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Cotidiano Escolar e Ação Pedagógica

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O COTIDIANO ESCOLAR 
E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Mônica Maria Baruffi 
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
B295o
 Baruffi, Mônica Maria
 O cotidiano escolar e a ação pedagógica. / Mônica Maria Baruffi 
– Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 144 p.; il.
 ISBN 978-85-53158-58-4
1.Educação – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 370
Impresso por:
Mônica Maria Baruffi 
Possui graduação em Pedagogia pela 
Fundação Universidade Regional de Blumenau 
(1990) e Mestrado em Educação pela Fundação 
Universidade Regional de Blumenau (2005). Atualmente 
é Docente da EAD da SOCIEDADE EDUCACIONAL 
LEONARDO DA VINCI S/S LTDA, e Professora do Governo 
do Estado de Santa Catarina. Tem experiência na área 
de Educação, com ênfase em Currículo , Didática e 
a Formação do Professor como também Políticas 
Educacionais. Palestrante na área relativa a Educação 
envolvendo temas como Alteridade, Identidade e 
Formação do Professor. Pesquisadora do Grupo de 
Estudos Filosofi a e Educação - EDUCOGITANS , do 
Programa Mestrado em Educação da Universidade 
Regional de Blumenau - FURB - Blumenau-SC.
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................07
CAPÍTULO 1
O Contexto Educacional Brasileiro ........................................09
CAPÍTULO 2
A Estrutura Escolar ..................................................................41
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
Gestão Democrática – Participativa ..........................................71
Os Desafios do Coordenador Pedagógico na Escola 
Atual ............................................................................................105
APRESENTAÇÃO
Na disciplina “O cotidiano escolar e ação pedagógica” estudaremos 
sobre a análise crítica e de conjunto da prática do coordenador pedagógico 
e demais atores escolares. Em cada capítulo você verá:
Capítulo 1 – O Contexto Educacional Brasileiro, com a constituição 
brasileira e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; A organização 
do ensino nas diversas leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; 
A construção da escola pública e seus progressos e impasses, além das 
tendências pedagógicas e sua influência na identidade da escola.
Capítulo 2 – A estrutura escolar, com sua organização e gestão 
escolar; O papel dos elementos formadores da escola e a organização 
escolar e a cultura organizacional – teoria e prática.
Capítulo 3 – Gestão democrática participativa, enfocando a 
organização e a gestão escolar com suas concepções; Conceituando 
democracia e participação na escola democrática; Princípios da gestão 
escolar democrática participativa; O coordenador pedagógico no cotidiano 
escolar e as relações entre coordenador pedagógico e o diretor.
Capítulo 4 – Os desafios da escola atual através do papel do 
coordenador pedagógico junto aos professores no cotidiano escolar; 
Os desafios sociais que a escola enfrenta: violência ou conflitos? E o 
conflito que pode tornar-se violência nas escolas e integração escola e 
comunidade neste enfrentamento.
Esperamos que você faça uso deste material com muito carinho e que 
ele possa auxiliá-lo no crescimento profissional que você busca.
A autora
CAPÍTULO 1
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Reconhecer os aspectos históricos que envolvem a Constituição Brasileira e a 
Lei de Diretrizes e Bases.
 Perceber que a construção da escola pública passa por diversos impasses e 
progressos.
 Reconhecer as tendências pedagógicas que infl uenciaram e infl uenciam a 
identidade e a organização da escola brasileira.
10
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
11
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Ao tratarmos do contexto educacional brasileiro estamos entrando em um 
mundo diferenciado, no qual encontramos profundas raízes no desenvolvimento 
da educação de diversas gerações.
Estas raízes nos levam às leis que regem nossa educação e, 
consequentemente, uma estrutura chamada escola que, em seu dia a dia, 
necessita de estruturação e organização pedagógica. Por isso, estaremos tratando 
neste primeiro capítulo sobre estes documentos, sua validade e necessidade de 
utilização.
Estaremos ainda buscando, inicialmente, um conhecimento macro de 
como o sistema educacional brasileiro está estruturado, por meio das políticas 
educacionais, partindo da Constituição Federal, caminhando pela Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação – LDB – e chegando à escola.
Iremos também compreender que a construção da escola pública passa por 
diversos impasses e progressos e que as tendências pedagógicas auxiliam na 
construção da Identidade da escola, conhecendo seu cotidiano.
Assim, podemos perceber que o objetivo inicial deste capítulo é tratar sobre o 
contexto educacional brasileiro, buscando as leis que regem esta estrutura e como 
a escola é vista neste processo através das tendências pedagógicas existentes 
em nosso meio.
 
Haverá muito a ser estudado e descoberto, assim, convidamos você, leitor, a 
realizar esta caminhada conosco por estas páginas.
2 A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E A LDB 
Quando falamos em escola, diretamente nos deparamos com sua formação 
organizacional, a qual necessita de leis que auxiliem no desenvolvimento de seus 
trabalhos. Com isso, podemos realizar uma busca histórica junto a documentos 
que balizam o desenvolvimento do trabalho educacional. Estes documentos são a 
Constituição Federal e a LDB.
12
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
A Constituição Federal é conhecida como a “Carta Magna” de um país 
democrático. Nós, brasileiros, possuímos nossa Constituição, a qual aborda 
em suas linhas todos os direitos e deveres do cidadão, trazendo os princípios 
fundamentais que cada cidadão deve conhecer e que são a base da Constituição, 
a qual “expressa os valores mais altos da sociedade, de tal forma que integrado 
na ordem Constitucional, passa a orientar todas as demais normas e regras do 
ordenamento jurídico que ela baliza” (MACHADO, 2016, p. 3).
Com isso podemos perceber que a Constituição é um documento de extrema 
importância, pois determina a ordem de disciplina que se não seguir as regras ali 
presentes estará sob “pena de, não o fazendo, ser considerada inconstitucional, 
justifi cando sua exclusão do ordenamento jurídico” (MACHADO, 2016, p. 3).
Bem, desta forma, podemos verifi car que estamos diante de um documento 
que estabelece a identidade de um estado democrático, que deve ser respeitado, 
conseguindo desta maneira manter a ordem e o progresso do país.
Podemos verifi car assim, que nosso país passou por várias constituições, 
sendo a Primeira Constituição a Imperial, em 1824, e até hoje passamos por sete, 
sendo que a que está prevalecendo é a Constituição Federal de 1988. 
Para sua melhor compreensão, elaboramos um quadro no qual estão todas 
as Constituições e seus fatos determinantes relativos à educação, que é nosso 
foco de estudos neste capítulo.
CONSTITUIÇÃO / ANO FATOS DETERMINANTES
Constituição Imperial /1824Ato Institucional / 1834
Incorporou a iniciativa de implantação de colégios e uni-
versidades ao conjunto de direitos civis e políticos, além 
de fi xar a gratuidade do ensino primário. O processo ge-
rencial fi cou aos cuidados da coroa e, quatro anos mais 
tarde, instalam-se as câmaras municipais que fi cam com 
a responsabilidade de inspecionar as escolas primárias. 
A declaração do Ato Institucional criou as Assembleias 
Legislativas Provinciais, cabendo-lhes a atribuição de 
legislar sobre instrução pública. Ocorre aqui a elitização 
do ensino, pois a maioria das escolas secundárias 
abrigava-se em mãos de particulares, o que por si só 
representava uma elitização da escola, dado que so-
mente famílias de posse poderiam custear os estudos de 
seus fi lhos. A escola que se queria buscava a tradição da 
educação aristocrática, totalmente voltada para os fre-
quentadores da corte e, portanto, para os destinatários 
do ensino superior, em detrimento dos demais níveis de 
ensino.
QUADRO 1 – CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
13
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
Constituição Republicana / 
1891
Trouxe mudanças signifi cativas na educação. Ao Con-
gresso Nacional foi atribuída a prerrogativa legal exclu-
siva de legislar sobre ensino superior. Ainda poderia criar 
escolas secundárias e superiores nos estados, além de 
responder pela instrução secundária do Distrito Feder-
al. Aos estados cabia legislar sobre o ensino primário e 
secundário, implantar e manter escolas primárias, se-
cundárias e superiores. Nestes dois últimos casos, o gov-
erno federal poderia, igualmente, atuar.
Constituição / 1934 Coube à União Federal, a tarefa de fi xar as diretrizes e 
bases da educação nacional. Criou, também, o Consel-
ho Nacional de Educação, e os estados e o Distrito Fed-
eral ganharam autonomia para organizar seus sistemas 
de ensino e, ainda, instalar conselhos estaduais de edu-
cação com idênticas funções das do Conselho Nacional, 
evidentemente, dentro dos âmbitos de suas jurisdições. 
A União recebeu a tarefa de institucionalizar e elaborar 
o Plano Nacional de Educação, com dois eixos funda-
mentais: organização do ensino nos diferentes níveis 
e áreas especializadas e a realização de ação supleti-
va junto aos estados, seja subsidiando com estudos e 
avaliações técnicas, seja aportando recursos fi nanceiros 
complementares.
Constituição / 1946 No clima de afi rmação democrática que invadiu o mundo 
no ambiente do pós-guerra, buscou-se um eixo repre-
sentado por um conjunto de valores transcendentais que 
tinham, na liberdade, na defesa da dignidade humana 
e na solidariedade internacional, os dormentes de sus-
tentação. Proclamava a educação como um direito de 
todos.
Nesta Carta de 1946, prescreveu uma organização 
equilibrada do sistema educacional brasileiro, mediante 
um formato administrativo e pedagógico descentraliza-
do, sem que a União abdicasse da responsabilidade de 
apresentar as linhas mestras de organização da edu-
cação nacional. Neste documento, há muito das ideias 
e do espírito do Manifesto dos Pioneiros da Educação 
Nova de 1932. Foi a partir desta percepção que o Min-
istro da educação de então, Clemente Mariani, ofi cial-
izou a comissão de educadores para propor uma refor-
ma geral da educação nacional. Aqui, a origem da Lei 
nº 4.024/61, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, nossa primeira LDB, somente aprovada pelo 
Congresso Nacional depois de uma longa gestação de 
onze anos.
Ainda neste momento, o Ministério da Educação e Cultu-
ra passa a exercer as atribuições de poder público feder-
al em matéria de educação. 
14
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Constituição /1967 Pautada sob a inspiração da ideologia da segurança na-
cional, o ensino particular recebeu amplo apoio e forta-
lecimento. Ocorreu a ampliação da obrigatoriedade de 
ensino fundamental de 07 até 14 anos, aparentemente 
grande conquista, pois confl itava com outro preceito 
que permitia o trabalho de crianças com 12 anos. Nisto, 
contrastava com a Carta de 1946, que estabelecia os 14 
anos de idade como idade mínima para o trabalho de 
menores. Retirava-se a obrigatoriedade de percentuais 
do orçamento destinados à manutenção e desenvolvi-
mento do ensino.
Constituição / 1969 Preservaram-se todos os ângulos da constituição an-
terior. Os recursos orçamentários vinculados ao ensino 
fi caram restritos aos municípios que se obrigavam a 
aplicar, pelo menos, 20% da receita tributária no ensino 
médio. O lado mais obscurantista deste texto foi relativo 
às atividades docentes. A escola passou a ser palco de 
vigilância permanente dos agentes políticos do Estado. 
Neste período, editaram-se vários Atos Institucionais 
que eram acionados, com muita frequência, contra a 
liberdade docente.
Constituição / 1988 Esta constituição signifi cou a reconquista da cidadania 
sem medo. Nela, a educação ganhou lugar de altíssima 
relevância. O país inteiro despertou para esta causa co-
mum. As emendas populares calçaram a ideia de edu-
cação como direito de todos (direito social) e, portanto, 
deveria ser universal, gratuita, democrática, comunitária 
e de elevado padrão de qualidade. Em síntese, transfor-
madora da realidade. Aqui, as universidades passaram 
a gozar de autonomia didático-científi ca administrativa 
e de gestão fi nanceira e patrimonial, e a obedecer ao 
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e 
extensão.
FONTE: Carneiro (2015, p. 29-32)
Podemos verifi car que nesta linha histórica encontramos uma evolução e 
busca de novas perspectivas junto à educação. Em alguns momentos históricos, 
a educação fi cou relegada em segundo plano, mas com o caminhar da sociedade 
e suas mudanças, passou a ser observada com maior cuidado, principalmente na 
Constituição de 1988, a qual nos rege.
Assim, a Constituição Federal de 1988 nos garante a conquista e, em algumas 
situações, a reconquista de diversos direitos, como à cidadania e à educação, 
democrática, gratuita, comunitária, com padrão de qualidade e universal.
Sabemos que estamos em busca de todos estes direitos, os quais estão 
previstos em nossa “Carta Magna”, pois conforme Machado (2016, p. 1081), 
“[...] a educação não pode ser vista como privilégio de poucos, mas como um 
15
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
direito de todos, e em nosso país esse direito é assegurado pela Carta Magna, 
principalmente em seus artigos 6º, que prevê os direitos sociais [...]”.
Referente ao artigo 6º da Constituição Federal, está assim redigido: “Art.6º 
São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o 
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade 
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” 
(BRASIL, 1988, s.p.). 
Junto a este artigo, observamos que se busca apresentar os direitos mínimos 
e necessários para garantir uma existência digna. Focamos aqui o direito à 
educação, o qual está inserido na Constituição Federal nos artigos 205 a 214.
Não distante da Constituição Federal, encontramos a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação – LDB –, a qual à luz da Constituição é o “GPS e bússola da 
educação escolar” (CARNEIRO, 2015, p. 17). 
Com isso, podemos observar que a LDB – Lei nº 9.934/96 – é o “fi o condutor do 
ordenamento jurídico nacional na área da educação escolar” (CARNEIRO, 2015, p. 
21). Este fi o condutor nos conduz à história da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 
A mesma possui a organização do ensino nas disposições normativas, as quais são 
três leis que iremos observar sempre a luz da Constituição Federal (CF).
3 A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO NAS 
DIVERSAS LEIS DE DIRETRIZES E BASES 
DA EDUCAÇÃO NACIONAL 
QUADRO 2 – LEI Nº 4.024/61
Lei nº 4.024/61 Duração
• Ensino primário
• Ciclo ginasial do ensino médio
• Ciclo colegial do ensino médio 
• Ensino superior
Quatro anos
Quatro anos
Três anos
Variável
Observações
a) A passagem do primárioao ginasial era feita através de uma prova de acesso: 
o exame de Admissão.
b) Os ciclos ginasial e colegial eram divididos em ramos de ensino, a saber: 
secundário, comercial, industrial, agrícola, normal e outros. O industrial dividido 
em básico (quatro anos) e de mestria (dois anos). Havia, ainda, os cursos 
artesanais, de duração curta e variável, e os de aprendizagem.
FONTE: Adaptado de Carneiro (2015, p. 44)
16
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Lei nº 5.692/71 Duração
• Ensino do primeiro grau
• Ensino do segundo grau
• Ensino superior
Oito anos
Três a quatro anos
Variável
Observações
a) Com a junção dos antigos primário e ginasial, desapareceu o Exame de 
Admissão.
b) A duração normal do 2º grau era de três anos. Ultrapassava, no entanto, o 
limite quando se tratava de curso profi ssionalizante.
c) O ensino de 1º e 2º graus tinha uma carga horária mínima anual de 720 horas 
e o ano letivo de duração mínima de 180 horas.
FONTE: Adaptado de Carneiro (2015, p. 44)
Das mudanças ocorridas com a Lei nº 5.692/71, passaram-se muitos anos. 
Buscou-se neste período desenvolver novos mecanismos, os quais no ano de 1996, 
após muitos embates políticos, idas e vindas de propostas junto aos políticos, através 
das esferas da sociedade organizada, obtêm-se grande vitória com a votação da Lei 
nº 9.934/96, a qual traz nova abertura para a educação, assim constituída:
QUADRO 4 – LEI Nº 9.394/96
Lei nº 9.394/96 Duração
• Educação Básica
- Educação Infantil:
> Creche
> Pré – escola
- Ensino Fundamental
- Ensino Médio
• Educação Superior
17 anos
5 anos, sendo:
3 anos
2 anos
9 anos
3 anos (no mínimo)
Variável.
Observação
a) Os níveis macro estruturantes da educação escolar (art.1º) passam a ser dois: 
educação básica e educação superior.
b) As modalidades de educação inicialmente são: educação de jovens e adultos 
(art. 37), educação especial (art. 58), educação profi ssional (art. 39) e educação 
escolar indígena (art.78). Com a Res. CNE/CEB 4/2010, por via do art. 27, foram 
acrescidas: educação do campo e educação a distância.
c) A educação básica, nos níveis fundamental e médio, passa a ter carga horária 
mínima de 800 horas anuais, distribuídas em 200 dias letivos anuais, no mínimo.
FONTE: Adaptado de Carneiro (2015, p. 44)
Após dez anos, e muita caminhada, ocorreu uma nova reformulação da LDB, 
surgindo a Lei nº 5.692/71 com as seguintes mudanças:
QUADRO 3 – LEI Nº 5.692/71
17
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
Com esta organização do ensino, podemos observar que as leis de diretrizes 
e bases da educação passaram por transformações, as quais buscavam em seu 
momento histórico e político, adaptar-se à realidade do momento.
Na atualidade, temos em mãos a Lei nº 9.394, de 20/12/96, a qual estabelece 
as diretrizes e bases da educação nacional. Em seu Título I – da Educação – 
“Art. 1º, a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na 
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino 
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais” (BRASIL, 1996).
É importante ressaltar, que este artigo necessita ser articulado com o artigo 
205 da Constituição Federal, que assim está redigido:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colaboração da 
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi cação para 
o trabalho (BRASIL, 1988, s.p.).
Com isso, podemos determinar que a educação é muito mais que ensino, 
ultrapassa a ideia de educação fechada, engessada. Nesta nova redação, a 
educação vai além das salas de aula, busca-se a ação coletiva “para construir 
identidades nas mais diferentes ambiências humanas” (CARNEIRO, 2015, 
p. 48). Estas ambiências são: família, trabalho, escola, organizações sociais 
etc. Cabe fazer uma ressalva neste ponto, relativa às ambiências de que fala 
Carneiro (2015), pois também possuem a denominação de cultura organizacional, 
apresentadas por Libâneo (2012), e que serão tratadas no Capítulo 2 deste livro. 
Conforme Carneiro (2015, p. 48), relativo às ambiências:
Em qualquer desses espaços, há um processo formativo, 
ou seja, um chão de aprendizagem sobre o qual se forma a 
cidadania. Trata-se por conseguinte, de uma prática humana 
eivada de equipamentos de subjetividade e de ações 
intencionalizadas que focam a construção histórica e coletiva 
da humanidade.
Podemos assim perceber que a educação ultrapassa a ideia de ensino, como 
aparecia na lei anterior – Lei nº 5.692/71. A nova Lei nº 9.394/96 busca a construção 
de uma educação voltada à qualidade não apenas formal da educação, mas 
também à construção de sujeitos históricos, com identidade, qualifi cação social, 
crítica e participativa na vida política de sua comunidade e país.
18
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Até o momento, diante do que foi apresentado, você, leitor, 
acredita que a educação brasileira está próxima deste patamar 
educacional?
Cabe ressaltar que a escola, neste movimento de construção da identidade, 
é de extrema importância, pois não se restringe ao ensino, mas sim, a ampliar 
este movimento, levando para o “campo de compreensão potencializador e 
emancipador que envolve ações e processos complexos como: desenvolver, 
formar, qualifi car, aprender a aprender, aprender a pensar, aprender a intervir e 
aprender a mudar” (CARNEIRO, 2015, p. 48).
Cabe ressaltar que a LDB/96 trata também sobre o desenvolvimento da 
pesquisa. Conforme Carneiro (2015, p. 49): 
Na verdade, pesquisa e desenvolvimento são conceitos 
interdependentes. [...] Aqui não se pensa em treinamento nem 
se pretende produzir clones. A atividade da educação escolar 
é de desenvolvimento humano, ou seja, de potencialização de 
capacidades em quatro perspectivas claras e convergentes: 
realização pessoal, qualidade de vida, participação política e 
inclusão planetária.
Assim, sendo, a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação possuem uma conexão relativa à educação que envolve “a noção mais 
elástica de espaços de aprendizagem” (CARNEIRO, 2015, p. 49).
Busca-se assim, uma educação escolar, na qual exista o envolvimento da 
escola com os demais ambientes sociais, retirando a ideia de escola somente 
enquanto espaço físico, dando possibilidade de busca de novas formas e 
parceiros na construção do conhecimento.
Esta mudança de prisma leva a escola a abrir suas portas e buscar 
movimentos “relevantes sob o ponto de vista social. Seja porque oportuniza 
o crescente envolvimento de pessoas e instituições no processo educativo” 
(CARNEIRO, 2015, p. 49). E este é o movimento que determina o sucesso do 
processo ensino-aprendizagem e dá à escola uma identidade social e educativa 
junto à sociedade.
19
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
Frente a este questionamento, podemos observar que a educação brasileira 
está buscando novas mudanças e já conseguimos caminhar muito mesmo 
diante do quadro político que recai sobre todos os segmentos da sociedade. 
Mesmo assim, temos muitas vitórias, as quais nos remetem ao que falávamos 
anteriormente, à abertura da escola para a sociedade, a novas parcerias.
Assim, à luz da Constituição Federal e amparada pela Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação, a escola consegue realizar sua caminhada, com a tríplice 
fi nalidade da educação que é “o pleno desenvolvimento do educando; o preparo 
para o exercício da cidadania e a qualifi cação para o trabalho” (BRASIL, 1996, s. 
p.).
Cabe ressaltar que o que estamos apresentando nestas linhas é um 
recorte da importância e necessidade que possuímos de conhecer e reconhecer 
a Constituição Federal e a LDB, documentos aos quais recorremos a todo o 
momento, muitas vezes de maneira subliminar, mas que constituem as colunas 
que sustentam todo o sistema educacional brasileiro. Por este motivo,precisamos 
saber de sua existência e importância.
CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva 
artigo a artigo. 23. ed. revista, atualizada e ampliada. Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2015.
MACHADO, Costa (Org.). Constituição federal interpretada: artigo 
por artigo, parágrafo por parágrafo. 7. ed. Barueri, SP: Manole, 2016.
20
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Atividades de Estudos:
 1) Perante o que vimos até o momento, a Constituição Brasileira 
sofreu avanços desde sua primeira constituição. Pontue alguns 
avanços que você acredita terem sido alcançados.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 2) Em se tratando da LDB nº 9.349/96, podemos dizer que esta 
lei é um marco para a educação brasileira. Assim sendo, assinale 
V para verdadeiro e F para falso, as alternativas que identifi cam 
esta lei como sendo: 
( ) Um fi o condutor do ordenamento jurídico relativo à educação.
( ) Documento que reprime os conhecimentos e abre a clonagem do 
ensino.
( ) Carta Magna da Educação, voltada para construção da identidade 
do sujeito.
( ) Lei que rege os deveres de cada cidadão, pensando no 
treinamento.
As sentenças corretas são:
a) ( ) V –V – F – V.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) F – F – V – F.
d) ( ) F – V – V – F.
4 A CONSTRUÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA 
EM SEUS PROGRESSOS E IMPASSES
Com o que vimos até o momento, as leis que foram e são elaboradas 
buscam auxiliar a engrenagem chamada escola a manter-se aberta, construtora 
e propensa a desenvolver diversos trabalhos, os quais possam refl etir na 
comunidade em que está inserida.
21
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
Para tanto, fazemos a seguinte pergunta: você saberia me dizer o que 
signifi ca escola?
Pense um pouco... 
O termo escola em “grego é scholé; schola, em latim, signifi cava, entre outras 
coisas, lazer, tempo livre, ocupação do tempo com estudos livres e prazerosos” 
(LIBÂNEO, 2012, p. 233).
A seguir, apresentamos, nas palavras de Libâneo (2012, p. 233), o conceito 
escola: 
Na língua latina, o termo passou a signifi car também os 
seguidores de um mestre, a instituição ou lugar de formação, 
ensino e aprendizagem. Embora a tradição greco-romana 
desvalorizasse o trabalho manual e a formação profi ssional – 
o que justifi ca a compreensão do termo escola como lugar de 
ócio, do não trabalho –, foi o ideal grego de educação que 
forneceu as bases das instituições escolares, à medida que 
a escola se ia constituindo como instituição de aprendizagem 
organizada, dirigida para um objetivo. Já na educação 
grega antiga, para os “homens livres” surgiram instituições 
educativas com características de escola como treino para 
as atividades práticas cotidianas, como espaço de instrução 
e treinamento militar, baseadas em ideais de perfeição física, 
bravura, coragem, nobreza de caráter, obediência às leis e, 
mais tarde, no desenvolvimento da razão. Na Idade Média, o 
ensino ocorria principalmente nos mosteiros, para a formação 
religiosa dos clérigos e dos leigos. Com o desenvolvimento 
do comércio na idade moderna, a consolidação das cidades, 
surgiu a necessidade de aprender a ler, escrever e contar. 
A nova classe, a burguesia, propagou outro tipo de escola, 
com professores leigos nomeados pelo Estado e com o 
ensino voltado para as coisas práticas da vida, isto é, para os 
interesses da nova classe que emergia – do que se conclui 
que a escola atende historicamente a interesses de quem a 
controla.
Diante desta leitura, verifi camos que a escola passou por diversos meandros, 
os quais determinaram a utilidade da instituição escolar. 
No Brasil, a instituição escolar foi criada pelos jesuítas em 1549, com sua 
chegada. De acordo com Libâneo (2012, p. 234):
Os colégios jesuíticos eram missionários, isto é, pretendiam 
formar sacerdotes para atuar na nova terra e também 
buscavam catequizar e instruir o índio. Eram igualmente 
usados para formar jovens que realizariam estudos superiores 
na Europa. Em outras palavras, dedicavam-se à educação da 
elite nacional.
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 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Cabe ressaltar que a instituição escolar iniciou seus trabalhos como uma 
educação pública estatal, no século XVIII, na Alemanha e na França, não tendo 
como preocupação o atendimento aos fi lhos dos trabalhadores. Já no Brasil, foi 
inaugurada a primeira escola pública, “no fi nal do século XIX e nas primeiras 
décadas do século XX, quando principiou o processo de industrialização no país” 
(LIBÂNEO, 2012, p. 234).
Podemos determinar que nesta fase a escola tinha como diretrizes a 
preocupação com o atendimento às indústrias, as quais necessitavam de 
trabalhadores que soubessem ler, escrever e calcular.
A partir da década de 1920, os princípios até aqui desenvolvidos pelos 
jesuítas, passam a não mais compactuar com o desejo da sociedade. Neste 
instante surgem os escolanovistas, os quais acreditavam que a educação era o 
único elemento efi caz para o desenvolvimento de uma sociedade democrática, 
que leva ao desenvolvimento do respeito, à diversidade, à individualidade do 
sujeito, levando-o a refl etir sobre sua inserção na sociedade.
Os escolanovistas em 1932 publicam suas ideias liberais por meio do 
Manifesto dos pioneiros da educação. Com este documento, propunham 
a reformulação da política educacional existente no Brasil e novas bases 
pedagógicas.
Se realizarmos uma análise dos documentos apresentados no quadro relativo 
às constituições, perceberemos que a escola pública sofreu diversos embates 
e difi culdades para ser construída, pois com a Constituição de 1934 ocorreu 
apenas a aceitação de parte das propostas, sendo atribuído ao Estado o papel 
de controlador e promotor da educação pública. Além disso, foi instituído com 
esta Constituição o ensino primário obrigatório e gratuito, sendo criado também o 
concurso público de magistério e os percentuais mínimos para a educação.
Cabe ressaltar que já com o Estado Novo, surge a Carta Constitucional de 
1937, que, conforme Libâneo (2012, p. 167), “[...] reforçou o dualismo educacional 
que provê os ricos com escolas particulares e públicas de ensino propedêutico e 
confere aos pobres a condição de usufruir da escola pública mediante a opção 
pelo ensino profi ssionalizante”.
Com isso, entre 1942 e 1946, foram promulgadas leis orgânicas, denominadas 
de Reforma Capanema – que realizou, junto ao ensino profi ssionalizante, novos 
empreendimentos particulares, com o objetivo de preparar mão de obra, pois 
ocorria a expansão da área industrial, devido a “restrições às importações no 
período da Segunda Guerra Mundial” (LIBÂNEO, 2012, p. 168).
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O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
Cabe ressaltar que com isso, nesse período, surge o Senai – que foi 
constituído e administrado pelos industriais e o Senac, dirigido pelos comerciantes.
Segundo Libâneo (2012, p. 168), “Atualmente, essas duas instituições têm 
peso signifi cativo no ensino profi ssional, oferecido no país, embora em ritmo 
decrescente a partir do fi nal dos anos 1980, diante do crescimento do atendimento 
público gratuito”.
Ressalta-se aqui que, estas instituições – Senai e Senac – passam a oferecer 
cursos tecnológicos de nível superior e em programas de educação a distância, 
isso nos primeiros anos do século XXI.
É importante destacar que em 1948, quando se dá início à tramitação do 
anteprojeto da primeira LDB, observa-se que para existir uma democratização da 
educação pública, era necessário que existisse uma abertura da escola particular 
de nível secundário, pois ambas estavam nas mãos dos católicos, os quais 
atendiam à classe privilegiada. Conforme Libâneo (2012, p. 168):
Alegando que o projeto determinava o monopólio estatal da 
educação,os católicos defendiam a liberdade do ensino 
e o direito da família de escolher o tipo de educação a ser 
oferecida aos fi lhos. Na verdade, essa questão impedia a 
democratização da educação pública, ao incorporar no texto 
legal a cooperação fi nanceira para as escolas privadas em 
uma sociedade em que mais da metade da população não 
tinha acesso à escolarização.
Observe, que com esta situação, estudantes, intelectuais e sindicalistas, 
apoiaram os liberais, que se opuseram a esta postura elitista, iniciando uma 
campanha na qual defendiam a escola pública. Nesta campanha foi elaborado um 
documento intitulado Manifesto dos educadores, isso em 1959, que tinha como 
proposta a utilização dos recursos públicos somente nas escolas públicas e para 
as escolas privadas, a fi scalização estatal. 
Já em 1964, com o golpe militar, a escola privada teve sua expansão, 
principalmente no ensino superior (LIBÂNEO, 2012).
Podemos perceber que a escola pública e a privada tiveram momentos de 
embates e isso se verifi cou também a partir da elaboração da Constituição de 
1988. Os embates estiveram presentes, pois os membros formadores das escolas 
privadas agora não se compunham mais de “grupos religiosos católicos, mas 
também de protestantes e empresários do ensino”. Conforme Libâneo (2012, p. 
169):
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 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Ideologicamente, atacavam o ensino público, caracterizado 
como inefi ciente e fracassado, contrastando-o com a suposta 
excelência da inciativa privada, mas ocultando os mecanismos 
de apoio governamental à rede privada, tais como imunidade 
fi scal sobre bens, serviços e rendas, garantia de pagamento 
das mensalidades escolares e bolsas de estudo. Esses 
mecanismos mantiveram-se mesmo após a promulgação da 
Constituição Federal de 1988.
Com este descompasso e desigualdade existente entre a rede pública 
e a particular, a escola pública passa a ter a deteriorização “dos salários dos 
professores e as condições de trabalho, o que gerou greves e mobilizações. 
A preferência pela escola particular ampliou-se por sua aparência de melhor 
organização e efi cácia” (LIBÂNEO, 2012, p. 169).
Ainda, conforme Libâneo (2012), muitas famílias buscaram realizar gastos 
exorbitantes para dar aos fi lhos um ensino supostamente de melhor qualidade, 
junto à escola particular.
Aqui vale uma refl exão; será que a escola privada é superior à pública? 
Bem, esta pergunta nos leva à análise de que isto não é uma realidade. 
Pois “a análise de que escola privada é superior à pública não se sustenta, em 
geral, por não haver homogeneidade em nenhuma das redes – há boas e más 
escolas em ambas –, como demonstram as análises do Sistema de Avaliação da 
Educação Básica (Saeb)” (LIBÂNEO, 2012, p. 169-170).
Para maiores informações relativas ao censo escolar da 
educação básica de 2016, acesse o site, disponível em: <https://goo.
gl/s3m6i6>. Neste site, você encontrará informações interessantes 
relativas tanto à escola pública quanto à privada. Vale a pena buscar 
estas informações.
Você vai verifi car junto ao Censo Escolar da Educação Básica, de 2016, 
no site apresentado anteriormente, que a educação pública em nosso país é 
importantíssima, como também para a democratização da sociedade, que busca 
desempenhar papel expressivo na inclusão social.
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O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
Diante dos inúmeros percalços ocorridos e que ocorrem em nossa economia, 
em meados de 1980, observou-se que a classe média passou a diminuir os seus 
gastos, e um deles foi com a educação, tirando seus fi lhos da escola privada e 
levando-os para a escola pública, devido à crise econômica internacional e ao 
desemprego que levaram ao arrocho salarial.
Com isso, o ensino público passa a ser atendido pelo Estado, conforme 
orientações do Banco Mundial, “uma vez que esse nível de educação é 
considerado imprescindível na organização do trabalho” (LIBÂNEO, 2012, p. 172).
Observamos com isso que a partir da metade da década de 2000, ocorre 
um grande apoio dos segmentos sociais no campo ofi cial, como associações e 
movimentos de educadores, “em favor da retomada do protagonismo do Estado 
na área educacional” (LIBÂNEO, 2012, p. 172).
Além disso, verifi camos que muitos avanços ocorreram, como: a organização 
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de 
Valorização dos Profi ssionais da Educação (Fundeb); a obrigatoriedade do ensino 
de 4 a 17 anos através da Emenda Constitucional nº 59; a oferta e expansão da 
educação superior por meio das universidades federais, além do avanço junto às 
novas tecnologias.
Se observarmos, na atualidade, muitas escolas estão voltadas para além do 
ler, escrever e calcular, preocupadas com a inserção da informatização. O mundo 
capitalista quer este tipo de trabalhador, voltado também às novas tecnologias.
Verifi camos assim, que a escola está envolvida com os interesses políticos e 
sociais da sociedade. Ela necessita buscar formas de modular-se, pois conforme 
Lima (1992, p. 23), “a escola constitui um empreendimento humano, uma 
organização histórica, política e culturalmente marcada”.
Diante disso, podemos determinar que a escola se molda ao período histórico 
e à forma como se olha para ela. Segundo Libâneo (2012, p. 235):
Numa perspectiva crítica, a escola é vista como uma 
organização política, ideológica e cultural em que os indivíduos 
e grupos de diferentes interesses, preferências, crenças, 
valores e percepções da realidade mobilizam poderes e 
elaboram processos de negociação, pactos e enfrentamentos.
Diante do que nos diz Libâneo (2012), cabe ressaltar que a educação não 
ocorre somente na instituição escola, mas em todos os espaços sociais, através 
da interação entre as pessoas, na socialização dos valores, interesses e hábitos 
que auxiliam na produção da vida em sociedade, além de possuir um caráter 
social e com historicidade.
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 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Com isso, notamos que “a prática educativa envolve a presença de 
sujeitos que ensinam e aprendem ao mesmo tempo, de conteúdos (objetos de 
conhecimento a ser apreendidos), objetivos, métodos e técnicas coerentes com 
os objetivos desejados” (LIBÂNEO, 2012, p. 235).
Observa-se a partir de Libâneo (2012), que a escola, acaba confi gurando-se 
como um espaço no qual estão presentes várias formas de articulação; sejam 
elas a disciplina e a indisciplina, a democracia e a opressão, a intolerância e 
despreocupação, o respeito e a intransigência. Verifi ca-se assim, que é um espaço 
que mescla todas as formas de articulação e nunca se mantem engessada, 
estando em constante movimento.
Além disso, a escola é um espaço que possui diferentes concepções de 
educação. E quando falamos em concepções de educação estamos nos referindo a:
[...] determinados modos de compreender as modalidades de 
educação, as funções sociais e pedagógicas da escola, os 
objetivos educativos, as dimensões da educação, os objetivos 
de aprendizagem, o currículo, os conteúdos e a metodologia 
de ensino, as formas de organização e gestão” (LIBÂNEO, 
2012, p. 239).
Com tudo isso, percebemos que a escola passou e passa por diversos 
impasses, os quais vão sendo modifi cados, moldados, transformados, para que 
possa auxiliar o sistema vigente e os interesses sociais, buscando construir sua 
identidade.
Assunto que iremos tratar logo, logo, aguarde!
Atividades de Estudos:
 1) No que diz respeito às ideias dos escolanovistas, você acredita 
que ainda buscamos por estes ideais, ou já existem avanços 
relativos a uma escola pública de qualidade? Se já existe, 
apresente alguns destes elementos que auxiliam neste avanço.
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O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
5 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICASE SUA 
INFLUÊNCIA NA IDENTIDADE DA ESCOLA
Já vimos inicialmente o sentido da palavra escola. Esta palavra possui um 
enorme signifi cado para todos, pois é a partir dela, de maneira formal, que são 
desenvolvidos os mais diversos movimentos, os quais determinam, ou não, o 
crescimento dos educandos.
Sabemos que em nossa vida, a escola confi gura–se como um espaço de 
convivência e desenvolvimento, pois como nos afi rma Veiga-Neto (2000, p. 104):
[...] em vez de pensar que já sabemos o que é a escola, prefi ro 
examinar como ela se tornou o que é, como ela está envolvida 
com a sociedade em que se insere, como podemos entender 
melhor, através dela, as transformações que o mundo está 
sofrendo.
Eis aqui um dos movimentos que nós necessitamos realizar cotidianamente, 
buscar entender e ver a escola como um espaço de transformações, de 
construção de novas possibilidades, voltadas aos educandos e aos profi ssionais 
que ali trabalham. Não esquecendo o seu entorno – a comunidade.
Várias foram e são as mudanças que a escola passou e ainda há de passar, 
pois conforme a sociedade se modifi ca, a escola é o espaço que também recebe 
esta demanda e acaba buscando novas maneiras de acompanhá-las. Além disso, 
se observarmos as mudanças histórico-sociais, estamos nos envolvendo com o 
tempo e a forma, pois conforme Silva (2012, p. 33), “a categoria tempo é a rapidez 
e a velocidade com que essas mudanças estão correndo. E a categoria forma é 
como essas mudanças impactam a vida cotidiana dos sujeitos na atualidade”. 
E o que isso tem a ver com a identidade da escola? Tudo. Pois ao tratarmos 
da escola estamos tratando diretamente com a sociedade e vice-versa. As duas 
estão intrinsicamente ligadas.
As mudanças e a rapidez com que elas ocorrem no cotidiano, recaem na 
instituição escola, que necessita organizar-se para as diversas transformações 
que surgem e as quais muitas vezes nos apresentam enormes transtornos 
sociais, econômicos e culturais. Conforme Touraine (2007, p. 11 apud OLIVEIRA; 
SILVA, 2012, p. 33), “o transtorno que estamos vivendo não é mais profundo que 
os transtornos que vivemos no decorrer dos últimos séculos [...]”. 
28
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Tudo isso nos mostra que tanto a escola quanto a sociedade, apesar das 
mudanças e difi culdades enfrentadas ao longo da história, continuam avançando 
na busca pela evolução e transformação.
Para tanto, vamos procurar algumas evidências da mudança da escola num 
breve espaço de tempo, utilizando-nos das tendências pedagógicas, as quais são 
determinantes para a visualização destas mudanças dentro da instituição.
PEDAGOGIA LIBERAL PEDAGOGIA PROGRESSISTA
1. TRADICIONAL
2. RENOVADA PROGRESSISTA
3. RENOVADA NÃO DIRETIVA 
(ESCOLA NOVA)
4. TECNICISTA
1. LIBERTADORA
2. LIBERTÁRIA
3. CRITICO-SOCIAL 
DOS CONTEÚDOS
QUADRO 5 – TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E SUAS 
INFLUÊNCIAS NO COTIDIANO ESCOLAR
FONTE: A autora
Nesta linha do tempo, vamos iniciar com a Pedagogia Liberal, que possui, 
como nos afi rma Libâneo (1990, p. 21), sua doutrina voltada para: 
[...] defender a predominância da liberdade e dos interesses 
individuais na sociedade, estabeleceu uma forma de 
organização social baseada na propriedade privada dos meios 
de produção, também denominada “sociedade de classes”. A 
pedagogia Liberal, portanto, é uma manifestação própria desse 
tipo de sociedade. 
Com isso, visualizamos uma escola, na qual sua identidade estava voltada 
para os interesses da classe dominante, a capitalista, que buscava preparar os 
educandos para desempenhar papéis conforme suas aptidões.
À escola na Tendência Tradicional, conforme Baruffi (2016, p. 32):
 [...] fi ca a função do repasse dos conteúdos, e ao aluno fi ca a 
obrigatoriedade de esforçarem-se para obter o conhecimento 
necessário para seu crescimento. Cabe salientar que se o aluno 
não conseguir acompanhar os estudos, o mesmo deve ir em 
busca de uma escola onde tenham ensino profi ssionalizante. 
Observa-se que todos recebem o conhecimento, mas não 
existe a preocupação em reconhecer que cada um possui seu 
momento de aprender.
Assim sendo, relativo à aprendizagem, Libâneo (1990, p. 24-25) nos diz que:
29
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
A aprendizagem é receptiva e mecânica, para o que se recorre 
frequentemente à coação. A retenção do material ensinado 
é garantida pela repetição de exercícios sistemáticos e 
recapitulação da matéria. A transferência da aprendizagem 
depende do treino. [...].
Observe que neste movimento, a escola apresenta como único detentor 
do saber o professor, cabendo a ele realizar o repasse dos conteúdos, não se 
preocupando com o educando. O professor verifi cava se ocorreu a aprendizagem 
através das provas, as quais serviam como única base de avaliação.
Já na Tendência Liberal Renovada Progressista, tem-se os interesses do 
aluno em primeiro lugar, em que as experiências do cotidiano são levadas a sério, 
pois, conforme Libâneo (1990, p. 25), a função da escola é “permitir ao aluno, 
educar-se, num processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa 
interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente”.
Podemos apresentar como educadores que foram importantes nesta 
tendência e que ainda estão presentes no cotidiano escolar:
• Maria Montessori, com o Método Montessori, que apresenta seis 
pilares educacionais: autoeducação; educação como ciência; educação 
cósmica; ambiente preparado; adulto preparado e a criança equilibrada.
• Ovide Decroly, o qual trata do Método do Centro de Interesses. Para 
Decroly (1996) as crianças aprendem a partir da visão do todo, e que 
logo depois chega a organizar-se em partes, indo do caos à ordem.
• John Dewey, o qual apresenta o Método de Projetos. Com este método, 
Dewey (1959) sugere que o aluno aprenda por meio da realização de 
tarefas integradas aos conteúdos. Nesta tendência, as crianças passam 
a ser estimuladas a pensar e experimentar por si só. Cabe salientar que 
a democracia faz parte deste método e John Dewey (1959) acreditava 
que ela deveria ocorrer fora e dentro da escola.
Sobre a Tendência Liberal Renovada não Diretiva, denominada como 
Escola Nova, o papel da escola volta-se mais para as questões psicológicas do 
que as pedagógicas e sociais, pois, conforme Libâneo (1990, p. 27), “o que se 
busca é uma mudança dentro do indivíduo de maneira favorável, adequando-o 
às convocações do ambiente”. Cabe salientar que Carl Rogers foi quem elaborou 
este movimento, sendo considerado mais psicólogo clínico do que educador. E 
Libâneo (1990, p. 27) reforça que:
30
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Rogers considera que o ensino é uma atividade excessivamente 
valorizada; para ele os procedimentos didáticos, a competência 
na matéria, as aulas, livros, tudo tem muito pouca importância, 
face ao propósito de favorecer a pessoa um clima de 
autodesenvolvimento e realização pessoal, o que implica estar 
bem consigo próprio e com seus semelhantes. O resultado de 
uma boa educação é muito semelhante ao de uma boa terapia.
Nesta tendência, o professor passa a ter um papel de especialista e a 
avaliação não possui grande sentido, a autoavaliação é que embasa este método.
Chegamos à Tendência Liberal Tecnicista, na qual a escola atua como 
aperfeiçoadora da ordem social do sistema capitalista. Conforme Libâneo (1990, 
p. 29), esta tendência vai:
[...] articulando-se diretamente com o sistema produtivo; para 
tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou 
seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse imediato é 
o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado de 
trabalho, transmitindo, efi cientemente, informações precisas, 
objetivas e rápidas.
Observamos assim, que a fi gura do professor é a de um técnico, que repassa 
os conteúdos por meio de materiais sistematizados como vídeos, livros didáticos 
etc. Desta forma, o aprender é “uma questão de modifi cação do desempenho: o 
bom ensinodepende de organizar efi cientemente as condições estimuladoras, de 
modo que o aluno saia da situação de aprendizagem diferente de como entrou” 
(LIBÂNEO, 1990, p. 30).
Frente a estas disposições, podemos verifi car que o papel da escola nesta 
tendência estava voltado muito mais aos interesses da mera classifi cação e 
formação do indivíduo, correlato ao que o sistema desejava.
Agora, vamos verifi car o que ocorreu e ocorre junto à Pedagogia 
Progressista. Mesmo ela sendo apresentada junto ao sistema capitalista, a 
adoção desta nova tendência pedagógica tornou-se “um instrumento de luta dos 
professores ao lado de outras práticas sociais“ (LIBÂNEO, 1990, p. 32).
Podemos ainda observar que a Pedagogia Progressista tem como objetivo 
“designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades 
sociais, sustentam implicitamente as fi nalidades sociopolíticas da educação” 
(LIBÂNEO, 1990, p. 32).
A Pedagogia Progressista possui três tendências que são: libertadora, 
libertária e crítico-social dos conteúdos.
31
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
A tendência libertadora possui como seu mentor, Paulo Freire (1921-1997), 
o qual utilizou-se da realidade do educando. Conforme Baruffi (2016, p. 53), “para 
assim, o mesmo construir seu conhecimento, a partir de sua realidade, de sua 
vivência diária”. Este foi o mais célebre educador de nosso país – Brasil –, tendo 
atuado e por possuir reconhecimento internacional por meio de sua pedagogia.
FIGURA 1 – PAULO FREIRE – EDUCADOR BRASILEIRO
FONTE: <http://www.folhavitoria.com.br/economia/blogs/
gestaoeresultados/2012/05/08/>. Acesso em: 6 jan. 2018.
Nesta tendência, os professores buscam sair da escola tradicional, em que o 
conhecimento era depositado nos educandos em gavetas, como uma educação 
bancária. Na tendência libertadora, o professor questiona, discute, busca junto ao 
educando a construção e transformação do homem, junto ao outro, à natureza e 
com ele mesmo. Observa-se uma abertura, no que tange à nova identidade da 
escola.
Com a Tendência Libertária, encontramos nas palavras do professor 
Libâneo (1990, p. 36), o papel da escola como sendo a que: 
[...] exerça uma transformação na personalidade dos alunos 
num sentido libertário e autogestionário. A ideia básica é 
introduzir modifi cações institucionais, a partir dos níveis 
subalternos que, em seguida, vão “contaminando” todos 
os sistemas. A escola instituirá, com base na participação 
grupal, mecanismos institucionais de mudança (assembleias, 
conselhos, eleições, reuniões, associações etc.). 
Temos como utilizadores desta fi losofi a de trabalho, Celestin Freinet e Miguel 
Gonzales Arroyo.
Verifi camos que, nesta tendência, a participação não é individualizada, mas 
sim, grupal, na qual “as matérias são colocadas à disposição do aluno, mas não 
32
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
são exigidas. É um instrumento a mais, porque importante é o conhecimento que 
resulta das experiências vividas pelo grupo [...]” (LIBÂNEO, 1990, p. 36).
Desta maneira, a relação entre professor e aluno, transforma o professor em 
um “orientador e catalizador” (LIBÂNEO, 1990, p. 37), sendo o aluno um ser livre 
para questionar, e construir seus conhecimentos em relação aos demais colegas.
Para a Tendência Crítico-Social dos Conteúdos, “um instrumento de 
apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, 
já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-
la democrática” (LIBÂNEO, 1990, p. 39), garantindo assim um bom ensino, pois: 
[...] a atuação da escola consiste na preparação do aluno 
para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe 
um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da 
socialização, para uma participação organizada e ativa na 
democratização da sociedade (LIBÂNEO, 1990, p. 39).
Temos como representantes desta tendência: G. Synders, Charlot e nossos 
educadores brasileiros, José Carlos Libâneo e Demerval Saviani.
A partir destas tendências podemos notar que a escola em sua linha do 
tempo passou e passa por várias mudanças que determinam que não deve ser 
pensada como: 
[...] o lugar em que se inventaram novas formas de viver o 
espaço e o tempo, ou seja, não se trata de dizer que a escola 
originou essas novas formas. Trata-se sim, de pensá-la como 
uma instituição que se estabeleceu e se desenvolveu em 
conexão indissolúvel, imanente, com as práticas – sociais, 
culturais, religiosas, econômicas [...] (VEIGA-NETO, 2003, p. 
107).
Frente ao que vimos junto às pedagogias apresentadas anteriormente, o 
papel da escola nestas tendências nos ajuda a compreender que: 
[...] boa parte das práticas que se dão na escola não foram 
simplesmente criadas com o objetivo de que as crianças 
aprendessem melhor. Nem foram, tampouco, o resultado de 
uma inteligência melhor dos professores, dos pedagogos 
e daqueles que pensaram a escola. Claro que isso não 
signifi ca que muitas práticas não funcionem positivamente 
para aprendizagem [...]. Uma das lições tiradas de tudo isso é 
o fato de que, bem antes de funcionar como um aparelho de 
ensinar conteúdos e de promover a reprodução social, a escola 
moderna funcionou – e continua funcionando – como uma 
grande fábrica que fabricou – e continua fabricando – novas 
formas de vida (VEIGA-NETO, 2003, p. 107-108).
33
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
Assim sendo, observamos que a escola tem em seu papel a combinação 
do tempo e do espaço apresentada por Veiga-Neto (2003, p. 108), na qual 
“ao analisarmos como outras sociedades e culturas viviam ou vivem o espaço 
e o tempo, compreendemos que a percepção que temos de ambos – e, 
consequentemente, o signifi cado que lhes damos e os usos que fazemos deles – 
é um caso particular numa ampla variedade possível”. 
Com isso, podemos compreender que ao combinar espaço e tempo, estamos 
combinando ou realizando “algumas análises históricas e culturais e algumas 
análises contemporâneas das práticas escolares têm dado resultados muito 
interessantes e de longo alcance prático” (VEIGA-NETO, 2003, p. 108).
Frente ao que Veiga-Neto (2003) nos apresenta, podemos perceber que 
conseguimos com estas mudanças avaliar nossas condutas pedagógicas e os 
mecanismos utilizados a serviço da aprendizagem e do ensino, pois “entre as 
práticas escolares e as rápidas modifi cações espaciais e temporais que estão 
acontecendo no mundo atual, está boa parte daquilo que se costuma denominar 
de ‘crise da escola’” (VEIGA-NETO, 2003, p. 108).
Assim, determinamos que a escola, mesmo em suas “crises de identidade”, 
consegue em muitos casos se reinventar, pois ela é um conjugado de práticas, 
às quais precisa manter-se conectada com as diversas práticas sociais, que 
necessariamente precisam ser pensadas a partir das mudanças que ocorrem 
junto à sociedade e buscar uma escola de excelência.
Arriscamos dizer, que a escola é uma metamorfose constante! E o 
convidamos a uma leitura instigante de Marcia Rosiello Zenker, que trata da busca 
da escola de excelência. Acompanhe.
O QUE É UMA ESCOLA DE EXCELÊNCIA?
O século XXI apresenta desafi os constantes, advindos de 
mudanças paradigmáticas que nos convidam a repensar o nosso jeito 
de estar no mundo. Se antes imperavam a linearidade e a certeza 
das respostas às questões humanas, divididas em certas e erradas, 
boas e más, hoje nos impacta a complexidade da vida e, mais do que 
respostas, estamos a todo o momento nos indagando.
34
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Segundo Morin (2002, p. 35), “Trata-se de uma necessidade 
histórica-chave: uma vez que a complexidade dos problemas de 
nosso tempo nos desarma, torna-se necessário que nos rearmemos 
intelectualmente, instruindo-nos para pensar a complexidade, para 
enfrentar os desafi os da agonia/nascimento desse interstício entre 
os dois milênios e para pensar os problemas da humanidade na era 
planetária”.
Apartir disso, emergem algumas questões básicas:
• A escola está oferecendo aos alunos, que enfrentarão cenários 
talvez nem imaginados por nós, uma educação que lhes permitirá 
usar os conhecimentos, articulá-los e transformá-los em prol de si 
e da comunidade?
• A escola está sendo efi caz no sentido de proporcionar um 
processo de alfabetização para muito além do saber ler e 
escrever?
• A escola está promovendo uma refl exão sobre seu papel no 
mundo, atualizando seu projeto político-pedagógico com a 
participação de todos os envolvidos na educação?
• A escola está garantindo as condições para a aprendizagem dos 
alunos?
• A escola está contextualizando o conhecimento sabidamente 
importante para a formação de um aluno crítico e global?
• A escola está implantando a cultura da mediação do conhecimento 
em seus ambientes educativos?
• A escola está questionando se é excelente e, se faz essa 
pergunta, poderia elucidar com clareza os conteúdos e as ações 
pertinentes à busca pela excelência?
• Quais são os critérios que a escola utiliza para avaliar sua 
qualidade?
Parece que estamos diante de um trabalho sem fi m, pois 
hoje, mais do que nunca, a sociedade nacional e internacional está 
atenta aos resultados dos indicadores de qualidade das instituições 
educacionais. Excelência e avaliação são dois conceitos que 
dependem um do outro. O argumento principal é que a avaliação 
constitui uma condição necessária para a melhoria da qualidade das 
escolas.
Sabemos que qualidade é um conceito multifacetado e tem sido 
defi nido de diferentes maneiras, como, por exemplo:
35
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
É fazer bem a coisa certa à primeira vez, procurando 
sempre melhorar e satisfazer o cliente; é ir ao 
encontro das necessidades do cliente da primeira vez 
e sempre; é fornecer produtos e serviços aos clientes 
e que, consistentemente, vão ao encontro das suas 
necessidades e expectativas (GOETSCH; DAVIS, 
1997).
Logo, estabelecer uma defi nição de escola de excelência 
apresenta-se como uma tarefa extremamente complicada, além 
de não haver uma concordância quanto ao que constitui a sua 
qualidade. No sentido mais lato, ela é atributo de um produto que 
pode ser melhorado. A maioria das pessoas associa a qualidade a 
um produto ou serviço entregue. No entanto, considerar tão somente 
isso seria adotar um olhar reducionista, especialmente quando se 
trata de educação. Devemos incluir os processos, o ambiente e as 
pessoas.
Se retomarmos uma das funções primordiais das instituições de 
ensino — transformação do conhecimento imediato para o mediato 
—, poderemos sugerir que:
[...] a escola de qualidade é aquela que tem como valor 
fundamental a garantia dos direitos de aprendizagem de 
seus alunos, que dispõe de infraestrutura necessária, 
que ensina o que é relevante e pertinente através de 
processos aceitos pela comunidade escolar e pela 
sociedade servida. Seus professores e funcionários 
e os pais dos alunos estão satisfeitos, e os alunos 
mostram, através de formas objetivas, que aprenderam 
o que deles se esperava (SOARES, 2005, p. 18). 
A partir dessa perspectiva, o principal indicador de qualidade é o 
desempenho dos alunos.
Contudo, avaliar todas as dimensões da escola, desde a gestão 
escolar, representada pelo diretor, até a gestão da sala de aula, 
representada pelo professor, os insumos (materiais disponíveis), a 
participação dos pais no acompanhamento da escolaridade dos 
fi lhos, torna-se a gênese da melhoria da qualidade das escolas para 
que elas alcancem a excelência desejada e possam contribuir para a 
saúde socioeconômica do país.
Nesse sentido, avaliações externas às instituições são instrumentos 
importantes para o gestor escolar visualizar áreas problemáticas e 
pensar em soluções inovadoras [...]. 
36
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
[...] Precisamos avançar para além dos números para alcançar 
excelência com equidade. O importante é oferecer à sociedade 
brasileira (famílias, secretários de educação, alunos, jornalistas, 
gestores escolares, professores, empresários) mais e melhores 
espaços de debate a respeito dos problemas educacionais, assim 
como caminhos possíveis para solucioná-los. O fortalecimento dos 
laços sociais como um todo, restituindo cada vez mais o pensar ao 
indivíduo, cria o suporte necessário para visões apuradas sobre a 
busca da excelência das escolas.
Não basta avaliar, diagnosticar e divulgar os resultados. 
Iniciativas advindas das próprias escolas e de investidores sociais, 
questionamentos dos pais e alunos, angústias dos professores e 
gestores escolares nessa busca de excelência tornam-se a matéria-
prima das transformações em educação que pretendemos alcançar. 
E temos competência nacional para trabalhar com essa matéria-
prima.
Uma reunião bem dirigida na escola, que provoque a refl exão 
crítica dos professores, instigue a criatividade, desenvolva as 
competências pedagógicas e dê apoio aos planos de metas na 
sala de aula, contribui para a qualidade da instituição de ensino. 
Nesse caso, a autoavaliação ou avaliação interna é fundamental 
para subsidiar decisões, especialmente as pedagógicas.
 
Então, o que é uma escola de excelência?
Não há resposta lógica para essa pergunta, mas as próprias 
escolas sabem que são capazes de buscá-la e, se não souberem ou 
perderam a esperança, faz-se necessária uma intervenção urgente. 
Um bom começo é convidar cada escola a revisitar o seu projeto 
político-pedagógico, já que ele norteia a busca pela excelência. 
Trazê-lo ao coração de toda a equipe, torná-lo vivo nas ações 
educativas cotidianas, promover a sua inserção nas novas realidades 
do mundo contemporâneo através do diálogo interno (principalmente 
com os professores) e externo (com as famílias, os pensadores em 
educação, o conhecimento e as boas práticas de outras instituições 
educacionais) movimenta o pensamento, areja as emoções, cria 
possibilidades inusitadas.
37
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
A expansão é a meta do desenvolvimento individual e coletivo 
para continuarmos a ser sujeitos da nossa história aqui na Terra. 
A excelência nas escolas talvez seja isto: torná-las sujeito, mais 
humanizadas, mais livres das amarras do que já não têm mais 
signifi cado efetivo.
FONTE: <http://loja.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/8329/o-que-e-
uma-escola-de-excelencia.aspx>. Acesso: em: 8 jan. 2018.
Através desta leitura, sobre o que é uma escola de excelência, nos 
questionamos e podemos determinar que os profi ssionais que trabalham na 
escola também necessitam estar ligados com o que ocorre no entorno dela e na 
sociedade como um todo, pois sabemos que é na escola que surgem as mais 
diversas situações, as quais são positivas ou negativas.
Encontrar o equilíbrio junto a esta máquina, chamada escola, é algo que 
precisa ser tratado com respeito, carinho, comprometimento e equilíbrio.
Acreditar que a escola é um espaço de crise pode ser muito forte. É melhor 
dizer que a escola é um espaço de mudança, que necessita ser vista pelo 
prisma da ética, da humanização, da amorosidade, da fi rmeza, da disciplina, do 
acolhimento, da autoavaliação, pois estamos trabalhando com seres humanos e 
não com máquinas.
Frente ao exposto, podemos perceber que a identidade da escola está sendo 
construída a partir da realidade em que ela está inserida. Na atualidade, a escola 
tem como objetivo levar os educandos a compreender-se, a auxiliar na construção 
do conhecimento historicamente construído, o qual não pode ser esquecido na 
busca do desenvolvimento de estratégias de enfrentamento dos desafi os que 
nos chegam a todo instante. Estar aberta à comunidade, tendo os alunos como 
auxiliares no processo de construção e de formalização do ensino e aprendizagem 
de excelência.
Para falarmos sobre isso, com um pouco mais de cuidado, apresentaremos 
no próximo capítulo a estrutura escolar! Vale a pena continuar a leitura!
Antes,vamos a uma refl exão e dicas sobre as Pedagogias Liberal e 
Progressista.
38
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Atividade de Estudos:
 1) No que diz respeito às tendências pedagógicas, qual você 
acredita estar mais próxima a nossa realidade educacional e 
social? Por quê?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Para maior aprofundamento em seus estudos, deixamos alguns 
sites, nos quais você encontrará maiores informações sobre as 
tendências e seus idealizadores. 
<http://educarparacrescer.abril.com.br/
aprendizagem/ovide-decroly-307894.shtml> 
 <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mentor-
educacao-consciencia-423220.shtml> 
<http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formador-
criancas-pequenas-422947.shtml?page=0> 
<http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/05/o-
que-e-o-metodo-montessori-de-ensino>
6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Junto ao que foi proposto neste capítulo, apresentamos que as leis que regem 
nosso país e a educação estão intrinsecamente ligadas. Na educação brasileira 
já perpassaram inúmeras tendências, sendo que algumas estão presentes em 
nosso cotidiano escolar.
39
O CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO Capítulo 1 
Buscar inovações no processo de ensino e aprendizagem acarreta a 
necessidade de encontrar meios que nos levem a uma escola que possa ser 
considerada de excelência.
Para o próximo capítulo, reservamos a você, leitor, o entendimento da 
estrutura escolar e seu papel na comunidade em que está inserida!
REFERÊNCIAS
BARUFFI, Mônica Maria. Políticas educacionais. Indaial: Uniasselvi, 2016.
BRASIL. Constituição Federal Brasileira. Brasília, 1988.
______. Lei nº 9.394, de 20/12/96. Diário Ofi cial da União. Brasília, 1996.
CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva, artigo a artigo. 
23. ed. revista e ampliada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
DECLORY, O. El juego educativo: iniciacion a La actividad intelectual y matriz/ 
Ovídio Decroly, e Monchamp. (Trad.)M Olasagasti. Madrid: Morata, 1986.
DEWEY, John. Democracia e educação. 3. ed. Tradução de Gobofredo Rangel 
e Anísio Teixeira. São Paulo: Nacional, 1959.
MACHADO, Costa (Org.). Constituição Federal interpretada: artigo por artigo, 
parágrafo por parágrafo. 7. ed. Barueri, SP: Manole, 2016.
FERRARI, Marcio. Ovide Decroly. Revista: Educar para crescer. 2011. 
Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/ovide-
decroly-307894.shtml>. Acesso em: 27 dez. 2017.
______. Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência. Revista da 
Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mentor-
educacao-consciencia-423220.shtml>. Acesso em: 27 dez. 2017
______. Friederich Froebel, o formador das crianças pequenas. Revista Nova 
Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formador-
criancas-pequenas-422947.shtml?page=0>. Acesso em: 27 dez. 2017
LIBÂNEO, José Carlos. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 
10. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
40
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
______. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos 
conteúdos. 9. ed. São Paulo: Edições Loiola, 1990.
LIMA, L. A escola como organização e a participação na organização 
escolar: um estudo da escola secundária em Portugal (1974 – 1988). Tese 
de doutorado – Instituto de Educação, Universidade do Minho, Braga, 1992.
SILVA, Lisandra Oliveira e. Os sentidos de escola na atualidade: narrativas de 
docentes e estudantes da rede municipal de ensino de Porto Alegre. Tese de 
Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2012. 
VEIGA-NETO, Alfredo. Educação e governamentalidade neoliberal: novos 
dispositivos, novas subjetividades. In: PORTOCARRERO, Vera; CASTELO 
BRANCO, Guilherme. Retratos de Foucault. Rio de Janeiro: Nau Editora, p. 
179-217, 2000.
VORRABER COSTA, Marisa (Org.). A escola tem futuro? Entrevistas. Rio de 
Janeiro: DP&A, 2003.
ZENKER, Marcia Rosiello. O que é uma escola de excelência? Revista Pátio, 
n. 65, fev. 2013. Disponível em: <http://loja.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/
8329/o-que-e-uma-escola-de-excelencia.aspx>. Acesso em: 8 jan. 2018.
CAPÍTULO 2
A ESTRUTURA ESCOLAR
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer e reconhecer o sentido de organização e gestão escolar e o que 
acontece entre o sistema de ensino e a sala de aula.
 Identifi car o papel de cada profi ssional que constitui a escola.
 Compreender a organização pedagógica e a cultura organizacional nas escolas.
42
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
43
A ESTRUTURA ESCOLAR Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, vamos tratar da estrutura escolar. Quando falamos em 
estrutura escolar, estamos falando da organização, gestão, objetivos de ensino e 
da função de cada profi ssional dentro da escola.
Faremos uma análise de como a escola funciona, a partir de documentos 
ofi ciais, do conselho escolar, da associação de pais e professores, entre outros.
Trataremos também sobre o papel dos elementos formadores da escola, as 
características que auxiliam a instituição em sua organização e dão aporte ao 
desenvolvimento dos trabalhos realizados.
Vamos nos ater à cultura organizacional, uma organização informal que 
atua fortemente em nossas escolas e que necessita ser estudada, analisada, 
conhecida e a partir dela, compreendermos o projeto político-pedagógico da 
escola, o currículo, a gestão e a avaliação.
Curioso para este momento?
Afi rmamos que a leitura deste material será de extremo valor para suas 
atividades como profi ssional da área educacional!
Ótimos estudos!
2 A ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA ESCOLA
Ao tratarmos da organização e da gestão de uma escola, estamos tratando 
de um conjunto de situações e dos meios que utilizamos para que exista um bom 
funcionamento da instituição escolar. Conseguindo isso – esta organização – 
estaremos alcançando os objetivos propostos para o bom andamento da escola.
Se buscarmos em dicionários, as palavras organização e gestão, os 
signifi cados vêm sempre associadas a empresas, ao administrativo, a governos, 
como também aos órgãos públicos, famílias, e escolas que buscam a realização 
de seus objetivos. Podemos assim dizer que:
 
44
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
No caso da escola, a organização e a gestão referem-se ao 
conjunto de normas, diretrizes, estrutura organizacional, ações 
e procedimentos que asseguram a racionalização do uso de 
recursos humanos, materiais, fi nanceiros e intelectuais assim 
como a coordenação e o acompanhamento do trabalho das 
pessoas (LIBÂNEO, 2012, p. 411, grifos do original).
Com o que nos afi rma Libâneo (2012), vamos buscar duas frases que ali 
estão inseridas e que tomamos a liberdade de grifar. As frases são: “racionalização 
do uso de recursos humanos” e “acompanhamento do trabalho das pessoas”. 
Essas duas frases refl etem bem o que se busca em uma gestão escolar 
com qualidade, fazendo a escolha de bons objetivos e a utilização correta dos 
recursos humanos, conseguindo, assim, garantir o bom desempenho para o 
desenvolvimento dessa engrenagem chamada escola. 
Relativo ao acompanhamento do trabalho das pessoas, estamos nos 
reportando às ações e metodologias, buscando a articulação das pessoas junto 
às atividades desenvolvidas, para que se possa chegar ao alcance dos objetivos 
propostos pelo grupo.
Para que os objetivos propostos sejam efetivados, faz-se necessário que 
exista o planejamento, a organização, o saber dirigir estes objetivos e o saber 
avaliar o processo. Conforme Libâneo (2012, p. 418), “A condução dessas 
funções, mediante várias ações e procedimentos, é o que sedesigna gestão, a 
atividade que põe em ação um sistema organizacional”.
Observamos com isso que a escola necessita de organização, pois sem ela 
será impossível chegarmos ao alcance de seus objetivos, visto que não pode ser 
vista como um fi m, mas sim como um meio, em que muitas são e serão as buscas 
pela conquista de suas fi nalidades. De acordo com Libâneo (2012, p. 412):
a) A escola é uma organização em que tanto seus objetivos e 
resultados quanto seus processos e meios são relacionados 
com a formação humana, ganhando relevância, portanto, o 
fortalecimento das relações sociais, culturais e afetivas que 
nela tem lugar;
b) As instituições escolares, por prevalecer nelas o elemento 
humano, precisam ser democraticamente administradas, 
de modo que todos os seus integrantes canalizem esforços 
para a realização de objetivos educacionais, acentuando-
se a necessidade da gestão participativa e da gestão de 
participação.
Com isso, a escola necessita, junto de sua organização e gestão, buscar 
condições/ meios para que sejam realizados todos os objetivos propostos.
45
A ESTRUTURA ESCOLAR Capítulo 2 
Desta maneira, a escola fará bom uso dos recursos em sala de aula, 
promovendo o trabalho em equipe; acompanhando as atividades desenvolvidas; 
dando feedbacks a partir da participação e, desta forma, alcançando seu principal 
objetivo: o aprendizado dos educandos.
Se pararmos para analisar, a escola não deixa de ter um caráter 
administrativo, no que tange aos trabalhos relativos à área burocrática, porém, 
não podemos esquecer que estamos tratando com seres humanos e não com 
máquinas. De acordo com Libâneo (2012, p. 413): 
Os estudos atuais sobre o sistema escolar e sobre as políticas 
educacionais têm-se centrado na escola como unidade 
básica e como espaço de realização das metas do sistema 
escolar. A ideia de ter as escolas como referência para a 
formulação e gestão das políticas educacionais não é nova, 
mas adquire importância crescente no planejamento de 
reformas educacionais exigidas pelas recentes transformações 
do mundo contemporâneo. Por essa razão, as propostas 
curriculares, as leis e as resoluções referem-se atualmente 
à prática organizacional como autonomia, descentralização, 
projeto pedagógico-curricular, gestão centrada na escola e 
avaliação institucional.
É importante ressaltar que a gestão educacional centrada na escola, pode ser 
visualizada de duas maneiras, na perspectiva neoliberal e na perspectiva sociocrítica, 
conforme nos apresenta Libâneo (2012, p. 415) e que é de extremo valor sabermos: 
Na perspectiva neoliberal, pôr a escola como centro das 
políticas signifi ca liberar boa parte das responsabilidades do 
Estado, deixando as comunidades e escolas a iniciativa de 
planejar, organizar e avaliar os serviços educacionais. Já na 
perspectiva sociocrítica, a decisão signifi ca valorizar as ações 
concretas dos profi ssionais na escola que sejam decorrentes 
de sua inciativa, de seus interesses, de suas interações 
(autonomia e participação), em razão do interesse público dos 
serviços educacionais prestados, sem, com isso, desobrigar o 
Estado de suas responsabilidades. 
Podemos com isso perceber que a perspectiva sociocrítica dá aos profi ssionais 
da escola a possibilidade de organizarem-se construindo um espaço educativo, no 
qual ocorra a formação e a aprendizagem, espaço este, em que os profi ssionais 
podem deliberar sobre o trabalho realizado e reconhecerem-se como profi ssionais.
Com o que foi dito até o momento, podemos determinar que a escola não é 
um espaço em que somente o professor auxilia o aluno na aprendizagem, mas 
todos os que ali trabalham realizam ações educativas, ensinando de uma maneira 
ou outra os educandos e assim também aprendem, pois o ato de educar está 
inserido em todas as ações dos profi ssionais que ali trabalham. 
46
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Educamos através de nossas atitudes junto ao outro, até mesmo no 
atendimento aos pais, ou a qualquer pessoa que chegue ou esteja na escola. O 
simples fato de cumprimentar qualquer membro da escola já é uma maneira de 
educar. É necessário ressaltar que a escola traz consigo a utilização de valores, 
que em muitos casos não são encontrados em outros espaços da sociedade. 
Segundo Libâneo (2012, p. 414):
[...] exemplos mostram que todas as ações e ocorrências 
em uma escola têm caráter eminentemente pedagógico. As 
escolas são, pois, ambientes formativos, o que signifi ca que as 
práticas de organização e gestão educam, isto é, podem criar 
ou modifi car os modos de pensar e agir das pessoas. Por outro 
lado, também a organização escolar aprende com as pessoas, 
uma vez que sua estrutura e seus processos de gestão podem 
ser construídos pelos próprios membros que a compõem.
Com isso, podemos determinar que quem faz seu espaço de trabalho é o 
próprio profi ssional, pois se chegar ao trabalho de maneira abrupta, achando-se 
o único detentor do conhecimento, estará fadado a contaminar outras pessoas 
e a permanecer sozinho naquele espaço, que deve ser de prazer, dinamismo 
e comprometimento junto aos demais colegas de profi ssão e aos objetivos 
educacionais propostos. De acordo com Amiguinho e Canário (1994 apud 
LIBÂNEO, 2012, p. 414 ), “Os indivíduos e os grupos mudam, mudando o próprio 
contexto em que trabalham”.
FIGURA 1 – OS GRUPOS SE FAZEM NA AÇÃO-REFLEXÃO
FONTE: <http://www.frasespequenas.com.br/autor-paulo-freire>. Acesso em: 11 jan. 2018.
47
A ESTRUTURA ESCOLAR Capítulo 2 
Assim sendo, salienta-se que dependendo do sistema político e econômico, 
a escola também passa por diversas mudanças que necessitam ser avaliadas 
junto aos grupos de trabalho e perante o sistema de ensino apresentado. Cabe, 
então, ressaltar que a escola, conforme Paro (2007, p. 33): 
[...] é uma agência educativa [...] tomada a educação como 
apropriação da cultura, e entendida esta como um conjunto de 
conhecimentos, valores, crenças, artes, fi losofi a, ciência, tudo 
enfi m, que é produzido pelo homem em sua transcendência da 
natureza e que constitui como ser histórico.
Junto ao que o autor nos apresenta, a escola, enquanto agência educativa, 
não pode mais ser compreendida como um espaço de mera transmissão de 
conteúdos, mas sim, voltada ao contexto social a qual está inserida.
Com isso, podemos entender que a escola é uma instituição que possui 
grandes responsabilidades e que se encontra entre duas grandes instâncias, 
conforme a fi gura a seguir. 
FIGURA 2 – A ESCOLA INSERIDA ENTRE DUAS GRANDES INSTÂNCIAS
FONTE: Libâneo (2012, p. 415)
Frente ao que foi exposto no diagrama, perceb emos que a escola é um 
espaço que recebe a infl uência das diretrizes de ensino e da sociedade em si. 
De acordo com Libâneo (2012, p. 415), “a escola é instância integrante do todo 
social, sendo afetada pela estrutura econômica e social, pelas decisões políticas 
e pelas relações de poder em vigor na sociedade”.
Com isso, percebemos que a escola recebe esta infl uência da sociedade, do 
próprio sistema de ensino – seja federal, estadual ou municipal – e isso recai nas 
salas de aula.
Desta forma, é imprescindível que os profi ssionais da educação tenham 
conhecimento das diretrizes e possuam consciência “das determinações sociais 
e políticas, das relações de poder implícitas nas decisões administrativas e 
pedagógicas do sistema e da maneira pela qual afetam as decisões e ações 
levadas a efeito na escola e nas salas de aula” (LIBÂNEO, 2012, p. 416).
48
 O COTIDIANO ESCOLAR E A AÇÃO PEDAGÓGICA
Para tanto, cada profi ssional necessita saber seu papel e encontrar maneiras 
de desenvolver seu trabalho, buscando sempre o incremento de novas práticas 
junto a documentos ofi ciais que integram o sistema de ensino.
Para saber qual o papel de cada profi ssional da escola, trataremos agora 
de cada um em particular, mas, antes, vamos para uma atividade de estudo com 
nosso Leo Mascote.
Atividade de Estudos:

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