paulo, um esboço etnográfico dos grupos indígenas da região e uma análise da influência desses povos na cultura paulista. A edição, póstuma, inclui uma biografia do autor, indigenista e grande conhecedor da história da cidade de São Paulo.
http://www.brasiliana.com.br/brasiliana/colecao/obras/71/Vocabulario-Nheengatu
http://www.youtube.com/watch?v=k8NhNvNXz9w
Linguagem e interação
Em virtude da necessidade da comunicação, o homem cria diferenciadas linguagens para realizá-la, fazendo uso de recursos como cor, gestos, expressão corporal, ícones, símbolos. Se o recurso utilizado é a palavra – escrita e falada –, a linguagem é a verbal.
	CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM
	Linguagem é expressão do pensamento, de ideias e sentimentos
	Essa concepção de linguagem assume a ideia de que a linguagem é a reprodução fiel do que se pensa. Uma breve análise de nossas interações cotidianas aponta-nos para o engano: nem sempre expressamos o que pensamos, mas o que é mais conveniente naquele contexto de interlocução. Outro fator que denuncia o engano dessa concepção de linguagem é a distinção entre a gramática do pensamento e a gramática da linguagem falada. Enquanto a primeira tende à síntese e à predicação, porque o contexto já é pressuposto; a segunda tende à extensão dos períodos, considerando-se as regras gramaticais. Essa concepção de linguagem é a origem de muitos preconceitos linguísticos. Quem por ela se orienta acredita que quem não fala bem não pensa bem.
	Linguagem é comunicação
	Relacionada à teoria da comunicação, que defende a ideia de que um processo comunicativo só se efetiva se estiverem contemplados os seis elementos que compõem o sistema comunicativo, quais sejam: o emissor, o receptor, a mensagem, o canal, o código e o referente, essa concepção de linguagem deposita no emissor o poder absoluto sobre o processo comunicativo, uma vez que é ele que organiza a mensagem a ser veiculada. Ao receptor cabe, passivamente, receber a mensagem do emissor. Por essa lógica, a mensagem, se bem formulada pelo emissor, chegará até ao receptor tal e qual foi enunciada. A análise das interações contradiz a passividade do receptor e, consequentemente, a linearidade na compreensão. Em grande parte das vezes, o que observamos é que o receptor empreende um trabalho de interpretação sobre a mensagem recebida para dar continuidade ao processo comunicativo. Além disso, o receptor atua sobre o emissor antes mesmo que a mensagem seja enunciada, pois toda ela só constrói tendo em vista a imagem que o emissor faz de seu receptor.
	Linguagem é interação
	Para essa concepção de linguagem, o texto é produto de uma interação em que estão implicados não só um emissor e um receptor, mas o contexto em que a interlocução se realiza. Há, pois, um trabalho de significação que se elabora mediante a conexão entre a mensagem e o contexto em que ela foi enunciada. Assim, um mesmo texto pode receber diferentes interpretações a depender do contexto em que a mensagem se insere.
Enfatizando o valor do contexto, essa concepção de linguagem opõe-se a toda forma de preconceito linguístico, porque compreende que o uso que o produtor de texto faz da linguagem está social e culturalmente situado. isto é, a linguagem é componente fundamental do processo de significação da mensagem.
Variação Linguística
Em princípio, quando há uma referência à norma culta ou à língua padrão associa-se, inevitavelmente, a linguagem verbal, tanto na modalidade escrita quanto na falada, à rigidez dos compêndios gramaticais. No entanto, sabe-se que os falantes de uma determinada língua já possuem uma estrutura gramatical internalizada, isto é, são capazes de conhecer o funcionamento da língua materna. Nem sempre a gramática está relacionada à norma padrão, pois trata-se de um conjunto de regras que organiza as ‘línguas’ humanas. Por isso, pode-se afirmar que tanto as crianças, em suas primeiras manifestações orais, quanto os indivíduos não letrados são capazes de se comunicar como falantes de sua própria língua.
Na norma culta, a língua-padrão ou o prescritivismo são expressões que designam o ‘bem-falar’ e o ‘bem-escrever’. Historicamente, isso quer dizer que o domínio dessa modalidade de linguagem sempre pertenceu à minoria na sociedade, cuja produção verbal está atrelada à língua do poder político, econômico e social. Daí dizer que a língua-padrão é um processo social coercitivo, isto é, impõe as formas linguísticas de uma determinada classe social (a elite) àqueles que não a dominam. Eles, por sua vez, sentem-se, erroneamente, incapazes, incompetentes de atuar no mundo dos letrados. Na verdade, a língua-padrão é mais uma das muitas variações linguísticas que permeiam a sociedade. Assim, não se pode atribuir a nenhum falante ou a nenhuma região do país a competência linguística sob o ponto de vista do prescritivismo, ou seja, não se deve afirmar que em determinada região usa-se a ‘melhor’ língua portuguesa que em outras localidades. Há sim, situações comunicativas que dependerão do maior ou menor grau de escolaridade do falante, que recebem ou receberam diversas influências linguísticas, sociais e econômicas. Essas diferenças constituem as variações linguísticas.
Na língua portuguesa, percebe-se claramente o surgimento de variações linguísticas devido às mais variadas causas:
Geográficas:
· linguagem urbana (registro formal / informal)
· linguagem rural (registro informal)
Socioculturais:
· sexo
· idade
· raça
· profissão
· posição social
· grau de escolaridade
· classe econômica
· região
Históricas:
·  referem-se às transformações por que uma língua passa e evolui através do espaço e do tempo. O exemplo clássico é o pronome de tratamento você. Esse pronome, anteriormente, vossa mercê, que era usado formalmente para dar um atributo ou qualidade inerente a uma pessoa considerada ‘nobre’, popularizou-se, sofreu alterações fonológicas e foi simplificado, dando origem a outras formas vossemecê, vossancê, você e cê.
Nas variantes linguísticas, incluem-se também os níveis de gramática: a internalizada, aquela que o falante adquire em contato com sua comunidade e a formal, padrão indicada como “certo” e “errado”, a partir dos ditames da gramática normativa. Essa última é usada tanto na escrita quanto na oralidade, geralmente em situações mais específicas como nas defesas jurídicas, nos discursos em congressos e em seminários.
Isso significa que, na produção de um texto, além da intenção comunicativa, a concretização desse ato entre escritor/falante e leitor/ouvinte só ocorre se este apreender os sentidos do enunciado. Para isso, esse processo comunicativo dependerá do grau de “conhecimento de mundo” de cada um dos envolvidos (crenças, valores morais, religiosos, políticos e sociais, entre outros).
Nessa dinâmica, relaciona-se o uso da linguagem com aquele que recebe a mensagem. Assim, a comunicação se concretiza quando este compreende a significação do enunciado, pois não é um agente passivo, uma vez que adota uma postura de “coautor”, ou seja,assume papel ativo na compreensão da mensagem: refuta, apoia, faz inferências, reescreve, complementa novas ideias, executa determinadas ordens entre outras ações.
Nesse processo interacional, a construção dos “sentidos” se realiza por meio da interação ativa entre autor-texto-leitor, em que
· o autor tem por objetivo comunicar-se e, para isso, utiliza-se de estratégias a fim de angariar a adesão do leitor;
· o leitor é um partícipe ativo na construção de sentido, pois interage a partir de “pistas” deixadas, no texto, pelo autor. Este jamais diz tudo, sempre fica algo a desvendar. Ocorre a metáfora do iceberg, ou seja, há muitos mistérios submersos a serem desvendados, que não são revelados na superfície.
Assim, o conhecimento de mundo – aliado a outros fatores, incluindo-se o conhecimento partilhado – colaborará para a construção de sentidos se
A - o autor, para concretizar o ato comunicativo, adaptar o vocabulário de seu texto ao seu público-alvo. Por exemplo: A linguagem técnica de um advogado só deverá ser usada, se a quem ele se dirigir, também, puder entendê-la. Caso a empregue àqueles que partilham do mesmo conhecimento, a interação ocorrerá com sucesso;
Um exemplo muito conhecido é o vídeo de Plínio Marcos sobre a Aids, exibido na Casa de Detenção, em São Paulo, realizado pela agência Adag e pela TV Cultura.
Todo o texto foi adaptado para o público-alvo em questão. 
Veja o texto do vídeo:
http://www.pliniomarcos.com/teatro/teatro-eiamizade.htm
B - a escolha do nível de linguagem estiver de acordo com o público a quem a mensagem se dirige. O nível formal de linguagem vincula-se à norma padrão, e o informal, à coloquialidade, a qual é usada no âmbito da afetividade, da amizade, cujos falantes não estão somente despreocupados com a normatividade, mas também querem obter êxito nesse tipo de situação comunicativa;
C - o objetivo do autor for a adesão do leitor a um posicionamento de ideias. Nesse caso, o uso de estratégias argumentativas deve deixar pistas, por meio de estruturas sintático-semânticas, capazes de obter êxito na intenção comunicativa. As pistas podem indicar a orientação argumentativa por meio de conjunções que relacionam ideias; do uso do tempo e do modo verbal; da escolha lexical que indica o posto e o pressuposto no texto (é o dito pelo não dito, ou seja, as intenções não estão explícitas, mas implícitas e são inferidas pelo leitor/ouvinte).
A construção da imagem de quem escreve/fala e de quem lê/ouve
A partir dessa concepção de uma linguagem como forma de interação, pode-se afirmar que a linguagem é uma prática social, e não um ato individual, isolado das demais práticas sociais. Dessa maneira, cabe exemplificar algumas situações em que as intenções tanto de quem as realiza quanto de quem as recebe foram compartilhadas com sucesso:
· As identidades sociais, os sujeitos sociais e as posições dos sujeitos projetam, na cena comunicativa, a imagem de quem fala/escreve e a de quem ouve/lê;
· As relações sociais entre as pessoas, por meio das escolhas linguísticas, podem estabelecer com o interlocutor uma interação de colaboração ou de conflito.
O ASPECTO ÉTICO NA LINGUAGEM JURÍDICA
Vamos estudar essa importante regra de comportamento do advogado e começaremos pela expressão lhaneza, que significa candura, doçura, cordialidade, sinceridade.
Recomenda o Código de Ética que o advogado seja um profissional polido, cordial, afável, isto é, não grosseiro, não indelicado, que saiba tratar educadamente todas as pessoas com que convive, desde humildes serventuários até a mais alta autoridade.
Perceba que ao recomendar cordialidade no comportamento, o Código de Ética faz repercutir necessariamente essa qualidade do advogado no seu modo de escrever e de falar. Quem se comporta com lhaneza, isto é, com cordialidade escreve e fala de forma correta e educada. Não emprega palavras grosseiras e nem profere ofensas.
Importa dizer que, desde logo, o uso de expressões ofensivas nos textos escritos por advogados configura infração ética. Veja o que se colhe do ementário do Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil tratando do caso de uso inadequado de linguagem pelo advogado.
E mais... O artigo 78 do Código de Processo Civil também cuida do dever de urbanidade proibindo as partes – autor, réu e advogados – de empregar expressões injuriosas, isto é, ofensivas, nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las.
O parágrafo único do mesmo artigo 78, do Código de Processo Civil estabelece que em caso de expressões injuriosas proferidas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de lhe ser cassada a palavra. Lembre-se que palavras injuriosas são as que aviltam, ofendem o decoro, a honra, a boa fama, o nome. São os insultos.
O uso da linguagem escrita e oral de forma polida, cordata objetiva preservar a dignidade e o decoro de todos aqueles que estão envolvidos no conflito judicial e de mais a mais, as palavras, escritas ou orais devem ser compatíveis com o estilo formal e solene do Tribunal.
Em outras palavras, podemos afirmar que o uso inadequado da linguagem escrita e oral nos Tribunais representa verdadeiro ato atentatório à dignidade da Justiça.
Podemos conferir a seguir algumas decisões do Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo retratando o problema da linguagem empregada pelo advogado em seus escritos judiciais:
A  imunidade profissional conferida ao advogado, ao manifestar-se no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, não é absoluta – limites impostos pelos textos legais aos excessos cometidos. Comete falta contra o dever de urbanidade, o profissional que emprega, no calor do debate judicial,  adjetivos e frases agressivas e deselegantes que não condizem com a necessidade de isenção das paixões e rancores dos seus constituintes. Devem prevalecer harmonia, cordialidade e boas relações entre os patronos das lides, especialmente para que se ponham de relevo os verdadeiros argumentos que dão respaldo ao articulado no processo. Em cada situação compete ao advogado ponderar, com cuidado,  se tal ou qual assertiva, de acordo com as circunstâncias concretas do caso e a pessoa a quem se dirige, são ou não insolentes e podem ferir  a dignidade alheia (Inteligência do art. 133 da Constituição Federal e do art. 7º, § 2º, do EAOAB.). 
(Proc. E2.553/02 ? v.u. em 18/04/02 do parecer e ementa da Rel.ª Dr.ª Maria do Carmo Whitaker ? Rev. Dr. José Roberto Bottino ? Presidente Dr. Robison Baroni.)
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Distrito Federal, por seu Tribunal de Ética e Disciplina já determinou que:
A  violação ao dever  de urbanidade,  previsto nos artigos 44 e 45 do Código de Ética e Disciplina,  configura-se quando o advogado deixa de lado o debate jurídico para promover  comentários desairosos e desnecessários em relação à parte contrária ou ao advogado da parte contrária.  Não ocorre infração ética quando a terminologia usada na redação da peça processual pode ser  considerada tolerável,  e os argumentos estão dentro do contexto do embate jurídico.
(Processo: 5254/01. Relator: Conselheiro Dr. Ivan Allegretti.)
Não pense que deve o advogado temer expressar seus argumentos e que deve sempre ser submisso ou subserviente. Não há hierarquia entre os elementos integrantes da administração da Justiça, isto é, não há relação de subordinação entre juiz, promotor e advogado, mas há respeito mútuo e consideração recíproca que não podem ser desprezados por apego à demanda.
A imunidade de que goza o advogado em seus arrazoados não é absoluta como vimos acima com a transcrição da ementa do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, por sua Secção de São Paulo.
A imunidade que o Estatuto confere ao ter por objetivo assegurar a independência necessária para redigir os arrazoados e para discutir os fatos e argumentos da causa e encontra limites na dignidade da pessoa humana e no decoro, razão pela qual pode o advogado que cometer excessosser punido criminalmente, se o fato for tipificado como crime.
Pode, ainda, comprovado o excesso, ser o advogado demandado por reparação de danos morais por quem se sentiu ofendido com a linguagem escrita ou falada – juiz, promotor, delegado, parte contrária e até mesmo o advogado adverso. Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem decidido que a parte que contrata o advogado não pode ser responsabilizada pelos danos causados pelos excessos praticados pelo advogado. "Não responde a parte pelos eventuais excessos de linguagem cometidos pelo advogado na condução da causa" (HC nº 4.090/ RO, DJ. 13/03/95).
Isso porque "advogado, assim como qualquer outro profissional, é responsável pelos danos que causam no exercício de sua profissão. Caso contrário, jamais seria ele punido por seus excessos, ficando a responsabilidade sempre para a parte que representa, o que não tem respaldo em nosso ordenamento jurídico, inclusive no próprio Estatuto da Ordem" (Resp nº 163221/ES, j. em 28/06/2001).
OS NÍVEIS DE LINGUAGEM E O JURIDIQUÊS
  
  
Níveis de linguagem
O homem sempre buscou recursos que o fizesse interagir com o outro por meio da linguagem, a fim de preservar ou transformar a cultura. Nesse sentido, desenvolveu algumas formas de comunicação também conhecidas como  linguagem não verbal, que se utiliza de recursos visuais como os gestos, a dança, as cores, a imagem entre outras, e verbal, compreendendo tanto a escrita quanto a oral.
Para que esses dois tipos de linguagens se concretizem,  a língua - conjunto de palavras e regras combinadas e utilizadas por membros de uma determinada comunidade -  é fundamental para o ato comunicativo.
A forma de comunicação em uma sociedade pode ocorrer a partir de níveis de linguagem:
· Formal (culto): é o nível comunicativo utilizado em determinadas situações que exigem a observação das regras gramaticais. Caracteriza-se pela escolha de vocabulário específico, de acordo com a normatividade da língua portuguesa.
Observe o exemplo abaixo extraído do livro de Chaïm Perelman (Tratado da Argumentação, p. 39):
 
"O alcance filosófico da argumentação apresentada a um único ouvinte e sua superioridade dirigida a um vasto auditório foi admitida por todos os que, na Antiguidade, proclamavam a primazia da dialética sobre a retórica. Esta se limitava à técnica do longo discurso contínuo."
 
· Informal (coloquial/popular): é a forma que o falante/escritor utiliza no seu cotidiano, nas situações de espontaneidade, ou seja, sem preocupação com as normas da língua portuguesa.
 
Veja o trecho de uma sentença do juiz João Batista de Matos Danda, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, que optou por uma linguagem coloquial, em vez da técnica (ou jargão) utilizada nesse tipo de peça jurídica.
"(...) para julgar de novo, vou ler as declarações de todos mais uma vez e olhar os documentos. Pode ser que me convença do contrário. Mas pode ser que não. Vamos ver".
 
· Técnico (profissional): é a utilizada por profissionais (advogados, economistas, engenheiros, bancários) em suas atividades específicas.
Observe agora o trecho da mesma sentença na linguagem técnico-jurídica:
"Inconformado com a sentença, que julgou improcedente a ação, recorre o reclamante buscando sua reforma quanto ao vínculo de emprego e indenização por acidente de trabalho. Com contrarrazões sobem os autos a este tribunal. É o relatório. Passo a decidir."
JURIDIQUÊS
A escrita formal exige do aluno do direito muita dedicação aos estudos da variante normativa da língua portuguesa. Para isso, além de realizar leituras das mais variadas possíveis, precisa apropriar-se da linguagem específica encontrada em peças jurídicas (petição, sentença, acórdão), leis, jurisprudências, códigos, entre outras.
Muitas vezes, o profissional do direito confunde o uso da formalidade e da linguagem técnica com o de expressões arcaicas, ultrapassadas que causam duplo sentido ou são ininteligíveis.  Assim, é necessário compreender as diferenças existentes entre a linguagem informal (muito associada à fala), a formal com termos técnicos (muito apreciada no judiciário) com aquela, cujo vocabulário é rebuscado, cheio de arcaísmos, denominada de juridiquês.
O juridiquês é um neologismo criado, na área do Direito, para representar o uso de expressões “ocas” que não traduzem a realidade das práticas jurídicas. Há quem afirme que a utilização desse tipo de linguagem possa representar “mascaramentos” de profissionais que desejam ou subjugar o outro para que este não o compreenda de verdade ou para escamotear o próprio domínio da prática jurídica.
Deve-se entender que o uso de uma linguagem mais acessível (ou simplificada, como alguns magistrados defendem) não significa o empobrecimento da proferida nos tribunais e nas defesas judiciais. Basicamente, a linguagem jurídica é pautada por termos técnicos imprescindíveis e pela formalidade linguística.
A própria legislação preconiza a “simplificação” da linguagem forense, como pode ser lido na Lei Complementar 95/98:
[...]
Art. 11. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem lógica, observadas, para esse propósito, as seguintes normas:
I - para a obtenção de clareza:
a) usar as palavras e as expressões em seu sentido comum, salvo quando a norma versar sobre assunto técnico, hipótese em que se empregará a nomenclatura própria da área em que se esteja legislando;
b) usar frases curtas e concisas;
c) construir as orações na ordem direta, evitando preciosismo, neologismo e adjetivações dispensáveis;
d) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto das normas legais, dando preferência ao tempo presente ou ao futuro simples do presente;
e) usar os recursos de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos de caráter estilístico;
II - para a obtenção de precisão:
a) articular a linguagem, técnica ou comum, de modo a ensejar perfeita compreensão do objetivo da lei e a permitir que seu texto evidencie com clareza o conteúdo e o alcance que o legislador pretende dar à norma;
b) expressar a ideia, quando repetida no texto, por meio das mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico;
c) evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto;
d) escolher termos que tenham o mesmo sentido e significado na maior parte do território nacional, evitando o uso de expressões locais ou regionais;
e) usar apenas siglas consagradas pelo uso, observado o princípio de que a primeira referência no texto seja acompanhada de explicitação de seu significado;
f) grafar por extenso quaisquer referências a números e percentuais, exceto data, número de lei e nos casos em que houver prejuízo para a compreensão do texto;     (Redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)
g) indicar, expressamente o dispositivo objeto de remissão, em vez de usar as expressões ‘anterior’, ‘seguinte’ ou equivalentes;     (Incluída pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)
[...]
 
O que é o “juridiquês”?
Não se deve confundir o juridiquês com a linguagem formal e a técnica usadas no Judiciário, pois aquela se reveste de palavras arcaicas, rebuscadas, de raciocínios labirintíticos e pedantes como:
 
"O vestuto vernáculo manejado no âmbito dos excelsos pretórios, inaugurado a partir da peça ab ovo, contaminando as súplicas do petitório, não repercute na cognoscência dos frequentadores do átrio forense."
É contra esse tipo de linguagem que a Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) realizou, em 2005, uma Campanha Nacional pela Simplificação da Linguagem Jurídica.
Veja mais alguns exemplos de um glossário no Tribunal de expressões e palavras em juridiquês:
 
	GLOSSÁRIO DE JURIDIQUÊS
	ABROQUELAR: fundamentar
	COM FINCAS NO ARTIGO: com base no artigo
	ERGÁSTULO PÚBLICO: cadeia
	APELO EXTREMO: recurso extraordinário
	COM SUPEDÂNEO NO ARTIGO: com base no artigo
	ESTIPÊNDIO FUNCIONAL: salário
	AREÓPAGO: Tribunal
	CONSORTE SUPÉRSTITE: viúva/viúvo
	ESTRIBADO NO ARTIGO: conforme o artigo
	AUTARQUIA ANCILAR: INSS
	DIGESTO OBREIRO: Consolidaçãodas Leis do Trabalho
	EGRÉGIO PRETÓRIO SUPREMO: Supremo Tribunal Federal
	CÁRTULA CHÉQUICA: folha de cheque
	DIPLOMA PROVISÓRIO: Medida provisória
	EXCELSO SODALÍCIO: Supremo Tribunal Federal
	COM ESPEQUE NO ARTIGO: com base no artigo
	EXORDIAL: peça ou petição inicial
	FULCRO: fundamento
	INDIGITADO: réu
	PEÇA INCREPATÓRIA: denúncia
	PEÇA VESTIBULAR: peça ou petição inicial
	PEÇA AB OVO: peça ou petição inicial
	PETIÇÃO DE INTROITO: peça ou petição inicial
	PRETÓRIO EXCELSO: Supremo Tribunal Federal
	PROEMINAL DELATÓRIA: denúncia
	PROLOGAL: peça ou petição inicial
	REMÉDIO HEROICO: Mandado de Segurança
	VISTOR: perito
	 
	 
 
EXPRESSÕES LATINAS
  
Tendo-se em vista a importância do latim para a área jurídica, segue uma relação com algumas das mais importantes expressões latinas:
 
ab intestato - Sem deixar testamento. Diz-se da sucessão sem testamento, ou dos herdeiros que dela se beneficiam.
ad hoc - Para isso. Diz-se de pessoa ou coisa preparada para determinada missão ou circunstância: secretário ad hoc, tribuna ad hoc.
ad judicia - Para os juízos. Diz-se do mandato judicial outorgado ao advogado pelo mandante.
ad negotia - Para os negócios. Refere-se ao mandato outorgado para fins de negócio.
ad nutum - Segundo a vontade de; ao arbítrio de. Diz-se do ato que pode ser revogado pela só vontade de uma das partes; refere-se também à demissibilidade do funcionário que ocupa cargo de confiança.
ad quem - Para quem. 1. Diz-se do juiz ou tribunal a que se recorre de sentença ou despacho de juiz inferior. 2. Dia marcado para a execução de uma obrigação.
capitis diminutio - Diminuição de capacidade. Empregada para designar a perda da autoridade.
causa mortis - A causa da morte. 1. Diz-se da causa determinante da morte de alguém. 2. Imposto pago sobre a importância líquida da herança ou legado.
causa petendi - A causa de pedir. Fato que serve para fundamentar uma ação.
data venia - Dada a venia. Expressão delicada e respeitosa com que se pede ao interlocutor permissão para discordar de seu ponto de vista. Usada em linguagem forense e em citações indiretas.
de cujus - De quem. Primeiras palavras da locução de cujus sucessione agitur (de cuja sucessão se trata). Referem-se à pessoa falecida, cuja sucessão se acha aberta.
de facto - De fato. Diz-se das circunstâncias ou provas materiais que têm existência objetiva ou real. Opõe-se a de jure.
del-credere (ital) - 1. Cláusula pela qual, no contrato de comissão, o comissário, sujeitando-se a todos os riscos, se obriga a pagar integralmente ao comitente as mercadorias que este lhe consigna para serem vendidas. 2. Prêmio ou comissão paga ao comissário, por essa garantia.
erga omnes - Para com todos. Diz-se de ato, lei ou dispositivo que obriga a todos.
ex adverso - Do lado contrário. Refere-se ao advogado da parte contrária.
extra petita - Além do pedido. Diz-se do julgamento proferido em desacordo com o pedido ou natureza da causa.
ex tunc - Desde então. Com efeito retroativo.
habeas corpus - Que tenhas o corpo. Meio extraordinário de garantir e proteger com presteza todo aquele que sofre violência ou ameaça de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de qualquer autoridade legítima.
in dubio pro reo - Na dúvida, pelo réu. A incerteza sobre a prática de um delito ou sobre alguma circunstância relativa a ele deve favorecer o réu.
inter vivos - Entre os vivos. Diz-se da doação propriamente dita, com efeito atual, realizada de modo irrevogável, em vida do doador.
intuitu personae - Em consideração à pessoa.
mens legis - O espírito da lei.
non bis in idem - Não duas vezes pela mesma coisa. Axioma jurídico em virtude do qual ninguém pode responder, pela segunda vez, sobre o mesmo fato já julgado, ou ser duplamente punido pelo mesmo delito.
onus probandi - Encargo de provar. Expressão que deixa ao acusador o trabalho de provar (a acusação).
sub judice - 1. Sob o juízo. 2. Diz-se da causa sobre a qual o juiz ainda não se pronunciou.
ultra petita - Além do pedido. Diz-se da demanda julgada além do que pediu o autor.
EXPRESSÕES JURÍDICAS
1 - Ação - Direito que possui qualquer cidadão para buscar uma decisão judicial, por meio de um processo.
2 - Ação civil pública - Ação que pode ser ajuizada pelo Ministério Público ou outras pessoas jurídicas, públicas ou privadas, para proteger o patrimônio público e social, o meio ambiente, o consumidor, ou, ainda, quaisquer interesses difusos e coletivos, visando obter a reparação de danos.
3 - Ação declaratória de constitucionalidade (ADC) - Ação que pode ser proposta pelo presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados ou o procurador-geral da República objetivando a declaração da constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Entretanto, se julgada improcedente, a Corte declarará a inconstitucionalidade da norma ou do ato.
4 - Ação direta de inconstitucionalidade (Adin) - Tem por objeto principal a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual. Algumas leis são promulgadas sem atender à Constituição, que é a lei maior do País.
5 - Ação de execução - Ação para obrigar o cumprimento de um direito já reconhecido.
6 - Ação penal - Ação que deve ser iniciada pelo Ministério Público, com a finalidade de processar e julgar os autores de delitos penais.
7 - Acórdão (aresto) - Quando a decisão judicial é proferida por um juiz, denomina-se sentença. Havendo recurso, a decisão dos tribunais reformando ou mantendo a sentença denomina-se acórdão ou aresto.
8 - Assentada - Documento onde é anotado tudo o que acontece durante uma audiência, como a presença das pessoas, os fatos e os incidentes.
9 - Ajuizar - Propor uma ação, ingressar em juízo.
10 - Alegações - Manifestações escritas ou orais com fundamentação, objetivando defender o direito que pretende ver reconhecido pelo Judiciário.
11 - Alvará - Documento que autoriza a prática de algum ato.
12 - Apensar - Anexar ao processo outro processo ou documentos, unindo-os por capas diferentes.
13 - Arrazoar - Discurso oral ou escrito das partes, em processo judicial, que tem por finalidade a defesa de sua causa, com a apresentação dos seus argumentos.
14 - Arrematação - Aquisição de bens levados a leilão em processo de execução.
15 - Arrestar - Apreender judicialmente os bens do devedor, como meio preventivo de garantir ao credor a cobrança de seu crédito, até ser decidida a questão.
16 - Arrolar - Ato pelo qual se faz a discriminação de pessoas ou coisas, colocando-as num rol ou lista.
17 - Atenuante - Circunstância que diminui o grau de responsabilidade do réu e, conseqüentemente, da pena.
18 - Audiência de instrução e julgamento - Sessão em que o juiz colhe as provas orais, recebe eventuais documentos, ouve o debate dos advogados e profere a sentença.
19 - Autos - Reunião ordenada dos papéis que compõem um processo.
20 - Autor - Todo aquele que ajuíza uma ação para exigir direito que acredita lhe pertencer.
21 - Autuação - Formação dos autos pelo escrivão, com a colocação da petição inicial numa capa de cartolina, que conterá também todas as demais peças subseqüentes, além do termo lavrado nessa capa contendo o nome das partes, o juízo, a espécie de ação etc.
22 - Averbação - Registro de alguma anotação à margem de outro documento. Por exemplo, anotação de sentença de divórcio no Livro de Registro de Casamento.
23 - Baixar - Ato de devolução dos autos do processo dos tribunais para os juízos de 1º grau.
24 - Bem de família - É o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar. É impenhorável e não responde por qualquer tipo de dívida, salvo nas hipóteses previstas na lei.
25 - Busca e apreensão - Medida preventiva ou preparatória que consiste no ato de investigar e procurar, seguido da apreensão da coisa ou pessoa objeto de diligência judicial ou policial.
26 - Caducar - Perder a vitalidade ou a força de um direito, em decorrência do tempo; superado o prazo legal, o titular do direito não mais poderá exercê-lo.
27 - Câmaras ou turmas - Órgãos colegiados em que são divididosos tribunais e que têm como competência o julgamento de causas ou recursos.
28 - Caput - Indica o início, a primeira parte de um artigo de lei.
29 - Carta de sentença - Coletânea de peças de um processo, que habilita a parte a executar provisoriamente a sentença, enquanto há recurso para ser julgado pelo tribunal. Algumas decisões, considerando o seu grau de importância, podem ser executadas antes do julgamento do recurso, como, por exemplo, a decisão que fixa pensão alimentícia.
30 - Carta precatória - Ato pelo qual um juiz (deprecante) solicita a outro juiz (deprecado) a realização de determinada diligência, como, por exemplo, ouvir uma testemunha em outro estado ou município.
31 - Cartório ou vara judicial - Local onde são praticados os atos judiciais relativos ao processamento das ações.
32 - Cartório extrajudicial - Local onde são praticados os atos extrajudiciais como, por exemplo, escrituras, testamentos públicos, registros imobiliários.
33 - Certidão negativa - Documento que declara não haver registro de algum ato ou fato, como, por exemplo, existência de dívida, interdição.
34 - Citação - Ato pelo qual o réu é chamado a juízo para, querendo, defender-se da ação contra ele proposta.
35 - Cláusulas pétreas - Denominação que se dá à manutenção da forma federativa de Estado, do voto direto, secreto, universal e periódico, da separação dos Poderes e dos direitos e garantias individuais. São cláusulas existentes na Constituição e que não podem ser modificadas nem por emenda constitucional.
36 - Coisa Julgada - Qualidade que a sentença adquire, de ser imutável, depois que dela não couber mais recurso.
37 - Comarca - Território abrangido por um juízo, compreendendo um ou mais municípios, onde atuam um ou mais juízes.
38 - Competência - Delimitação da área de atuação de cada juiz.
39 - Conclusão - Ocorre quando os serventuários encaminham os processos para que o juiz despache ou profira sentença.
40 - Contestação - Resposta do réu com os fundamentos da sua defesa.
41 - Contradita de testemunha - Impugnação de uma testemunha, pretendendo que seja ela impedida de depor, por ser amigo íntimo, parente, inimigo do réu, ou ter qualquer outro interesse na decisão.
42 - Contrafé - Cópia da inicial, entregue ao réu pelo oficial de Justiça, por ocasião da citação.
43 - Corpo de delito - Conjunto de elementos materiais ou de vestígios que indicam a existência de um crime.
44 - Crime - Ação ou omissão que venha a causar dano, lesar ou expor a perigo um bem juridicamente protegido pela lei penal.
45 - Crime culposo - Diz-se do crime em que o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
46 - Crime doloso - Diz-se do crime em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
47 - Crime hediondo - Crimes graves e que têm tratamento mais rigoroso durante o processo.
48 - Curador - Aquele que é nomeado para defender certos interesses, ou para assistir, representar ou defender certas pessoas.
49 - Custas - São taxas cobradas pelo poder público em decorrência dos serviços prestados para a realização dos atos processuais.
50 - Decadência - Perda de um direito pela decorrência do prazo fixado por lei.
51 - Decisão de saneamento ou despacho saneador - Despacho no qual o juiz declara o processo em ordem e apto para prosseguir, decidindo também sobre a realização das provas, a designação de audiência de instrução e julgamento, bem como sobre eventuais preliminares levantadas pelas partes.
52 - Decisão monocrática - Aquela proferida por juízo singular.
53 - Declinar da competência - Enviar o processo para o juiz competente para o julgamento.
54 - Deferir - Acolher um requerimento, um pedido, uma pretensão.
55 - Delegar - Ato típico de quem tem algum poder e o transfere a outrem para que exercite em seu nome.
56 - Demanda - Causa, lide, pleito, conflito.
57 - Denegar - Indeferir, negar uma pretensão formulada em juízo.
58 - Denúncia - Peça técnica elaborada pelo promotor de justiça formulando a acusação da prática de um crime, pedindo que seja instaurada a ação penal e que o réu seja condenado.
59 - Deslindar - Demarcar; esclarecer a questão.
60 - Despachos - Decisões do juiz nos processos.
61 - Desembargador - Magistrado que recebe esse tratamento quando em exercício nos tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal.
62 - Dilação - Expressão usada para requerer a prorrogação de prazos processuais.
63 - Distribuição - Sorteio pelo qual é definido qual o juiz natural para julgar o conflito. Quando há mais de um juiz ou mais de uma câmara ou turma, a parte não pode escolher o juiz do processo.
64 - Embargo - Autorização legal para suspender um ato.
65 - Entrância - Hierarquia das áreas de jurisdição que obedece às regras ditadas pela Lei de Organização Judiciária de cada Estado.
66 - Ergástulo público - Cadeia Pública.
67 - Esbulhar - Praticar o esbulho, isto é, destituir uma pessoa daquilo que lhe pertence ou de quem tem a posse justa, por meio de ato violento.
68 - Espólio - É o conjunto de bens, direitos, rendimentos e obrigações (patrimônio) da pessoa falecida.
69 - Família substituta - Substituição do poder familiar ou da guarda dos pais por outra família, nos casos determinados pela Justiça.
70 - Fórum - Edifício-sede do juízo.
71 - Grau de jurisdição - É a ordem da hierarquia judiciária, que se divide em inferior e superior.
72 - Habeas corpus - Ação para garantir a liberdade de locomoção, de modo a reprimir ou impedir prisão ou constrangimento legal.
73 - Hasta Pública - Expressão genérica que abrange tanto a praça (para bens imóveis) como leilão (para bens móveis).
74 - Homologar - Ratificar, confirmar, aprovar determinado ato por decisão judicial para que o mesmo tenha validade legal.
75 - Impedimento - Motivo legal pelo qual o juiz, o advogado, o perito estão proibidos de atuar em determinado processo ou causa.
76 - Impetrante - Aquele que pede uma providência judicial, sendo mais comum designar com esse nome aquele que impetra habeas corpus ou mandado de segurança.
77 - Imputável - Pessoa que pode receber acusação pela prática de um delito, a partir de 18 anos de idade.
78 - Impugnar - Contestar, contrariar, refutar.
79 - Incurso - Incluído; implicado que incide ou recai.
80 - Indiciar - Proceder a imputação criminal contra alguém.
81 - Infraconstitucional - Abaixo da Constituição, isto é, uma norma ou lei que está abaixo da lei maior que é a Constituição Federal.
82 - Inicial inepta - Aquela que não reúne os requisitos essenciais, ou seja, é incompreensível.
83 - Instância - Grau de jurisdição na hierarquia judiciária.
84 - Interposição - Oferecimento de recurso.
85 - Intimação - Ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
86 - Inventário - Procedimento que tem por objetivo a descrição com individuação e clareza de todos os bens da herança a fim de viabilizar a partilha entre os herdeiros.
87 - Lacuna - Falta, omissão da lei.
88 - Lide - Litígio, processo, pleito judicial.
89 - Liminar - Decisão do juiz, no inicio do processo, para evitar dano inrreparável ao direito que se alega.
90 - Livramento condicional - Constitui na concessão de liberdade antecipada dada pelo juiz ao condenado que preencher todos os requisitos legais, ficando sujeito a determinadas exigências, embasadas em lei, durante o restante da pena que deveria cumprir preso.
91 - Mandado - É a mesma coisa que mandamento. Uma ordem escrita assinada pelo juiz para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa.
92 - Mandado de segurança - Ação proposta para assegurar à pessoa um direito líquido e certo, incontestável, que esteja violado ou ameaçado por ato ilegal ou inconstitucional de uma autoridade.
93 - Mandato - Autorização que se concede a outra pessoa para que a mesma atue em seu nome; em termos leigos é o mesmo que procuração.
94 - Monocrática - Decisão proferida por uma só pessoa.
95 - Nascituro - É o ser já concebido, que está gerado, para nascer.
96 - Natimorto - É aquele que nasceu morto; aquele que veio à luz, com sinaisde vida, mas logo morreu.
97 - Perícia - Exame ou vistoria realizados por profissionais especializados com objetivo de geração de prova judicial ou extrajudicial.
98 - Petição inicial - Peça inicial do processo.
99 - Preclusão - Perda do direito de manifestar-se no processo, por não tê-lo feito na forma devida ou na oportunidade devida.
100 - Princípio do devido processo legal - Princípio constitucional que garante que o indivíduo só será privado de sua liberdade ou terá seus direitos restringidos mediante um processo legal, exercido pelo Poder Judiciário, por meio de um juiz natural, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
101 - Precatório - Requisição feita pelo juiz de execução de decisão irrecorrível contra a Fazenda Pública, federal ou estadual ou municipal, para que as dívidas sejam pagas aos respectivos credores.
102 - Prisão em flagrante - Prisão realizada no momento em que o crime está sendo praticado. Pode ser efetuada por qualquer pessoa do povo.
103 - Prisão Especial - É a prisão realizada em quartéis ou prisão especial de pessoas que, devido ao cargo que exercem ou nível cultural que possuem, devem ser recolhidas em locais especiais quando presas provisoriamente. Depois da condenação definitiva não há previsão de prisão especial.
104 - Prisão Temporária - Espécie de prisão provisória ou cautelar, que restringe a liberdade de locomoção de uma pessoa, por tempo determinado e durante o inquérito policial, a fim de investigar a ocorrência de crimes graves.
105 - Procuração - Documento assinado pela parte nomeando um advogado para representá-la em juízo.
106 - Reincidência - Em matéria penal, verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
107 - Relator - Juiz ou desembargador que, por sorteio, recebe a função de interpretar o caso que vai a julgamento perante o tribunal do qual se faz membro.
108 - Revel - Réu que não comparece em juízo para defender-se.
109 - Sucumbência - Pagamento das custas do processo e honorários de advogado pela parte vencida no processo.
110 - Suspensão condicional da pena ou sursis - Paralisação da execução da pena privativa de liberdade, mediante determinadas condições impostas por lei.
111 - União estável - É a entidade familiar caracterizada pela convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.
112 - Usucapião - Forma de adquirir a propriedade de um bem após ter permanecido na posse do mesmo durante um período de tempo previsto na lei.
113 - Usufruto - É o direito de usar de uma coisa. Pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. O usufruto de imóveis deve ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis.
114 - Usura - Cobrança manifestamente desproporcionada de juros.
Precisão
Objetivos: acessibilizar vocabulário jurídico; refletir sobre a polissêmia das palavras; instrumentalizar para uma escrita mais precisa.
NESTE TÓPICO
NESTE TÓPICO
 Precisão
  
 CASOS ESPECIAIS
  
 RESUMINDO
 OBSERVE A SEGUIR UMA RELAÇÃO DE VOCÁBULOS HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS:
 Referências
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Precisão
No Dicionário Academia Brasileira de Letras (p.1016), PRECISÃO, entre outras acepções, significa “2. Clareza na expressão de uma ideia”. Na área jurídica, refere-se à seleção de termos ou de palavras jurídicas de maneira mais exata possível, a fim de evitar mal-entendidos, a imprecisão e a obscuridade. Para isso, há alguns pontos a serem observados:
· O domínio da precisão requer constantes estudos do vocabulário jurídico, que poderá ser apropriado por meio de leitura de artigos acadêmicos dessa área; de consultas a dicionários de sinônimos, analógicos e jurídicos.
· Faz-se necessária uma releitura atenta, após o desenvolvimento de textos e peças jurídicas.
· Observar atentamente que muitas palavras são polissêmicas e, quando empregadas indevidamente, podem alterar o sentido contextual.
 
Exemplo:
O verbo prescrever pode ter as acepções de 1. Ordenar; determinar explicitamente: Os estatutos do clube prescrevem que somente sócios têm direito a usar a piscina. 2. (Farm. Med.) Recomendar; receitar (remédio, dietas, tratamentos etc): O médico prescreveu repouso absoluto ao doente. 3. (Jur.) Perder a vigência; perder o efeito legal: Essa lei já prescreveu há vários anos. // part.: prescrito. [DABL, p. 1023].
 
CASOS ESPECIAIS
1. O USO DOS VERBOS TER  E HAVER
Em princípio, o verbo TER determina posse, e o verbo HAVER - na qualidade de verbo principal - significa EXISTIR, ACONTECER, OCORRER. Assim, pode-se afirmar que ambos possuem o mesmo valor semântico na condição de verbos auxiliares. Exemplo: “Eles haviam saído” ou “Eles tinham saído”, não há distinção de sentido nos dois contextos.
Mas, no sentido de EXISTIR, ACONTECER, OCORRER o verbo HAVER é impessoal (sem pessoa; não admite sujeito), por isso não é usado no plural (não sofre flexão de número, fica sempre no singular).
 
Exemplo:
"Houve manifestações negativas após o depoimento do deputado".  O verbo HAVER  no sentido de ACONTECER, é impessoal; logo, é inaceitável o uso do verbo TER: "Teve/Tiveram muitas repercussões negativas...".
Caso a frase seja construída da seguinte maneira: “Acabaram de ver manifestações que tiveram repercussões negativas após o depoimento do deputado”, o pronome relativo que, na função coesiva anafórica de “manifestações”, exerce a função de sujeito do verbo ter.
 
RESUMINDO
	O verbo TER  não poderá ser sinônimo de HAVER  no sentido de
	EXEMPLOS
	EXISTIR: (por ser impessoal – fica invariável na terceira pessoa do singular) e a impessoalidade sempre recai no auxiliar e/ou em locução verbal:
	a) “Há um advogado extremamente competente naquele escritório.
b) Há vários advogados extremamente competentes naquele escritório”.
c) "Deve haver vários advogados competentes naquele escritório”.
Mais alguns exemplos do professor José Maria da Costa, da coluna Gramaticalhas, do site Migalhas:
e) "Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, ... haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância..." (CF/88, art. 33, § 3º).
f) "As despesas funerárias, haja ou não herdeiros legítimos, sairão do monte da herança..." (CC, art. 1.998).
g) "Não haverá distinções relativas à espécie de emprego..." (CLT, art. 3º, parágrafo único).
	TEMPO PASSADO:
	a) “Há dias que não a vejo”.
b) “Há muitos anos ele esteve aqui”. Jamais: "Há muitos anos atrás ele esteve aqui!”. O verbo haver, no sentido de tempo, já indica a ideia de passado. O uso do advérbio de tempo atrás é redundância.
	HAVERES (DEVERES); HAVER POR BEM, HAJA MISTER:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NÃO É POSSÍVEL/ NÃO É CABÍVEL:
	 
 
 
"Conforme expõe o art. 1.740 do CC,in litteris: 'Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor: I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres e condição; II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister correção; III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do menor, se este já contar doze anos de idade.'”
 
 
 
TJ-SP – APELAÇÃO COM REVISÃO: CR ______________ SP
Acidente do trabalho. Direito comum. Indenizatória.Dados GeraisProcesso: CR ______________
Ralator(a): ________________
Julgamentos: ____/____/_____
Órgão Julgador: __ª. Câmara de Direito Privado
Ementa:
Acidente do trabalho.
Direito comum. Indenizatória.
1. Não há confundir o ilícito civil com ilícito penal; o arquivamento do inquérito criminal por ausência de culpa, não veda a "actio civilis ex tfe/icfo", porque nesta, para a responsabilização, basta a culpa leve.
 
Precisão
2. DIVISÃO BÁSICA DO VOCABULÁRIO JURÍDICO
Como pôde observar, o sentido atribuído às palavras deve ser analisado com muita atenção, a fim de evitar dubiedade das ideias, o que impede a agilidade na resolução dos atos jurídicos. Segundo Schocair (2012, p. 41-44), o vocabulário jurídico divide-se basicamenteem três:
 
	1. TERMOS ANÁLOGOS
	2. TERMOS EQUÍVOCOS
	3. TERMOS UNÍVOCOS
	São vocábulos que, ao pertencerem a um mesmo conceito ideológico, são considerados como iguais ou semelhantes.
Exemplos de termos utilizados na extinção de um negócio jurídico:
Resolução — Dissolução de um contrato, acordo ou ato jurídico quando ocorre inadimplemento absoluto (art. 475 do CC).
Rescisão – dissolução por lesão do contrato por vício na contratação; evicção parcial, vício redibitório, vício do produto ou do serviço (arts. 18 e 35 do CPDC).
Resilição – dissolução pela vontade comum dos contraentes, que pode ser bilateral e ocorrerá por “distrato” (art. 472 do CC) ou unilateral, quando uma das partes decide pôr fim ao negócio por meio de “denúncia do contrato” (art. 473 do CC).
	São palavras polissêmicas, isto é, possuem mais de um sentido:
2.1 Audiência
Direito: sessão solene por determinação de juízes ou tribunais, para a realização de atos processuais; julgamento.
Publicidade: índice de medição de popularidade.
2.2.Sequestrar
Direito Processual: apreender judicialmente bem em litígio.
Direito Penal: privar alguém de sua liberdade de locomoção.
2.3.Lavrar
Direito: exarar por escrito; escrever, redigir; escrever uma sentença, uma ata; emitir; expressar.
Linguagem usual: sulcar a terra com arado; arar, cultivar.Instrução.
2.4. Instrução
Direito: fase processual concretizada em uma audiência, em que o juiz ouve as partes e faz perguntas para deixar claros os pontos que serão objeto de julgamento. Na Justiça do Trabalho, a audiência de instrução começa com a tentativa de conciliação entre as partes. Caso não seja possível, passa-se à instrução propriamente dita.
Linguagem usual: conhecimento; cultura, saber, erudição.
2.5. Seduzir
Direito Penal: manter conjunção carnal com mulher virgem, menor de dezoito anos e maior de catorze, aproveitando-se de sua inexperiência ou justificável confiança.
Linguagem usual: exercer fascínio sobre alguém para benefício próprio.
2.6. Processo
Direito:
I - atividade por meio da qual se exerce concretamente, em relação a determinado caso, função jurisdicional, e que é instrumento de composição das lides;
II - pleito judicial;
III - litígio;conjunto de peças que documentam o exercício da atividade jurisdicional em um caso concreto; autos.
Física: sequência de estados de um sistema que se transforma; evolução.
Linguagem usual: ato de proceder, de ir por diante; seguimento, curso, marcha.
	São termos que possuem um único sentido. Servem para descrever delitos e assegurar direitos:
· comodato – art. 579 do CC – empréstimo gratuito de coisas fungíveis.
· difamar – atribuir a alguém fato determinado como ofensivo (objetivo).
· injuriar –atribuir a alguém fato tido como ofensivo (subjetivo).
· caluniar: atribuir falsamente a alguém a responsabilidade por um crime.
· violação de correspondência – art. 151 do CP – devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem.
 
 
Outros termos unívocos que podem gerar dúvidas:
ab-rogar – revogar totalmente uma lei.
ad-rogar – aceitar maior de idade por adoção.
derrogar – revogar parcialmente uma lei.
ob-rogar – contrapor uma lei a outra (anulando-a).
repristinar – revogar uma lei revogadora [Nota do autor: A repristinação não é automática, por ter a lei revogadora perdido a vigência nos termos do art. 20, § 30, da LIDE].
 
3. PALAVRAS QUE CONFUNDEM QUANTO À GRAFIA E À FONÉTICA
 
PALAVRAS HOMÔNIMAS
Na língua portuguesa há uma variedade de palavras que são idênticas na grafia e/ou na pronúncia, mas que têm significados totalmente diferentes, basicamente dividem-se em:
Homônimas homógrafas - o Dicionário Academia Brasileira de Letras (p. 671) assim as define: "1. Que têm grafias idênticas, mas significados diferentes, como, por exemplo, os vocábulos lima (fruta) e lima (ferramenta)." Outros exemplos: cedo (ê), advérbio e cedo (ê), do verbo ceder; jogo /ô/ (substantivo) e jogo /ó/ (verbo jogar).
Homônimas homófonas - o Dicionário da Academia Brasileira de Letras (p.671) assim as define: "1. Que têm grafias e significados diferentes, porém a mesma pronúncia, como, por exemplo, os vocábulos cessão (ato de ceder), seção (divisão) e sessão (reunião)". Outros exemplos: paço, palácio real e passo, marcha; censo, recenseamento e senso, juízo.
 
PALAVRAS PARÔNIMAS
Há também palavras que possuem sentidos diferentes, mas, por serem muito semelhantes tanto na pronúncia quanto na grafia, confundem muito, se não houver o domínio desses vocábulos.
Paronímia é qualidade e condição de parônimo, que segundo o Dicionário da Academia Brasileira de Letras (p.953) "1. Diz-se das palavras de forma semelhante, mas significações diferentes: emigrante e imigrante são palavras parônimas". Outro exemplo: descrição,  ato ou efeito de descrever e discrição, qualidade do que é discreto.
 
OBSERVE A SEGUIR UMA RELAÇÃO DE VOCÁBULOS HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS:
	 
	 
	 
	ACENTO: inflexão da voz, sinal gráfico.
ASSENTO: lugar onde se assenta.
	CICLO: período.
SICLO: moeda judaica.
	ESTERNO: osso do peito.
EXTERNO: exterior.
HESTERNO: relativo ao dia de ontem.
	ACIDENTE: ocorrência casual grave.
INCIDENTE: episódio casual sem gravidade, sem importância.
	CILíCIO: cinto ou cordão de pêlo ou lã áspera para penitências.
SILÍCIO: elemento químico.
	ESTRATO: tipo de nuvem; estrato social; sociedade estratificada; estratosfera.
EXTRATO: o que foi extraído de algo (verbo 'extrair; fragmento; resumo; sumo; extrato bancário; perfurne.
	ACESSÓRIO: aquilo que não é essencial.
ASSESSÓRIO: relativo ao assessor.
	CINTO: correia em couro para prender as calças à cintura.
SINTO: 1ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo 'sentir'.
	FLAGRANTE: evidente, fato que se observa no momento em que ocorre.
FRAGRANTE: que exala cheiro agradável; aromático (fragrância).
	AFERIR: conferir; comparar.
AUFERIR: colher; obter.
	CÍRIO: vela grande de cera.
SÍRIO: relativo à Síria.
	FLUIR: correr (líquido); passar (tempo).
FRUIR: desfrutar, gozar.
	AMORAL: ausência de moral, que ignora um conjunto de princípios.
IMORAL: Que é contrário, que desobedece a um conjunto de princípios.
	COCHO: vasilha feita com tronco de madeira escavada.
COXO: pessoa que manca.
	FUZIL: arma de fogo.
FUSÍVEL: condutor elétrico.
	ANTE: preposição que significa estar diante de; estar na presença de.
ANTI: prefixo que significa algo contra.
	COMPRIDO: longo.
CUMPRIDO: particípio passado do verbo 'cumprir'.
	GRAÇA: favor dispensado ou recebido; benefício; dádiva; elegância de estilo; dito ou ato espirituoso ou engraçado; favor ou mercê concedida por Deus a uma pessoa.
GRASSA: do verbo grassar - desenvolver-se; alastrar-se; propagar-se progressivamente; difundir-se.
	ANTICÉPTICO: oposto aos céticos.
ANTISSÉPTICO: desinfetante.
	CONCELHO: jurisdição administrativa, município.
CONSELHO: opinião; parecer; corpo coletivo superior; tribunal.
	INCERTO: relativo à incerteza; duvidoso.
INSERTO: inserido; incluído.
	APREÇAR: ajustar o preço de; atribuir valor a; ter apreço a.
APRESSAR: tornar mais rápido; acelerar.
	CONCERTO: apresentação ou obra musical; entrar em acordo (do verbo 'consertar').
CONSERTO: ato ou efeito de consertar.
	INCIPIENTE: iniciante; inexperiente.
INSIPIENTE: ignorante.
	ÁREA (área): dimensão; espaço.
ÁRIA (ária): peça musical para uma só voz.
	CORINGA: tipo de vela que se coloca em algumas embarcações.
CURINGA: carta de baralho que, em certos jogos, pode substituir outra.
	INDEFENSO: adjetivo que se refere a indefeso.
INDEFESO: que não tem defesa ou proteção; desarmado.
INFENSO: que se opõe a; adverso; contrário a.
	ARREAR: colocar arreios em.
ARRIAR: abaixar.
	COSER: costurar.
COZER: cozinhar.
	INFLAÇÃO: ato de inflar; aumento de preços.
INFRAÇÃO: desobediência; violação; transgressão.
	ASAR: guarnecer de asas.
AZAR: má sorte.
	DECENTE: decoroso; limpo.
DESCENTE: que desce; vazante.
DISCENTE: relativo a alunos.
DOCENTE: relativo a professores.
	INFLIGIR: aplicar ou determinar uma punição; um castigo.
INFRINGIR: desobedecer; violar; transgredir.
	ASCETA: pessoa que vive em prática de devoçãoe penitência.
ASSETA: do verbo 'assetar', ferir com seta.
	DECERTAR: lutar; pelejar.
DESERTAR: abandonar; fugir; renunciar.
DISSERTAR: discorrer.
	INQUERIR: apertar com cordas a carga de animais.
INQUIRIR: interrogar; investigar.
	ACÉTICO: diz-se do ácido que constitui o vinagre.
ASCÉTICO: relativo ao ascetismo; devoto; místico; contemplativo.
ASSÉPTICO: relativo à assepsia.
	DEFERIMENTO: concessão;  atendimento.
DIFERIMENTO: adiamento.
	INTEMERATO: aquele que é casto; puro; incorruptível.
INTIMORATO: que é valente, destemido.
	ATUADO: particípio do verbo 'atuar'; exercer atividade; agir.
AUTUADO: particípio do verbo 'autuar'; lavrar um auto contra alguém; reunir em forma de processo; processar.
	DEGRADADO: que está aviltado; diminuído (degradação).
DEGREDADO: aquele que está no degredo; exilado.
	INTENÇÃO (TENÇÃO): propósito; finalidade.
INTENSÃO (TENSÃO): intensidade;  esforço.
	BOCAL: abertura de vaso; candeeiro; frasco; castiçal.
BUCAL: relativo à boca.
	DELATAR: denunciar (delação).
DILATAR: retardar, adiar (dilação).
	INTERCESSÃO: ato de interceder; interferência; intervenção; súplica.
INTERSECÇÃO: ponto em que duas linhas se cruzam; parte comum a dois conjuntos.
	BROCHA: prego curto, de cabeça larga e chata.
BROXA: tipo de pincel.
	DESCRIÇÃO: ato de descrever, tipo de redação; exposição.
DISCRIÇÃO: reserva ao falar, qualidade daquele que é discreto; prudência.
	LACTANTE: quem produz o leite; mulher que amamenta (a mãe).
LACTENTE: quem recebe o leite; criança que ainda mama.
	BUCHO: estômago de animais.
BUXO: arbusto ornamental.
	DESCRIMINAR: inocentar; absolver (DESCRIMINAÇÃO).
DISCRIMINAR: distinguir; diferenciar; separar (DISCRIMINAÇÃO)
	LAÇO: laçada.
LASSO: frouxo; cansado; 'dissoluto'.
	CAÇAR: perseguir; capturar a caça.
CASSAR: anular.
	DESMITIFICAR:tirar o caráter de mito.
DESMISTIFICAR: livrar ou tirar da mistificação (engano; burla; abuso da credulidade).
	LENIMENTO: suavizante.
LINIMENTO: medicamento para fricções.
	CAIXEIRO, relativo à CAIXA (BALCONISTA).
CAIXEIRO-VIAJANTE: empregado de um estabelecimento comercial que vende os produtos em lugares fora desse local.
	DESPENSA: compartimento para se guardar alimentos.
DISPENSA: demissão.
	MAL: advérbio que significa contrário de BEM. Também quando se refere à conjunção subordinativa temporal: "O mal da humanidade é o seu grande egoísmo."
MAU: é um adjetivo que significa o contrário de BOM e de MÁ.
	CAICHOLA: cabeça.
CAIXOLA: caixa pequena.
	DESTORCER: endireitar; desfazer a torcedura.
DISTORCER: desvirtuar; mudar o sentido.
	MANDADO: ordem emanada de autoridade judicial ou administrativa.
MANDATO: período de missão política.
	CALDA: doce; xarope.
CAUDA: rabo de animais.
	DESTRATAR: insultar.
DISTRATAR: romper um trato; desfazer um contrato.
	MAS (conjunção): sinônimo de porém, todavia, contudo.
MÁS (adjetivo) relativo à 'maldade'.
MAIS: pronome indefinido ou advérbio de intensidade (contrário de menos); no sentido comparativo: João é mais alto que Jonas.
	CARTUCHO: canudo de papel, de plástico, ou de metal.
CARTUXO: pertencente à Cartuxa, ordem religiosa fundada por São Bruno.
	EMERGIR: vir à tona; subir.
IMERGIR: mergulhar; descer.
	MAÇUDO: indigesto; monótono.
MASSUDO: volumoso.
	CAVALEIRO: aquele que anda a cavalo.
CAVALHEIRO: homem de boas maneiras.
	EMIGRANTE: pessoa que sai do próprio país.
IMIGRANTE: pessoa que entra num país estrangeiro
	MECHA: pavio; estopim; tufo de cabelo; dreno.
MEXA: forma verbal de 'mexer'.
	CEGAR: tirar a visão de.
SEGAR: seifar; cortar.
	EMINENTE: que se destaca; excelente; notável.
IMINENTE: que está prestes a ocorrer; pendente.
	MOÇA /ô/: feminino de moço.
MOSSA /ó/: vestígio de uma pancada ou pressão forte; entalho; abalo ou impressão moral.
	CELA: aposento de religiosos ou de prisioneiros.
 
SELA: arreio de cavalo, 3ª peesoa do sing., do presente do indicativo do verbo 'selar'.
	EMITIR: expedir, emanar; enunciar; lançar fora de si.
IMITIR: fazer entrar; investir.
	NORMALIZAR: tornar normal; regularizar; padronizar;  fazer voltar à normalidade; submeter à norma.
NORMATIZAR: estabelecer normas para; submeter a normas (neologismo já devidamente registrado).
	CELEIRO: depósito de provisões.
SELEIRO: fabricante de selas.
	EMPEÇO: empecilho; impedimento; obstáculo; estorvo.
IMPEÇO: primeira pessoa do singular do verbo 'impedir'.
	PAÇO: palácio.
PASSO: passada; 1a. pessoa do pres. do ind. do verbo 'passar'.
	CENÁRIO: decoração de teatro.
SENÁRIO: que consta de seis unidades.
	EMPOÇAR: formar poça.
EMPOSSAR: dar posse a alguém.
	POÇA /ô/ substantivo): cova pouco profunda contendo água ou outro líquido qualquer.
POSSA /ó/ primeira e segunda pessoas do singular do presente do subjuntivo do verbo 'poder'.
	CENSO: recenseamento.
SENSO: juízo claro.
	ENFESTAR: dobrar ao meio na sua largura; exagerar (entediado - no sul).
INFESTAR: assolar; invadir; existir em grande quantidade em.
	POCEIRO: homem que cava poços.
POSSEIRO: aquele que se encontra na posse clandestina ou ilegítima de certa área de terras particulares ou devolutas, com a intenção de dono.
	CENSUAL: relativo ao censo.
SENSUAL: relativo aos sentidos.
	ENFORMAR: colocar em forma; incorporar.
INFORMAR: prestar informações.
	POÇO /ô/, substantivo): cavidade no solo que contém água; cisterna.
POSSO /ó/): primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo 'poder'.
	CERRAÇÃO: nevoeiro espesso.
SERRAÇÃO: ato de serrar.
	ENTENDER: compreender.
INTENDER: exercer vigilância; administrar.
	POSTAR: colocar alguém em um lugar ou posto.
POSTAR: enviar carta pelo correio.
	CERRAR: fechar.
SERRAR: cortar.
	ESBAFORIDO: ofegante, com a respiração entrecortada pelo cansaço ou pela pressa.
ESPAVORIDO: cheio de pavor; apavorado;
	PODADEIRA: tesoura própria para podar as plantas.
PODADURA: é relativo à poda /ó/.
	CERVO: veado.
SERVO: servente; escravo.
	ESPECTADOR: aquele que vê; que assiste a alguma coisa.
EXPECTADOR: o que está na expectativa de; à espera de algo.
	PONCHE: bebida que leva frutas picadas.
PONCHO: tipo de capa quadrangular, com uma abertura no meio, por onde se enfia a cabeça.
	CESSAÇÃO: ato de cessar (interromper).
SESSAÇÃO: ato de sessar (peneirar).
	ESPERTO: ardiloso; malicioso; sagaz.
EXPERTO: experiente; especialista; perito.
	PLEITO: disputa.
PREITO: homenagem.
	CESTA: utensílio geralmente de palha para se guardar coisas.
SESTA: hora de descanso, normalmente após o almoço.
SEXTA: ordinal feminino de seis.
	ESPIAR: espreitar; olhar.
EXPIAR: redimir-se; pagar uma culpa.
	PREEMINENTE: nobre; distinto, que ocupa lugar mais elevado.
PROEMINENTE: alto; saliente, que se alteia acima do que o circunda.
	CHÁ: tipo de bebida feito com ervas.
XÁ: título de soberano na língua persa.
	ESPIRAR: soprar; respirar; estar vivo.
EXPIRAR: expelir o ar; morrer.
	PRENUNCIAR: anunciar com antecedência.
PRONUNCIAR: exprimir verbalmente; articular as palavras.
	CHÁCARA: quinta; sítio.
XÁCARA: narrativa popular em versos.
	ESPRIMIDO: particípio do verbo 'espremer".
EXPRIMIDO: particípio do verbo 'exprimir'. Há também 'expresso', no sentido de rápido.
	PREFERIR: querer ou gostar mais; ter preferência por.
PRETERIR: não dar importância a; omitir.
PROFERIR: dizer; enunciar; pronunciar; decretar.
	CHALÉ: casa campestre de estilo suíço.
XALE: cobertura para os ombros.
	ESTADA: ato de estar;  permanência; demora transitória de pessoas em algum lugar.
ESTADIA: prazo concedido de carga ou descarga de um navio em um porto. Prazo para veículos em um estacionamento ou garagem.
	PREPOR: colocar antes; antepor.
PROPOR: submeter à apreciação.
	CHEQUE: ordem de pagamento.
XEQUE: tipo de lance no jogo de xadrez.
XEIQUE: governador soberano, entre os árabes.
	ESTÂNCIA: lugar onde se está ou permanece; morada; paragem; estabelecimento rural; estação de águas minerais.
INSTÂNCIA: qualidade do que é instante; pedido urgente e repetido; jurisdição; série de atos de um processo; ordem ou grau da hierarquia judiciária.
	PRESCREVER: receitar; determinar ou perder a validade.
PROSCREVER: banir; expulsar.
	COCHA: gamela.
COLCHA: cobertura em tecido para cama.COXA: parte da perna.
	ESTÁTICO: estar parado (como uma estátua).
EXTÁTICO: estar em estado de êxtase.
	PRESAR: prender; apreender.
PREZAR: ter em consideração.
 
Concisão
objetivos: demonstar o que é concisão; perceber que a clareza e a concisão são características importantes para a formalidade jurídica; apresentar as diferenças entre pleonasmo e tautologia.
NESTE TÓPICO
 O que é CONCISÃO ?
 Vamos refletir sobre alguns aspectos importantes para o uso da concisão:
  
 O USO DE PLEONASMOS OU DE TAUTOLOGIAS
 Referências
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 O que é CONCISÃO ?
 Vamos refletir sobre alguns aspectos importantes para o uso da concisão:
  
 O USO DE PLEONASMOS OU DE TAUTOLOGIAS
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O que é CONCISÃO ?
Para o Dicionário Academia Brasileira de Letras (p.336), CONCISÃO [s.f.] significa 1. Qualidade de conciso; 2. Brevidade e correção na informação falada ou escrita. E CONCISO [adjetivo] tem como acepçao "o que se expõe com poucas palavras; resumido; estilo conciso". Há também o sinônimo "lacônico" que é um adjetivo "que expressa com poucas palavras; conciso, breve (2): um relatório lacônico."
Assim, laconismo e concisão são modos de falar ou de escrever usando poucas palavras. No entanto, não se pode confundir o princípio de economia linguística com o da economia do pensamento, pois alguns termos e expressões, muitas vezes, são fundamentais para a clareza de um texto.
Vamos refletir sobre alguns aspectos importantes para o uso da concisão:
 
· Na construção formal das orações, há uma hierarquia de ideias, ou seja, há sempre ideias centrais e secundárias. Estas, muitas vezes, podem servir para fundamentar os sentidos daquelas, por isso devem ser respeitadas. O que se deve evitar são as que nada acrescentam e podem ser suprimidas sem prejuízo à coerência textual.
Exemplo:
"A jovem extraiu de seu próprio útero o feto, por ter tomado quatro comprimidos do remédio para úlcera em cápsulas de Cytotec, que pode causar a perda do útero e até a morte, caso seja usado sem a prescrição de um médico."
Nessa frase há elementos linguísticos que podem ser suprimidos e outros, substituídos por termos que indicam uma ideia completa, por exemplo:
1. "extraiu de seu próprio útero o feto"; o verbo "abortar", no pretérito perfeito do Indicativo, na 3a. pessoa do singular: "abortou" é o mais conciso e adequado para esse contexto.
2. "tomado quatro comprimidos do remédio para   úlcera em cápsulas de Cytotec, que pode causar a perda do útero e até a morte, caso seja usado sem a prescrição de um médico." Observe o excesso de termos desnecessários.
Com a noção de concisão, a frase ficará:
A jovem abortou ao tomar quatro cápsulas de Cytotec, um remédio para úlceras que, além de provocar a perda do útero, pode levar à morte, se for ministrado sem prescrição médica.
 
· O domínio dos termos e expressões da área jurídica é de extrema importância, para se evitar repetições de termos ou explicações desnecessárias; o uso adequado de siglas e de abreviações não devem ser dispensados, mas devem ser usados, quando necessário, de acordo com as regras gramaticais formais:
Lembre-se de que as abreviaturas masculinas não devem conter o símbolo [º.], somente nas formas femininas [ª.]
	FORMA MASCULINA
	FORMA FEMININA
	Advogado = Adv., Advo.
	 Advogada = Advª
	Vossa Excelência = V.Exª.
	 = V.Exc ª. (Forma menos usada: V.Exa.)
	Senhor = Sr.
	Senhora = Sr ª.
	Excelentíssimo Senhor = Exmo. Sr.
	Excelentíssima Senhora = Exm ª. Sr ª.
 
Exemplo:
A Srª PRESIDENTE (Iris de Araújo): – Obrigada, nobre Senador. V. Exª será atendido, na forma do Regimento. Concedo a palavra ao nobre Senador Sibá Machado. S. Exª dispõe de até 20 minutos.
Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador): – Srª Presidente, Senadora Íris de Araújo, bom-dia. Senador Eduardo Suplicy, parabéns pela preocupação com o Parque do Ibirapuera, em São Paulo!
[Trecho de uma publicação no DIÁRIO DO SENADO FEDERAL, 28 de junho de 2003, disponível em http://www.senado.gov.br/publicacoes/diarios/pdf/sf/2003/06/27062003/16552.pdf, pesquisado em 29 abr 2015].
 
· Revisão textual: rever atentamente o texto escrito exige tempo e atenção. O autor/escritor deve colocar-se no lugar do leitor, de maneira a evitar termos ambíguos, pleonasmos ou tautologias que compromete a clareza textual.
 
Exemplo:
"O jovem atropelou uma vítima dirigindo em alta velocidade o seu veículo, perdeu o controle do carro "
Perceba que a oração foi construída com ambiguidade (duplo sentido), pois não se sabe quem estava dirigindo o carro (o jovem ou a vítima?). Obviamente que, pela lógica, seria "o jovem", mas a falta de coerência e de concisão na organização da frase, torna-a confusa e sem sentido. Uma solução seria:
"O jovem, dirigindo em alta velocidade, perdeu o controle do veículo e atropelou um pedestre."
 
O USO DE PLEONASMOS OU DE TAUTOLOGIAS
 
1) Pleonasmo (de origem grega: pleos, significa abundante). É uma repetição, tanto no ato da fala quanto no da escrita de ideias ou de palavras, que tenham sentidos iguais ou similares. Nem sempre deve ser evitado, pois na literatura e na arte em geral pode ser considerado como "um adorno da linguagem" ou também "pleonasmo de estilo". Assim, há o pleonasmo figura de linguagem e o pleonasmo vicioso (também conhecido como tautologia).
Exemplos de Figura de Linguagem:
“Cada qual busca salvar-se a si próprio...” (Herculano)
“Morrerás morte vil da mão de um forte.” (G. Dias)
 
“Soneto de Fidelidade
Vinícius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento antes
E com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento."
[...]”(Vinícius de Moraes disponível em: http://letras.mus.br/vinicius-de-moraes/86563/)
 
2) Tautologia (do grego, tautos, tem a mesma acepção de mesmo, de idêntico). Aproxima-se do pleonasmo vicioso e se caracteriza pela seguida repetição, por meio de palavras diferentes, a partir de um pensamento já anunciado. Essa forma de repetição caracteriza-se pela redundância, que é recriminada pela formalidade textual.
 
	Acabamento final (se é acabamento, é final)
	Habitat natural (Em ecologia, habitat  é lugar ou meio habitado por espécies animais e vegetais)
	Almirante da Marinha (Essa patente é somente da Marinha).
	Hemorragia de sangue (hemorragia significa derramamento de sangue)
	Amigo pessoal (amigo caracteriza-se por ser pessoal)
	Hepatite do fígado (é uma doença que ocorre somente no fígado)
	Antecipar para antes (antecipar significa antes)
	Inaugurar novo recinto (inauguração é um novo evento)
	Bonita caligrafia (caligrafia significa a arte de escrever bonito)
	Introduzir dentro (significa fazer entrar, ou seja, para dentro)
	Canja de galinha (significa caldo de galinha)
	Labaredas de fogo (relativo à fogo)
	Conclusão final (o termo indica a finalização de algo)
	Manter o mesmo (é relativo a prover(-se) de algo necessário)
	Consenso geral (significa uniformidade de pensamentos, opiniões e outros)
	Metades iguais (é medida exata)
	Conviver junto (com + viver, indica com alguém)
	Novidade inédita (se é novo é inédito)
	Criar novos empregos (Criar é produzir algo inédito ou novo)
	Planos ou projetos para o futuro (planejar e projetar é o mesmo que prospectar para o futuro)
	Demente mental (é relativo a problemas mentais)
	Prefeitura Municipal (no Brasil, só existe prefeitura nos municípios)
	Descer para baixo (já indica para baixo)
	Protagonista principal (é a personagem principal)
	Elo de ligação (elo indica algo ligado a algo)
	Repetir de novo (tornar a dizer ou a escrever)
	Encarar de frente (significa enfrentar os problemas. Não se encara problemas de costas)
	Sair para fora [ou Sair fora] (Sair significa ir para fora)
	Entrar para dentro [ou] Entrar dentro (significa ir para dentro)
	Sentidos pêsames (signfica sentimentos de pesar, condolências)
	Estrelas do céu (é um objeto celeste com formato esférico)
	Sorriso nos lábios (Osorriso acontece somente nos lábios)
	Ganhar grátis [ou de graça] (ou se usa "o prêmio foi de graça" ou "ganhou um prêmio")
	Sua própria autobiografia ("auto" significa para si próprio e "biografia" descrição da vida)
	General do Exército (General é patente do exército)
	Subir para cima (significa ir para cima)
	Goteira no teto (sempre cai do teto)
	Surpresa inesperada (é um fato inesperado. Existe supresa boa ou ruim)
	Há muitos anos atrás (indica tempo passado)
	Todos são unânimes (unanimidade significa todos)
 
 
 
Formalidade
Objetivo: instrumentalizar meios para a fixação do que é formalidade; permitir o acesso às regras gramaticais sobre a formalidade; apresentar orientações formais no uso jurídico.
NESTE TÓPICO
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 Como isso é possível?
  
 CASOS ESPECIAIS
 Como se grafa os termos folha e folhas
 FORMAS DE TRATAMENTO
 A FORMALIDADE E OS ASPECTOS GRAMATICAIS
 ALGUNS CASOS DE CRASE
 Crase e verbos
 Mais alguns casos em que o uso da crase é proibido.
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Dentre as várias acepções do termo formalidade, aquela que se aproxima da área jurídica: é o conjunto de prescrições, de procedimentos que devem ser observados na formação de um ato para que este produza efeitos jurídicos.
Há no Judiciário uma conduta formal e minuciosa em relação às leis, em que juízes, procuradores, desembargadores e advogados estão sempre envolvidos com provas, indícios, ou seja, material investigativo que obedece a criteriosos mecanismos judiciais para a aplicação adequada da lei.
O uso da formalidade não significa tornar o texto jurídico inacessível aos estudantes de direito ou aos leigos, mas buscar meios que permitam o acesso dos interessados nos processos, sem perder a qualidade comunicativa. 
O Judiciário, muitas vezes, distancia-se do público em geral, em razão do exagero formal dos envolvidos nessa área. Isso provoca ruídos na comunicação, principalmente, quando a Imprensa  noticia casos jurídicos sem se apropriar dessa linguagem.
Se a Constituição dispõe sobre o direito à livre informação e à privacidade, tanto o Judiciário quanto os meios de Comunição devem preocupar-se com o uso de uma linguagem que assegure os direitos individuais ou coletivos como o direito à privacidade e à  defesa em juízo.
 
Como isso é possível?
O estudo da formalidade dessa linguagem técnico-jurídica poderá auxiliar o entendimento da maioria dos processos que tramitam no Judiciário.
 
CASOS ESPECIAIS
1. Citações de leis:
Nas peças jurídicas (petição, memorial, sentenças entre outras):
a) a primeira citação de uma Lei deve indicar o número, seguido da data, sem abreviação do mês e ano.
Exemplo:
Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
Observação: por ser o nome da Lei, deve-se grafar a primeira letra do substantivo próprio em maiúsculo (Lei), seguido da abreviação de número (nº, e não n.). O dia, representado por apenas um dígito, deve ser escrito sem o "0" (7), e o mês, de acordo com a gramática normativa, é grafado sempre em letra minúscula (agosto).
 
b) nas demais referências, a indicação, no texto, poderá ser apenas o número e o ano: Lei nº 11.340, de 2006; ou Lei nº 11.340/06.
 
2. Citação de artigos de lei
a) a citação de artigos deve ser de forma abreviada art., seguida de numeral ordinal (em que se usa o símbolo º): art. 1º, art. 2º até o art. 9º (lê-se: artigo primeiro, artigo segundo... e artigo nono). Do algarismo 10, em diante, passa a ser cardinal:  art. 10... art. 22 (lê-se: artigo dez..., artigo vinte e dois...).
 
b) o termo artigo, quando inicia o texto é grafado com letra maiúscula (Art. , seguido de ponto).
 
c) os incisos são escritos em algarismos romanos, seguidos pelo hífen (-). Quanto à  pronúncia, a legislação não faz qualquer recomendação. No entanto, aqui adotar-se-á  "inciso I - / Inciso XI -" (Inciso um e Inciso onze respectivamente).
Exemplos (itens "b" e "c"): (LEI Nº 9.278, DE 10 DE MAIO DE 1996.)
Art. 1º É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.
Art. 2° São direitos e deveres iguais dos conviventes:
I - respeito e consideração mútuos;
II - assistência moral e material recíproca;
III - guarda, sustento e educação dos filhos comuns.
 
d) a expressão Parágrafo único deve ser grafada por extenso. Caso inicie o texto: a letra P fica em letra maiúscula. Os demais parágrafos devem ser representados pelo símbolo §.
 
Exemplo:
Lei nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.
Lei nº 11.340/06
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
Como se grafa os termos folha e folhas
Há muitas controvérsias entre os gramáticos, mas seguindo-se as orientações do manual de  TÉCNICA DE REDAÇÃO FORENSE, do Desembargador Alexandre Moreira Germano, observa-se que os termos
"A folhas, de folhas... no uso forense permite-se tanto a primeira quanto a segunda. Embora também seja mais frequente 'às folhas'.
Assim, aceita-se tanto na oralidade quanto na escrita: 'a folhas 33 dos autos'; 'o documento de folhas 50'.
Essas expressões também podem ser abreviadas: 'a fls. 22, de fls. 50'.
Segundo Germano, Costa em 'Manual de Redação Profissional' afirma que
1) tanto se pode usar o numeral cardinal quanto o ordinal: 'folhas vinte e dois' ou 'folhas vigésima segunda';
2) podem-se usar as preposições a, em, de, conforme o caso: a folha, à folha, a folhas (jamais à folhas), às folhas, em folhas, na folha, nas folhas, de folhas;
3) a segunda palavra da expressão fica no singular ou vai para o plural, indiferentemente: folha ou folhas;
4) em textos jurídicos e forenses, o numeral da expressão fica invariável no masculino, ou se flexiona, optativamente, em concordância com o substantivo modificado: 'vinte e dois' ou 'vinte e duas';
5) quanto ao substantivo 'folha' ou 'folhas', pode-se abreviar de uma ou de outra forma: fl. ou fls., apenas com a ressalva de que não se deve empregar fls. como forma reduzida de folha.
Em suma, todas as formas são corretas, exceto à folhas (a craseado) – ou se escreve a folhas (sem crase) ou às folhas (plural, com crase). E folha (singular) se abrevia fl. (no plural, folhas = fls.).
Por fim, o número da folha não leva ponto no milhar: 'a folhas 1203 do processo (6º vol.)'; 'o documento de fls. 1501 (8º vol.)'. Também o ano não tem ponto: em 2003; em 2004; nascido em 1990; a Constituição de 1988".
FORMAS DE TRATAMENTO
O pronome de tratamento Vossa Excelência é designado para: Presidente da República e Vice; Ministros, Governadores e Vices; Prefeitos Municipais; Secretários Estaduais, Membros do Poder Legislativo e Judiciário; Oficiais-Generais.
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas a essas autoridades é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo, por exemplo: Excelentíssimo Senhor Doutor da 2ª Seção do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. .
Para cada uma das Justiças e Tribunais Superiores há atribuições e papéis a serem cumpridos. Dessa forma, quando o profissional do direito encaminha peças jurídicas a essas Justiças e Tribunais, precisa designar o endereçamento seguindo os princípios formais.
Para esclarecer, no âmbito da União, o Poder Judiciário é constituído da seguinte maneira: Justica Federal (comum), que inclui os Juizados Especiais Federais, e as especializadas, que são a Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar.
A princípio, observe o Organograma do Poder Judiciário, de maneira que possa ter uma noção sobre como o Poder Judiciário de organiza. Em seguida, note as formas de tratamento que devem ser usadas nos endereçamentos.
 
EXCELÊNCIA OU MERITÍSSIMO?
Meritíssimo e excelência são expressões bastante utilizadas nos Tribunais cujos dicionários da língua portuguesa atribuem inadequadamente ao primeiro termo sinonímia de juiz.
No entanto, meritíssimo é um adjetivo que significa "de grande mérito”, por isso deve acompanhar o substantivo juiz. Deve-se, portanto, dizer meritíssimo juiz e evitar o vocábulo meritíssimo isoladamente. Assim, o ideal seria o uso

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