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AULA 1 
CIÊNCIA POLÍTICA E DO ESTADO
Profª A. S. Barbosa
Abril, 30 de 2021
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1 - PODER E DOMINAÇÃO, LEGITIMIDADE E LEGALIDADE 
O que é o Poder?
Em primeiro lugar, é importante destacarmos o conceito de poder para
que entendamos o papel do Estado na vida dos cidadãos e nas relações
existentes entre ambos.
Quando tratamos da vida em sociedade e, portanto, das relações que os
seres humanos estabelecem entre si, a definição mais próxima dos
nossos objetivos é a de que o poder representa a capacidade que as
pessoas têm de influenciar às demais e de alterar o seu
comportamento.
É o caso, por exemplo, das campanhas publicitárias. Através delas,
empresas buscam despertar em seus públicos-alvo a necessidade de que
adquiram um produto ou serviço, transformando os gostos de seus
clientes e, até mesmo, determinando os seus hábitos após a aquisição.
Logo, observamos que o poder reflete não apenas a capacidade do ser
humano de promover uma determinada ação que terá consequências
sobre a vida de outras pessoas, mas também de ser afetado pelas ações
de outros indivíduos. Assim como declara o autor Mario Stoppino, em
sua contribuição à obra Dicionário de política (Editora Universidade de
Brasília, 1998), essa relação expressa o poder do homem sobre o
homem.
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Ações sociais racionais
Em primeiro lugar, as ações sociais racionais são
aquelas que envolvem intenções ou convicções dos
agentes e, por isso, podem ser classificadas como
ações com relação a fins ou ações com relação a
valores.
As ações com relação a fins são motivadas por
objetivos claros e por estratégias bem
estabelecidas para o cumprimento de tais
objetivos. É o caso da prestação de serviços
públicos pelo Estado (como o atendimento gratuito
em hospitais pelo Sistema Único de Saúde – SUS),
pois representa a tentativa do poder público de
promover o bem-estar da população e, portanto,
exige uma complexa capacidade de organização e
vontade política para a sua plena execução.
As ações com relação a valores são ações
motivadas por convicções em valores e/ou
crenças, como é o caso da escolha de um partido
político por um candidato. Afinal, espera-se que o
candidato concorde com as diretrizes partidárias e
com a ideologia que as serve de fundamento no
âmbito político.
A importância da ação social
Ao colocarmos em evidência as interações entre os
indivíduos, ou seja, de que forma ocorre a
convivência entre as pessoas dentro da sociedade,
podemos destacar a importância da ação social para a
expressão do poder.
A definição de ação social foi desenvolvida pelo
sociólogo alemão Max Weber em sua
obra Economia e sociedade (Editora Universidade
de Brasília; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo,
1999). Para o autor, toda ação individual ou
coletiva expressa uma intenção do agente que a
prática direcionada para o outro.
Dessa maneira, Weber delineou formas fundamentais
das ações humanas, compreendidas em dois eixos
distintos: ações sociais racionais e ações sociais
irracionais.
Ações sociais irracionais
Em segundo lugar, as ações sociais irracionais
refletem reações emocionais ou habituais dos
agentes que respeitam a determinados padrões
do convívio humano. Sendo assim, podem ser
classificadas como ações afetivas ou
tradicionais.
As ações afetivas são motivadas por emoções
despertadas nos agentes envolvidos, como é o
caso das comemorações populares quando da
aprovação de um projeto de lei ou da vitória de
um candidato nas eleições.
As ações tradicionais são motivadas por
hábitos e costumes tradicionalmente
estabelecidos na conduta dos indivíduos. É o
caso do descanso semanal remunerado que deve
acontecer, preferencialmente, aos domingos
(conforme a Consolidação das Leis Trabalhistas –
CLT) e que foi estabelecido pelo Estado através
do império da Lei.
Os tipos-ideais de dominação
Além de fundamentar o conceito de ação 
social, Weber também contribuiu para a 
construção de explicações para o 
funcionamento da sociedade através dos 
tipos-ideais de dominação.
Em seus estudos, Weber estabeleceu 
que, dependendo do tipo de ação 
praticada pelo indivíduo ou pela 
coletividade, deve existir uma forma de 
dominação se houver a probabilidade de 
encontrar obediência por parte daqueles 
a quem foi direcionada.
Para tanto, podem ocorrer três formas 
distintas de dominação: a dominação 
carismática, a dominação 
tradicional e a dominação racional-
legal.
https://www.politize.com.br/clt/
Dominação tradicional
A dominação tradicional é condicionada, sobretudo, por ações com relação a
valores e/ou ações tradicionais. Ou seja, é exercida por figuras legitimadas
pelas tradições e costumes para o exercício de algum nível de autoridade, como
líderes comunitários (meio social) ou como os próprios pais (meio familiar).
Dominação carismática
Por sua vez, a dominação carismática é caracterizada por ações afetivas, nas
quais a legitimidade da autoridade é dada pelo carisma, ou seja, pela crença na
natureza extraordinária do agente. É o caso de indivíduos considerados profetas
ou heróis.
Dominação racional-legal
Por fim, a dominação racional-legal é expressa pela legitimidade conferida ao
Estado pelo Direito, ou seja, pela comum aceitação das regras estabelecidas
socialmente para a manutenção da ordem.
É motivada, sobretudo, por ações sociais racionais com relação a fins, pois são
cumpridos requisitos definidos pelo contrato social (como competências, estatutos
e convenções) e por aqueles que ocupam posições no âmbito do poder público
para o exercício de algum tipo de autoridade.
O Estado e a dominação racional-legal
Conforme visto, o Estado, devido à sua
autoridade condicionada pela dominação
racional-legal, detém a capacidade de
determinar as normas coletivas da vida em
sociedade. Logo, essa legitimidade conferida ao
poder público é o que assegura com que os
cidadãos tenham uma estrutura comum a
qual devem recorrer sempre que necessário.
Além disso, subentende-se que o poder público é
mantido pela totalidade dos membros civis de um
Estado, o que implica a necessidade de que, para
a sua plena manutenção, sejam aplicados
princípios como o da isonomia – que, perante a
Lei, posiciona os cidadãos sob as mesmas regras
de convivência e também sob as mesmas
possibilidades de sanções.
Retrato de Jean-Jacques Rousseau, autor 
da obra Do Contrato Social.
Retrato de Jean-Jacques Rousseau, autor 
da obra Do Contrato Social.
Essa conflitante relação entre direitos e deveres
é exposta por algumas das ideias desenvolvidas
por Jean-Jacques Rousseau em sua obra Do
Contrato Social (Hunter Books, 2014). De
acordo com o autor, as leis que regem a vida
das pessoas em uma sociedade são leis
convencionadas pelos próprios seres
humanos com a finalidade máxima de
preservar a ordem social.
Trata-se de uma relação fundamentada na
necessidade de que a justiça e a utilidade
apresentem sempre uma mesma direção,
guiando as convenções humanas e as cláusulas
do contrato social para a sua preservação e
levando a humanidade à plena liberdade,
conquistada através da independência de cada
indivíduo.
https://image.slidesharecdn.com/poderepoltica-110617131028-phpapp02/95/poder-e-poltica-13-728.jpg?cb=1403395795
Retrato de Jean-Jacques Rousseau, autor 
da obra Do Contrato Social.
A relação entre legalidade e legitimidade é muito estreita, a ponto de alguns
autores as confundirem. O termo legitimidade interessa precipuamente à ciência política,
mas também é importante a todas as ciências humanas.
A palavra pode designar uma série de situações. Desde a autenticidade de alguma coisa
até a justificação com a vontade geral, por meio da lei. Acquaviva explica:
"Atributo daquilo que se mostra conforme a razão e a natureza.Legalidade é termo
de significado muito mais estrito, tem mais particular uso na jurisprudência
positiva e parece referir-se a tudo que se faz ou obra segundo o que está
determinado nas leis humanas, isto é, guardando as solenidades, formalidades
ou condições que elas prescrevem. Em física é legítimo ouro, legítima prata,
legítimo diamante o que tem a própria natureza destas substâncias, o que não é
contrafeito nem adulterado. Em lógica, é legítimo o raciocínio quando os princípios são
verdadeiros e a consequência deduzida segundo as regras. Em moral, são legítimas as
ações que conformam com a razão, a equidade e a justiça universal. E finalmente, em
jurisprudência são legítimas todas as ações ou omissões que as leis ordenam, etc. Um
título é legítimo quando está autenticamente na forma da lei: um testamento é legal
quando foi feito com as solenidades da lei, uma prova é legal quando nela se acham
verificadas todas as condições que a lei requer, etc." (Marcus Cláudio Acquaviva,
Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva, 9ª edição, Editora Jurídica Brasileira, página
768).
Retrato de Jean-Jacques Rousseau, autor 
da obra Do Contrato Social.
Uma outra relação que é comumente feita é a da legitimidade com o poder.
Legitimidade é uma qualidade do poder, enquanto legalidade se refere ao
exercício do mesmo. Bobbio ensina:
"Na linguagem política, entende-se por legalidade um atributo e um requisito do
poder, daí dizer-se que um poder é legal ou age legalmente ou tem o timbre da
legalidade quando é exercido no âmbito ou de conformidade com leis estabelecidas ou
pelo menos aceitas. Embora nem sempre se faça distinção, no uso comum e muitas
vezes até no uso técnico, entre legalidade e legitimidade, costuma-se falar em
legalidade quando se trata do exercício do poder e em legitimidade quando se trata
de sua qualidade legal: o poder legítimo é um poder cuja titulação se encontra
alicerçada juridicamente; o poder legal é um poder que está sendo exercido de
conformidade com as leis. O contrário de um poder legítimo é um poder de fato; o
contrário de um poder legal é um poder arbitrário" (Norberto Bobbio, Dicionário de
Política, V.2, Editora UNB, Página 674).
Bem visível que há aí a proposição de uma identidade entre legitimidade e
juridicidade, em função de o Direito ser sempre, na democracia, uma expressão da
vontade geral, a que toda atividade política deve prestar respeito.
https://www.youtube.com/watch?v=ROVosOyirGA&t=5s
ATIVIDADES
• Assistam ao Vídeo no YouTube: Primeiros Passos na
Política – Você e o Poder: Quebrando os Muros da
Política
• https://www.youtube.com/watch?v=ROVosOyirGA&t=5s
• Leitura dos textos: 
Poder Político e Legalidade X Legitimidade
https://www.youtube.com/watch?v=ROVosOyirGA&t=5s

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