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Código Logístico 59298 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6610-0 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 1 0 0 Marketing Estratégico Alexandre Weiler Tatiane Weiler IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Envato Elements CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ W441m Weiler, Alexandre Marketing estratégico / Alexandre Weiler, Tatiane Weiler. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 116 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6610-0 1. Marketing. 2. Planejamento estratégico. I. Weiler, Tatiane. II. Título. 20-62976 CDD: 658.8 CDU: 658.8:005.51 Alexandre Weiler Tatiane Weiler Doutorando em Administração pela Universidad de la Empresa (UDE - Uruguai) e mestre pela Universidade Positivo. Especialista em Informática e Web Design pelo Centro Internacional de Pesquisa (CIPPEX) e em Marketing e Gestão de Negócios pela Esic Business & Marketing School. Graduado em Filosofia pelo Centro Universitário de Brusque (Unifebe). É diretor acadêmico, de negócios e de formação executiva, coordenador de cursos de pós-graduação, instrutor empresarial de executive education e professor de programas MBA em escolas de negócio nas temáticas que reúnem gestão, tecnologia e habilidades diretivas. MBA Executivo em Marketing e Gestão de Negócios pela Esic Business & Marketing School. Especialista em Educação a Distância pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR). Bacharel em Administração pela FAE – Centro Universitário. Realizou o Programa Superior em Marketing Digital pela Esade Business School e tem vivência internacional na área de marketing e negócios. É professora universitária e conteudista em uma das maiores escolas de negócios do Brasil, além de consultora de negócios, de marketing e tecnologia e colunista na área de tecnologia. Atua em empresas do setor público, privado e na área de Customer Relationship Management em instituições religiosas. SUMÁRIO 1 Definições e diretrizes organizacionais 9 1.1 Marketing estratégico e planejamento 10 1.2 Metas estratégicas e diretrizes organizacionais 14 1.3 Plano de marketing 15 2 Posicionamento e vantagem competitiva 22 2.1 Definição e decisão de posicionamento 23 2.2 Posicionamento estratégico 27 2.3 Vantagem competitiva 30 3 Cenários competitivos e estratégia 33 3.1 Estrutura organizacional 33 3.2 Análise dos cenários e tendências 38 3.3 Definição de modelos estratégicos 40 3.4 Competitividade e negócios globais 47 4 Gestão e análise do ambiente de marketing 52 4.1 Forças de influência estratégica 53 4.2 Fatores de alavancagem de marketing 56 4.3 Gerenciamento da comunicação 59 5 Gestão de marca 67 5.1 Criação de brand equity 68 5.2 Imagem, identidade e percepção 72 5.3 Gestão da concorrência 75 5.4 Gestão de reputação da marca 78 6 Comportamento do consumidor 83 6.1 O personagem cliente 83 6.2 Processo de decisão de compra 87 6.3 Influência do comportamento de compra 91 6.4 Marketing de relacionamento 94 7 Perspectivas futuras 100 7.1 Inteligência de marketing 101 7.2 Tendências e práticas do marketing estratégico 104 7.3 Arte da inovação 107 8 Gabarito 113 O cenário dos negócios que hoje se apresenta passou por muitas mudanças sociais, tecnológicas e políticas, que culminaram na transformação da economia nacional e internacional. Tais mudanças foram necessárias para o atendimento das exigências de um consumidor que, atualmente, busca um produto ou serviço de qualidade e com bom preço em meio a muitas ofertas. Nesse contexto, as organizações aumentam sua produtividade para se manterem no mercado, desenvolvendo seus negócios de maneira satisfatória. Consequentemente, há competitividade acirrada e o processo se torna vantajoso para os dois lados. Toda organização, ao administrar seus negócios, prestar serviços ou produzir bens com o objetivo de atingir os resultados, visando superar as expectativas de seus consumidores, necessita se estruturar. Para isso, deve utilizar ferramentas e técnicas eficazes. Nesse sentido, o planejamento estratégico de marketing é destaque dentre as ferramentas atuais com o objetivo de entregar o que o cliente procura e obter lucro. Nesta obra são apresentados conceitos e exemplos do planejamento estratégico de marketing, além de sua influência positiva na sobrevivência e no sucesso da organização moderna. Em cada capítulo é mostrado como as organizações podem se estruturar para melhor atender seus clientes, atraindo-os e retendo-os em um cenário de informação acelerada, em uma constante de desafios e assertividade na tomada de decisões. Os capítulos apresentam elementos do marketing estratégico que propiciarão, de modo simples e objetivo, o entendimento e a compreensão acerca dos conceitos e métodos na atual realidade dos negócios. São abordados pontos importantes em relação ao mercado, aos concorrentes, aos consumidores, ao produto, ao preço, à praça e à promoção, sendo esta obra mais um subsídio para os que atuam ou pretendem atuar na área de marketing estratégico, auxiliando na escolha de qual caminho seguir no dia a dia, facilitando o trabalho e alavancando o desempenho organizacional. Este livro trata, ainda, de estratégias competitivas, ações voltadas ao composto mercadológico e ao foco no cliente, visando fazer com que o produto ou serviço seja um diferencial frente à concorrência e atinja a satisfação quanto às necessidades e aos desejos dos consumidores. Bons estudos! APRESENTAÇÃOVídeo Definições e diretrizes organizacionais 9 1 Definições e diretrizes organizacionais A palavra marketing tem sido usada para designar principalmen- te as atividades de promoção, venda e propaganda. Além disso, marketing, hoje, é uma ferramenta gerencial, também responsável pelo julgamento criativo no direcionamento dos recursos da em- presa para alcançar metas lucrativas com a satisfação inovadora das necessidades do consumidor. Compreende-se que o marketing é o que se faz para conseguir que mais consumidores usem mais serviços ou comprem mais produtos e, com isso, satisfaçam suas necessidades mais frequen- temente. Por isso, a decisão e as atividades de marketing preci- sam visar à melhoria contínua do valor adicionado aos produtos e serviços. Para tanto, há um planejamento estratégico, ou seja, uma série de mecanismos sistêmicos utilizados para verificar a melhor manei- ra de estabelecer metas que levem os produtos ou serviços a atin- girem as necessidades do mercado-alvo. Dessa forma, é necessário encontrar soluções criativas de atração e retenção de clientes. Atualmente, com o acelerado avanço tecnológico, as inovações publicitárias e a nova cultura comportamental de compra trazem à tona a interdependência. Assim, com a segmentação do mercado em grupos de clientes que apresentam necessidades e caracterís- ticas semelhantes, o marketing estratégico atua para que o pro- duto ou serviço seja mais bem posicionado, colocando a marca à frente da concorrência. A exigência dos clientes e as forças competitivas vêm mudando significativamente em diversos setores da economia. Toda orga- nização que quer ser destaque em desempenho para obtenção de lucros, portanto, deve recorrer a estratégias para conquistar o mercado e consolidar sua marca. 10 Marketing Estratégico 1.1 Marketing estratégico e planejamento Vídeo Na atualidade, para sobreviver em um cenário altamente competiti- vo, a mudança organizacional é necessária, visando à produtividade e à satisfação quanto às necessidades dos consumidores. O intuito princi- pal de uma mudança é mecanizar os processos de produção buscandoaumentar a produtividade, reduzir o esforço físico e repetitivo dos fun- cionários, além de aumentar o nível de padronização do produto e/ou serviço e, assim, melhorar os resultados organizacionais. 1.1.1 Marketing e marketing estratégico As organizações visam otimizar produtos e serviços cada vez mais. Nesse processo, para ter um reconhecimento consolidado no mercado, em relação ao valor e à satisfação do cliente, identificando e atingindo as necessidades, utilizam-se do marketing. Conforme Carvalhal (2005, p. 113), “marketing é uma ciência ou téc- nica que permite o planejamento de uma organização de forma a contri- buir para o atingimento do objetivo desejado”. Para o autor, o marketing impulsiona os colaboradores da empresa na otimização de seu trabalho para atender satisfatoriamente ao que o consumidor necessita e deseja. Com o marketing, o gestor conceberá como melhorar seus proces- sos produtivos na organização, podendo tomar decisões assertivas no que tange a mudar o que for preciso para destacar seu produto e/ou serviço no mercado. A chave para atingir as metas organizacionais, por- tanto, “consiste em ser mais eficaz do que os concorrentes para inte- grar as atividades de marketing, satisfazendo, assim, as necessidades e desejos dos mercados-alvo” (KOTLER, 1999, p. 37). Para isso, O marketing vale-se de estratégia, definida por Porter (1989) como a criação de uma posição única e de valor envolvendo um diferente conjunto de atividades (apud KOTLER; HAYES; BLOOM, 2000). Pautando-se nesse contexto, é possível concordar com Kotler (1999), que considera o marketing estratégico como ferramenta de criação de posição única e de valor da organização, envolvendo um diferente conjunto de atividades. Ao compreender a estratégia empresarial como as orientações que a organização segue, buscando melhorar sua posição em relação à con- No texto Marketing Best 2019 apresenta os 25 ca- ses vencedores, publicado no site do PROPMARK, é possível conhecer os maiores cases e a excelência em qualidade das organizações que se utilizam de ferramentas de marketing estratégico. Disponível em: www.propmark.com. br\mercado\marketing-best-2019. Acesso em: 18 fev. 2020. Leitura Definições e diretrizes organizacionais 11 corrência, selecionando linhas de negócio, alocando recursos e criando ações integradas para êxito de vendas e atendimento, a função do mar- keting estratégico é mais bem esclarecida. A saber: “seguir a evolução do mercado de referência e identificar os diferentes produtos-mercado e segmentos atuais ou potenciais, na base da análise da diversida- de de necessidades a satisfazer” (LAMBIN, 2000 apud LIMA; GARCIA; CARVALHO, 2007, p. 4). O marketing analisa as necessidades dos clientes, além disso, cria, comunica e proporciona valor e satisfação como um benefício, atraindo novos clientes e retendo os que já existem. É uma estratégia organiza- cional que, conforme Aaker (2001), possibilita ao cliente, à concorrência e ao mercado se orientarem quanto a mercados globais e buscarem ferramentas estratégicas para tomadas de decisão precisas. Pode-se assumir, assim, que o marketing estratégico está focado principalmente no desenvolvimento de uma resposta efetiva, não da área funcional de marketing e sim da empresa como um todo, uma vez determinadas as oportunidades ambientais e de mercado, em uma situação em que a empresa possua uma vantagem competitiva em relação à concorrência. (LIMA; GARCIA; CARVALHO, 2007, p. 4) É, portanto, baseado em redução de custos de produção e de distribuição, possibilitando a oferta de menor preço, os benefí- cios ao cliente e o foco de seu segmento no mercado. Nesse caso, clientes e concorrentes levam o departamento de marketing estratégico a analisar as necessi- dades individuais e das organizações, satisfazendo aos anseios do cliente e obtendo vantagem competitiva em re- lação à concorrência. 1.1.2 Níveis de planejamento As organizações, em seu plano de ação, pesquisam e reúnem as informações das necessidades dos clientes e do mercado. Esse plano é bastante flexível, apontando sempre para resultados positivos e obje- tivos a serem atingidos. 12 Marketing Estratégico Para cada objetivo, há um tipo de planejamento. Os tipos de plane- jamento podem ser relacionados aos níveis de decisão em uma pirâmi- de organizacional, conforme a figura a seguir. Figura 1 Níveis de planejamento PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Alta administração (toda a organização) PLANEJAMENTO TÁTICO Administração de nível médio (principais divisões, funções) PLANEJAMENTO OPERACIONAL Administração de nível mais baixo (departamentos, indivíduos) Fonte: Daft, 1999, p. 127. A organização conta com: planejamento mercadológico, organiza- cional, de produção e de recursos humanos. Segundo a pirâmide, para atingir seus objetivos, a organização precisa de planos para cada decisão a ser tomada, além de contar com um ciclo básico composto pelos três tipos de planejamento: tático, operacional e estratégico, sendo este o ponto principal. 1.1.2.1 Planejamento estratégico O planejamento estratégico é o meio de o gestor organizar seu pro- duto e/ou serviço. Nele, define-se como levar o cliente ao encontro do que a organização oferece. Para isso, o planejamento estratégico prevê a demanda futura das necessidades do cliente em contraponto à oferta do mercado concorrente. Definições e diretrizes organizacionais 13 No nível estratégico formulam-se objetivos e ações a serem to- madas. Sendo de responsabilidade de funcionários de alto nível, nele ocorre o parâmetro do melhor caminho a seguir. Conforme Chiavenato (1999), no nível estratégico acontecem as tomadas de decisão de alto impacto na organização, portanto é o momento de ela refletir, discutir e definir seus propósitos e suas estratégias fundamentais. O planeja- mento estratégico é utilizado, então, como uma ferramenta de vanta- gem competitiva no mercado e, de acordo com Drucker (1997, p. 714), é um processo contínuo de, sistematicamente e com o maior conhecimento possível do futuro contido, tomar decisões atuais que envolvam riscos; organizar sistematicamente as atividades necessárias à execução destas decisões e, através de uma retroa- limentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas. O planejamento estratégico garante um produto/serviço de qua- lidade, lucratividade e destaque para a marca, apontando o melhor caminho a seguir, independentemente do porte da organização. Deve guiar-se pelas questões: Onde queremos chegar? O que fazer? Como? Quando? Para quem? Por quê? Por quem? Onde? – sempre pautadas em missão, visão e valores. 1.1.2.2 Planejamento tático O planejamento tático é feito para que o gestor possa questionar especificidades da ação que se pretende desenvolver, procurando res- postas ao quê, como, se é possível e por onde fazê-la. São também analisados os recursos disponíveis para a ação planejada. 1.1.2.3 Planejamento operacional Neste nível se formaliza o plano de ação com documentos escritos. Neles constam partes do planejamento tático em que estão os recursos de que a organização deverá dispor, objetivos, prazos, quem fará o quê, atividades, tarefas e o cronograma de toda a operação. Para obter sucesso, a organização precisa de planejamento e ferra- mentas que possibilitem alcançar vantagens competitivas; estas advêm da estratégia que torna a empresa lucrativa e viável. Os objetivos orga- nizacionais são alcançados quando a organização adapta seu produto às necessidades e aos desejos do cliente. 14 Marketing Estratégico 1.2 Metas estratégicas e diretrizes organizacionais Vídeo As organizações são órgãos vivos com valores, propósitos, missão e objetivos aos quais pretendem atingir. São um sistema único composto de subsistemas, cada qual desenvolve atividades específicas – como finanças, recursos humanos, marketing, entre outros – e interage com os demais (BASTOS, 2006). Todaorganização, pública ou privada, de diferentes tamanhos, deve saber qual é sua missão no mercado, para que possa ter a visão deste e trazer para seus produtos/serviços o valor esperado pelo cliente, bem como criar o melhor caminho para liderar a concorrência. Para tanto, segue metas e diretrizes organizacionais. Metas são o que a organização visa alcançar em relação à concor- rência. São mensuradas por meio do desempenho organizacional e devem ser vistas como algo tangível, real e possível, conforme o plane- jamento estratégico. Metas estratégicas são níveis de desempenho que a organização necessita alcançar para ter seu objetivo atingido. Elas indicam e direcio- nam a organização, mensurando quais objetivos estão sendo ou não cumpridos, refletindo nos resultados obtidos. Além disso, as metas estratégicas levam a organização à defi- nição de etapas ou caminhos a serem seguidos para alcançar o que objetiva, ou seja, precisam ser específicas e realistas, para que se saiba com clareza quando foram atingidas. Chama-se de diretrizes organizacionais o conjunto de prin- cípios e normas que estabelecem o direcionamento ado- tado pela organização, pautando-se em missão, visão e valores. Victoruler/Shutterstock Definições e diretrizes organizacionais 15 A missão indica a que e a quem a organização serve, ou seja, por que ela existe. Está ligada diretamente aos seus objetivos institucionais e ao porquê de sua criação. A visão é o objetivo da organização. É o que a organiza- ção vislumbra conforme a necessidade da empresa e do cliente. Precisa ser concreta e ter possibilidade de alcan- ce. É o objetivo que a empresa quer atingir e em quanto tempo. Deve ser revista sempre. Os valores são utilizados como parâmetros de compor- tamentos, atitudes e decisões voltados à missão e à visão. Envolvem a ética, bem como as regras morais de adminis- tradores, fundadores, e colaboradores em geral, norteado- ras de suas ações. Te tia na M al ts ev a/ Sh ut te rs to ck Com missão, visão e valores, portanto, a organização visa atender seus clientes da melhor maneira, ajudando seus colaboradores a me- lhorarem com seus valores intrínsecos, buscando cumprir suas metas. Assim, as diretrizes organizacionais dizem respeito à linha de con- duta que a organização define, ou seja, são as normas de como proce- der até alcançar seus objetivos. 1.3 Plano de marketing Vídeo O plano de marketing é o documento que facilita uma escolha mais assertiva das ações e decisões a serem tomadas, levando em conside- ração a precisão de recursos e esforços necessários para a sua execu- ção. Nele, constam as informações das futuras tomadas de decisão de marketing, agregando mais valor ao cliente. Para Westwood (1996, p. 4): O plano de marketing estabelece os objetivos de marketing da companhia e sugere estratégias para se alcançar tais objeti- vos. Não inclui todos os objetivos e estratégias corporativas da companhia. Também haverá objetivos de produção, objetivos financeiros e objetivos de recursos humanos. Nenhum desses objetivos pode ser estabelecido isoladamente. 16 Marketing Estratégico O desenvolvimento de um plano de marketing deve ser coerente com as informações obtidas no mercado. Deve também estar aberto para que as frequentes mudanças do mercado sejam previstas e traba- lhadas pela organização, facilitando a tomada de decisão. Um plano de marketing é como um mapa – ele mostra à empre- sa onde ela está indo e como vai chegar lá. Ele é tanto um plano de ação como um documento escrito. Um plano de marketing deve identificar as oportunidades de manter negócios mais pro- missores para a empresa e esboçar como penetrar, conquistar e manter posições em mercados identificados. É uma ferramen- ta de comunicação que combina todos os elementos do com- posto mercadológico em um plano de ação coordenado. Ele estabelece quem fará o que, quando, onde e como para atingir suas finalidades. (WESTWOOD, 1996, p. 5) Dentro do plano de marketing, o profissional de marketing estabele- cerá um plano de ação em que serão mensurados e estabelecidos todos os objetivos mercadológicos. Desse modo, a organização poderá saber os caminhos e as decisões necessárias para o alcance desses objetivos. Segundo Kotler, Hayes e Bloom (2000, p. 110), “cada nível de produ- to (linha de produtos, marca) deve desenvolver um plano de marketing para atingir suas metas. O plano de marketing é um dos produtos mais importantes do processo de marketing”. Infere-se, então, que o plano de marketing dá mais clareza e segu- rança às atividades mercadológicas, como determinar as características do mercado, medir o seu potencial, investigar a participação no merca- do, analisar as fases da venda, realizar o benchmarking, potencializar a entrada de um novo produto, realizar previsões de curto e longo prazo, realizar as definições dos objetivos empresariais, estudar as tendências dos negócios empresariais, contribuindo de modo decisório para os re- sultados organizacionais como um todo. O plano de marketing não deve atuar sozinho em uma organização. Embora de extrema importância, deve ser estabelecido com o planeja- mento organizacional. Coerente com essa perspectiva, Westwood (1996, p. 1) afirma: “o processo de planejamento de marketing [...] precisa ser executado como uma parte do planejamento global da companhia e do processo de elaboração do orçamento”. O texto Marketing Digital em 2020: saiba quais são as 7 maiores tendên- cias, publicado no blog da Rock Content, traz informações das últimas tendências em marketing digital. Para a elaboração de um plano de ação, um dos caminhos pode ser o marketing digital. Disponível em: https://rockcontent. com/blog/tendencias-de-marketin- g-digital/. Acesso em: 18 fev. 2020. Leitura benchmarking: ação realizada pelo profissional de marketing que implica analisar a concorrência para monitorar as mudanças do mercado, conhecer as ações e posicionamentos dos concorrentes. Em outras palavras, espionar, para criar vantagem competitiva. Glossário Definições e diretrizes organizacionais 17 1.3.1 Estrutura do plano de marketing As organizações utilizam diferentes modelos de plano de marketing. Contudo, para Bowen (2002), esse plano precisa ser um norteador das futuras ações de marketing da organização, asseguran- do-se que elas se alinhem com o seu planejamento estratégico. Deve, ainda, fazer com que os gerentes de marketing repensem os passos das ações para que não percam tempo nem dinheiro. Há um modelo mais genérico e funcional que muitas organizações adotam, como mostra a Figura 2. Figura 2 Modelo de plano de marketing Análise externa Determinação de situações favoráveis e desfavoráveis Determinação de pontos fortes e pontos fracos Determinação de ameaças e oportunidades Fixação de objetivos Determinação de formas de controle Confecção do plano I ANÁLISE DA SITUAÇÃO II OBJETIVOS III PROGRAMA DE AÇÃO IV CONTROLE Elaboração do programa de ação com prazos, custos, responsabilidade, (4 Ps) Análise interna Fonte: Campomar, 1977, p. 54-58. No plano de marketing há que se destacar a motivação interna, su- gerindo objetivos específicos, mensuráveis, realísticos, desafiadores e harmoniosos (CAMPOMAR, 1977). Além disso, por meio dele é possível identificar erros e problemas na empresa, auxiliando na antecipação do que se deseja e direcionando a melhor decisão a ser tomada. 18 Marketing Estratégico 1.3.2 Segmentação de mercado e posicionamento O posicionamento estratégico da organização é, atualmente, defini- do por seus produtos/serviços e segmentação. Cada produto ou serviço requer um segmento de mercado. Para Cravens (1994), as definições do marketing estratégico permitem vislumbrar quais consumidores conquis- tar em cada segmento, por meio de determinados produtos e serviços. 1.3.2.1 Segmentação de mercado e mercado-alvo A segmentação de mercado é a divisão do mercado-alvo em di- ferentes nichos, de acordo comdeterminadas características. Assim, conforme Kotler, Hayes e Bloom (2000), pode-se classificá-los em pre- ferências, localização geográfica, atitudes de compra, poder de com- pra e hábitos semelhantes. Segundo Myers (1996), a segmentação é a distinção de subgrupos de consumidores ou potenciais consumidores com escolhas similares. Para tanto, a segmentação de mercado inicia-se com uma análise e definição, seguidas da distinção e descrição do possível segmento a atender, estabelecendo uma estratégia para posicionar o produto e, por fim, vislumbrar e pôr em prática a ação de marketing (ANDERSON; VINCZE, 2000). Nesse caso, analisam-se algumas variáveis, como mos- tra a figura a seguir. GEOGRÁFICA Requer a divisão do mercado em diferentes unida- des geográficas, como nações, estados, regiões, condados, cidades ou bairros. A empresa pode atuar em uma, em algumas ou em todas as áreas geográficas, prestando atenção nas variações locais. Figura 3 Principais variáveis para a segmentação do mercado consumidor (Continua) DEMOGRÁFICA O mercado é dividido em grupos de variáveis bá- sicas, como idade, tamanho da família, ciclo de vida da família, sexo, rendimentos, ocupação, nível de instrução, raça, religião, geração, nacionalidade e classe social. As variáveis demográficas são as bases mais utilizadas para se distinguir grupos de clientes. Definições e diretrizes organizacionais 19 COMPORTAMENTAL Os compradores são divididos em grupos com base em seus conhecimentos de um produ- to, ou seja, em sua atitude com relação a ele, no uso dele ou na resposta a ele. PSICOGRÁFICA Os compradores são divididos em diferentes grupos, com base em seu estilo de vida, sua personalidade e seus valores. Fonte: Churchill Jr. e Peter, 2000, p. 219. As variáveis citadas acima permitem que o profissional de marke- ting conheça os traços (preferências, gostos, estilos) do seu público- -alvo e com isso oferte um produto atrativo no mercado, utilizando-se de ferramentas e meios eficazes de atração do cliente, superando a concorrência. A organização, embora tenha um importante ativo, que são as informações, precisa melhorar suas estratégias para obter van- tagem competitiva, ofertando produtos e/ou serviços com qualidades diferenciadas, melhor preço, condições de pagamento e entrega aces- síveis, entre outros. É fato que segmentar beneficia o mercado-alvo, posto que possi- bilita dar preferência, podendo detectar e priorizar oportunidades de oferta no mercado, bem como tipificar e monitorar os recursos para as ações de marketing. Na segmentação, é necessário ter foco em mensurabilidade, sendo possível medir o segmento; acessibilidade, avaliando se o produto ou serviço é acessível ao público que se quer alcançar; substancialidade, isto é, se o produto ou serviço é rentá- vel para a organização; e defensabilidade, devendo ser defensável a oferta dos produtos ou serviços no mercado. Os clientes exigem produtos com melhor qualidade e preços me- nores, e a organização busca vantagem competitiva. Portanto, a seg- mentação pode ser um diferencial, colocando o produto ou serviço em 20 Marketing Estratégico lugares onde a concorrência não está posicionada. A obtenção de uma posição única no mercado protege qualquer organização das ameaças de concorrentes, garantindo lucratividade e dominando segmentos com alta atratividade e potencial elevado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em tempos em que a concorrência é acirrada, novos consumidores surgem, novos canais de interação, como o comércio eletrônico, são cria- dos e potencializados, as organizações utilizam-se de ferramentas estra- tégicas, de apoio e suporte como aspecto fundamental para sobrevivência e sucesso, tanto em produtos quanto em serviços. Por isso, desenvolvem estratégias que garantam sua competitividade no mercado e utilizam-se do marketing para alcançar resultados satisfatórios e manter as organiza- ções rentáveis a médio e longo prazo. Infere-se, pois, que o marketing é a ferramenta utilizada pelas organi- zações para agregar valor a sua marca, serviços ou produtos, atrair novos clientes e reter os já existentes por meio de estratégias, técnicas e práticas. É de suma importância que a área de marketing desenvolva técnicas, campanhas e ações dentro de qualquer segmento, a partir do estudo dos ce- nários, consumidores, a fim de estrategicamente posicionar a organização à frente da concorrência, atendendo às necessidades dos clientes e agregando valor aos seus produtos, serviços e processos. Os novos cenários mundiais demandam que o marketing seja uma área estratégica, corroborando com a inovação – hoje imprescindível – e com outros setores da organização de modo a tornar possível a diferenciação e individualização nos relacionamen- tos com o público-alvo. ATIVIDADES 1. Qual é a funcionalidade do marketing estratégico na organização? 2. O que é planejamento estratégico? 3. Por que segmentar beneficia o mercado-alvo? Definições e diretrizes organizacionais 21 REFERÊNCIAS AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. ANDERSON, C. H.; VINCZE, J. W. Strategic marketing management. 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São Paulo: Makron Books, 1996. 22 Marketing Estratégico 2 Posicionamento e vantagem competitiva A definição de posicionamento foi instituída nos anos 1970, quando houve o aumento da concorrência entre as organizações e a ampliação excessiva da comunicação. Na ocasião, viu-se também a necessidade de se destacar para prováveis clientes e atraí-los, con- siderando as forças e fraquezas da organização e da concorrência. O posicionamento das organizações, então, importa para desenvolver a sua oferta e a sua imagem, de uma maneira que fixe na mente do consumidor o interesse de ter o produto ou serviço que elas oferecem. Com o posicionamento, a organização se distingue das demais por meio do significado de seus produtos ou serviços para os clien- tes, tornando-os preferidos do mercado. Há muito tempo as organizações se esforçam continuamente para criar estratégias que contribuam para a melhoria do proces-so de decisão dos negócios e que influenciem a decisão de com- pras do consumidor. Sabe-se que o posicionamento está entre as melhores estratégias a serem adotadas pelas organizações, por apoiar-se na busca dos pontos-chaves dos produtos ou serviços e de como expô-los ao mercado. Entender o processo de posicionamento estratégico, para a obtenção de vantagem competitiva, implica entender a postura competitiva que os produtos ou a marca assumem perante os seus concorrentes. Para tanto, é importante desenvolver as competên- cias organizacionais, a fim de consolidar a proposta de valor da or- ganização para seu público, minimizando a ação da concorrência. Posicionamento e vantagem competitiva 23 2.1 Definição e decisão de posicionamento Vídeo O marketing tem sido essencial para as organizações, visto que, se não houver entrada de recursos rentáveis, os demais setores (financei- ro, contabilidade, recursos humanos etc.) não terão com o que contri- buir para o crescimento conjunto da empresa. O uso adequado do marketing resulta no sucesso financeiro da or- ganização. Esse valor do marketing abrange a sociedade como um todo, pois é por meio dele que a variedade do mercado cresce ao passar do tempo e proporciona, ao consumidor, maiores opções e, consequen- temente, sua aceitação no mercado, simplificando a vida das pessoas. Organizações que não dão a devida atenção a seus clientes e concor- rentes, que não buscam incansavelmente melhores estratégias de mar- keting e nem a atender as expectativas dos colaboradores, acionistas, fornecedores e parceiros estão sujeitas a não atingir o sucesso esperado. Para satisfazer as necessidades e ofertar aquilo que os clientes individuais e os nichos de mercados querem, as empresas utilizam o marketing e, ao utilizá-lo, melhoram o posicionamento. Esse termo foi utilizado, primeiramente, em um artigo de Jack Trout, em 1969, no Journal of Marketing. Para Trout (1969), tanto o que o produto oferece quanto sua imagem são importantes. O autor aponta para a atenção a ser dada quanto à ação de colocar o produto em uma posição que faça com que todo consumidor potencial queira tê-lo. De acordo com Maggard (1976, p. 48), o posicionamento é mais do que slogans engenhosos e bem-su- cedidas campanhas de comunicação [...] o verdadeiro posiciona- mento é o processo de distinguir uma empresa ou produto dos seus concorrentes em dimensões reais – valores corporativos e de produtos que são significativos para os consumidores – para tornar uma empresa ou produto preferida. O referido autor deixa claro que o posicionamento demonstra o que a organização é e como os consumidores a avaliam, uma vez que, para eles, os produtos são significativos. 24 Marketing Estratégico mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm Na era da tecnologia, a sociedade está muito comuni- cativa, portanto é necessária a criação de uma posi- ção na mente do público-alvo, atentando-se aos pontos fortes e fracos tanto da própria empre- sa quanto de seus concorrentes. O posiciona- mento determina o valor que a organização quer ter, destacando um público-alvo que tenha percepção do produto, não dando condições ao concorrente de imitação ou su- peração dele, e, assim, atraindo novos clientes, bem como retendo os já existentes. Para retenção e atração de clientes, há ferramentas como os 4 Ps do marketing, também chamados de mix ou composto de marketing. A fi- gura a seguir apresenta as definições de cada um deles: Figura 1 4 Ps do marketing É a “oferta de uma empresa que satisfaz a uma necessidade” (McCARTHY; PERREAULT JR., 1997, p. 148). Assim, o produto é algo que uma organização oferece no mercado para que consumidores o apreciem e o adquiram com o intuito de satisfazer aquilo que desejam ou necessitam. PRODUTO É a “quantia que se cobra por um produto” (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 49). Quando a organização calcula o preço de seus produtos ou serviços, deve fazer análise de público-alvo e concorrência, bem como de custos com a produção para não ter prejuízo. Assim, o preço auxilia a organização no que se refere a valor de produto ou serviço, alocação de recursos, capital e mão de obra. PREÇO É o mercado onde se distribui o produto ou serviço, isto é, o canal de distribuição por onde o produto chega ao consumo. Somente a qualidade e o preço não garantem as vendas, afinal, o produto precisa chegar até os compradores finais.PRAÇA São os esforços em relação à comunicação e à promoção da organização nos mercados-alvo, convencendo-os a adquirir seus produtos.PROMOÇÃO Tm mm ffm lp ix mm mm mmm mm mm mm Fonte: Elaborada pelos autores. Posicionamento e vantagem competitiva 25 Com a utilização dos 4 Ps voltados, exclusivamente, para aten- der os consumidores, tornam-se acessíveis também os 4 Cs do marketing, que se referem aos compostos mercadológicos indica- dos na figura a seguir. Figura 2 4 Cs do marketing m_ m_ mm lin mm m_ dm mi gn mm mm mmm mm mm mm | IE mD E Bm mm il mm A Cliente O 1º C se refere às necessidades e aos desejos dos consumidores, substituindo o P de produto. O foco, que era sobre o produto, agora se volta para o cliente, que toma a decisão de compra. Custo O 2º C refere-se ao custo, que é diferente do P de preço. O custo envolve preço, tempo e benefícios ou não do produto para o cliente. Conveniência O 3º C refere-se à conveniência, equivalente ao P de praça. Porém, praça é o local onde o produto é vendido, enquanto a conveniência é uma abordagem sistematizada e voltada ao cliente. Comunicação O 4º C refere-se à comunicação, substituindo o P de promoção. A comunicação é uma abordagem focada no cliente, objetivando a venda de produtos. $ Fonte: Elaborada pelos autores. Os 4 Cs do marketing são utilizados para que se conheçam, a fun- do, as necessidades e os desejos do cliente em relação ao produto. Contudo, a retenção do cliente requer um planejamento bem elabora- do, com todas as ações orientadas e com comprometimento das áreas envolvidas, posto que um cliente satisfeito, em geral, fideliza-se com a organização. 26 Marketing Estratégico 2.1.1 Importância do posicionamento nas estratégias de marketing As organizações buscam vantagem competitiva por meio de preço, praça, produção inovadora, qualidade, entre outros requisitos impor- tantes. Nesse caso, o seu posicionamento pode ser um estimulador ao consumidor, contribuindo para a diferenciação da concorrência. A de- pender do diferencial ofertado, com base em estratégias de marketing, o posicionamento melhora, e o público-alvo pode inclusive optar pelo produto mais caro. Conforme Peter e Olson (1996), a estratégia para um bom posiciona- mento é formar, na mente dos consumidores, uma imagem particular que os reaproxime da concepção do valor da marca, cuja função é ligar a posição da marca ao mix de marketing. Assim, compõe-se a fórmula: Qualidade do produto/serviço + qualidade psíquica Preço + tempoValor = ÷ Com base nessa fórmula, entende-se que o valor é o mínimo a ser gas- to para adquirir ou produzir algo com o uso, a estima e a quantidade re- querida. O posicionamento deve levar o cliente, portanto, a acreditar que adquirir o produto da empresa X, por exemplo, é de extrema necessidade, uma vez que ela se valeu de um produto que todos procuram por sua qua- lidade e posição de mercado (qualidade psíquica), dividindo isso em preço acessível e menor tempo para adquirir o produto em questão. O cliente busca novidades, produtos diferentes e qualidade, aliados ao preço. Nesse momento entra o posicionamento, pois a empresa de- finirá o seu sucesso no mercado por meio dele, o que ocorrerá quando seu produto satisfizer as necessidades e os desejos dos consumidores. O artigo A busca da competitividade nas empresas, de Ricardo Motta, publicado na RAE-Revista de Administração de Empresas, em 1995, traz uma análise do cenário competitivo de um determinado período de nossa história, no qual é possível, por meio dos dadosdivulgados, comparar as informações com a realidade atual e, ainda, adotar estratégias para que as empresas continuem sendo competitivas e obtenham sucesso ao longo dos anos. Acesso em: 20 dez. 2019. http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rae/article/view/38174/36917 Artigo Posicionamento e vantagem competitiva 27 2.2 Posicionamento estratégico Vídeo As organizações precisam ter força no mercado, ter diferencial pe- rante a concorrência e entrar na mente dos consumidores. Para tanto, necessitam identificar o público-alvo, ou seja, localizá-lo e definir seu o perfil, criando estratégias que o leve a querer os seus produtos. Toda organização, conforme Porter (2005), pre- cisa saber seus pontos fortes e fracos para ajustar obstáculos de venda e ter vantagem competitiva, descobrindo, assim, posições fortes ou fracas tam- bém no setor de vendas. O consumidor sempre quer o melhor produto e o melhor preço, exigindo a superação das organi- zações. Para Kotler (1998 apud NEVES, 2001, p. 27), “é cada vez mais difícil agradar os clientes que que- rem produtos e serviços superiores, adaptados às suas necessidades, pelos menores preços e com ser- viços adicionais gratuitos”. Para isso, as organizações utilizam-se do posicionamento estratégico, que, de início, era considerado uma ferramenta exclusiva da propaganda. O posicionamento começa com o produto. Uma peça de merchandising, um serviço, uma empresa, uma instituição, ou mesmo uma pessoa. Mas posicionamento não é o que você faz com o produto. Posicionamento é o que você faz na mente do cliente em perspectiva, ou seja, você posiciona o produto na mente do consumidor em potencial. (RIES; TROUT, 2001, p. 56) Mais tarde, com o excesso de propagandas, o con- ceito de posicionamento estratégico mudou. Con- forme Ries e Trout (2001), havia o pensamento seletivo, ou seja, ao mercado-alvo atraía aquilo que lhe convinha, que achava realmente fazer a diferença possuir. O posicionamento está diretamente ligado, portanto, à percepção do cliente sobre o pro- duto ou serviço da organização em relação à concorrência, ou seja, o posicionamento perce- bido. Utilizar-se de programas de relacionamento O livro Marketing de vantagem competitiva é um excelente recurso para aqueles que buscam estratégias, técnicas e elementos para serem competitivos no mercado em que atuam. O mate- rial apresenta conteúdo riquíssimo para você aplicar no seu dia a dia. FILHO, L. S. L. São Paulo: Editora Saraiva, 2017. Livro 11_1mmnmmdmmmmmmmmmmmmm 28 Marketing Estratégico é uma estratégia das organizações para maior durabilidade e rentabili- dade de seus relacionamentos. Tendo em vista essas questões, são mui- tas as forças que podem influenciar o posicionamento em marketing, como mostra a Figura 3. Outros públicos Concorrentes FornecedoresIn te rm ed iá rio s Regulamentação Capacidades da empresa Composto de marketing Marca Público-alvoPosicionamento percebido Posicionamento almejado Processamento mental Figura 3 Processo e condicionantes do posicionamento em marketing Fonte: Oliveira; Campomar, 2007, p. 7. O posicionamento percebido é o produto que resulta da análise de algum fator externo, levando a buscar estratégias do composto de marketing que viabilizem os posicionamentos almejados pelas empre- sas, tendo em vista a parcela de contribuição de todos os stakeholders. Infere-se, pois, que o posicionamento tem a contribuição de ele- mentos do composto de marketing, os quais fazem com que o cliente escolha determinados produtos e relacione a imagem de suas marcas com a dos concorrentes, verificando vantagens na compra. Por isso, utilizar estratégias de marketing viabiliza e otimiza os posicionamentos pretendidos pelas organizações. stakeholders: conjunto de interessados em um projeto da organização, que podem ser donos, acionistas, fornecedores, empregados, investidores etc. São as partes envolvidas em algum processo, que se benefi- ciam mutuamente e, do mesmo modo, têm suas expectativas e demandas atendidas. Glossário Posicionamento e vantagem competitiva 29 A abordagem mais básica de posicionamento exige que estejam muito claras as diferenças entre as marcas concorrentes, assim como suas semelhanças. Por meio do posicionamento estratégico, a organização torna o produto ou serviço atrativo para o cliente. Portanto, posicionar-se es- trategicamente é elaborar e ofertar a imagem organizacional, atrain- do o cliente-alvo pelos benefícios-chave e pela singularidade (KOTLER, 1999). Nesse caso, elabora-se uma oferta de produtos/serviços que sa- tisfaçam às necessidades de um mercado-alvo singular. Contudo, sempre se deve analisar o retorno e, se necessário, segun- do Trout e Rivkin (1996), fazer o reposicionamento. O consumidor neces- sita ser ouvido, já que suas ações se modificam e a tecnologia pode ficar ultrapassada. Conforme os referidos autores, houve a evolução da era do produto, em que se destacavam as singularidades e vantagens dele; depois, veio a era da imagem, sendo esta mais importante do que as singularidades; e, em seguida, a era do posicionamento, na qual tanto o que o produto oferece quanto sua imagem são importantes. Para que a estratégia de posicionamento seja possível, Aaker (2001) apresenta algumas etapas, mencionadas na Figura 4. Figura 4 Etapas do posicionamento estratégico Identificar os concorrentes. Analisar a posição dos concorrentes. Determinar a percepção dos concorrentes. Selecionar a posição e monitorá-la. Fonte: Elaborada pelos autores com base em Aaker, 2001, p. 40. 30 Marketing Estratégico Sugere-se que seja realizada a análise do posicionamento de um produto após identificar os fatores que impactarão a escolha dessa estratégia de marketing a ser adotada, neste caso o mercado-alvo; o estágio do ciclo de vida do produto; as prioridades da administração; os recursos disponíveis; e, por fim, as influências da concorrência. Em re- lação à elaboração de uma estratégia de posicionamento, os produtos podem ser singulares até uma altura, porém nem sempre as singula- ridades são relevantes ou trazem bons resultados, devido a mudanças nas preferências dos consumidores, novos entrantes no mercado etc., exigindo reposicionamento com base nas novas variáveis. 2.3 Vantagem competitiva Vídeo A vantagem competitiva, ou seja, o destaque e a superação da orga- nização no mercado, avançou no fim dos anos 1970, quando a concor- rência cresceu grandemente e as organizações viram a necessidade de estar à frente. Nos anos 1980, deu-se ênfase à competição, voltando-se a falar em vantagem competitiva como destaque. Vasconcelos e Cyrino (2000, p. 24) esclarecem que a vantagem com- petitiva “é o resultado da capacidade da [...] [empresa] em realizar efi- cientemente atividades, obtendo, dessa maneira, menores custos do que os seus concorrentes”. Além desse cuidado, as organizações de- vem ter como objetivo estruturar ações que criem valor de maneira diferenciada para seus clientes, respeitando-se a situação de mercado ao mesmo tempo que se obtêm ganhos significativos para o negócio. O início da vantagem competitiva reside nos recursos que a orga- nização acumulou em sua história e nas escolhas, isto é, opções estra- tégicas organizacionais adotadas no curto, médio e longo prazo. Com isso, a dinâmica de trabalho e a sua capacidade de adaptar-se às no- vas realidades empresariais permitem que a organização seja capaz de sustentar o negócio e diferenciar-se dos concorrentes. Dmimmy Gmzmmninmmmmmmmmmmmmm produtos singulares: são bens que possuem uma diferenciação, não envolvendo comparações, pelos quais os consumidores estão dispostos a fazer um esforço extra de compra. Glossário Posicionamento e vantagem competitiva 31 2.3.1 Planejamento e vantagem competitiva O planejamento organizacional é uma estratégia relacio- nada aos objetivos da organização. Envolve um plano estruturado e interligado às metas e aos princí- pios dela, tornando-acompetitiva e com vanta- gem no mercado. Assim, a vantagem competitiva se dá quando a organização implementa uma boa estratégia, ou seja, quando agrega valor e ren- tabilidade acima da média do segmento. A vantagem competitiva, então, está ligada ao valor percebido pelo cliente nos produtos ou serviços ofertados pela organização, o que já a diferencia das outras, e às atividades singulares que só ela tem de melhor no segmento. Nesse caso, não há concorrência que possa fazer igual ou superá-las. Ações de marketing trazem para a organização uma grande vanta- gem competitiva, uma vez que atuam como um veículo que transfere conhecimentos e valores aos clientes, para que desejem adquirir seus produtos ou serviços, influenciando diretamente o comportamento do consumidor. Andmii Ymlmnmmyimmmmmmmmmmmmm No blog da Ahrefs é possível encontrar guias relacionados ao mercado de SEO. A vantagem com- petitiva não é decorrente apenas dos produtos ou do posicionamento no mercado, mas das compe- tências específicas para a criação desses produtos e para a competição em outros mercados. Esse blog apresenta conteúdos bastante importantes na era digital e de inovação, como o planejamento de palavras-chave e link building. Disponível em: https://ahrefs.com/ blog/. Acesso em: 17 fev. 2020. Site CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que as organizações tenham vantagem competitiva é necessário um planejamento, com foco competitivo, por meio de várias ferramentas. O po- sicionamento é uma delas, o qual é visto como fundamental por ser uma for- ma rápida e eficaz de obter o índice desejado de vendas e, ainda, por ter uma posição que ocupa a mente dos clientes, atendendo às suas necessidades e garantindo ganhos de mercado e rentabilidade. A estratégia de qualquer organização está pautada em tomadas de decisões conscientes e coordenadas, que a levarão à sobrevivência e ao sucesso no mercado. Conhecer o comportamento do cliente e po- sicionar o produto ou serviço de maneira assertiva aumenta a compe- titividade no mercado, posto que deixa claro onde a organização deve concentrar seus esforços. 32 Marketing Estratégico A velocidade das mudanças no ambiente organizacional é elevada. A cada dia aparecem novos produtos, novos fabricantes e formatos de ne- gócios; por isso esse conhecimento é importantíssimo, para estabelecer um posicionamento competitivo adequado, trazendo lucros à organiza- ção e atendendo, com eficiência, às necessidades e aos desejos do cliente. ATIVIDADES 1. Qual a definição de praça em marketing? 2. Como o posicionamento de uma organização pode estimular o consumidor? 3. Por que a diferenciação no posicionamento traz vantagem competitiva? REFERÊNCIAS AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. KOTLER, P. Conquistando clientes, mantendo-os e aumentando sua fidelidade. In: KOTLER, P. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futura, 1999. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 2007. MAGGARD, J. P. Positioning revisited. Journal of Marketing, Nova Iorque, v. 40, n. 1, p. 63-66, jan. 1976. McCARTHY, E. J.; PERREAULT Jr., W. D. Marketing essencial: uma abordagem gerencial e global. São Paulo: Atlas, 1997. NEVES, M. M. Marketing social no Brasil: a nova abordagem na era da gestão empresarial globalizada. Rio de Janeiro: E-papers Serviços Editoriais Ltda., 2001. OLIVEIRA, B.; CAMPOMAR, M. C. Revisitando o posicionamento em marketing. Revista de Gestão USP, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 41-52, jan./mar. 2007. Disponível em: www.revistasusp. sibi.usp.br/pdf/rege/v14n1/v14n1a4.pdf. Acesso em: 11 fev. 2020. PETER, J. P.; OLSON, J. C. Consumer behavior and marketing strategy. 4. ed. Chicago: Irwin, 1996. PORTER, M. E. Estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 2005. RIES, A..; TROUT, J. Posicionamento: a batalha por sua mente. 20. ed. São Paulo: Makron Books, 2001. TROUT, J. ‘Positioning’ is a game people play in today’s me-too market place. Industrial Marketing, Chicago, v. 54, n. 6, p. 51-55, jun. 1969. TROUT, J.; RIVKIN, S . O novo posicionamento. São Paulo: Makron, 1996. VASCONCELOS, F. C.; CYRINO, Á. B. Vantagem competitiva: os modelos teóricos atuais e a convergência entre estratégia e teoria organizacional. Revista de administração de empresas, São Paulo, v. 40, n. 4, p. 20-37, out./dez. 2000. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/rae/v40n4/v40n4a03.pdf. Acesso em: 19 fev. 2020. Cenários competitivos e estratégia 33 3 Cenários competitivos e estratégia Atualmente, os clientes tendem a valorizar a qualidade de um produto ou serviço antes de outros atributos. Para atingir seus re- sultados organizacionais de médio e longo prazo, considerando-se os diversos cenários existentes, principalmente o da competitivi- dade desenfreada, as organizações devem visar a mudanças posi- tivas em relação à satisfação dos clientes, oferecendo aquilo que eles necessitam e desejam. Assim, as organizações lançam mão de muitas estratégias, como reduzir custos no processo de produção e aumentar a produtivi- dade, tornando-se, consequentemente, viáveis e competitivas. Para melhor compreensão dos cenários competitivos, serão apresentadas, neste capítulo, ferramentas da qualidade e uma es- tratégia organizacional que prioriza melhorias nos processos ope- racionais. Você conhecerá os modelos estratégicos e aprenderá a usá-los com o objetivo de potencializar essas abordagens, garantir excelentes resultados e aumentar o rendimento. A concorrência e a competitividade também serão abordadas no contexto da gestão de negócios globais. 3.1 Estrutura organizacional Vídeo Cada vez mais as organizações vêm criando formas e processos para reduzir custos de produção, otimizando esforços e ampliando a quali- dade dos resultados. Uma dessas formas é o investimento na gestão centralizada, modelo em que as decisões são tomadas no topo da pirâ- mide organizacional, no nível estratégico, possibilitando maior nível de integração, uniformidade de decisões e ações, redução de custos etc. 34 Marketing Estratégico Esse modelo de gestão, muito usado nas organizações, busca um reco- nhecimento consolidado da marca no mercado em relação ao valor e à satisfação do cliente, identificando e atingindo as necessidades dele. Para efetivar esse processo, a empresa precisa estar estruturada, posto que “as organizações fundamentam-se no fato de que o indivíduo sozinho é incapaz de satisfazer todas as suas necessidades” (SCHEIN, 1982, p. 10). Entende-se a estrutura organizacional “como a ordenação e o agrupamento de atividades e recursos, visando ao alcance de obje- tivos e resultados estabelecidos” (DJALMA, 2002, p. 84). Ainda, diversos autores reconhecem ser extremamente impor- tante a estrutura organizacional e sugerem diferentes maneiras de aplicá-la sem provocar prejuízos. Oliveira (2009, p. 79), por exem- plo, a conceitua como “o conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades organizacio- nais de uma empresa”. A organização de uma empresa reflete diretamente no cumprimen- to de seus objetivos. Sobre isso, Araújo e Garcia (2004, p. 132) ressaltam: a tarefa primordial da organização empresarial é satisfazer o con- sumidor, atendendo às suas necessidades, levando em conta seu bem-estar em longo prazo, respeitadas as exigências e limitações im- postas pela sociedade e atendidas as necessidades de sobrevivência e continuidade da organização. Há duas formas de estrutura organizacional, que precisam ser opera- das de maneira agregada para que os desfechos sejam positivos. São elas: 1. Formal: divisão burocrática que se remete ao reconhecimento da autoridade, responsabilidade, decisões, fatores tecnológicos, fato- res humanos, fatores ambientais e fatores estratégicos da empresa. 2. Informal: relações pessoais e sociais na empresa. Ela é de extre- ma importância porque mantém a culturada empresa, e seus colaboradores tentam comportar-se de acordo com a cultura procurando não serem descartados pelos grupos sociais da em- presa. (OLIVEIRA, 2009, p. 70, grifos nossos) Observa-se, portanto, que as formas de estrutura organizacional abrangem elementos burocráticos e interpessoais. Nesse sentido, cabe considerar ser por meio da estrutura organizacional que “as ativida- des de uma organização são divididas, organizadas e coordenadas” Cenários competitivos e estratégia 35 (STONER; FREEMAN, 1995, p. 230), de modo que a gestão responsável por viabilizá-la deveria ponderar a respeito dela ao longo de toda a du- rabilidade da empresa. Não é possível, nesse contexto, mencionar estrutura sem conside- rar, portanto, o modelo de gestão organizacional adotado. Hemsley e Vasconcellos (2003) afirmam que gestão organizacional é consequên- cia da divisão de autoridade e determinação de atribuições. Sendo um conceito tão relevante, importa também mencionar a definição de Maximiano (2006, p. 265): organizar é o processo de dispor qualquer coleção de recursos em uma gestão que facilite a realização de objetivos. O processo de organizar tem como resultado a divisão de um todo em par- tes, segundo critério ou princípio de classificação. Um conjunto organizado segundo algum tipo de critério tem uma gestão. [...] O processo de organizar, ou processo de organização, cria uma gestão estável e dinâmica, que define o trabalho que as pessoas, como indivíduos ou integrantes de grupos, devem realizar. Essa gestão chama-se gestão organizacional. A partir da definição do modelo de gestão, para produzir a estrutu- ra organizacional, deve-se realizar uma pesquisa aprofundada sobre a empresa em sua totalidade. A estruturação organizacional [...] representa a otimizada orde- nação e alocação dos vários recursos (humanos, financeiros, ma- teriais, equipamentos, tecnológicos), visando alcançar objetivos, desafios e metas, bem como operacionalizar as estratégias esta- belecidas no processo de planejamento anteriormente elabora- do e implementado. (OLIVEIRA, 1992 p. 131) Os autores já citados afirmam que o êxito da organização está di- retamente ligado à sua estrutura, pois, com isso, as metas a que se propõe serão atingidas. A organização precisa, portanto, de “estrutura ou a rede de relações entre indivíduos e posições em um ambiente de trabalho e o processo pelo qual a estrutura é criada, mantida e usada” (KWASNICKA, 1995, p. 185). Todo espaço de trabalho requer uma harmonização com um clima favorável à negociação, aos debates e aos diálogos acerca do que fazer para melhorar a qualidade organizacional. Isso manterá a estrutura or- ganizacional preparada para a concorrência. 36 Marketing Estratégico Na sua estrutura formal, a organização utiliza a divisão entre departamentos para delegar a cada um o que fazer. Assim, serão agrupadas “atividades em frações organizacionais definidas se- gundo um dado critério, visando à melhor adequação da estrutu- ra organizacional e sua dinâmica de ação” (ARAÚJO; GARCIA, 2004, p. 38). É instituída, então, a departamentalização, que, por definir a hierarquia e os setores da empresa, é um componente importante da estrutura organizacional. Segundo Chiavenato e Sapiro (2003), a departamentalização é alusi- va ao tamanho da empresa e sua complexidade. Quando uma empresa é grande, o dono ou diretor não consegue supervisionar as atividades de todos os seus colaboradores. Sendo assim, existem múltiplos execu- tivos encarregados de diferentes setores. Lacombe (2009, p. 201) define a departamentalização como a “subdivisão de um órgão em unidades menores; nesse caso, nem o órgão dividido nem os resultantes da divisão precisam ter o nível de departamento”. Para Oliveira (2009, p. 101), por sua vez, “departamen- talização é o agrupamento, de acordo com um critério específico de homogeneidade, das atividades e correspondentes recursos (huma- nos, financeiros, tecnológicos, materiais e equipamentos) em unidades organizacionais”. O método mais utilizado pelas empresas é a departamentalização funcional. Conforme Chiavenato (2000), ela se compõe da junção de tarefas segundo as incumbências principais da empresa. O autor tam- bém destaca as diversas vantagens da departamentalização funcional: a. Permite agrupar os especialistas com uma única chefia comum; b. Garante o máximo da utilização das habilidades técnicas; c. Permite economia de escala pela utilização integrada de pes- soas, máquinas e produção em massa; d. Orienta as pessoas para uma atividade específica; e. Indicada para empresas estáveis com tarefas rotineiras; f. Aconselhada para empresas que tenham produtos ou serviços que permaneçam inalterados por longo tempo; g. Reflete um dos mais altos níveis de autoorientação de uma or- ganização e de introversão administrativa. (CHIAVENATO, 2000, p. 122) Além das vantagens, Chiavenato (2000, p. 122) aponta as fragilida- des da departamentalização funcional, as quais precisam ser estuda- das de acordo com cada empresa: Cenários competitivos e estratégia 37 a. Os esforços ficam concentrados nas especialidades em detri- mento do objetivo global da empresa; b. Inadequada para tecnologias inovadoras; c. Dificulta a adaptação e flexibilidade a mudanças externas; d. Reduz a cooperação interdepartamental e cria barreiras entre departamentos em razão da ênfase nas especialidades. (CHIAVENATO, 2000, p. 122) Nota-se que, embora existam benefícios com a departamentaliza- ção, há pontos negativos que devem ser analisados em cada empre- sa. Seja qual for o método adotado, contudo, a departamentalização precisa existir em todas as empresas. Graças a ela, os procedimentos podem se tornar mais eficientes, além de conferir clareza em relação à centralização de poderes. Toda organização é configurada de acordo com sua estrutura. Para uma empresa começar sua jornada já organizada e com menos chan- ces de falir, é imprescindível ter um organograma, representado na fi- gura a seguir: Figura 1 Modelo de organograma Ze nt an gl e/ Sh ut te rs to ck Para ter pleno conhecimento da configuração de sua empresa, é importante ao gestor ter um recurso gráfico. O organograma cumpre essa necessidade: Criado essencialmente para dar representação gráfica às relações entre cargos na organização, o organograma tem basicamente 38 Marketing Estratégico duas partes interligadas: linhas e retângulos, sendo que o primei- ro representa o fluxo de autoridade na organização, e o último, os cargos entre os quais flui a autoridade. (BALCÃO, 1965, p. 108) Lacombe (2009) afirma que o organograma possibilita reconhecer falhas na estrutura e, assim, encontrar uma saída para os problemas. Já Cury (2007) aponta ser um recurso que demonstra com clareza a hierar- quia da empresa, possibilitando que os colaboradores e clientes saibam a quem recorrer em caso de problemas. Por fim, para que uma organização atinja seus objetivos a médio e longo prazos, é altamente recomendado um controle das ações das pes- soas envolvidas nas tarefas, cabendo ao gestor imediato acompanhar a atuação delas e o cumprimento das responsabilidades inerentes e que impactam diretamente a área de marketing e vendas, bem como o respeito aos níveis de autoridade, uma vez que cada um tem seu papel estratégico e contribui sobremaneira no alcance das ações de marke- ting. Diante do exposto, faz-se necessário o estudo da estrutura orga- nizacional, devido a sua influência na eficiência das ações de marketing na organização. O caminho trilhado com o envolvimento de todas as áreas, respeitando-se suas atribuições, dessa forma, maximizará os re- cursos, monetários e de tempo, principalmente para, diante da concor- rência acirrada, conquistar clientes e mantê-los conectados ao modelo do negócio. 3.2 Análise dos cenários e tendências Vídeo Em toda organização há fatores externos e internos que podem influenciar negativa ou positivamente o seu desenvolvimento. É ne- cessário, nessesentido, compreender onde e quais fatores estão agindo para solucionar os obstáculos enfrentados pela organização. O papel do posicionamento estratégico pode influenciar a satisfa- ção e a competitividade mercadológica, e ele envolve mudanças ado- tadas pelas organizações. É imprescindível um método de informação integrado ao processo estratégico para manter todos informados a respeito do que acontece e, também, para atrair e/ou fidelizar clientes. Com as informações gerenciais econômica, financeira e patrimonial da organização, com a análise do que deu errado e a previsão de aconte- cimentos, ou seja, demonstrando pontos fracos e fortes de cada setor, diminuem-se gastos e perdas desnecessários. Cenários competitivos e estratégia 39 O papel do posicionamento estratégico é trazer para a organiza- ção a estabilidade dos processos internos e externos, satisfazendo colaboradores e clientes, uma vez que assessora os gestores na definição do melhor conjunto de diretrizes para o cumprimento de sua missão. Assim, a organização deve dispor das análises neces- sárias para aplicar a melhor ação. 3.3.1 Análise dos cenários Quando a organização busca estratégias de marketing, precisa analisar o cenário mercadológico, isto é, verificar para que serve seu negócio, o que a concorrência está propondo e, principalmen- te, quais são as necessidades dos consumidores. Conhecer o con- corrente é essencial na análise de cenários. Isso implica à organização avaliar seu negócio, isto é, seu core business, sua atividade central, aquilo que mais gera valor a ela. Saber seu core business ajuda na compreensão de como se posicionar no cenário mercadológico. Depois, é necessária a percepção do diferencial de sua marca. É essencial analisar os cenários dos consumidores e, para isso, há al- gumas tendências na área de marketing, tais como as explicadas a seguir: Big Data: é uma ferramenta de marketing que permite visualizar o que o cliente potencial quer, seus anseios, como é seu estilo de compra, ou seja, que verifica o perfil do público-alvo, do mercado e da concorrência. Por meio dessa ferramenta, revelam-se padrões que podem garantir vantagens competitivas. A organização, então, deve investir em inteligência de mercado. Internet das Coisas (IoT): a IoT auxilia a organização a planejar suas estratégias de marketing. Muitas empresas já utilizam esse recurso analisando o comportamento do consumidor em relação aos seus produtos, permitindo que os profissionais de marketing definam melhor o foco das campanhas publicitárias. Realidade aumentada: é uma ferramenta que muitas organizações utilizam. Por meio da realidade virtual aumentada, é possível ter uma melhor precisão do serviço feito ou de como é o produto a ser comprado. Assim, as ações de marketing podem ser bem mais precisas. 40 Marketing Estratégico As tendências na área de marketing superam a visão limitada acerca de estratégias, buscando alcançar novos mercados. Toda organização precisa utilizar ferramentas para sobreviver no merca- do, e, dessa forma, deve adaptar-se para atender às necessidades e aos desejos dos clientes. 3.3 Definição de modelos estratégicos Vídeo Para compreender modelos estratégicos, convém antes definir es- tratégia. No planejamento, a estratégia norteia determinada organiza- ção em ações e políticas que contribuirão para atingir seus objetivos (QUEIROZ et al., 2011). Slack, Chambers e Johnston (2009 apud QUEIROZ et al., 2011, p. 2), no contexto de uma organização, compreendem estratégia como “[...] um conjunto de princípios gerais que guiarão seu pro- cesso de tomada de decisões”. Assim, para Queiroz et al. (2011, p. 42), “o desenvolvimento de uma estratégia é fundamental para que uma organização se mantenha viva em seu nicho, afinal de contas, permite prever mudanças e perceber novas oportunidades que podem ser decisivas no futuro”. Para Lakhal, Pasin e Limam (2006), assim como para Battikha (2003), uma vez que o cliente satisfeito fideliza-se, é possível relacionar a qua- lidade aos produtos e serviços de uma organização. Quando há gestão da qualidade, os colaboradores consequentemente desempenharão melhor seus papéis, levando a empresa a ser destaque competitivo. Conforme Juran e Gryna (1991 apud OLIVEIRA et al., 2011, p. 73), “para a maioria dos clientes, qualidade relaciona-se às características do produto que atendem suas necessidades. Além disso, qualidade quer dizer ausência de falhas, bem como um bom serviço ao cliente [...]. Uma definição abrangente para isso é ‘adequação ao uso’”. Ao pensar em modelos estratégicos, portanto, uma gestão volta- da para a qualidade visa padronizar processos nos quais, ao planejar e controlar, otimiza-se a qualidade de seus produtos e serviços. Para Srdoc, Sluga e Bratko (2005), cabe às organizações encontrar meios es- tratégicos que priorizem a qualidade em tudo que for decidido, alcan- çando e mantendo a qualidade de seus processos, produtos e serviços. Cenários competitivos e estratégia 41 Assim, para que se destaquem no mercado, é necessário que elas te- nham uma estratégia competitiva. 3.4.1 Cinco forças competitivas de Porter Ao refletir sobre modelos estratégicos e vantagem competitiva, é importante destacar as forças competitivas do ambiente propostas por Porter (2004). Essas forças definem o posicionamento estratégico como meio de superar a concorrência por liderar o custo total, ter dife- rencial e enfoque. A liderança no custo total ocorre quando a organização oferece produtos ou serviços de baixo custo, menor que o da concorrência. O diferencial é a produção de produtos e serviços com valor agre- gado, considerados únicos quando comparados aos da concorrência (PORTER, 1996). Por fim, ter enfoque é direcionar-se a um grupo com- prador específico, trabalhar com uma única linha de produtos ou único mercado geográfico no campo de atuação (PORTER, 2004). O enfoque pode incorporar tanto a diferenciação quanto a liderança no custo. Diante desse contexto, Porter (2004) determina cinco forças competitivas: • Rivalidade entre concorrentes: verificar o grau de competição da concorrência. • Poder de barganha dos fornecedores: facilitar a compra de matéria-prima para reduzir custos de produção. • Poder de barganha dos clientes: facilitar a venda dos produtos ou serviços com preços, atendimento, entre outros fatores de in- teresse dos clientes. • Ameaça de novos concorrentes: estar antenado às tendências de mercado para atrair cada vez mais clientes e reter aqueles já existentes. • Ameaça de novos produtos ou serviços: estar atento a novos produtos ou serviços para que não se tornem ultrapassados. As forças competitivas auxiliam a organização a descobrir o que é menos oneroso e a se antecipar às expectativas dos clientes. Estar atento às forças apresentadas é estar à frente no mercado. 42 Marketing Estratégico 3.4.2 Matriz SWOT A qualidade está ligada às ferramentas para controle, melhoria e planejamento. Essas ferramentas são utilizadas na otimização dos pro- cessos, levando o gestor a executar com qualidade o trabalho com seus produtos e serviços. Com elas, controla-se e otimiza-se a tomada de decisões, antecipan- do respostas que levem a sanar os problemas que possam interferir no bom desempenho dos processos de trabalho (VIEIRA, 1999). Entre as ferramentas de qualidade encontradas para otimizar os se- tores organizacionais, destaca-se a matriz SWOT por possibilitar que o gestor faça uma análise para identificar as forças e fraquezas da sua organização, sendo, atualmente, uma das ferramentas mais utilizadas na gestão estratégica competitiva (CHIAVENATO; SAPIRO, 2003). Veja, a seguir, o significado da sigla SWOT: b uf fa lo bo y/ Sh ut te rs to ck Chiavenato e Sapiro (2003) explicam que esse modelo analisa o que é oportuno e qual ameaça externa poderá atingir a organização com seus pontos fortes e fracos. De acordo com Bicho e Baptista (2006, p. 76),“a análise SWOT corresponde à identificação por parte de uma organização e de forma integrada dos principais aspectos que caracte- rizam a sua posição estratégica num determinado momento, tanto a nível interno como externo”. Cenários competitivos e estratégia 43 Quadro 1 Exemplo de uso de Matriz SWOT Análise externa Análise interna Oportunidades Ameaças Pontos fortes Política de ação ofensiva ou aproveitamento: área de domínio da empresa Política de ação defensiva ou enfrentamento: área de risco enfren- tável Pontos fracos Política de manutenção ou melhoria: área de aproveitamento potencial Política de saída ou desativação: área de risco acentuado Fonte: Chiavenato; Sapiro, 2003, p. 188. Por meio da análise SWOT interna e externa, são apresentados pon- tos que podem afetar negativamente a iniciativa organizacional, levan- do o gestor a buscar novas estratégias para administrá-los. A análise SWOT deve ser feita e interpretada de forma integra- da, conjugando os elementos da análise interna e externa, por forma a que o diagnóstico que dela resulta seja fiável e constitua uma fonte de informação e suporte adequada às necessidades da gestão estratégica, que se ocupa das decisões que vão no fundo delinear o futuro a médio e longo prazo da organização. (BICHO; BAPTISTA, 2006, p. 65) A matriz SWOT é fundamental, portanto, para definir estratégias e planos de ação com base nas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de uma organização. Praticá-la constantemente – embora trabalhoso – certamente trará uma melhor visão ao gestor sobre como está o cenário (ou análise de ambiente) de sua organização. Tendo em mãos os pontos fortes e fracos de sua organização, assim como as oportunidades e as ameaças, o gestor pode repen- sar estratégias para manter a organização no mercado. A matriz SWOT é peça-chave para a sustentabilidade das atividades realiza- das, bem como para uma gestão de qualidade. Uma empresa será competitiva se proporcionar a satisfação total de seu cliente. Porter (2004) comenta que, para isso, deve-se focar o desempenho da organização, utilizando-se de estratégias para atingir os objetivos esperados. Toda organização, devido à concorrência, busca inovações para atender cada vez melhor aos clientes. Portanto, utilizar ferramentas como a matriz SWOT otimiza o planejamento estratégico. No vídeo Matriz SWOT – O que é a Martriz SWOT? Como funciona a Matriz SWOT?, publicado pelo canal Instituto Montanari, são apresentados conceitos e como utilizar essa matriz para obter mais subsídios na área de estratégia organizacional. Disponível em: https://youtu.be/ MsTg-stkOo8. Acesso em: 20 fev. 2020. Vídeo 44 Marketing Estratégico Ao pensar em modelos estratégicos, portanto, a gestão da quali- dade tornou-se fator competitivo para as empresas. Conforme apon- ta Feigenbaum (1994, p. 8), “qualidade é a correção dos problemas e de suas causas ao longo de toda a série de fatores relacionados com marketing, projetos, engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário”. O cliente procurará a organiza- ção buscando qualidade nos produtos. A matriz SWOT ajuda o gestor a analisar os pontos fortes e fracos da organização, tanto interna quanto externamente, e a apontar o melhor planejamento de estratégias visando atender ao cliente com o máximo de qualidade possível. É uma ferramenta estratégica fortemente reco- mendada para o direcionamento das ações da organização. 3.4.3 Matriz de crescimento de produto-mercado de Ansoff Para a melhoria da qualidade, é possível utilizar a matriz de cresci- mento de produto-mercado de Ansoff, conhecida também como matriz produto-mercado. As duas dimensões dessa matriz, produto e mercado, têm quatro possíveis estratégias que, conforme Kotler e Armstrong (1998), são: Diversificação: a proposta é abrir novos negócios com novos mercados. Pode haver a identificação de um mercado emergente. É arriscada, mas uma boa alternativa. Penetração de mercado: toda organização busca aumento de penetração de mercado, vendendo mais para os clientes existentes, sem alteração dos seus produtos e valendo-se de melhor preço, promoção, atendimento e pós-venda. Desenvolvimento de mercado: tentativa de colocar seus produtos ou serviços em novos mercados sem alterá-los, estimulando novos clientes a comprar os produtos existentes. Isso pode ser feito por meio de publicidade. Desenvolvimento de produto: a inovação é ponto-chave para vender. Assim, inovar modificando os produtos já existentes, reinventando-os ou criando- os do zero, pode levar ao aumento do volume de venda para os clientes atuais. Cenários competitivos e estratégia 45 As organizações precisam atender aos seus clientes da melhor maneira e, para tanto, necessitam conhecer a sua realidade e focar o produto e o mercado, direcionando-se para o crescimento contínuo. Assim, a matriz de Ansoff oferece suporte às tomadas de decisão, pos- sibilitando ao gestor otimizar seus programas de qualidade. 3.4.4 Matriz BCG A matriz BCG é assim chamada por ter sido Bruce Henderson, do Boston Consulting Group, seu criador. É uma matriz que analisa o cresci- mento e a participação organizacional, como mostra o quadro a seguir. Quadro 2 Esquema conceitual da matriz BCG Participação relativa de mercado Alta Baixa Cr es ci m en to d o m er ca do A lt o Estrela Em questionamento Ba ix o Vaca leiteira Abacaxi Fonte: Adaptado de Barney; Hesterly, 2011, p. 46. Segundo Kotler (2006), no eixo vertical do quadro está a taxa de crescimento anual do produto no mercado, sendo a sua variação de 0 a 20%. O eixo horizontal, por sua vez, sinaliza a participação do pro- duto no mercado em relação ao seu maior concorrente. Este eixo ana- lisa estrategicamente as opções de alocação financeira organizacional. Boston Consulting Group é uma empresa fundada em 1963, que atua com consultoria empresarial em estratégia de negócios. Está presente no Brasil há mais de 20 anos, com escritórios em São Paulo e Rio de Janeiro, e em outras localidades no mundo todo. Curiosidade 46 Marketing Estratégico Quanto aos quadrantes, tem-se: • Estrela: refere-se aos produtos que precisam de investimentos constantes para se destacarem dos concorrentes. Apesar disso, são responsáveis por trazer retorno à empresa. • Em questionamento: refere-se aos produtos em fase de lança- mento, que normalmente não apresentam dados úteis para tra- çar o caminho a seguir. São apostas das empresas. • Vaca leiteira: envolve produtos que não demandam muito esfor- ço de marketing e vendas, pois já possuem reputação e qualidade percebida pelos clientes. • Abacaxi: refere-se aos produtos com baixa participação em um mercado maduro, sem crescimento aparente. Importante lembrar que a análise da Matriz BCG deve ser realizada mais de uma vez, pois ocorrem muitas mudanças de cenários na área de Vendas. Por exemplo, um produto que hoje é vaca leiteira amanhã pode virar um abacaxi. A matriz BCG tornou-se ferramenta de marketing na tomada de decisões. Com ela, é possível classificar os produtos de uma determina- da empresa de acordo com seu potencial, permitindo uma análise do portfólio de produtos, visando a uma melhor distribuição de recursos. 3.4.5 Matriz VRIO A matriz VRIO analisa se um negócio tem recursos valiosos, raros e difíceis de imitar, podendo demonstrar sua vantagem competitiva. Além disso, pode analisar casos e cenários de negócios por meio de posicionamento estratégico e visão baseada em recursos. Ao analisar os recursos da organização, é possível estabelecer uma ordem construindo uma estrutura para transformá-los em fontes de vantagem competitiva, bloqueando ameaças advindas do ambiente ex- terno e permitindo a exploração de oportunidades (LACERDA, 2014). Há resultados de vantagem competitiva que podem ser atingidos pela organização por meio dessa matriz, como mostra o Quadro 3. A estratégia VRIO permite compreendero que está se destacando na organi- zação ou pode se trans- formar em um diferencial competitivo. O vídeo Es- tratégia VRIO (conceitos de Marketing), publicado pelo canal Wagner Gonsalez, ajuda a entender como funciona essa ferramenta estratégica. Disponível em: https://youtu. be/9_1qiiJOAlM. Acesso em: 20 fev. 2020. Vídeo Cenários competitivos e estratégia 47 Quadro 3 Classificação do modelo VRIO Tem valor? Tem raridade? É difícil de imitar? A empresa tem a devida organização? Qual é o resultado? NÃO Desvantagem competitiva SIM NÃO Igualdade competitiva SIM SIM NÃO Vantagem competitiva de curto prazo SIM SIM SIM NÃO Vantagem competitiva desaproveitada SIM SIM SIM SIM Vantagem competitiva de longo prazo Fonte: Adaptado de Barney; Hesterly, 2011, p. 61. O quadro esclarece que, quando não há possibilidade de imitação ou de substituição dos produtos/serviços, os resultados serão maiores do que os das organizações sem eles. Quando esses pontos são identi- ficados, os gestores podem analisar e trabalhar de modo a usá-los em favor do desenvolvimento e da evolução da organização. A matriz VRIO é uma ferramenta estratégica importante, mas pouco difundida, cuja finalidade é aprimorar a qualidade de aten- dimento ao cliente, uma vez que prioriza um produto ou serviço único para ele. A organização que adota essa matriz para tratar seu posicionamento estratégico já possui uma vantagem competitiva em relação a outras que não a priorizam. 3.4 Competitividade e negócios globais Vídeo A organização que faz uso de estratégias e ferramentas com po- tencial de gerarem vantagem competitiva possui êxito ao atender e satisfazer seus clientes. É possível encontrar diferentes desafios ao administrar uma organização, de modo que cabe ao gestor re- solver inúmeros problemas que exigem conhecimentos e técnicas administrativas multidisciplinares. Para tanto, é necessário conhecer as técnicas, os conceitos e as ferramentas aplicáveis à tomada de deci- são estratégica; e quanto maior a participação dos funcionários den- tro da organização, maiores são as suas contribuições, percepções, orientações, ações e conceitos. 48 Marketing Estratégico As empresas são instituições formadas pelo gestor e colaboradores que, juntos, visam atingir determinados fins. Para analisar esses fins, é preciso identificar as metas não alcançadas e avaliar os resultados, bus- cando encontrar as causas dos problemas e melhorar as ações. Ligada à satisfação e à necessidade do cliente está a qualidade da atuação de uma empresa, o que implica compreender que sua sobrevivência de- pende disso (RODRIGUES, 1999). A “nova era da qualidade” é a criação de um valor a ser adicionado ao produto/serviço oferecido, com base nas necessidades do cliente. Primeiro é necessário descobrir essas necessidades – e não apenas satisfazê-las, mas também superá-las por meio do valor criado. É pre- ciso, ainda, prevenir as falhas no atendimento a essas necessidades, superando qualquer tipo de limitação e favorecendo novas ideias que enriqueçam essa qualidade. A qualidade do produto tornou-se um tema universal e continua a modelar a economia competitiva em muitas indústrias. Segundo Lacerda (2014, p. 20), “qualidade é a filosofia de gestão que procura alcançar o pleno atendimento das necessidades e a máxima satisfação das expectativas dos clientes”. Em plena globalização, para atingir uma qualidade de excelên- cia a nível internacional, ou seja, para atender e fidelizar o cliente presente em outro país, as organizações optam por sistemas inova- dores de gestão. Chama-se isso de marketing global, que, de acordo com Keegan e Green (2003), acontece quando a organização se en- volve na comercialização e negociação de produtos e serviços fora do mercado do seu país de origem, assegurando o êxito de vendas no mercado global. Ao pensar em estratégias e negócios globais, a organização foca ma- neiras diferentes de competição de mercado, adaptando-se, é claro, à cultura, à etnia, aos valores e aos costumes locais. Marketing global é, portanto, “o processo de focalizar os recursos e objetivos de uma orga- nização sobre as necessidades e oportunidades do ambiente” (KEEGAN, 2005, p. 5). Dessa forma, os negócios globais acontecem por meio de sua inte- gração com semelhanças em todos os locais, desenvolvendo um pa- drão de produto/serviço e marketing que minimize as diferenças. Cenários competitivos e estratégia 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando o plano estratégico de uma organização é desenhado e ali- nhado aos seus objetivos, ela percorre caminhos mais assertivos em to- madas de decisões. Os dados analisados neste capítulo visam à eficácia da utilização de instrumentos e metodologias nas organizações, bem como ressaltam a importância dessas ferramentas para responderem aos cenários competitivos identificados. Os apontamentos expostos são muito pertinentes e ajudam a viabili- zar a implantação de ferramentas de tomadas de decisão na organização. Esses apontamentos também demonstram a eficácia das matrizes com elementos que possibilitam aos gestores a avaliação objetiva de seus re- cursos quanto à geração ou não de vantagens competitivas. Para expandir seus negócios suprindo as demandas dos clientes nos mais diversos cenários, as organizações desenvolvem estratégias que ga- rantam sua competitividade no mercado. Entre essas estratégias, utilizam ferramentas de tomadas de decisão com foco na manutenção, desenvol- vimento, expansão de produtos e serviços, que se aprimoram com o tem- po, para a sobrevivência e o sucesso da organização. Ocorre, assim, uma melhoria contínua em toda a cadeia produtiva. Todas as ferramentas estratégicas são vistas como fundamentais, destacando-se como uma forma rápida e eficaz de obter o índice de- sejado de qualidade do produto e atendendo às necessidades dos clientes. Ao utilizar matrizes para qualidade e competitividade, desen- volve-se, também, uma gestão da inovação, que proporciona maior valor aos clientes, além da visão expandida da realidade comercial, o que possibilita galgar novos desafios (mercado internacional). Hoje, a gestão da inovação é imprescindível nas organizações, pois, por meio dela, passam a ter produtos em etapas diferentes de seu ciclo de vida – inclusive produtos novos sendo desenvolvidos, mantendo-as competitivas. ATIVIDADES 1. Uma organização pode se estruturar operando para que seus desfechos sejam positivos de duas maneiras. Quais são elas e suas características? 2. O que significa a sigla SWOT e para que serve a referida matriz? 50 Marketing Estratégico 3. O capítulo apresentou ferramentas que podem gerar vantagem competitiva. Como o Big Data pode se enquadrar em uma dessas ferramentas? REFERÊNCIAS ARAÚJO, L. C. G. de; GARCIA, A. A. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. BALCÃO, Y. F. Organograma: representação gráfica da estrutura. Rev. adm. empres., v. 5, n. 17, São Paulo, oct./dec. 1965. BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva: conceitos e casos. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. BATTIKHA, M. G. Quality management practice in highway construction. International Journal of Quality & Reliability Management, v. 20, n. 5, 2003. BICHO, L.; BAPTISTA, S. 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A interpretação das variáveis que podem impactar as vendas leva ao conhecimento de onde aplicar esforços para manter-se competitivo no mercado de atuação. A área de marketing dita as tendências para a organização, que poderá se desenvolver de forma sustentável tomando a melhor de- cisão, planejando ações e tendo uma visão sistêmica de mercado. Para ter êxito, a organização precisa reconhecer as forças que influenciam sua capacidade de se posicionar no mercado, bem como avaliar os fatores de alavancagem de marketing que ajudam a atrair clientes, podendo, assim, explorar os recursos disponíveis para apoiar as decisões de marketing, selecionando e monitoran- do fontes estratégicas de informação. Para o plano de marketing funcionar, portanto, é preciso definir as metas gerais, além de averiguar a situação e as oportunidades do mercado. Gestão e análise do ambiente de marketing 53 4.1 Forças de influência estratégica Vídeo As forças de influência pautam-se nas estratégias competitivas da organização para buscar semelhanças entre os consumidores e, assim, compor seus segmentos. Desse modo, seu produto ou serviço pode atingir públicos variados, trazendo vantagem competitiva em relação à concorrência – cada vez mais acirrada. A estratégia organizacional é o plano que o gestor utiliza para obter os recursos que o levam a atingir os objetivos e as metas organizacio- nais, conduzindo sua missão de maneira eficiente. A economia, o avanço tecnológico e a informação, cada vez mais veloz, formam o perfil exigente do cliente atual. Esses fatores levam a organização a investir em ferramentas estratégicas de marketing, para atender aos anseios e às necessidades de seus consumidores. Há novas técnicas e estratégias que auxiliam o acompanhamento da evolução tecnológica e das mudanças econômicas, estabelecendo uma posição com lucro e sustentabilidade capazes de eliminar as for- ças da concorrência. Lançar ou manter um produto/serviço no merca- do como uma ação estratégica, por exemplo, é uma forma competitiva de a organização reagir e sobreviver. 4.1.1 Estratégia de produtos As estratégias de marketing têm como suporte, geralmente, análi- ses precisas das variáveis controláveis e incontroláveis. As contro- láveis são as suscetíveis de coordenação, podendo ser recalculadas ou mudadas de acordo com as carências da empresa e as exigências do mercado, como política de produto, política de preço, política de distri- buição etc. Já as variáveis incontroláveis são divididas em: Elementos externos e fora do controle da empresa. Macroambientais Prestadores de serviço, fornecedores etc. Microambientais Não é possível gerenciar as variáveis macro e microambientais, uma vez que são forças externas que intervêm nas ações de marketing de qualquer empresa no mercado competitivo. 54 Marketing Estratégico Por essa razão, as diferentes peculiaridades de estratégias mercado- lógicas estão ampliando as aplicabilidades do profissional de marketing, que acha possibilidades ao reposicionar seus produtos por meio da transformação de atrativos. Por exemplo, um produto de conveniência pode ser remodelado para um produto de compra comparada, sendo capaz de ser vendido por um preço mais alto, gerando maior lucro para a empresa. Ainda, o profissional de marketing pode evidenciar vendas pessoais para auxiliar o cliente a fazer a escolha certa, especialmente no que diz respeito a produtos de maior valor – que são produtos de compra comparada, não habituais. A estratégia de produtos, portanto, é a forma de provocar o interes- se do cliente em fechar a compra com a empresa. 4.1.2 Estabelecimento e adequação do preço A definição dos preços ocorre frequentemente em dois momentos: quando a empresa apresenta um produto novo ou estreia o produto em um mercado diferente; e quando a empresa muda os preços que estava cobrando. A organização muda os preços cobrados: quando avalia existir um problema com qualquer variável que faz parte da composição de seu produto ou serviço, como a alteração dos custos a ele relacionados; quando existe aumento da procura pelo produto/serviço; ou, até mes- mo, quando há a mudança de preço de algum concorrente. Com pesquisas de mercado, a organização consegue estabelecer preços que não apenas tragam lucro, mas também satisfaçam o con- sumidor, que percebe o preço no valor agregado ao produto. Agregar valor ao produto é ter um diferencial em relação aos concorrentes no mercado, atraindo o consumidor novo e retendo o que já existe. O pre- ço máximo pago pelo consumidor é o valor percebido. Bognar (1991, p. 47), observando o método de estabelecimento do preço segundo a Teoria Microeconômica, de Marketing e da Controla- doria Financeira, relata: o preço de um produto é, primordialmente, [...] uma retribuição ao gerador de bens e serviços por tercolocado à disposição do consumidor, intermediário ou final, um dado produto ou serviço. produtos de conveniência: são aqueles de que o consumi- dor necessita e que gasta pouco tempo e esforço para adquirir. Exemplos: doces, bebidas, revistas. produtos de compra comparada: são comprados com menos frequência e cui- dadosamente comparados, em termos de adequação, qualidade, preço e estilo. Exemplos: carro, geladeira. Glossário Gestão e análise do ambiente de marketing 55 Tal retribuição permite ao vendedor obter a reposição pelo que aplicou para a geração do produto ou serviço, bem como a re- compensa pelo sacrifício do investimento, consubstanciado na figura do lucro. O preço manifesta-se, igualmente, como um dos elementos fundamentais do marketing. De acordo com este ângulo, os preços são definidos pelo aspecto dos custos, da demanda ou até da con- corrência. Primeiramente, é acrescentada uma margem fixa a um custo-base, conhecida como markup. Depois, é notada a expressi- vidade da demanda: quando a demanda é maior, o valor aumenta; quando é menor, diminui. São estratégias distintas na compo- sição dos preços. Bognar (1991, p. 36) resume que “a definição do pre- ço a ser praticado por uma empresa não é, única e exclusi- vamente, o resultado da aplicação de uma só ótica, mas o resultado da análise e ponderação de todas, objetivando a maximização dos re- sultados possíveis de serem atingidos num dado momento”. O preço de mercado é um elemento prevalecente para a orientação estratégica das organizações, que precisam basear sua cultura organi- zacional na procura de clientes por meio da conquista dos melhores preços de mercado, assim como da oferta de produtos de qualidade. Desse modo, entrega-se o melhor atendimento para o cliente, criando a boa reputação da empresa, com elevado rendimento e baixo custo. Para a política de estabelecimento de preços de uma organização, pri- meiro é necessário estipular a estratégia da empresa. A depender de sua estratégia diante do mercado, a empresa será ou não capaz de centralizar seus cuidados conforme o markup ou a demanda. Nesse contexto, a abor- dagem do marketing é favorecida, já que o preço é notado como um dife- rencial mercadológico, uma vantagem competitiva. Assim, os clientes, quando compram os produtos da organização, percebem a sua relação de oferta-demanda como sendo bilateral. Ambos procuram vantagens, e o preço é o diferencial competitivo para o impulsionamento das vendas, ou seja, fator determinante na relação cliente-empresa. VALOR PREÇO VALOR VALOR momoforsale/Shutterstock 56 Marketing Estratégico 4.2 Fatores de alavancagem de marketing Vídeo A sobrevivência de uma organização em um cenário altamente com- petitivo requer que ela aprenda a administrar os obstáculos com eficá- cia, por meio de ações preventivas. Para isso, é importante valer-se do marketing como estratégia, posto que identifica, analisa e especifica o consumidor e seu ambiente para fazer as vendas, bem como expor seus produtos/serviços com mais precisão, atingindo o mercado-alvo. O marketing é uma ferramenta estratégica para a organização atin- gir suas metas. Assim, no planejamento estratégico, determinam-se os objetivos principais da organização, alocam-se fundos e iniciam-se ações para alcançar o que é desejado. Para tanto, são utilizadas ferramentas, como canais de marketing, rede de valor e e-commerce, hoje muito em alta. 4.2.1 Canais de marketing e redes de valor De acordo com Vendrame, Giuliani e Camargo (2009), os membros fundamentais de um canal de marketing são os clientes, os fabricantes e os intermediários (atacadistas, varejistas). Sob uma ótica estratégica, con- forme os autores, a distribuição dos produtos é dividida em três funções fundamentais: Fu nç õe s tr an sa ci on ai s Fu nç õe s lo gí st ic as Fu nç õe s de fa ci lit aç ãoFunções referentes à compra e venda, abrangendo risco na realização, por transporte, armazenagem e administração. Funções de concentração, de modo a viabilizar produtos para venda em um território e ter manutenção e prevenção de estoque, assim como ter organização e gestão dos processos de maneira hábil. Função que beneficia e incentiva o processo de compra e venda, financiamento de operações, divisão de produtos e troca de informações de mercado. Para Giuliani (2003), os canais de distribuição integram o grupo de marketing orientado para um mercado-alvo e concentrado em suas ca- rências, além de gerarem a logística entre produto, preço, praça e promo- ção, procurando potencializar os resultados e o deleite do cliente. Os 4 Ps Gestão e análise do ambiente de marketing 57 do marketing expõem a ótica da organização vendedora a respeito das ferramentas de marketing a seu dispor e influenciam os clientes. Convém mencionar, nesse contexto, que a estratégia do canal de marketing é fundamentada no relacionamento com pessoas, ou seja, não é um objeto sem vida, mas, sim, um grupo conversando em em- presas diferentes. Em curto prazo, a organização pode mudar o preço, a quantidade de vendas e as despesas com marketing. Entretanto, será capaz de ela- borar novos produtos e mudar os canais de distribuição somente em longo prazo. Dessa forma, em uma comparação, a organização faz me- nos mudanças no mix de marketing do que pode aparentar o número de decisões envolvidas com esse mix (GIULIANI, 2003). A proposta do marketing é inovar na constru- ção, reconstrução e mudança. Já não contempla trabalhos isolados. Os canais de marketing, por exemplo, trabalham integradamente, por meio de trocas de informações, acompanhando o processo desde a invenção do produto ou servi- ço até sua chegada ao consumidor final, vendo e revendo as tomadas de decisões e possíveis mudanças. Nesse caso, os desafios dos canais de marke- ting são a projeção de canais assertivos e a imple- mentação de um bom projeto. Este conjunto é um meio de agregar valor ao produto, uma vez que defi- nirá como ele será vendido, baseando-se em relacionamentos e pessoas. Coerente com essa perspectiva, para Kotler (1993), esses canais podem afetar todas as outras decisões de marketing. Pesquisar canais de marketing e canais de distribuição 1 é impor- tante, então, para prever o comportamento do consumidor, superar pontos fracos e intensificar pontos fortes da organização. 4.2.2 Marketing no e-commerce O uso crescente da internet influencia a origem de novos métodos de vendas de produtos e serviços, o que levou ao surgimento do que se entende por e-commerce ou comércio eletrônico. De acordo com Limeira (apud TEIXEIRA FILHO, 2000, p. 26), “comér- cio eletrônico consiste na realização de negócios por meio da internet, Figura 1 E-commerce Maxx -Studio/Shutterstock Ansoff (1988) classifica os canais de distribuição entre aqueles que podem gerar sinergia para a empresa, o que seria um componente fundamental no planejamento estratégico. Porter (1988) atribui grande impor- tância à área de distribuição dentro da estratégia competitiva. Segundo ele, a coordenação e a otimização em conjunto com os canais podem reduzir o custo ou aumentar a diferenciação.” (LEMOS; TORTATO, 2009, p. 9) 1 58 Marketing Estratégico incluindo a venda de produtos e serviços físicos, entregues off-line, e de produtos que podem ser digitalizados e entregues on-line”. À vista disso, o e-commerce possui como justificativa a disponibilidade e capa- cidade de realizar operações que abranjam a troca de informações e produtos/serviços. Para ser um e-commerce de qualidade e reconheci- do no mercado, é preciso uma ótica singular, ou seja, uma perspectiva única, que alcance um reconhecimento maior, atingindo mais clientes. Para Albertin (2004), nesse sentido, a designação de e-commerce en- volve marketing, finanças e geração de informações, não se limitando apenas à compra ou venda de produtos na rede. O autor ainda destaca que, com o e-commerce, as empresas atendem efetivae agilmente as carências dos clientes, tornando-se uma estratégia de negócio. Por sua vez, segundo Trepper (2000), o e-commerce já existia na dé- cada de 1960, mas somente em 1994 a relação entre empresas e clien- tes evoluiu, devido ao aumento no acesso a computadores e internet. Atualmente, o e-commerce é visto em um nível não só de troca de informações ou venda de mercadorias/serviços, mas também de cria- ção de benefícios a todos os envolvidos no mercado on-line. Conforme Silva e Andrade (2017), o comércio eletrônico é um con- teúdo muito estudado e regulamentado, já que o Ministério Público Federal estabeleceu diretrizes a essa prática no começo de 2010. O do- cumento orienta os planos jurídicos no que diz respeito à segurança do comércio eletrônico, dando confiança para os compradores. A seleção da plataforma de comércio eletrônico é fundamental na ori- gem do e-commerce de uma empre- sa, para impulsionar suas vendas e operações. No início, é preciso escolher a plataforma e se pre- caver de obstáculos que gerem problemas financeiros. Lamounier (2010) diz que a implementação e o uso do e-commerce têm como efeito a automatização da transação, fazendo-se mais proveitoso e permitindo que a empresa crie relacionamentos com ou- No Brasil, embora não se tenham registros oficiais, considera-se a pri- meira loja on-line a Book Net, criada em 1995 por Jack London. Uma grande curiosidade sobre esta loja é que posteriormente ela foi adquirida e renomeada para Submarino. Nos anos seguintes, surgiram outras lojas on-line, como a Brasoftware (maior parceira da Microsoft no Brasil), Ponto Frio, entre outras. Já nos Estados Unidos, a pioneira foi o marketplace de livros Book Stacks Unlimited, em 1994. A Amazon, fundada por Jeff Bezos, só iniciou suas atividades on-line um ano depois. Você pode saber mais sobre o assunto lendo o texto A história do primeiro e-commerce no Brasil, publicado no site da ComSchool. Disponível em: https://news. comschool.com.br/historia-primei- ro-e-commerce-no-brasil/. Acesso em: 27 fev. 2020. Curiosidade Recomenda-se Download: a verdadeira história da internet, documetário exi- bido no canal Discovery Channel e apresentado pelo jornalista John Heile- mann. Nele, é possível conhecer um pouco da origem, evolução e importância da internet, trazendo uma reflexão que remete o espectador à primeira conexão até os dias atuais. Estados Unidos: Oxford Scientific Films, 2008, 4 episódios. Filme DeDDhumi/ Shutt erst ock Gestão e análise do ambiente de marketing 59 tras organizações e seus clientes. A internet ajuda e aumenta a troca de informações, de modo a ser benéfica aos clientes, posto que agili- za a compra do produto ou serviço desejado, otimizando a interação cliente-empresa. Os clientes têm um mundo de oportunidades na “pal- ma de sua mão”. Dessa maneira, a globalização e a chegada de novas tecnologias apresentam como efeito a carência de profissionais de marketing que consigam rever os métodos com que trabalham e interagir com os clientes nesses novos cenários, dispondo, assim, de uma chance de ga- nhar mais habilidades e entendimento no gerenciamento deles. 4.3 Gerenciamento da comunicação Vídeo As empresas estão observando as tendências do mercado e aplican- do esforços em marketing cultural, marketing esportivo e causas sociais. Precisam de uma comunicação organizacional, nesse sentido, para criar projetos eficientes que aspirem retornos. A comunicação se transformou em “corporativa”. Não por um ca- pricho da linguagem ou por querer introduzir mais complexidade no mundo das empresas, mas pela força das coisas. Daí que as or- ganizações estejam despreparadas diante de uma nova realidade emergente, que é, ela mesma, produto da complexidade generali- zada e da atuação tecnológica que caracterizam a nossa sociedade e nossa civilização. (COSTA, 1995 apud MEDRANO, 2007, p. 43) A comunicação organizacional, incluída nos sistemas cultural, social, econômico e político, gera ferramentas para o aperfeiçoamento da comu- nicação na empresa. Segundo Bueno (2003, p. 8), ela: caminha para assumir, por inteiro, a perspectiva da chamada comunicação integrada, com uma articulação estreita entre os vários departamentos/áreas e profissionais que exercem ativi- dades de comunicação nas empresas ou entidades. Com isso, as vertentes institucionais e mercadológicas deixam de ser percebi- das como distintas porque estão umbilicalmente associadas ao negócio, à visão e à missão da organização. A comunicação integrada “pressupõe uma junção da comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação inter- na, [...] que formam o mix, ou seja, o composto da comunicação orga- nizacional” (KUNSCH, 2003, p. 150). Todas as alterações conjunturais, do ponto de vista comunicacional, criam consequências, impactando as empresas de maneira positiva ou negativa. É indispensável um pla- nejamento para conduzir o mix, por isso é importante que a organi- zação reforce o uso dos processos conjuntos, fundamentais para o crescimento da empresa. A comunicação interna e a comunicação externa, segundo Bahia (1995, p. 16), “são os tipos de ações mais importantes na estratégia da empresa. Podem ser exercidas simultaneamente ou paralelamente, esteja a empresa dedicada à indústria, ao comércio ou ao serviço”. O suporte da comunicação integrada é a comunicação mercadoló- gica, cuja meta é implementar as estratégias geradas pelo marketing para trocar ou vender de uma maneira que a empresa obtenha resul- tados. A comunicação institucional, por outro lado, visa construir a ima- gem da empresa a partir da interação com o cliente. A comunicação não é apenas um aspecto essencial das recentes mu- danças organizacionais. Quando eficaz, ela pode ser vista como a base das organizações modernas (BUENO, 2009). Para Barichello, Pozzobon e Ribeiro (2001, p. 39), a comunicação interna de uma organização sempre vai ser o re- flexo de sua cultura organizacional. Existe um processo de in- fluência mútua entre ambas. Além de a comunicação ser um instrumento muito importante para a assimilação da cultura, a cultura é quem determina o tipo de comunicação da empresa, bem como sua forma e veículos e, também, seu conteúdo e flu- xos. A comunicação faz parte do processo cultural de uma orga- nização e, desse modo, as formas como essa comunicação é, estrategicamente, utilizada e compreendida são processos cons- titutivos da sua cultura. Uf aU iUU ho to /S hu tte rst oc k 60 Marketing Estratégico Gestão e análise do ambiente de marketing 61 as empresas de maneira positiva ou negativa. É indispensável um pla- nejamento para conduzir o mix, por isso é importante que a organi- zação reforce o uso dos processos conjuntos, fundamentais para o crescimento da empresa. A comunicação interna e a comunicação externa, segundo Bahia (1995, p. 16), “são os tipos de ações mais importantes na estratégia da empresa. Podem ser exercidas simultaneamente ou paralelamente, esteja a empresa dedicada à indústria, ao comércio ou ao serviço”. O suporte da comunicação integrada é a comunicação mercadoló- gica, cuja meta é implementar as estratégias geradas pelo marketing para trocar ou vender de uma maneira que a empresa obtenha resul- tados. A comunicação institucional, por outro lado, visa construir a ima- gem da empresa a partir da interação com o cliente. A comunicação não é apenas um aspecto essencial das recentes mu- danças organizacionais. Quando eficaz, ela pode ser vista como a base das organizações modernas (BUENO, 2009). Para Barichello, Pozzobon e Ribeiro (2001, p. 39), a comunicação interna de uma organização sempre vai ser o re- flexo de sua cultura organizacional. Existe um processo de in- fluência mútua entre ambas. Além de a comunicação ser um instrumento muito importante para a assimilação da cultura, a cultura é quem determina o tipo de comunicação da empresa, bem como sua forma e veículos e, também, seu conteúdo eflu- xos. A comunicação faz parte do processo cultural de uma orga- nização e, desse modo, as formas como essa comunicação é, estrategicamente, utilizada e compreendida são processos cons- titutivos da sua cultura. Uf aU iUU ho to /S hu tte rst oc k 60 Marketing Estratégico Segundo Chiavenato (1992), uma organização somente existe se houver um conjunto de pessoas dispostas a se comunicarem, a contribuírem de forma conjunta para alcançarem um objeti- vo comum. Com a globalização, as organizações sofreram muitas mudanças econômicas: a crise do petróleo, nos anos 1970, que provocou recessão e inflação nos países do Primeiro Mundo; a automação, a robotização e a terceirização que, na mesma década, aumentaram a produtividade e reduzi- ram a necessidade de mão de obra; e os avanços das telecomunicações e da informática, que trouxeram mais inves- tidores em nível global (e geopolíticas), em virtude da perda de peso relativo na produção e nas exportações do capitalismo central, bem como ampliaram o peso do sistema para o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), devido à sua maior escala, além de vários outros países, especialmente dos novos membros do G20 (composto das dezenove maiores econo- mias do mundo somadas à União Europeia). Essas mudanças influenciaram as geografias econômica e política, assim como aspectos socioculturais, como a assimilação de valores morais e culturais europeus e norte-americanos através dos meios de comunicação. Aspectos culturais de outros países podem ser vistos no consumo de animes (desenhos japoneses característicos) e outros (TREPPER, 2000). Ressaltando a relevância deste conceito, Chiavenato (1992, p. 114) esclarece: comunicação é a transmissão de uma informação de uma pes- soa para outra, sendo então compartilhada por ambas. Para que haja comunicação, é necessário que o destinatário da informação a receba e a compreenda. A informação simplesmente transmi- tida, mas não recebida, não foi comunicada. Comunicar significa tornar comum a uma ou mais pessoas uma determinada infor- mação. [...] A palavra comunicação envolve também o conceito de sistema de comunicação, como o telefone, o telégrafo ou a te- levisão, por exemplo. Comunicação e informação são membros da mesma família. A informação e a substância dos sistemas de Figura 2 Brasileiros fazendo cosplay de personagens de anime CiDtia ErdeDs Uai Ca/Sh utte rsto ck 62 Marketing Estratégico comunicação em suas várias formas: impulsos eletrônicos, pala- vras faladas ou escritas, símbolos ou sinais, mensagens. Valorizando os colaboradores e com uma administração partícipe, a organização possibilita que, tendo amplo entendimento internamente, criem-se maneiras alternativas de atrair e reter os clientes. 4.3.1 Sistemas de apoio a decisões de marketing A tomada de decisão é um trabalho contínuo para o profissional de marketing. Todos os dados coletados, transformados em informa- ções e movimentados na empresa, são pontos-chave para ajudar nes- se processo. Além de decidir o rumo da empresa, a tomada de decisão é consi- derável no mercado competitivo, já que a globalização e as mudanças no cenário mercadológico tornaram as vendas algo tangível. Crescente- mente são usados, pelas empresas, softwares capazes de ajudar o pro- fissional de marketing na tomada de decisão. Há softwares específicos para cada tipo de empresa, que atendem ao seu setor, seu tamanho, entre outros fatores. Sobre a tomada de decisões de marketing, Kotler (2000, p. 18) diz: um sistema de apoio a decisões de marketing é um conjunto coordenado de dados, sistemas, ferramentas e técnicas com software e hardware de suporte, por meio do qual uma empresa coleta e interpreta informações relevantes provenientes dos ne- gócios e do ambiente e as transforma em uma base para a ação de Marketing. O principal não é ter apenas a ferramenta correta, mas, sim, saber o que aproveitar dela. Nesse sentido, ao escolher um software, é im- portante saber se ele atende à necessidade da empresa e analisar suas qualidades no auxílio para a tomada de decisões. Da mesma forma, a equipe de marketing deve saber ler os dados coletados e oferecidos por esse software, de modo a usá-los de maneiras útil e hábil. 4.3.2 Pesquisa de marketing O mercado é amplamente competitivo, o que leva as organizações a precisarem de dados atualizados, obtidos nos ambientes interno ou externo. Administrando esses dados, é possível transformá-los em van- tagem competitiva. Gestão e análise do ambiente de marketing 63 Dada a relevância da obtenção de dados, entende-se como fundamental a pesquisa de marketing, que “con- siste em todas as atividades que ca- pacitam uma organização a obter a informação necessária para tomar decisões sobre o seu ambiente, seu mix de marketing e seus consumido- res atuais e os em potencial” (ETZEL; WALKER; STANTON, 2001, p. 56). A pesquisa de marketing, simplificada- mente, seria a procura de dados, sua administração e a tomada de decisão com base neles. Os dados são, portanto, utilizados no pro- cesso inteiro, permitindo chegar à forma mais acertada de atingir o cliente e agregar valor ao produto. A formatação de marketing é a função que liga o consumidor, o cliente e o público ao “marqueteiro”, por meio de informações uti- lizadas para identificar e definir oportunidades e problemas de marketing; gerar, aperfeiçoar e avaliar ações de marketing; mo- nitorar o seu desempenho e melhorar a sua compreensão como um processo. A pesquisa de marketing especifica as informações necessárias para abordar essas questões; formula o método para a coleta de informações; administra e implementa o processo de coleta de dados; analisa os resultados e comunica as descobertas e suas implicações. (McDANIEL; GATES, 2003, p. 8) Os autores citados retratam a pesquisa de marketing como o delinea- mento, a coleta e o tratamento de dados, imprescindível para a tomada de decisão. Qualquer empresa, portanto, precisa de dados pertencentes ao segmento de mercado, à concorrência etc. para manter-se competitiva. Todas as áreas de uma empresa podem se beneficiar das infor- mações obtidas da pesquisa de marketing. As empresas realizam pesquisas para identificar problemas – potencial de mercado, participação de mercado, tendências, previsões – e também para buscar a solução desses problemas – segmentação de mercado, desenvolvimento do composto de marketing que se adéque às necessidades dos clientes, mensuração de desempenho de pro- dutos, marcas, embalagens, orientação e recall de campanhas promocionais –, procurando facilitar o processo de avaliação de ameaças e oportunidades requeridas no planejamento estraté- gico, entre outros. (HONORATO, 2004, p. 85) JacoJ JuD d/Shu tters toc k 64 Marketing Estratégico É possível notar que a pesquisa de marketing torna-se fundamental para o processo de tomada de decisão de uma empresa, pois traz da- dos importantes para sua atuação. Segundo Kotler e Keller (2006), ela é dividida em dois tipos: IDENTIFICAR PROBLEMAS Ajuda a examinar problemas que não estão denotados e que podem vir a aparecer. RESOLVER PROBLEMAS Soluciona os problemas descobertos na pes- quisa para identificar problemas. Js d/ Sh ut te rs to ck Ambas as pesquisas são fundamentais para as organizações, uma vez que favorecem a escolha de melhores estratégias para obter êxito em suas metas e solucionar os problemas emergentes. A leitura corre- ta dos dados coletados e saber utilizá-los no direcionamento das ações aumentam a vantagem competitiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS O mercado está em constante mudança; mesmo que alguns ambien- tes permaneçam estáveis de um ano para outro, há aqueles que mudam rapidamente. Ao elaborar sua estratégia, portanto, uma empresa necessi- ta observar os resultados e inspecionar as novidades tanto no ambiente interno quanto externo. A adaptação estratégica de uma organização pode passar por uma degradação inevitável nesse contexto, de modoque, mesmo eficiente, apresente perda em efetividade. Peter Drucker (1993) colabora para essa reflexão ao dizer que é mais importante “fazer as coisas certas” (efetivi- dade) do que “fazer as coisas da maneira certa” (eficiência). É possível assumir, então, que boas empresas conseguem manter a efetividade a eficiência. O texto Proposta de valor pode ajudar com a fideliza- ção de clientes, publicado no site do SEBRAE, mostra como a pesquisa de marketing traz dados importantes para a em- presa. Aborda também informações sobre as ações mercadológicas e a proposta central de valor das empresas British Airlines, Nespresso, Volvo e Nutty Bavarian. Disponível em: https://bit.ly/ 3ddteq0. Acesso em: 14 fev. 2020. Leitura Gestão e análise do ambiente de marketing 65 As organizações, especialmente as grandes, são muitas vezes impeli- das à estagnação. Entretanto, podem acompanhar e adaptar-se às mu- danças se tiverem uma administração intensa, antes de chegarem a uma crise. Empresas de alto desempenho fiscalizam constantemente os am- bientes interno e externo, buscam conservar-se pertinentes à realidade e fazem uso de pesquisas de qualidade por intermédio de um planejamen- to estratégico adaptável. ATIVIDADES 1. Por que o preço é considerado fator de vantagem competitiva? 2. A globalização e o avanço tecnológico fazem com que as organizações revejam os métodos com os quais trabalham e a maneira como informam seus clientes sobre seus produtos ou serviços. Com base nisso, explique a importância da comunicação organizacional. 3. Com a competição mercadológica acirrada, hoje não há como uma organização não fazer pesquisa, conhecer o cliente, a concorrência e o mercado. Nesse contexto, qual é o papel da pesquisa de marketing? REFERÊNCIAS ALBERTIN, A. L. Comércio Eletrônico: Modelo, Aspectos e Contribuições de sua Aplicação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. BAHIA, J. Introdução à Comunicação Empresarial. Rio de Janeiro: Mauad, 1995. BARICHELLO, E. M. da R.; POZZOBON, C. de M.; RIBEIRO, M. B. Comunicação informal e cultura organizacional. Revista Comunicação Organizacional, Porto Alegre, PUC-RS. 2001. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/geacor/article/ viewFile/1295/1000. Acesso em: 14 fev. 2020. BOGNAR, S. R. Contribuição ao Processo de Determinação de Preço sob os Aspectos de Gestão Econômica. São Paulo, 1991. 140 p. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo. BUENO, W. Comunicação Empresarial: teoria e pesquisa. Barueri: Manole, 2003. BUENO, W. da C. Comunicação empresarial: políticas e estratégias. São Paulo: Saraiva, 2009. CHIAVENATO, I. 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Itu: Ottoni Editora, 2009. Gestão de marca 67 5 Gestão de marca O avanço do emprego da marca foi benéfico para organizações e consumidores. As formas iniciais de uso detinham uma meta bem definida: distinguir qual produto era de qual comerciante – para isso, diversas vezes o brasão da família era marcado em um produto para demonstrar a quem pertencia. Ainda que de maneira primitiva, já existia atenção à origem do produto. As organizações, naquele contexto, estavam em cenário cômo- do: precisavam apenas fazer o produto para vendê-lo, sem muito esforço. O costume de colocar uma marca no produto foi se po- pularizando, sendo mantido até hoje. No âmbito global de nossa atualidade, é possível diferenciar inúmeras marcas em diversos segmentos por meio de um nome, um jingle, um logo, uma emba- lagem e até mesmo um símbolo. A marca é algo mais profundo do que aparenta. Em sua utili- zação há vários aspectos inerentes penetrados, que envolvem, por exemplo, como a sociedade perceberá o cliente em relação ao que ele consome. Isso estabelece diversas dubiedades relacionadas à imagem e identidade da marca, tendo em vista aspectos sociocultu- rais que determinam que cada cliente está necessariamente englo- bado em algum grupo. O que se consome ajuda nesta distinção e colocação do cliente em um estabelecido meio. Com a técnica de um gestor de marcas e com ações de marketing assertivas, como o brand equity, são viáveis relações de consumo entre cliente e organização com fidelização e perspectiva rentável a longo prazo. Compreende-se que marca nenhuma já chega ao mercado com grande participação. É necessária uma junção de diversos fa- tores para esse êxito, tais como a definição do público-alvo e o uso assertivo de estratégias de marketing. 68 Marketing Estratégico Existindo conhecimento da empresa, atenção para com o clien- te e harmonia entre identidade e imagem, o cliente tenderá a com- prar sempre o mesmo produto ou da mesma marca, mesmo com variações de preço e qualidade. Isso é a lealdade à marca. Além de um cliente fixo, ele fará propaganda do(s) produto(s) que consome para os mais próximos. 5.1 Criação de brand equity Vídeo A marca tem um grande papel nas vidas das pessoas. Na maioria das vezes, “experimentamos [um produto ou serviço] através de reco- mendações de amigos, através de propagandas em canais de TV, rá- dios, internet, entre outros, nos tornando fiéis a algumas marcas pela qualidade, preço e hábitos” (BOONE; KURTZ, 2009, p. 411). Ainda segundo os autores, a aceitação da marca consiste em três etapas: reconhecimento, preferência e insistência. A Figura 1 descreve essas etapas: Figura 1 Etapas para a aceitação da marca RECONHECIMENTO DE MARCA Introduzir a marca no mercado e tentar deixá-la o mais familiar possível. PREFERÊNCIA DE MARCA Baseia-se em experiências anteriores para escolher o produto. INSISTÊNCIA DE MARCA Quando o consumidor se recusa a pegar produtos alternativos e procura somente a mercadoria que o agrada. Fonte: Elaborada pelos autores com base em Boone e Kurtz, 2009, p. 412. Gestão de marca 69 As empresas vêm enfrentando uma concorrência muito forte. Administrando-se e programando-se, podem fazer melhor que seus concorrentes. Além da competitividade, os consumidores estão cada vez mais informados e exigentes, podendo buscar alternativasdo me- lhor produto, do melhor preço e dos melhores benefícios. As chances de um cliente satisfeito voltar a comprar o produto/serviço dependem da oferta e de atender o valor buscado (KOTLER, 2000). Rawpixel.com/Shutte rsto ck Em 1955, Gardner e Levy destacaram que os problemas com a pu- blicidade eram em função da atitude dos consumidores relacionada ao conceito que tinham sobre a marca. Assim, usavam determinados pro- dutos conforme as vantagens e desvantagens associadas às marcas. Considerando que a marca é um nome, um sinal, um símbolo, com o objetivo de identificar produtos e serviços de um vendedor ou de um grupo de vendedores e diferenciá-los de seus concorrentes (COBRA, 1997), é importante reconhecer as variáveis envolvidas no processo de escolha de marca por um consumidor. Para Gardner e Levy (1955), essa escolha do consumidor pode se pautar de: 70 Marketing Estratégico MOTIVAÇÃO O desejo e motivo para adquirir sua marca. DIMENSÕES DO PRODUTO Caracterização do produto em relação aos seus desejos. A IMAGEM PÚBLICA A marca aponta um status, muitas vezes mais importante do que as características dos produtos. UM SÍMBOLO CRUCIAL A representação de uma ideia, que explane sentimentos e atitudes dos consumidores. D Li ne /s tu di co n/ Bl an -k /li ne ar _d es ig n/ Sh ut te rs to ck Essas atitudes e sentimentos pessoais levaram Gardner e Levy (1955) a formar o conceito de imagem do produto e da marca. Os autores analisaram que o consumidor incute a si mesmo uma reputação conforme a marca do produto ou serviço que, para ele, ex- põe uma imagem de estabilidade. Nesse sentido, é possível corroborar com a ideia de Keller e Machado (2006) sobre a marca também ser um produto que satisfaz a necessidade do consumidor. Aaker (2007), am- pliando essa perspectiva, afirma que a marca é mais que um produto, pois grande parte das estratégias de definição de pre- ços, segmentação e comunicação pautam-se nela. Assim, a afinidade da marca com o cliente só é concretizada quando ela lhe diz algo, isto é, quando o cliente já criou uma imagem positi- va da marca. Tal imagem positiva é exatamente o valor de marca ou brand equity, definido por Kotler e Keller (2006, p. 270) como “o valor agregado atribuído a produtos e serviços [...] um importante ativo intangível que representa valor psicológico e financeiro para a empresa”. O brand equity pode ser mais bem ex- plicado em uma versão apresentada em diversas propagandas, chamada teste bsd/Shutterstock bsd/Shutterst ock Gestão de marca 71 cego. Utilizado inclusive como um exercício comum em cursos de publicidade quando se trabalha com o segmento alimentício, esse teste constitui-se da se- guinte situação: o cliente recebe três produtos sem rótulos, experimenta todos e, por meio do sabor, es- colhe o seu favorito. Para Kotler e Keller (2006), ocorre brand equity positivo quando o cliente reage positivamente ao produto, de modo a identificar a marca. Entende-se que o cliente é mais inclinado a consumir um produto de determinada marca quando a identifica, sendo fun- damental distinguir a marca, portanto, para atribuir valor ao produto. O ponto-chave da comunicação é o cliente. Ainda que seja impor- tante, a marca precisa mostrar que seu público é seu alvo. É preciso criar situações favoráveis no quesito consumo para o brand equity ser favorá- vel. Para Kotler e Keller (2006, p. 271), “o conhecimento da marca consis- te em todos os pensamentos, sensações, imagens, experiências, crenças etc. ligados à marca. Especificamente, elas devem criar associações for- tes, favoráveis e exclusivas com os clientes”. Exemplos de atos que geram fortes associações com o consumidor são cada vez mais assíduos. Um desses exemplos é o de um jornal de São Paulo, que, segundo Moura e Araújo (2014, p. 13), presenteou di- versos formadores de opinião com almoço grátis: Consistia em uma quentinha, entregue como mala direta. Na tampa do recipiente estava impressa a primeira folha do jornal. Informação e satisfação de necessidades, visto que era entregue na hora do almoço. Uma experiência com a marca que faz com que o consumidor se sinta importante e divulgue o presente, for- talecendo o brand equity. Depois de gerado o brand equity, é necessário monitorar constante- mente, verificando se o valor está sendo atribuído ao produto de maneira favorável. Para isso, apresentam-se duas abordagens: • Abordagem indireta: “avalia fontes potenciais de brand equity identificando e rastreando as estruturas de conhecimento da marca por parte do consumidor” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 281). Tal abordagem visa o fortalecimento do valor da marca. bsd/S hutt erst ock 72 Marketing Estratégico • Abordagem direta: calcula o impacto do consumidor, ou seja, usa a avaliação do consumidor para analisar se o resultado é po- sitivo ou negativo (KOTLER; KELLER, 2006). Assim, para conquistar o cliente, é preciso que a organização tenha um diferencial de marca para chamar mais a atenção, assegurando es- pontaneamente um espaço em sua mente e estimulando cada vez mais a vontade de ter o produto ou serviço oferecido. 5.2 Imagem, identidade e percepção Vídeo É fundamental construir o valor da marca, pois isso determina se o cliente vai interagir com ela de maneira assertiva. Não se trata so- mente de uma tipologia e um desenho, são diversas características subjetivas, incluindo qualidade, atendimento, rapidez. Para atingir um bom lugar na mente do cliente, é preciso harmonia entre identi- dade e imagem da marca. A identidade da marca é o modo como a organiza- ção quer ser vista. Para elucidar, Khauaja (2008, p. 80) explica: “identidade é um conceito de emissão, e imagem é um conceito de recepção”. A imagem da marca, por sua vez, precisa ser considerada pela ótica do cliente. É o conjunto de impressões que o cliente e, até, o potencial cliente têm da marca. Para Caldas e Godinho (2007), uma marca precisa ser eficiente em fazer com que o cliente esteja disposto a gastar mais dinheiro por um produto específico. Um exemplo é a lã de aço da marca Assolan, que diante da dominação do mercado pelo Bombril precisou aderir a um novo método de posicionamento, fazen- do com que a identidade e a imagem da marca atraíssem o cliente que busca solução para a sujeira difícil. Keller e Machado (2006) dizem que uma imagem da marca favorá- vel é gerada por programas de marketing que fazem associações ex- clusivas dela à memória. O objetivo é que a estratégia de marketing harmonize a marca no que diz respeito à identidade e imagem de ma- neira positiva. A empresa, então, mostra o que é o produto verdadeira- mente, e o cliente entende a concepção deste. everydayplus/Sh utter stoc k Para saber mais sobre o marketing da Assolan, sugere-se a leitura do tex- to Assolan se reposiciona como solução para sujeira difícil, publicado no site Mundo do Marketing. Disponível em: https://www. mundodomarketing.com.br/ ultimas-noticias/35800/assolan-se- -reposiciona-como-solucao-para- -sujeira-dificil.html. Acesso em: 19 mar. 2020. Saiba mais Gestão de marca 73 Entende-se, assim, que a imagem da marca é totalmente ligada ao cliente e sua ótica. A percepção da marca é o produto de uma expressão gráfica (ela tem uma cara), de uma expressão filosófica (ela tem alguma coisa a dizer) e de uma experiência (ela tem alguma coisa a tro- car). Cada um desses momentos remete à origem da marca e à confiabilidade e de seus propósitos. Por isso a imagem, o discur- so e a ação devem fazer sentido entre si, como membros de uma mesma família ética. (VIEIRA, 2002, p. 119) A imagem da marca está ligada diretamente ao que o cliente percebe. Diante da concorrência, às vezes é necessário aderir a um novo método de posicio- namento, fazendo com que a identidade e imagem da marca fiquem subs- tanciosos para atrair o público. No artigo A influência da marca no ambiente organizacional (B2B), de Paulo Afonso Barbosa da Silveira, publicado na RevistaAdministração e Diálogo em 2008, é possível verificar a importância e influên- cia da marca no mercado. Acesso em: 29 jan. 2020. https://revistas.pucsp.br/rad/article/view/2127 Artigo A percepção, segundo Peruzzolo (2002, p. 28), “é relevante para todo processo comunicacional, já que ‘a primeira e mais fundamental condição para que aconteça a relação de comunicação é a percepção do diferente, que é por onde se traçam os limites do comunicável e do não comunicável”. Sendo tão relevante, é válida a definição de Sheth, Newman e Gross (2001, p. 286) sobre a percepção ser “o processo pelo qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta a informação que recebe do ambien- te” . Resumidamente, a “percepção tem sido definida como sensações acrescidas de significados” (GADE, 1998, p. 29). A percepção acontece em três fases que partem do estímulo, ou seja, de algo que anime o cliente e o incite a querer um produto ou serviço. De acordo com Sheth, Newman e Gross (2001), essas três fases são sensa- ção, organização e interpretação, representadas na figura a seguir. 74 Marketing Estratégico Figura 2 Processo de percepção ESTÍMULO SENSAÇÃO ORGANIZAÇÃO INTERPRETAÇÃO (estímulo é captado) (estímulo é comparado com o que está na memória) (acrescenta significado ao estímulo) Fonte: Elaborado pelos autores com base em Sheth, Newman e Gross, 2001, p. 47 A sensação é o que o produto desperta no cliente por meio de um dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar). Os autores destacam que a sensação é o elemento fundamental da percepção, já que um estímulo sem sucesso não alcança o limiar perceptual. A organização é a classificação do estímulo. Pode envolver, por exemplo, o cliente experimentar uma comida e classificá-la como pa- recida com algo que já comeu. Vale ressaltar que as percepções de um mesmo estímulo podem ser totalmente diferentes entre os clientes, de acordo com suas carac- terísticas individuais, como cultura, valores e experiências. É possível reiterar que a percepção é um processo dinâmico. Afinal, “o mecanismo perceptual rege as relações entre o indivíduo e o mun- do que o cerca e todo o conhecimento é necessariamente adquirido por meio da percepção” (KARSAKLIAN, 2000, p. 42). Quando se fala em imagem de marca é imprescindível considerar a percepção. A imagem é “o conjunto das percepções que um consu- midor tem de um produto, uma empresa, uma pessoa ou uma ideia. Estruturalmente, a imagem toma a forma de constelação de associa- ções entre o estímulo e um número variável de atributos discrimina- tórios” (KARSAKLIAN, 2000, p. 181). A imagem da marca, portanto, pode ser definida como um produ- to das percepções do cliente, já que por meio delas a marca ganha sentido. Gestão de marca 75 5.3 Gestão da concorrência Vídeo É preciso ter planejamento, estratégia e ousadia para gerenciar uma marca, assim como é necessário observar tendências e apostar em novos modelos de ação de marketing, sempre com o objetivo de atingir o que o cliente quer. Atualmente, estruturar uma marca forte é questão de sobrevivência. Mesmo que uma organização chegue à falência e perca a estrutura fí- sica, a força da marca ainda poderá existir. Com base nisso, pode-se afirmar que a marca é o que há de mais importante nas empresas. Quando bem estruturada, persevera mesmo diante de crises financei- ras, podendo ainda trazer lucro se negociada. Apesar de não existirem mais, muitas marcas são vendidas para a concorrência por altos valores. Nesse sentido, a organização deve voltar-se às necessidades atuais e futuras dos consumidores, que também influenciarão seus concorren- tes. Na visão de Kotler (2000), obter informações sobre clientes, concor- rentes e dados ambientais, que alteram as variáveis mercadológicas, é estratégia de uma gestão em constante monitoramento sobre a força de suas vendas. Para Pozzebon, Freitas e Petrini (1997 apud OLIVEIRA; PEREIRA; QUEIROZ, 2012, p. 10), a vantagem competitiva está em: como trabalhar as informações de mercado (clientes e concorrentes), as informações tecnológicas e as informações de tendências externas, políticas e socioeconômicas, provenientes de comunicações verbais e escritas, de documentos, de entrevistas, de reunião, de programas de rádio e TV, bem como informações obtidas na Internet, que são armazenadas de forma não estruturada e dispersa. Quando se leva em consideração a concorrência, de acordo com Kotler (2000), a organização deve buscar o equilíbrio entre o foco na orientação para o concorrente e na orientação para o cliente, de acordo com suas metas e objetivos, para real crescimento nos segmentos de mercado. Analisar a concorrência é verificar metas futuras, estratégias, hipóteses, capacidades e perfil de resposta do consumidor, levantando pontos fortes e fracos (PORTER, 1986). Na figura a seguir estão algumas variáveis possíveis de análise da concorrência. 76 Marketing Estratégico Figura 3 Variáveis para a análise da concorrência Perfil de respostas do concorrente • O concorrente está satisfeito com a sua posição atual? • Quais os prováveis movimentos ou mudanças estratégicas que o concorrente fará? • Onde o concorrente é vulnerável? • O que provocará a maior e mais efetiva retaliação pelo concorrente? O que orienta o concorrente O que o concorrente está fazendo e pode fazer Metas futuras Hipóteses Estratégia em curso Capacidades A todos os níveis da administração e em várias dimensões. Sobre si mesmo e sobre a indústria. De que forma o negócio está competindo no momento. Tanto os pontos fortes como os pontos fracos. Nesse caso, para alavancar a marca perante a con- corrência e orientar-se para o mercado, colhendo os benefícios de um direcionamento estratégico, há a necessidade de um bom planejamento e estudo, ten- do em vista toda a complexidade do mercado que se quer atingir. Com a importância atual da marca em relação ao patri- mônio de uma organização, é preciso que os empresá- rios atentem às suas características. É necessário mais que criar uma marca e deixá-la no mercado: deve-se fazer um trabalho contínuo de acompanhamento do crescimento no mercado. Golden Sikorka/Shutterstock Fonte: Adaptada de Porter, 1986, p. 62. Gestão de marca 77 A construção da marca, portanto, exige mais do que apenas a construção da imagem da marca. Ela requer o gerenciamento de todo contato com a marca que o cliente possa ter. Uma vez que todos os funcionários, distribuidores e revendedores da em- presa podem afetar a experiência com a marca, o desafio é ge- renciar a qualidade de todos os contatos com a marca. (KOTLER, 2000, p. 94) Administrar uma marca não implica gerar estratégias milionárias. É fundamental pensar que se refere a um trabalho com foco externo e interno, isto é, com foco nas mudanças dos clientes, da concorrência e do mercado. A estratégia mais assertiva é acompanhar o mercado, conhecê-lo e ter uma rápida reação. A marca é parte de um complexo que atua de modo incorporado a outras áreas. Sobre isso, segundo Knapp (2002, p. 25), “a liderança e a equipe executiva da organização devem guiar e reconhecer como sua esta doutrina. A função primordial do marketing, entre outras respon- sabilidades, é comunicar a percepção de marca desejada, utilizando os meios e mensagens apropriados”. É válido destacar que o gerenciamento de marcas está correlacionado a todas as estratégias de marketing, como valor, distribuição e produto. A publicidade é uma mensagem divulgada em uma mídia sobre determi- nado produto e suas características; este é um modo de promoção. O desafio básico é estabelecer qual ação é a mais assertiva em cada momento. Concentrar as ações de propaganda e realizá-las no momento correto é uma aptidão essencial para um administrador de marca. Colabora para esta reflexão a afirmativa de Sampaio (2002, p. 223): “a batalha entre propaganda e promoção mostrou-se um tremendo erro para o marketing de marcas”.De acordo com o autor, a propaganda e a promoção podem ser empregadas em momentos distintos, ainda que precisem caminhar juntas para que os objetivos sejam alcançados. Algu- mas características como nicho, perfil de cliente e intensidade de uso tam- bém definem a utilização de uma ou outra ação. A concentração do investimento em propaganda pode gerar awareness (nível de recordação da marca) em níveis excelentes a longo prazo, mas comprometer volume ou velocidade de giro no ponto de venda a curto prazo. Assim apostar todas as fichas na promoção pode motivar vendas imediatas e nenhuma fidelidade futura. (SAMPAIO, 2002, p. 223) 78 Marketing Estratégico Estabelecer as estratégias mais assertivas é difícil, pois exige bom planejamento e estudo. A base do gerenciamento de marcas é unir o planejamento e a pesquisa, além da intuição do gerente. O propósi- to, ao fazer isso, “é evitar tanto a elevada margem de erro da intuição como o formalismo e previsibilidade atrelada ao passado que caracte- riza a pesquisa” (SAMPAIO, 2002, p. 130). O planejamento assertivo aju- dará a estruturar as ideias e reprimir improvisos ao longo do trabalho. O diferencial das marcas começa no seu projeto, ou seja, nas de- zenas de detalhes que formam o seu todo, da formulação física a propaganda, da distribuição a programação visual. Quanto mais original for cada detalhe e o conjunto, mais fácil será criar uma personalidade exclusiva para a marca. (SAMPAIO, 2002, p. 227) Empenhar-se no aprimoramento da qualidade e funcionalidade do produto pode ser um fator decisivo. Além do mais, oferecê-lo de modo eficiente, e de maneira que o cliente sempre o encontre quando quiser, recairá em vantagem competitiva. Para o consumidor, o produto é a parte mais palpável da marca, tornando-o a base de assimilação imediata. Por isso, o cliente encontra no produto características que mais o fazem reconhecer a marca. No âmbito da tecnologia, investir muito na funcionalidade traz para a mar- ca maior credibilidade e evidência em relação aos concorrentes. Depois que as características competitivas do produto são deter- minadas, cabe ao administrador oficializar as metas coerentes com o segmento de atividade da marca no mercado. Exibindo claramente as metas, será mais fácil decidir as ferramentas de marketing apropriadas. Isso se chama branding, ou seja, planejar, executar e avaliar as marcas. 5.4 Gestão de reputação da marca Vídeo De acordo com Dowling (2001), a reputação é baseada em valores, visto que, no âmbito do comportamento organizacional, autenticidade, integridade e honestidade são fundamentais. O quesito reputação é indispensável para consolidar a política de confiança. Escândalos podem atingir a reputação e, por conseguinte, a credibilidade. Uma reputação sólida, segundo Argenti (2006, p. 97), “é criada quando a identidade de uma organização e sua imagem estão Gestão de marca 79 alinhadas”. Para o autor, ainda, “a reputação diferencia-se da imagem por ser construída ao longo do tempo”. O público traduz a imagem da marca, ou seja, percebe a identida- de e a reputação da marca no produto. É o esforço do profissional de marketing que torna positiva a reputação, de modo a expressar nela os atributos organizacionais. A imagem corporativa, segundo Vieira e Freitas (2001, p. 2), “tem sua origem na organização, constituída a par- tir da percepção e da interpretação da identidade pelos seus distintos públicos”. A maneira como o consumidor percebe os sinais de identidade da organização modela a sua imagem e valoriza seu brand equity. Nesse sentido, a combinação do valor psicológico e do valor financeiro da or- ganização estimula suas vendas e atrai bons parceiros. A reputação se relaciona direta e imediatamente à confiança. Por- tanto, gerenciar a imagem e a reputação de uma organização implica planejar, investir significativamente e relacionar-se adequadamente com os principais públicos de interesse. A imagem e a reputação estão interligadas e compõem o principal ativo intangível das organizações. Há que se tomar cuidado, pois a reputação pode declinar, como ocorreu nos casos da Coca-Cola, com o produto New Coke 1 , e da Pepsi, com a Crystal Pepsi 2 . Esses produtos não foram avaliados adequada- mente na ocasião do lançamento, e as organizações não perceberam a ambiguidade e imprecisão das mensagens veiculadas, colocando em risco o futuro dos seus próprios produtos posicionados, líderes, muito comprados por consumidores exigentes. Construir a reputação e confiança da marca mensurando o retorno do investimento não é fácil. Para manter o prestígio, as organizações precisam reinventar-se, como aconteceu com a Lotus Software (atual- mente subsidiária da IBM). Ao deixar de ser líder no mercado de pla- nilhas eletrônicas com o software Lotus 1-2-3, redefiniu seu negócio, voltando a liderar o segmento com Lotus Notes. Assim, a capacidade de se reinventar e manter em alta a marca justifica a manutenção de sua reputação. Cada vez mais, para manter sua reputação, as organizações visam mecanizar seus processos a fim de aumentar a produtividade, reduzir o esforço físico e repetitivo dos funcionários, aumentar o nível de pa- dronização do produto e, dessa forma, melhorar os resultados. Con- É importante entender o que é necessário para posicionar uma marca no mercado e manter sua reputação. Assim, o site da Viver de Blog traz conteúdos que facilitam o entendimento sobre como obter sucesso por meio do marketing de conteúdo, uma vez que, hoje, o consumidor é quem pesquisa, com- para e, finalmente, faz a compra. Disponível em: https://viverdeblog. com. Acesso em: 29 jan. 2020. Site A respeito do lançamento da New Coke, sugere-se ler o artigo oficial da companhia Coca-Cola, intitulado O dia em que a nossa fórmula mudou: a verdadeira história da New Coke. O artigo esclarece por que este lançamento “entrou para a história dos grandes fracassos do marketing”. Disponível em: https://www.coca- colabrasil.com.br/historias/o-dia- -em-que-a-nossa-formula-mudou. Acesso em: 19 mar. 2020. 1 Leia a respeito da Crystal Pepsi no artigo Como um fracasso da Pepsi ajudou a Pizza Hut e o KFC, publi- cado no site da Revista Exame. O artigo destaca como o criador da ideia a avalia na história da marca. Disponível em: https://exame.abril. com.br/negocios/como-um-fracas- so-da-pepsi-ajudou-a-pizza-hut-e- -o-kfc/. Acesso em: 19 mar. 2020. 2 80 Marketing Estratégico sequentemente será fortalecido o reconhecimento de sua marca, por meio da satisfação dos clientes cujas necessidades foram atendidas. As organizações lidam com suas limitações, desde mão de obra e ma- téria-prima a investimentos e outros fatores. Então, quando satisfazem clientes e empregados, geram lucro, são estáveis no mercado, mantêm sua reputação e se expandem, significa que estão no caminho certo. Manter a qualidade na perspectiva do comerciante pode ser dife- rente da perspectiva do cliente. Geralmente a organização visa atender às suas próprias expectativas, com um padrão já estabelecido, e acre- dita ser este o melhor em termos qualitativos. Esquece-se de verificar o que esse produto ou serviço realmente representa para seus clientes. É importante assumir que um produto ou serviço de qualidade atende às exigências dos clientes, deixando-os satisfeitos (RODRIGUES, 1999). Nesse sentido, convém entender que essas exigências podem envolver a disponibilidade, entrega, confiabilidade, entre outros requi- sitos associados ao produto ou serviço, de modo que é válido conside- rá-los antes de sua produção ou execução (KOTLER; KELLER, 2006). O envolvimento e comprometimento da gestão da qualidade e da reputação são apontados como as principais ações para o sucesso da organização. A partir dos anos 1990, a qualidade de produto passou a ter muita importância, em todos os ambientes industriais, como uma condição necessária, mas não suficiente, para a implementação bem- -sucedida da estratégia de umaempresa. Nesse caso, desenvolver uma estratégia é fundamental para que uma organização mantenha-se viva em seu nicho. Para Mintzberg e Quinn (2001, p. 37, grifos nossos), “estratégias podem ser encaradas como afirmações a priori para orientar providências ou resultados a posteriori de um comportamento decisório real”. Uma gestão de reputação voltada para a qualidade objetiva plane- jar, controlar e padronizar processos. Cabe às organizações encontrar meios que priorizem a qualidade nas decisões, alcançando e mantendo a imagem, identidade e reputação de suas marcas. Gestão de marca 81 CONSIDERAÇÕES FINAIS Toda organização deve refletir sobre sua marca, uma vez que seus clientes estabelecem com ela um relacionamento afetivo. Ao faltar ofer- ta de produto ou serviço, os consumidores optam por outros similares, por isso a atenção a esse fator é muito importante. A presença da marca nos pontos de venda, nesse contexto, é essencial para estabelecer esse relacionamento. A percepção advém das divulgações jornalísticas e especializadas quanto ao valor da marca, e o posicionamento é reforçado em todas as comunicações de maneira comercial. A segurança e autoconfiança asso- ciadas aos produtos/serviços oferecidos tendem a exercer influência no comportamento de compra de seus públicos. Cabe às organizações, que desejarem construir uma reputação de re- ferência, desenvolverem estratégias envolvendo todos os públicos, direta e indiretamente. Proporcionar um local de trabalho agradável aos seus colaboradores e produtos /serviços de qualidade a seus clientes produz resultados satisfatórios, bom relacionamento, comunicação eficaz e muito mais, a depender da criatividade e proatividade de cada empresário. ATIVIDADES 1. O que é o brand equity? 2. A aceitação à marca pode ser mensurada pelo seu reconhecimento, pela preferência do consumidor e pela insistência da marca. Especifique cada uma dessas etapas. 3. A organização pode encontrar algumas variáveis possíveis de análise da concorrência. Quais são elas e por que são necessárias? REFERÊNCIAS AAKER, D. A. Construindo Marcas Fortes. Porto Alegre: Bookman. 2007. ARGENTI, P. A. Comunicação Empresarial: a construção da identidade, imagem e reputação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. BOONE, L. E.; KURTZ, D. L. Marketing Contemporâneo. Trad. de Roberta Schneider. São Paulo: Cengage Learning, 2009. CALDAS, A.; GODINHO, L. A. C. A percepção quanto ao valor da marca. 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Transparência e Imagem Institucional: o caso do Banco Central do Brasil. Revista Eletrônica Gestão e Sociedade, ed. 1, ago. 2001. VIEIRA, V. A. As tipologias, variações e características da pesquisa de marketing. Revista da FAE: Curitiba, 2002. Comportamento do consumidor 83 6 Comportamento do consumidor O comportamento do consumidor é um assunto bastante complexo e relevante para quem atua na área de marketing. Para entender o cliente, o profissional de marketing precisa estudar as ciências comportamentais e como o cliente se comporta em cada fase, desde o planejamento da compra até ela ser efetivada. Atualmente, as questões motivacionais do cliente têm sido observadas por meio de estudos da personalidade e do compor- tamento. Apesar de algumas vezes não obterem informações evi- dentes, esses estudos auxiliam na escolha de quais caminhos os profissionais do marketing devem levar em conta para entender as necessidades e os escopos do cliente. Diante da necessidade sucessiva de encontrar estratégias que funcionem para influenciar o cliente, são notados grandes investi- mentos em pesquisas nesse assunto. É preciso que seja monitorado o processo de decisão do cliente, visto que o objetivo do marketing é justamente satisfazer as preferências e necessidades do cliente. 6.1 O personagem cliente Vídeo O cliente pode ser definido como quem toma uma decisão de compra. Ele assume muitas formas, podendo ser a pessoa efetuando a transação, bem como uma empresa, um comprador, um pagante, um usuário, entre outras. Portanto, é com o cliente que a organização negocia. Ele procura o produto ou serviço da organização com alguma expec- tativa, seja a necessidade de um serviço, seja o interesse em um novo produto. Se a organização propiciar o que o cliente procura, fortalecerá sua fidelidade e a chance de nova compra. Caso a experiência não seja boa, certamente o cliente procurará a concorrência. 84 Marketing Estratégico Geralmente, consumidores têm níveis de fidelização distintos a marcas, lojas e empresas específicas. Kotler (2003 apud OLIVER, 2010, p. 133) define fidelidade como “um compromisso profundamente arraigado de com- prar ou recomendar repetidamente certo produto no futuro, apesar de influências situacionais e esforços de marketing potencialmente capazes de causar mudanças comportamentais”. Com o avanço tecnológico e a era da internet, o cliente define o mercado, uma vez que recebe informa- ções das mais variadas fontes e com imensa velocida- de (MAINARDES, 2006). O personagem cliente é alguém com muita informação, exigente e com muitas opções de compra, o que faz com que as organizações o respeitem mais, tomem cuidados e tenham certas responsabilida- des, desencadeando mudanças na mídia, nos hábitos de consumo, nas relações comerciais e institucionais. O cliente que se sente prejudicado em seus direitos atualmente é amparado por leis específicas e pode, por meio das mídias, levar essa informação a vários outros clientes, ou potenciais clientes, manchando a reputa- ção da organização. Por isso, a integridade, o respeito, a ética, a res- ponsabilidade, o comprometimento, a seriedade pela qualidade de seus produtos e serviços são de suma importância. A fidelidade à marca descreve um comportamento de compra repe- tido, que reflete uma decisão consciente de continuar adquirindo seus produtos e serviços. É por meio dessa fidelização que a organização pode mensurar a qualidade de seus produtos ou serviços. O cliente, portanto, évisto como um avaliador de produto, o que traz vantagem competitiva para a organização. Então, vale a pena man- ter o foco no cliente e personalizar seu relacionamento com a empresa. Para Zenone (2001), a organização que mantém o foco no cliente cer- tamente irá construir relações de confiança e credibilidade e poderá medir a retenção dele. kuroksta/Shutterstock Comportamento do consumidor 85 É preciso compreender que o processo de compra engloba vários personagens e que a organização precisa estar atenta a todos que participam dele, não somente ao pagador. O personagem cliente relaciona-se com a organização dependendo do que ele considera importante e de acordo com as oportunida- des de fortalecimento dessa relação. Tendo em vista a necessidade de ajustar a interação ao perfil de cada cliente, o quadro a seguir apresenta algumas características importantes. Quadro 1 Características de clientes Tipos Características Tratar com... Nervosos • Cansados • Excitáveis • Intolerantes • Impacientes • Paciência • Boas maneiras • Calma • Cortesia Indecisos • Preocupados • Ansiosos por argumentar • Temerosos • Inseguros • Cortesia, expondo seus próprios pontos de vista • Paciência Do contra • Céticos • Inquisidores • Argumentadores • Insolentes • Simplicidade • Competência • Breve cortesia • Autocontrole Silenciosos • Com pouco conhecimento • Pensativos • Irônicos • Tristes • Perguntas relevantes • Paciência e cortesia, encorajando-os a falar Submissos • Reservados, sensíveis • Indecisos • Muito idosos ou muito jovens • Estrangeiros • Gentileza • Decisão • Simpatia • Cortesia, tentando ajudá-los Difíceis • Críticos • Indiferentes • Taciturnos • Segurança e competência • Tato • Perseverança Normais • Cordiais • Amigáveis • Cortesia • Eficiência • Consideração Fonte: Guadanhim, 2014, p. 20. bsd/ Shu tter sto ck 86 Marketing Estratégico Todos os perfis de clientes, sem exceção, trazem importante contribui- ção na determinação do posicionamento no mercado. Logo, devem ter atendimento personalizado e sentir-se valorizados, pois trazem as infor- mações “boca a boca”, ajudando as atividades de pós-marketing da orga- nização. O cliente avalia um produto e/ou serviço, julga-o em função do padrão de qualidade, com expectativas que se relacionam às anteriores, ou fundamenta suas expectativas pré-compra na propaganda espontânea. De acordo com Kotler e Armstrong (2007), a empresa deve criar valor para o cliente e administrar seu relacionamento com ele. Nesse caso, é necessária a atração com proposições de valor. Cabe à organi- zação projetar estratégias, desenvolver programas integrados de mar- keting e entregar valor e encantamento ao cliente. Fortalecer o relacionamento do cliente com a organização implica oferecer atendimento personalizado, de modo a fazê-lo se sentir único. Para isso, é preciso: • Identificar o cliente: condição fundamental, pois significa conhe- cer sua identidade, levantar suas possíveis reclamações, entender suas necessidades e sua história. É o momento de a organização ser proativa, visto que ao conhecer seus clientes pode verificar seu comportamento de compra e observar perfis parecidos. • Diferenciar: cada cliente se diferencia no modo de se relacionar com a organização, por características demográficas e psicológicas, sendo classificado conforme seu valor e suas necessidades. Os clien- tes de maior valor são encontrados pelo indicador lifetime value. • Interagir: são as trocas de produtos, serviços, informações e ro- tinas administrativas. A interação é o meio para conhecer melhor o cliente e, assim, personalizar serviços e produtos para torná-los conveniência. É na interação que o relacionamento com o cliente começa a aparecer, de modo que a organização aprende sobre os interesses e as prioridades específicas dele. Saber o que o cliente realmente quer quando cria expectativas que devem ser atendidas permite identificar as necessidades dele, com informa- ções em uma base de dados histórica. • Personalizar: a personalização é feita com base nas necessidades dos clientes. Para alguns deles, a melhor oferta é a de produtos e serviços de baixo custo. Outro meio de personalização é a surpre- sa da organização em antecipar as necessidades dos seus clientes. lifetime value: “calcular o valor do tempo de vida de um cliente requer uma estimativa do fluxo de caixa que o cliente deve proporcionar se atingir um nível médio de fidelidade” (REZENDE, 2005, p. 407). Glossário Comportamento do consumidor 87 Manter relacionamentos estáveis e duradouros com seus clientes é importante para as organizações conseguirem encantá-los e atraí-los, promovendo a compra de seus produtos ou serviços. Esses relaciona- mentos favorecem identificar o que os clientes procuram e correspon- der a isso por meio de um atendimento personalizado. Conquistar um novo cliente é fundamental, mas sua retenção é mais lucrativa para a organização. 6.2 Processo de decisão de compra Vídeo A decisão de compra engloba o fato de o cliente reconhecer que precisa do produto. Então, depois de buscar informações e avaliar as opções, ele decide comprar e experimenta os sentimentos do processo seguinte – a pós-compra. É necessário diferenciar a necessidade e o desejo do cliente, visto que o foco da em- presa é atingir os dois. A necessidade diz respeito ao que o cliente precisa para ter um conforto mínimo. Já o desejo se refere a quando o cliente quer um serviço ou pro- duto, independentemente da necessi- dade. O processo decisório envolverá valores, necessidades e influências. Kotler (1999) diz que as organi- zações não devem se ver como vende- doras de produtos, mas como criadoras de clientes lucrativos. Nesse sentido, cabe refletir a respeito do comportamento pós-compra, essen- cial para a retenção do cliente: O consumo ou uso, integrantes do comportamento pós-compra, inevitavelmente vão gerar outro elemento dentro desse estágio: a avaliação pós-compra. Por meio dela, sentiremos satisfação ou insatisfação quanto à compra realizada, uso ou consumo. [...] Desse processo resultarão duas opções: a decisão do consumi- dor confirmar sua escolha e, provavelmente, realizar novas com- pras, ou a conclusão de que tomou uma decisão insensata e a opção de não voltar a comprar mais o produto específico (marca e modelo) adquirido. (SAMARA; MORSCH, 2005, p. 204) 200dgr/Shutterstock 88 Marketing Estratégico Toda organização que quer êxito financeiro não pode desprezar o comportamento de seu cliente, assim como os fatores que influenciam sua compra e a avaliação que ele faz após a experiência dela. Evitando subestimar o quanto o cliente pode se tornar lucrativo, é necessário também considerar que a procura de produtos ou serviços ocorre em duas modalidades: por meio de lojas físicas e de lojas vir- tuais. Essa prática, já bastante utilizada, estabelece uma concorrência a ser administrada. De acordo com Vaz (2011, p. 116), “o surgimento da internet propor- cionou que as pessoas pudessem difundir as informações de forma mais rápida e mais interativa. Tal mudança criou novos canais e, ao mesmo tem- po, uma pluralidade de novas informações circulando nos grupos sociais”. São muitos os fatores que influenciam a compra. O consumidor quer ser úni- co para a organização, e hoje as vendas virtuais trazem grande acervo para atender aos desejos e às necessidades dele. O artigo A influência dos blogs na decisão de compra: um estudo exploratório no segmento de beleza, de Edson Crescitelli e Yumi Tagawa, publicado na revista Comunicação & Sociedade em 2015, é uma boa leitura acerca da influência virtual. Acesso em: 18 fev. 2020. https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/CSO/article/view/4791/4895 Artigo Em contrapartida, a internet também pode ser utilizada pela orga- nização para captar potenciais clientes, posto que tanto a concorrência quanto os clientes podem vir de qualquer lugar.O local virtual influen- cia diretamente o local físico, portanto, o cliente pode visualizar mais rapidamente o produto na internet e procurá-lo na loja física. Se não o encontrar, retorna para a loja virtual. Esses canais influenciam, então, diretamente o processo de tomada de decisão de compra dos clientes. As organizações, por isso, precisam se estruturar para interagir com eles nesse contexto ou ficarão obsoletas. Até chegar à compra virtual ou física, a decisão de compra tem início no reconhecimento da necessidade ou problema a ser solucionado com um produto ou serviço. Atenta a isso, a organização busca atender à satisfação do cliente, que pode vir de um estímulo interno (estado de desconforto físico ou psicológico, como fome) ou externo (o despertar do interesse ao assistir a uma propaganda, por exemplo). Ar te m Ko va len co /S hu tte rs to ck Comportamento do consumidor 89 Para entender melhor qual pode ser a motivação do cliente, a Figura 1 representa o reconhecimento de sua necessidade: Figura 1 Reconhecimento de necessidade Reconhecimento de necessidade de reposição funcional emocional repor um produto de baixo custo, comprado com frequência. exigência específica do consumidor por um produto ou serviço de custo mais elevado e vida útil mais longa. difere de pessoa para pessoa; dependendo do estado emocional, será tomada a decisão de compra. Fonte: Adaptado de Dias, 2003, p. 57. Após pensar em sua necessidade, em geral, o cliente busca informa- ção ligada ao estado desejado, valendo-se da estratégia de pesquisa. Se satisfeito com a quantidade e qualidade das informações, continuará o processo decisório. O cliente avaliará as alternativas de produtos que satisfaçam sua necessidade, observando características funcionais, retorno emocional percebido e benefícios de sua posse e utilização. Na sequência, avaliará as alternativas de compra para saber onde há mais vantagens e benefícios na aquisição do produto ou serviço. Em geral, os consumidores vão à loja física para obter informações e analisar o produto. Nesse caso, os vendedores são importantes fontes de informação e influência no processo. Por fim, ocorre a decisão de compra, momento em que o consu- midor aplicará o conhecimento obtido quando pesquisou informações sobre o produto e o avaliou. É nesse momento, quando fez sua esco- lha, que o consumidor buscará satisfazer necessidade e desejo. Para a compra se efetivar, o cliente identifica a alternativa preferida, age em função da intenção de compra e a implementa. Para saber como o consumidor avalia e chega à decisão de compra, é necessário analisar o que ele valoriza mais: o retorno emocinal e benefícios ou as características funcionais do produto? Atenção 90 Marketing Estratégico 6.2.1 Estágios do processo de compra Como visto, o processo de compra se organiza em estágios: admis- são de necessidade ou problema; procura de informações; ponderação de opções de produtos; ponderação de opções de compras; apuração de produto; e conduta pós-compra. A figura a seguir mostra como o cliente pode tomar suas decisões no momento de fazer uma compra, o que não é uma regra. Figura 2 Processo de decisão de compra Reconheci- mento das necessidades 1 2 3 4 5 Busca das alternativas Avaliação das alternativas Atividade de compra Avaliação pós-compra Fonte: Solomon, 1999, p. 63. Segundo Churchill Jr. e Peter (2000), a necessidade do cliente, pri- meiramente, é influenciada por sensação interna – por exemplo: comer por sentir fome – ou, ainda, por um estímulo externo – por exemplo: arrumar-se para atrair o(a) parceiro(a). Toda essa necessidade culmina em uma motivação. Depois de avaliar os produtos ou serviços, identificar o que melhor agregará valor, considerar as vantagens e os benefícios, analisar onde adquiri-los, o cliente chega, então, à tomada de decisão da compra. Cabe à organização entender os pensamentos, os sentimentos e as ações dos seus clientes, que reagem das mais diversas formas quando são estimulados para o consumo. Cliente é uma pessoa que se acostuma a comprar de sua em- presa. Esse costume se estabelece por meio da compra e da in- teração frequente durante um período de tempo. Se não houve um registro sólido de contatos e de compra regulares, essa pes- soa não será um cliente de sua empresa, será um “comprador”. (GRIFFIN, 1998, p. 47) Comportamento do consumidor 91 Vale salientar que esse processo acontece em um âmbito onde o cliente recebe continuamente influências de diferentes lugares, assim como diferentes informações. Até mesmo o uso que outra pessoa faz de determinado produto é colocado em um “banco de dados” do cliente. Tais informações são usadas até mesmo quando o cliente está na loja. É possível compreender, portanto, que nem sempre o cliente segue a ló- gica planejada pelo marketing ao fazer a compra, pois está sob essas in- fluências e também considerando suas próprias experiências anteriores. 6.3 Influência do comportamento de compra Vídeo O comportamento dos consumidores é bastante complexo de ser compreendido. Por isso, o marketing desempenha importante papel como estratégia de proximidade e retenção deles. Como visto, diversos fatores, internos e externos, influenciam o pro- cesso da compra. O cliente pode ser comprador, influenciador e utiliza- dor isoladamente, bem como ser todos ao mesmo tempo. Conforme Aligleri (2003), por exemplo, até a renda do consumidor influencia a decisão da compra, o que gera, para cada decisão, estímu- los discriminativos que sinalizam as consequências dos comportamen- tos de consumo. Entre fatores que esculpem a tomada de decisão do cliente, estão também as diferenças individuais (conhecimento, recursos, personali- dade, estilo de vida, cultura, classe social e idade). A Figura 3 exemplifica esses fatores de um modo mais abrangente. Figura 3 Fatores para tomada de decisão Fatores sociais Fatores psicológicos Fatores pessoais • Grupos de referência • Família • Papéis e posições sociais • Motivação • Percepção • Aprendizagem • Crenças e atitudes • Idade e estágio do ciclo de vida • Ocupação • Condição econômica • Estilo de vida • Personalidade Fatores culturais • Cultura • Subcultura • Classes sociais Fonte: Elaborada pelos autores com base em Kotler, 2003, p. 85. 92 Marketing Estratégico Para compreender melhor, a seguir, esses fatores são explicitados: • Cultura: é o fator mais importante para o comportamento do cliente. Uma pessoa desenvolve valores, desejos e comporta- mentos a partir de familiares e do ambiente onde vive. • Subcultura: a cultura comporta subculturas, isto é, conjuntos de valores partilhados por grupos de pessoas com base em ex- periências de vida parecidas – religião, nacionalidade e raça, por exemplo. • Classes sociais: são categorias perenes de um conjunto de pes- soas com interesses e comportamentos parecidos. • Grupos de referência: uma pessoa normalmente é influenciada por diferentes grupos. Os grupos de referência são os que atuam como pontos de comparação. • Família: muitas vezes, os familiares influenciam o comportamen- to do cliente. • Papéis e posições sociais: uma pessoa faz parte de diferentes grupos, como família, organizações e clubes. Sua posição em cada grupo é tida como papel ou status. • Idade, estágio do ciclo de vida e ocupação: as pessoas mu- dam seu comportamento no que diz respeito à compra depen- dendo de sua idade e seu ciclo de vida. Com a idade, mudam-se as preferências do cliente. Sua ocupação também influencia a tomada de decisão. • Condição econômica: a situação financeira afeta diretamente o momento de decisão de compra do cliente, que analisará o valor em relação ao que poderá pagar. • Estilo de vida e personalidade: a depender do estilo de vida, os clientes terão preferências específicas. Da mesma forma, os produtos ou serviços comprados serão coerentes com o modo de expressarem sua personalidade. •Motivação, percepção, aprendizagem, crenças e atitudes: to- dos esses fatores moldam a tomada de decisão da compra. O fato de o cliente ver o produto ou serviço segundo suas experiên- cias fará parte da decisão de comprá-lo ou não. Tudo é anunciado para estimular a compra do cliente e fazê-lo pen- sar que o produto ou serviço oferecido é necessário. Os estímulos de Comportamento do consumidor 93 marketing são, portanto, focados no processo de decisão de compra. Essa decisão também é fundamentada em tipos de comportamento: • Referente à compra complexa: há expectativas dos consumido- res em relação aos produtos que compram. Se satisfazem suas necessidades, usam continuamente a marca. • Referente à compra de dissonância reduzida: o consumidor envolve-se com a marca, porém a compra é cara e arriscada. • Referente ao comportamento de compra habitual: compra de baixo custo, sem formar uma atitude forte em relação à marca. • Referente ao comportamento de compra que busca varie- dade: há a escolha da marca, que é pouco avaliada em relação ao consumo. Há variedade e relaciona-se às decisões de compra com alto e baixo envolvimento. Às vezes os consumidores fazem compras de produtos ou serviços de que não necessitavam, ou não compram nada, conforme a situação no ato da compra. Por exemplo, quando o consumidor está avaliando se deve adquirir um produto ou serviço e o vendedor o atende com atenção e cortesia, demonstrando-se disponível, esclarecendo todas as suas dúvidas, a compra pode acontecer mesmo que não seja neces- sária; ou, da mesma forma, se o consumidor vai à compra e se sente extremamente mal atendido, pode desistir ou cancelar a compra. Outra questão a ser considerada diz respeito aos tipos de ambiente que influenciam o processo da decisão de compra, a saber: • Ambiente comercial: indivíduos e organizações, como va- rejistas, publicitários e outros. • Ambiente social: família, amigos e conhecidos que influenciam direta ou indiretamente a compra, por meio de informações do produto ou serviço. A intenção da compra é sempre influenciada por fato- res que fazem despontar nova intenção de compra. Portan- to, as organizações devem estar atentas ao entendimento desses fatores para evitar que sejam um risco de perda dos consumidores. bsd/Shutterstock 94 Marketing Estratégico 6.3.1 Comportamento pós-compra O comportamento pós-compra engloba principalmente o conten- tamento do cliente com o produto ou serviço, os métodos de manter contato com ele e a coletivização do consumo, uma vez que o cliente satisfeito compartilha sua experiência com amigos e familiares. Muitas vezes o processo pós-compra não é considerado pelas empre- sas, a não ser que o cliente reclame, o que provavelmente causará uma reação negativa. É necessário investir no cliente mesmo após a compra efetuada, pois a empresa, ao conhecê-lo, pode identificar as necessida- des dele, aumentar sua satisfação e até mesmo gerar novas compras. Atualmente, está mais fácil para o consumidor adquirir um produto ou serviço. Logo, o relacionamento com ele deve ser cada vez mais per- sonalizado, de modo a deixá-lo satisfeito com a qualidade e os preços acessíveis do produto ou serviço oferecido. Todo consumidor busca a satisfação de suas necessidades ou de seus desejos. Toda empresa busca atingir seus propósitos e seus objetivos, inclusive o lucro, pela reposição de valor para o con- sumidor. [...] Assim, o valor entregue para o cliente pode ser ex- presso na forma de uma inequação em que a satisfação é maior do que os custos de aquisição. Os consumidores precisam acre- ditar que a satisfação é maior do que os custos em que incorrem pelo produto. Entregar o valor esperado é atingir a satisfação. Assim, se uma empresa é incapaz de manter essa inequação em relação aos produtos e serviços que comercializa, não há razão para o cliente continuar a comprar dela em vez de comprar do concorrente. (SAMARA; MORSCH, 2005, p. 205) O marketing, então, trabalha para atrair e reter clientes, por meio de um conjunto de esforços para ofertar o produto ou serviço que eles de- sejam ou de que necessitam. Desse modo, os clientes provavelmente se manterão como compradores regulares, pagando o valor que a orga- nização estabelece e provando outros produtos ou serviços oferecidos. 6.4 Marketing de relacionamento Vídeo Como os consumidores realizam suas escolhas? Buscam maximizar o valor, atentando-se aos limites de custos, às limitações de conheci- mento sobre o produto, bem como ao seu poder aquisitivo. Os clientes determinam qual oferta apresenta o melhor valor percebido e atuam Comportamento do consumidor 95 com base nisso. As chances de uma nova compra ocorrer com a mes- ma empresa dependem de a oferta atender ou não à expectativa de valor dos clientes. O valor percebido pelo cliente provém da verificação de quanto ele paga e dos benefícios que recebe pelo produto ou serviço adquirido. Isso implica avaliar os vários benefícios econômicos, funcionais e psi- cológicos estimados de um produto ou serviço específico (KOTLER; KELLER, 2012, p. 131). É por analisar essas questões que o cliente con- segue estudar as diferentes opções existentes e escolher a melhor não só pelo preço, mas também pelo custo-benefício na comparação entre produtos e serviços. A figura a seguir mostra como o cliente determina o valor percebido de um produto ou serviço. Figura 4 Determinantes do valor percebido pelo cliente VALOR PERCEBIDO PELO CLIENTE Custo total para o cliente Benefício total para o cliente Benefício do produto Benefício dos serviços Benefício do pessoal Benefício da imagem Custo monetário Custo de tempo Custo de energia física Custo psicológico Fonte: Kotler e Keller, 2012, p. 131. 96 Marketing Estratégico Para Kotler e Keller (2012, p. 131), além de os clientes terem diversas opções para obter informações sobre os produtos ou serviços, eles têm ferramentas para averiguar as considerações das empresas e procurar melhores alternativas. Segundo os autores, diversas vezes os gestores usam a análise de valor para o cliente com o intuito de identificar pontos fracos e fortes da organização comparados aos seus concorrentes. As etapas da aná- lise são as seguintes: 1. Identificar os principais atributos e benefícios valorizados pelos clientes. 2. Analisar a importância quantitativa dos diferentes atributos e benefícios: caso as nformações sejam muito divergentes, o pro- fissional de marketing deve separá-las em diferentes segmentos. 3. Examinar como os clientes de um segmento específico avaliam o desempenho: se a oferta da empresa ultrapassa a oponente em vários atributos considerados importantes, a empresa pode cobrar um preço superior para obter mais lucro, ou talvez cobrar o mesmo preço para obter maior share de mercado. 4. Monitorar os valores para o cliente ao longo do tempo: para não perder por deixar de saber, a empresa deve refazer com uma certa periodicidade estes estudos sobre valores para o cliente bem como a classificação dos concorrentes, pois a economia, os recursos e a tecnologia se alteram constantemente. (KOTLER; KELLER, 2012, p. 132) O valor percebido pelo consumidor é muito relevante e se aplica em diversos momentos, o que traz grande aprendizado para as compa- nhias. Esse valor sugere que o vendedor analise o benefício e o custo para o cliente em relação ao seu concorrente direto, para identificar como sua oferta é vista. Também propõe que, ao se ver em desvan- tagem em relação ao concorrente, assuma duas alternativas: buscar somar benefício total ou reduzir o custo total para esse cliente. share: é a participação de uma determinada empresa no merca- do em que ela está inserida. Glossário bs d/ Sh ut te rs to ck Comportamento do consumidor 97 O sistema de entrega de valor é medido por todas as experiências e sensações que o consumidor experimenta ao longo da vida útil do produto. No foco desse sistema estão ações organizacionaiscentrais, que se somam para a entrega de um valor diferenciado ao consumidor. Vale destacar que uma organização também deve atender às ne- cessidades e expectativas de outros personagens, como: colaborado- res, acionistas, representantes, distribuidores, revendedores etc. Nesse sentido, Zenone (2001), citado por Stone, Woodcock e Mathtynger (2002), colabora ao explicar o conceito de endomarketing (marketing interno), que propõe à empresa tratar seus colaboradores como clien- tes internos, isto é, quando a teoria de administração do relacionamen- to com o cliente é abordada, envolve-se a totalidade das relações de uma organização com inúmeros públicos de interesse. O cliente externo é, portanto, o sujeito que sente o impacto do produto/serviço ofertado. Não tem vínculo empregatício com a em- presa e não se envolve no processo de fabricação, porém contribui financeiramente. No que se refere ao cliente da concorrência, entende-se aquele que obtém o produto/serviço do concorrente. É primordial ressaltar a necessidade de investigar esse cliente para compreender o motivo pelo qual prefere a concorrência. Já o cliente interno, no ângulo organizacional, é tão significativo quanto os anteriores. É aquele que trabalha na instituição e inspira o processo produtivo. Independentemente de qual for o porte da institui- ção, todos os seus colaboradores são clientes internos que utilizam in- formação, suporte e solidariedade como método de troca de trabalho. As organizações manifestam cada vez mais zelo e interesse pelo cliente, e isso ocorre devido ao aumento gradativo do número de con- correntes no mercado. Consequentemente, a expectativa dos con- sumidores em referência à prestação de serviço e aos fornecedores também cresce. Zenone (2001 apud STONE; WOODCOCK; MATHTYNGER, 2002, p. 137) afirma que essa atitude é significativa, pois indica que os clientes almejam uma relação com as organizações que agreguem valor. Uma vez que isso ocorra de maneira gradativa, possibilita a elas uma enor- me vantagem competitiva e, em paralelo, a sobrevivência no mercado. 98 Marketing Estratégico CONSIDERAÇÕES FINAIS Em toda organização, há fatores externos e internos que podem in- fluenciar negativa ou positivamente em seu desenvolvimento. Por essa razão, é necessário que cada organização compreenda onde e qual(is) fa- tor(es) a atingem, solucionando os obstáculos para seu crescimento. Cada vez mais, o setor econômico e a acirrada concorrência do mer- cado levam as organizações a buscarem estratégias que as destaquem e fidelizem clientes, tornando-as mais competitivas. Atualmente, um dos fatores que levam a sociedade a procurar uma organização é o preço, e aí entra o quanto o cliente se dispõe a pagar pelo produto ou serviço, bem como o preço pelo qual a organização está disposta a vendê-los. Buscan- do atrair novos clientes à compra e retê-los, as empresas se esforçam em planejar e controlar o consumo de seus recursos, tentando chegar ao preço e à qualidade desejados para que não tenham consequências negativas. Os clientes querem que a organização os trate como únicos, que os ouça, reconheça e valorize. Se a organização atinge esse relacionamento, conseguirá atraí-los e retê-los para a compra, trazendo lucro e tornando- -se competitiva no mercado. Os profissionais de marketing devem, nesse contexto, cativar a aten- ção do consumidor por tempo suficiente para alcançar o objetivo final, que é a venda de seu produto ou serviço. Entre tantos fatores que levam o cliente a comprar ou não, a organi- zação deve sempre considerar um bom planejamento e controle para, mesmo que o negócio não seja tão expressivo, tornar-se cada vez mais relevante no mercado. A organização precisa ter um diferencial, e um de- les é o atendimento personalizado às necessidades e aos desejos dos clientes. ATIVIDADES 1. A decisão de comprar o produto ou serviço depende exclusivamente do consumidor, que é influenciado por diversos fatores. Com base nisso, explique quem é o personagem cliente na hora da compra e o que as empresas têm feito para atraí-lo. 2. Vimos que são muitos os fatores, internos e externos, que influenciam o cliente. Como se inicia o processo de compra? Comportamento do consumidor 99 3. No instante da compra, como o cliente a visualiza e o que significa o valor percebido por ele? REFERÊNCIAS ALIGLERI, R. Responsabilidade social na cadeia logística: uma visão integrada para o incremento da competitividade. São Paulo: Peirópolis, 2003. CHURCHILL JR., G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2000. DIAS, S. R. Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. GRIFFIN, J. 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A exi- gência de um público que quer preço e qualidade causa transforma- ções no ambiente, não permitindo a estruturação de um sistema de inteligência, o que leva as organizações, em especial o departamento de marketing, a monitorar esse ambiente continuamente. O marketing é uma ferramenta de auxílio ao gestor na colo- cação de seu produto ou serviço em destaque perante a concor- rência, atendendo às necessidades econômicas da organização, com uma análise mais profunda do cenário mercadológico atual, e instigando os consumidores a quererem e desejarem o produto ou serviço oferecido. Na Revolução Industrial aconteceram mudanças significativas, como o surgimento de novos produtos, o aumento do poder de compra e o crescimento da população, o que elevou as vendas, fez surgir mais empregos e, com isso, ampliou o interesse do público em consumir. Assim, as organizações começaram a lidar com estratégias para que os clientes consumissem os seus produtos, e não os produtos iguais ou similares de outras organizações. Até hoje esse marketing está no mercado ajudando a empresa a se promover. O marketing tem, então, grande importância. Embora o tempo e a tecnologia tragam mudanças, o cliente sempre comprará o que precisa ou deseja. O marketing de uma organização está presen- te em toda a sua estrutura, com planejamento para que as ações aumentem as vendas nesse cenário dinâmico. Ele também acom- panha a relação entre o lucro da empresa e o processo criativo,atento ao fato de que as coisas mudam o tempo todo. O marketing também é, portanto, responsável pelo sucesso da empresa, tor- nando-se fundamental para o funcionamento dela. Perspectivas futuras 101 Hoje, as mudanças sociais, políticas e econômicas no Brasil têm mais força, atraindo mais investimento. O mercado é crescente e, cada vez mais, os processos gerenciais se voltam a monitorar o consumidor, fazendo uso da inteligência competitiva que se con- centra em perspectivas atuais e potenciais, pontos fortes e fracos do mercado e do cliente. É a inteligência competitiva, ou inteligência de marketing, que auxilia as tomadas de decisões, reduzindo riscos de falhas das es- tratégias e possíveis ameaças, promovendo o descobrimento de oportunidades de negócios. A inteligência utilizada na competitivi- dade funciona para a inovação e o desenvolvimento de produtos e serviços, favorecendo a sobrevivência da organização. 7.1 Inteligência de marketing Vídeo Utilizar a inteligência nos negócios – dada a dinâmica acelerada de- les em um contexto de muitas informações, crescimento global, eleva- da concorrência, ágil avanço tecnológico, redução de tempo de vida dos produtos, alterações sociais, econômicas e culturais – implica obter informações sobre ambiente competitivo, de modo que a organização se destaque no mercado e esteja à frente de seus concorrentes. Para isso, a inteligência de marketing utiliza ferramentas que permitam ana- lisar dados do consumidor e do concorrente para melhorar a tomada de decisões organizacionais. O processo ocorre por meio da coleta de informações internas e ex- ternas sobre clientes e concorrentes, tecnologia, ambiente de negócios e potenciais relações comerciais. Busca-se vantagens competitivas que não possam ser imitadas ou superadas pelos concorrentes. Compreende-se, nesse sentido, que a inteligência competitiva é “o processo pelo qual as empresas informam a elas mesmas sobre todos os aspectos relacionados com as atividades e de- sempenho dos rivais” (WEST, 2001, p. 12). É fundamental, pois por meio dela o profissional de marketing planeja campanhas, programas de produção, recursos humanos, finanças e outras atividades corporativas. An ge lo Co rde sch i/Sh utters tock 102 Marketing Estratégico Li gh ts pr in g/ Sh ut te rs to ck É preciso aliar essa inteligência, ainda, à gestão da inovação, para dar mais competitividade a um setor em seu ambiente socioeconô- mico. Essa inteligência define os eixos estratégicos que a organização quer implantar, de modo a lhe oferecer alguma vantagem sustentável em relação a seus concorrentes. Tendo em vista as exigências dos clientes, que devem ser identi- ficadas e consideradas antes de o produto ou serviço ser oferecido, pode-se realizar uma gestão que implemente processos de melhoria da qualidade na organização. O cliente satisfeito fideliza-se, e o cola- borador valorizado desempenha melhor seu papel, ambos levando ao destaque competitivo. O marketing estratégico, nesse contexto, segue a evolução do mer- cado de referência e identifica os diferentes produtos, cenários e seg- mentos atuais ou potenciais, com base na análise da diversidade de necessidades a satisfazer. Quando a organização pensa em um produto novo, são muitos os fatores que podem influenciar a sua aceitação no mercado ou não. De- penderá, por exemplo, da necessidade e da satisfação dos consumido- res, da inovação e de como o marketing da empresa agirá em relação a esse produto. Nesse caso, é possível utilizar o ciclo PDCA (plan – do – check – act) cujo objetivo é fazer as empresas perceberem que não Para manter-se à frente da concorrência, a empresa precisa sempre inovar como estratégia competitiva, posto que hoje o consumidor é mais exigente, quer qualidade e preço acessível. No vídeo Inovação como vanta- gem competitiva e oportunidade de crescimento, publicado pelo canal Carlos Ribeiro, é possível constatar o quão importante é o uso da inteligência e da inovação para os negócios. Disponível em: www.youtube. com/watch?v=YEO-ipiwNjk. Acesso em: 3 mar. 2020. Vídeo Perspectivas futuras 103 existem pontos de início e fim em uma atividade, e sim a melhoria con- tínua do processo. A figura a seguir explica esse ciclo. Figura 1 Ciclo PDCA PLAN DO CHECK ACT Fazer: execução do plano de ação. Para se ter um bom resultado no processo há a necessidade de fazer a capacitação dos envolvidos. No final ou durante essa etapa, são feitas algumas coletas de dados. Checar: verificação dos dados extraídos. É feita uma comparação com o antigo processo, com o esperado e com o obtido. Ação: caso ainda haja pequenas imperfeições no processo, é nesta fase que são feitas as correções e os reajustes. Para o caso de normalidade é feita uma padronização em outros setores semelhantes. Planejar: nesta fase são traçadas metas a serem atingi- das para o próximo ano, desenvolvimento de um novo produto ou correção de um processo não eficaz. an an al in e/ Sh ut te rs to ck Fonte: Adaptada de O’Regan e Ghobadia, 2002, p. 9. O objetivo é fidelizar o cliente, sempre visando a um relacionamento duradouro, por meio de ações integradas e direcionadas para transmi- tir mensagens consistentes e utilizando tecnologia para entregar o pro- duto com valor agregado a seus consumidores (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). Isso é inteligência de marketing ou competitiva. A inteligência competitiva, então, não aponta tendências, mas prevê o que pode se tornar tendência, em um futuro próximo, criando ante- cipadamente estratégias para adaptações necessárias. O marketing estratégico orientará a organização para melhorar o que já existe ou para criar oportunidades mais atrativas, com potencial para crescer e ser rentável. 104 Marketing Estratégico 7.2 Tendências e práticas do marketing estratégico Vídeo A inovação é um inquestionável indicador de oportunidades para os profissionais de marketing contribuírem com suas organizações, em uma relação mais responsável, pragmática e de atendimento objetivo às necessidades de competitividade da empresa. Sabe-se hoje que o capital humano é destaque na relação organização–consumidor, portanto requer estratégias que perpetuem a cultura e os valores organizacionais para atrair e fidelizar a marca. O mundo globalizado, assim como as pessoas, está repleto de para- doxos – de um lado a organização querendo lucros sem muito custo, do outro o consumidor que quer qualidade sem gastar em excesso – que re- querem a evolução empresarial. Desse modo, deve-se estimular o aparecimento de uma sociedade calcada na informação e em valores intangíveis dentro da empresa, isto é, uma sociedade do conhecimento. Deve-se também favorecer a inte- ligência empresarial e o seu alto desempenho, otimizando processos de pesquisa, validação e divulgação de conhecimentos organizacionais, além de aplicar ações que estimulem o consumo, colocando em prática os conhecimentos assimilados. A partir do momento que a organização define metas, permite que o profissional de marketing desenvolva um plano estratégico, tanto no nível gerencial (estratégico) como no específico (tático). Por meio da ob- tenção de informações no sistema de informações de marketing, identi- ficam-se os segmentos dos consumidores e o alvo que se deseja atingir. bs d/ Sh ut te rs to ck Perspectivas futuras 105 Com a definição dos segmentos, inicia-se a elaboração do plano de marketing (alternativas táticas) através da atuação sobre os elementos do mix de marketing, visando atingir os objetivos e a missão organiza- cionais. Para que o plano de marketing tenha utilidade, deve estar inte- grado à estratégia da empresa, o que pode demandar mudanças de profissionais ou na própria estrutura organizacional. O controle e a avaliação da implementação do plano de- vem ser feitos continuamente, a fim de verificar sua valida- de para a organização. Monitorando e avaliando diversos indicadores,como a satisfação dos consumidores e se a empresa tem o feedback necessário para saber se os re- sultados de suas ações são positivos ou não. Para Kotler (2000), o feedback e o controle sinalizam o momento das modificações no mercado para que a empresa analise e re- vise a implementação, os programas, as estratégias ou até mesmo os objetivos. Nos anos 1980, a estratégia competitiva evoluiu dando destaque à competição no nível da indústria, e não somente no nível do produ- to. Todo lucro organizacional é focado nas cinco forças competitivas de Porter, ou seja, como o comprador negocia e se destaca; como o fornecedor negocia e consegue vender; como a organização enfrenta uma nova concorrência no mercado, a entrada de produtos ou serviços que possam substituir os existentes e a competição da concorrência. Já nos anos 1990, os esforços eram focados em produtos ou fatias de mercado. Em meados do século XX, o crescimento das organizações dependeu totalmente da estratégia competitiva, como mostra o qua- dro a seguir. bsd/Shutterstock 106 Marketing Estratégico Quadro 1 Evolução das estratégias das empresas Período Estratégias de crescimento Estratégias competitivas • Crescimento corporativo baseado em um negócio dominante. • Crescimento do negócio baseado em: • penetração de mercado; • desenvolvimento/expansão para no- vos mercados; • desenvolvimento de novos produtos. • Crescimento dos produtos baseado na busca de volume de linhas simples. • Integração vertical para redu- ção de custos corporativos. • Estratégia do negócio com base na busca de volume e preço baixo. • Produtos pouco diferencia- dos e de preço baixo. • Crescimento corporativo baseado na di- versificação de negócios não relacionados (estratégia de carteiras) e criação de UENs. • Crescimento do negócio baseado em: • penetração de mercado; • desenvolvimento/expansão para no- vos mercados; • desenvolvimento de novos produtos. • Crescimento de produtos e mercados via ampliação e diversificação das linhas de produtos. • Redução do risco corporativo pelo investimento em vários negócios. • Estratégia do negócio com base na liderança de custo, diferenciação e/ou foco na in- dústria. • Estratégia de foco e posiciona- mento dos produtos. • Crescimento corporativo baseado nos negó- cios centrais e na diversificação relacionada. • Crescimento do negócio baseado em: • penetração de mercado; • desenvolvimento/expansão para no- vos mercados; • desenvolvimento de novos produtos. • Crescimento de produtos e mercados via ampliação e diversificação das linhas de produtos. • Estratégia corporativa basea- da nas competências essen- ciais da corporação. • Estratégia do negócio com base em custo, diferenciação e/ou foco. • Estratégia de foco e posi- cionamento estratégico dos produtos Até a década de 1960 Anos 1970 e 1980 Anos 1990 e atualidade Fonte: Elaborado pelos autores com base em Anselmo e Toledo, 2003, p. 6. Dja65/Shutterstock Anton Gvozdikov/Shutterstock cobalt88/Shutterstock UEN (Unidade Estratégica de Negócio): consiste na forma adotada por muitas empresas que dividem suas atividades em unidades de negócios independentes, com resultados, estratégias e gestores distintos. Glossário Perspectivas futuras 107 Analisando o Quadro 1 nota-se que, até os anos 1960, as organiza- ções focavam suas estratégias em crescer e aumen- tar as vendas de produtos ou tentar um novo mercado. Depois o foco era a estratégia com- petitiva, visando ao custo e à redução de pre- ço. Em 1970 e 1980, voltou-se à estratégia de diversificação procurando reduzir risco. As estratégias competitivas tiveram uma evolução gradativa, sempre almejando van- tagens de custo ou um diferencial em rela- ção ao produto/serviço do concorrente. Atualmente as organizações expandiram-se, levando o foco para o cliente e para os negó- cios centrais. Dentre as tendências e práticas do marketing es- tratégico, as estratégias competitivas evoluíram conforme as exigências do consumidor, focando a atração e fidelização de clientes, medindo, gerenciando e criando valor, por meio de sistemas de informação, para que, cada vez mais, os clientes estejam satisfeitos e tornem-se fiéis. Quando o foco é o cliente, o atendimento personalizado certamente acrescenta benefícios a produtos e serviços, superando as expectativas do consumidor. amasterphotographe r/Sh utte rsto ck 7.3 Arte da inovação Vídeo Cada vez mais a rentabilidade organizacional é intensificada no Bra- sil e as organizações neste contexto buscam formas de inovar, aperfei- çoar e disponibilizar mais recursos para que seus produtos e serviços cheguem ao cliente com qualidade e preço justo. A inovação como ferramenta de marketing é um importante com- ponente operacional da estratégia que traz melhores caminhos para a organização gerenciar soluções, possibilitando uma resposta flexí- vel e rápida ao cliente para tornar-se competitiva no mercado – no caso de uma perda, por exemplo, foca-se o baixo custo. 108 Marketing Estratégico Po pT ik a/ Sh ut te rs to ck A inovação faz parte do processo de desenvolvimento da organi- zação, incluindo planejar, controlar, viabilizar lucros e reduzir custos, integrando-se à administração, que tem a visão global e opera com total segurança. No contexto organizacional, a inovação abrange im- plementar, estocar e informar acerca do produto ou valor, do mo- mento que se origina o pedido até o consumo, atendendo sempre às necessidades do cliente. Assim, viabiliza suas metas (NOVAES, 2007). Todo cliente se satisfaz quando encontra o que necessita ou deseja. Inovan- do, a organização pode fazer com que ele queira apenas o seu produto ou serviço, fidelizando-o. No artigo A inovação como vantagem competitiva: estudo de caso em uma pequena empresa, de Elisandra Bochi Turra, Claudio Mioranza e Sandra Maria Coltre, publicado na Revista Brasileira de Gestão e Inovação, em 2017, há mais informações do impacto da inovação na vantagem compe- titiva organizacional. Acesso em: 3 mar. 2020. www.ucs.br/etc/revistas/index.php/RBGI/article/view/4992 Artigo Como toda organização busca lucros e baixos custos, um proces- so bem planejado, desde obter o produto, armazená-lo, transportá-lo, repará-lo, se for o caso, e distribuí-lo a curto prazo, em hora e local marcados, inovando também o atendimento referente à necessidade do cliente, deixará a organização à frente na competitividade. Perspectivas futuras 109 A vantagem competitiva não pode ser compreendida olhando-se para uma empresa como um todo. Ela deriva das muitas ativi- dades discretas que uma firma desempenha projetando, pro- duzindo, comercializando, entregando e apoiando seu produto. Cada uma dessas atividades pode contribuir para a posição de custo relativo da empresa e criar a base para a diferenciação. A cadeia de valor desdobra a empresa em suas atividades es- trategicamente relevantes, para compreender o comportamento dos custos e as fontes de diferenciação existentes ou potenciais. Uma empresa ganha vantagem competitiva executando estas atividades estrategicamente importantes de maneira mais ba- rata ou melhor do que seus concorrentes (PORTER, 1989, p. 36 apud CORONADO, 2001, p. 150). Com métodos estratégicos e inovadores, é avaliada a disponibilida- de de seus produtos e serviços para reduzir custos desnecessários. Essa estratégia, para a organização, agrega valor à sustentabilidade e à rentabilidade. Na inovação é possível integrar os 4 Ps de marketing: produto, preço, praça e promoção. Foca-se a satisfação das necessidades dos clientes (organi- zação interna) ligada a uma conexão externa, levando as ope- rações globalizadas ao crescimento econômico por meio da abordagem da cadeia de suprimento (contratação de serviços exter- nos), da regionalização (necessidade de desenvolver novos mercados) e da tecnologia (aumento da capacidade para a troca de informação). A organização também deve estar atenta a teruma boa cadeia de suprimentos como parte de inovação, pois nesse quesito também o consumidor tem percepção de valor. Observa-se, então, uma crescente necessidade de cooperação e tro- ca de informações entre as empresas que compõem os elos da cadeia de suprimentos, a fim de possibilitar o atendimento aos níveis de serviço acordados com os clientes, mantendo-se os custos dentro dos objetivos fi- nanceiros da empresa. O consumidor estará sa- tisfeito quando tiver necessidades e desejos satisfeitos. Quando a organização inovar, deve focar as necessi- dades do consumidor e o contexto mercadológico atual para, assim, impactar o serviço ao consumidor e alcançar vantagem competitiva, conforme mostra a figura a seguir. bsd/Shutterstock Li gh ts pr in g/ Sh ut te rs to ck 110 Marketing Estratégico Figura 2 Estratégia competitiva Vantagem competitiva Recursos Posicionamento Cadeia de valor Superioridade do produto Conhecimento Inovação Capacidade Fonte: Elaborada pelos autores. A organização deve equilibrar custo e nível de serviço com infraestrutura, baseada em uma cadeia apta a atender da melhor maneira seu cliente, sem- pre inovando para não ficar obsoleta no mercado. A inovação faz a empresa buscar e descobrir o que de recente o mercado necessita. Assim, experimenta e adota novos produtos, alimentando seus processos de produção e formatos organizacionais. Superar expectativas dos consumidores, por meio de produtos e serviços inovadores, certamente traz vantagens para liderar o mercado em competição. Quando os produtos ou serviços permanecem, os resultados da organização melhoram, processos gerenciais são desenvolvidos e os riscos, reduzidos. A inovação vem a ser mais um meio de a organização combinar materiais e forças produtivas, viabilizando novos produtos e o desenvolvimento econômico. fotogestoeber/Shutterstock Perspectivas futuras 111 Se o foco é a necessidade do cliente, a inovação de organizações, moti- vadas pela busca de vantagens competitivas com impacto econômico, traz as oportunidades para a sustentabilidade da competitividade econômica, aplicando invenções e o conhecimento por elas adquirido. Quando se identificam as necessidades dos clientes e geram-se no- vas ideias, as estratégias tendem ao sucesso e à vantagem competitiva organizacional. CONSIDERAÇÕES FINAIS Toda organização necessita otimizar sua gestão, tornar-se viável e vantajosa para ser escolhida pelo cliente em detrimento da concorrência. Para isso, precisa de informações e inteligência para estruturar-se, visan- do minimizar as incertezas, elevar o nível de compreensão dos riscos e gerar condições sustentáveis ao negócio. A complexidade de enfrentar desafios em um ambiente dinâmico com mudanças frequente justifica uma gestão estratégica pautada na inovação, na qual se tenha a possibilidade de verificar as oportunidades e ameaças dos ambientes externo e interno, sendo este um processo sempre contínuo. Desenvolver estratégias que garantam competitividade no mercado faz com que a organização tome a decisão mais assertiva, tendo uma me- lhoria contínua e tornando-se líder. A gestão da inovação hoje é impres- cindível, pois por meio dela a organização desenvolve novos produtos e mantém-se no mercado por mais tempo. A inteligência de marketing, prospectando por completo e à frente do mais rápido concorrente, portanto, configura-se como um componente essencial para retirar vantagens agregadoras de valor no desenvolvimen- to de produtos, influenciando o sucesso da organização. ATIVIDADES 1. Dadas as mudanças sociais, políticas e econômicas no Brasil, a organização, para atrair seu cliente, investe em um mercado crescente, monitorando-o e utilizando-se do processo de inteligência de marketing. Nesse contexto, especifique o que esse processo pode propiciar a mais para a organização. 2. As estratégias de crescimento e competitivas tiveram uma gradativa evolução desde os anos 1960. Como se pode definir tal evolução? 3. Com que tipos de aplicações a inovação pode gerar oportunidades para sustentar a competitividade? 112 Marketing Estratégico REFERÊNCIAS ANSELMO, E ; TOLEDO, G. L. Marketing estratégico: estratégias de crescimento e competitiva - um estudo de caso sobre a evolução dos conceitos em uma empresa metalúrgica. In: 6º SEMEAD - SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO. Anais [...] São Paulo: FEA/USP, 2003. CORONADO, O. Controladoria no atacado e no varejo: logística integrada e modelo de gestão sob a óptica da gestão econômica logisticon. São Paulo: Atlas, 2001. KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 9. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2003. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2007. O’REGAN, N.; GHOBADIA, A. Strategy and performance: achieving competitive advantage in the global marketplace. Palagrave: Macmillian, 2002. WEST, C. Competitive intelligence. New York: Palgrave, 2001. Gabarito 113 GABARITO 1 Definições e diretrizes organizacionais 1. Acompanhar o mercado, identificando os diferentes produtos de mercado atuais ou potenciais, vislumbrando oportunidades que já existem ou podem existir para melhor atender às necessidades do cliente. 2. O planejamento estratégico é a ferramenta que a organização utiliza para organizar como, quando e onde vai estar seu produto e/ou serviço no mercado, para que melhor atenda às necessidades e aos desejos do cliente. 3. Porque traz para a organização a possibilidade da preferência pelo produto ou serviço por parte do cliente, uma vez que a segmentação propicia detectar oportunidades de oferta no mercado, tipificando e monitorando os recursos para as ações de marketing. 2 Posicionamento e vantagem competitiva 1. É o mercado onde se distribui o produto ou serviço, ou seja, o canal de distribuição por onde o produto chega ao consumo. Somente a qualidade e o preço não garantem as vendas do produto, ele precisa chegar até os compradores finais. 2. O posicionamento direciona o produto ao público-alvo, contribuindo para a diferenciação da concorrência e fazendo, inclusive, com que o consumidor escolha o produto mais caro. 3. Toda organização deve assumir posições competitivas. Nesse sentido, a diferenciação otimiza a imagem dela no mercado, a sua marca, a aplicação de tecnologia, a especificidade dos produtos e serviços agregados ou de atributos que a destaquem entre seus competidores. 3 Cenários competitivos e estratégia 1. Formal: maneira segundo a qual são feitas as divisões de departamentos da organização, reconhece-se a hierarquia, são tomadas as principais decisões e desenvolvem-se as estratégias para influenciar positiva e diretamente os comportamentos, as atitudes e as relações do cliente. Informal: relacionamento social espontâneo entre os colaboradores, que têm a oportunidade de se comportar de acordo com a cultura organizacional. 2. A sigla SWOT vem das iniciais das seguintes palavras inglesas: strengths, que significa forças; weaknesses, que significa fraquezas; opportunities, as oportunidades; e threats, as ameaças. Por meio dessa matriz, a organização pode analisar suas forças internas e externas, identificando quais caminhos deram errado e como tomar a decisão mais assertiva para o êxito do negócio. 3. A vantagem competitiva é estar à frente do concorrente, oferecendo, por exemplo, melhor preço. O Big Data se enquadra, pois é uma ferramenta de marketing que 114 Marketing Estratégico permite visualizar o que o cliente potencial quer, seus anseios e como é seu estilo de compra, ou seja, verifica o perfil do público-alvo, do mercado e da concorrência. Por meio do Big Data, revelam-se padrões que podem garantir vantagens competitivas. 4 Gestão e análise do ambiente de marketing 1. Porque no preço há um benefício bilateral emque a organização “ganha o cliente” e, consequentemente, este não procura a concorrência. Preço, então, torna-se um diferencial para vantagem competitiva. 2. É importante por fortalecer a imagem da organização no mercado, promover o alcance dos resultados buscados, auxiliar no relacionamento entre os colaboradores e, consequentemente, manter a cultura e o clima organizacional. 3. Por meio da pesquisa de marketing é possível encontrar dados, administrá-los e tomar a melhor decisão, utilizando-os no processo inteiro, obtendo a forma mais acertada de atingir o cliente e agregando valor ao produto. 5 Gestão de marca 1. O brand equity é o valor agregado atribuído aos produtos e serviços, um importante ativo intangível que representa valor psicológico e financeiro para a empresa. 2. Reconhecimento de marca: introduzir a marca no mercado e deixá-la o mais familiar possível para que o cliente queira consumi-la. Preferência de marca: o cliente escolherá a marca por experiências anteriores. Insistência de marca: se o cliente realmente gosta da marca, não procurará outra. 3. O gestor deve estar atento ao que procura atingir em vendas e fidelização de clientes, procurando estratégias para definir suas ações a partir da resposta deles ao seus produtos/serviços. Deve avaliar pontos fortes e fracos, priorizando a qualidade para otimizar o que oferece e priorizando suas decisões entre o foco na orientação para o concorrente e na orientação para o cliente. 6 Comportamento do consumidor 1. Com o avanço tecnológico, o cliente se informa rapidamente sobre o produto ou serviço que quer adquirir, uma vez que é mais exigente e possui muitas opções de compra. Ao saber disso, as organizações buscam o atendimento personalizado, mudando suas estratégias na mídia, nos hábitos de consumo, nas relações comerciais e institucionais. 2. Antes de comprar, todo cliente tem uma motivação influenciada por vários fatores. Essa motivação se inicia com a organização, que o influencia para que acredite necessitar do produto ou serviço oferecido. 3. O consumidor procura o melhor custo-benefício e decide sua compra tendo isso em vista. Isso significa que analisa o valor a ser pago em relação aos benefícios adquiridos. O cliente é quem determina qual oferta lhe entregará o melhor valor percebido e atua com base nisso. Gabarito 115 7 Perspectivas futuras 1. A inteligência de marketing demonstra onde há falhas, permitindo ao gestor tomar melhores decisões estratégicas, diminuindo as ameaças competitivas e maximizando oportunidades de negócios. Esse processo traz para o mercado um novo cenário mercadológico, que coloca à frente da concorrência a organização que dele se vale. 2. Primeiramente, as estratégias organizacionais eram traçadas para aumento de vendas e tentativa de novo mercado. Depois, visou-se diminuir os custos e reduzir os preços. Mais tarde o foco era reduzir risco. Hoje, vê-se a necessidade de focar o cliente, atendendo-o de maneira satisfatória para atraí-lo e retê-lo. 3. Toda organização busca vantagens competitivas e lucro. Para isso, precisa voltar-se ao cliente analisando do que o mercado necessita. É possível então melhorar seus produtos, inovar em preço, praça, promoção e, consequentemente, melhorar seus resultados reduzindo seus riscos. Código Logístico 59298 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6610-0 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 1 0 0 Página em branco Página em branco