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ANEMIA FALCIFORME Ananda Martins - Medicina UEMA GENÉTICA ● Substituição do ácido glutâmico pela valina, na posição 6 de cadeia da beta-globina → criação da hemoglobina S GAG → GTG (6-Glu → Val) ● Criação do gene βS ● Todo ser humano possui duas cópias (alelos) do gene beta-globina - Somente homozigotos para o gente βS desenvolvem anemia falciforme - Se o indivíduo herda apenas uma cópia, possuem a variante falcêmica (heterozigotos para βS) Genética dos tipos diferentes de doenças falciformes 1. Anemia Falciforme (HbSS): homozigose para o gene βS - Doença mais grave, pior diagnóstico 2. Traço Falcêmico (HbAS): heterozigose com o gene βA, que representa a cadeia β normal - Manifestações sutis, bom prognóstico 3. Hemoglobinopatia: heterozigose com o gene βC (hemoglobina C) - Gravidade intermediária entre a anemia falciforme e o traço falcêmico 4. HbS/β-talassemia: heterozigose com alguma forma de β-talassemia (β0 ou β+) - Gravidade intermediária entre a anemia falciforme e traço falcêmico 5. HbS/HPFH: heterozigose com o gene da HPFH - Indivíduo assintomático Gene βs ● Pode ser classificado em função de seus haplótipos → alelos com pequenas diferenças em certo pontos na sequência de DNA que não mudam o resultado final ● Tipos de haplotipos do βS: Senegal, Benin, Bantu, Camarões e Indo-Arábico ● O traço falcêmico confere uma vantagem biológica ao proteger o indivíduo contra as formas graves de malária - O Plasmodium invade a hemácia portadora do traço falcêmico, a HbS presente nessa célula se desnatura de forma extremamente rápida → modificação antigênica na membrana plasmática: agregação da proteína banda 3 ● Porém, os portadores de anemia falciforme têm mais chances de morrer quando infectados pelo Plasmodium FISIOPATOLOGIA Comportamento Anômalo da Hemoglobina S 1. Baixa Solubilidade ● A troca do ácido glutâmico pela valina resulta em perda de eletronegatividade e ganho de hidrofibicidade ● Tendência a autoagregação → súbita formação de polímeros de hemoglobina S no interior do citoplasma → são constituídos de fibras alongadas e rígidas, alterando o formato da célula ● Os polímeros de HbS não carreiam o oxigênio ● O afoiçamento das hemácias acontece de forma espontânea (anemia falciforme), podendo se exacerbar segundo os seguintes fatores: - Hipóxia: transforma o oxi-HbS em desoxi-HbS. Mesmo numa hipóxia leve, a alta concentração de desoxi-HbS podem desencadear a polimerização. - Acidose: reduz a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. Numa acidose, há mais desoxi-HbS para um mesmo nível de pO² → leva a polimerização - Desidratação celular: aumenta o CHCM → favorece polimerização → aumento da concentração de desoxi-HbS ● Caso esses fatores sejam resolvidos, os polímeros se desfazem e as hemácias podem voltar ao formato normal ● A redução na proporção de HbS já dificulta a formação de polímeros, diminuindo o afoiçamento ● HbF: hemoglobina mais eficiente no bloqueio à formação da HbS ● Por isso que a forma mais grave da doença é a anemia ferropiva, pois > 90% da hemoglobina é HbS. 2. Instabilidade Molecular ● A HbS tende a sofrer oxidação com mais facilidade que a hemoglobina normal ● Se em contato com fosfolipídeos da membrana celular: oxidação aumenta em 340% → formação de macromoléculas desnaturadas, compostas por fragmentos de globina, ferro e fosfolipídeos Consequências para as hemácias ● As características físico-químicas da HbS respondem pela cascata de eventos fisiopatológicos no interior da hemácia ● Alteração morfológica e estresse oxidativo intracelular ● Os excessos de reações oxidativas acontece o tempo todo dentro das hemácias, independente da polimerização da HbS, acometendo as hemácias sadias ● Todas as células vermelhas do sangue de um falcêmico apresentam níveis elevados de estresse oxidativo, mesmo quando não afoiçadas Efeitos patológicos do estresse oxidativo intracelular ● Dano cumulativo na membrana plasmática - Peroxidação de lipídeos e oxidação de múltipla proteínas estruturais → rompem as interações com o citoesqueleto → formação de microvesículas na superfície - A fluidez da membrana é comprometida: as hemácias não conseguem voltar ao normal mesmo quando os polímeros se desfazem - ISC (Irreversibly Sickled Cells) - A célula pode se tornar frágil → lise osmótica ou mecânica → anemia hemolítica ● Transporte iônico afetado - Peroxidação de lipídeos aumenta a permeabilidade da membrana aos cátions - A entrada de cálcio no citoplasma ativa um canal na membrana que induz a perda de K+ e água para o meio extracelular - Resultado: desidratação celular - Hemácias desidratadas afoiçam com mais facilidade ● Modificações antigênicas na membrana - Exposição de Fosfatidilserina (FS): molécula com propriedades diretamente adesiogênicas e pró-inflamatórias - A FS pode ser externa ou interna mas o estresse oxidativo desregula essa possibilidade, fazendo com que a FS seja apenas externalidade. - Vesículas se desprendem das hemácias → processo de lesão endotelial difusa e estímulo à resposta inflamatória Consequências para o organismo ● Hemácias ricas em HbS são “agentes do caos” dentro do corpo do paciente ● Hemácias falcêmicas são destruídas no interior da corrente circulatória → liberação de seus conteúdos para o sangue ● Hemoglobina S e moléculas desnaturadas existentes nessas células exercem efeitos negativos sobre a camada interna do endotélio ● Depleção do óxido nítrico: substância com propriedades vasodilatadoras, antitrombóticos e anti-inflamatórias ● Conteúdos das hemácias e microvesículas ricas em FS estimulam células da imunidade inata (macrófagos e monócitos) a produzir e secretar citocinas pró-inflamatórias, como TNF-alfa e interleucinas → inflamação sistêmica crônica → potencializa a disfunção endotelial - Alterações persistentes nos exames de sangue: leucocitose e elevação de marcadores de fase aguda (PCR) - O falcêmico é um paciente constantemente inflamado ● Endotélio difusamente comprometido → processo de hiperplasia e fibrose na parede dos vasos de maior calibre → obstrução progressiva do lúmem ● Inflamação sistêmica crônica: hipercoagulabilidade → facilita surgimento de tromboses ● Vaso oclusão capilar (crises falcêmicas agudas): aumento episódico na exposição de fatores de adesão pelas células endoteliais + afoiçamento das hemácias ● Vasculopatia macroscópica subjacente o AVE isquêmico e hipertensão pulmonar: lesão crônica da parede vascular + hipercoagulabilidade ● Anemia falciforme cursa com disfunção endotelial crônica tanto na macro como na microcirculação Vaso Oclusão Capilar ● Vaso oclusão aguda: crises álgicas ● Vaso oclusão crônica: disfunção orgânica lentamente progressiva → infartos teciduais cumulativos 1. Adesão de hemácias ao endotélio em vênulas pós-capilares: lentificam o fluxo sanguíneo local - Geralmente causada por reticulócitos 2. Impactação e empilhamento de hemácias a montante - Inicialmente as ISC (mais viscosas e menos deformáveis) e posteriormente hemácias não afoiçadas - Estase sanguínea → hipóxia e acidose → afoiçamento generalizado → obstrução microvascular → isquemia tecidual ● A adesão das hemácias ao endotélio pode ocorrer espontaneamente ou modulada por infecções, desidratação, exposição ao frio e outras formas de estresse. - Aumentam a polimerização da HbS como também estimulam diretamente a resposta inflamatória ● A isquemia tecidual irá produzir focos de necrose nos órgãos envolvidos: medula óssea, medula renal, baço, pulmões, mucosa intestinal, etc ● Curso crônico e progressivo: a vaso-oclusão capilar constante somam-se a episódios intermitentes de agravamento ● Isquemia localizada = estimula a disfunção endotelial sistêmica → mediadores inflamatórios, liberados pelos tecidos infartados, exercem efeitos sistêmicos que modificam a biologia vascular do organismo ● Vaso-oclusão repetitiva + hemólise intravascular ininterrupta → inflamação sistêmica e disfunção endotelial DIAGNÓSTICO Laboratório Básico ● Queda leve a moderada da hemoglobina e do hematócrito ● Reticulocitose(entre 3 e 15%) → aumento artificial do VCM (reticulócitos maiores que hemácias maduras) - Se paciente falcêmico não apresentar VCM normal ou alto, deve-se suspeitar de coexistência de ferropenia ● Hiperbilirrubinemia indireta ● Aumento de LDH ● Queda da haptoglobina ● Hemácias: normocrômicas (se hipocromia = ferropenia associada) ● Contagem de leucócitos e plaquetas aumentadas ● Aumento de PCR ● Esfregaço de sangue periférico: hemácias irreversivelmente afoiçadas (ISC), policromasia (reticulocitose), corpúsculos de Howell-Jolly (asplenia), hemácias em alvo Confirmação ● Eletroforese de hemoglobina ● Cromatografia líquida de alta performance (HPLC) ● Análise genética ● Testes de afoiçamento e solubilidade da hemoglobina: porém não diferenciam entre AF e as variantes falcêmicas ● Confirmado diagnóstico → solicitar bateria de exames específicos visando acompanhar evolução da função de órgãos-alvo Rastreio Pré-natal ● Diagnóstico: biópsia do vilo coriônico, coletada entre 8 a 10 semanas de gestação → análise genética Neonatal ● Teste do pezinho (2 a 30 dias) ● Adoção precoce de medidas preventivas: uso diário de penicilina V oral até a idade de 5 anos → reduz morbimortalidade MANIFESTAÇÃO CLÍNICAS E TRATAMENTO ● Quadro de hemólise crônica associado a múltiplas disfunções orgânicas progressivas ● Queda da HbF → aumento da HbS → início de crises álgicas ● Órgãos-alvo da doença: baço, ossos, rins, cérebro, pulmões, pele e coração ● Expectativa de vida: homens 42 anos e mulheres 48 anos Avaliação Global Inicial ● Acompanhamento por hematologista ● Exames solicitados: - Sangue: hemograma completo, reticulócitos, cinética de ferro, eletroforese de Hb, LDH; função renal, hepatograma, eletrólitos, sorologia de hepatite viral; tipagem sanguínea, painel de alonaticorpos, D-dímero e Ptn C reativa, BNP) - Urina (EAS) - Radiologia: USG de vias urinárias, ECG, RX de tórax, doppler transcraniano (> 2 anos), RNM ou angio-RNM do encéfalo (adultos), RX ou RNM do ombro e/ou quadril, densitometria óssea - Oftalmologia: fundoscopia - Neuropsiquiatria: mini exame do estado mental Terapia Modificadora de Doença ● Profilaxia contra o pneumococo - Streptocccus pneumoniae: principal causa de óbito em crianças falcêmicas - Evolução para pneumonia, bacteremia e meningite - Vacinação antipneumocócica e uso profilático de penicilina: reduzem morbimortalidade precoce da AF - Pacientes sem histórico de sepse pneumocócica ou esplenectomia cirúrgica: interromper antibioticoprofilaxia aos cinco anos de idade ● Reativação da síntese de HbF - Níveis de HbF são inversamente proporcionais à gravidade da AF - Hidroxiureia 15 a 40 mg/kg/dia - Indicações: >= 2 crises álgicas/ano com necessidade de internação, disfunção orgânicas crônicas, anemia profunda com reticulócitos > 250.000, necessidade de hemotransfusão crônica, prevenção secundária de STA - Causam melhora na anemia e queda na contagem de reticulócitos, leucócitos e plaquetas - Controle feito pela contagem de neutrófilos (> 2.000/ml) ● Hemotransfusão - Transfusão simples: bolsas de hemácias ministradas conforme necessidade. Indicações: hb < 5g/dl, crise aplásica, crise de sequestro esplênico, pré-operatório - Transfusão de troca parcial: parte das hemácias falcêmicas é removida da circulação em troca de hemácias normais. Indicações: prevenção primária e secundária do AVC isquêmico. - Flebotomia (retirada de 10ml/kg de hemácias) + transfusão de hemácias - Meta de redução na quantidade de HbS circulante → Hbs < 30% - Em ambos a meta é de hemoglobina 10g/dl e hematócrito de 30% ● Uso de quelantes de ferro - Tratamento para a hemocromatose secundária, condição causada pelo excesso de hemotransfusões, que causam sobrecarga de ferro - Principais utilizados: deferoxamina (endovenosa ou subcutânea), deferasirox (via oral) - Indicações: ferritina sérica > 2.000 mcg/l, ferro hepático > 2.000 mcg/g de peso seco, história de transfusões mensais por > 1 ano, RNM cardíaca e/ou hepática positiva para excesso de ferro ● Terapias adjuvantes - Não possuem evidencias científicas consistentes mas são utilizadas - Reposição de folato e outras vitaminas: o estado hemolítico acelera produção de hemácias pela MO, levando a esgotamento de folato → crise megaloblástica - Flebotomia: retirada de 10 ml de sangue/kg de peso em 20 a 30 minutos, repetindo o procedimento até que a hemoglobina esteja entre 9 e 9,5 g/dl - Eritropoietina/Darbopoietina: dose titulada quando a hemoglobina estiver em torno de 10 g/dl - Transplante de células-tronco hematopoiéticas: única chance de cura da AF. Porém enfrenta dificuldades ao se obter doador compatível e elevada morbimortalidade do procedimento em si. - Inibidores da desidratação de hemácias: uso de citrato de cetiedila → modificam o transporte iônico através da membrana plasmática - Antiplaquetários e anticoagulantes: uso de pequenas doses de heparina reduzem a intensidade e frequencia das crises álgicas. - Ácido Ômega-3: suplementação diminui a ocorrência de crises vaso-oclusivas COMPLICAÇÕES E MANUSEIO Crise Álgica ● Dor aguda como sintoma inicial ● Crise esquelética: vaso-oclusão no interior da medula óssea produzindo infarto ósseo ● Crianças: síndrome mão-pé (dactilite falcêmica) → dor e edema em extremidades devido a isquemia/infarto dos pequenos ossos das mãos e pés ● Somente uma minoria apresenta crises álgicas frequentes ● Fatores: níveis reduzidos de HbF, níveis aumentados de Hb/Ht que causam maior viscosidade sanguínea, apneia do sono (dessaturação arterial noturna) ● Dor desencadeada por fatores como: frio, desidratação, infecções, estresse emocional, menstruação e libação alcoolica. ● Parte do corpo mais afetada: região dorso-lombar, tórax, extremidades, abdome. ● Episódio de 4 a 10 dias ● CONDUTA: pesquisa/correção de fatores desencadeantes e alívio imediato e seguro da dor - Dor leve e moderada: AINES, paracetamol e dipirona - Dor grave e/ou refratária: + opióides - Evitar uso de MEPERIDINA → neurotóxica ● Hidratação - Via oral: 60 ml/kg/dia - Hidratação venosa quando a hidratação oral não é adequada ou garantida - Monitorado pela EAS diária (densidade urinária mantida < 1.010) ● Hemoglobina pode cair de 1 a 2 g/dl na crise álgica → NÃO indica necessidade de transfusão Dor Crônica ● Substrato anatômico para tal: fraturas vertebrais, osteonecrose da cabeça do fêmur e/ou úmero, úlceras cutâneas persistentes ● Uso de analgésicos a longo prazo, morfina oral, antidepressivos tricíclicos em baixas doses e certos agentes anticonvulsivantes Crises Anêmicas ● Nos falcêmicos, a vida da hemácia é curta, cerca de 17 dias ● CRISE APLÁSICA: interrupção transitória na proliferação dos precursores eritrocitários na medula óssea → queda súbita nos níveis de hemoglobina + reticulopenia - Pode ser causada pelo Parvovírus B19 (crianças) ou pneumococo salmonella, streptococcus e vírus Epstein-Barr - Infarto extenso de medula: crise aplásica + crise álgica intensa + febre + leucoeritroblastose no sangue periféricoCr - Tratamento: hemotransfusões simples ● CRISE MEGALOBLÁSTICA: esgotamento rápido das reservas de folato - Queda súbita dos níveis de hemoglobina + macrocitose - Tratamento: hemotransfusão + reposição de vitamina - Profilaxia: ácido fólico 1 mg/dia ● CRISES DE SEQUESTRO (esplênico, hepático ou pulmonar): obstrução aguda da rede de drenagem microvenular de determinados órgãos, em consequência à vaso-oclusão local, culminando em represamento de sangue no interior do órgão - Órgão mais acometido: baço - Queda súbita dos níveis de hemoglobina + reticulocitose, pode haver plaquetopenia e sinais de hipovolemia - No sequestro esplênico: presença de hepatomegalia aguda dolorosa → ocorre nos primeiros anos de vida. Pode ser fatal em crianças → recomendação de esplenectomia cirúrgica profilática após primeiro episódio. - No sequestro pulmonar: hemorragia alveolar (hemoptise) e insuficiência respiratória ● CRISES HIPER-HEMOLÍTICAS (?) ● INFECÇÕES: principais causas de morbimortalidade na AF - Falcêmicos: imunodeficiênciaimportante → devido perda de função esplênica precoce - Presença de corpúsculos de Howell-Jolly: hiperesplenismo surge antes da falencia esplenica - Osteomielite por Salmonella: vaso-oclusão ao nível de mucosa intestinal, promovendo isquemia local e necrose → bacteremia - Infecções com Mycoplasma pneumoniae e vírus Influenza também são comuns - Em crianças, todo episódio de febre acima de 38,5 °C deve ser abordado como bacteremia pelo pneumococo até prova em contrário - Nesse caso, iniciar atb empírica (ceftriaxone/vancomicina) após coleta de culturas (sangue e líquor) ● AVE - Mais comum: AVE isquêmico por oclusão trombótica de um grande vaso intracerebral - Vaso-oclusão na microcirculação: microinfartos silenciosos do parenquima → déficit cognitivo progressivo - AVE hemorrágico por ruptura de aneurismas: processo multifatorial de enfraquecimento da parede vascular + disfunção endotelial crônica + oclusão falcêmica + estresse sanguíneo - Complicação mais devastadora da AF - Profilaxia primária: transfusão de troca parcial crônica - Conduta no AVE agudo: TC de crânio → se hemorrágica → angio-RNM ou arteriografia cerebral → terapia: transfusão de troca parcial ● COMPLICAÇÕES PULMONARES: maior causa de óbito em falcêmicos na atualidade Síndrome Torácica Aguda: infiltrados pulmonares + febre, tosse, dor torácica, secreção purulenta, dispneia e/ou hipoxemia - Desencadeados por: vaso-oclusão capilar pulmonar e infecção - Tratamento: medidas de suporte (analgesia, suplementação de O2, ventilação mecânica), antibioticoterapia empírica - Esquemas antimicrobianos: fluoroquinolona respiratória em monoterapia, betalactâmico + macrolídeo, transfusão de troca parcial Hipertensão Pulmonar - Depleção de óxido nítrico endotelial secundária à hemólise intravascular contínua - Prognóstico ruim ● COMPLICAÇÕES HEPATOBILIARES - Colelitíase: cálculos de bilirrubinato de cálcio (“cálculos pretos”) - Após diagnóstico: colecistectomia videolaparoscopica, a fim de evitar ocorrência de complicações como colecistite e pancreatite aguda biliar ● PRIAPISMO - Ereção peniana sustentada não relacionada ao desejo sexual - Após 2h de ereção involuntária: hidratação venosa - Mais de 4h: aspiração percutânea dos corpos cavernosos - Mais de 12h: exsanguinitransfusão parcial ● COMPLICAÇÕES OCULARES - Retinopatia falcêmica: fundoscopia anual caso haja indícios - Em caso de neovascularização: panfotocoagulação a laser ● COMPLICAÇÕES ESQUELÉTICAS - Expansão da medula óssea vermelha: turricefalia e proeminência exagerada da fonte - Osteonecrose: necrose asséptica ou avascular do osso - Síndrome mão-pé - Osteomielite por Salmonella ● COMPLICAÇÕES DERMATOLÓGICAS - Úlceras cutâneas crônicas: que complicam para osteomielite, infecção sistêmica e tétano - Tratamento: repouso, desbridamento físico e químico, atb, substancias cicatrizantes ● COMPLICAÇÕES CARDÍACAS - Cardiomegalia, sopros de regurgitação mitral e tricúspide - ECG: hipertrofia ventricular e alterações inespecíficas da repolarização ● COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS - Risco de infecções (ITU, pneumonia, endometrite), pré-eclâmpsia - Abortamento espontâneo, restrição de crescimento intrauterino e baixo peso ao nascer TRAÇO FALCÊMICO ● Os portadores são essencialmente assintomáticos, não apresentam anemia ou crises vaso-oclusivas ● Porém também desenvolvem lesão isquÊmica da medula renal (achado de hipostenúria no EAS), carcinoma de medula renal, chances de infecção na gestação e prevalência de hematúria
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