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aula 9 apelação

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APELAÇÃO
Art. 1.009 CPC. Da sentença cabe apelação.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão
final, ou nas contrarrazões.
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente
será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões
mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.
OBJETO
Sentença (Art. 1009)
Decisões Interlocutórias não
agraváveis(Art. 1009, § 1º)
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VÍCIOS DA DECISÃO
Há pelo menos duas espécies de erro passíveis de contaminar a sentença,
comprometendo a validade e eficácia como ato jurídico: error in judicando e error in
procedendo.
O error in judicando é o existente numa decisão que julgou o mérito da causa, quer
se trate erro de fato (quando o juiz dá como verdadeiro um fato, de modo disforme
da realidade) ou erro de direito (quando o juiz erra ao valorar juridicamente um fato
ou ao aplicar o direito aos fatos).
O error in procedendo é o erro que o juiz comete no exercício de sua atividade
jurisdicional, no curso procedimental ou na prolação de sentença, violando norma
processual na sua mais ampla acepção.
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Prof. Mozart Borba
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Art. 1.010 CPC. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro
grau, conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV - o pedido de nova decisão.
§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15
(quinze) dias.
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para
apresentar contrarrazões.
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
Regularidade formal
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USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA
Art. 1.010 CPC.
(...)
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
Como a competência para proceder ao juízo de
admissibilidade da apelação é agora do relator no tribunal
(TJ/TRF), se o juízo a quo inadmitir o recurso, ele terá
usurpado a competência do tribunal. Para essas situações
caberá RECLAMAÇÃO, nos termos do art. 988, I:
Art. 988 CPC . Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério
Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
Enunciado n° 207 do FPPC: "Cabe reclamação, por usurpação da
competência do tribunal de justiça ou tribunal regional federal, contra a
decisão de juiz de 1° grau que inadmitir recurso de apelação.“
(A reclamação possui natureza jurídica de ação autônoma).
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PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE
O recurso tem de combater a decisão jurisdicional naquilo que ela o
prejudica, naquilo que ela lhe nega pedido ou posição de vantagem
processual, demonstrando o seu desacerto, do ponto de
vista procedimental (error in procedendo) ou do ponto de vista do próprio
julgamento (error in judicando).
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PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO QUE NÃO
SE INSURGE CONTRA OS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA
DIALETICIDADE. RECURSO ADESIVO SUBORDINADO AO PRINCIPAL. RECURSO DE APELAÇÃO NÃO
CONHECIDO. RECURSO ADESIVO NÃO CONHECIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Reconhecida a
preliminar alegada nas contrarrazões de não conhecimento da apelação interposta, uma vez
que o recurso não preencheu pressuposto de regularidade formal, qual seja: impugnação aos
termos da sentença, inobservando, assim, os termos do artigo 932, inciso III do CPC. 2. A parte
recorrente deixou de atacar especificamente o decisum, se limitando a repetir os termos da
contestação apresentada, o que representa flagrante violação ao princípio da motivação dos
recursos (dialeticidade entre o decidido e o atacado), expresso no art. 1.010, inc. III, do CPC. 3.
Impõe-se a aplicação do princípio da dialeticidade, segundo o qual é necessária sintonia entre
as razões recursais invocadas para a reforma e os fundamentos do julgado recorrido, sob pena
de restar obstado o conhecimento do recurso, ante a ausência de impugnação específica. 4. O
recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas
regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, portanto, não
deve ser conhecido se o recurso principal for considerado inadmissível, artigo 997, § 2º, III do
NCPC. 5. Recurso de apelação não conhecido. Recurso adesivo não conhecido. 5ª Turma Cível
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. Processo N. APELAÇÃO 0724146-
02.2017.8.07.0001
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...Ademais, a "jurisprudência do STJ privilegia a instrumentalidade das formas,
adotando a orientação de que a mera circunstância de terem sido reiteradas,
na petição da apelação, as razões anteriormente apresentadas na inicial da
ação ou na contestação, não é suficiente para o não conhecimento do
recurso, eis que a repetição dos argumentos não implica, por si só, ofensa ao
princípio da dialeticidade" (REsp 1.665.741/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 03/12/2019, DJe de 05/12/2019)" (AgInt no AREsp
1618482/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 10/05/2021,
DJe 09/06/2021).
3. Diante do exposto, conheço do AREsp e dou provimento ao recurso especial
para anular o acórdão da apelação, de modo que o Tribunal de origem
prossiga no julgamento da apelação, dando por superado o entendimento de
não ter havido adequada impugnação da sentença. Rel. Ministro Luis Felipe
Salomão. AREsp 1666658 SP 2020/0039330-0. DJ 31/08/2021.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/859977167/recurso-especial-resp-1665741-rs-2017-0078347-4
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1237513103/agravo-interno-no-agravo-em-recurso-especial-agint-no-aresp-1618482-sp-2019-0341560-3
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JUÍZO DE RETRATAÇÃO NAS APELAÇÕES (efeito regressivo)
Art. 485 CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:
(...)
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste
artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
Enunciado 68 da I Jornada de Direito Processual Civil. CJF.
A intempestividade da apelação desautoriza o órgão a quo a proferir juízo
positivo de retratação.
Enunciado 293 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC)
O juízo de retratação, quando permitido, somente poderá ser exercido se a 
apelação for tempestiva.
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Art. 1.013 CPC. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
impugnada.
§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido
solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher
apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
Efeito devolutivo em extensão
Efeito devolutivo em profundidade
EFEITO DEVOLUTIVO DA APELAÇÃO
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Art. 1.012 CPC. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do
executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição
Obs: se nesses casos excepcionais a sentença começa a produzir efeitos logo
após ser publicada... Isso quer dizer que FORA desses casos ela NÃO estará
produzindo tais efeitos, ou seja, a sentença já estava suspensa.
EFEITOSUSPENSIVO DA APELAÇÃO
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TEORIA DA CAUSA MADURA NO JULGAMENTO DAS APELAÇÕES
Art. 1013 CPC
(...)
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve
decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485 ;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do
pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-
lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o
tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar
o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.
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TÉCNICA DE JULGAMENTO AMPLIADO NA APELAÇÃO (julgamento estendido)
Art. 942 CPC. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que
serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os
novos julgadores
▪ O objetivo dessa "técnica" de julgamento é ampliar o debate por conta da
controvérsia instalada.
▪ Ocorre de ofício.
▪ Não é recurso, mas técnica para qualificação do julgado.
▪ Não há alteração da competência. A apelação continua sendo julgada no mesmo
órgão colegiado, porém com composição ampliada.
▪ Os Desembargadores poderão rever o seu voto.
Art. 942 CPC
(...)
§ 2º. Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do
prosseguimento do julgamento.
▪ Haverá nova sustentação oral perante os novos julgadores.
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▪ A reanálise será de tudo e não apenas do ponto divergente.
Imagine que uma sentença condena o réu a pagar R$ 100 mil de danos MATERIAIS
e R$ 50 mil de danos MORAIS.
Inconformado, o réu apela de ambas as condenações. No julgamento da
apelação, a câmara do TJ (composta por três desembargadores, por exemplo)
DIVERGE.
Quanto aos danos materiais, todos os três desembargadores concordam com a
indenização de R$ 100 mil reais fixados na sentença recorrida. Mas em relação ao
dano moral de R$ 50 mil, DOIS desembargadores entenderam que ele não
ocorreu... e por isso resolvem dar provimento à apelação para retirar essa parte da
condenação. Perceba que nesse momento surge uma divergência no julgamento
da apelação. Dois desembargadores entendem que não houve dano moral, mas
um terceiro julgador entende que teve.
Temos agora uma unanimidade quanto ao resultado dos danos materiais, mas
uma divergência em relação aos morais.
Quando chegarem os dois novos desembargadores (os convocados)... o que será
discutido na sessão? Eles irão analisar apenas os danos morais (ponto divergente)
ou poderão rever os danos materiais também (ponto unânime)?
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Prof. Mozart Borba
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Art. 942 CPC
(...)
§ 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:
I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas
repetitivas;
II - da remessa necessária;
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.

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